Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discurso de posse de S. Exa. no Senado Federal.

Autor
Eduardo Velloso (UNIÃO - União Brasil/AC)
Nome completo: Eduardo Ovídio Borges de Velloso Vianna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política, Desporto e Lazer, Meio Ambiente, Proteção Social, Saneamento Básico, Saúde Pública, Transporte Terrestre:
  • Discurso de posse de S. Exa. no Senado Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2022 - Página 15
Assuntos
Outros > Atividade Política
Política Social > Desporto e Lazer
Meio Ambiente
Política Social > Proteção Social
Política Social > Saúde > Saneamento Básico
Política Social > Saúde > Saúde Pública
Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Terrestre
Indexação
  • DISCURSO, POSSE, SENADO, CARGO, SENADOR, ESTADO DO ACRE (AC), SUPLENTE, MARCIO BITTAR.
  • COMENTARIO, PRIORIDADE, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, SAUDE, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), TRATAMENTO MEDICO, DESLOCAMENTO, ASSISTENCIA MEDICA, OFTALMOLOGIA, REDUÇÃO, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL, RENDA, SALARIO, DESTAQUE, IMPORTANCIA, ESPORTE.
  • REGISTRO, INTEGRAÇÃO, TERRITORIO, ESTADO DO ACRE (AC), BRASIL, PREOCUPAÇÃO, POBREZA, RIO BRANCO (AC), SANEAMENTO BASICO, COMBATE, DOENÇA.
  • COMENTARIO, EXPLORAÇÃO, EQUILIBRIO ECOLOGICO, MEIO AMBIENTE.
  • DEFESA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, LIGAÇÃO, INFRAESTRUTURA, RODOVIA, AMERICA DO SUL, PAIS ESTRANGEIRO, PERU.

    O SR. EDUARDO VELLOSO (UNIÃO - AC. Para discursar.) – Exmo. Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores e toda população que nos assiste pela TV Senado, primeiramente, quero agradecer a Deus por este momento e peço que continue me abençoando e me protegendo, cada dia mais, juntamente com todos nós brasileiros.

    Hoje é um dia muito especial em minha vida, pois me encho ainda mais de esperança em saber que posso contribuir com a nação brasileira no sentido de nos tornarmos um país mais justo e democrático, diminuindo, assim, as desigualdades sociais.

    Assumo aqui uma cadeira em substituição ao amigo irmão Senador Marcio Bittar, do qual tenho muito orgulho pelo seu trabalho desenvolvido aqui nesta Casa tão ilustre que é o Senado Federal.

    Gostaria, agora, de definir minhas prioridades no mandato.

    E, como todo bom médico, em primeiro lugar, vou me concentrar no tema saúde, saúde que, nestes últimos dois anos de pandemia, foi o tema mais comentado por todos nós brasileiros. Pertenço a uma geração embalada pelo sonho de um Sistema Único de Saúde mais ativo, principalmente para os municípios menos desenvolvidos. Muitos de vocês podem nem saber o que significa TFD. É quando um paciente tem que fazer o tratamento fora de seu domicílio, o que, no meu Estado do Acre, é uma palavra bem comum – acho até que toda a população sabe o que é. Falo isso, porque fico muito comovido em ver muitos acrianos fazendo tratamento oncológico em outros estados, tendo que se deslocar por vários fatores, seja por falta de médicos, seja por falta de infraestrutura. Precisamos, Srs. Senadores, trabalhar nisso, principalmente para o Norte do nosso Brasil. Muitos cidadãos morrem antes mesmo de conseguirem se deslocar para o seu tratamento. Já no tema de políticas públicas de saúde, temos que defender a inclusão da oftalmologia, que é a minha formação, na atenção básica da saúde brasileira e, assim, facilitar o acesso a uma das mais buscadas subespecialidades de que população brasileira necessita. Pasmem: segundo uma pesquisa veiculada pela revista Veja, em nosso país, 34% da população declaram jamais ter sido atendida por um oftalmologista.

    Em segundo lugar, quero plantar uma semente e discutir, no Senado, maneiras de poder reduzir as desigualdades da renda brasileira, notadamente, o hiato entre os valores pagos como teto e o salário mínimo, que hoje está por volta de 30 vezes mais aqui no nosso serviço público. Temos que refletir, pois essa desigualdade afeta diretamente o crescimento do nosso país, distanciando-nos da realidade de países mais justos e mais desenvolvidos.

    Em terceiro lugar, em meu mandato como Senador, quero apoiar a prática de esportes, mas de forma a incluí-la melhor no nosso sistema educacional. O esporte, Sr. Presidente, é emancipatório, porque ensina aos jovens o valor da disciplina e, além disso, melhora a saúde e a qualidade de vida da nossa população. Este, então, é um tema que requer políticas públicas criativas e eficazes. No meu Estado do Acre, o esporte foi visto, muitas vezes, sob uma ótica estritamente desenvolvimentista, criar e ampliar espaços, mas não podemos descurar da promoção da capacitação profissional e da continuidade dos programas; precisamos debater estratégias que alcancem essas metas.

    Além das prioridades, quero também me concentrar em temas que são caros à nossa população acriana. O Acre constitui caso emblemático no quadro mais amplo das desigualdades regionais. Nosso estado se integrou ao território brasileiro a partir de 1903, quando foi anexado após a Revolução Acriana, movimento que envolveu, entre outros fatores, uma disputa acirrada pelo controle da exploração de seringa na região.

    Em 1912, o Acre foi decretado território federal, administrado por um governo nomeado pela Presidência da República e passou à condição de estado em 1962. De lá para cá, muito se modificou no próspero processo de integração e participação do estado nas questões nacionais. Todavia, ninguém se furtaria a reconhecer que a pauta socioeconômica prevalece nas décadas recentes como um dos pontos mais agudos da agenda nacional.

    Os índices de pobreza que caracterizam a Região Norte do nosso país ainda persistem. Desde 2007, o Instituto Trata Brasil estuda a capital do Acre, Rio Branco, e suas deficiências sanitárias. Com base nos indicadores das cem maiores cidades, seu ranking de saneamento aponta que nossa capital, há muitos anos, está sempre entre as piores do nosso país. No relatório do ano passado, de 2021, a capital estava na 92ª posição entre as cem cidades estudadas. Isso evidencia que tanto o estado quanto a capital têm desafios enormes, principalmente no nosso saneamento básico. Pior que isso: os dados comprovam que tais desafios, mesmo assim, ainda se situam muito distantes das metas previstas do nosso marco legal do saneamento. É evidente que a escassez de serviços de saneamentos do Acre dificulta o combate a doenças das mais diversas e complexas.

    Diante dos trágicos números, tomou-se conhecimento de que apenas 48% da população têm acesso à água potável no nosso estado e somente 10% dos acrianos têm esgoto coletado. Agora, se observamos os potenciais de exploração econômica do estado, certificamo-nos de que a nossa ousadia agrícola e empresarial ainda patina em solo muito modesto. Ora, temos mais de 85% da nossa floresta preservada e nosso estado é marcado pela abundância de rios, cachoeiras, corredeiras e muitas quedas d’água. Não há como negar que temos um riquíssimo patrimônio ambiental que necessita, sim, ser explorado de forma racional e equilibrada, pois a política pública das últimas duas décadas se ampara, basicamente, na exploração primitiva de recursos da floresta, principalmente a castanha do Brasil. Como resultado desse modelo, chamado florestania, nos encontramos como um dos estados mais pobres da Federação brasileira e mais dependentes do Governo Federal.

    Por outro lado, Srs. Senadores e Sras. Senadoras, de nada adianta ocupar este cargo tão distinto se os interesses do Parlamentar não fossem ocupados por questões de legítima reivindicação popular. No caso do Acre, tenho convicção de que alguns problemas parecem ser mais prementes que outros. Sem demagogias populistas, é preciso, sim, maior investimento em áreas de infraestrutura, mobilidade urbana, gestão pública e produção rural. Mas, antes, precisamos pensar em uma viabilidade econômica para melhorar o nosso Estado do Acre e o nosso Brasil.

    Por isso, quero deixar, nos Anais do Senado Federal, como tema do meu discurso, a seguinte frase: o Acre é a porta de abertura do Brasil para a América do Sul. Tenho certeza de que temos que concretizar o sonho de termos uma estrada que liga a cidade de Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru e, assim, melhorar a viabilidade econômica de vários estados, principalmente os do norte do Brasil.

    Eu nunca vi, senhores, uma estrada não levar desenvolvimento a qualquer que seja o lugar, mas temos entidades que tentam pregar isso. A construção de estradas está amparada na nossa Constituição Federal – art. 4º, parágrafo único –, que diz: "A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações". Ou seja, estamos apenas respeitando o que diz a nossa Constituição, que é a nossa Carta Magna e, assim, consolidando um novo marco comercial para o nosso estado e o nosso Brasil através de mais uma saída para o Pacífico.

    Em suma, senhoras e senhores, o Acre tem pressa em se preparar, finalmente, para o progresso econômico e social. Tantos de nós, representantes Parlamentares, temos que nos comprometer com projetos como este que promovam o desenvolvimento da economia local, proporcionando emprego e renda para a nossa população. Temos que arregaçar as nossas mangas para uma tarefa que exige muita articulação política.

    Por fim, não poderia dispensar agradecimentos especiais a entes queridos que tanto contribuíram, na minha história de vida, para este momento tão especial. Gostaria de agradecer, primeiramente, ao povo acriano, que deposita muita esperança e confiança no meu desempenho parlamentar. E tal confiança deve, indiscutivelmente, ser creditada ao amigo e irmão Senador Marcio Bittar, graças a quem estou aqui, em uma missão tão nobre, a serviço do nosso Acre e do nosso Brasil.

    Quero destinar afetuoso agradecimento a meu pai, Paulo Velloso, de quem recebi os ensinamentos mais preciosos da minha vida, que se estendem do caráter à disciplina. À minha mãe Rosa, não poderia deixar de agradecer os ensinamentos, fundados no respeito ao próximo e na valorização da família, e aqui ressaltar o companheirismo das minhas duas irmãs, Juliana e Luciana.

    Por fim, à minha esposa Rejane, dedico um agradecimento carinhoso pela companheira que é e pelo alicerce que representa na minha trajetória pessoal e política, sem me esquecer dos nossos três diamantes, que estamos polindo para enfrentar o mundo, os nossos filhos Bruna, Eduardo e Beatriz. Eu amo muito vocês!

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2022 - Página 15