Discurso durante a 85ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise do cenário político, econômico e social do País.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Análise do cenário político, econômico e social do País.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2019 - Página 44
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • ANALISE, CONJUNTURA ECONOMICA, MOMENTO POLITICO, SITUAÇÃO SOCIAL, REGISTRO, CORRUPÇÃO, MALVERSAÇÃO, RECURSOS PUBLICOS, COMENTARIO, DESIGUALDADE SOCIAL, TRABALHO, SALARIO MINIMO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO. Para discursar.) – Exemplo de Minas Gerais, estimado amigo Senador Antonio Anastasia, presidindo mais uma vez a sessão desta quinta-feira, 30 de maio de 2019, tem toda a razão, é minha amiga há muito tempo, amiga de família, de seu esposo Haroldo e de suas filhas. A Teresa Raquel inclusive está aqui. Vereadora e ex-primeira-dama da minha querida e amada cidade de Bom Despacho.

    Cidade, Presidente, da minha primeira mulher; a minha primeira das onze. (Risos.)

    Ele gosta, o Presidente Anastasia, Senador Paulo Paim. Ele falou para o Randolfe: "Randolfe, primeira das onze, lá vem a 12ª aí!". Não tem nada melhor do que casamento.

    Mas, Vereadora Conceição Queiroz, seja bem-vinda. Saiba, a cidade de Bom Despacho, que por exclusiva responsabilidade sua... E tenho certeza de que obterei o apoio do Senador de Minas Gerais, orgulho de Minas Gerais, Antonio Anastasia, para obtenção daquele recurso do projeto Olho Vivo, na cidade de Bom Despacho. Pode ter certeza e pode esperar que a gente vai conseguir, ainda mais com o apoio do Senador Anastasia.

    Bem, brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, meus únicos patrões, seu empregado público Jorge Kajuru, nesta tribuna, vem cumprir uma obrigação de pedir à Pátria amada que olhemos com responsabilidade, até porque a imensidão deste País chega a 8.516.000km2. Tudo aqui é desafiador para quem tem a obrigação de enfrentar os imensuráveis problemas sociais, o gigantismo territorial, a vastíssima biodiversidade e, acima de tudo, o potencial de nossa Pátria.

    Somos o quinto país do mundo em área territorial, superados apenas por Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Ocupamos hoje 20,8% do território das Américas e 47,7% da América do Sul. São dados da Diretoria de Geociências e Coordenação de Estruturas Territoriais do IBGE. Somos 209,975 milhões pessoas, que se espalham pelas florestas do Norte, pelas caatingas do Nordeste, pelo Cerrado do meu Centro-Oeste, pelas montanhas e praias do Sudeste e pelas araucárias e pelos pampas do Sul do Brasil, de Paim.

    No simbólico ano de 2013, soou o alarme, quando multidões, naquele ano da Copa das Confederações, foram às ruas e acuaram os Poderes da República. As massivas mobilizações de rua mostraram uma enorme insatisfação e um irrefreável desejo de profundas mudanças na ordem econômica, política e social do País. As aspirações por um Brasil igualitário sem tantas desigualdades somaram-se à indignação com a corrupção sistêmica e a impunidade funcional que condena pobres à cadeia e ricos aos escritórios de famosos e milionários advogados.

    Essa combinação não foi apreendida pelo Governo, que, assim como as demais instituições, trataram de esvaziá-las por todos os meios. Mas como não é possível controlar a tempestade, ela dirigiu-se com toda a sua força para as eleições de 2018, nas quais foram eleitos 243 novos Deputados, com um índice de renovação de 47,3%, a maior renovação desde a redemocratização na Câmara dos Deputados.

    Aqui, no Senado, tivemos uma inédita renovação de 87%, com a eleição de apenas oito dos 32 que tentaram a reeleição. E aqui está um deles, o Senador Paulo Paim.

    Quer queiramos, Presidente Anastasia, quer não, estamos vivendo uma Legislatura sob as expectativas de milhões de brasileiros, guardadas desde 2013. Estamos no mesmo barco da responsabilidade e tanto os que sobreviveram da legislatura passada quanto os novatos que entraram sabem que este barco em que estamos navega em águas revoltas. As expectativas de 2013 e 2018 não foram atendidas e não há, no horizonte, sinais consistentes de que serão em curto prazo. A população brasileira está se sentindo traída. Se antes tratava o Parlamento com indiferença, agora trata com repúdio. Claro, eu nunca generalizo, mas a maioria é assim vista.

    Os escândalos escancarados de uma corrupção despudorada só têm aumentado o desejo da população de afastar certas figuras carimbadas, inclusive, e em especial, do Judiciário. É triste, mas necessário dizer que o Brasil ocupa hoje a 105ª posição entre 180 nações analisadas pela ONG Transparência Internacional na percepção da corrupção.

    E quando falo de corrupção, sou um homem de posição, e não de oposição, e sei que o Presidente Jair Bolsonaro, conhecendo-o suficientemente, não permite que se roube em seu Governo e tenho certeza de que jamais teremos uma surpresa em vê-lo envolvido em corrupção.

    Agora casos de malversação de recursos públicos, uso indevido da máquina administrativa, redes de clientelas e tantas outras mazelas configuram uma sensação de mal-estar coletivo em que sempre olhamos, de modo muito cético, os rumos que a política e a Administração Pública no Brasil têm tomado. A população quer mudança na prática do Governo, mesmo contra os rançosos donos de partido, muitos com assento aqui no Congresso Nacional.

    Na economia, o desafio que se apresenta é monumental: como livrar as finanças do País que foram sequestradas pelo grande capital? É uma pergunta. Pode se considerar justo um país no qual os seis homens mais ricos têm mais riqueza do que a metade mais pobre da população? Pode? Um País cujo sentido oficial da palavra "progresso" condena quase um terço de sua população à miserabilidade, ao analfabetismo, ao retorno ao primitivismo de cozinhar com lenha? É razoável pedir ao povo que entregue...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Senado Independente/PSB - GO) – Concluindo.

    ... aos cofres da União suas magras aposentadorias de um salário mínimo, Senador Paim, para permitir que o País continue engordando banqueiros e rentistas, Senadora admirável Soraya?

    É razoável dizer a 40% da população que vive na economia informal que a transferência, através de renúncias fiscais, de R$500 bilhões por ano dos cofres públicos para os bolsos de grandes empresários é, senhoras e senhores, a forma mais justa de apoio à atividade econômica, Senador Alvaro todos os Dias e Senador Dário?

    Concluo.

    Nas áreas sociais a política de cortes de recursos, acenos à privatização da saúde e da educação públicas, poderá gerar esperanças e satisfazer os desejos de mudança da população mais pobre do País? É o meu último ponto de interrogação para amanhã completar este meu raciocínio, que é o de muita gente neste País.

    Obrigado pela paciência, Presidente Antonio Anastasia, e boa viagem no sábado a Bom Despacho, Minas Gerais, que lhe fará uma homenagem absolutamente justa.

    Agradecidíssimo e até amanhã aqui para a gente trabalhar normalmente e para estar nesta tribuna normalmente. Se Deus quiser, amanhã o Paim não virá.

    Não venha, Paim, amanhã! Falte amanhã, Paim!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2019 - Página 44