Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Exposição sobre a importância do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, celebrado em 2 de abril. Destaque para a importância da Lei nº 13146, de 2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Reflexão sobre a memória do Pastor Martin Luther King Jr., ícone na luta contra o racismo, assassinado em 4 de abril de 1968, nos Estados Unidos da América.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Direitos Humanos e Minorias:
  • Exposição sobre a importância do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, celebrado em 2 de abril. Destaque para a importância da Lei nº 13146, de 2015, que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Reflexão sobre a memória do Pastor Martin Luther King Jr., ícone na luta contra o racismo, assassinado em 4 de abril de 1968, nos Estados Unidos da América.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2023 - Página 12
Assunto
Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
Indexação
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, DIA INTERNACIONAL, CONSCIENTIZAÇÃO, AUTISMO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), LEI BRASILEIRA, CRIAÇÃO, ESTATUTO, PESSOA COM DEFICIENCIA, CITAÇÃO, PASTOR, MARTIN LUTHER KING, LUTA, COMBATE, RACISMO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar. Por videoconferência.) – Boa tarde, Presidente Rodrigo Cunha! É uma satisfação falar sob sua orientação.

    Senadores e Senadoras, domingo passado, 2 de abril, foi celebrado o Dia Mundial do Autismo. A data foi instituída no ano de 2007 pela ONU. O dia foi definido como o marco da mobilização mundial para refletir sobre esse tema.

    As pessoas sofrem e sabem o que vem a ser o autismo e informar sobre a necessidade do diagnóstico do tratamento precoce: na reabilitação, na educação e no trabalho. Mas não é só isso. Os cuidados com as pessoas com transtorno do espectro autista deve ser uma preocupação para toda a vida. Os serviços de saúde precisam estar cada vez mais preparados para um atendimento multiprofissional, bem como de uma rede de cuidados. Isso é o que determina a Lei 12.764, de 2012, que instituiu a Política Nacional do Direito da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

    Eu confesso que me sinto um privilegiado, pois eu tive o privilégio de ter sido um dos condutores na Comissão de Direitos Humanos, quando fui procurado por um grupo de pais, mães e jovens, para construir a proposta.

    Mas também eu digo que, do outro lado, sempre teve um olhar social para o autismo. Então, ele não pode ser visto apenas como um transtorno a ser curado – há sim uma realidade social. Os comportamentos diferenciados que muitos autistas apresentam devem ser respeitados e compreendidos como uma forma de expressão. Costuma-se dizer que uma criança autista não se comunica e vive em um mundo próprio. Desconstruir essa noção é o primeiro passo para que não se isolem essas pessoas, perceber que as pessoas autistas são capazes de aprender, de se desenvolverem e que elas podem se comunicar sim com aqueles que as cercam e perceber a necessidade de incluí-las, de respeitá-las em seus direitos e no próprio desenvolvimento.

    De acordo com o Centro para Controle de Doenças e Prevenção, em média, 1, a cada 110 crianças nascidas nos Estados Unidos, é autista. Segundo dados da ONU, no Brasil são mais de 2 milhões de pessoas com autismo. Faço nessa fala uma homenagem às famílias, às crianças e aos adultos que vivem no dia a dia com autismo.

    Enfim, o que muito tem contribuído para desmistificar e derrubar muitas ideias sobre o autismo e o preconceito é a comunicação, é a troca de informação entre os familiares, especialistas e principalmente os próprios autistas, que têm assumido cada vez mais o protagonismo da sua história.

    Presidente, a Lei 13.146, de 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, Presidente Rodrigo Cunha, tem como princípio o protagonismo de todas as pessoas com deficiência: autistas, deficiências físicas, auditivas, visuais, síndrome de Down. Enfim, o Estatuto é um dos principais instrumentos de emancipação civil – e por que não dizer social? – dessa parcela da sociedade, que consolidou as leis existentes e avançou nos princípios da cidadania. São 127 artigos no Estatuto, que dizem respeito à saúde, à educação, ao trabalho, ao lazer, à habilitação, à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, entre outros.

    Lá também, Presidente, nós estamos indicando a penalização para quem descumprir o que manda a lei.

    Alguns pontos de destaque: atendimento prioritário em situação de socorro; disponibilização de pontos de parada; estações e terminais acessíveis de transporte, naturalmente, de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque. Às vezes, por falta de cuidado, você acaba causando um acidente para essas pessoas.

    Temos também ali: uma reserva de 3% das unidades habitacionais que utilizarem recursos públicos; estímulo ao empreendedorismo, ao trabalho autônomo, com disponibilidade de linhas de crédito; ofertas de ensino em libras e em braile; sistema público com espaços arquitetônicos adequados, acessíveis; espaços culturais e esportivos com a devida acessibilidade.

    Enfim, Presidente Rodrigo Cunha, eu concluo esta minha fala reiterando minha saudação ao Dia Mundial do Autismo e meu compromisso, eu diria de todos nós, com a proteção, a inclusão e o respeito a todos os direitos dos autistas.

    Presidente, para concluir, só quero lembrar que, no dia de hoje, dia 4 de abril, há 55 anos, em 1968, era assassinado Martin Luther King, pacifista, ícone na luta contra o racismo e toda forma de preconceito, ativista dos direitos humanos e dos direitos civis. Sua vida foi marcada pela busca de uma sociedade justa e igualitária em que todos, todos sejam respeitados.

    O sonho dele está sempre junto a todos nós, nos acompanhando, nos embalando, eu diria em suaves canções, com suas palavras em nossos ouvidos, quando ele disse, naquele discurso histórico sobre Washington: "Sonho quando meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos; eu tenho um sonho hoje".

    Com essas palavras, eu termino, Sr. Presidente, dizendo que para mim hoje é uma data histórica, tanto pela luta do autismo como também por poder lembrar do grande líder pacifista, humanista, Martin Luther King.

    Obrigado, Presidente Rodrigo Cunha.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2023 - Página 12