Pela Liderança durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do centenário de nascimento de Celso Ferreira da Cunha, professor, filólogo, ensaísta e membro da Academia Brasileira de Letras, que nasceu em Teófilo Otoni, MG, em 10 de maio de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de abril de 1989.

Autor
Aécio Neves (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Aécio Neves da Cunha
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Comemoração do centenário de nascimento de Celso Ferreira da Cunha, professor, filólogo, ensaísta e membro da Academia Brasileira de Letras, que nasceu em Teófilo Otoni, MG, em 10 de maio de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de abril de 1989.
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2017 - Página 40
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, CENTENARIO, NASCIMENTO, PROFESSOR, COMPONENTE, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), AUTOR, LIVRO, LINGUA PORTUGUESA, REVISOR, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, SECRETARIO GERAL, EDUCAÇÃO, ESTADO DA GUANABARA (GB), PARENTE, ORADOR, ELOGIO, PERSONAGEM ILUSTRE, NATURALIDADE, TEOFILO OTONI (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), MORTE, RIO DE JANEIRO (RJ), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

    O SR. AÉCIO NEVES (Bloco Social Democrata/PSDB - MG. Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores que nos acompanham pela Rádio Senado e pela TV Senado, começo este meu breve pronunciamento, dizendo que, numa época, Líder Paulo Bauer, de tantas dificuldades, de tantas dissenções, é bom poder celebrar – e é o que faço hoje, desta tribuna, com enorme orgulho – a memória de um ilustríssimo brasileiro que foi Celso Ferreira da Cunha.

    Mais do que laços de família, as palavras nos unem. Palavras que ele imortalizou como filólogo, ensaísta, professor e, por fim, imortal da Academia Brasileira de Letras. Ali, até sua morte, em abril de 1989, Celso Cunha ocupou a cadeira de número 35, de José Honório Rodrigues, cujo Patrono havia sido Tavares Bastos – segundo o próprio Celso –, "sempre sob a égide do liberalismo político", conforme registrou em seu discurso de posse, em dezembro de 1987, que eu tive a honra de acompanhar. Palavras que marcaram, e ainda marcam, a vida da nossa família na política, começando por meu pai, Aécio Cunha, irmão de Celso, numa tradição, que tenho a honra de continuar, de homens públicos de bem.

    Celso descende, Sr. Presidente, de professores: Tristão da Cunha, meu avô, e Benjamin, meu bisavô. E precede nova linhagem deles, como sua filha Cilene, que homenageio e através de quem também cumprimento todas as outras filhas e a família de Celso Cunha no centenário de seu nascimento.

    Seu amor à Língua Portuguesa, à cultura e aos livros está expresso em sua extensa obra, em particular em sua Nova Gramática do Português Contemporâneo – quantos de nós, Senador Moka, não estudamos na gramática do português contemporâneo de Celso Cunha e ali aprendemos a conviver de forma mais profunda com a nossa desafiadora Língua Portuguesa? –, em sua colaboração, ainda nos anos iniciais de sua trajetória profissional, no Dicionário da Língua Portuguesa, de Antenor Nascentes, e em sua passagem à frente da Biblioteca Nacional, que dirigiu durante vários anos no Rio de Janeiro.

    Hoje, nesta sessão, celebramos, portanto, a memória e o legado de um brasileiro e a força das palavras. Sem elas não se muda o mundo, não se faz história e, muito menos, a boa política.

    Celso teve a dádiva de unir política à sua atividade intelectual: a convite da Assembleia Nacional Constituinte – a convite de Ulysses Guimarães –, foi revisor do texto da nossa Constituição de 1988. E aqueles que lá estiveram, como eu estive, se lembrarão muito daquela figura esguia, serena, sensata e muito cordial que nos corrigia, a todo momento, os erros gramaticais que, no afã de construir uma Constituição mais próxima do anseio da sociedade brasileira, volta e meia cometíamos.

    Nossa Lei Magna, portanto a nossa Constituição, carrega seu saber, seu traço e a sua enorme capacidade de conciliar pessoas.

    Também foi Secretário-Geral de Educação e Cultura do governo provisório do então Estado da Guanabara, em 1960.

    Nesta data, portanto, em que se comemoram os cem anos de nascimento de Celso Cunha, devo convidá-los a uma rápida reflexão sobre o Brasil.

    É hora de homens e mulheres que querem construir um futuro melhor para a nossa gente se entenderem, para mudar o destino do nosso País. É hora de menos ódio, mais conciliação.

    Vivemos um período de intensas dificuldades, resultado da insistência em escolhas erradas, do desrespeito ao bem público, da corrosão de valores que sempre marcaram o caráter dos cidadãos brasileiros.

    É hora de dar um basta a tudo isso!

    O Brasil não pode, não merece mais perder tempo.

    Não podemos continuar sendo o País do futuro que jamais chega.

    Não podemos mais permitir que se continue a repetir aquilo que Celso Cunha vislumbrava no dia em que, 30 anos atrás, tomou posse na Academia Brasileira de Letras, e eu aqui ora rememoro e para ele abro aspas: "Pertencemos a uma geração que acreditou ver auroras de mundos novos, cujos remanescentes não raro ainda se agitam por viver à miragem de ideais inatingidos."

    Vamos mudar a história. Esse sempre foi e tem que continuar a ser o grande desafio de cada um dos brasileiros, em especial daqueles que os representam aqui nesta Casa e na nossa Casa irmã, a Câmara dos Deputados.

    No exato dia em que se comemora o centenário de nascimento desse ilustre mineiro de Teófilo Otoni, carioca de toda uma vida, mas, sobretudo, cidadão do mundo, professor em Lisboa, Paris e Colônia, eu conclamo a capacidade e a iniciativa daqueles que buscam, por meio das palavras, das ideias e das convicções, mudar para melhor a nossa realidade.

    Façamos, portanto, das palavras, tão bem cuidadas por ele, tão criteriosamente tratadas em sua obra, em seus livros, em sua gramática, nosso instrumento de mudança.

    Nossa arma é e deve ser sempre, unicamente, o convencimento pacífico, democrático e, sobretudo, civilizado.

    Venho aqui hoje, portanto, comungar com as Srªs e Srs. Senadores e com as senhoras e senhores que nos acompanham o meu sentimento de enorme esperança em relação ao nosso futuro, ao futuro do Brasil.

    Se vivemos um presente ainda de incertezas, de decepções e de desalentos, temos a convicção de que encontramos um caminho e vamos percorrê-lo sem desvios, com a coragem que jamais faltou aos homens públicos de bem deste País, nos momentos das maiores crises.

    Estou convencido, portanto, que já iniciamos a caminhada rumo a um novo Brasil, e ele, pouco a pouco, começa a despontar, seja nos seus indicadores econômicos, ou seja, também, nos valores e princípios que, a cada dia mais, temos o dever de resgatar.

    Temos que fazer do Brasil cada vez mais um País íntegro, justo e ético. Eficaz no atendimento, sobretudo, aos que mais precisam, aos mais pobres. Só assim seremos uma Nação próspera, com a qual sonhou a geração de Celso Cunha e ainda sonhamos todos nós.

    É esse, Sr. Presidente, o Brasil novo que temos o dever de buscar construir, a cada dia da nossa atividade.

    Portanto, agradecendo a atenção de todos, quero dizer, ao final, que a inspiração do brasileiro Celso Ferreira da Cunha nos impulsione a perseverar na batalha que, juntos, haveremos de vencer, com a força das ideias, a convicção de nossas crenças e a capacidade transformadora das palavras, sempre pelo Brasil.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2017 - Página 40