Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com os gastos realizados pelo Governo Federal, principalmente devido às viagens e ao aumento do número de ministérios.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Governo Federal:
  • Indignação com os gastos realizados pelo Governo Federal, principalmente devido às viagens e ao aumento do número de ministérios.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2023 - Página 11
Assunto
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, HOSPEDAGEM, HOTEL, EXTERIOR, MINISTRO, FINANCIAMENTO, VIAGEM, AERONAVE PUBLICA, FORÇA AEREA BRASILEIRA (FAB).

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Muitíssimo obrigado, Presidente desta sessão, meu amigo, meu irmão, Senador Veneziano.

    Sras. Senadoras, Srs. Senadores, funcionários desta Casa, assessores, pool de comunicação, trabalhadores que fazem parte da TV Senado, Agência Senado, Rádio Senado, que levam esta mensagem para todos os cantos do Brasil, praticamente.

    É uma semana atípica aqui, no Congresso Nacional. A gente tem uma semana de debates virtuais, de votações remotas, os corredores praticamente vazios. Acabamos de participar da CPMI, que, essa sim, foi presencial.

    Mas eu queria falar sobre um assunto que está incomodando o cidadão de bem do Brasil, especialmente as pessoas simples, que são a maioria da nossa população, pessoas que ralam, que pegam ônibus de madrugada, que às vezes não têm com quem deixar o filho, uma situação extremamente delicada que vive o brasileiro, numa provação constante, para levar o seu sustento para casa.

    Nós somos um país governado, infelizmente, por uma pessoa que foi condenada em três instâncias por ser chefe do maior esquema de corrupção da história, descoberto pela Operação Lava Jato, que vem sendo atacada, vem sendo vingada pelos poderosos, ultimamente com distorções e narrativas falaciosas, porque ousou condenar dezenas de políticos e empresários muito poderosos, mas também muito corruptos. Depois de retornar ao poder, em função de um malabarismo jamais visto na história da nossa Corte Suprema, muita gente poderia esperar alguma mudança no comportamento do nosso Presidente da República. E, de fato, houve sim, mas para pior. Em um país onde 30 milhões de famílias dependem de um auxílio mensal do governo para sobreviver, o nosso Presidente da República deveria dar o mínimo de exemplo de respeito aos recursos públicos, mas lhe falta a retidão requerida por quem exerce o maior cargo da República. O que esses milhões de brasileiros que vivem na miséria assistem hoje é a uma completa falta de pudor, com gastanças exorbitantes em sucessivas viagens pelo mundo.

    Quase seis meses, entrando aí nos seis meses de governo, e a gente vê: na coroação do Rei Charles, em Londres, em 6 de maio, a comitiva do Presidente Lula gastou cerca de R$3 milhões – só com hospedagem, viu? Sem contar o translado aéreo, bancado pela FAB (Força Aérea Brasileira), como destacou o Poder360, com dados obtidos via acesso legal de informações do Itamaraty. As despesas com hospedagem representaram metade dos custos, R$1,5 milhão. Os gastos menores se deram com aluguel de salas, intérpretes, equipamentos para imprensa, e ainda houve até gasto com material de escritório. Tudo isso para apenas dois dias de estada em Londres. Três milhões de reais do dinheiro – suado no Brasil – de quem paga imposto. E mais, Lula e a Primeira-Dama, Janja, se hospedaram no Marriott Grosvenor House London. Sabe quanto é que custa a diária da suíte presidencial? Ela pode chegar a até R$37 mil por dia nesse hotel. A estada mais barata do hotel no final de semana em que estavam lá... Já imagina o valor, já imagina o gasto. O Assessor Especial da Presidência da República, Celso Amorim, acompanhou o casal na viagem. As cifras estratosféricas foram registradas também nas viagens à China, aos Emirados Árabes Unidos, em abril, que somaram R$6,6 milhões – isso já é outra viagem de que eu estou falando.

    A viagem de Lula, em janeiro, à Argentina e ao Uruguai, custou mais R$2 milhões. Em cinco meses de mandato, Lula ficou quase um mês fora do Brasil viajando por nove países – passa mais tempo lá fora praticamente, no dia a dia, dias úteis, do que dentro –, e as crises acontecendo e se multiplicando no nosso país.

    Há também o comportamento deslumbrado dos ministros do Governo Lula, que se expressa na obsessão em se aproveitarem, como privilégio, da utilização de aviões oficiais para irem aos seus estados nos finais de semana, tudo bancado com o nosso dinheiro, de todos nós! Percebe-se um constante abuso sem se preocupar de modo algum com a gastança, como se houvesse uma liberação geral desse modus operandi que a população repudia. Nos primeiros 40 dias de governo, as despesas com transporte aéreo pela FAB, pelos jatos do Brasil, já somavam R$5 milhões – em 40 dias! É viagem para cima e para baixo, de ministro.

    Em um único mês, os ministros de Lula usaram por 43 vezes os aviões da FAB, conforme registros do Comando da Aeronáutica. A maioria dos voos, acreditem – quem estiver em pé se sente, porque é um escândalo –, acontecem nos finais de semana, e os ministros campeões desse uso abusivo são os Ministros da Economia, da Justiça e da Saúde. O Presidente já manifestou até vontade de substituir o avião presidencial que foi comprado em 2022. O desperdício é monumental! Isso está acontecendo, e parte expressiva da grande mídia continua calada, por isso estamos aqui fazendo esta crítica, que é um dever como representante de parte de uma sociedade que sustenta tudo isso pagando elevados impostos. Daqui a pouco...

    Já estamos aqui, no Senado, com o arcabouço fiscal. Aí, pensem numa conta que não fecha nunca, no absurdo, simplesmente para financiar o projeto de poder pelo poder, porque não tem outra lógica, não corta nada de gasto, só pensa em gastar, gastar, gastar, não em fazer o seu dever de casa. Vai ter que aumentar imposto para todos nós.

    Mas tal esbanjamento irresponsável não deve surpreender ninguém depois que este Governo aumentou de 23 ministérios que existiam no governo anterior para 37 ministérios, inchando ainda mais a pesadíssima máquina pública com o mesquinho objetivo de gerar novos cargos para acomodar interesses meramente partidários e, com isso, barganhar de forma não republicana o apoio da maioria dos Parlamentares do Congresso Nacional.

    Sem falar que com o aumento desses ministérios tem também um aumento de gastos de tudo, de diária, de viagem, de estrutura física; Mas tem outro detalhe que passa despercebido pela maior parte das pessoas, e eu tenho que entregar a verdade para vocês: são 14 ministros com mais foro privilegiado. E o foro privilegiado é o grande guarda-chuva da corrupção e da impunidade na nossa nação. Vai tudo para a mão do Supremo, todos esses processos, enquanto deveria ir para o juiz da primeira instância, para fazer o seu trabalho, já que nós temos, no meu modo de ver, um STF completamente político hoje no Brasil, atuando de forma política.

    Eu encerro, Sr. Presidente, pedindo um minuto final, sem abusar da sua paciência, com um pensamento do político britânico e escritor iluminista...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... Thomas Paine, que participou ativamente da Revolução Francesa e do movimento pela independência dos Estados Unidos. A frase dele é muito forte, diz o seguinte, que um governo, mesmo quando busca a perfeição, é um mal necessário, mas quando esse governo é deliberadamente imperfeito, torna-se um mal insuportável. É isso que a gente está vendo nesses devaneios do Governo Lula, nessa busca por vingança, expressa em muitas das suas ações dos seus ministros e nessas gastanças absurdas que eu demonstrei aqui, que é um desrespeito ao brasileiro de bem, que trabalha e que faz tudo para levar o seu sustento.

    Deus abençoe esta nação.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2023 - Página 11