Pela Liderança durante a 114ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal quanto a falta de credibilidade e a incapacidade de administrar o país.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS:
  • Críticas ao Governo Federal quanto a falta de credibilidade e a incapacidade de administrar o país.
GOVERNO FEDERAL:
Publicação
Publicação no DSF de 08/07/2015 - Página 261
Assuntos
Outros > ELEIÇÕES E PARTIDOS POLITICOS
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, NELSON BARBOSA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO (MPOG), MOTIVO, AUSENCIA, VERACIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ACUSAÇÃO, LEGENDA, ESTELIONATO, PERIODO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, AUSENCIA, CONFIANÇA, GESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ENTREVISTA, PRESIDENTE, ASSUNTO, RETIRADA, DESONERAÇÃO TRIBUTARIA, FOLHA DE PAGAMENTO, COMENTARIO, DESCUMPRIMENTO, LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL.

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sou sempre compreensivo, Sr. Presidente. O tempo aqui é que é importante.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é importante que possamos, na data de hoje, discutir alguns temas que têm sido pautados pelo Palácio do Planalto.

            O Palácio do Planalto acaba de liberar uma lista de projetos alegando que é uma “pauta-bomba”. É uma pauta que Deputados e Senadores querem inviabilizar: o ajuste fiscal, como foi dito na data de hoje pelo Ministro Nelson Barbosa.

            É interessante, Sr. Presidente, que esse mesmo Ministro, à época da campanha, foi extremamente generoso com todos os empresários e propôs a medida provisória da desoneração, que foi o fator que alavancou e muito a campanha da Presidente Dilma. De repente, terminada a eleição, ele realmente vê excesso numa medida provisória que, hoje fica claro, é uma medida tipicamente eleitoreira, visando beneficiar a Presidente Dilma na campanha eleitoral.

            O Presidente do Banco Central, Tombini, em todas as entrevistas, dizia ao Brasil que o momento era de total tranquilidade, não haveria risco de aumento do processo da taxa de juros, muito menos do percentual da inflação no Brasil, que todos poderiam continuar com a mesma tranquilidade em que vivíamos durante esses anos.

            O que ocorreu, Sr. Presidente, foi exatamente o contrário. Terminado o segundo turno, a sociedade passa a conviver com taxas escorchantes, um processo inflacionário que destrói tudo o que foi construído por nós, a grande herança que nós deixamos para o PT, que usufruiu dela durante esses 12 anos, que foi o Plano Real. E uma gestão perdulária, irresponsável e corrupta fez com que o Plano Real e o real fossem substituídos por uma nova moeda criada pelo PT: o “pixuleco”, que é uma nova ordem monetária criada pelo Partido dos Trabalhadores. 

            Além disso, Sr. Presidente, essa pauta que se diz “bomba”, como o reajuste dos servidores do Judiciário e do Ministério Público ou matérias que deverão ser colocadas aqui na pauta, é interessante que todas elas foram propostas pela Presidente da República, que, no processo eleitoral, disse que não atingiria o direito dos trabalhadores, que nós não teríamos risco algum de perda de poder aquisitivo, que o reajuste dos salários seria uma maravilha. Enfim, deixando claro que o que nós estamos propondo neste momento é diagnosticar o que está havendo com o País hoje.

            Hoje, o problema é cem por cento de gestão e de perda de credibilidade da Presidente Dilma Rousseff. Se nós analisarmos bem por que esse processo todo de colapso da economia, de falta de coragem de investir, de receio das pessoas em avançar em qualquer atividade, com o fechamento de empresas e o desemprego, qual é o fator determinante de tudo isso? Que fato maior leva a isso?

            O fato maior, sem dúvida alguma, nós podemos diagnosticar com muita tranquilidade: primeiro, porque a Presidente praticou o estelionato eleitoral; em segundo lugar, porque uma pessoa que pratica estelionato não tem credibilidade de voltar ou querer pedir cota de sacrifício de quem quer que seja, até porque a confiabilidade é zero. A gestão é formatada muito mais pelo processo de aparelhamento da máquina do que realmente de pessoas preparadas e competentes. Com raras e honrosas exceções de alguns poucos Ministros, os outros estão ali única e exclusivamente para cumprir tabela, para tentar dar maioria à Presidente da República nas votações do Congresso Nacional ou para viabilizar caixa de campanha a fim de alavancar suas bancadas nas eleições.

            O que nós estamos assistindo - assistimos agora há pouco, na votação neste Senado Federal do reajuste dos servidores do Judiciário - e que todos os partidos se colocaram na posição favorável à aprovação, e o próprio PT liberou a sua bancada. Então, de repente, por que essa responsabilidade de querer acusar a oposição de estar dificultando o ajuste fiscal, sendo que a Base, a ampla maioria de partidos que apoiam a Presidente da República, votou favoravelmente?

            Sabem por quê? Porque ela não goza de credibilidade nem de prestígio, fatores fundamentais para alicerçar uma campanha ou uma gestão como Presidente da República.

            Mas, além disso, Sr. Presidente, hoje nós tivemos a oportunidade de ler a entrevista que a Presidente Dilma Rousseff deu à Folha de S.Paulo. Aquilo é, sem dúvida nenhuma, o retrato fiel de todo o destempero, de todo o processo de um declínio, de um momento em que os leitores ficaram atônitos, porque o desespero bateu às portas do Palácio do Planalto, especificamente na entrevista dada pela Presidente Dilma Rousseff.

            Não vou ser longo, ao contrário, vou ler apenas dois trechos mínimos, em que ela dizia da necessidade de o Governo fazer aqui a retirada da desoneração para poder ter um momento de segurar a perda do Governo para que o ajuste fiscal demore menos tempo.

            Nessa hora, a repórter perguntou: “E o governo vai ter de cobrir este buraco?”. Então, já que a Câmara não contemplou a desoneração como o Governo queria, a Presidente respondeu: “Vamos ter. Mas aí estamos agora mais preocupados em tomar medidas estruturantes, que contribuem ao mesmo tempo para o ajuste como para o médio e longo prazos”. Aí a repórter pergunta: “Tipo?”. A Presidente responde: “Tipo tipo”. Tipo, tipo? A repórter diz: “Esta eu não conheço”. Ou seja, que medida estruturante é tipo tipo? E a repórter diz: “Esta eu não conheço”. A Presidente Dilma Rousseff explica: “Vou te dizer como fazíamos em interrogatório. Você faz um quadrado”. Ela diz que a Presidente desenhou um quadrado e disse: “Ai de ti se sair deste quadrado, você está lascado. Então, se eu não quiser falar de que tipo [de medida] eu não falo, tenho técnica para isto. Treino”.

            Sr. Presidente, realmente, a Presidente está confundindo totalmente os sinais. Nós estamos falando aqui no regime democrático. Nós estamos discutindo aqui os assuntos como devem ser discutidos. Nós estamos ponderando sobre uma Presidente que pautou sua campanha eleitoral no estelionato, que reage agredindo os órgãos fiscalizadores do Governo como, desde a época de Lula, agrediu o TCU, e que tenta, toda vez, desacreditar a análise técnica do TCU, que cria uma maquiagem que nada tem a ver com o processo de corrupção da Petrobras, pois são alguns funcionários da Petrobras que estariam comprometidos com a fraude.

            Pelo contrário. O que nós sabemos é que foi uma metodologia implantada pelo Lula. O Lula é o autor intelectual. Foi ele que autorizou aquela prática de fazer com que as diretorias, com a conivência da Presidência da Petrobras, montassem toda aquela estratégia de corromper, extorquir, fazer caixa, ameaçar empresários, como muito bem delatou o Ricardo, da Camargo Corrêa.

            Mas agora a Presidente diz: “Não tolero delator”, sendo que ela é exatamente a figura que sancionou a lei da delação. E, de repente, ela vem rebater aquilo que, na campanha eleitoral, no debate com o candidato da oposição, ela enaltecia, dizendo: “Não, no meu Governo, nós avançamos para coibir o processo de corrupção no País, tanto é que existe uma lei que favorece os delatores para que eles digam onde está acontecendo a corrupção. Eles terão a pena minorada para que, aí sim, a sociedade e todos nós saibamos o que está ocorrendo”.

            Agora, ela agride a delação premiada, uma ferramenta que existe nos países democráticos do mundo todo e, de repente, quer comparar essa delação ao momento que ela viveu, um momento de exceção no País. Ora, realmente, mistura tudo, alhos com bugalhos, confunde os sinais e desafia a oposição, como se fosse uma queda de braço.

            Não, não é esse o jogo. Nós vamos seguir as regras democráticas, as regras do Estado democrático de direito. Nós não vamos prescindir dessa situação, que é essencial para sabermos que nós levaremos a bom termo aquilo que é fundamental, que é exatamente salvar o País. O País hoje está em risco, em risco por falta de governabilidade, por falta de gestão. E é exatamente nesse sentido que nós temos que avançar neste momento, Sr. Presidente.

            Para encerrar, eu quero deixar claro que, da nossa parte, nós saberemos refutar esse trabalho e esse jogo montado pelo PT nestas últimas horas, avançar - com a análise do TCU, está provado ali o descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal -, exigir que o Tribunal Superior Eleitoral também vasculhe a fundo a utilização do caixa dois, como muito bem ficou demonstrado com planilhas detalhadas do empresário Ricardo Corrêa, dizendo a maneira como o dinheiro foi usado na campanha eleitoral da Presidente Dilma e também do ex-Presidente Lula.

            Dessa maneira, Sr. Presidente, é que nós vamos pautar as nossas ações. O PT não vai, de maneira nenhuma, intimidar a população brasileira tentando mudar o discurso, pousar de ético e de republicano, dizendo que agora simplesmente nos vão rotular de golpistas. Pelo contrário, se existe golpe e, se há alguém que tem experiência em golpear a economia do País, em golpear uma campanha eleitoral como ninguém, exatamente, tem sido o PT nestes últimos anos.

            Nós vamos, sim, resgatar aquilo que a Constituição determina, que as normas democráticas nos autorizam, que é exatamente exigir que a Presidente da República entenda que o Brasil é muito maior do que a vaidade dela, do que a pretensão dela, do que a prepotência e a arrogância dela nessa entrevista, e dizer que nós buscaremos o bom caminho. E o bom caminho para poder restabelecer a democracia no País e o respeito às pessoas é exatamente a renúncia da Presidente da República e a convocação de novas eleições. Aquilo, de o Tribunal Superior Eleitoral sempre dar ganho de causa ao segundo lugar, nós não aceitaremos isso, não, Presidente. Alguém para assumir o Brasil, neste momento, tem que falar diretamente com a população brasileira.

            Hoje, graças não só à TV Senado como a todas as ferramentas que temos nas redes sociais, o Brasil está atento a todos os movimentos e a todos os detalhes. Para governar o País hoje é preciso ter credibilidade, moral, condição realmente de poder, amanhã, dizer à sociedade o que existe debaixo de todo esse tapete em que o Governo da Presidente Dilma e do ex-Presidente Lula acobertaram toda essa corrupção. Como tal, a sociedade estará disposta, sim, sabendo o que o próximo Presidente da República vai implantar, a arregaçar as mangas e, também, a dar os braços para tirarmos o Brasil rapidamente desta crise, que tem como motivo de ser a falta de credibilidade da Presidente e a incapacidade de gestão do atual Governo.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/07/2015 - Página 261