Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Programa Pró-Amazônia Legal, do Governo Federal, supostamente por prejudicar o Estado do Amazonas e a Zona Franca de Manaus.

Comentário sobre a relação de preservação da Floresta Amazônica com a Zona Franca de Manaus.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Energia, Governo Federal, Transporte Hidroviário:
  • Críticas ao Programa Pró-Amazônia Legal, do Governo Federal, supostamente por prejudicar o Estado do Amazonas e a Zona Franca de Manaus.
Economia e Desenvolvimento, Vegetação Nativa:
  • Comentário sobre a relação de preservação da Floresta Amazônica com a Zona Franca de Manaus.
Publicação
Publicação no DSF de 05/05/2022 - Página 17
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Infraestrutura > Minas e Energia > Energia
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Hidroviário
Economia e Desenvolvimento
Meio Ambiente > Vegetação Nativa
Indexação
  • CRITICA, PROGRAMA, Amazônia Legal, GOVERNO FEDERAL, PREJUIZO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ZONA FRANCA, MANAUS (AM), REDUÇÃO, ESTRUTURA, SISTEMA DE GERAÇÃO, CUSTO, ENERGIA ELETRICA, NAVEGAÇÃO, RIO MADEIRA, RIO TOCANTINS, MINISTRO DE ESTADO, PAULO GUEDES, MINISTERIO DA ECONOMIA.
  • COMENTARIO, RELAÇÃO, PRESERVAÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, ZONA FRANCA, MANAUS (AM).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, justamente no momento em que se discutem as gravíssimas perdas impostas à competitividade da Zona Franca de Manaus, o Palácio do Planalto editou, nesta terça-feira, 3 de maio, decreto que regulamenta um certo Programa de Redução Estrutural de Custos de Geração de Energia na Amazônia Legal e para Navegabilidade do Rio Madeira e do Rio Tocantins – só pelo nome já se viu –, dando-lhe o apelido mais sonoro de Pró-Amazônia Legal.

    É inevitável que um desavisado imagine que se trata de uma forma de compensar as perdas impostas à Zona Franca e, por tabela, a toda a Amazônia brasileira. Na verdade, o Pró-Amazônia Legal cumpre uma disposição legislativa para o processo de desestatização da Eletrobras.

    Pelo decreto, o programa receberá, a partir de janeiro de 2023, recursos anuais de 295 milhões, valor que será atualizado pelo IPCA, pelo prazo de dez anos, e compreenderá a implementação de medidas que aprimorem a navegabilidade do Rio Madeira e do Rio Tocantins. O programa também prevê...

    Eu vou até me poupar de dizer o que o programa prevê, porque foi criado um comitê para cuidar desse programa, que pode até nutrir obras durante a sua duração, mas que jamais dará parte dos empregos que a Zona Franca proporciona. Uma coisa é completamente diferente da outra. Uma é conduzir obras e garantir algum investimento regional, que é o caso do Pró-Amazônia Legal; outra é proporcionar desenvolvimento sustentável, com a criação de empregos, oferta de alternativas, preservação da floresta – acima de tudo, sempre empregos.

    Eu quero aqui, Sr. Presidente, abandonar o que está escrito, porque, pelo tamanho do nome do programa, Kajuru, Senador Fernando Collor, já se vê que é uma coisa para não sair do papel – um comitê com esse tamanho todo.

    Estão tirando a competitividade da Zona Franca de Manaus, ignorando que é um modelo que deu certo e que hoje emprega 87 mil pessoas diretamente – e aí podemos falar de 500 mil pessoas indiretamente –, que arrecada mais de US$100 bilhões e que tem sido para todos nós um motivo de redenção.

    O Amazonas hoje, segundo o IBGE, tem 47% de sua população vivendo abaixo da linha da pobreza. A Amazônia, segundo o Unicef, tem 9 milhões de lares que não têm renda para uma cesta básica. E isso com a Zona Franca, isso com todas as regalias, como o Ministro Paulo Guedes chama, da Zona Franca! Imaginem o Amazonas, neste momento, sem 87 mil empregos! Imaginem a Amazônia sem emprego mais do que está no momento! É por isso que ontem eu chamei de hipócritas aqueles que defendem a floresta e não olham para nós! Presidente Collor, hoje, o Amazonas preserva 97% de sua floresta, o que foi uma consequência do advento da Zona Franca – não foi o objetivo, mas foi a consequência. E a gente chama para aliados essas pessoas que querem a floresta de pé, mas só querem ajudar onde desmatam, não querem ajudar onde não se desmata.

    O Ministro Paulo Guedes, do alto do seu conhecimento da Escola de Chicago, chegou a dizer que é melhor jogar dinheiro de helicóptero no Amazonas do que continuar dando subsídio, o que mostra, além da ignorância, uma pedância enorme.

    Da tribuna do Senado, mais uma vez e sempre – mais uma vez e sempre –, não é possível acabar com o modelo que deu certo: o modelo que arrecada, que desenvolve, que nos tira do isolamento.

    Já nos negam a BR-319...

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM) – O amazonense não tem o direito de ir e vir, via terrestre, pelo Brasil. Não tem. Vamos para a Venezuela, mas para o Brasil não podemos ir por causa da BR-319. Temos as amarras, os cadeados que nos prendem à questão ambiental. Temos o inimigo chamado Justiça Federal ou a Procuradoria de Justiça Federal, pois há sempre liminar nos impedindo de fazer tudo. Exemplo disso é o potássio de Autazes: mais de US$200 milhões investidos pela Potássio do Brasil, e a gente não consegue desenvolver, porque encontraram resquícios – resquícios – de vasos de indígenas, de artesanato indígena.

    Fica aqui o registro.

    Esse comitê, esse programa cujo nome eu disse aqui não passa de enganação para passar para a comunidade amazonense que é a compensação pelas perdas que a Zona Franca está sofrendo. Não nos enganam, não nos iludem! Estão atingindo de morte o Amazonas e estão atingindo de morte a Amazônia. O nome disso chama-se Governo Federal.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/05/2022 - Página 17