Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Aplausos aos Senadores Paulo Paim e Styvenson Valentim pela participação na audiência pública sobre o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.

Repúdio aos atos de racismo contra o jogador de futebol Vinícius Júnior, que ocorreram durante partida do Campeonato Espanhol, em Valência.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Data Comemorativa:
  • Aplausos aos Senadores Paulo Paim e Styvenson Valentim pela participação na audiência pública sobre o Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
Direitos Humanos e Minorias:
  • Repúdio aos atos de racismo contra o jogador de futebol Vinícius Júnior, que ocorreram durante partida do Campeonato Espanhol, em Valência.
Publicação
Publicação no DSF de 24/05/2023 - Página 11
Assuntos
Honorífico > Data Comemorativa
Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
Indexação
  • ELOGIO, PAULO PAIM, STYVENSON VALENTIM, SENADOR, PARTICIPAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, DIA NACIONAL, LUTA, POLITICA ANTIMANICOMIAL.
  • REPUDIO, ATO, RACISMO, VITIMA, ATLETA PROFISSIONAL, FUTEBOL, PAIS ESTRANGEIRO, ESPANHA, VALENCIA.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Meus também, amigo, irmão, exemplo ético da Paraíba, Senador Veneziano Vital do Rêgo.

    Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, primeiro o meu aplauso ao Senador Paulo Paim, ao Senador Capitão Styvenson Valentim e aos outros presentes na importante audiência pública de hoje, que me faz aqui trazer uma frase definitiva, que é simples: retrocesso não, manicômio nunca mais.

    Esse é um assunto que precisa... E eu hoje entrei com um requerimento, junto com a Senadora Damares Alves, para mais uma audiência pública na Comissão de Segurança Pública.

    Mais uma vez – e peço atenção especial do Senador Paim, porque tocastes nesse assunto ontem, só que hoje tem uma novidade diferente de ontem – eu vou tratar de futebol, o esporte mais popular do mundo, que ainda não conseguiu estabelecer a consonância entre o comportamento das pessoas no palco em que é disputado e os regramentos sociais e legais.

    Tem muita gente que vai a um estádio de futebol sem nenhum intuito de mergulhar na magia do lúdico esporte. São pessoas que lá estão para extravasar frustrações ou aproveitar o anonimato em meio à multidão e mostrar a coragem que não têm na defesa de posturas questionáveis. Contam, é claro, com a omissão de quem responde pela organização das competições e também das chamadas autoridades constituídas.

    Aí, o que vemos são estádios transformados em ambientes fora da lei, como se neles se pudesse fazer impunemente o que não é permitido. Até que uma hora a selvageria precisa ser contida, é necessária a imposição de limites, como estamos vendo no futebol da Espanha – Espanha –, onde as manifestações de racismo em estádios de futebol vêm maculando os times, os responsáveis pelas competições e até a imagem do país.

    No meio do turbilhão, está um jovem brasileiro, negro, de origem pobre, protagonista no esporte que se transformou numa de nossas maiores manifestações culturais, fator de identidade, que nós brasileiros temos a obrigação de preservar.

    Felizmente, Vinicius Jr. não está sozinho. Faço questão de louvar a atitude do Governo Lula ao se solidarizar e defender com veemência o jogador do Real Madrid, que há mais de dois anos vem sendo alvo constante de racismo na Espanha, sem nenhuma providência tomada, a não ser as protocolares e ridículas manifestações de repúdio. Não podia ser diferente.

    O que aconteceu domingo, em Valência, na Espanha, com milhares de pessoas gritando ofensas racistas contra o jogador brasileiro, ultrapassou o limite do admissível, Presidente Veneziano, agride o mínimo padrão civilizatório, agride o bom senso, sob todos os aspectos. Se fosse seguida a recomendação da FIFA, a partida teria sido encerrada, senhoras e senhores.

    Depois da retomada das ofensas, depois que ela foi paralisada, isso não aconteceu, e Vinicius ainda foi expulso – pasmem! – , porque o tal do VAR, de que eu tenho nojo, só mostrou à arbitragem imagens com a reação dele a uma agressão. Não exibiu cenas do adversário aplicando no brasileiro – pasmem de novo! – um golpe de luta chamado mata-leão, a popular gravata.

    Vinicius Jr., um guerreiro, reagiu bravamente nas redes sociais, em confronto direto com o Presidente da liga de futebol espanhola, cujo nome nem vou dizer, figura chula, lusco-fusco, polichinclo – procure no dicionário, analfabeto –, que nunca se posicionou contra o racismo, mas defendeu de público um atleta ucraniano que a torcida de seu time chamou de nazista.

    A postura estoica de Vinicius Jr. teve repercussão: atletas importantes, entidades esportivas e até patrocinadores se solidarizaram com ele.

    E o Governo Lula agiu, o que certamente não teria acontecido, por razões óbvias, na gestão Bolsonaro. O Presidente Lula, ainda no Japão, por causa da reunião do G7, criticou os ataques a Vinicius Jr. e pediu a apuração dos fatos ontem mesmo. Nota oficial do Governo, assinada em conjunto pelos Ministérios das Relações Exteriores, da Igualdade Racial, do Esporte e dos Direitos Humanos e da Cidadania, lamentou os episódios de racismo e cobrou providências de autoridades esportivas e governamentais da Espanha.

    Coincidência ou não – por isso disse que a mim caberia fazer este pronunciamento, depois das sempre extraordinárias palavras do Senador Paulo Paim...

    Repito: coincidência ou não, Presidente Veneziano Vital do Rêgo, houve o resultado hoje. O Governo agiu ontem e, em 24 horas, foram presos três torcedores identificados pelo Clube Valencia pelos insultos de domingo passado. E também hoje, quatro meses depois, a política prendeu quatro pessoas suspeitas de participação em episódio revoltante, registrado em janeiro, antes da partida entre Real e Atlético Madrid: um boneco, com a camisa de Vinícius Júnior, apareceu pendurado numa ponta, em Madri.

    Esperamos que as prisões feitas a toque de caixa não sejam mera cortina de fumaça, mas que signifiquem o fim da omissão das autoridades e que representem o início de ações concretas para acabar com as manifestações de racismo nos campos da Espanha e, por extensão, em todo o futebol mundial, inclusive aqui no Brasil. Existem leis para isso, mas elas precisam ser cumpridas.

    Vou me permitir dirigir umas palavras...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ...ao genial Vinícius Júnior, um jogador que logo estará na prateleira dos grandes, como Leônidas, Zizinho, Didi, Pelé, Garrincha, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo.

    Digo a você, Vinícius: você já realizou o sonho de jogar no Real Madrid, não precisa viver, meu filho, o pesadelo.

    Agradecidíssimo, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/05/2023 - Página 11