Discurso durante a 97ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo em favor do respeito e da racionalidade nas discussões políticas.

Autor
Oriovisto Guimarães (PODEMOS - Podemos/PR)
Nome completo: Oriovisto Guimaraes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política:
  • Apelo em favor do respeito e da racionalidade nas discussões políticas.
Publicação
Publicação no DSF de 05/10/2022 - Página 43
Assunto
Outros > Atividade Política
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, RESPEITO, PROCESSO DE CONHECIMENTO, REFERENCIA, DISCUSSÃO, POLITICA, PERIODO, ELEIÇÃO, DIVERGENCIA, IDEOLOGIA, DEMOCRACIA.

    O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Para discursar. Por videoconferência.) – Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Eu quero usar a palavra no dia de hoje para fazer um apelo a todos os meus colegas Senadores, ao mesmo tempo em que faço um apelo a todos os brasileiros. O meu apelo é no sentido de que as paixões não substituam a nossa razão.

    Professor de Matemática, que sempre fui, aprendi a ver a beleza que existe na lógica, no raciocínio, na possibilidade de prever o futuro raciocinando. Não será com paixões que nós vamos construir este país. Existe um lugar nas nossas vidas para o sentimento. Existe um lugar mesmo para as paixões, mas elas não podem nos governar.

    O Brasil está literalmente dividido. Dividido entre dois polos. Já esteve na eleição passada e continua dividido nesta eleição. É preciso, antes de mais nada, fazer um louvor à democracia. E democracia é, sobretudo, o respeito àqueles cuja opinião é diferente da nossa.

    Concordar com aqueles que pensam como nós não significa ser democrata. Isso significa demonstrar capacidade de cumplicidade na mesma ideia. Isso é pouco. É preciso respeitar profundamente aquele que pensa diferente de nós. Ninguém é melhor que o outro. A beleza da democracia está exatamente nessa possibilidade de alternância do poder.

    Quero lembrar também que a democracia se sustenta por três Poderes. A democracia não existiria se tivéssemos apenas um Poder. E quando a Constituição fala que esses Poderes devem ser harmônicos, ela não quer dizer que esses Poderes tenham que ser alinhados. O alinhamento, quando supera a harmonia, mata a democracia.

    Nós precisamos ter voz própria enquanto legisladores. Eu defendo a independência do Legislativo como sendo um Poder e que cumpra o seu papel. Eu tratarei igualmente bem tanto o Presidente Jair Bolsonaro, se for reeleito, como tratarei igualmente bem o Presidente Lula da Silva, se for, também, reeleito, porque eles serão Presidentes do Brasil. Eles expressarão a vontade da maioria.

    É nossa obrigação enquanto legisladores analisarmos cada proposta que eles nos enviarem e nos posicionarmos. Nos últimos quatro anos, em 80% das propostas do Presidente Jair Bolsonaro eu votei favoravelmente. Achei que seria bom para o Brasil, apoiei. E em algumas, em cerca de 20%, me posicionei radicalmente contrário.

    Isso é a beleza da democracia: três Poderes e não um único Poder; respeito ao divergente e não simplesmente cumplicidade e irracionalidade, venha ela da direita, venha ela da esquerda. É preciso que este Senado não permita que aqui no nosso Plenário imperem as paixões.

    Nós temos outras obrigações a cumprir com o Brasil, como estamos fazendo ao longo desses quatro anos e, tenho certeza, faremos ao longo dos próximos anos. O exemplo que damos aqui tratando com respeito os desiguais, tratando com respeito aquele colega que é de um partido e que é de outro que se opõe a ele...

(Soa a campainha.)

    O SR. ORIOVISTO GUIMARÃES (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR) – ... é esse exemplo que a nação tem que seguir.

    E nós não podemos imitar aquilo que de pior acontece na nação, pelo contrário, que é se perder em paixões. Nós temos que dar o exemplo da convivência civilizada com aqueles que pensam diferentemente de nós.

    Após as eleições, que sejamos um único país e que continuemos democratas, que sejamos todos irmãos, que trabalhemos juntos, que as famílias não briguem entre si, que os familiares não se desrespeitem por causa de política, ou de futebol, ou de qualquer outra coisa. É preciso construir o Brasil com a união de todos os brasileiros. E essa união só é possível respeitando aquele que pensa diferente de nós.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/10/2022 - Página 43