Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão acerca do pronunciamento do ex-Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao receber o Prêmio Nobel da Paz em 2009.

Lamento pela suposta negativa do Governo Federal em definir o Hamas como grupo terrorista e pelas recentes manifestações antissemitas ocorridas em vários países do mundo.

Críticas ao relatório da CPMI dos atos do dia 8 de janeiro de 2023.

Autor
Marcos Rogério (PL - Partido Liberal/RO)
Nome completo: Marcos Rogério da Silva Brito
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais:
  • Reflexão acerca do pronunciamento do ex-Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao receber o Prêmio Nobel da Paz em 2009.
Assuntos Internacionais:
  • Lamento pela suposta negativa do Governo Federal em definir o Hamas como grupo terrorista e pelas recentes manifestações antissemitas ocorridas em vários países do mundo.
Atuação do Congresso Nacional, Movimento Social:
  • Críticas ao relatório da CPMI dos atos do dia 8 de janeiro de 2023.
Aparteantes
Marcos do Val.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2023 - Página 97
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
Outros > Movimento Social
Indexação
  • COMENTARIO, PRONUNCIAMENTO, EX-PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), BARACK OBAMA, PERIODO, RECEBIMENTO, PREMIO NOBEL, PAZ, JUSTIFICAÇÃO, GUERRA, AFEGANISTÃO.
  • CRITICA, POSSIBILIDADE, AUSENCIA, GOVERNO FEDERAL, DEFINIÇÃO, GRUPO, TERRORISMO, PALESTINA, MANIFESTAÇÃO, ATUALIDADE, CONTRADIÇÃO, POVO, JUDAISMO, MUNDO, MORTE, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL.
  • CRITICA, RELATORIO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MOVIMENTO SOCIAL, JANEIRO, BRASILIA (DF), UTILIZAÇÃO, TERMO, TERRORISMO.

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para discursar.) – Sra. Presidente, Senadora Dorinha, Sras. e Srs. Senadores e os que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado Federal, no dia 10 de dezembro de 2009, na cidade de Oslo, capital da Noruega, o então Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebeu o Prêmio Nobel da Paz e proferiu um discurso que, ainda hoje, ecoa na mente de todos, em função da argumentação na qual, paradoxalmente, justificava a guerra. Ao receber o Prêmio Nobel da Paz, justificava o papel da guerra.

    Na ocasião, o Presidente norte-americano discorreu sobre o envio de soldados dos Estados Unidos para o Afeganistão, afirmando, abro aspas:

Estamos em guerra, e sou responsável pelo envio de milhares de jovens americanos a batalha em uma terra distante. Alguns vão matar, alguns serão mortos. E venho aqui com o senso aguçado do custo de um conflito armado, tomado de difíceis questionamentos sobre a relação entre guerra e paz e nosso esforço para substituir uma pela outra.

    Fecho aspas.

    Barack Obama falou durante 36 minutos, quando deixou claro que o emprego de armas pesadas são, em muitos casos, a única alternativa restante dentro de um cenário onde o jogo de sobrevivência aponta para o lado mais sombrio e desastroso de determinada situação ou circunstância.

    Lembro esse fato agora, Sra. Presidente, Srs. e Sras. Parlamentares, alguns dias depois de terroristas integrantes do Hamas terem invadido Israel. Ali, eles atiraram nas costas de adolescentes que assistiam a um show musical, ceifando a vida de centenas de pessoas que tomavam parte do evento. Os terroristas atuaram em grupos sincronizados, buscando alcançar efeitos dos mais negativos possíveis... Positivo para eles, que satisfizesse seu jogo macabro de dominação e poder.

    Muita culpa foi atribuída aos serviços de inteligência de Israel, considerados dos mais eficientes do mundo, mas, hoje, sabe-se que a coisa foi feita com incomparável competência criminosa. As informações de como tudo funciona dentro do país, além dos detalhes a respeito da organização da rave intitulada Universo Paralelo, foram levadas, para os terroristas, durante meses, no dia a dia, por palestinos que trabalhavam no país e por lá circulavam livremente.

    Depois do ataque que matou, inicialmente, centenas de pessoas, os países começaram a se manifestar, identificando o acontecimento por aquilo que, de fato, é: terrorismo! Terrorismo! Mas o Brasil, infelizmente, ficou tergiversando e não classificou, Senador Cleitinho, o Hamas como organização terrorista.

    Mas não é só isso. Brasileiros estavam entre as vítimas dessa chacina. As cariocas Karla e Bruna, além do gaúcho Ranani, foram mortos enquanto se divertiam. Não há confirmações oficiais, mas é possível que também haja brasileiros aprisionados pelo Hamas, que tenham sido levados, sequestrados.

    Em vista desses episódios, Sra. Presidente, inclusive atentando contra a vida de brasileiros, como não considerar o Hamas um grupo criminoso e terrorista?

    O Governo do Presidente Lula não chama terrorista de terrorista, e muitos deles são seus amigos, como o próprio chefe do Hamas. Aí estão os Presidentes Maduro, da Venezuela, Daniel Ortega, da Nicarágua, Miguel Díaz, de Cuba, e alguns outros.

    O Presidente Lula chamava Muammar Gaddafi, da Líbia, de "meu irmão", e louvava o comportamento do então Presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, país onde homossexuais são jogados dos mais altos edifícios para que tenham mortes crudelíssimas.

    Mas por que não se chamar terrorista de terrorista e tentar passar panos quentes? Por qual razão?

    A explicação do Governo brasileiro é a de que segue a classificação adotada pela ONU, que ainda não reconhece como terrorista a organização terrorista do Hamas.

    Ora, tenham a santa paciência, tenham um pouco mais de respeito, de dignidade, de decência.

    Mas o pior de tudo, Sra. Presidente, Srs. e Sras. Senadoras, é constatar que, em vários países europeus, bem como na Austrália e dentro dos Estados Unidos, surgiram assustadoras manifestações antissemitas. O espírito nazista está voltando. É um movimento que se verifica. Essas manifestações são efetuadas por largas parcelas de milhões de migrantes que vêm sendo sistematicamente infiltrados nesses países e que, como se observa, terminarão por dominá-los e comandá-los.

    O ato terrorista praticado pelo Hamas, Sra. Presidente, serviu para abrir os olhos e deixar evidenciado que uma nação como o Brasil, ou qualquer outra nação, não pode ficar desatenta, desarmada, à mercê de bandidos ou de terroristas. Não dá.

    Temos relatos vindos de Israel que contam histórias de salvamento, no recente atentado, por conta de armas que as pessoas sempre tiveram à disposição em suas casas. Ouvimos a história de uma ex-militar de 25 anos de idade, que salvou a si mesma e a sua família, ao utilizar armas guardadas em sua residência, utilizadas para rechaçar o ataque do Hamas.

    No Brasil, infelizmente, somente os bandidos podem andar armados tranquilamente, expondo armas de guerra em comunidades e locais onde o Estado não se faz presente. Nesses locais e comunidades, o vazio do poder do Estado acaba sendo exercido por organizações narcoterroristas, pois o mesmo STF que classificou e condenou os manifestantes de 8 de janeiro como terroristas proíbe a polícia de entrar nesses locais e comunidades para aplicar a lei que deveria valer para todos.

     E olha que eu não sou defensor de liberação de armas de forma indistinta. É preciso ter critérios, é preciso ter cuidados. Não é toda pessoa que pode ter um porte de arma, uma posse de arma. Obviamente que eu não sou irresponsável a esse ponto. Não sou defensor irresponsável, mas não se pode inverter a lógica, porque enquanto proíbem que cidadãos que possuem condições, habilidades, meios para tê-las, nada fazem para entrar em regiões que são absolutamente dominadas pelo crime organizado. Esse comportamento equivocado das autoridades está facilitando a vida das organizações narcoterroristas, que têm expandido suas ações nos últimos tempos.

    Paradoxalmente estamos vendo o Estado estimular o poder bélico de criminosos e desarmando o cidadão de bem. O Governo parece estimular a bandidagem e não a desarma. Não se vê movimento nessa direção, de maneira que precisamos mudar a nossa maneira de agir e começar a dar...

(Interrupção do som.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Sra. Presidente, eu vou passar para a conclusão da minha fala em relação a esse episódio do Hamas fazendo um paralelo, um triste paralelo. Nós estamos aqui concluindo o trabalho de uma CPI. Concluindo o trabalho de uma CPI! E hoje teve o relatório, Senador Girão, apresentado no âmbito da CPMI. E eu fiquei observando, no relatório da Senadora Eliziane Gama hoje, ela mencionou 64 vezes a palavra "terrorista" e "terrorismo", para definir o que aconteceu em Brasília no dia 8 de janeiro.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – E olha que eu tenho uma posição que não trato quem invadiu, praticou quebra-quebra como inocentes. Porque quem entra, quebra, pratica vandalismo comete crime. Mas daí a você fazer essa classificação, esse rótulo, diante especialmente dum momento como este que nós estamos testemunhando no mundo, as imagens fortíssimas de ataques, de mortes, de sequestros, de abusos.

    Agora, o que me chama a atenção, Senador do Val, é que esse mesmo Governo do PT se nega, esse mesmo Governo do PT, que diz que foi terrorismo o que aconteceu no dia 8, que foi ataque golpista, esse mesmo Governo do PT se nega a atribuir ao Hamas a classificação de grupo de terrorismo, relativizando os acontecimentos que levaram à morte...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – ... de mais de 1,2 mil pessoas, maioria civis, em Israel. Para o Governo do PT, quem invadiu aqui, Congresso, Palácio do Planalto e STF, e praticou quebra-quebra, sem nenhum tiro, nenhuma morte, é terrorista, é golpista. Mas o Hamas, que matou, sequestrou, bombardeou inocentes, aí não é terrorismo, não é terrorismo, é luta por direitos.

    Que inversão de valores não estamos vivendo no Brasil!

    Então, eu quero fazer esse registro para lamentar, mais uma vez, a postura do Governo brasileiro de não se posicionar com clareza, condenando o que aconteceu em Israel que, inclusive, vitimou brasileiros que lá estavam.

    Era o que tinha a dizer.

    O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES. Para apartear.) – Eu posso complementar, aproveitar esse assunto?

    Eu queria só complementar, Senador Marcos Rogério, a sua fala extremamente pertinente. Eu queria só colocar alguns pontos em que a sociedade brasileira ainda está meio confusa.

    Não são os palestinos que estão fazendo ato de terrorismo, o Hamas é que é um grupo... É como se o PCC fizesse alguma ação no país, e o mundo falasse que o brasileiro é que é traficante, que faz assaltos. Então, a gente precisa, primeiro, separar o Hamas dos Palestinos que estão sofrendo, achando que são eles que estão com esse grupo terroristas. Não são, eles sofrem com isso também.

    E o terrorismo... Eu acho que, agora, o PT – e eu acho que todo mundo está vendo o tempo inteiro – não tem como dizer que o que houve aqui é terrorismo; o que houve lá é manifestação.

    E quando você falou, sabiamente, sobre a...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... possibilidade de ter a sua própria arma... Tem um vídeo, já circulando, que mostra o próprio terrorista correndo, e um atirador o eliminou. Quer dizer, poderia estar indo para cima dele para matar a família. Graças a Deus, ele tem armas.

    Hoje, em Israel – eu conheço muitos militares lá de Israel –, o que acontece? Quando você faz o serviço obrigatório, aos 18 anos – a mulher também tem o serviço obrigatório aos 18 anos –, e você conclui, você vai para a sua casa com um fuzil. O fuzil é seu, para defender a sua família e defender o país, caso haja convocação, como está tendo agora.

    Então, essa visão de mundo deturpada... É o momento de a gente discutir várias questões e sair dessa narrativa de que o que houve aqui foi terrorismo. Não tinha ninguém armado, ninguém morreu. Agora, houve uma depredação, uma invasão do...

    A SRA. PRESIDENTE (Professora Dorinha Seabra. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - TO) – Para concluir, por favor.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... invasão do patrimônio público.

    Observando várias... Durante aquela caminhada, mini investigação... Quando os policiais, pelo helicóptero, estavam disparando, fazendo os disparos de borrachas e de armas não letais – uma técnica que foi adaptada para aquele momento –, muita gente, para fugir daqueles tiros, entrou aqui no Congresso para se abrigar. Então, eles estavam abrigados aqui. Até algumas unidades do Exército falaram: "Venham aqui, venham para cá". E aqui foi dada voz de prisão a pessoas comuns que estavam apenas fazendo uma manifestação. Hoje, estão pegando 17 anos de cadeia. Gente, isso não tem condições, é absurdo. Para mim, isso é terrorismo: sem dar chance de defesa, acusar inocentes, fazê-los passar pelo que estão passando. O que eles estão sofrendo...

    A SRA. PRESIDENTE (Professora Dorinha Seabra. Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - TO. Fazendo soar a campainha.) – Para concluir, Senador.

    O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... o que eles estão sofrendo.

    Porque eu acho que, às vezes, eu falo assim: poxa, eu não queria receber tanta mensagem assim. As mensagens que eu recebo, os vídeos que eu recebo são de mulheres que estão há oito meses no regime fechado, na solitária, sem ter tido ainda a denúncia. Nenhuma. Não tem nenhuma denúncia contra ela, e ela está na solitária há oito meses, sem ver o sol, sem ter denúncia.

    Então, coisas gritantes a esse ponto. E isso nós precisamos, realmente, levantar, e defender que está tendo uma injustiça atrás da outra. Não se prendem duas mil pessoas. Hoje você vê... É muito fácil para nós ver quem é quem. É muito fácil para quem trabalha na área saber quem é quem.

    Parabéns pela fala!

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Agradeço a V. Exa. pelo aparte.

    E concluo, Sra. Presidente, agradecendo a oportunidade de mencionar a minha solidariedade a Israel, ao seu povo, à sua gente, às famílias...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – ... que estão sofrendo em razão do que aconteceu naquele ataque naquele dia, e a outras que continuam sofrendo muito em razão dos sequestros, porque pessoas estão aprisionadas, inclusive crianças.

    E minha condenação veemente ao Hamas e a todos aqueles que apoiam essa organização terrorista, estejam onde estiverem.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2023 - Página 97