Discurso durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa de maior redução da taxa de juros pelo Banco Central.

Autor
Ataídes Oliveira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: Ataídes de Oliveira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA:
  • Defesa de maior redução da taxa de juros pelo Banco Central.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2017 - Página 35
Assunto
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • DEFESA, REDUÇÃO, TAXA, JUROS, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), RESULTADO, BAIXA, INFLAÇÃO, MELHORIA, ECONOMIA NACIONAL.

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Presidente Simone Tebet. Vamos falar hoje sobre a taxa de juros no nosso Brasil.

    No Copom, do Banco Central, os técnicos estão reunidos hoje para decidir sobre a redução dessa taxa de juros, redução na taxa Selic.

    Eu tenho dito aqui, Srª Presidente – e, em agosto de 2013, eu vim a esta tribuna e disse –, que juros altos não significam inflação baixa. Atrevidamente, eu vim a esta tribuna em 2013 e disse que juros altos não significam inflação baixa. E usei aqui um exemplo muito prático na época: eu disse que juros altos é igual a dinheiro caro; dinheiro caro, menos consumo; menos consumo, menos produção; menos produção, menos produtos nas prateleiras; e menos produtos nas prateleiras é igual a inflação. Eu disse isto aqui em 2013: não basta aumentar a taxa de juros para conter a inflação. Evidentemente que juros altos contêm, sim, de certa forma, a inflação. E para provar que eu não estava em 2013, nesta tribuna, dizendo bobagem, eu trouxe aqui um quadro ilustrativo sobre o problema da inflação no nosso País e a taxa de juros. Vamos lá!

    Governo Sarney – vamos pegar do Governo Sarney para cá –, de 1985 a 1989: no pico dos juros altos ou no pico, melhor dizendo, da inflação no Governo Sarney, a taxa de juros chegou a 60.000% ao ano. E havia uma inflação, nessa mesma época, de 331%. Eu faço questão de repetir: no Governo Sarney, de 1985 a 1989, 60.000% era a taxa de juros anual – chegou a 60 mil – e a inflação 331%.

    Governo Collor, de 1990 a 1992: uma taxa de juros – não sei se os senhores se lembram – de 120%, de 120% ao ano, para uma inflação de 525% ao ano.

    Estou aqui fazendo esta leitura de juros versus inflação.

    Governo Itamar Franco: 13.000%, de 1992 a 1994, para uma inflação de 4.922%.

    Governo Fernando Henrique Cardoso também, de 1995 a 2002: no seu pico, nós tivemos uma taxa de juro de 46%, em média, para uma inflação de 631% em 12 meses.

    Governo Lula, o período do bom governo Lula, quando ele esparramava dinheiro no Brasil: nós tivemos uma inflação de 17% e uma taxa de juros em torno de 26%.

    Governo Dilma Rousseff, de 2010 a 2016: uma taxa de juro de 14,15% ou 14,25% melhor dizendo, para uma inflação de 10,71%.

    Ou seja – e aqui neste Plenário nós temos um consultor chefe que conhece muito dessa área econômica e ele sabe do que eu estou dizendo –, isso significa, Sr. Presidente, que nem sempre elevar taxa de juros irá conter a inflação; nem sempre. Inibe a inflação? Não tenha dúvida disso, porque vai inibir o consumo. Isso é óbvio. Eu usei aquele exemplo: juro alto, dinheiro caro; dinheiro caro, ninguém consome; se ninguém consome, ninguém produz; se ninguém produz, não há produto na prateleira; e, se não há produto na prateleira, gera inflação, porque aí o produto que está na prateleira vai custar mais caro.

    Pois bem. Agora, os grandes economistas do País abriram essa discussão – abriram essa discussão –, dizendo que essa taxa de juros, a longo prazo, gera inflação – gera inflação.

    Eu disse que a falta de mercadoria na prateleira gera infração. Isto é fato: oferta e procura, Sr. Presidente. Mas, agora, os doutores na economia... Eu não sou doutor – eu venho da contabilidade, do direito tributário e sou empresário há 30 anos –, mas eu percebo que, se faltar o produto na prateleira, evidentemente nós vamos gerar inflação. E, agora, então, esses grandes economistas que nós temos no Brasil – como André Lara Resende, Marcos Lisboa, o Eduardo Loyo, o José Júlio Senna, Luiz Belluzzo, Luciano Coutinho e o Yoshiaki Nakano, o nosso querido amigo Armínio Fraga e outros mais – chegaram à conclusão, Senador Capiberibe, que essa taxa de juro alta, a longa data, gera inflação. Está um debate tremendo nos meios de comunicação, especialmente no Valor Econômico. Só que eu disse isso, em outras palavras, no passado.

    Pois bem. Isso significa que, para o nosso País voltar a crescer, nós temos que ter dinheiro barato na mão do consumidor, à disposição do consumidor e à disposição do empresário. O consumidor, com esse dinheiro barato, vai consumir mais – isso é óbvio –, e o empresário, com esse dinheiro barato, vai, então, investir nos seus negócios.

    Eu espero que o Banco Central hoje – já que está reunido o Copom – seja um pouco mais audacioso e faça o corte nessa taxa Selic no percentual de que o País no momento precisa, de que o momento precisa.

    E eu tenho dito aqui que o Presidente Temer está lutando para fazer o seu dever de casa – e está fazendo, ele está derrubando essa taxa Selic. Mas nós precisamos de mais pressa; o Brasil tem pressa; não dá mais para esperar; há mais de 20 milhões de pessoas desempregadas neste Brasil.

    E, aqui, com todo o respeito, principalmente ao Presidente Ilan, por quem tenho a maior admiração, já cometeram duas falhas nesse corte da taxa Selic em janeiro e fevereiro – com toda vênia, evidentemente, e salvo melhor juízo.

    E mostro por que acho que cometeram falha em janeiro e fevereiro, por que cortou 0,25%, por que cortou mais 0,25% e o 0,75%, saindo dos 14,25% para os 12,25%. Eu explico: em janeiro, Senador Capiberibe, nós estávamos com inflação acumulada – em janeiro de 2017 – de 5,35% para uma taxa de juros de 13,50%. Aqui, em janeiro, o Banco Central tinha que ter cortado 0,50%, e não 0,25%.

    Então, ficou 0,25% em janeiro, e, ao meu ver, o Banco Central tinha que ter cortado 0,50%, e não 0,25%.

(Soa a campainha.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – Vamos para fevereiro de 2017: inflação acumulada de 4,76% para uma taxa de juros de 13% – de 13%. Aqui, poderia ter cortado 1% da taxa Selic? Poderia; não era pecado. Imaginem, senhores e senhoras, uma inflação de 4,76% nos últimos 12 meses com uma taxa de juros de 13%... Isso é inaceitável. E o Banco Central cortou tão somente 0,75%. Ou seja, mais 0,25%, no meu entendimento, ficou deficiente.

    E agora, hoje para amanhã, espero eu que o Banco Central venha a fazer essa correção nessa derrubada dessa taxa de juros.

(Interrupção do som.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – Eu espero que o Banco Central seja mais audacioso, menos medroso.

    A inflação acumulada nesses 12 últimos meses – estou me referindo ao mês de março – está 4,57%. Veja isto: 4,57% é a inflação dos últimos 12 meses, agora, no mês de março – incluindo-se o mês de março.

    Ou seja, Sr. Presidente, Senador Cássio Cunha Lima, o Banco Central precisa cortar 2% nessa taxa Selic. Eu sei que um Senador aqui falando em cortar 2% na taxa Selic assusta meio mundo, mas é a realidade. O Brasil tem pressa.

    Volto a repetir, deveria ter cortado 0,50% em janeiro, e não cortou – cortou 0,25, ficou devendo 0,25 –; em fevereiro, poderia ter cortado...

(Interrupção do som.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – ... 1%, e cortou 0,75% – está devendo mais 0,50% (Fora do microfone.).

    Portanto, Sr. Presidente, vejo que o Banco Central tinha que caminhar para 1,1% no corte da Selic, mais esse 0,5%, que ficou devendo de corte, segundo o meu entendimento, em janeiro e fevereiro.

    Volto a repetir: espero que o Banco Central venha a cortar pelo menos – pelo menos – 1,5% da nossa taxa Selic. Aí, sim, o Brasil começa a caminhar a passos mais longos; o brasileiro vai ter um dinheiro mais barato para poder consumir – repito –; as empresas vão ter dinheiro mais barato para poder investir; e vai haver mais mercadorias nas prateleiras, e vamos gerar emprego e renda para o nosso povo.

    Sr. Presidente, era isso que eu tinha para falar nesta terça-feira.

(Soa a campainha.)

    O SR. ATAÍDES OLIVEIRA (Bloco Social Democrata/PSDB - TO) – Espero que o Banco Central realmente seja um pouco mais audacioso e corte um pouco mais o percentual dessa taxa de juros.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2017 - Página 35