Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pela derrota da seleção brasileira de futebol masculino para a seleção da Argentina nas eliminatórias da Copa do Mundo. Críticas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela organização do evento. Insatisfação com episódios de violência no Rio de Janeiro durante a realização de eventos internacionais.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desporto e Lazer, Segurança Pública:
  • Lamento pela derrota da seleção brasileira de futebol masculino para a seleção da Argentina nas eliminatórias da Copa do Mundo. Críticas à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pela organização do evento. Insatisfação com episódios de violência no Rio de Janeiro durante a realização de eventos internacionais.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/2023 - Página 20
Assuntos
Política Social > Desporto e Lazer
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • COMENTARIO, PERDA, BRASIL, TIME, HOMEM, FUTEBOL, VITORIA, ARGENTINA, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, ELIMINAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, CRITICA, CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF), ORGANIZAÇÃO, EVENTO, DESAPROVAÇÃO, VIOLENCIA, RIO DE JANEIRO (RJ), PERIODO, REALIZAÇÃO, DISPUTA, AMBITO INTERNACIONAL.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, a todo o grupo Senado, aos meios de comunicação, redes sociais, Deus e saúde, especialmente à pátria amada e aos amigos e amigas aqui no Plenário.

    Presidente e amigo pessoal Rodrigo Pacheco, não pode ser outro o assunto de minha parte hoje: a derrota dupla que o Brasil sofreu ontem à noite no seu palco mais sagrado, mais popular, o estádio do Maracanã. No jogo de futebol, pela primeira vez, perdeu, em casa, uma partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo, vencida pela Argentina por 1 a 0.

    Nos momentos que antecederam a partida, a derrota foi por goleada. Cenas de selvageria, briga entre torcedores e agressão de policiais aos visitantes escancararam imperdoável falta de organização da tal da CBF, que deveria se chamar Confederação Brasileira de Futebol e que, na verdade, é casa bandida do futebol.

    Eu peço aqui publicamente ao meu ídolo e irmão Romário – eu, como Vice-Presidente da Comissão de Esportes, e ele, Presidente – que a gente tome providências com os demais membros titulares, como a Leila do Vôlei, como o Girão e outros.

    Porque a responsabilidade – ou irresponsabilidade – total foi dela, a CBF. Porque só acontece por aqui em situações semelhantes. E ainda tivemos de ver o jogo de empurra de responsabilidades entre a administração do estádio, a Polícia Militar e a Confederação Brasileira de Futebol, que, eu repito, para mim, é casa bandida do futebol.

    Como se fosse possível esconder o óbvio, torcedores do Brasil e da Argentina, pasmem, não estavam separados por nenhuma divisória no setor sul do Maracanã, onde se deu o tumulto. A gente viu crianças, mulheres em desespero. E iniciado durante a execução do quê? Dos hinos dos dois países.

    Foi ignorado um risco, repito, óbvio: a possibilidade de briga entre torcidas no primeiro encontro entre as duas seleções rivais depois da última Copa do Mundo, em que o Brasil fracassou, e a Argentina conquistou o título.

    Ninguém se lembrou também do ocorrido no início do mês: uma batalha praiana em Copacabana – protagonizada por torcedores argentinos e brasileiros, na véspera da decisão da Taça Libertadores da América, com a vitória do Fluminense sobre o Boca Juniors – deu no que deu. Para a FIFA, entidade máxima do futebol, a CBF é organizadora da partida e, por isso, pode sofrer qualquer tipo de punição. E tem que sofrer.

    Para mim, com a experiência de nove Copas do Mundo nas costas, todos os envolvidos na organização do jogo são responsáveis pelo vexame mundial. O pior é que ele se deu quatro dias depois dos fatídicos acontecimentos relacionados à apresentação da cantora americana Taylor, no Estádio do Engenhão, também no Rio. Na sexta-feira, em plena onda de calor, não foi permitido o ingresso com garrafas d'água no estádio, onde a sensação térmica beirou os 60 graus. Aconteceram centenas de desmaios e a morte de uma jovem, de 23 anos, do Mato Grosso do Sul.

    Na madrugada de sábado, um rapaz que esteve no show foi morto a facadas na praia de Copacabana, durante assalto praticado por bandido que horas antes havia deixado a cadeia. O jovem assassinado, de 25 anos, também era sul-mato-grossense. Ainda no sábado, dia de recorde histórico de calor, o segundo show foi adiado pouco antes de começar, quando os espectadores já se encontravam dentro do estádio. Na saída, muitos deles foram vítimas de arrastões praticados por assaltantes. Os arrastões, por sinal, já tinham acontecido anteriormente, no dia 9, depois do show da banda mexicana RBD, no mesmo estádio do Engenhão, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

    Parece que ninguém prestou atenção. Pátria amada, num curto espaço de tempo, tivemos três eventos internacionais, Presidente Rodrigo Pacheco, que se transformaram em publicidade negativa para o Brasil, justamente na cidade que é a principal referência turística do país. Assim, fica difícil estimular o turismo, inclusive internamente.

    Os episódios recentes, perto das festas de fim de ano e na véspera do início do verão, não podem ser ignorados, devem servir de alerta e lição a Prefeitos, autoridades de segurança, administradores de ginásios e estádios, setor hoteleiro, Defesa Civil e responsáveis por entretenimento. Diversão é coisa séria. Que sejam tomadas providências e que a Comissão de Esportes, criada com todo o seu apoio, Presidente Rodrigo Pacheco, imediatamente tome providências e convoque os responsáveis. Que paremos de achar... Desculpem-me os Senadores baianos, alguns que gostam dele, mas não adianta dizer que o Presidente CBF, baiano, não é corrupto, como era corrupto na medula, na essência, o Ricardo Teixeira. O problema é que ele é incompetente. Ele não tem capacidade de ser o dirigente máximo do futebol brasileiro. Essa é a triste realidade do que vimos ontem.

    Eu, francamente, desliguei a televisão depois do hino e da selvageria, e não quis nem ver o jogo. Graças a Deus, não perdi nada, até porque a Argentina simplesmente ganhou do Brasil dentro do Maracanã e o Brasil, pela primeira vez na história das Libertadores das eliminatórias da Copa do Mundo, está atrás da Venezuela. Aí eu tenho que aguentar a gozação do Senador Ciro Nogueira: "Kajuru, o Brasil segue atrás da Venezuela".

    Bom, isso é no futebol, é claro. Mas, enfim, triste.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/2023 - Página 20