Discurso durante a 65ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com declarações proferidas pelo Sr. Olavo de Carvalho a membros do Exército Brasileiro.

Breve histórico de vida do General Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Autor
Chico Rodrigues (DEM - Democratas/RR)
Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS:
  • Indignação com declarações proferidas pelo Sr. Olavo de Carvalho a membros do Exército Brasileiro.
DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS:
  • Breve histórico de vida do General Carlos Alberto dos Santos Cruz.
Publicação
Publicação no DSF de 08/05/2019 - Página 27
Assunto
Outros > DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS
Indexação
  • CRITICA, DIVULGAÇÃO, DIFAMAÇÃO, INJURIA, AUTOR, CIDADÃO, PAIS, BRASIL, RESIDENCIA, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), VITIMA, GENERAL DE EXERCITO, VILLAS BOAS, FORÇAS ARMADAS, ENFASE, MANIFESTAÇÃO, APOIO, OFICIAL DO EXERCITO.
  • ELOGIO, VIDA, CARREIRA, MILITAR, GENERAL DE EXERCITO, CARGO, MINISTRO, SECRETARIA, GOVERNO.

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, eu gostaria de tratar aqui, nesta tarde, de um tema que, na verdade, tem assustado a todos nós no nosso País. Gostaria de falar das manifestações que, sistematicamente, estão sendo tomadas pelo Sr. Olavo de Carvalho, que vêm inquietando a sociedade brasileira, inclusive servindo de munição para muitos, em todos os segmentos da sociedade, que são contrários ao Governo se manifestarem, alimentando a discórdia, o ódio e procurando, com isso, desestabilizar o Governo.

    Nos últimos dias, a Nação brasileira foi tomada por um surto de perplexidade, perplexidade não diante de fenômenos naturais, tragédias que costumam ocorrer no solo pátrio, como o desastre de Brumadinho, em Minas Gerais. Desta feita, a perplexidade emerge de um destampatório nunca ouvido em nossas plagas, atingindo a honra dos mais respeitados e qualificados quadros do Exército Brasileiro, como o Gen. Carlos Alberto dos Santos Cruz, como o Vice-Presidente Mourão, como o ex-Comandante do Exército Gen. Eduardo Villas Bôas.

    Trata-se de uma situação inusitada pelo fato de ter como protagonista central uma pessoa a quem se atribui a característica de guru do Presidente. E posso afirmar que não é guru do Presidente, uma amizade circunstancial, muitas vezes balizada por princípios, por defesa que, no passado, de uma forma ou de outra, ajudaram a desmistificar e a desmantelar – por que não dizer? – um sistema carcomido que por si só não justifica o comportamento radical ora empreendido por esse senhor.

    Minha gente, o Gen. Santos Cruz, homem que honra a pátria, não pode, de maneira alguma, ser achincalhado por um fazedor de horóscopo, um apátrida que reside nos Estados Unidos e que se intitula filósofo, embora nunca tenha se formado em muitas coisas, como assim afirma. Os insultos por parte dessa figura desceram ao rés do chão com sua linguagem chula. Não faz parte da cultura civilizada desta Nação ouvir impropérios dessa natureza e não faz parte dos homens educados. E aquele homem ainda insulta outros integrantes das Forças Armadas, como o nosso Vice-Presidente Hamilton Mourão, como se tivesse condição moral para tanto.

    A sociedade brasileira assiste perplexa a esse bombardeio expressivo que atinge a honra de figuras ilustres de nosso Exército, como o Vice-Presidente Hamilton Mourão, repito, o Ministro-Chefe da Secretaria do Governo, Santos Cruz, e do Gen. Eduardo Villas Boas, esse militar de altíssimo nível, avalista da manutenção do sistema democrático deste País.

    Para ter uma ideia dos ataques feitos pelo escritor Olavo ao Gen. Santos Cruz, basta ler um conjunto de 13 tweets entre a tarde de domingo e a manhã de segunda-feira, cujo objetivo, cada vez mais explícito, é derrubar o Ministro, a quem se refere com palavras tão chulas que não merecem aqui transcrição.

    Em minha trajetória política, confesso não ter visto espetáculo tão degradante, palavreado tão vulgar, linguagem tão abjeta sobre perfis das nossas Forças Armadas, o que denota falta de respeito, incivilidade, hipocrisia de pessoas que se arvoram como defensores da liberdade de expressão e ícones da moral.

    Conheço o Gen. Santos Cruz desde os tempos em que estudamos juntos, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, há 50 anos. Trata-se de um dos mais sérios, dignos e ilustres quadros do Exército brasileiro.

    Nascido em Rio Grande, o General de Divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz graduou-se na Academia Militar das Agulhas Negras, na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Formou-se em engenharia civil na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, especializando-se ainda em Operações na Selva e em Ações de Comandos. Graduou-se em política e estratégia no United States Army War College, em Carlisle, Pensilvânia, Estados Unidos. Nos anos de 2001 e 2002, foi adido militar na Embaixada do Brasil em Moscou. Comandou o 43° Batalhão de Infantaria Motorizado em Cristalina, Goiás, a 13ª Brigada de Infantaria Motorizada em Cuiabá, Mato Grosso, a Segunda Divisão de Exército São Paulo e foi subcomandante de Operações Terrestres em Brasília.

    De 2007 a 2009, comandou as tropas da ONU na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, a Minustah. Foi ainda Conselheiro do Banco Mundial para elaboração do Relatório de Desenvolvimento Mundial, em 2011, e consultor da ONU para revisão do reembolso aos países contribuintes de tropas em missões de paz.

    Já na reserva, foi chefe da seção de assuntos militares da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Posteriormente, retornou para o serviço ativo do Exército para comandar as tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo, Monusco.

    No Congo, teve uma atuação exemplar. Foi o Comandante-Geral da Monusco, a maior e mais importante missão das Nações Unidas no mundo, com um contingente de mais de 22 mil homens de 20 diferentes países e orçamento anual de quase US$1,5 bilhão. Foi uma missão histórica. Ali se operou uma mudança de conceitos: a manutenção da paz foi substituída para imposição da paz. Uma vitória que entrou na história da paz mundial. Os capacetes azuis, pela primeira vez, desde 1948, tiveram autorização para caçar, prender e atacar aqueles que o Conselho de Segurança considerasse inimigos.

    De abril de 2017 a junho de 2018, o Gen. Santos Cruz foi o Secretário Nacional de Segurança Pública.

    O General já foi condecorado com Medalha Militar no Brasil, Medalha do Pacificador, Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Naval, Ordem do Mérito Aeronáutico, Ordem do Mérito da Defesa e Ordem do Mérito do Trabalho Getúlio Vargas.

    Hoje é Ministro, por seus próprios méritos, em razão de sua exemplar vida a serviço das Forças Armadas e do Brasil, além do alcance e reconhecimento que teve do Presidente Jair Bolsonaro quando o convidou para ocupar tão importante pasta, reconhecendo as suas qualidades e virtudes, entre elas aquela que falta a muitos, a lealdade.

    Foi convocado pelo Presidente Jair Bolsonaro para exercer as altas funções de Governo, sim, tendo como outras responsabilidades a articulação política e a vasta área da comunicação governamental.

    Sras. Senadoras e Srs. Senadores, a pergunta é recorrente: por que alguém resolve atacar de maneira tão contundente e estapafúrdia um quadro com a estatura do Gen. Santos Cruz? Por que desonrar uma figura que tanto bem fez ao Brasil e ao mundo?

    Só há uma resposta...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... a intenção é a de afastar os militares convocados para a administração federal e colocar em seu lugar perfis identificados com a extrema direita ideológica. São sinais que se tornam a cada dia mais explícitos, e, pela maneira como ocorrem os ataques, a intenção é a de fazer com que a sociedade brasileira crie indisposição com os militares e, por conseguinte, forme um rolo compressor contra sua participação no Governo.

    Seria um desastre para todos. Para o Governo e para a sociedade.

    Os militares ganham respeito por sua qualidade, alta formação, sentido de disciplina e hierarquia.

    E mais: sua ação, hoje, é reconhecida pelos analistas políticos como a de poder moderador, contribuindo, desse modo, para a paz e a harmonia social.

    Os ataques ao Gen. Cruz e aos demais generais partem de um polemista, que se diz filósofo, e denotam um ódio incompreensível. Escolheu o ataque a distância, forma acovardada de fazer o mal a outros, maneira perversa de manchar a trajetória de um homem bem-sucedido.

    Pinço, aqui, a expressão de José Ingenieros, grande escritor argentino, que descreve o caráter dos covardes: usam da hipocrisia como arte para amordaçar a dignidade. Os hipócritas não são impelidos por fé alguma. Não respeitam os valores das crenças de outros. Agem na penumbra e a distância. Tornam-se inválidos morais.

    Esse tipo de caráter é impelido pela mediocridade. Em vez de se ocupar com sua vida, ocupa-se da vida alheia. Vive na sombra, fingindo-se de pessoa boa. É incapaz de respeitar o outro, de conceber o bem, de formar um ideal, de acender a chama do civismo.

    Vejo com desconfiança as suas obras circulando por aí, pelos títulos, e esses títulos nos assustam, senão vejamos, Srs. Senadores, minha gente do Brasil que nos assiste e que nos ouve neste momento, o título de algumas obras:

    Obra 1, O Mínimo que Você Precisa Saber para não ser um Idiota;

    Obra 2, O Imbecil Coletivo;

    Obra 3, O Jardim das Aflições;

    Obra 4, Maquiavel ou a Confusão Demoníaca;

    Obra 5, Os Histéricos no Poder;

    Obra 6, A Fórmula para Enlouquecer o Mundo – e ele está querendo enlouquecer o País com essa sua obra;

    Obra 7, Apoteose da Vigarice;

    Obra 8, O Dever de Insultar;

    Obra 9, O Mundo como Jamais Funcionou.

    Essa pessoa tem condições de orientar alguém, de orientar o dirigente máximo de um país? Acho que na verdade está no caminho errado. Às vezes acho até que ele tem surtos de vertigem intelectual.

    É assim que vejo a expressão da vulgaridade contra a expressão da dignidade. Sras. e Srs. Senadores, é inimaginável termos de conviver com essa maquinação; maquinação que objetiva influir no governo e em suas políticas.

    Como membros do Parlamento, cumpre-nos o dever de defender os valores de nossa República, cristalizados na Constituição federal; defesa que abriga também o dever de evitar que oportunistas e aventureiros tentem manchar, com calúnias e difamação, a história de homens de bem.

    Portanto, Sr. Presente, eu não poderia deixar de, desta tribuna, deste cenáculo, onde prevalece a democracia, onde nós procuramos fazer com que a manifestação espontânea de cada cidadão,...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar Vanguarda/DEM - RR) – ... onde o aprendizado permanente que nós devemos trazer para esta Casa seja instrumento de pacificação e, acima de tudo, de Governo, e não ouvir esses impropérios frequentemente repetidos por esse brasileiro de segunda categoria, que hoje procura na verdade criar um conflito com a República.

    Portanto, sugiro a todos, inclusive, à nossa imprensa, ao nosso quarto poder, que minimizasse, que talvez até deletasse todas as manifestações desse senhor, porque na verdade têm sido um motivo de extrema agressão à nossa República.

    Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/05/2019 - Página 27