Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios à reunião de cúpula dos países da América do Sul em Brasília, com destaque para o retorno do diálogo entre as nações supostamente abandonado durante a gestão do ex-Presidente Jair Bolsonaro.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Relações Internacionais:
  • Elogios à reunião de cúpula dos países da América do Sul em Brasília, com destaque para o retorno do diálogo entre as nações supostamente abandonado durante a gestão do ex-Presidente Jair Bolsonaro.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 31/05/2023 - Página 12
Assunto
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Indexação
  • SAUDAÇÃO, REALIZAÇÃO, REUNIÃO, REPRESENTANTE, INTEGRAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, ARGENTINA, BOLIVIA, CHILE, COLOMBIA, EQUADOR, GUIANA, PARAGUAI, PERU, SURINAME, URUGUAI, FORMAÇÃO, GRUPO, NATUREZA POLITICA, AMERICA DO SUL.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Obrigado, amigo, exemplo da Paraíba, Senador Veneziano Vital do Rêgo, sempre presente, pontualmente, nas sessões que preside. E aproveito para dar um abraço aqui em Paulo Paim. Nós dois conseguimos manter aquela briga boa desde 2019 no Jockey Club do Rio de Janeiro, não é não? (Risos.)

    Cabeça a cabeça, que privilégio!

    Bem, brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, a todos que acompanham a TV Senado, Rádio Senado, Agência Senado, YouTube e demais redes sociais, Deus e saúde, pátria amada!

    O meu assunto hoje, neste 30 de maio de 2023, é o encontro que o Governo brasileiro está promovendo hoje aqui em Brasília, entre os Presidentes dos países da América do Sul. O principal objetivo, uma das prioridades do Governo Lula III, é retomar o diálogo com os países sul-americanos, abandonados na gestão Bolsonaro.

    O Brasil sabe das diferenças entre os países, mas não pode ignorar as possibilidades de reativação do diálogo – essência da diplomacia –, e sabe que a reinserção regional contribuirá para a recuperação do protagonismo brasileiro na cena internacional.

    Há alguns anos, a América do Sul enfrenta baixo crescimento econômico e alta desigualdade social, com fatores agravados após a pandemia da covid-19. Como superar a pobreza, o desemprego, os problemas de saúde, o crescimento do crime organizado e as dificuldades impostas pelas mudanças climáticas num ambiente de polarização política cada vez mais acentuada? – aqui posso até colocar um ponto de interrogação.

    É um debate que o Brasil, maior potência da região, tem como conduzir. Para tanto, precisa retomar o papel de liderança, questionado por causa do comportamento do Governo Jair Bolsonaro, que deu as costas para o continente, gerou instabilidades regionais e acabou isolado.

    Sob esse aspecto, tem forte caráter simbólico o fato de Brasília ter se transformado, nesta terça-feira, em capital regional, depois de sete anos sem a realização de encontros como este de hoje.

    Evidencia ainda que – acima das posturas ideológicas e visões diferentes – Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela podem encontrar os denominadores comuns que sustentem o diálogo regional.

    Concretamente, a reunião deve resultar na criação de um grupo de trabalho que terá de apresentar, em 120 dias, uma proposta para institucionalizar um bloco que integre os países da América do Sul. Poderia também reforçar ou substituir a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), bloco ao qual o Brasil voltou este ano, quatro anos depois de sair dele no governo anterior.

    De minha parte, defendo, Presidente Veneziano, que o Governo Lula não deixe em segundo plano o Mercosul, o modelo de integração regional criado há 32 anos por Brasil, a Argentina, Paraguai e Uruguai e que está incorporando a Bolívia.

    Mais do que isso: o Governo brasileiro tem de envidar os devidos esforços diplomáticos numa tarefa, a meu ver, inadiável. É preciso sacramentar logo o acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia. Ele terá papel essencial na recuperação da economia do Brasil, das nações do Mercosul e, por extensão, beneficiará também os demais países da América do Sul.

    Assim penso.

    Agradecidíssimo e, para variar, cumpri o tempo, Presidente Veneziano Vital do Rêgo...

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Kajuru...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... mas agora tenho a minha obrigação prazerosa – há muito tempo não a tenho, aliás –, aparte dele, Senador gaúcho, histórico, Paulo Paim.

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para apartear.) – Grande Senador Kajuru, grande Presidente Veneziano, sempre presente aqui, dando possibilidade nesse horário para que os Senadores falem da conjuntura nacional e, hoje, você, Senador, falando da conjuntura internacional. E quero lhe dar os parabéns pelo enfoque dado, redondinho, demonstrando a importância desse encontro internacional dos países da América do Sul.

    E por que resolvi lhe fazer um aparte? Primeiro, porque sobraram três minutos do seu tempo... (Risos.)

    ... e, segundo, porque eu vejo só falar muito em Venezuela, Venezuela, Venezuela, Venezuela, Venezuela, Maduro, Maduro, Maduro para cá! Já está maduro esse assunto do Maduro!

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Demais!

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Vamos falar da grandeza do evento...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Claro!

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... da importância para nossa importação, para a importação.

    Eu sempre digo que direitos humanos não têm fronteira. Nós vamos sempre lutar pelos direitos humanos, não importa em que o país seja: seja nos Estados Unidos ou seja em Cuba, seja na Venezuela ou seja aqui no Uruguai ou na Argentina.

    E V. Exa. também enaltece o Mercosul. O Mercosul já tem três décadas pelos seus próprios dados. Nós tínhamos que olhar com mais carinho para o Mercosul, sem deixar de olhar para um bloco maior. Mas, a partir do Mercosul, podemos chegar a esse grande entendimento com a experiência do Mercosul, com erros e acertos.

    Mas é, às vezes, errando que a gente vai aprendendo, não é? Eu, quando era moleque, queria andar de bicicleta e disse: mas eu não sei andar, pai! E ele respondeu: "Pedala aí e te vira e vai lá aprender".

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Te vira!

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Claro que ele me segurava no início. Eu acabei caindo algumas vezes, mas aprendi.

    Eu acho que o Mercosul é uma experiência, para mim, importantíssima...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Claro!

    O Sr. Paulo Paim (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Como é essa também dos países da América do Sul.

    Mas era mais para cumprimentar V. Exa. Parabéns pelo pronunciamento.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Eu que agradeço, Senador Paulo Paim.

    E para aqueles homens menos maduros – maduros na essência, na medula – eu tenho que concluir, dizendo o seguinte: quer queira, quer não, o ex-Presidente Bolsonaro cometeu uma burrice abismal ao ignorar a América do Sul, e nós temos essa grande chance, a partir dessa decisão do Governo Lula, e quem é brasileiro e patriota tem que pelo menos reconhecê-la como fundamental para o nosso país.

    Um abraço, querido Presidente Veneziano Vital do Rêgo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/05/2023 - Página 12