Discurso durante a 98ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a homenagear o centenário do nascimento de Nilo de Souza Coelho.

Autor
Fernando Bezerra Coelho (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Fernando Bezerra de Souza Coelho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM:
  • Sessão Especial destinada a homenagear o centenário do nascimento de Nilo de Souza Coelho.
Publicação
Publicação no DSF de 20/11/2020 - Página 9
Assunto
Outros > HOMENAGEM
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, NILO COELHO, EX SENADOR.

    O SR. FERNANDO BEZERRA COELHO (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PE. Para discursar.) – Sr. Presidente desta sessão, eminente Senador Antonio Anastasia, cumprimento os demais Senadores na pessoa do Líder do MDB nesta Casa, Senador Eduardo Braga, e cumprimento os familiares do Senador Nilo Coelho na pessoa de Cézar Coutinho, genro do homenageado, casado que foi com minha prima Maria Dulce. Em nome dela, evocando a sua memória, cumprimento todas as filhas do Senador Nilo Coelho, que nos acompanham pela TV Senado nesta homenagem que o Senado Federal presta ao centenário de nascimento do Senador Nilo de Souza Coelho.

    De igual forma, agradeço a presença a alguns convidados, que, mesmo neste tempo de pandemia, fizeram esse esforço para que aqui estivessem presentes para render a sua homenagem ao Dr. Nilo.

    A presença, nesta sessão, do meu amigo Vandenberg Machado, que foi servidor desta Casa e que trabalhou ao lado de Nilo Coelho quando Senador da República e Presidente do Senado Federal, muito me alegra e alegra todos os familiares. Em nome dele, cumprimento todos os servidores da Casa que prestigiam a nossa homenagem.

    Registro também a presença do Deputado Fernando Filho, que é sobrinho-neto do Senador Nilo Coelho, e também do meu irmão Caio Coelho, que representa aqui todos os sobrinhos do Senador Nilo, que se espalham por São Paulo, pela Bahia, por Pernambuco e por outros Estados do Brasil.

    Agradeço também a presença ao representante da Codevasf, que foi uma empresa que, de certa forma, teve uma contribuição muito decisiva da ação política do Dr. Nilo. Agradeço a presença ao Dr. Napoleão, que é Diretor e que aqui representa a Presidência da Codevasf nesta sessão.

    Portanto, a todos que aqui estão presentes e aos muitos que nos acompanham de forma remota, o meu muito-obrigado por essa assistência.

    Sr. Presidente, com grande honra, subo à tribuna do Senado Federal para homenagear o centenário de nascimento de Nilo de Souza Coelho, uma honra não só pelos laços de sangue que me unem a Nilo Coelho, mas por sua trajetória de homem público comprometido com a justiça social e com o desenvolvimento de Pernambuco e do Nordeste.

    Nilo Coelho nasceu em 2 de novembro de 1920, em Petrolina, no sertão de Pernambuco. Casou-se com Maria Thereza Brennand, com quem teve cinco filhas e um filho, que faleceu muito novo.

    Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia, ingressou na política em 1946, ao eleger-se Deputado Estadual. Em 1950, elegeu-se para a Câmara dos Deputados, onde permaneceu por quatro legislaturas.

    Em 1952, a convite do Governador Etelvino Lins, assumiu a Secretaria da Fazenda de Pernambuco.

    Em 1966, teve a oportunidade de apresentar seu nome para concorrer a Governador nas eleições históricas daquele ano. Indicado pelo seu partido, Arena, Nilo Coelho foi eleito pela Assembleia Legislativa, derrotando o Gen. Antônio Carlos Muricy, Comandante da 7ª Região Militar.

    Ao tomar posse, em 3 de janeiro de 1967, abraçou o compromisso de governar de costas para o mar, de modo que a sua administração foi marcada por obras estruturantes que integraram o sertão às demais regiões do Estado. Nesse sentido, são emblemáticas as obras de construção da estrada que liga Recife a Petrolina – são mais de 760km – e de ampliação da rede de eletrificação rural, levando energia a mais de 200 distritos do interior do Estado. Criou a Universidade de Pernambuco e era um grande entusiasta da cultura popular pernambucana. Tinha verdadeira paixão pelo Carnaval. No Baile dos Casados ou na Avenida Guararapes, foi o Governador mais folião da história do Carnaval de Pernambuco.

    Somente um espírito arrebatado e impetuoso como o de Nilo Coelho seria capaz de transformar uma região árida, como o Vale do São Francisco, em um grande polo de desenvolvimento, um dos maiores do interior do Nordeste brasileiro, a partir da implementação dos perímetros irrigados. Esse, sim, foi o maior legado de Nilo Coelho.

    Em 1978, após um período afastado da vida pública, Nilo Coelho foi eleito Senador e, com ascensão vertiginosa, ocupou os cargos de Vice-Presidente do Senado, Líder do Governo e Presidente do Senado e do Congresso Nacional. Em todos os cargos, esteve à altura dos desafios e responsabilidades que o momento histórico impunha.

    Hábil articulador político, soube ser líder. Não admitia bravatas. Impetuoso, não se deixava abater pelas dificuldades. Nunca se afastou da formação moral, do caráter reto e do compromisso com o bem comum. Na Presidência do Congresso, trabalhou com a altivez que lhe era característica pela afirmação do Parlamento brasileiro.

    Lembro o episódio que selou seu destino de grande homem público. Ao presidir sessão do Congresso em que se apreciava o decreto-lei sobre política salarial, contrariou os interesses do seu partido e proferiu a célebre frase: "Não sou Presidente do congresso do PDS; sou Presidente do Congresso do Brasil".

    Naquele mesmo ano de 1983, no dia 9 de novembro, faleceu vítima de infarto, empobrecendo a cena política nacional.

    Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, falar sobre Nilo Coelho é falar sobre a força e a resiliência do sertão. Seu ideário político, do qual compartilho, era forjado na defesa da justiça social, na luta contra a pobreza rural e na atenção às questões da Região Nordeste. Foi incansável no esforço de criar as condições para o desenvolvimento sustentável do sertão. Ao compreender que o acesso à água era o motor desse desenvolvimento, atuou para implementar os perímetros irrigados do Vale do São Francisco. Hoje, a região produz riquezas. É responsável por 90% das exportações de uva e manga do Brasil, um negócio pujante que gera mais de 360 mil empregos diretos; um sonho que começou com Nilo Coelho e que vive na memória e no coração da sua gente.

    Antes de encerrar, Sr. Presidente, lembro que o Brasil vive hoje um dos momentos mais difíceis da sua história. Ao mesmo tempo em que enfrentamos uma grave pandemia, temos o desafio de encontrar as soluções para os problemas econômicos e de devolver a esperança a um país enlutado.

    Neste momento de gravidade, o exemplo e o legado de Nilo Coelho servem de inspiração para todos aqueles que colocam o bem comum acima das paixões políticas. Nesse sentido, peço licença para reproduzir um trecho do discurso de posse de Nilo Coelho como Presidente desta Casa. Dizia Nilo: "O bem comum, que nos cabe promover, exige a fertilidade do diálogo, da negociação e do entendimento. Não há barreiras políticas insuperáveis, quando se trata de atender aos anseios do povo e aos interesses da Pátria".

    O Senado Federal se engrandece ao realizar tão justa homenagem e, portanto, recebam os meus cumprimentos, Presidente Davi Alcolumbre; Senador Antonio Anastasia, que preside esta sessão; meus nobres colegas Senadores e Senadoras; amigos e familiares de Nilo Coelho.

    Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/11/2020 - Página 9