Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Prestação de contas de missões oficiais desempenhadas por S. Exa. no Cazaquistão e na China, na qualidade de membro da CRE. Manifestação a favor da paz na região do Oriente Médio e preocupação com o agravamento da crise humanitária em decorrência dos conflitos entre palestinos e israelenses.

Autor
Chico Rodrigues (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Atividade Política, Direitos Humanos e Minorias:
  • Prestação de contas de missões oficiais desempenhadas por S. Exa. no Cazaquistão e na China, na qualidade de membro da CRE. Manifestação a favor da paz na região do Oriente Médio e preocupação com o agravamento da crise humanitária em decorrência dos conflitos entre palestinos e israelenses.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2023 - Página 47
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Atividade Política
Política Social > Proteção Social > Direitos Humanos e Minorias
Indexação
  • PRESTAÇÃO DE CONTAS, MISSÃO OFICIAL, ORADOR, PAIS ESTRANGEIRO, CAZAQUISTÃO, CHINA, ATUAÇÃO, COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES (CRE), DEFESA, PAZ, ORIENTE MEDIO, PREOCUPAÇÃO, AUMENTO, CRISE, DIREITOS HUMANOS, RESULTADO, CONFLITO, POVO, PALESTINA, ISRAEL.

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR. Para discursar.) – Meu caro Presidente, Veneziano Vital do Rêgo, cujo genitor foi meu colega por alguns mandatos na Câmara dos Deputados, com uma experiência e uma lhaneza invejável, você e a família, a sua mãe, que tivemos a felicidade de vê-la aqui ocupar uma vaga, nesta Câmara Alta. Nós sabemos que V. Exa. dá exemplo e é referência, na verdade, nas suas manifestações, com a sua experiência e, inclusive, com a sua erudição. Até no cumprimento aos colegas, no grupo parlamentar, a gente vê que você tem esse cuidado de usar essa prática, que é fruto, obviamente, do conhecimento, da inteligência, pela qual eu tenho o prazer de parabenizar.

    Eu quero aqui, rapidamente, prestar contas de algumas viagens que fiz recentemente como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

    Primeiro, ao Cazaquistão e à China, onde tivemos a oportunidade, a convite do Governo daquele país da Ásia Central, de acompanharmos a evolução, o desenvolvimento e a projeção econômica que vêm hoje como destaque no cenário dos países da Ásia Central. É uma espécie de hub de todo o comércio, de todo o desenvolvimento. É pouco conhecido, mas é o oitavo país do mundo em extensão territorial e, pela posição geopolítica e geoestratégica que ocupa... Está ali ao lado da Rússia, ao lado da China, fazendo fronteira com quase 3,4 mil quilômetros da Rússia, com mais de 1,5 mil quilômetros da China. Portanto, pela sua localização geopolítica, como eu acabei de referir, já é uma grande referência no cenário das nações que estão, na verdade, em processo de desenvolvimento.

    É um país estrategicamente importante, que vem desenvolvendo uma política econômica fortíssima, um país que tem reservas minerais imensuráveis – e nós, na verdade, dependemos também de vários produtos para a nossa atividade agrícola, por sermos hoje o maior produtor de alimentos do planeta, podemos dizer assim. Na escala de China, Índia, Estados Unidos, Rússia, etc., nós talvez fôssemos o terceiro, mas o maior produtor de proteína do planeta é o nosso país, o nosso querido Brasil e dependemos obviamente de insumos provenientes, inclusive, da República do Cazaquistão.

    Tivemos encontro com o Presidente do Senado em Astana, que é a sua capital. É uma capital construída com arquitetura semelhante a Brasília, é uma cidade planejada.

    Tivemos sessão do Grupo Parlamentar de Amizade no Parlamento, que nos recebeu com extrema gentileza, tanto a mim quanto ao Senador Angelo Coronel. Fomos nós dois representando o Senado da República brasileira. Depois, tivemos uma reunião longa e demorada com o nosso Embaixador em Astana, no Cazaquistão.

    Também tivemos a oportunidade, promovida pelo Parlamento, de fazer uma viagem entre Astana e Taldykorgan, que é uma cidade polo industrial, que, obviamente, mostrou muitos ensinamentos para nós.

    Tivemos reunião com o Governador da região, que nos explicou o processo de integração regional, que é fortíssimo, desenvolvendo uma economia participativa que é referência. Depois, fomos ao Centro Internacional de Cooperação Transfronteiriça, em Khorgos, na fronteira com a China. É uma área de livre comércio e de processamento de exportação. É um modelo, como nós dizíamos, ao longo da viagem de carro, é um oásis comercial no meio do deserto.

    Portanto, todos esses exemplos são importantes para que nós aprendamos e tragamos essas experiências aqui também para o nosso país. Finalizando essa viagem de cinco dias, tivemos uma reunião com uma empresa brasileira que é exemplo, na Europa e no mundo, porque, a partir de uma pequena célula, com o seu nascimento, em Santa Catarina, tornou-se uma empresa extremamente respeitável no comércio de motores, a WEG. Então, tivemos, lá no Cazaquistão, essa apresentação por parte deles, que já dominam grande parte do mercado da Ásia Central também.

    Então, gostaria de encaminhar esse relatório da viagem, o que é regimental: todas as viagens internacionais oficiais pressupõem-se que um relatório final da viagem seja encaminhado à Mesa da Casa, nos devidos trâmites.

    Gostaria de dizer, na verdade, que essas viagens têm uma importância gigantesca para todos nós, brasileiros, porque mostram a projeção do nosso país no concerto das nações. Todos os países a que você vai, hoje, em uma representação parlamentar, fazendo diplomacia parlamentar, você percebe, exatamente, o respeito e, acima de tudo, a confiança que eles depositam nos Parlamentares e no próprio Governo do país, não apenas no atual Governo, mas, pela grandeza do nosso país, pela inserção, com todas as suas transversalidades.

    Pontualmente falando, nas áreas da indústria, do comércio, da agricultura e da produção de alimentos, especificamente, nós temos o maior rebanho do mundo, nós temos mais gado no Brasil do que população. São 230 milhões de bovinos que têm uma proteína gigantesca para alimentar o mundo, e nós somos 215 milhões de habitantes, portanto, mostrando a capacidade de gerenciamento, de acompanhamento, de controle do nosso país, nesses segmentos da economia que são fundamentais para o desenvolvimento e um salto da nossa economia.

    Eu não poderia deixar, Sr. Presidente, de fazer um rápido comentário sobre o que acontece, hoje, em Israel. Eu trago a este Plenário do Senado um anseio que sinto reverberar, no coração e na mente de cada cidadão brasileiro, pois somos um povo pacífico; trago uma reflexão sobre a guerra e suas atrocidades no Oriente Médio.

    Vimos, com olhar atônito, a violência praticada pelo grupo Hamas, no sábado, dia 8 de outubro, um verdadeiro massacre de pessoas inocentes. É impossível assistir àquelas cenas e não se horrorizar com a selvageria dos atos praticados pelos membros do Hamas.

    Não obstante, Sr. Presidente e meus colegas Senadores, entendamos o desejo de destruir o grupo Hamas, para garantir que atos como a selvageria do dia 8 nunca mais ocorram, é impossível para nós, criados sob os valores da fraternidade humana...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – ... aceitarmos com tranquilidade os bombardeios e o bloqueio de oferta de água, alimentos e combustível impostos pelo Estado de Israel àquela população que vive em situação de muita restrição e que pode gerar uma séria crise humanitária.

    Vivemos aqui no Brasil a tônica da tolerância às desigualdades. Tivemos, sim, há muito tempo, conflitos com vizinhos, como a Guerra do Paraguai, mas, desde então, o Brasil tem buscado viver em paz com seus vizinhos. Talvez por isso, aqui no Brasil, as comunidades judaicas, cristãs, árabes e de tantos outros credos vivem em absoluta harmonia. Quero trazer essa reflexão ao Senado Federal. Temos muitas paixões...

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – ... somos latinos e, por isso, abraçamos com intensidade ideias, times, religiões e até candidatos, mas a convivência pacífica tem prevalecido ao longo da nossa história.

    Gostaria muito de ver prevalecer no Oriente Médio a máxima que procuro usar na política: focar naquilo que nos aproxima e superar aquilo que nos diferencia e nos afasta.

    No meu íntimo – e sei que aqui reverbero a vontade do povo brasileiro –, rezo pela paz no Oriente Médio. Como político, entendo que o Brasil deva fortalecer a busca da paz nessa região, que é o berço das primeiras e maiores religiões monoteístas: o cristianismo, o islamismo...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – ... e o judaísmo.

    Portanto, Sr. Presidente, é um momento, uma quadra difícil da nossa história, da história da humanidade, em que a gente vê, a cada dia, ameaças que podem causar danos a toda humanidade.

    Obviamente, desde o início do conflito, a gente tem percebido, Sr. Presidente, que os países hegemônicos, as grandes potências, também hoje já participam de uma forma direta desse conflito. E pedimos a Deus que, na verdade, não venha a se agravar como uma crise mundial, que é o cenário que, infelizmente, nós estamos sentindo que poderá acontecer.

    Então, gostaria de deixar esse registro hoje, Sr. Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2023 - Página 47