Fala da Presidência durante a 97ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão destinada a comemorar a data de inauguração do Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek e homenagear in memoriam o médico e cientista Dr. Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede Sarah de Hospitais, nos termos dos Requerimentos nºs 50 e 393/2015, do Senador Cristovam Buarque e outros Senadores.
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2015 - Página 22
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REDE NACIONAL DE HOSPITAIS DA MEDICINA DO APARELHO LOCOMOTOR, HOMENAGEM POSTUMA, ALOYSIO CAMPOS DA PAZ, MEDICO, FUNDADOR, ENTIDADE, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Querida Suely, nós é que de-

veríamos lhe agradecer, e eu deveria encerrar a sessão com essa sua fala tão tocante, mas eu não posso deixar de fazer, aqui, alguma referência a ele, ao Aloysio.

Quero pedir desculpas à Rede SARAH, porque não vou falar da Rede SARAH.

    Eu quero, até, confessar a vocês que, quando pensei nesta homenagem, numa conversa com a Lucinha, tomei a iniciativa e convoquei essa homenagem, e descobri - sou meio despistado nas regras - que, hoje em dia, não sei se foi o Senador Sarney que fez a regra, só se pode prestar homenagem depois de, se não me en- gano, 20 anos de morto.

    Aí, eu disse: “Vamos prestar homenagem à Rede SARAH e a gente prestigia e faz a homenagem ao Aloy- sio, porque eu não vou esperar 20 anos.”

    Então eu quero falar aqui desta figura ampla. Por exemplo: médico. O Aloysio era um médico. Eu não estou falando formado em Medicina. Porque hoje, nos tempos modernos, é muito difícil ser médico sem ser formado em Medicina, mas está cheio de formado em Medicina que não é médico. Médico ele era porque ele era capaz de entrar, conhecer o corpo e a alma do doente, e sabia como tratar o corpo e a alma desse doente. Isso é médico; ele era médico.

    Ele era um cientista. Porque ele podia ser médico com o conhecimento que recebia dos outros. Não! Ele desenvolvia o conhecimento. Como um grande cientista que ele foi.

    Ele era um empreendedor. Tudo isso aqui que foi falado da Rede é fruto de uma capacidade imensa de empreendimento, uma capacidade imensa fazer isso que aconteceu. Inclusive o empreendedorismo de mobi- lizar pessoas como Carlos Átila, como José Sarney, como centenas de outros para fazer possível a transforma- ção da natureza das pedras, das plantas e dos animais, em uma Rede SARAH, em uma rede que funcionasse. Mas outros fazem isso também. Ele, além disso, tinha a capacidade de fazer um hospital diferente. Diferente na estrutura: não é público, não é privado; serve ao público. Essa capacidade dele a gente tem que respeitar.

    E ele tinha outras características. Era um fotógrafo: fotógrafo com grandes fotografias. Ele era músico: como aparece aqui na fotografia tocando trompete. Ele era velejador: ele velejava. Ele era capaz de ser um grande filósofo, o filósofo da saúde pública no Brasil, para mim. Esse texto que eu coloquei na Mesa, foi a mi- nha resenha do livro dele, porque ele também era um escritor memorialista. Sua autobiografia merece ser lida. Mas o que está ali dentro é a filosofia de um homem da saúde pública, mas não da ideia mecânica de que a saúde pública é a saúde estatal, nem é saúde privada; é essa coisa diferente, que eu aprendi com ele e que eu costumo definir como sendo saúde pública, viu Sarney! O hospital público é aquele em que você não fica na fila para ser atendido mais do que é preciso, que você não sai doente nem mais pobre.

    Você é capaz de ser atendido, curado sem ter que pagar. Obviamente, alguém tem que pagar, e, em ge- ral, é o Estado. E é um conceito que serve não apenas à saúde, serve a todas as atividades públicas, inclusive educação.

    Eu aprendi muito com ele nesse sentido, mas eu não apenas aprendi, eu me diverti com ele. O Aloysio conseguia desmoralizar essa ideia de que, para um cientista, um intelectual ser sério, tem que ser carrancudo. Não. Ele era seriíssimo e tinha um senso de humor maravilhoso.

    E, além disso, ele era humanista, como foi falado aqui. Mas ele era humanista, e o Pertence falou, com rigor. Ele não era um humanista que olhava com relaxamento para dizer que humanismo é você aceitar que as pessoas façam ou não façam as coisas. Humanista é servir a humanidade, e para servir a humanidade tem que

ter um rigor na maneira como você presta o seu serviço. Ele era humanista.

    Ele foi um pioneiro. Pioneiro porque chegou em uma cidade quando ela quase não existia e não apenas

    fez a Rede, ele fez essa cidade como parte dela que ele foi. E, finalmente, ele foi um grande colecionador, ele colecionava coisas, inclusive câmeras. E colecionava, sobretudo, amigos.

    Eu estou aqui, não como Senador, eu estou aqui como um dos objetos da coleção de amigos que ele teve. Eu sou apenas um objeto da coleção de Aloysio Campos da Paz, a coleção de admiradores e de amigos. E, também, de clientes, como eu fui quando ele fez a cirurgia na minha mão.

    Então, é como objeto da coleção Aloysio Campos da Paz, de realizações, de amigos, de admiradores, que eu estou aqui. E agradeço muito a cada um de vocês, não vou citar, como disse a Suely, porque cada um aqui tem uma grande importância.

    De qualquer maneira, eu cito três pessoas aqui: a Lúcia, que vai dar continuidade; obviamente, o Presi- dente Sarney, pela sua história; e claro que, também, a Dona Elsita, representando tudo aquilo que esteve ao lado dele, por tanto tempo.

    Muito obrigado a cada um e a cada uma de vocês, e como disse Suely: “Aloysio, valeu a pena você ter passado por este mundo e ajudado a fazê-lo melhor e mais belo.” (Palmas.)

    Obrigado.

    O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Está encerrada a sessão.

(Levanta-se a sessão às 13 horas e 21 minutos.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2015 - Página 22