Discurso durante a 13ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Sessão solene destinada a comemorar os 30 anos do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União - Sindilegis.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão solene destinada a comemorar os 30 anos do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União - Sindilegis.
Publicação
Publicação no DCN de 18/10/2018 - Página 30
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO SOLENE, CONGRESSO NACIONAL, OBJETIVO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SINDICATO, REPRESENTAÇÃO, SERVIDOR PUBLICO CIVIL, LEGISLATIVO, SENADO, CAMARA DOS DEPUTADOS, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU).

    O SR. PAULO PAIM (PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde a todos e a todas.

    Quero falar da nossa satisfação de estar aqui com vocês. Não cheguei antes porque estava presidindo a Comissão de Direitos Humanos, que fazia um debate sobre as faculdades e universidades comunitárias.

    Nesta sessão de homenagem aos 30 anos do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União, quero cumprimentar primeiro o Senador Hélio José.

    O Senador Hélio José, podem crer, tem sido um grande Senador. Ele optou por ser candidato a Deputado Federal, mas, infelizmente, não se elegeu. Eu acompanhei o Senador, que aqui, nesses 4 anos, foi autor de diversas leis. Ele foi Relator da CPI da Previdência, e aquele relatório -- vocês, servidores que estão na Casa, acompanharam e viram -- foi fundamental para que a reforma da Previdência não fosse aprovada.

    Como quero ser rápido, eu homenagearia o Senador Hélio José com uma salva de palmas pelo seu trabalho que um dia a história há de mostrar. Quando isso acontecer, V.Exa., Senador, voltará, pela opção que fizer na vida política. (Palmas.)

    Cumprimento, de forma muito rápida, a Deputada Federal Erika Kokay, que se reelegeu e que em seu pronunciamento mostrou qual é o seu compromisso com a democracia, com a liberdade e com a justiça.

    Cumprimento o Presidente do Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União, o meu querido amigo do SINDILEGIS Petrus Elesbão, que foi um daqueles que esteve lá no Rio Grande do Sul. Muitos lá estiveram, mas a você, que está aqui na Mesa neste momento, eu quero dar destaque, pela manifestação de apoio ao nosso mandato. Simplifico a homenagem ao Presidente do SINDILEGIS também com uma salva de palmas. (Palmas.)

    É claro que eu vi diversos amigos no plenário, mas se eu for citar um por um, tanto as mulheres quanto os homens, vocês não almoçam hoje. Eu não vou citar todos os nomes, mas quero que a Mesa toda se sinta contemplada.

    Eu só quero dizer para vocês que cheguei ao Congresso há 32 anos. Eu fui Deputado Federal Constituinte e de lá para cá nunca saí do Congresso. Eu estou aqui por todo esse período. Assumi quatro mandatos como Deputado Federal, e este é o terceiro como Senador. E sempre estive ao lado dos servidores públicos da União, do Estado ou mesmo dos Municípios. Sempre fomos parceiros nessa longa caminhada da vida.

    Quero dizer a todos que o papel de vocês é fundamental. Se não fossem os servidores públicos, quem atenderia ao público? O que me deixa mais triste neste dia de homenagem a vocês é a aprovação daquela terceirização que vai permitir que o amigo do rei, o Presidente de plantão ou Governador de plantão ou o Prefeito de plantão demita os trabalhadores e contrate os seus cabos eleitorais por meio do emprego terceirizado. Isso é triste! Qual é a qualidade que nós vamos dar ao povo brasileiro, se caminharmos por esse processo?

    Eu viajei o Brasil todo. Fui aos 27 Estados. Não deixei que o projeto da terceirização fosse aprovado, porque sabia que era isso que eles iam fazer com os senhores e com o Brasil. Eles desarquivaram um projeto sobre a terceirização quando eu não estava aqui ainda -- se não me engano, era da época de Fernando Henrique --, lá atrás aprovado, e acabaram aprovando-o na Câmara. Aqui no Senado, eu não deixei que fosse aprovado. Nós não deixamos que fosse aprovado. É uma maldade enorme contra o povo brasileiro. Preparem-se, que nós vamos passar momentos muito difíceis. Mas eu estou fiel à minha coerência, à minha vida, à minha história e à minha responsabilidade com vocês e com o povo brasileiro.

    Agora vou falar sobre quando eu me tornei Parlamentar pela primeira vez. No congresso de trabalhadores no Rio Grande do Sul, queriam escolher alguém para ser constituinte. Por unanimidade, saiu o meu nome. Eu era metalúrgico -- e sou metalúrgico de origem. Perguntaram se eu ia defender, de fato, o metalúrgico. Eu disse: "Não. Eu vou defender o povo gaúcho. Eu vou defender o povo brasileiro". E disse a seguinte frase: "A minha vida no Parlamento vai ser em defesa dos trabalhadores da área pública, da área privada, do campo e da cidade, dos aposentados e pensionistas e de todos os discriminados". E assim é a minha atuação neste Parlamento.

    Já passaram as eleições. Ficarei aqui, se Deus quiser, mais 8 anos. Mas posso me dirigir a vocês das galerias, como a vocês do plenário: vocês sempre terão no Senador Paulo Paim um defensor de todo o povo brasileiro. Não aceito nenhum tipo de discriminação: das mulheres; dos negros; dos índios; de pessoas em razão da sua orientação sexual, da sua religião, da sua opção partidária. Eu entendo que nós temos que ter um País onde o projeto de nação seja para todos: para o pobre, para o rico, para as pessoas da classe média, para os empresários, para os trabalhadores, para todos os segmentos da sociedade.

    Dá-me a impressão -- permitam-me que eu diga isso -- que neste País não se fala mais em paz, não se fala mais em harmonia, não se fala mais em políticas humanitárias, não se fala mais em respeito de um com o outro. Inclusive deve-se respeitar os que pensam diferente, porque assim é a democracia.

    Nós passaremos momentos difíceis, com certeza, mas saibam que, aconteça o que acontecer, eu sou daqueles homens -- e há mulheres que têm o mesmo ponto de vista -- que dizem que ao longo de sua vida farão sempre o bom combate em defesa de todo o povo brasileiro.

    Destaco, neste momento, nesta homenagem, vocês, servidores públicos. Farei sempre o bom combate. Vencido ou vencedor, guardarei as armas e ficarei com a fé: a fé de quem cumpriu o seu dever, a fé de quem olha para vocês, agora que já passaram as eleições, e não mudou o discurso. Ganhe quem ganhar as eleições, eu estarei do lado de vocês, eu estarei do lado do povo brasileiro. (Palmas.)

    Não mudarei uma vírgula, como nunca mudei! Serei o mesmo. Mas estou preocupado com tudo o que pode acontecer.

    Aprendi a respeitar a democracia. Eu tenho 68 anos. Eu atravessei a ditadura militar com 14 anos. Com 16 anos, fui afastado do colégio, porque presidi o Ginásio Noturno para Trabalhadores. Com 17 anos, tive que ir para outro colégio. Fui afastado também, porque eu presidi outro Ginásio Noturno para Trabalhadores chamado Santa Catarina.

    Nós estamos vivendo momentos muito difíceis. É preciso muita reflexão. Eu não quero aqui pregar a política de que quem não pensa como eu não pode ser tratado da mesma maneira do que quem pensa. Eu tenho que respeitar todos. Nem todos pensam igualmente.

    Na campanha, Senador Hélio, eu vi o silêncio nas fábricas, eu vi o silêncio nos campus, eu vi o silêncio nas construções, eu vi o silêncio nas universidades, eu vi o silêncio nos colégios. De fato, percebi que havia ali um recado que a população está dando. Nós vamos atravessar agora um debate. Nós vamos atravessar uma disputa eleitoral. Todos sabem quem é o meu candidato, porque eu não escondo. Meu candidato é o Haddad. Agora, é indiscutível que nós todos temos que nos preparar, porque este País vai ficar dividido. Eu queria muito, muito, que nós não saíssemos divididos, que saíssemos caminhando todos juntos. Como Martin Luther King, eu também sonho com um país onde homens e mulheres, negros, brancos e índios, independentemente da classe social, se sentassem à mesma mesa, dessem as mãos, comessem do mesmo pão e caminhassem juntos olhando para toda a humanidade.

    Sabemos que agora se aproxima um momento crucial para as nossas vidas e para as vidas das gerações futuras. Depende de cada um votar com muita consciência no dia 28. Podem saber que esta é a fala de um homem de quase 70 anos, que foi reeleito agora -- reeleito! Então, não é um discurso para que se vote em mim.

    A vida me ensinou. Não existe no mundo sistema melhor do que a democracia. Olhem o mundo! Olhem o mundo! Há algum sistema no mundo todo melhor do que a democracia? Reflitam os senhores, reflitam os que estão em casa neste momento. Todos vão dizer que não há. Podem pegar países do Primeiro Mundo ou do Terceiro Mundo. Existe algum país onde há democracia plena e que não se garanta melhor qualidade de vida, dignidade, o direito a todos de viver, falar, caminhar, dar a sua opinião, discutir? Se não fosse uma democracia, nós não estaríamos aqui. Repito: se não fosse a democracia, nós não estaríamos aqui! Eu não estaria na tribuna falando o que eu estou falando, como todos falaram aqui o que quiseram. Ninguém disse: "Fale isso, fale aquilo". Isto é a democracia: liberdade de opinião, de expressão, de olhar para o futuro e sonhar com uma vida melhor para todos. Nenhum país do mundo em que o sistema ditatorial foi instalado deu certo. Não deu certo e não dará.

    Concluindo, vida longa aos servidores públicos de todas as esferas, do Município, do Estado e da União! Vida longa à democracia! Com a democracia, tudo! Sem a democracia, nada!

    Um abraço a todos vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 18/10/2018 - Página 30