Discurso durante a 39ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a homenagear as Corporações dos Corpos de Bombeiros Militares que atuaram no resgate das vítimas do rompimento da Barragem em Brumadinho, Minas Gerais.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a homenagear as Corporações dos Corpos de Bombeiros Militares que atuaram no resgate das vítimas do rompimento da Barragem em Brumadinho, Minas Gerais.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2019 - Página 48
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CORPORAÇÃO MILITAR, CORPO DE BOMBEIROS, MOTIVO, ATUAÇÃO, RESGATE, GRUPO, VITIMA, ROMPIMENTO, BARRAGEM, LOCAL, BRUMADINHO (MG).

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Primeiro, cumprimento a Mesa. Quero cumprimentar, embora ele já tenha saído, o Senador Anastasia; com muito carinho e respeito, a requerente da presente sessão de homenagem, a Senadora Soraya Thronicke – a pronúncia eu vou acertando, ela está lá na minha Comissão de Direitos Humanos; o Sr. Senador Carlos Viana, parceiro aqui também do bom debate, como eu digo sempre; o Sr. Senador Marcos do Val, também parceiro de todas as horas; a Sra. Deputada Federal Carla Zambelli, que tem uma história bonita também de defesa de todos; o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais – no longo da minha fala, eu frisarei a importância do trabalho dos senhores, enfim, aqui eu deixo claro o que eu penso, a questão dos nossos queridos bombeiros e bombeiras; o Sr. Cel. Edgard Estevo da Silva, meus sinceros cumprimentos também; e o Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, Sr. Cel. Joilson Alves do Amaral.

    Eu confesso que eu vim meio correndo, já que essa Casa é muito dinâmica, inclusive na sexta-feira. Eu estava presidindo a Comissão de Direitos Humanos, que recebia o cacique Raoni e líderes dos povos indígenas de todo o País, mas deu para atendê-los. Acompanhei, encaminhei as principais reivindicações e vim quase correndo para cá, porque eu queria muito estar aqui.

    Eu já fiz uma saudação a vocês – os que estavam nas galerias assistiram – na primeira parte da sessão, mas, agora, eu confesso que é tão importante a presença de vocês aqui que eu coloquei no papel aquilo que eu entendo que é um gesto simples, mas de recolhimento, de reconhecimento profundo do trabalho de todos os senhores em todo o País.

    Mas, primeiro, eu diria aqui de improviso: pegou fogo na floresta, está chegando às casas, chama quem? Chama os bombeiros. Um menino, uma criança caiu aqui e ali, que é que passa na cabeça? Chama os bombeiros. Houve um acidente, carros bateram, pegou fogo? Chama os bombeiros. Enfim, toda vez em que há um problema mais próximo a nós, eu entendo que os bombeiros estão próximos ao nosso povo e a toda a nossa gente. Houve um problema na natureza? Chama os bombeiros. Enfim, a palavra que vem ao natural na boca da população: "Chama os bombeiros! Chama os bombeiros!". E é assim que eu vou fazer a minha homenagem a vocês, com esse carinho que o povo brasileiro tem a vocês. Eu disse antes aqui e repito: se pudesse a Casa fazer uma votação de Heróis da Pátria aos bombeiros, eu assinaria esse documento e ajudaria a votar.

    Enfim, o que é que ser herói? O que é heroísmo? O que são os heróis? Refletindo, eles estão aqui na nossa mente, estão em cada um de nós, no imaginário das nossas consciências e estão, principalmente, nos atos concretos que o Brasil viu vocês fazendo. Eu disse: chamamos delegações de outros países, eles vieram. Mas vocês, diplomaticamente, disseram: "Sejam bem-vindos, mas nós aqui faremos também a nossa parte". Eles, vendo o trabalho brilhante dos bombeiros brasileiros, ficaram aqui, deram sua contribuição e voltaram. Eu disse antes e repito aqui: vieram voluntários – eu sei, porque acompanhei – de todos os Estados. Vocês disseram: "Olha, não é quantidade. A situação é grave. Sejam bem-vindos! Cada um faça a sua parte".

    Se eu pudesse, minha querida Presidente desta sessão, a primeira coisa que eu faria neste momento seria dizer: "Vamos fazer um movimento para assegurar aos bombeiros a figura de Herói da Pátria". Se assim o Plenário entender, acho que faríamos uma votação simbólica. Quem concorda bate palmas. (Palmas.)

    Viu? Consegui, consegui! Já fiz uma votação aqui.

    Enfim, os heróis são feitos de alma, de coragem e de superação, o que vocês mostraram com muita consciência e firmeza. São movidos pelo maior de todos os sentimentos que o universo nos legou: o amor, a simplicidade e a coragem. Mas o que é esse amor? Não há definições para o amor. É apenas o amor ao próximo.

    Há o amor dos poetas, dos loucos, dos inquietos, das vozes nas ruas, o amor do pai, da mãe, dos filhos, do homem, da mulher, de tantos que sofreram. E vocês estavam lá para buscar os corpos para as famílias tão sofridas. Vocês estavam lá buscando ainda alguns, se fosse possível, com vida, para chegarem às suas casas.

    Ah, sim, vocês são heróis! Há heróis que, sob a pele, incorporam outras peles, outras células, outros tecidos, mas vocês incorporaram a pele da lama – enfim, a pele da lama! Mas vocês triunfaram, porque vocês salvaram vidas, recuperaram corpos tão chorados pelos familiares.

    Mas percebam bem: essa mesma lama, em segundos do passado, destruiu, afogou matou, fez com que mil lágrimas caíssem, fez com que as horas parassem. Mas vocês estavam lá! Vocês tinham o direito também natural, pela emoção, como no momento que eu demonstrei antes aqui, de chorar, e o Brasil estava chorando com vocês.

    Os homens são culpados pelas tragédias. A de Brumadinho assim com a de Mariana poderiam ser evitadas. O que falta nas consciências coletivas, no eu singular dos que detêm o poder? Onde está o verbo amar, que outrora fez desta terra Brasil a esperança, o esperançar, que construiu as morosidades nas encruzilhadas que a história nos ensinou?

    Busquemos todos nós o amor dos heróis – vocês são heróis! –, o amor dos heróis bombeiros, homens e mulheres que, arduamente, no dia a dia, buscam a luz, a prevenção, os salvamentos, o combate aos incêndios, os primeiros socorros, os socorros públicos, que buscam o horizonte para quê? Para garantir a felicidade de outros. Mas eu sempre digo: "Quem faz o bem sem olhar a quem está conquistando também a sua felicidade". Ah, que alegria! Como eu gostaria de um dia poder dizer: "Eu fiz um gesto que espraiou a felicidade, conquistando também a própria felicidade".

    Eles, os bombeiros, talvez sejam a profissão mais importante não só do Brasil, mas do mundo. Vivam os bombeiros do Brasil e do mundo! Salve, salve, salve! Que a gente sempre possa bater palmas pela atuação de vocês não só em Brumadinho, mas ao longo de todo dia das suas vidas.

    Eu queria, antes de encerrar, dizer: eu sou aqui um dos combatentes da boa reforma da previdência. Vejam bem. Eu sei que todos os Senadores têm a mesma visão. Nós queremos uma boa reforma da previdência. Mas podem crer, eu tenho clareza, que as forças da segurança – a própria Polícia Militar, a Polícia Civil, as Forças Armadas e, permitam que eu diga, os bombeiros – são, sim, uma categoria diferenciada e têm que ter um tratamento especial. Assim nós salvaremos.

    Vida longa aos heróis, os nossos bombeiros e bombeiras!

    Um abraço a todos vocês! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2019 - Página 48