Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca de parecer do Ibama contrário à perfuração de um poço de petróleo pela Petrobras na Região Norte.

Comemoração da aprovação na CCT do Projeto de Lei nº 4.310, de 2019, de autoria de S. Exª., que dispõe sobre a obrigatoriedade da apresentação de legendas em língua portuguesa nos documentários e programas jornalísticos transmitidos pelas empresas de comunicação.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente, Mineração:
  • Considerações acerca de parecer do Ibama contrário à perfuração de um poço de petróleo pela Petrobras na Região Norte.
Comunicações, Imprensa:
  • Comemoração da aprovação na CCT do Projeto de Lei nº 4.310, de 2019, de autoria de S. Exª., que dispõe sobre a obrigatoriedade da apresentação de legendas em língua portuguesa nos documentários e programas jornalísticos transmitidos pelas empresas de comunicação.
Aparteantes
Marcio Bittar.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2023 - Página 17
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Desenvolvimento Regional
Meio Ambiente
Infraestrutura > Minas e Energia > Mineração
Infraestrutura > Comunicações
Outros > Imprensa
Matérias referenciadas
Indexação
  • COMENTARIO, PARECER, INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS (IBAMA), DESAPROVAÇÃO, PERFURAÇÃO, POÇO, PETROLEO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), LOCAL, REGIÃO NORTE.
  • COMEMORAÇÃO, APROVAÇÃO, COMISSÃO DE CIENCIA TECNOLOGIA INOVAÇÃO COMUNICAÇÃO E INFORMATICA (CCT), PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, OBRIGATORIEDADE, APRESENTAÇÃO, LEGENDA, LINGUA PORTUGUESA, FILME DOCUMENTARIO, PROGRAMA, JORNALISMO, TRANSMISSÃO, EMPRESA, COMUNICAÇÃO DE DADOS.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Inicialmente, um abraço Vice-Presidente modelo desta Casa, por duas vezes. Amigo, voz do Acre, Senador Marcio Bittar, eu vou na sua linha. Espero que, depois, querendo, você faça a sua observação. Eu vou na sua linha.

    Vou-me ocupar, então, hoje, brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, de um tema que está gerando muita discussão: o parecer do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) contrário à perfuração de um poço pela Petrobras para levantar a existência de petróleo na Região Norte do país.

    O poço fica em um bloco localizado a 175km da costa e mais de 500km da foz do Amazonas.

    O parecer relacionado a um poço exploratório foi emitido há uma semana e gerou enorme polêmica entre correntes ambientalistas e desenvolvimentistas, e ontem os Ministros do Meio Ambiente e de Minas e Energia, além dos Presidentes do Ibama e da Petrobras, estiveram reunidos por mais de três horas para discutir o assunto. Por ora, segue valendo a decisão do Ibama. Como declarou a Ministra do Meio Ambiente, para mim, muito infeliz, entre aspas, "é uma decisão técnica, e uma decisão técnica, em um governo republicano, em um governo democrático, é cumprida e respeitada". Perfeito. O que não significa que o assunto está encerrado. A Petrobras pode e vai recorrer apresentando novos documentos e estudos que, eventualmente, poderão provar a não existência de risco ambiental em atividades de pesquisas e extração de recursos na foz do Amazonas.

    Sou daqueles que acham positivo o que está acontecendo. O país tem uma grande oportunidade para discutir, e discutir com o máximo de participação possível e muita transparência, o futuro das políticas energética e ambiental, sobretudo como compatibilizá-las. A preservação ambiental da Região Amazônica é um ativo único. Dele o Brasil não pode abrir mão, mas o desenvolvimento econômico da região também é e pode passar pela exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial, uma extensa área entre o Norte e o Nordeste, onde está localizado o poço da discórdia em questão.

    A Margem Equatorial, dizem os especialistas, é uma área com enorme potencial para a prospecção de petróleo. Fica perto de Guiana, onde foram já descobertos mais de 11 bilhões de barris, e o país, com a exportação do produto, cresceu mais de 60% no ano passado.

    Estimativas otimistas projetam para o Brasil cerca de US$200 bilhões em arrecadação e distribuição de royalties com a possível exploração do petróleo na costa norte do país.

    Primeiro, é preciso saber se o potencial se confirma ou não, e é isso que pretende fazer a Petrobras com o Ministério de Minas e Energia. Depois, em caso positivo, a discussão necessariamente será outra. Vai requerer amplitude máxima e muita responsabilidade, por causa das gigantescas implicações nos planos ambiental, social e econômico.

    Otimista, acredito eu que o país tem capacidade para encontrar um modelo seguro que garanta a exploração sustentável da Região Amazônica, com desdobramentos positivos para o conjunto da população brasileira. Torço para que o Presidente Lula alcance o ápice da sabedoria ao fazer a arbitragem deste lamentável impasse.

    Agradecidíssimo.

    O Sr. Marcio Bittar (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – Conceda-me um aparte?

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Claro, com o maior prazer. Até porque entrei no mesmo assunto seu.

    O Sr. Marcio Bittar (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC. Para apartear.) – Sr. Presidente, eu quero repetir a alegria e o conforto de ouvir o Vice-Presidente, hoje Presidente, falando sobre esse assunto, e o nosso colega Kajuru. Eu me dedico a essa matéria, sou da Região Amazônica, do Acre, e como eu gostaria de ver o Congresso Nacional conversando mais sobre esse assunto! Mas sem frases prontas, estudando um pouco esse assunto.

    Eu venho dizendo há tempos, nós temos exemplos claríssimos, que são irretocáveis: os países são ricos porque usam os seus recursos naturais. Ponto. Eu falei da Alemanha, podia falar dos Estados Unidos do Barack Obama. Ele mandou tirar petróleo no Alasca e não teve ONG que impedisse. Quando as ONGs que movimentam essa questão do clima... Porque, vamos separar, tem ONGs e ONGs, mas essas disseram que tirar petróleo e gás de xisto seria danoso ao meio ambiente, e, quanto ao Barack Obama, nos oito anos, ninguém deu mais licença, ninguém autorizou mais, incentivou mais a extração de petróleo de xisto do que o Barack Obama. Da Noruega já acabei de falar, 51% do PIB da Noruega vem de petróleo e gás.

    Quando se fala da Amazônia, muitas pessoas... A Amazônia, Kajuru, você, que ficou conhecido no Brasil inteiro e no mundo pelos conhecimentos do esporte, do futebol... Havia uma época, hoje em dia já não escuto mais, mas havia uma época em que a gente dizia, na Copa do Mundo, que "o Brasil virava 200 mil técnicos". Isso quase é verdade também para a Amazônia. É impressionante que quase todo mundo fala da Amazônia como se a conhecesse, quando não conhece. Primeiro, você está falando de um território que é mais da metade do Brasil, 66% do território nacional, quer dizer... E nós não podemos nos eternizar com frases de efeito de que a Floresta Amazônica tem uma biodiversidade. Ela tem uma biodiversidade, mas, assim como tudo no planeta, nasceu em algum lugar e foi levado para o resto do mundo, você não acordou um dia, abriu a porta e estava lá tudo plantado – eucalipto, arroz, feijão, milho, algodão –, não! Isso apareceu num canto, o homem coletor-caçador pegou, levou, começou a plantar, e virou o que nós viramos. A seringueira do Acre foi embora, foi para o mundo inteiro e para o Brasil. Sessenta e seis por cento do território nacional. Será que, se se descobrir um produto fármaco lá, alguém tem a ilusão de que nós vamos impedir que o mundo tire essa planta e replante em algum lugar, como foi com tudo o que tem no planeta? Não vai!

    Hoje...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Marcio Bittar (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – ... eu disse aqui ao Senador Veneziano, representante ilustre do Nordeste, ao Kajuru, que representa o Centro-Oeste, uma região rica, produtiva, que nós nos transformamos na região mais pobre do país.

    A CPI das ONGs – e aí faço uma separação: a Apae é uma ONG importantíssima;, tem ONGs das igrejas que trabalham com pessoas de rua, enfim, vamos separar... Mas, com relação à Amazônia, existem dois movimentos muito fortes, Presidente Veneziano: um vem de fora para dentro, e é claríssimo, são países estrangeiros... E aí eu estou estudando com a minha equipe o relatório do ex-Senador e hoje Deputado Federal Lindbergh, ou seja, no Governo do PT, ele foi o Relator sobre a Raposa Serra do Sol, lá em Roraima. Ele diz em seu relatório claramente como o interesse de ONGs...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Marcio Bittar (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – ... como fizeram para aumentar a população, trazendo pessoas de outros estados. Está no relatório do Lindbergh.

    Então, há um movimento de fora para dentro, e esse movimento com relação à Amazônia a recursos naturais é apátrida. Eu, como brasileiro, me envergonho de o Brasil aceitar isso. Como é que você traz dinheiro de outro país, influenciando a economia brasileira? E, infelizmente, há um movimento de dentro do país em que parte do agronegócio brasileiro age como quem dissesse o seguinte: "Entreguem a Amazônia para que nós possamos continuar comercializando com o mundo".

    Para terminar, Sr. Presidente, eu acho incrível como o Brasil ou parte do Brasil cede a uma pressão, mais psicológica, da Europa, quando os dados econômicos dizem – e eu vou repetir uma palavra do ex-Ministro Paulo Guedes – que do ponto de vista econômico a Europa...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Marcio Bittar (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - AC) – ... está se transformando num elemento irrelevante para nós.

    No ano passado, nós comercializamos R$120 bilhões com a China e R$7 bilhões com a Europa Ocidental.

    Senador Kajuru, muito obrigado pelo tema.

    Estamos juntos, defendendo essa coisa racional, inteligente, mas que a gente faça como o mundo inteiro faz: que a gente possa usar os recursos da Região Amazônica, em primeiro lugar, na equação, recolocando o ser humano no centro da atenção.

    Muito obrigado.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Fico feliz por tê-lo neste tema de forma plural.

    Como eu não usei e nunca uso os dez minutos, dificilmente, eu acho que nunca usei e nunca ouvi, Presidente Veneziano, a campainha, até porque ela me irrita.

    Eu não sou o Girão, eu não passo dos dez minutos, e não sou o Magno Malta, com todo o respeito aos meus irmãos.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – O Magno é 36, não é?

    Mas, rapidamente, eu sei que eu teria o apoio do senhor, do Bittar, do Paulo Paim...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... eu quero agradecer aqui aos Senadores da Comissão (CCT), presidida pelo Senador mineiro Carlos Viana. Lá estive e agradeci à Senadora Damares e ao Senador Astronauta Pontes.

    Foi aprovado hoje um projeto de lei de minha autoria que me parece importantíssimo, em respeito aos surdos do nosso Brasil e aos que têm um problema grave chamado audição.

    A partir de agora, portanto, com esse projeto de lei indo para a Câmara e sendo aprovado, tenho certeza de que será, todos os telejornais do país terão que ser legendados, como acontece em qualquer país do mundo, menos no Brasil, e também as redes sociais e todas as suas informações terão que ser legendadas.

    Fico feliz que a Casa entendeu o respeito que precisamos ter para com milhões de pessoas que sofrem desse problema.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2023 - Página 17