Discurso durante a 19ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem Póstuma ao empresário Raul Anselmo Randon, nascido em Tangará estado de Santa Catarina.

Comentário acerca da seca que assola vários municípios do estado do Rio Grande do Sul.

Registro sobre decisão do Governo Federal de aumentar o parcelamento de débitos tributários do Refis.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Homenagem Póstuma ao empresário Raul Anselmo Randon, nascido em Tangará estado de Santa Catarina.
CALAMIDADE:
  • Comentário acerca da seca que assola vários municípios do estado do Rio Grande do Sul.
ECONOMIA:
  • Registro sobre decisão do Governo Federal de aumentar o parcelamento de débitos tributários do Refis.
Publicação
Publicação no DSF de 06/03/2018 - Página 67
Assuntos
Outros > HOMENAGEM
Outros > CALAMIDADE
Outros > ECONOMIA
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EMPRESARIO, NASCIMENTO, MUNICIPIO, TANGARA (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ATUAÇÃO, EMPRESA, CIDADE, CAXIAS DO SUL (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • COMENTARIO, ASSUNTO, SECA, AUSENCIA, CHUVA, LOCAL, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), NECESSIDADE, AUXILIO, PODER PUBLICO, MOTIVO, PERDA, AGRICULTURA.
  • REGISTRO, INFORMAÇÃO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, ASSUNTO, AUMENTO, PARCELAMENTO, DIVIDA, PROGRAMA DE RECUPERAÇÃO FISCAL (REFIS).

  SENADO FEDERAL SF -

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COORDENAÇÃO DE REDAÇÃO E MONTAGEM - COREM

05/03/2018


    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar o falecimento na noite do último sábado, 3 de março de 2018, do empresário RAUL ANSELMO RANDON. Ele estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

    Meus sentimentos aos familiares e amigos de Raul Randon, aos funcionários de suas em empresas, e em especial do povo de Caxias do Sul, minha cidade natal, e cidade onde ele iniciou sua grande carreira profissional.

    Raul Randon foi um dos maiores empreendedores que eu conheci. Um visionário do mundo do trabalho que acreditava no desenvolvimento econômico e social. Um grande brasileiro!

    Determinação e persistência sempre guiaram a vida de Raul Anselmo Randon.

    Essas características, aliadas ao planejamento e ao trabalho de equipe, transformaram a pequena ferraria fundada em 1949 por ele e seu irmão Hercílio no conglomerado integrado por nove empresas fornecedoras de soluções em transporte, presentes em todos os continentes e líderes no mercado nacional em seus segmentos.

    Raul costumava afirmar: “Fomos ousados em vislumbrar e sonhar o futuro; fomos prudentes nos investimentos e avanços tecnológicos; fomos fortes nos momentos de crise, na adversidade. Por acreditarmos no Brasil, sempre projetamos produtos afinados com o progresso, apostando no desenvolvimento nacional”.

    A história de quase 70 anos das Empresas RANDON confunde-se com a trajetória pessoal e profissional de um de seus fundadores e também dos trabalhadores de Caxias do Sul e da Serra Gaúcha.

    Descendente da segunda geração de imigrantes italianos fixados no Rio Grande do Sul, Raul nasceu em Tangará, SC, no dia 06 de agosto de 1929.

    Filho de Abramo e Elisabetha Randon, Raul recebeu de seus pais uma educação muito rígida voltada para o trabalho.

    Autodidata, bem sucedido, adquiriu conhecimentos através de cursos rápidos, palestras, seminários e na vida, aprofundando seus conhecimentos nas áreas administrativas, financeiras, de custos, vendas, produção e, posteriormente, agricultura, fruticultura e pecuária.

    Aos 14 anos, foi trabalhar na ferraria de seu pai, aí permanecendo até os 18 anos, quando, em 1948, foi prestar o serviço militar obrigatório, até janeiro de 1949.

    No retorno do exército, associou-se ao irmão Hercílio Randon em sua pequena oficina de reforma de motores.

    Foi aí que tudo começou. Em 1956, aos 26 anos, Raul casou-se com Nilva Therezinha Randon, com quem teve cinco filhos: David, Roseli, Alexandre, Maurien e Daniel.

    Deles vieram os netos: Audrey, Isabelle, Arthur, Victor, Isadora, Marina, Raul Alberto, Laura, Maria Eduarda e Marco Antonio e a bisneta Maria Vitória. Nilva foi a sua fiel companheira até os dias atuais.

    O pequeno negócio na área metalmecânica, iniciado em 1949 pelos irmãos Raul e Hercílio Randon projetou-se como um dos mais importantes conglomerados da indústria automotiva da América do Sul.

    O grupo empresarial Randon está integrado pelas empresas controladas, além de filiais e escritórios em todos os continentes.

    A característica gerencial de Raul Anselmo Randon foi sempre a de cercar-se de profissionais competentes, tecnicamente bem preparados nas diversas áreas do conhecimento, dando-lhes autonomia operacional e compartilhando com eles os benefícios do sucesso moral, social e financeiro.

    Milhares de trabalhadores “ganharam’ a vida, construíram suas carreiras profissionais, e sustentaram suas famílias, através dos milhares de empregos gerados pelas empresas de Raul Randon. Lá, em Caxias do Sul, é motivo de orgulho para um jovem trabalhar nas empresas do grupo Randon.

    Tenho boas lembranças desse grande homem.

    Além disso tudo, quero registrar uma passagem muito interessante da minha vida em que esteve presente a figura da família Randon.

    Meu pai, Inácio e minha mãe Itália, natural dos Campos de Cima da Serra, para se casarem, tiveram que partir a cavalo, pois seus pais eram contra a união.

    Eles vieram até Caxias do Sul, mais especificamente na região de Mato Perso, terras das Famílias Guerra e Randon.

    Depois, meu pai trabalhou como vigilante durantes anos nas empresas do grupo, e eu ainda jovem cresci lá entre as máquinas e os funcionários. Portanto, acompanhei de perto os primórdios do grupo empresarial.

    Um homem de hábitos simples.

    O sucesso empresarial, a prosperidade e solidez dos negócios não mudaram a forma simples com que Raul Randon sempre se relacionou com todos, dentro e fora da empresa.

    Foi, sobretudo, um homem simples, que construiu sua vida através do trabalho duro. Um homem dedicado à família e à comunidade. Herdou dos pais o valor de que o trabalho dignifica o homem, produz riquezas e, consequentemente, propicia uma vida melhor.

    Perfil corporativo - Em seu conjunto, as Empresas Randon produzem um dos mais amplos portfólios de produtos do segmento de veículos comerciais, correlacionados com o transporte de cargas, seja rodoviário, ferroviário, ou fora-de-estrada dentre as empresas congêneres no mundo.

    A Randon Consórcios comercializa e administra grupos de consórcios como forma de prover financiamento aos clientes de produtos finais, enquanto o Banco Randon atua como suporte das vendas, com financiamento direcionado a clientes e fornecedores das Empresas Randon.

    RAR/RASIP - Em Vacaria, movido por sua característica empreendedora e por sua paixão pela agricultura, criou a RAR Rasip.

    Para Raul Randon, a terra devolve em alimentos toda a dedicação e o cuidado recebidos.

    A RAR/Rasip teve origem na fruticultura, com o cultivo da maçã, na década de 70. Hoje, é a terceira maior produtora da fruta no Brasil.

    Nos anos 90, Raul Randon montou a primeira fábrica de queijo Tipo Grana da América Latina, lançando a marca Gran Formaggio e produzindo o queijo, de receita milenar.

    Entidades de classe

    Raul marcou presença em inúmeras atividades associativas empresariais e comunitárias.

    Recebeu mais de 150 homenagens, destacando-se entre elas Comendador da Cruz de Mérito Cultural, Mérito Industrial conferido pela FIERGS, Troféu Homem do Aço 1977, conferido pela Associação do Aço do Rio Grande do Sul, Comenda Mauá, conferida pelo então governador do Estado do Rio Grande do Sul, Jair Soares, homenagem da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR), da qual foi idealizador, fundador, primeiro Presidente e Presidente de Honra, título Cidadão Caxiense, conferido pela Câmara Municipal de Vereadores de Caxias do Sul, outorga da Medalha do Mérito Mauá, categoria Cruz Mauá, concedida pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, Medalha do Conhecimento, instituída pelo Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior, como apoio da CNI e do SEBRAE, homenagem do Presidente da Itália, com a Ordem do Mérito da República Italiana, no grau Comendador. Também recebeu o Prêmio ADVB “Personalidade Empresarial 2009”.

    Em 2017, recebeu na Itália o título de Doutor da Universidade de Pádua, uma laurea - Doutor Honorem em Ingegneria Gestionale - atribuída ao primeiro empreendedor brasileiro pela sua dedicação no âmbito social.

    Ao longo de sua história, a Universidade apontou apenas outro brasileiro, o escritor Jorge Amado, em 1996.

    E nas últimas edições laureou o diretor de cinema Steven Spielberg e Malala Yousafzai, Prêmio Nobel da Paz.

    Sr. Presidente, no Brasil, a empresa está presente no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo.

    Fora do Brasil, a companhia está presente, por meio da Fras-le, na China (Pinghu) e nos Estados Unidos (Alabama).

    E, em Santa Fé, com a Randon Argentina. Em março de 2018, no dia 15, será inaugurada a Randon Peru, em Lima. Também atua através de associações e parcerias em vários outros países.

    Em 2016, A Randon Implementos alcançou a marca histórica do produto de número 400 mil.

    Principal exportador brasileiro de implementos rodoviários, a Randon é responsável por cerca de 70% das unidades exportadas no Brasil.

    Um empreendedor com visão social.

    Raul Randon através de suas empresas foi um empresário com visão social integrado a sua comunidade.

    O Programa Florescer, em Caxias do Sul e outras cidades brasileiras está em atividade há 15 anos atendendo crianças e adolescentes dos 6 aos 15 anos de idade. Desde sua implantação, já foram atendidos mais de 1500 jovens.

    O programa Qualificar, em parceria com o SENAI, oferece cursos no segmento metalomecânico, como o de Aprendizagem Industrial Básica de Operador de Processos de Fabricação de Autopeças, Veículos e Implementos Rodoviários e Ferroviários e de Mecânico de Manutenção de Máquinas Industriais. Já foram atendidos mais de 750 jovens de 16 aos 18 anos.

    Neste momento tão difícil da vida política e econômica brasileira, espero que Raul

    Randon sirva como exemplo para milhares de empresários como exemplo de amor ao seus país e a eu povo.

    Raul Randon não deixou um patrimônio, deixou um legado! Foi um exemplo de empresário e cidadão brasileiro.

    Por isso, Sr. Presidente, estou apresentando Voto de Pesar pelo falecimento de Raul Randon.

    Era o que tinha a dizer.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a falta de chuva no Rio Grande do Sul levou 27 cidades a decretarem emergência. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), os prejuízos com a estiagem ultrapassam R$ 1 bilhão.

    A regiões Sul e Campanha são as mais atingidas e a Defesa Civil do estado confirmou que esta é uma das piores secas dos últimos tempos. É muita triste ver os agricultores perdendo suas lavouras.

    Na rainha da Fronteira, Bagé, na região da Campanha, o nível dos reservatórios que abastecem os moradores é o pior dos últimos cinco anos.

    A prefeitura decretou racionamento de água, e a cidade foi dividida em dois setores: metade é abastecida por 12 horas, enquanto a outra fica sem água, e assim consecutivamente.

    Em Hulha Negra, os moradores também sofrem com a falta de água. As famílias que dependem da produção das lavouras perderam tudo.

    É urgente a aplicação de medidas para amenizar toda essa situação. Confiamos no Poder Público para abertura de poços artesianos, de açudes, construções de cisternas, aquisição de reservatórios, entre outras.

    O Guaíba, em Porto Alegre, também está com o seu nível precário. Portanto, os problemas não são somente no interior. Muita atenção nesta hora.

    Era o que tinha a dizer.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero registrar aqui informação divulgada pela imprensa nacional que o perdão concedido pelo governo federal no último parcelamento de débitos tributários, o Refis, deve chegar a R$ 62 bilhões - quase o dobro do valor calculado inicialmente pela Receita Federal.

    A estimativa oficial foi atualizada porque a versão final do programa, com regras mais generosas, acabou incentivando uma adesão maior que a esperada.

    Sr. Presidente, enquanto as dívidas dos tubarões são perdoadas, os trabalhadores continuam sofrendo com a crise estabelecida pelo país afora: desemprego, saúde precária, falta de segurança, escolas fechando, reformas trabalhista e da Previdência.

    Era o que tinha a dizer.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje à noite, no Clube Farrapos, em Porto Alegre, vai ocorrer um ato político dos policiais gaúchos, organizado pelo Ideal Coletivo - representação Política dos Policiais.

    Eu recebi convite para estar lá e falar sobre conjuntura nacional e regional. Infelizmente por questões de agenda não foi possível confirmar minha presença.

    Quero parabeniza-los pela formação do grupo Ideal Coletivo que visa efetivar o debate sobre as policias e o contexto da categoria no plano eleitoral e político.

    Eles são em torno de 200 mil cidadãos, entre policiais da ativa, da reserva e familiares.

    Merecem ser tratados com muito respeito. Se a causa é justa, eu apoio. Podem contar comigo.

    Apenas cito o nome dos coordenadores: Gilson Noroefé - Coordenador geral da APró PM; Leonel Lucas Lima - Presidente da ABAMF / ANERMB; Aparício Costa Santellano - Presidente da ASSTBM; e Daniel Lopes Oliveira - Diretor Presidente do IBCM.

    Era o que tinha a dizer.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na sexta-feira passada, dia 2 de março, eu recebi aqui no Cafezinho do Senado, uma comitiva do Núcleo de Coordenação do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre.

    Eles fizeram um longo relato do que está acontecendo na capital gaúcha. A Secretaria Municipal de Saúde não deu posse ao novo núcleo de coordenação. Isso, segundo eles, se caracteriza como, abre aspas “intervenção autoritária”, fecha aspas.

    Mesmo com o acesso proibido ao auditório do prédio da Secretaria Municipal de Saúde, normalmente usado para as reuniões do CMS, os membros realizaram mesmo assim a posse do lado de fora da sede. Um enorme absurdo.

    A proibição do acesso é resultado de circular emitida pela Secretária de Saúde, tentando proibir a posse dos novos conselheiros eleitos no dia 22 de fevereiro e o uso do espaço público pelos mesmos. A secretaria já havia tentado anular o pleito.

    Conforme os conselheiros, “na história de 25 anos do nosso conselho, nunca tínhamos vivenciado uma situação como esta. É fundamental ressaltar a importância da democracia e do controle social para a saúde pública. O SUS só existe na democracia”.

    O Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre teve importantes participações nas conquistas do SUS como a mobilização que resultou na criação do Pronto Atendimento da Vila Cruzeiro; a luta contra a entrega do Hospital Conceição e do Presidente Vargas às organizações sociais durante o final dos anos 90 e a tentativa de privatização dos hospitais Álvaro Alvim e Independência.

    Sr. Presidente, deixo aqui a minha total solidariedade aos integrantes do Conselho Municipal de Saúde de Porto Alegre.

    Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/03/2018 - Página 67