Discurso durante a 48ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Destaque para a Frente Mista do Combate à Fome.

Relato sobre a votação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Tribunais Superiores na CCJ.

Comentários sobre a importância da TV Senado.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS E MINORIAS:
  • Destaque para a Frente Mista do Combate à Fome.
PODER JUDICIARIO:
  • Relato sobre a votação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Tribunais Superiores na CCJ.
SENADO:
  • Comentários sobre a importância da TV Senado.
Publicação
Publicação no DSF de 12/04/2019 - Página 35
Assuntos
Outros > DIREITOS HUMANOS E MINORIAS
Outros > PODER JUDICIARIO
Outros > SENADO
Indexação
  • REGISTRO, FRENTE PARLAMENTAR, COMBATE, FOME.
  • REGISTRO, VOTAÇÃO, COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ASSUNTO, INVESTIGAÇÃO, TRIBUNAIS SUPERIORES.
  • COMENTARIO, TELEVISÃO, SENADO, SOLICITAÇÃO, DAVI ALCOLUMBRE, PRESIDENTE, MESA DIRETORA, INVESTIMENTO, MODERNIZAÇÃO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Aliás, Presidente desta sessão e amigo Eduardo Gomes, do Tocantins, o Deputado Federal Célio Moura faz parte da minha história. Quando escrevi o primeiro de meus cinco livros, o Dossiê K, na contracapa, havia uma frase que foi comentada em todo o Brasil de autoria dele.

    E lembro aqui, Presidente, que o Deputado Federal Célio Moura, que é advogado, traz uma ótima notícia: já está completa a Frente Parlamentar Mista do Combate à Fome. Eu faço questão de participar dela não assinando, mas trabalhando, agindo, porque não há nada mais humilhante do que a fome e a Pátria amada sabe disso. Então, parabéns por essa frente. Conte comigo, conte com o Eduardo e conte com todos e todas aqui que têm o mesmo pensamento em relação à fome neste País, ao desrespeito às merendas escolares. Por exemplo, no meu Estado, na capital, Goiânia, creiam: durante a semana, em vários dias, a refeição das crianças nas escolas – sabe qual é, Presidente Eduardo Gomes? – é um prato com duas bolachas. Eu dou até o nome da bolacha: bolacha Mabel, ou seja, bolacha da Lava Jato. As crianças comem bolacha, não há arroz, não há feijão, não há carne. Então, conte comigo, meu amigo Célio Moura.

    Eu quero iniciar aqui fazendo uma comparação – e quem está na Casa vai achar graça. V. Exas. – minhas únicas V. Exas. – do Brasil também vão achar graça e, ao mesmo tempo, vão entender como indignação. Eu vou lembrar Abraham Lincoln. Ele dizia: "Nós os cidadãos somos os legítimos senhores do Congresso e dos tribunais, não para derrubar a Constituição, mas para derrubar os homens que pervertem a Constituição". Pervertem é igual a maculam, é igual a sujam. Eu vou de Abraham Lincoln a Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados. Frase dele: "O Congresso não é obrigado a ouvir o povo. Isto aqui não é como um cartório onde a gente carimba o que o povo está pedindo".

    Ora, Senador Randolfe Rodrigues, que ocupou com total propriedade esta tribuna antes, o Presidente da Câmara disparou.

    V. Exas. da galeria, desculpem pela visão, não enxergo se aí tem homem, se aí tem mulher, mas Deus deu a mim um dom: vejo vulto de mulheres lindas. Parabéns! (Risos.)

    Rio Grande do Sul? (Pausa.)

    Jaraguá do Sul? Eu estive com algumas ontem. São as mesmas? (Pausa.)

    Ah! Adorei conversar com todas vocês, e até lhes dediquei um poema:

Meu coração diz [...] o que eu preciso

Basta o seu sorriso e eu serei feliz

    Obrigado, Jaraguá do Sul, terra de Filipe Luís, lateral esquerdo e meu amigo pessoal, do Atlético de Madri e da Seleção Brasileira.

    Então, Senador Reguffe, exemplo do Distrito Federal e deste País, meu amigo exemplar, companheiro em todos os sentidos... E aqui chega um outro exemplo não só do Distrito Federal, mas do Brasil, especialmente na área da educação, Senador Izalci Lucas, com quem tanto aprendo, um professor; mas ali está o Capitão Styvenson, que, além de meu amigo, além de merecer o meu reconhecimento pelo seu preparo, é também, Deputado Federal Célio Moura e Presidente Eduardo Gomes, o protetor do Kajuru contra aquele dragão do Supremo! Eu preciso de um homem desses: baixinho, fraquinho, para me proteger! Brincadeira! Quem me protege é Deus.

    Mas olha a barbaridade, gente! Como um Presidente de Câmara diz isto? "O Congresso não é obrigado a ouvir o povo. Isto aqui não é como um cartório onde a gente carimba o que o povo está pedindo." É de sofrer, não é? De sofrer os nossos tímpanos ao ouvir tamanha bobagem. Por isso que eu comparei com Abraham Lincoln, repito: nós os cidadãos somos os legítimos senhores do Congresso e dos Tribunais, não para derrubar a Constituição, mas para derrubar os homens que pervertem, maculam, sujam a Constituição.

    Uma novidade: ontem, o placar na CCJ contra a CPI da Toga foi de 19 a 7, para a Nação saber. Dos sete Senadores que votaram a favor da CPI do Judiciário, nenhum deles tem processo no Supremo Tribunal Federal. E creio que aqui, no Plenário, após a Páscoa, quando houver a votação – em voto aberto, para o Brasil inteiro ver –, será o dia derradeiro: ou se arquiva ou se instala a CPI da Toga. Aquele que votar a favor da CPI certamente não tem processo no Supremo Tribunal Federal. Entendo aqueles que lá possuem processo e que, de repente, são inocentes e amanhã podem ser absolvidos. Não julgo e não faço juízo de valor, mas apenas mostro esta coincidência: dos sete que votaram a favor da CPI do Judiciário, nenhum deles tem processo no Supremo.

    Eu subi a esta tribuna como Líder da Bancada do PSB – pois já fiz um pronunciamento hoje, no início desta sessão, homenageando a maior referência poética de Goiás, Cora Coralina – por um outro motivo, e eu tenho certeza do apoio do Izalci.

    O Senador Izalci foi, para mim, o maior responsável – a gente ter que ser justo e dar crédito, e todos concordaram com ele, evidentemente –, porque partiu dele a iniciativa de convencer o Presidente Davi Alcolumbre, que foi grandioso – parabéns, Presidente! –, a retornar aqueles funcionários terceirizados aqui do Senado, injustamente demitidos, que ganham salários absolutamente normais. Então, o Izalci foi o lutador dessa batalha, conquistada por nós ontem, aqui, por unanimidade. E não fizemos nada mais do que a nossa obrigação.

    Senador Izalci, ajude-me agora nessa luta que eu começo, assim como V. Sa. começou a luta sobre os terceirizados desta Casa. Eduardo, Reguffe, Styvenson e demais Senadores e Senadoras, nós estamos diante de uma injustiça brutal aqui no Senado Federal que o Presidente Davi Alcolumbre, sensato como o é, não vai permitir que tenha sequência, porque ela vem do passado, de outras gestões.

    O maior patrimônio deste Senado Federal, em primeiro lugar, são seus funcionários, competentes, dedicados, educados. Eu não imaginava, eu não tinha noção do que era esta Casa: a maneira como nos tratam, a qualificação das consultorias desta Casa que nos ajudam em projetos, em orientações. Aqui eu cito Pedro Nery, impecável em relatórios, em questionamentos.

    Lembro-me de Pedro Simon, que é meu conselheiro político voluntário, assim como é Cristovam Buarque, na educação, e Heloísa Helena, na saúde. Lembro-me de Simon dizendo para mim: "Kajuru, você só não será um bom Senador se não quiser, porque ignorante você não é e ladrão você não é. Então, lá no Senado, você tem toda a condição de fazer um bom trabalho, por tudo que lá existe, especialmente pela mão de obra".

    Agora, eu falo de outro patrimônio deste Senado Federal, que é a TV Senado, pois se engana quem acha que a TV Senado não tem audiência. Ela tem abismal audiência: são mais de 4 milhões de telespectadores. Ela chega aos rincões deste País, a lugares que a gente nem conhece – o Capitão Styvenson sabe disso –, ao seu Estado, a Estados com cidades das quais, juro, eu nem sabia o nome.

    Eu recebo mensagens, telefonemas, porque eu dou o telefone do meu gabinete para todos saberem: zero, operadora, 61, 3303-2844 – tchau, meninas de Jaraguá do Sul; beijo. Esse é o meu telefone. E dou meu telefone celular pessoal. Pode grampear, Gilmar Mendes!

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – As meninas o quê?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Para as meninas também e para todas as meninas do Brasil, porque eu nem amante tenho. Sou um homem de uma mulher só – é a décima primeira, superei Vinícius de Moraes.

    Mas, então, dou o meu telefone celular (0, operadora, 61) 99883-1103. Pode grampear. Não tenho amante, não tenho nada para esconder. Um dia conversei por 28 minutos com o Senador Reguffe, tivemos um diálogo extraordinário, antes de ser eleito, inclusive. Tive a honra de falar com ele e de ouvir palavras que nunca vou esquecer, e ele também as ouviu de mim para ele.

    Mas, senhoras e senhores, concluindo, a TV Senado é um patrimônio desta Casa tão importante para o País. Ela é o nosso principal veículo de comunicação, ela é quem propaga as nossas satisfações à sociedade brasileira, os nossos projetos, as nossas ações, o nosso respeito para com o dinheiro público. É mais fácil um brasileiro ver pela TV Senado o que a gente faz, do que ele entrar no Portal da Transparência. É mais fácil acessar a TV Senado pela TV, pelo celular.

    E ela está abandonada, Presidente Davi Alcolumbre, e V. Sa. sabe disso. Ali tem, Senador Izalci, um orçamento pequeno para o que gasta este Senado anualmente. Um orçamento de 20 milhões para ela poder se equipar em todos os sentidos e ficar completa, porque, pasmem, a TV Senado só tem três câmeras e só tem imagem HD quando transmite sessão plenária das comissões e das CPIs, e já há uma em andamento, a de Brumadinho, as imagens não são em HD. Isso é triste.

    Como uma TV Senado só tem três câmeras, não pode comprar uma quarta? Não tem condições técnicas ideais? Com um material humano extraordinário, com cinegrafistas, produtores, jornalistas que poderiam trabalhar em qualquer emissora deste País, profissionais e não amadores, profissionais na verdadeira acepção da palavra, mas que merecem condições de trabalho, Presidente Davi.

    Custa para o Senado investir na TV Senado? É um apelo que eu faço a todos os meus respeitosos colegas desta Casa, amigos, porque assim os considero. Não tenho ninguém como inimigo, até porque não vejo ninguém suficientemente inteligente para me fazer ter esse sentimento de inimigo ou de ódio.

    Concluo, vamos nós todos aqui, 81 Senadores, lutar, Senador Lucas Barreto, meu amigo também – aliás, ofereceu-me até jantar e eu, mal-educado, não fui à sua Casa. Irei da próxima vez, se convidado. Então, vamos lutar juntos, vamos pedir na reunião dos Líderes, Senador Izalci, lá com o Presidente Davi.

    Presidente, invista na TV Senado, a TV Senado não pode ficar assim. Os profissionais saem de uma comissão e vêm correndo para a sessão plenária, porque ela é obrigatória em sua transmissão ao vivo. E aí se para de transmitir uma CPI importante que estava acontecendo lá, a CPI de Brumadinho, que trata de uma empresa assassina, poderosa, criminosa, chamada Vale, trilionária, que compra boa parte da imprensa – porque eu nunca generalizo, há exceções. Tanto que hoje não tinha nenhum veículo de comunicação na sessão, 6ª Reunião, em que se ouviu o segundo homem mais forte da Vale, que ocultou, que omitiu, que cometeu crimes no seu depoimento hoje lá, onde apenas presentes estavam eu, que acabei sendo o Presidente da sessão hoje, o Relator, Senador Carlos Viana, o baiano, Senador Otto Alencar, e chegou depois o Senador Randolfe Rodrigues.

    E simplesmente, quando a TV Senado teve que vir correndo para transmitir às 11 horas da manhã o início dessa sessão deliberativa, ela saiu de lá. E aí não tinha ninguém, nenhum veículo de comunicação, nem a Rádio Cultura, de Cajuru, onde eu nasci, cidade de 25 mil habitantes, registrava a reunião que investiga esse crime ambiental, em que evidentemente a maior responsável é a empresa Vale. Ninguém tem dúvida disso no Brasil inteiro.

    E aí a TV Senado não pôde seguir transmitindo mais duas horas de sessão, de questionamentos importantes e de respostas, que nos fizeram crer, cada vez mais, que a Vale se incrimina todo dia, cada vez mais, como criminosa. E, entre uma ação de amigos aqui convidados ou convocados, eles chegam, não falam nada, não sabem de nada, não culpam a Vale, não culpam colegas, inocentam todos e a gente vai lá, trabalhando na CPI, mas sem comunicação.

    A sociedade brasileira, somente pelas redes sociais... E aí desculpe falar a verdade, as minhas redes sociais, com 57 milhões de acessos mensais, transmitiram na íntegra e vão reproduzir agora à 1h30 da tarde, 1h14, em treze minutos, como foi essa oitiva importantíssima do segundo homem mais forte da empresa Vale.

    Termino, então, Presidente Eduardo Gomes, fazendo esse apelo aos Senadores e Senadoras. Vamos convencer... O Weverton que está aqui? Grande maranhense, o Weverton. Amigo de batalha, de luta... Nos ajude, ali, eu não enxergo, quem ali está?

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Ah, o Jean Paul. Sempre com uma barba bem feita. Preparadíssimo, hein! Eu o vi numa sessão de Comissão; para perguntar o homem é implacável!

    Então, vamos pedir ao Presidente do Senado, Davi, para que ele invista na TV Senado. A TV Senado está... Sabe aquele termo "bagulho"? Ou seja, ela está quase que no fim, equipamento velho, câmera velha...

    Por exemplo, TV Senado, mostra a minha cara aqui neste momento! Mostre! Está mostrando? Está, meu querido cinegrafista? Essa câmera é tão velha que ela não pode mostrar os defeitos do meu rosto, tampouco o tamanho do meu nariz libanês.

    Então, vamos investir na TV Senado, Presidente Davi, porque é uma vergonha o nosso principal veículo de comunicação se encontrar como está.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/04/2019 - Página 35