Discurso durante a 155ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal pelo desequilíbrio das contas públicas

Autor
Lasier Martins (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RS)
Nome completo: Lasier Costa Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL:
  • Críticas ao Governo Federal pelo desequilíbrio das contas públicas
Publicação
Publicação no DSF de 11/09/2015 - Página 67
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • CRITICA, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, AUSENCIA, QUALIDADE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, ENFASE, DESEQUILIBRIO, ECONOMIA NACIONAL, DEFESA, NECESSIDADE, MELHORAMENTO, ECONOMIA, PAIS.

            O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente dos trabalhos, meu prezado conterrâneo Paulo Paim, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores, ouvintes, quero relembrar que a executiva Sinara Polycarpo Figueiredo já havia avisado aos brasileiros sobre os perigos que a reeleição da Srª Dilma poderia trazer para a nossa economia. E foi demitida. Foi demitida por desnudar a verdade pela qual o País passaria pouco tempo depois. Foi afastada de suas funções de Superintendente de Investimentos do Banco Santander por falar a verdade. Sabíamos que a Srª Sinara estava certa.

            Há tempo se alerta e se fala sobre os erros cometidos pela Administração Dilma, que vem fazendo o País retroceder diariamente. O epicentro da crise está no Palácio do Planalto - só não vê quem não quer - e espalha-se pelo mundo político e pela economia de forma triste, danosa e avassaladora.

            As contas públicas foram desequilibradas, investimentos foram mal feitos, o tripé macroeconômico do Plano Real foi desprezado e a corrupção espalhou-se como uma doença crescente e incontrolável na Administração Pública.

            E ontem, como todos os oradores têm realçado desta tribuna no dia de hoje, fomos rebaixados pela mais importante agência de classificação de risco internacional. Nosso acesso ao crédito estará, a partir de hoje, mais caro. O dólar, que é o responsável por determinar o preço de bens como soja, milho, petróleo, deve disparar. A vida dos brasileiros, lamentavelmente, vai piorar, e estamos em estagnação.

            O Brasil não suporta mais decisões equivocadas, uma condução irresponsável da economia, a implementação de políticas insensatas como a malfadada nova matriz econômica, responsável pelo golpe final do desmonte da estabilização econômica. Desde que o PIB começou a ser medido no Brasil, em 1948, esta é a primeira vez que corremos o risco de emplacarmos dois anos seguidos de recessão.

            A Nação não suporta mais a insensibilidade desta Presidência do País, que acredita ter soluções para tudo, mas que somente entrega tristeza, agonia, prejuízos, incertezas, maquiadas por pedaladas e ações de marketing.

            A Presidente errou, falhou e falseou em sua campanha para milhões e milhões de brasileiros, que foram enganados.

            Uma maioria que hoje se mostra indignada toma as ruas, clama por mudanças. Como uma Presidente pode governar protegida do povo por placas de aço, como se viu no Sete de Setembro?

            Este Governo já perdeu a legitimidade econômica, política e popular. As agências internacionais não recomendam mais o Brasil, o Governo nada aprova no Congresso, e a desaprovação de Dilma bateu todos os recordes conhecidos. Uma Presidente com 7% de popularidade não possui mais legitimidade para governar, Srs. Senadores.

            Boas peças de propaganda ajudam a ganhar eleições, mas não são eficazes para dirigir uma nação como o Brasil. Nosso País precisa de um governo sério, atento e focado em solucionar os problemas que aí estão.

            Pergunto: como um Governo que produziu a crise será capaz de resolvê-la? Dentro do próprio Governo, não há mais consenso sobre as medidas que devem ser tomadas. O Ministro Levy não conseguiu levar adiante seu plano de austeridade; o Vice-Presidente também foi sabotado pelo próprio Governo na articulação política; e a Lava Jato, Srªs e Srs. Senadores, acerta com golpes de ética os porões da corrupção de uma administração que já perdeu sua razão de existir. Diante da incompetência, propõe novos impostos. Ora, convenhamos, os brasileiros não suportam mais impostos.

            Então, o que seria preciso fazer? Um ajuste real das contas públicas. Não adianta cortar verbas da saúde e educação, mas, sim, diminuir o gigantismo de um Estado paquiderme estruturado em pouco mais de uma década para servir aos companheiros. A solução é o fim da farra com dinheiro público: extinção de ministérios, de cargos comissionados, de inúmeras das 140 empresas estatais e seus generosos conselhos que acomodam apadrinhados e altos custos. Caso isso não seja feito, seguiremos com nossa economia golpeada, com empregos sendo perdidos, o aumento da inflação, coroados pela perda de grau de investimento. O primeiro passo foi o triste recado da Standard & Poor’s: a perda do grau de investimento. Logo mais virão os recados da Moody’s e da Fitch.

            Aliás, é oportuno recordar que, em junho de 2011, o então Ministro Mantega elogiava a avaliação da Moody’s, porque dizia que o Brasil estava passando a percepção de elevada robustez na economia.

            E é bom lembrar ainda, quando se criticam as agências, que a Standard & Poor’s foi a primeira agência de classificação que deu o grau de investimento ao Brasil em 2008 e, em 2011, também com a Moody’s, elevou a nota do Brasil. Portanto, não se procure agora desqualificá-las, porque elas fazem as constatações sempre no momento.

            Por tudo isso e mais um pouco, esse Governo nos transformou em maus pagadores. O brasileiro não pode passar por mais esse duro vexame, agora imposto pela Presidente.

            O Plano Real foi a nossa maior conquista desde o retorno da democracia. Precisamos retomar suas bases: a austeridade, políticas macroeconômicas sérias e eficazes. O povo não pode pagar a conta do descaso e do despreparo do Governo. Sinara foi demitida por dizer a verdade. A Presidente deveria repensar a sua continuação.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente Dário Berger.

            O SR. PRESIDENTE (Dário Berger. Bloco Maioria/PMDB - SC) - Eu cumprimento V. Exª por mais um pronunciamento. V. Exª é um dos assíduos frequentadores da tribuna democrática do Senado Federal...

            O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - É porque há muito por dizer, não é, Presidente? Não se disse tudo ainda. E não se lamentou tudo o que se tem a lamentar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/09/2015 - Página 67