Discurso durante a 127ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Endosso ao pedido de desculpas apresentado pelo Senador Roberto Requião ao Uruguai, em razão da tentativa de o Chanceler José Serra comprar voto daquele País para impedir que a Venezuela exerça a Presidência do Mercosul.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL:
  • Endosso ao pedido de desculpas apresentado pelo Senador Roberto Requião ao Uruguai, em razão da tentativa de o Chanceler José Serra comprar voto daquele País para impedir que a Venezuela exerça a Presidência do Mercosul.
Publicação
Publicação no DSF de 17/08/2016 - Página 51
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, PAIS ESTRANGEIRO, URUGUAI, MOTIVO, PROPOSTA, BRASIL, PAGAMENTO, VOTO, OBJETIVO, IMPEDIMENTO, VENEZUELA, EXERCICIO, PRESIDENCIA, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), CRITICA, INTERFERENCIA, PAIS, VIZINHO, AUSENCIA, LEGALIDADE.

    O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, na minha condição também de integrante do Parlasul, representando o nosso País, eu quero me associar aqui ao pedido de desculpas que o Senador Roberto Requião apresenta a esse país irmão, que é o Uruguai, por essa verdadeira patacoada que foi realizada pelo Ministro das Relações Exteriores do Brasil.

    E o que eu acho mais grave ainda é a apresentação desse requerimento, porque, na verdade, essa ideia de ficar descobrindo pretexto jurídico para assumir posições políticas, desrespeitando regras do Brasil, regras internas como a Constituição, e agora as regras do Mercosul, parece que está virando uma praxe.

    Descobriram aí três decretos de suplementação orçamentária e uma tal pedalada para tentar cassar o mandato da Presidenta Dilma. Agora estão usando o pretexto do não cumprimento de obrigações por parte da Venezuela para impedir que ela exerça algo que é automático. É automático, qualquer país, assim é com o Brasil, assim é com a Argentina, é com o Paraguai e é também com a Venezuela.

    Deixar de cumprir aspectos dos acordos do Mercosul não é um privilégio da Venezuela. O próprio Brasil deixou de cumprir vários pontos importantes de acordos que foram feitos dentro do Mercosul e em nenhum momento alguém apareceu para sugerir que o Brasil não pudesse assumir a Presidência.

    Lamento, porque, na verdade, nós estamos dando uma demonstração de que o Brasil está mudando a sua orientação no que diz respeito à política externa. Mesmo no governo de Fernando Henrique Cardoso, de José Sarney, de Itamar Franco o Brasil respeitava a autodeterminação dos povos; agora este Governo, esse chanceler, essa Base do Governo quer interferir na vida interna da Venezuela. A Venezuela tem suas regras, tem suas leis, está resolvendo, dentro do campo da sua democracia, o processo que está lá. Não somos nós que vamos decidir; é o povo da Venezuela. Esse espírito intervencionista não é o espírito do Brasil, esse não é o espírito do Brasil.

    Então, antes que nós viremos um motivo de chacota... Chacota por conseguirmos brigar com um país como o Uruguai, um país marcado pela tolerância, um país marcado pela diversidade, um país marcado pela sua defesa da paz. É uma proeza, José Serra é um gênio: conseguiu brigar com o Uruguai. E o pior, ainda com a proposta de corromper os uruguaios com o voto para impedir que a Venezuela assuma a presidência.

    Sr. Presidente, isso é lamentável. Não só peço desculpa como quero dizer que estou envergonhado. O Brasil não merece isso que nós estamos vendo hoje na nossa política externa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/08/2016 - Página 51