Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas às distribuidoras de combustíveis do País por supostamente não repassarem a redução dos preços aos consumidores.

Indignação com as viagens e uso do cartão corporativo pelo Presidente da República.

Autor
Cleitinho (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/MG)
Nome completo: Cleiton Gontijo de Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Direito do Consumidor, Minas e Energia:
  • Críticas às distribuidoras de combustíveis do País por supostamente não repassarem a redução dos preços aos consumidores.
Governo Federal:
  • Indignação com as viagens e uso do cartão corporativo pelo Presidente da República.
Aparteantes
Jaime Bagattoli.
Publicação
Publicação no DSF de 28/06/2023 - Página 32
Assuntos
Jurídico > Direito do Consumidor
Infraestrutura > Minas e Energia
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • CRITICA, COMPANHIA DISTRIBUIDORA, COMBUSTIVEL, AUSENCIA, REPASSE, REDUÇÃO, PREÇO, CONSUMIDOR.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, GASTOS PUBLICOS, CARTÃO CORPORATIVO, VIAGEM.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/REPUBLICANOS - MG. Para discursar.) – Boa tarde, Sr. Presidente. Boa tarde, Senadores e Senadoras, servidores desta Casa e a população brasileira que acompanha a gente pela TV Senado.

    Quero mandar um abraço aqui para o nosso Deputado Federal Euclydes Pettersen, do Republicanos, nosso Líder maior, Presidente, lá de Minas Gerais, que faz um trabalho excepcional em Minas. Estivemos juntos lá em Goiânia, nesse final de semana, e em Governador Valadares. Vamos trabalhar juntos para a gente poder sempre fazer o melhor para Minas, viu?

    É o seguinte: eu queria aqui mostrar para toda a população brasileira como essas distribuidoras são oportunistas e a gente precisa fiscalizá-las. Eu até vi... O Ministro da Justiça, Flávio Dino, quando veio a questão da redução, mandou notificar os postos de gasolina e até as distribuidoras pela questão de que elas não reduziam. E esse trabalho é assim: quando é para reduzir, demora dez dias, 20 dias, uma semana para poder fazer o preço chegar até a população, para reduzir. Agora, quando fala que vai aumentar, como vão vir alguns impostos para aumentar agora, para a gasolina, impostos federais, antes, só de anunciar, eles já começam a repassar para os donos de postos de gasolina, que têm que colocar na bomba. Aí acaba que quem é penalizado fica achando que a culpa é dos postos de gasolina, mas não é. É das distribuidoras.

    Quero mostrar aqui um empresário, que mandou para mim aqui, que é dono de posto de gasolina. Olhe como é que as distribuidoras já estão fazendo. Deixe-me ver se eu consigo colocar aqui no microfone aqui.

(Procede-se à reprodução de áudio.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Bando de oportunistas, como eu estou dizendo para vocês. Já está R$4,70 para que os postos de gasolina possam comprar. Com isso, já vai chegar a mais de R$5. Eu estou encaminhando agora para o Ministro da Justiça, Flávio Dino, para que possa fazer uma força-tarefa e notificar essas distribuidoras, já que não teve aumento ainda. Vai vir o aumento. Isso é um bando de oportunistas, um bando de covardes, porque, quando é para reduzir, não reduzem. Tem que ser notificado, então vocês serão notificados também.

    Por que aí...

    O Sr. Jaime Bagattoli (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Senador Cleitinho, me concede um aparte?

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Fique à vontade.

    O Sr. Jaime Bagattoli (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para apartear.) – Senador Cleitinho, nessa mensagem, você está coberto de razão. Eu sou proprietário também de postos, sou do Grupo Bagattoli.

    Nós temos postos de gasolina há mais de 30 anos. Isso é verídico, é real. Não só as grandes companhias, mas hoje, com o preço liberado, ninguém mais sabe qual será o preço do dia de amanhã.

    O que está acontecendo, Sr. Presidente Rodrigo Pacheco? Todo dia tem um preço diferente. Quase todo dia de manhã tem que consultar o preço e tem um preço diferente. Qualquer notícia, qualquer novidade, quando você vai ver, você já comprou. Se você não ficar esperto e ter que comprar, quando é um... Os postos de gasolina têm que manter um estoque violento. E, quando é para reduzir o preço, isso demora, e é realmente isso. Sobra para quem, Presidente Pacheco? Sempre sobrou para os postos de gasolina.

    Os postos de gasolina são os que mais sofrem neste país. A margem é muito apertada, é muito pequena, e, principalmente, hoje, quando os preços ficaram liberados, aí sim, as companhias... Ninguém sabe. No dia de amanhã, cada uma faz o seu preço. É muito difícil trabalhar. Está muito difícil. Isso é no etanol, na gasolina e no diesel.

    Obrigado.

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Eu quero aqui falar que eu sou a favor do livre mercado, mas sou contra os oportunistas e os desonestos.

    Quero falar para a população brasileira que a gasolina vai aumentar, vai passar de R$5, e esses oportunistas e distribuidores já estão fazendo esse aumento antes mesmo de poder ter o aumento. Eu vou entrar agora aqui com requerimento, encaminhando para o Ministro da Justiça, para que possa notificar esses distribuidores o mais rápido possível.

    Eu queria contar a história para a população brasileira de um político que morreu. Vocês vão entender agora, vejam só:

    O político morreu e chegou ao céu. São Pedro chegou para ele e falou assim: "Aqui a gente tem um protocolo para seguir. Você vai ficar no céu um pouco e vai ficar no inferno também para você poder escolher". O político: "O.k.". Pegou o elevador e desceu para o inferno. Chegou lá no inferno, estava a "turmaiada" toda lá. Tinha uísque, tinha as namoradas dele, e estava uma "festaiada". Era música para cá e para lá, e era aquela satisfação. Aí chegou a hora de ele ir embora. Ele voltou para o elevador, subiu novamente, e chegou ao céu. São Pedro chegou para ele e falou assim: "Gostou do inferno?". "Muito bom." "Agora você vai ficar no céu. Fica aqui no céu um pouquinho, político." Ele pegou e ficou no céu: os passarinhos cantando, aquela calmaria, aquela tranquilidade que estava no céu. Chegou a hora de ele escolher. São Pedro chegou para ele: "V. Exa., agora vai ter que decidi, lembrando que o que você decidir não volta mais. Vai ser só essa vez. Você vai ter que escolher". Ele pegou naquela humildade, naquela simplicidade: "São Pedro, o céu é bacana demais, gostei demais, muita calmaria, mas lá no inferno estão meus amigos, lá está todo mundo, lá tem uísque, tem um monte de coisa para eu fazer, para eu cantar, para eu dançar. Eu vou ficar lá mesmo. "É isso que você quer, Excelência?" "Não, é isso que eu quero". Pegou e desceu para o inferno. Na hora, em que chegou lá no inferno, o capeta já com aquele garfo, aquele "fogaiado" danado, ele já deu aquele grito: "Que isso, diabo?! Cadê meus amigos? Cadê minhas namoradas?". "Ontem, a gente estava em campanha. Já ganhamos seu voto. Hoje é o mandato."

    Sabe por que eu estou falando isso, gente? Por isso aqui que eu quero mostrar para vocês: o Sr. Presidente da República já gastou, no cartão corporativo dele, R$12 milhões com viagem e outras coisas, e falou tanto na campanha, criticando o Presidente Bolsonaro: "É um absurdo o cartão corporativo, a quantidade de gastos...".

    Quero só deixar bem claro para vocês aqui, mostrar para vocês aqui alguns gastos primeiro. Olhe aqui: Lá no Reino Unido, 1,4 milhão – vamos lá –; na China, 1,8 milhão; Portugal, 1 milhão; Espanha, 815 mil e por aí vai.

    Eu só queria falar para vocês aqui, sendo bem justo e bem transparente para vocês, que todo Presidente vai ter o cartão corporativo, o Bolsonaro tinha, o Temer tinha, a Dilma tinha.

    O que acontece? Se eu tivesse ganhado para Presidente, eu teria esse cartão corporativo. O Presidente da Casa, se fosse presidente, e você que está aqui, se for candidato, terão. Agora, vamos ter consciência de que esse cartão corporativo, gente, é igual a mim aqui. Eu não tenho cartão corporativo, mas a gente tem a verba indenizatória. Eu uso só o que é em benefício do povo, o que eu uso aqui é a gasolina do transporte que eu tenho para vir para cá. E, mesmo assim, eu não vou pegar uma gasolina a que eu tenho de direito e ir para a praia com ela, não, porque eu tenho consciência. Eu não sou um faraó que está aqui. Nenhum político é faraó. Então, não é porque eu tenho que eu tenho que gastar tudo, não. Eu tenho direito a plano de saúde aqui e preferi fazer fora daqui do Senado; eu tenho direito a outras verbas indenizatórias, auxílio alimentação... Eu tenho tantos mil para gastar com auxílio alimentação e eu nunca gastei. Então, antes de falar que eu sou um hipócrita, um demagogo, eu não sou. Eu só uso aquilo que é em benefício do povo. Eu acho que é isso que o político tem que ter consciência.

    Aí, antes de falarem: "Você está falando isso porque agora é o Lula". Não! Quando eu era Deputado, eu questionei também os gastos de quem eu apoiei, que foi o Presidente Bolsonaro. Questionei dentro do respeito, questionei porque eu o apoiei. Eu não acho legal gastar essa quantidade de dinheiro em um país que está quebrado, um país que está passando fome, com um monte de gente desempregada.

    Então, a gente vai fazer aqui um projeto – e eu acho que eu vou ter o apoio de todos os Senadores, tanto da base como da oposição – que possa até valer para o próximo Presidente, porque não aí dá briga. Fala-se assim: "Bolsonaro gastou, por que o Lula não pode gastar?". Então, vamos fazer para o próximo Presidente. Vamos botar limite nesse cartão corporativo, gente! Tem que ter limite. A população brasileira, que é o pagador de imposto, tanto de esquerda como de direita, não consegue uma patifaria dessa, não.

    Eu queria continuar falando para vocês aqui outra situação, eu queria mostrar para vocês do nosso digníssimo Presidente... Deixe-me achar aqui para vocês. Deixe-me achar. É muito papel, gente, é muito dinheiro! Ah, achei.

    Eu queria mostrar para vocês aqui uma situação para o que eu também estou fazendo projeto de lei. Já que tem tantas embaixadas, em todo o mundo – tem embaixada na França, tem embaixada na Espanha, tem embaixada nos Estados Unidos, tem embaixada na China, aqui tem embaixada –, eu acho que é o seguinte: fazer um projeto de lei aqui para que, onde tem embaixada, o Presidente tem que ficar na embaixada, até porque eu não tenho como mostrar para vocês aqui, mas a gente vai tentar buscar fotos. Vamos mostrar como é uma embaixada lá na França, se não tem ar condicionado, se não tem frigobar, se não tem uma cama bacana.

    Porque aí eu acho que é o seguinte: se o Presidente da República quiser gastar 728 mil em dois dias de hospedagem, ele gasta do bolso dele. Se ele não quiser gastar, no caso, do bolso dele, pega e fica na embaixada. Eu acho que é mais que justo.

    Como é que esse Presidente, que fala que é o pai dos pobres, que quer fazer para o trabalhador...

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – ... em dois dias, uma diária de 728 mil!

    Eu queria pegar uma calculadora aqui, gente, e mostrar para vocês o seguinte: fazer uma continha básica para vocês aqui. Quer ver? Vou mostrar para vocês como é que funciona o pai dos pobres. E eu queria que vocês viralizassem essa fala minha para o Brasil inteiro, porque eu acho que ninguém aqui vai ficar contra a minha fala, não, porque você é o patrão.

    Deixe-me achar a calculadora aqui que eu vou mostrar para vocês o seguinte... (Pausa.)

    Achei a calculadora.

    Vamos lá.

    O salário mínimo do trabalhador é 1.320, vamos lá, vezes 12, dá 15.840 num ano. Então, vou arredondar para 16 mil, vou colocar 16 mil, colocar um pouquinho a mais. E 16 mil vezes 35 dá R$560 mil, o que um trabalhador tem que trabalhar 35 anos para depois poder se aposentar. Ele, o trabalhador, com 1.320, um trabalhador brasileiro, em 35 anos, que eu mostrei para vocês aqui, dá 560 mil.

    O Presidente, o pai dos pobres, lá na França, gastou R$728 mil em dois dias com hospedagem. E aí?

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Eu acredito no seguinte, político não veio, de verdade... Político veio aqui foi para servir a população, não foi para ser servido.

    E o que acontece hoje? E aí vale para qualquer Presidente que esteja: tenha consciência com o dinheiro público, tenha respeito com o dinheiro público. O dinheiro público é do povo, ele tem que voltar para o povo! Não é porque você tem isso tudo para gastar, que você tem que gastar, dê bom exemplo, porque você entrou falando que o país estava quebrado, que o país tinha que ser reconstruído, que tinham milhares de pessoas passando fome. Como que um Presidente, o Líder maior desta nação, vai pegar, em dois dias, e gastar R$728 mil com estadia? Pelo amor de Deus!

    Aí vem falar que eu estou errado? Eu estou fazendo a minha função aqui de fiscalizar e eu vou fazer isso, fiscalizar e legislar. Eu vou criar um projeto agora, que seja para o próximo Presidente, porque aí não vai dar briga, porque falam assim: "O Bolsonaro usou, Cleitinho, o Lula tem que usar". Então, que fique para o próximo.

    Porque, aí, Presidente, você que é o próximo Presidente da República, se quiser ficar nas embaixadas, aí você tem o direito de ficar lá. Agora, se você quiser gastar, em dois dias, R$728 mil...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. CLEITINHO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - MG) – Eu acredito que ele não vai gastar, do bolso dele não vai. É muito fácil gastar com o dinheiro dos outros.

    Então, fica aqui uma reflexão para o povo brasileiro que o político não é um faraó, ele nunca foi um faraó. Não, político é só um mero empregado do povo, que tem que trabalhar para vocês. Todos nós recebemos muito bem para isso, muito bem para isso!

    E obrigado, eu tenho que me ajoelhar e agradecer a Deus pelo que eu ganho hoje, porque vocês pagam o meu salário, então tem que ter consciência e responsabilidade.

    Então, esses projetos eu acho que são mais do que justos e eu acredito que eu vou ter o apoio de todos vocês.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/06/2023 - Página 32