Discurso durante a 52ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de editorial do jornalista Juremir Machado da Silva, no jornal Correio do Povo, intitulado “O dia da vingança chegou!”, com considerações a respeito do processo de afastamento da Presidente Dilma Rousseff.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO ESTADUAL:
  • Leitura de editorial do jornalista Juremir Machado da Silva, no jornal Correio do Povo, intitulado “O dia da vingança chegou!”, com considerações a respeito do processo de afastamento da Presidente Dilma Rousseff.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/2016 - Página 35
Assunto
Outros > GOVERNO ESTADUAL
Indexação
  • LEITURA, EDITORIAL, JORNAL, CORREIO DO POVO, ASSUNTO, IMPEACHMENT, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DILMA ROUSSEFF.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Fátima Bezerra e Senadora Angela Portela, por questão de justiça, quero comentar a posição assumida não só pelo editorial do Zero Hora de ontem, que li na íntegra e que não levou o PT para compadre, mas que fecha dizendo que os políticos oportunistas que estavam no Governo até ontem, agora, se dizem defensores da moral, dos bons costumes e pulam para o outro lado, naquele velho princípio de que os ratos abandonam o navio mediante qualquer problema, não só porque está afundando.

    Quero também dizer que, lá no Rio Grande do Sul, tanto o jornal Pioneiro e O Timoneiro quanto o Jornal do Comércio e O Sul, todos têm tido uma postura na visão de que não aceitam e não entendem aqueles que, de forma oportunista, têm um discurso em um dia e outro discurso no outro dia. Por exemplo, quantas vezes, Senadora, eu fui chamado para ir a Ministérios para receber benefícios para a área eleitoral desse ou daquele Deputado ou Senador. Eu dizia: "não, não vou lá. Podem ir, porque tenho missões a cumprir aqui". Eles voltavam elogiando, e muito, a Presidenta Dilma e nossos Ministros. Agora, eles viraram diabos e eles, santos. É com isso que eu não concordo.

    Vejam bem. Vou ler na íntegra, aqui, texto do jornalista, articulista, radialista, escritor Juremir Machado da Silva, do Correio do Povo.

    O título do editorial dele é: "O dia da vingança chegou". Aí ele diz, na linha de V. Exª, Senadora Fátima: “O jornal New York Times diz que uma gangue vai julgar Dilma.”

    Exatamente o que a Srª falou. Palavras do jornalista, articulista, poeta e escritor pelo qual eu tenho o maior respeito lá, Juremir Machado da Silva. Depois ele diz:

    O francês Le Monde afirma que Michel Temer é um especialista em intrigas palacianas. [Ele vai dizendo]

    O The Guardian fala em uma ruptura institucional.

    Quando FHC, [Fernando Henrique Cardoso], doou dinheiro no Proer, para salvar bancos privados, a direita [brasileira] não pediu a sua queda. [Dilma cometeu o quê?] Dilma cometeu o crime de mandar banco público adiantar dinheiro [para] programas sociais.

    Aí está a gravidade? Esse é o crime? Aí ele diz:

    O PT cometeu crimes, [vou ler tudo aqui] envolveu-se, atolou-se na corrupção.

    Mas seu crime mais grave, do ponto de vista da oposição, foi de um dia ter apontado o dedo para os outros e gritando "Corruptos"! [Corruptos, vocês são corruptos!] Se tivesse entrado no clube sem moralismo, [com certeza] não seria cobrado e poderia [fazer o que bem entendesse].

    Olha que ele não está levando o PT para compadre.

    O agravante são as três vitórias consecutivas do PT e a possibilidade de uma quarta.

    E aqui eu complemento: isso eles não aguentam!

    Defesa do petismo corrupto? [Diz ele com pergunta.]

    Nada mais simplificador.

    Ataque ao moralizador associado a uma gangue.

    Fora todos! Seria o mais justo.

    [Aí, ele começa aprofundar os comentários.] Quem se alia com Eduardo Cunha não merece confiança.

    O interesse para combater a corrupção é mínimo.

    A vibração é com outra coisa: chegou o dia da vingança contra o petismo no governo. [É isso o que eles querem. É uma vingança contra o PT].

    Senadora Fátima Bezerra, preste atenção a o que ele diz agora. Dia da revanche do quê?

    Dia de revanche contra as cotas [para os pobres, negros e índios], [contra a] bolsa-família [que eles não aceitam].

    Está escrito aqui. Não é palavra do Senador Paim. Está escrito aqui: "pobre agora anda até de avião". É isso que eles não aceitam:

    [...] Minha Casa, Minha Vida e outras migalhas.

    Eduardo Cunha é o instrumento da cleptocracia que esfrega as mãos.

    [Aí a palavra é dele, não é nossa:] A mídia prepara-se para emplacar mais um golpe.

    Dilma será julgada por uma coisa e condenada por outras.

    Impeachment é o instrumento legal que permite a um tribunal político condenar o presidente da República sem provas. Estamos no falso parlamentarismo ou no presidencialismo de mentirinha. O impeachment será um voto de desconfiança. O STF vai lavar as mãos? Fez essa injustiça? [É o que ele pergunta aqui.] Marco Aurélio Mello será o único ministro capaz de se opor ao militantismo de Gilmar Mendes e ao medo dos demais? As ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber só dizem “acompanho o relator”. [Estou lendo o artigo do articulista.] Ao menos não se pode mais acusar os ministros indicados pelo PT de petismo. Toffoli foi fagocitado por Gilmar. Facchin morre de medo de ser chamado de governista. Vota todas contra Dilma. A “julgabilidade” do STF é um só um palavrão. [Estou lendo o artigo dele.]

    No domingo, tudo começará em alto estilo com o voto de Abel Galinha.

    Na sequência, centenas de investigados por corrupção tentarão derrubar uma presidente que não é ré [olhem como é que ele termina] em qualquer processo judicial e em relação à qual não se provou até o momento qualquer ato de desonestidade.

    A verdade precisa ser dita.

    Eu poderia vibrar. O PT vai se ferrar. O PT já me ferrou.

    Mas tenho um compromisso com a minha consciência.

    Só digo o que penso ser verdade.

    A verdade está na capa do New York Times.

    Uma gangue vai julgar Dilma!

    Esse jornalista é um cara muito sério. Podem ver que não levou o PT para compadre. Mas ele condena veementemente o impeachment da forma como está sendo feito. E ele termina dizendo: "Olha, eu não sou de me omitir." A frase final é esta: "Fico com o New York Times, a verdade está na capa do jornal".

    Acho que ninguém quer ser gangue.

    Por isso, tenho esperança de que os Deputados, depois de tudo isso, vendo pessoas de conceito nacional e internacional, no mundo todo... São os artistas. Não é só no Brasil, mas parece que há um movimento semelhante àquele da época em que participei da libertação de Mandela ou a um movimento como aquele de que participei para garantir a democracia no Brasil, de combate à ditadura. Estou com 66 anos.

    Eu acho muito interessante, neste momento, esta juventude que está indo às ruas, defendendo a democracia, contra o Impeachment. Acho bonito, mais do que nunca, ver os artistas, aqueles que atuam na cultura, os intelectuais, os setores mais representativos da sociedade organizada, mobilizando-se e dizendo: Não ao Impeachment! Viva a Democracia!

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Senador Paim, eu queria parabenizá-lo, claro, por mais essa reflexão que V. Exª acaba de fazer, inclusive ressaltando aqui a matéria do New York Times, porque acho que é uma matéria que merece, sim, ser lida com muita sensibilidade, com muita seriedade e perspicácia, neste exato momento, pelo povo brasileiro.

    Eu queria também, associando-me ao discurso, ao registro, que V. Exª acaba de fazer, mais uma vez, chamar atenção da sociedade brasileira para a matéria que está no Estadão de hoje, em que o Presidente Nacional do nosso Partido, Rui Falcão, afirmou que o Vice-Presidente Michel Temer e o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha - abre aspas: "acenam com a expectativa de que o combate à corrupção seria interrompido" - fecha aspas -, caso seja aprovado o Impeachment da Presidente Dilma Roussef. Segundo Rui Falcão, Temer e Cunha comandam um golpe e tentam convencer Parlamentares e Dirigentes Partidários a votar a favor do impedimento de Dilma, utilizando, entre outros argumentos, a tese de que o combate à corrupção no País será, entre aspas, "barrado em um eventual governo peemedebista".

    Fala o Presidente Nacional do PT, Rui Falcão - abre aspas:

    É de se supor que muitos alimentam a ideia de que o combate à corrupção, que vem sendo feito implacavelmente pelos nossos governos, mas que há de continuar em respeito ao Estado democrático de direito, sem espetáculo e seletividade... Há uma expectativa, que muitos acenam com ela, de que o combate à corrupção será interrompido, barrado. Isso é um dos motivos sinistros que se escondem atrás do golpe, além da vontade de poder, além da troca de cargos.

    Fecha aspas.

    Assim afirmou o Presidente do PT em entrevista coletiva à imprensa, na tarde de ontem.

    Ou seja, é o alerta que o Presidente Nacional do PT, Rui Falcão, fez em entrevista coletiva à imprensa ontem, de que motivos sinistros estariam por trás dessa conspiração golpista. Um desses motivos sinistros - por isso, a palavra sinistro, pelo perigo que isso tem, pela gravidade que isso tem - seria que, em um eventual governo peemedebista, com seus parceiros, PSDB e DEM, com os golpistas, a Operação Lava Jato passaria por uma operação abafa.

    Paim, Rui está se associando ao sentimento que o jornalista traz hoje nas páginas do New York Times.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Juremir Machado da Silva faz o comentário nas páginas do New York Times.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Exatamente, perfeito.

    Eu quero ainda acrescentar que, nessa mesma entrevista, o Presidente Nacional do PT coloca - abre aspas:

    Não acredito que os Parlamentares brasileiros se deixem levar pelas pesquisas feitas por encomenda, por falsas tabelas que antecipam resultados, estimulando até que alguns se sentem na cadeira antes da hora [cuidado com o efeito Fernando Henrique], revelando uma certa empáfia, uma certa arrogância e não escondendo o desejo de ter o poder pelo poder, mesmo que seja a qualquer custo.

    Fecha aspas. Afirmou o Presidente Nacional do PT, Rui Falcão, em entrevista coletiva à imprensa ontem.

    Devolvo a palavra a V. Exª.

    Como é o nome do jornalista que publicou esse artigo, Senador?

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - O seriíssimo Juremir Machado da Silva. E pode ver que ele não faz nenhum agrado ao PT.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Não, de maneira nenhuma.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Mas é duro em relação a querer apear uma Presidenta sem ter nada de prova.

    Aí ele termina dizendo, como diz no New York Times: vai ser julgado por uma gangue. E que moral essa gangue tem sobre a Presidente?

    Permita-me que eu diga agora, eu que li o artigo e fiz algumas considerações sobre os Ministros do Supremo Tribunal Federal: ontem eu assisti, o tempo todo, ao julgamento das ações no Supremo Tribunal Federal.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Sim.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - E eu achei muito positiva a decisão final, porque estão tentando, minha querida Presidenta em exercício aqui, misturar a Presidenta Dilma com a operação Lava Jato, com a Petrobras e com o mensalão. A Presidenta Dilma não tem nada a ver com isso. Investiguem tudo, doa a quem doer!

    E o que disse o Supremo ontem? Que só poderá ser usado para este julgamento do impeachment aquilo - como eu respondi ontem a um Senador - que estiver nos autos do processo, ou seja, decreto e as ditas pedaladas. Só isso, porque o resto...

    Olha, quem entrou com o pedido de impeachment? Permita-me esta reflexão: quem entrou com o pedido de impeachment? Se eles achassem que a Presidenta Dilma estava envolvida quer seja na Petrobras, quer seja na questão do mensalão, quer seja na questão da Lava Jato, eles não teriam colocado na peça? Claro que teriam! Eles queriam o impeachment dela! Só não colocaram porque sabem que ela não está envolvida. Só entraram com a história do decreto e com a questão da dita pedalada, que 16 governadores e centenas de prefeitos fizeram. Eu quero apenas reafirmar essa posição...

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Com certeza, Senador Paim.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ... de que eles só não entraram... Se não, estaria no processo. E o que disseram os ministros do Supremo Tribunal Federal, ontem, de forma correta? O que não está na inicial, o que não está no processo não poderá ser usado como instrumento de aprovar ou não o impeachment.

    Com isso, não adianta o discurso de alguns aqui sobre Lava Jato, etc... A polícia tem mais é que investigar a Lava Jato. A polícia está aí para isso! A Polícia Federal, o Ministério Público. Investiguem tudo, doa a quem doer! Essas listas enormes que estão aí. Investiguem um por um das listas! O que não dá é querer misturar a Presidenta! Até os autores do processo de impeachment não a colocaram porque sabem que não há nada contra ela.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Senador Paim, permita-me ainda. É de uma gravidade tão grande, é de uma violação à Constituição tão grande o que os golpistas estão tentando fazer, que, como V. Exª muito bem colocou, o pedido de impeachment contra a Presidenta Dilma não tem nada a ver com a Lava Jato, com Pasadena. Não tem absolutamente nada a ver com isso.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Pelo contrário, a Presidenta liberou o Ministério Público, o Ministério da Justiça, para investigar tudo.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Tudo! E todos nós sabemos da postura republicana, séria, da Presidenta. Sabemos, inclusive, que o descontentamento e a raiva do Eduardo Cunha - raiva esta que depois se transformou em vingança - se deve inclusive ao fato de não ter contado com ela, como Presidenta, para manter os apaniguados dele em Furnas, que tem a ver com a famosa lista de furnas, etc.

    Mas o que eu quero colocar é que a violação à Constituição é de tal forma escancarada, tão escandalosa, que, neste exato momento, há um pedido de impeachment que não se sustenta do ponto de vista jurídico, que não se sustenta do ponto de vista político e moral. E eles estão agindo como se nós vivêssemos em um regime parlamentarista, Senador Paim.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - É o que o jornalista fala aqui.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Exatamente.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Diz ele que ou é o Parlamentarismo ou é um Presidencialismo de araque.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Exatamente como se nós estivéssemos em um regime Parlamentarista...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Que em qualquer crise social e econômica...

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - ... que qualquer crise...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ...derruba tudo.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - ...derruba tudo, diferente...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - ...do presidencialismo.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - ... do Presidencialismo. Ora, no regime Presidencialista, não se tem conhecimento, na história da humanidade...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Não tem voto de desconfiança.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Não tem. Não se tem conhecimento de Presidente que tenha caído por crise de impopularidade, por dificuldades no Governo, etc. Aliás, dificuldades no governo, em grande parte, são fruto da irresponsabilidade de boa parte da oposição, combinadas, é claro, com os reflexos da crise mundial do capitalismo, que começou exatamente em 2008.

    Por isso, Senador Paim, que infelizmente o que está acontecendo, neste exato momento, no Brasil, ou seja, o pedido de impeachment do Miguel Reale Júnior etc, na verdade, não passa de um embuste, de uma farsa. Portanto, de um golpe. E os que simplesmente defendem esse pedido de impeachment merecem, sim, ser julgados pela história como embusteiros, como farsantes e como golpistas, porque é disso que se trata...

    (Soa a campainha.)

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - ...infelizmente, ao querer violar a Constituição.

    Mas volto a dizer, Paim, que tenho muita esperança - repito -, mas muita, muita, muita mesmo, de que o povo brasileiro vai, se Deus quiser, evitar este golpe.

    Devolvo-lhe a palavra para que V. Exª conclua. Mas é uma bela reflexão que faz nesta sexta-feira.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Eu concluo dizendo que talvez o governo Lula e o Governo Dilma estejam sendo atacados de forma - eu diria - tão covarde, até pela violência, não pelo que fizeram de errado, mas pelo que fizeram de bem.

    Muitos não aceitam as estradas do Brasil lotadas porque a maioria do nosso povo hoje tem carro. Grande parte do nosso povo tem carro, e não tinha antes. Os aeroportos - nós que viajamos muito, pelo nosso ofício, sabemos -, quase todos lotados. O nosso povo, agora, já anda de avião.

    Quando nós assumimos o Governo, o salário mínimo fazia greve de fome aqui nos plenários. Era US$60, foi para em torno de US$300 e passou a ter aumento real todos os anos.

    O número de pobres que chegaram à universidade...

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Com certeza.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Não tinham a mínima chance! Hoje, têm até salário-permanência, que é uma ajuda à permanência, correspondendo atualmente a mais ou menos R$800 para os mais pobres.

    Hoje, nós temos uma política de cotas que não é só para negros, como alguns tentam dizer - eu sou negro e fui um dos relatores da política de cotas -; é para negros, brancos, índios e pobres, porque é misturada a cota social com a etnia e a raça. É isso que muita gente não está aceitando.

    Eles falam do desemprego. Pois bem. Nós, quando pegamos o País, tínhamos em torno de 12 milhões de desempregados. Geramos mais de 20 milhões de empregos. Agora, com a crise - que, V. Exª lembrou muito bem, vem dos outros continentes e um dia ia chegar aqui, e bateu aqui -, que tenhamos perdido 8 milhões... Que queremos recuperar, é claro, e por isso fizemos uma série de programas e debates, aqui no Congresso, em relação à taxa de juros, e queremos mudar a política econômica. Mas geramos 12 milhões de empregos a mais do que eles tinham, ainda hoje - ainda hoje! -, apesar da crise.

    Por isso, eu digo que o ataque, talvez tão duro... E às vezes dizem: "mas o PT não gosta de classe média". Bobagem! Bobagem; nós sempre tivemos o maior carinho. Trabalhamos, interagimos com a classe média brasileira. Pode ser que os 2%, 1% dos mais poderosos do País não goste, mas nós optamos. O PT, o Governo da Presidenta Dilma e o governo Lula fizeram uma opção de atender aqueles que mais precisam: os miseráveis, os pobres - e, naturalmente, dentro do possível, atendendo as reivindicações da classe média.

    Por isso, eu fico com a frase que V. Exª usou da tribuna por duas, três vezes: se, em cada país onde a democracia impera no mundo, com uma crise econômica ou social, a saída for atingir, baquear, atacar, ferir a democracia, que é o sistema para mim mais adequado, mais correto... Ninguém inventou, no mundo, um sistema melhor que a democracia.

    Então, viva a democracia! Vamos torcer para que essa questão do impeachment se resolva de uma vez por todas na Câmara dos Deputados e vamos voltar à atividade normal aqui, fazendo políticas para o interesse do povo brasileiro.

    Muito obrigado, Presidenta.

    A SRª PRESIDENTE (Fátima Bezerra. Bloco Apoio Governo/PT - RN) - Senador Paim, mais uma vez quero cumprimentar V. Exª pela seriedade, pela sabedoria, pela convicção e o compromisso que tem com o povo brasileiro e com o povo do seu Estado.

    Srs. Senadores, Srªs Senadoras, antes de encerrar nossa sessão, quero aqui parabenizar publicamente a chapa que venceu a eleição para a Reitoria da Ufersa, universidade federal lá do meu Estado do Rio Grande do Norte. Quero parabenizar em especial o amigo Prof. José de Arimatea de Matos, que foi reeleito Reitor, com 47,07% dos votos. Parabéns, Prof. Arimatea! Vitória mais do que merecida, pelo seu trabalho, pela sua competência, pela sua dedicação, do ponto de vista profissional, à Universidade Federal Rural do Semiárido.

    Quero parabenizar também, claro, as demais candidaturas e toda a comunidade ufersiana, que foi às urnas democraticamente expressar o desejo de uma universidade federal do semiárido com mais avanços e mais conquistas. E quero dizer ao Prof. Arimatea, aos estudantes da Ufersa, aos professores, aos servidores, à comunidade em geral, que continuarei aqui, como Senadora, cada vez mais firme nessa parceria para expandir e fortalecer o papel da Universidade Federal Rural do Semiárido no contexto não só do meu Estado, o Rio Grande do Norte, mas do Nordeste e do Brasil.

    Quero também dizer que ontem estive na Funasa com a Profª Ângela, outra grande Reitora - dessa vez da Universidade Federal do Rio Grande do Norte -, que, aliás, foi também reeleita ano passado com uma maioria muito expressiva. Estive com a Profª Ângela, na Funasa, tratando de demandas muito importantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, de interesse dos Municípios do meu Estado e tenho aqui uma boa notícia: o Presidente da Funasa, ontem, garantiu a liberação da primeira parcela no valor de 716 mil, parcela esta que vai dar início ao projeto para a capacitação de gestores que vão auxiliar na elaboração de planos municipais de saneamento básico.

    A universidade federal do meu Estado, Senador Paim, foi escolhida, através de edital, e, portanto, vai fazer todo esse trabalho de consultoria, imagino, planos municipais de saneamento de 167 Municípios do Rio Grande do Norte. Vamos chegar à consultoria, através da UFRN, para garantir que mais de 70 Municípios do Rio Grande do Norte tenham o seu plano municipal de saneamento, para, aí, se Deus quiser, termos os recursos necessários para sanear essas cidades, um investimento tão importante.

    E a outra boa notícia é que os Centros de Referência em Direitos Humanos, uma conquista dos Governos do PT, foram criados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, quando lá esteve à frente sua conterrânea, a Deputada gaúcha, Maria do Rosário. Pois bem, conseguimos, agora, V. Exª, inclusive, ajudou nisso ano passado, porque, em função da crise orçamentária, esses Centros de Referência em Direitos Humanos estavam correndo o risco de paralisarem as suas atividades, e V. Exª contribuiu como Presidente da Comissão de Direitos Humanos. E o fato é que estivemos com a Ministra Nilma, a Ministra da Mulher, Igualdade Racial e Direitos Humanos, que nos deu a boa notícia, Paim, graças a Deus, conseguiu os recursos, e o Centro de Referência em Direitos Humanos, coordenado, tanto pela UFRN como pela Ufersa, vai continuar e não terá os seus trabalhos paralisados.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Apoio Governo/PT - RS) - Quero cumprimentar V. Exª, porque, enquanto V. Exª falava, eu pensava: quantos Deputados e Deputadas, que viram seus pleitos atendidos pelo Governo atual, que tiveram a alegria nos seus Estados de receber o Presidente, depois, a Presidenta, viram as verbas chegarem às mais variadas áreas, e eu queria tanto que eles fizessem a reflexão que V. Exª está fazendo neste momento. E o povo não gosta, o povo não gosta. Olha, eu tenho 30 anos de Parlamento, sempre pautei a minha vida pela coerência, sempre pautei minha vida pela coerência, o povo não gosta, o termo é duro, mas vou usar aqui, daqueles que comem e viram o coxo, o povo não gosta.

    O povo não gosta de quem na caminhada acaba traindo aqueles que estiveram sempre do seu lado.

    Então, é inexplicável que inúmeros Deputados que até uma semana atrás estavam desfrutando dos benefícios de ser da Base do Governo, com toda a sua extensão, e de uma hora para outra: "Não, não tenho nada a ver com isso. Me ofereceram mais do lado de lá, e eu vou para lá agora."

    Então, eu faço um apelo carinhoso aqui para os Deputados. Não coloquem na sua história essa mácula. Por exemplo, no meu currículo, nunca vai estar, porque eu nunca fui de fazer isso, nunca, em toda a minha vida. Nem como sindicalista, depois fui de uma central, estou no Parlamento desde a Constituinte, mas sempre tive um lado muito definido.

    Quem fica pulando de galho em galho todo dia, para não dizer outra coisa, é no mínimo passarinho. Não vou usar o termo de um bicho um pouco maior, que fica pulando de galho em galho, e não se acerta em lugar nenhum. Sempre pula para o lado que ele acha que politicamente vai ser melhor para ele, ou que financeiramente vai ser melhor para ele. Esse está fadado ao fracasso. Ele não tem causas.

    E a causa número um nossa tem que ser a causa da democracia. É a democracia que está sendo atacada, que está em xeque. O Supremo Tribunal ontem foi claro, se eles olharem somente para a tal de pedalada ou tal de decreto, que o próprio Vice-Presidente fez também, e que todos os 16 governadores fizeram, não há motivo nenhum. Vamos encerrar esse episódio, vamos fazer um grande entendimento nacional e vamos todos trabalhar para o bem do Brasil, e não chegar ao poder por chegar!

    Viva a democracia! Democracia e direitos humanos caminham de forma muito unitária. Então, quem pensa em direitos humanos, quem pensa eu causas do povo brasileiro não pode ferir a democracia. Parabéns a V. Exª.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/2016 - Página 35