Discurso durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Balanço dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e satisfação com a organização do evento e com o desempenho dos atletas brasileiros.

Crítica a setores político-partidários por terem feito restrições a atletas que fizeram continência à Bandeira e ao Hino Nacional durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 e também a possibilidade de corte do Programa Bolsa Atleta.

Registro da participação de S.Exª no 34º Encontro Estadual do Ministério Público de Santa Catarina, destinado ao combate à corrupção.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESPORTO E LAZER:
  • Balanço dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e satisfação com a organização do evento e com o desempenho dos atletas brasileiros.
GOVERNO FEDERAL:
  • Crítica a setores político-partidários por terem feito restrições a atletas que fizeram continência à Bandeira e ao Hino Nacional durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 e também a possibilidade de corte do Programa Bolsa Atleta.
MINISTERIO PUBLICO:
  • Registro da participação de S.Exª no 34º Encontro Estadual do Ministério Público de Santa Catarina, destinado ao combate à corrupção.
Publicação
Publicação no DSF de 23/08/2016 - Página 21
Assuntos
Outros > DESPORTO E LAZER
Outros > GOVERNO FEDERAL
Outros > MINISTERIO PUBLICO
Indexação
  • ELOGIO, COMPETENCIA, REALIZAÇÃO, OLIMPIADAS, BRASIL, IMPORTANCIA, DEMONSTRAÇÃO, CULTURA, CONDECORAÇÃO, ATLETAS, PAIS, ENFASE, ATUAÇÃO, POLICIA, AUTORIDADE JUDICIARIA, IDENTIFICAÇÃO, FRAUDE, ATLETA PROFISSIONAL, ESPORTE AQUATICO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), SIMULAÇÃO, ASSALTO, LOCAL, POSTO DE GASOLINA, MUNICIPIO, RIO DE JANEIRO (RJ).
  • CRITICA, RESTRIÇÃO, ATLETA PROFISSIONAL, MILITAR, FORÇAS ARMADAS, CONTINENCIA, BANDEIRA NACIONAL, HINO NACIONAL, ATO, RESPEITO, PAIS, RECONHECIMENTO, COMITE OLIMPICO, AMBITO INTERNACIONAL, APREENSÃO, POSSIBILIDADE, CORTE, PROGRAMA ASSISTENCIAL, APOIO, ATLETAS, MOTIVO, REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, AMBITO ESTADUAL, MINISTERIO PUBLICO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ASSUNTO, COMBATE, CORRUPÇÃO, ANALISE, INSTITUTO, DELAÇÃO PREMIADA, COLABORAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, POLICIA FEDERAL, CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA, COMENTARIO, VISITA, MUNICIPIOS, RIO GRANDE DO SUL (RS), MOTIVO, CAMPANHA ELEITORAL, ENFASE, LEI COMPLEMENTAR, FICHA LIMPA, PROIBIÇÃO, EMPRESA PRIVADA, FINANCIAMENTO, CAMPANHA, OBJETIVO, CORREÇÃO, PROCESSO ELEITORAL.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Cara Senadora Gleisi Hoffmann, que preside esta sessão nesta tarde de segunda-feira, nossos telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, eu pude, ontem à noite, acompanhar toda a apresentação do encerramento das Olimpíadas no Rio de Janeiro. E, Senadora, depois de ter feito algumas críticas, porque na minha opinião tínhamos gasto tanto para fazer esse evento, com o País ainda com mazelas a serem resolvidas no campo da saúde, da segurança, da educação, e no de tantas outras áreas da nossa infraestrutura deficitária, mas ao fim e ao cabo, quando terminou aquele espetáculo tão brasileiro, com tantas expressões - e até, como gaúcha, achei que faltou um pouco de rancheira e um pouco de dança gaúcha para ficar completo -, com a força do Nordeste, das baianas, que têm, digamos, um simbolismo para os estrangeiros que tomam conhecimento do Brasil de maneira virtual ou não, entendi que era preciso dar aquela demonstração do que nós temos também. Apesar das dificuldades, temos muita alegria naquilo que fazemos, muita disposição para o trabalho, e procuramos fazer bem todas as coisas.

    Da mesma forma, nesses processos, dessa crise que estamos vivendo, tenho certeza de que todos terão responsabilidade de prosseguir até o final desse momento doloroso que estamos vivendo.

    Mas, em relação à Olimpíada do Rio de Janeiro, depois dos percalços com aquela queixa dos australianos, em relação à situação da hospedagem na Vila Olímpica, da reclamação de que os apartamentos não estavam prontos, nós conseguimos dar a volta por cima.

    Com todo o respeito, eu sou Presidente da Frente Parlamentar Mista Brasil-Austrália e hoje encaminhei um ofício ao Embaixador da Austrália, cumprimentando-o pelas 29 medalhas que a Austrália conquistou. A imprensa australiana, pelas informações que recebi, deu uma excelente cobertura, mesmo naquele episódio, e também disse que as autoridades agiram muito corretamente quando identificaram aquela fraude ou aquela falsificação dos convites para a entrada de um jogo de basquete que alguns atletas fizeram para assistirem ao jogo indevidamente.

    Até nisso, a forma como as autoridades da segurança agiram dentro da cidade olímpica e fora dela foi correta, mas foi mais correta ainda na questão relacionada à mentira dos atletas da natação dos Estados Unidos, que simularam um assalto que não houve. E a juíza de direito que cuidou do caso, para a nossa alegria, é uma mulher com qualidade técnica, que atuou com percepção e sensibilidade na análise dos fatos e da veracidade do que aconteceu em relação ao relato mentiroso dos atletas. Ela chegou à conclusão e deu o encaminhamento daquele processo, a um ponto em que eles tiveram que admitir a mentira.

    E tanto a polícia, que fez a investigação inicial, quanto a juíza e o Ministério Público agiram nesse episódio. A própria Administração da vila Olímpica, na detecção de metais, quando passaram para ver... Aquilo foi também um momento para mostrar que eles não podiam estar dizendo a verdade. Quem é vítima de um assalto à mão armada, com metralhadora ou com qualquer arma apontada para o seu corpo, não vai estar alegre e feliz entrando na Vila Olímpica de madrugada. Quer dizer... Convenhamos.

    E a descrição também do próprio, digamos, "autor fictício" da tentativa de assalto também não fechava, ainda mais com a baderna que aconteceu num posto de combustível. Então, os frentistas do posto, e a pessoa que ajudou - nesse posto de gasolina do Rio de Janeiro - a fazer a tradução, como intérprete, porque os frentistas não sabiam falar inglês, todo o conjunto foi harmonioso. Ninguém agrediu, mas encaminharam tudo como deveria ser.

    Então, a imprensa internacional, os Estados Unidos, a imprensa norte-americana - que é muito zelosa pelos valores, pelo valor da verdade. Então, eu achei que faria melhor para o atleta americano que falou, que deu uma entrevista exclusiva na TV Globo, no Jornal Nacional, dizer o seguinte: "Eu menti e peço desculpas pela mentira. Primeiro à milha família, a mim mesmo, à minha consciência - pois eu não deveria ter mentido -, aos cidadãos americanos, que eu fui representar, ao povo brasileiro e à Olimpíada do Rio de Janeiro." Só isso. Quando explicamos uma coisa inexplicável, eu digo: é pior a emenda do que o soneto.

    Considerando todos esses fatores, no seu conjunto, e a beleza daquela festa, com as medalhas de ouro que os nossos atletas brasileiros, individual ou coletivamente, conquistaram, eu acho que foi um momento em que nós, de certa forma, demos uma respirada: "Sim, nós podemos; sim, nós podemos!" E, se nós pudemos fazer essa Olimpíada dessa forma, com esse êxito, nós temos que pensar em também superar os problemas da saúde, da educação, e tantos outros dos quais aqui falamos tantas vezes. E fazer isso com responsabilidade.

    A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - A senhora me permite um aparte?

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Com muito prazer, Senadora Gleisi Hoffmann, até porque há um atleta lá do Paraná - é o Zanetti que é paranaense? -, o Arthur Zanetti, que tanto brilhou nas argolas.

    A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Obrigada, Senadora Ana Amélia. Sei que não é usual da Mesa, mas eu queria me somar a V. Exª nesse reconhecimento da importância das Olimpíadas para o País. De fato, tivemos muitas críticas. Não tivemos críticas quando conquistamos a oportunidade de trazer as Olimpíadas.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Claro.

    A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Todo mundo comemorou muito, assim como na Copa, porque isso torna o Brasil visível internacionalmente, coloca-nos no cenário internacional dos grandes eventos. E é a primeira Olimpíada realizada na América do Sul. Então o Brasil tinha uma grande responsabilidade.

    Então, quero me somar a V. Exª também, para reconhecer a importância que teve o evento, o seu resultado. Embora nós tivéssemos o objetivo de ficar entre os dez primeiros medalhistas, ficamos em 13º, que foi uma boa colocação, com medalhas de ouro, prata, bronze, atletas reconhecidos...

    E eu queria me somar a isso, porque eu tive oportunidade... Quando eu cheguei na Casa Civil, Senadora Ana Amélia, em 2011, uma das encomendas da Presidenta foi sobre a Copa e sobre as Olimpíadas. E eu lembro bem de que ela disse o seguinte: "Nós vamos ter dois grandes eventos internacionais. O Brasil vai ser olhado pelo mundo. E nós temos que mostrar que sabemos receber e sabemos fazer evento."

    E um evento desses, para acontecer, leva anos para ser organizado. Nós estamos desde 2010, 2011, organizando as Olimpíadas. Eu fiquei muito feliz de ver que o resultado foi positivo. O Brasil mostrou que pode. Exatamente isto que V. Exª falou: que pode organizar um evento desses e que pode ter medalhistas, como teve.

    E quero aproveitar para fazer um pedido a V. Exª, que eu vou fazer a todos os nossos Senadores aqui: vamos nos unir e não deixar que esses programas de auxílio aos atletas acabem.

    O Bolsa-Atleta, que foi tão importante para que atletas que não tinham condições pudessem disputar e ganhar as medalhas, como foi na canoagem, foi importantíssimo. Depois, esse programa junto às Forças Armadas de colocar atletas de alto rendimento nas Forças Armadas para que tivessem condições de se desenvolver, e também o Plano Brasil Medalhas, que nós fizemos para as Olimpíadas de 2016, mas nós vamos ter as Olimpíadas de 2020, no Japão, e temos que nos preparar. E aí eu acho que temos que estar entre os dez, ou até entre os cinco, se nós continuarmos com esses programas. Então, isso vai ser muito importante.

    Eu fiquei meio preocupada com uma declaração do Governo de que, pelos cortes no Orçamento, esses programas deixariam de ser realizados. E, se esses programas deixarem de ser realizados, nós vamos tirar muitos atletas, pessoas que podem crescer muito no esporte brasileiro, conquistar medalhas para o Brasil, porque você não forma um atleta de um ano para outro, são vários anos que precisam de investimento, de formação, de acompanhamento.

    Eu queria pedir a V. Exª para que possamos unir as forças aqui e esses programas possam continuar.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Eu agradeço, Senadora Gleisi Hoffmann.

    Na sequência, eu queria mencionar exatamente esse programa tão valioso. Eu fiquei muito chocada com uma reação em alguns setores político-partidários de terem feito restrições aos atletas que, diante do Hino Nacional e da Bandeira Nacional, fizeram continência à bandeira e ao hino. Eles fizeram continência à nossa nacionalidade, à Nação brasileira, não a qualquer instituição. Então, a tentativa de desmerecer... Esse gesto feito pelos atletas que venceram e que ganharam medalhas tem que ser reconhecido. E até felizmente o Comitê Olímpico Internacional disse que esse é um gesto de reconhecimento e de respeito ao país, aos seus valores nacionais, à língua, à bandeira e ao próprio país. O hino é a representação máxima, tanto que ele é tocado a cada vitória de todas as delegações na medalha de ouro.

    Eu agradeço a V. Exª, eu acho que ali, com as Forças Armadas envolvidas, eles têm não só os ambientes para fazer o treinamento, mas também a bolsa e uma rigorosa disciplina. Esses atletas, alguns dos quais nos surpreenderam, como o menino que ganhou na canoagem... Ele era um menino que nós não tínhamos a ideia de que ele pudesse ser um campeão com três medalhas, duas de prata e uma de bronze. E não é só isso, mas também aquela derrota que ficou atravessada na garganta dos brasileiros para a Alemanha, de 7 x 1, quando a nossa seleção olímpica ganhou a nossa medalha de ouro tão desejada e tão esperada.

    Eu fico assim, de certa forma, imaginando que a televisão só mostra o gol do Neymar, só mostra o chute certeiro do Neymar, que é um grande atleta, mas não mostra o goleiro, o Weverton, que segurou aquela bola de um chute...

    A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - Do Atlético Paranaense, viu.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - ... de um pênalti cobrado pela Alemanha. Eu acho que o valor ali, os dois pesos são iguais, o de quem segurou aquele pênalti e o de quem fez o gol, no caso o Neymar e o Weverton. Então, essa igualdade de tratamento, até porque o Neymar é tão festejado, e aquele goleiro, se não me engano é do Acre... Se o Senador Jorge Viana estivesse aqui, estaria festejando essa atuação exemplar.

    A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - É do Acre, mas joga no Atlético Paranaense.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - Então, olha aí, Senadora, já me socorreu.

    Veja só, penso que com a valorização do esforço daqueles jovens, de toda a equipe, como no vôlei masculino, muitas alegrias nos foram dadas por esses atletas, pelo esforço que fizeram. A Flávia, aquela guriazinha de 16 anos, teve um desempenho... Ela estava em quinto lugar, com 16 anos, na primeira Olimpíada, e chegar em quinto lugar é uma grande vitória. E a forma como ela disse: “Eu ganhei a medalha, eu ganhei esse pódio de quinto lugar.” É essa forma...

    A SRª PRESIDENTE (Gleisi Hoffmann. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PR) - As meninas do futebol também jogaram muito bem.

    A SRª ANA AMÉLIA (Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PP - RS) - As meninas do futebol jogaram muito bem, mas é a disputa.

    Então, o importante é a disputa. E eu acho que foi tudo, no resumo geral, uma grande conquista, sobretudo para valorizar os atletas, as equipes, os Estados, as modalidades esportivas, o individual e o coletivo, em áreas que nós não éramos conhecidos também. E foi agora mostrado ao mundo que também somos capazes. E tantas outras aparecerão.

    Esse programa das Forças Armadas, estou com a senhora, vamos lutar aqui para que o Governo não o tire, economize com o cartão corporativo e mantenha o dinheiro para o bolsa-atleta. Acho que é isto o que nós temos que fazer: estabelecer prioridades. Então, eu queria dizer que, nesse aspecto, nós estamos juntos.

    Encerro lembrando que eu tive a honra de ser convidada pelo Ministério Público de Santa Catarina para conversar com os promotores de justiça, os procuradores de justiça catarinenses, no 34º Encontro Estadual do Ministério Público, e lá estava o jovem Procurador da República, Dr. Roberson Pozzobon, que integra a equipe do Juiz Sérgio Mora em Curitiba, a força-tarefa da Lava Jato; e também o Juiz Márcio Fontes, que é da equipe do Ministro Teori Zavascki. E ouvi ali as palavras dessas duas autoridades, não só como Senadora da República, mas como uma cidadã, e uma coisa chamou-me à atenção: a defesa bastante enfática de ambos em relação ao valioso instituto da colaboração premiada. E reconheço, Senadora Gleisi Hoffmann, que a colaboração premiada foi uma contribuição do governo de V. Exª. O nome correto é colaboração premiada. A conclusão dessas autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público é a de que, se não houvesse esse instituto - e há também outros exemplos no mundo -, não haveria a possibilidade de se chegar tão longe com a operação Lava Jato.

    Eu queria dizer que essa colaboração premiada é, sim, um instituto a ser preservado. Nós só teremos ideia do alcance dele, do instituto, do instrumento, do instituto legal da colaboração premiada, na fase final dos julgamentos, nas sentenças que serão exaradas pelo Poder Judiciário. Aí nós teremos a dimensão exata do valor e da relevância que tem para o País, que sofreu muito com essa questão da corrupção incrustada em setores muito importantes da nossa economia e do nosso País. É uma relação, que eu digo, não adequada nas relações entre o setor privado e o setor público, ou o setor político, o Poder Executivo e as empresas que estão participando deste processo. Todos os cuidados na preservação desse instituto são necessários e nós como Parlamentares que ajudamos a votar aqui esta proposta que veio do Executivo temos a responsabilidade de mantê-la. E, se fizermos alguma alteração, que seja para aperfeiçoá-la ainda mais e mantê-la como está. Mas não podemos jamais pensar na anulação, na fragilização, na mitigação do que a Lava Jato, do que a colaboração premiada permite.

    A colaboração premiada é voluntária. Quem vai colaborar o faz voluntariamente, pensando evidentemente no benefício que dará se der informações adequadas, na investigação, e com as quais, ao ajudar a investigação, vai se beneficiar, sim, ao final do julgamento, com a redução da pena ou com outra forma de julgamento nesse processo.

    Então, é nesse caminho que nós temos que ver a Operação Lava Jato e a relevância que tem a colaboração premiada. Nós vulgarmente chamamos de delação, mas fui lá induzida a não mais usar a palavra delação, que não é adequada. A palavra adequada é colaboração premiada. E esse processo tem sido extraordinariamente útil para que o Brasil seja, de fato, passado a limpo. Por fim, eu queria agradecer não só ao Ministério Público de Santa Catarina, mas a oportunidade que tive, sim, lá de conhecer.

    Senadora Gleisi, neste final de semana, eu estive em sete Municípios do nosso Estado - estava chovendo muito, no sábado -, é claro já na campanha eleitoral que nós estamos nos Municípios. Nessa campanha eleitoral, com a legislação nova que está em vigor, não haverá mais nenhum tostão de contribuição de empresas privadas - nenhum tostão. Será uma campanha pobre, uma campanha de gastos muito contidos.

    As redes sociais, na conversa com os eleitores, e o contato nos debates que a televisão ou a emissora de rádio fizer serão o momento oportuno para que o eleitor ou a eleitora possa fazer a melhor escolha do seu candidato, que tem de ter ficha limpa, que é outro instituto indispensável e criticado em alguns momentos. Mas temos que reconhecer que a Lei da Ficha Limpa também é relevante para a questão relacionada à escolha dos candidatos ficha limpa, que tenham compromisso, que não sejam apenas honestos, mas que sejam também muito competentes para usar bem o dinheiro público. Então, nessa campanha eleitoral, nos Municípios, nas capitais, nós vamos ter a vigência de uma nova lei que veio para moralizar o processo eleitoral brasileiro.

    Eu espero que, a cada eleição, nós tenhamos melhores condições de fazer eleições cada vez mais limpas, porque é isso que a sociedade quer. Foi por isto que a sociedade foi para as ruas: ela quer também eleições limpas.

    Eu lhe agradeço, Senadora Gleisi Hoffmann, pela oportunidade, pelo tempo que me deu, pois fui além da conta. Mas penso que esse balanço das nossas Olimpíadas merecia esse destaque.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/08/2016 - Página 21