Discurso durante a 91ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para o risco de demissões em massa e ausência de manutenções técnicas periódicas após a privatização da Eletronorte.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Terceiro Setor, Parcerias Público-Privadas e Desestatização:
  • Alerta para o risco de demissões em massa e ausência de manutenções técnicas periódicas após a privatização da Eletronorte.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2023 - Página 28
Assunto
Administração Pública > Terceiro Setor, Parcerias Público-Privadas e Desestatização
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, CENTRAIS ELETRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A (ELETRONORTE), REVISÃO, POLITICA, DEMISSÃO, TRABALHADOR, TECNICO, EMPRESA DE ENERGIA ELETRICA.
  • COMENTARIO, INCENDIO, USINA HIDROELETRICA, TUCURUI (PA), REDUÇÃO, TECNICO, MANUTENÇÃO, EMPRESA DE ENERGIA ELETRICA, PRIVATIZAÇÃO, CENTRAIS ELETRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A (ELETRONORTE).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM. Para discursar.) – Meu bom Presidente Veneziano, meu amigo Senador Veneziano, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, no dia 11 de julho passado, eu ocupei esta tribuna para falar da direção da Eletrobras, que privatizou a Amazonas Energia – foi privatizada –, do perigo que estava na nova política de quem assumiu. No comunicado, e dizia eu aos investidores, falava do desmonte do setor elétrico nacional, principalmente do Estado do Amazonas. E eu alertei aqui do perigo: demissão em massa.

    Haveria uma demissão em massa! Ficou claro isso, porque a empresa alegou que existia uma dívida enorme da Amazonas Energia relacionada com a compra de combustível. E esse comunicado visava – diziam – a atingir meta de descarbonização. Em nome disso, estava desativando algumas usinas. Na prática, significa faturar muito com o desemprego. Chamei atenção para esse desmonte, dizendo também que não havia qualquer garantia de preservação, Senadora Zenaide, do atendimento às populações, e também no plano de demissão do pagamento desses funcionários.

    Pois bem, quero trazer aqui ao conhecimento das Senadoras e dos Senadores um gravíssimo fato ocorrido na tarde de domingo passado, dia 30. Um princípio de incêndio teria ocorrido nas instalações da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, lá na Amazônia. De acordo com as informações extraoficiais, o incêndio teria sido causado por uma explosão em um dos transformadores. Caminhões do Corpo de Bombeiros se dirigiram para o local para realizar o controle da situação, que foi contida inicialmente por uma equipe de segurança da própria empresa.

    O fato em si é alarmante, por conta do risco trazido à região, aos moradores e áreas vizinhas, e ainda ao fornecimento, é claro, de energia elétrica.

    Temos que registrar que desde a privatização da Eletronorte tornaram-se costumeiras as demissões de técnicos da empresa, significando na prática que as manutenções periódicas acabam sendo suspensas, e é aí que mora o perigo da demissão em massa, da demissão do critério.

    A usina de Tucuruí é uma das maiores do país e eventual suspensão de suas atividades traria efeito dramático sobre a nossa economia sem falar dos riscos diretos à população. A Eletronorte divulgou nota em que admite ter ocorrido por volta das 15h04min de domingo passado – abro aspas:

[...] um incêndio no transformador elevador n°19 da usina, no momento em que o equipamento, juntamente com a sua respectiva unidade geradora, retornavam à operação. Todos os sistemas de proteção e controle contra incêndios atuaram a tempo [fecho aspas].

    As imagens mostram, porém, que não se tratou de um incidente pequeno. A Eletronorte evitou manifestar-se sobre o mais relevante problema de manutenção. Esses problemas colocam em risco e se repetem os acidentes graves, como o que acabamos de presenciar

    Para que não haja outros incidentes e acidentes dessa natureza, façamos aqui mais um alerta: que a empresa que privatizou veja, reveja, analise esse seu esquema de demissão em massa.

    Quando a gente fala, Senador Girão, em privatização, a gente pensa em coisa boa, coisa para melhor: "o serviço público não está dando conta; privatizou, agora vai ser melhor". Com a Eletronorte está sendo ao contrário, demissão em massa sem critério, e as consequências já começaram a chegar.

    Não posso daqui a testar e dizer que foi em função da demissão esse incêndio ocorrido, mas é muita coincidência quando se dispensam engenheiros, técnicos e a manutenção não é feita de forma periódica.

    Fica, portanto, o alerta aqui e o pedido para que a Eletronorte reveja essa sua política de demissão, porque, ao mesmo tempo em que demite, resolveu beneficiar os seus dirigentes. Cada dirigente passou a receber pelo menos 300 vezes mais do que recebia. Eles encontraram dinheiro para beneficiar, mas não encontraram dinheiro para manter o trabalhador, e essas coisas vão acontecer. E é muito importante, a hidroelétrica de Tucuruí é muito importante para todos nós da Região Norte e para o Brasil como um todo.

    Aqui está colocado o alerta e o pedido.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2023 - Página 28