Discurso durante a 127ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o cinquentenário das atividades da TV Globo.

Autor
Ronaldo Caiado (DEM - Democratas/GO)
Nome completo: Ronaldo Ramos Caiado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão especial destinada a comemorar o cinquentenário das atividades da TV Globo.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2015 - Página 12
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, COMENTARIO, HISTORIA, HOMENAGEM POSTUMA, ROBERTO MARINHO, JORNALISTA, EMPRESARIO, MOTIVO, CRESCIMENTO, EMPRESA, PROGRAMAÇÃO, LIDER, AUDIENCIA.

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmo Sr. Senador Renan Calheiros, Presidente do Senado Federal; Exmo Sr. Senador Eunício Oliveira, Líder do PMDB; Ministro de Estado do Turismo, colega de vários mandatos na Câmara dos Deputados - e a Câmara sente a sua ausência, a sua falta lá -, Henrique Eduardo Alves; quero cumprimentar o Ministro de Estado, Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, o Sr. Edinho Silva; e meu colega também de eleição à Presidência da República em 1989, Ministro, hoje, da Micro e Pequena Empresa, Afif Domingos.

            Cumprimento o Vice-Presidente Institucional e Editorial do grupo O Globo, Sr. João Roberto Marinho.

            Eu quero saudar aqui também o Vice-Presidente de Relações Institucionais do grupo O Globo, Paulo Tonet Carmargo, que hoje, com a sua presença quase que diária aqui, acredito que, em breve, já estará sabendo representar e conhecendo todo o Regimento do Senado Federal e também da Câmara dos Deputados.

            Eu quero aqui, com alegria enorme, poder ter tido oportunidade de falar pessoalmente, conhecer pessoalmente Francisco Cuoco, que tanto conhecemos pela tela e hoje pessoalmente; Laura Cardoso, de tantas novelas por este Brasil afora; Malu Mader, não só pela sua competência, mas pela sua beleza, encantando todo este País.

            Eu quero, neste momento, também cumprimentar o Presidente do meu partido, José Agripino, e, ao cumprimentá-lo, cumprimento todos os demais Senadores; as Senadoras Ana Amélia, que tanto me ensinou também à frente da TV Globo, na área rural; e, também, a Senadora Marta Suplicy.

            Quero saudar aqui - peço desculpas aos demais grupos, também afiliados da TV Globo -, quero cumprimentar um jovem que passou a ser uma referência na gestão do Grupo Jaime Câmara, no meu Estado, Cristiano Câmara, que se faz aqui presente com toda a sua diretoria.

            Gostaria de saudar os demais membros também de outras afiliadas da TV Globo que estão presentes neste momento, representantes dos mais variados Estados, e também membros do corpo diplomático.

            Senhoras e senhores, o ano de 2015 assinala duas importantes datas para a história da comunicação brasileira: os 90 anos do jornal O Globo, transcorridos em 29 de julho último e o cinquentenário da Rede Globo de televisão. Iniciaram suas transmissões em 26 de abril de 1965, ambas contando com a figura incomparável e inesquecível de Roberto Marino. Dito isso, Sr. Presidente, é com grande alegria, que recebo a oportunidade de poder saudar hoje, nesta sessão especial do Senado, os 50 anos da TV Globo, em um momento difícil, turbulento, da vida nacional, particularmente, no que diz respeito às incertezas que têm marcado a economia e a política do País, e o ocasiões como estas podem e serão inspiradoras de coragem, a partir do exemplo que observamos na história da Globo.

            Roberto Marinho revelou-se sempre, no transcorrer de sua trajetória, como indivíduo resistente e inovador, qualidades que devemos invocar para enfrentar e vencer grave e complexa crise que humilha o Brasil. Podemos estar combalidos, mas não estamos derrotados; perseveramos, a despeito das sombras, das incertezas, titubeios, corrupções, confiantes na democracia, no triunfo da soberania popular e no poder de superação de nossas lideranças empresariais e políticas. O exemplo de Roberto Marinho nos permite, por maior que seja a tempestade, vislumbrar uma saída e um futuro.

            Sr. Presidente, a Globo é, na verdade, a prova mais cabal da capacidade de realização dos brasileiros. Em um ramo de negócio complexo, sofisticado, a Rede Globo tornou-se uma das melhores televisões do mundo; é considerada uma das maiores produtoras de telenovelas e mídias de áudio e vídeo do Planeta. Mas há ainda mais: a Globo, desde o início de suas atividades, procurou um vetor de nacionalidade e de integração nacional, o que a levou a alcançar a quase totalidade, como disse o nosso Presidente, 98% do Território brasileiro e de sua população.

            A Rede Globo é a face mais evidente e importante do Grupo Globo, que ocupa hoje a 17ª posição no ranking das trinta maiores empresas de mídia global de 2015. Com uma estrutura de cinco emissoras próprias e cerca de 120 afiliadas, a Globo conta com mais de 12 mil funcionários diretos e milhares de indiretos para produzir seis horas diárias de jornalismo e 2,4 mil horas de entretenimento por ano. É como se fizesse 1,2 mil filmes de longa-metragem todos os anos.

            Os programas da Rede Globo são assistidos em mais de uma centena de países, e o canal internacional da emissora é distribuído por mais de 70 operadoras ao redor do mundo. Com participação na audiência de mais de 40%, no horário das 7h às 24h, a Globo é líder no mercado brasileiro e também na internet, com seus portais de notícias, de esportes e de entretenimento.

            Sr. Presidente, como já se destacou aqui, não é possível falar da Rede Globo de televisão sem lembrar a saudosa figura de Roberto Marinho, seu apaixonado criador. Somente paixão, sonho, trabalho duro, sensibilidade e inteligência podem explicar essa história de sucesso, que hoje continua sob a liderança de seus filhos Roberto Irineu, José e João Roberto Marinho, que aqui representa a família Marinho.

            O Brasil havia sido apresentado à televisão em 1950. Logo, Roberto Marinho - homem à frente de seu tempo e visionário - passou a se mostrar atraído pelas perspectivas dessa nova mídia e a sonhar com a instalação de uma emissora de televisão no Rio de Janeiro, e foi o Presidente Juscelino Kubitschek quem autorizou o funcionamento da TV Globo, Canal 4, na capital fluminense. Quem vê hoje a poderosa rede de televisão não imagina o que foi o começo daquela emissora: Roberto Marinho, com sua crença no alcance e no futuro dessa nova e desafiadora mídia, iria arriscar todo o seu patrimônio para construir a TV Globo e chegaria mesmo a empenhar sua própria casa, no Cosme Velho, para obter os recursos necessários à empreitada.

            Com a entrada definitiva em operação há 50 anos, a TV Globo deu início à sua história de sucesso, intimamente ligada à vida do País na política, na economia, nas artes, nos esportes e nos costumes. O jornalista Roberto Marinho tinha, então, quase 60 anos àquela época. Eu enfatizo isso, porque é uma idade em que grande parte das pessoas já se aposentara ou já se preparava para abrir mão de seus sonhos, de suas aventuras, mas, jamais, meus nobres colegas, um homem da têmpera de Roberto Marinho.

            A TV Globo desenvolveu-se em um tempo de complexidade política das décadas de 60 e 70.

(Soa a campainha.)

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - Sr. Presidente, peço a compreensão de V. Exª para poder me alongar um pouco, já que me debrucei um pouco sobre a história da TV Globo.

            Isso tornou sua tarefa ainda mais difícil: sofreu pressões e intimidações em sua linha informativa, editorial e opinativa, especialmente após a edição do AI-5, em dezembro de 1968. Havia censura e ameaças de cassação da concessão constantes e proporcionais à influência da Rede Globo. Roberto Marinho resistiu e defendeu seus profissionais em todas as áreas de atuação, os quais nunca demitiu diante de pressões do governo - mantinha todos, independentemente de ideologia.

            O democrata Roberto Marinho tinha outra virtude, a de formar as melhores equipes, ou seja, formar a verdadeira escola de televisão neste País e dar a elas liberdade e tranquilidade para poder criar e trabalhar. Essa certamente terá sido e continua a ser uma das causas do sucesso da Rede Globo de televisão: a reunião dos melhores talentos, com plenas condições de criar sem limites e de darem o seu máximo. Nomes como os de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho - o Boni -, Walter Clark e Daniel Filho estão indelevelmente ligados à história de sucesso da emissora.

            Naquela já distante década de 60, tudo era luta, desafio e construção, a começar pelo Jornalismo. O primeiro telejornal da Rede Globo foi o Tele Globo, que tinha duas edições diárias. O dia a dia da emissora era de muito trabalho e improvisação, ante a necessidade de permanente modernização tecnológica, mas os resultados eram compensadores.

            Era apenas o começo do trabalho jornalístico da Globo, que culminaria em grandes sucessos como o Jornal Nacional, o Fantástico e o Globo Repórter, além de produzir uma brilhante cobertura internacional hoje, a partir de escritórios próprios na China, no Japão, na Argentina, em Israel, em Nova York e em Londres.

            Atualmente, o jornalismo ocupa mais de 20% da grade de programação da Rede Globo. O Globo Repórter é o programa jornalístico mais longevo da televisão brasileira, no ar desde 1973. O Fantástico segue sendo a revista eletrônica semanal favorita dos brasileiros em todos os domingos. E o Jornal Nacional continua como o mais importante telejornal da televisão brasileira.    

            A TV Globo sempre esteve conectada à frente das transformações da sociedade, de olho no futuro, reinventando-se em busca da modernização. Não por outra razão, em 2011, o Jornal Nacional recebeu o Emmy Internacional, considerado o Oscar da televisão.

            A Globo certamente fez da teledramaturgia uma marca da televisão brasileira. Já no ano da sua inauguração, a Globo levou ao ar sua primeira novela, Ilusões Perdidas, com Reginaldo Faria e Leila Diniz.

            As novelas da Globo inovaram integralmente e passaram a ter a cara do País. Regina Duarte virou a namoradinha do Brasil. Janete Clair se consagrou como a grande autora das novelas das oito. Uma delas - quem da nossa geração não se lembra -, Irmãos Coragem, reuniu o maior elenco das telenovelas até então. E faço aqui uma lembrança: um dos seus capítulos chegou a ter mais audiência que a final da Copa do Mundo de 1970.

            As telenovelas tiveram um ingrediente importantíssimo para a nova emissora de televisão: a formação de hábito. A novela das oito, logo após o Jornal Nacional, virou uma coqueluche nacional que se consagrou e que ainda hoje é um elemento indispensável da vida de parte considerável da população brasileira.

            Não apenas suas novelas, as minisséries e outros produtos nesse campo são exibidos em inúmeros países. E a produção tem sido tão intensa que a Globo entrou para o livro Guinness como a maior produtora de telenovelas do mundo.

            Foi adquirindo emissoras e recebendo outras como afiliadas que retransmitiram sua programação, e a Rede Globo foi se formando e se estendendo por todo o Território nacional.

            Só faltava a instantaneidade da conexão direta entre os integrantes de rede via satélite, o que foi logrado com o sistema de micro-ondas da Embratel. Graças a essa estratégia, o Jornal Nacional estreou, em 1º de Setembro de 1969,...

(Soa a campainha.)

            O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - ... o primeiro programa brasileiro transmitido ao vivo para todo o País, via satélite. Também a criação da tevê digital rural, em 2010, que permitiu a transmissão digital da emissora em locais ainda não alcançados pelo sinal terrestre, levando a Globo ao interior do Estado deste Brasil afora.

            Ainda no que diz respeito à questão rural, como homem do campo que sou - tenho uma honra enorme como médico e também de representar esse setor no Congresso Nacional -, não poderia deixar de destacar a importância da TV Globo com o seu programa de 35 anos, o Globo Rural.

            Tal programa é essencial para o agricultor brasileiro ao retratar o universo do campo, as notícias e interesses dos agricultores, trazendo o que existe de mais moderno entre as tecnologias para serem implantadas em todos os quadrantes deste País. E esse é o setor que garante que o Brasil ainda seja respeitado mundialmente, sendo o setor que mais deu certo durante todos esses anos. E temos de reconhecer a participação também da TV Globo nesse segmento.

            O Dr. Roberto era uma pessoa também antenada com o social. Em 1977, criou a Fundação Roberto Marinho, entidade sem fins lucrativos, voltada para a educação, o conhecimento e o desenvolvimento da cidadania. Para mencionar apenas algumas das suas importantes iniciativas, vale lembrar o Telecurso de 1º e 2º graus. Outra ação social digna que vem sendo desenvolvida pela Rede Globo há 30 anos, em parceria com a Unicef, é o Programa Criança Esperança, que apoia projetos voltados para o desenvolvimento de crianças e adolescentes.

            Assim tem sido o trabalho da Globo nesse seu primeiro meio século de vida. Um trabalho feito por brasileiros e que representa o Brasil com nitidez e brilho, dada a sua profunda intimidade com a vida do País. A Globo vive, respira e pulsa junto com os brasileiros.

            Poucas vezes tive a honra de privar do convívio do jornalista Roberto Marinho. Uma, que vim depois saber, constituiu sinal de extrema deferência, deu-se nas instalações do jornal O Globo. As demais se deram a partir de 1987, quando fui recebido em seu escritório da TV Globo, com imensa e paradisíaca visão do Jardim Botânico.

            À época, eu era apenas um líder do setor rural dedicado à defesa intransigente da liberdade de expressão, da propriedade privada e da terra produtiva. E dele recebi palavras de simpatia, compreensão, estímulo, mas também advertências. Sempre com seu jeito peculiar de bem receber e de sua extraordinária capacidade de, com argúcia, presteza e largo descortino, ir diretamente ao ponto.

            Impressionou-se, sobremaneira, o homem Roberto Marinho pela afabilidade, franqueza e extraordinária visão do mundo, sobretudo como defensor das liberdades, aversão ao totalitarismo e a extrema honradez e dignidade com que sempre se conduziu na direção de suas empresas e no trato com seus servidores, colaboradores e amigos.

            Para encerrar, quero cumprimentar os irmãos Roberto Irineu, José Roberto e João Roberto Marinho pelo trabalho fantástico que, junto com milhares de colaboradores espalhados por todo o Brasil, vêm realizando para a continuidade e a expansão do sonho de Dr. Roberto Marinho, um sonho que virou realidade somente graças à sua inteligência e sensibilidade e à sua hercúlea capacidade de trabalho, o que só engrandece o nosso País.

            Muito obrigado.

            Cumprimento a TV Globo. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2015 - Página 12