Discurso durante a 55ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Reprovação da recepção do Presidente da Venezuela Nicolás Maduro pelo Governo brasileiro.

Autor
Jorge Seif (PL - Partido Liberal/SC)
Nome completo: Jorge Seif Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Governo Federal:
  • Reprovação da recepção do Presidente da Venezuela Nicolás Maduro pelo Governo brasileiro.
Aparteantes
Damares Alves, Eduardo Girão.
Publicação
Publicação no DSF de 30/05/2023 - Página 22
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • CRITICA, RECEPÇÃO, NICOLAS MADURO, PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, DITADURA, COMENTARIO, REFUGIADO, MISERIA, FOME, COBRANÇA, MEDIDA, GOVERNO FEDERAL.

    O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC. Para discursar.) – Sr. Presidente, é um prazer revê-lo. Obrigado pela oportunidade.

    Senador Girão, Senador Zequinha, hoje é um dia muito triste para o Brasil e, mais uma vez, Senador Girão, eu falo em sinalizações.

    A chegada do Presidente da Venezuela Nicolás Maduro em solo brasileiro, recebendo todas as pompas de um Chefe de Estado como se ele honrado fosse, como se ele democrata fosse, como se ele respeitasse a sua população!

    Um Presidente que dissolveu o Parlamento em seu país, Senador Girão. Um Presidente que persegue, mata e tortura opositores políticos. Um Presidente que deve ao nosso país cerca de US$1,6 bilhões de empréstimos que, no passado, o Brasil remeteu àquele país, que não pagou nenhum centavo. Um Presidente que tem, acima de tudo, um mandado internacional, uma recompensa de US$15 milhões por sua captura. Esse, sim, genocida. Esse, sim, ditador. Esse, sim, um inimigo da democracia.

    Senador Zequinha, qual é o sinal que o Brasil, as instituições brasileiras estão dando para a sua população quando recebe um cidadão desse? Um genocida, narcotraficante, inimigo de seu povo, que passa por cima de manifestantes com tanques de guerra. Eu não estou inventando. Está o Google aí. Pesquisem no YouTube. Passa com tanques de guerra, com tanques do seu exército por cima de sua população.

    Nós temos hoje mais de 7 milhões de venezuelanos que saíram de seu país.

    E eu tive a oportunidade de conversar com vários deles ao longo da minha vida, a maioria deles com menos 10kg, menos 15kg por estarem passando restrições alimentares.

    Qual é o sinal que o Brasil, que o Executivo federal está dando para a nossa população? Que nós permitimos, que nós aceitamos.

    E, pasmem, nossas Forças Armadas, prestando continência para um ditador assassino como Nicolás Maduro! Isso me envergonha como Senador. Isso me envergonha como Parlamentar, como cidadão brasileiro.

    Qual é a sinalização que nós queremos dar para o nosso povo? Que a Venezuela é logo ali? Que o Brasil vai seguir os passos desse ditador? Um caloteiro do Tesouro Nacional brasileiro, Senador Zequinha. Um assassino!

    Não sobra um lá. Se levantar sua voz, o senhor é morto, o senhor é preso, o senhor é torturado, o senhor é estuprado, o senhor é afogado. Vejam os relatos na internet; não são poucos.

    E um cidadão desse, sendo recebido no Palácio presidencial da República Federativa do Brasil, o maior símbolo do maior Poder, do presidencialismo, da democracia. E ele, lá, sendo servido como um rei, servido com pompas, sendo honrado. Um homem que é desonrado, cujos pés no nosso solo nos envergonham e, cima de tudo, nos preocupam.

    Então, quero aqui, Senador Girão, fazer coro com o senhor.

    Já fiz o meu voto de repúdio ao Presidente da República pelo convite e o aceite desse cidadão, desse genocida, desse antidemocrata, desse perseguidor, desse narcotraficante, no solo sagrado da República Federativa do Brasil.

    Nós não merecemos. Nós não queremos um cidadão como esse no nosso país, ainda se falando em moeda única, ainda se falando de amizade, de cooperação. Que cooperação de um homem que não tem amor por sua própria população, Senador Girão. Não tem amor. Não respeita a democracia. Parlamento dissolvido.

    E, hoje, ruas de Brasília estão fechadas. Para chegar no Senado eu tive que dar uma volta violenta. Ou seja, além de vir ao Brasil, é recebido com toda segurança. Nossas Forças Armadas prestando continência para um assassino?

    Então, Sr. Presidente, eu...

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Queria pedir um aparte, se o senhor me permite?

    O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Eu me envergonho, eu repudio, e quero dizer, enquanto catarinense, e tenho certeza que sou voz aqui de milhões de brasileiros, e da grande maioria dos brasileiros, que esse cidadão é persona non grata no território brasileiro. E não é isso que nós queremos do Presidente Lula. Nós não queremos essas amizades. Nós não queremos essas parcerias. Nós não queremos que assassinos, narcotraficantes, com mandado expedido, internacional, de recompensa por seus malfeitos na sua pátria, estejam sendo recebidos hoje dentro do Palácio presidencial da República Federativa do Brasil.

    Eu lhe passo o aparte, Senador Girão.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Muito obrigado, Senador Jorge Seif.

    Eu queria apenas dizer que assino embaixo de tudo o que o senhor falou. É uma indignação de um cidadão. Esquece esse negócio de Senador. Isso aqui é passageiro. Nós estamos Senadores da República, é um cargo, e hoje em dia estamos muito afastados das nossas populações por demandas que não são atendidas aqui, na Casa revisora da República...

    Mas o que eu queria dizer a V. Exa. é o seguinte: é uma vergonha o que está acontecendo hoje. É um dia triste. No dia do Memorial Day, lá nos Estados Unidos, onde a memória dos combatentes, onde há todo um simbolismo, o Brasil dá esse exemplo às avessas.

    E olha, falta de aviso não foi. O TSE proibiu que se dissesse exatamente o que nós estamos dizendo aqui, o que nós estamos constatando aqui, proibiu de dizer, durante a campanha presidencial, da relação dele com o Maduro, da relação dele com o Ortega, ditadores sanguinários.

    E isso é um acinte, é um escárnio com o cidadão brasileiro que recebe – a Operação Acolhida, que eu falei há pouco tempo, e eu trouxe alguns dados aqui – pessoas que foram humilhadas naquele país, perseguidas, por essa ditadura sanguinária, repito. E o Brasil de braços abertos, como tem que ser, recebendo. Tem venezuelano em todos os Estados brasileiros.

    Eles sabem o que está acontecendo lá. Jornalistas sabem o que está acontecendo lá. Muitas matérias no lixo, mostrando o que está acontecendo em Caracas e em outras regiões.

    E o Brasil estende o tapete, literalmente, vermelho, para esse Presidente ditador, que é procurado, tem um mandado de prisão nos Estados Unidos, por tráfico de drogas.

    E aí, miséria e fome. O socialismo bolivariano mostra os seus efeitos na Venezuela. Três quartos da população vivem na miséria; um terço está passando fome. E o detalhe: dinheiro nosso foi para lá – dinheiro nosso foi para lá, como o senhor bem colocou.

    Desde 2014, quase 7 milhões de Venezuelanos deixaram o país, fugiram do país. A Venezuela se tornou o primeiro país com o maior número de deslocados e refugiados do mundo, ultrapassando países em situação de guerra como a Síria e a Ucrânia. Perseguição a opositores políticos, o regime prende e tortura quem ousa se levantar contra esta situação. É o que o senhor falou.

    E o Lula é o defensor da democracia e dos direitos humanos? É isso mesmo que a gente ouviu esse tempo todo, e flerta com ditadores? Porque isso é flerte com o Daniel Ortega – o que ele está fazendo lá com as emissoras de TV, com partidos, com pessoas que pensam diferente, religiosos. Entre 2016 e 2019, mais de 19 mil pessoas foram assassinadas pelo regime por resistência à autoridade desse cara que está aqui, hoje, no Brasil, de surpresa!

    As eleições, na Venezuela, são um jogo de cartas marcadas. Em 2020, a Suprema Corte do país substituiu, arbitrariamente, as lideranças de dois partidos da oposição – a lista não termina!

    As vozes dissidentes são silenciadas. Lá não tem liberdade de expressão, é o que querem fazer aqui no Brasil. Censura! Esse PL da censura, calar!

    A repressão aos protestos é dura, e quem critica o Governo Maduro sofre retaliações. Brasil, é isso que acontece no nosso país vizinho, e o Presidente Lula estende o tapete vermelho e recebe, a todas as honras, esse ditador, conhecido do mundo todo. Está aqui! Esse era o Governo dos direitos humanos, da democracia?

    O Poder Judiciário é um braço do regime de Maduro. As Cortes defendem o Governo e são usadas para reprimir e silenciar os opositores. O discurso do Zezinho há pouco...

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) – Zequinha.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Senador Zequinha

    A insegurança jurídica que se vive no Brasil, de uma Corte que não deixou falar isso dos ditadores durante a última campanha. Foi calado. Até filme foi censurado previamente.

    O colapso da economia levou a Venezuela a uma das maiores taxas de inflação do mundo e superou 300% no ano passado. É esse o norte do nosso Presidente?

    E, por último, eu quero deixar muito claro aqui: falta de aviso não foi. O TSE mandou retirar do ar por fake news as falas que citavam laços políticos entre o Governo Lula e os Governos de Maduro e Ortega. Agora os vínculos políticos estão mais do que comprovados para você que duvidava. A verdade sempre vem, a verdade sempre triunfa.

    E não é tarde demais, não. Tudo na hora de Deus. Isso é bom para a gente ter consciência do que é esse Governo, que recebe ditadores com todas as honras, neste país que é o coração do mundo, a pátria do evangelho. A gente está vivendo isso, mas o povo está observando e está vendo as incoerências permanentes desse Governo Lula, que veio para destruir esta nação, infelizmente.

    Muito obrigado.

    A Sra. Damares Alves (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Fora do microfone.) – Senador Seif, um aparte.

    O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Por favor, Senadora Damares Alves.

    A Sra. Damares Alves (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para apartear.) – Senador Seif, eu não podia deixar de vir aqui me manifestar. As mulheres do Brasil inteiro, hoje, tinham que estar vestidas de preto, tinham que estar vestidas de luto. Sabem por quê? Relatórios apontam que as brutais torturas do Governo Maduro incluíam estupros.

    Quando eu estive na ONU, em 2020 e 2021, eu liderei movimentos, dentro do plenário da Comissão de Direitos Humanos, e eu me levantei, quando uma representante dele ousou falar e países saíram do plenário junto comigo. Mas jamais eu imaginava que este ditador, contra quem os relatórios apontam o estupro de mulheres e de manifestantes, estaria no meu país, hoje, sendo recebido com honrarias! Jamais imaginaria, há dois anos, quando eu estava, na ONU, liderando um movimento contra esse ditador, que ele estaria, hoje, no meu país, com oficiais militares batendo continência para um ditador! Lamentavelmente, hoje é um dia de luto paras as mulheres do meu país! Lamentavelmente, temos aqui um ditador! Os relatórios são terríveis contra ele.

    Parabéns pelo seu pronunciamento, Senador!

    O SR. JORGE SEIF (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SC) – Obrigado.

    Senadora Damares, acima de posições político-partidárias, as informações que constam em alguns dados que a senhora trouxe, que o Senador Girão trouxe, que o Senador Zequinha trouxe, que vocês trouxeram aqui, são de relatórios internacionais em que constam mais de 400 páginas de violações graves contra direitos humanos, contra a vida, contra a democracia, contra o Estado de direito, contra as liberdades.

    Então, Sr. Presidente, com pesar, lamento muito que, hoje, o nosso país esteja recepcionando um ditador, um narcotraficante, um procurado internacional, um inimigo da democracia, como, hoje, Nicolás Maduro está sendo recebido, com todas as honras de Chefe de Estado, pelo Presidente da República.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/05/2023 - Página 22