Pronunciamento de Ângela Portela em 03/11/2015
Comunicação inadiável durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários sobre nota publicada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil acerca da situação político-econômica do País.
- Autor
- Ângela Portela (PT - Partido dos Trabalhadores/RR)
- Nome completo: Ângela Maria Gomes Portela
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL:
- Comentários sobre nota publicada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil acerca da situação político-econômica do País.
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/11/2015 - Página 172
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL
- Indexação
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- ELOGIO, DIAGNOSTICO, AUTORIA, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), REFERENCIA, CRISE, ECONOMIA NACIONAL, PARALISIA, PAIS, AUSENCIA, DIREÇÃO, ATIVIDADE POLITICA, APOIO, INDICAÇÃO, SOLUÇÃO, CRESCIMENTO, BEM ESTAR SOCIAL, BRASIL, CRITICA, TENTATIVA, OPOSIÇÃO, DANOS, GOVERNO FEDERAL, PREJUIZO, FINANÇAS PUBLICAS, DEFESA, NECESSIDADE, MANUTENÇÃO, VERBA, DESTINAÇÃO, PROGRAMA ASSISTENCIAL, DESAPROVAÇÃO, PROPOSTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), RETIRADA, DIREITOS SOCIAIS.
A SRª ÂNGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador Jorge Viana.
Srs. Senadores, Srªs Senadoras, "a permanência e o agravamento da crise política e econômica, que toma conta do Brasil, parecem indicar a incapacidade das instituições republicanas, que não encontram um modo de superar o conflito de interesses que sufoca a vida nacional e que faz parecer que todas as atividades do País estão paralisadas e sem rumo".
Sr. Presidente, isso é dito na nota emitida, na última sexta-feira, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que se reuniu na semana passada aqui em Brasília. Eles fazem um diagnóstico preciso. Acabo de proferir aqui a parte central da nota publicada pela CNBB.
De grande lucidez, o documento intitulado "Realidade sociopolítica brasileira, dificuldades e oportunidades" é preciso no diagnóstico e oportuno, ao apontar o caminho para que o País abandone o atual estado de paralisia institucional e possa dar um passo à frente, retomando o caminho do crescimento e do bem-estar social.
O alerta da entidade, da CNBB, que representa a cúpula da Igreja Católica no Brasil, vai na mesma linha do que eu tenho repetidas vezes afirmado aqui, na tribuna do Senado. A superação da crise política é condição imprescindível para que o Brasil possa cumprir o seu programa de ajuste. E mais: nenhum ajuste pode ser feito às custas dos programas sociais. Mas, para isso, conforme a CNBB também alerta, é fundamental que os agentes políticos abram mão de vaidades e de seus interesses eleitorais mais imediatos e mesquinhos em prol de um consenso político. Mas, ao contrário, lamentavelmente, o que temos visto é uma guerra insana pelo poder imediato, com posturas políticas que mais se assemelham à chantagem. Oposição e mesmo integrantes da chamada Base do Governo colaboram com pautas-bombas que podem aumentar as dificuldades financeiras do País, tudo com objetivos meramente eleitorais.
Com isso, acham que enfraquecem o Governo da Presidenta Dilma, quando, na verdade, estão enfraquecendo o País, enfraquecendo a sociedade e, principalmente, os mais pobres.
Volto a me valer, Sr. Presidente, do trecho da nota da CNBB:
O Congresso Nacional e os partidos políticos têm o dever ético e moral de favorecer a busca de caminhos que recoloquem o País na normalidade. É inadmissível alimentar a crise econômica com uma crise política irresponsável e inconsequente.
Essa espécie de queda de braço tem sido responsável pelo ambiente de tensão política, completamente inadequado para a busca de solução de governabilidade e de superação de uma crise econômica, que tem raízes internacionais, mas que pode ser minimizada pelo esforço de todas as forças políticas.
Repito, Sr. Presidente: as dificuldades fiscais do momento não podem levar a cortes em programas sociais que foram fundamentais para que o Brasil superasse séculos de miséria extrema. Não podem ser aceitas propostas como a feita pelo Relator-Geral do Orçamento, Deputado Ricardo Barros, de financiar o ajuste fiscal com cortes no Programa Bolsa Família.
Nunca é demais repetir: é inadmissível penalizar 14 milhões de famílias pobres para garantir o equilíbrio fiscal, quando há áreas inatacadas, como as grandes fortunas...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
A SRª ÂNGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - ... e o sistema financeiro, que, ano após ano, aumenta os seus lucros.
Cito também, Sr. Presidente, documento publicado, na última semana, pelo PMDB, que - é sempre bom frisar - tem sido, há mais de duas décadas, fiador da governabilidade neste País.
O Partido, que tem o Vice-Presidente da República e os Presidentes das duas Casas do Congresso Nacional, emitiu uma série de propostas que representam riscos reais às conquistas sociais. Entre elas, propõem ataques à legislação trabalhista com a prevalência do acordado sobre o que está na lei de trabalho; pedem o fim das vinculações constitucionais, que têm assegurado recursos mínimos para saúde e educação; e defendem a mudança no modelo de concessão do petróleo, o que pode significar um ataque à soberania brasileira nessa área.
Sr. Presidente, esses são riscos que se apresentam em momentos de crise, como a que estamos vivendo agora.
(Interrupção do som.)
A SRª ÂNGELA PORTELA (Bloco Apoio Governo/PT - RR) - Para concluir. (Fora do microfone.)
Como em boa hora afirmam os bispos brasileiros, nós, agentes políticos, somos convocados a assegurar a governabilidade, recuperar o crescimento, seguir na diminuição das desigualdades e não aprofundá-las. É o que devemos fazer: unir a sociedade e colocar o País nos rumos.
Encerro, Sr. Presidente, com o ensinamento do Papa Francisco, muito adequado ao momento em que vivemos:
Uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior [...] risco.
A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas.
Era isso, Sr. Presidente. Gostaria aqui de registrar a minha opinião, o meu entendimento a respeito dessa nota publicada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e meu entendimento e a minha compreensão sobre esse debate que o PMDB coloca agora na pauta nacional.
Muito obrigada.