Discurso durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com as anomalias climáticas que assolam o Brasil e o mundo.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Mudanças Climáticas:
  • Preocupação com as anomalias climáticas que assolam o Brasil e o mundo.
Publicação
Publicação no DSF de 22/11/2023 - Página 57
Assunto
Meio Ambiente > Mudanças Climáticas
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, ALTERAÇÃO, CLIMA, QUANTIDADE, CALOR, INFLUENCIA, BRASIL, MUNDO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Presidente histórico deste Congresso Nacional, Senador Rodrigo Pacheco, amigos e amigas do Plenário, Deus e saúde a todos e todas, em especial à nossa pátria amada.

    Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, Senador que tem o meio ambiente como uma de suas prioridades não poderia subir à tribuna hoje, 21 de novembro de 2023, sem falar mais uma vez das anomalias climáticas que o Brasil e o mundo estão vivenciando.

    No Brasil, os últimos dias foram marcados por chuvas torrenciais e inundações no Sul, seca no Norte e parte do Nordeste, incêndios no Centro-Oeste e onda de calor em todo o Sudeste e ainda em estados de outras regiões. O país registrou, no último domingo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o recorde na história de medições de temperatura. Foram alcançados 44,8ºC no Município de Araçuai, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Temperaturas acima de 40º, com sensação térmica muitas vezes passando dos 50º, tornaram-se comuns em vários estados durante a assustadora onda de calor que nos infernizou nesta primavera de 2023.

    Faço aqui um parêntesis para lembrar que o verão, a estação do calor, só começa daqui a um mês, em 22 de dezembro; chegará em companhia de um fortalecido El Niño, o fenômeno meteorológico capaz de provocar alterações climáticas extremas.

    A onda de calor que acabamos de sofrer coincidiu com a divulgação, pela Agência Climática da Organização das Nações Unidas, de um relatório que constata o nível recorde de gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global provocado por quem? Pelo homem.

    Sem medo de errar, podemos dizer que apesar das várias advertências dos cientistas e das muitas conferências sobre o clima, a COP 28, por exemplo, vai começar no próximo dia 30, em Dubai, e o mundo segue na direção errada. Em consequência, os eventos climáticos extremos se tornam cada vez mais intensos e mais frequentes.

    Somos um exemplo. De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia, neste ano, o Brasil já foi atingido por oito – repito, oito, oito! – ondas de calor.

    Cientistas que integram o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ligado à ONU, têm feito um alerta: se não houver redução das emissões de gases de efeito estufa, a temperatura no planeta pode aumentar, pasmem, 3% até 2050. Se isso acontecer, calcula-se que um evento climático que ocorria uma vez a cada 50 anos poderá se repetir, no mesmo período de tempo, 39 vezes – repito, 39 vezes! – e, o mais grave, com intensidade cinco vezes maior. Uma verdadeira catástrofe, um motivo de preocupação para os países de regiões tropicais, como o Brasil, que já tem temperaturas mais altas do que outras nações do planeta.

    A Organização Meteorológica Mundial tem feito a sua parte. Há seis meses, em congresso internacional, criou o Observatório Global de Gases de Efeito Estufa, com a adesão de mais de cem países de todos os continentes. Trata-se de plataforma que deve começar a operar, no máximo, em cinco anos, cujo objetivo é facilitar a compreensão dos fatores que impulsionam as mudanças climáticas. Isso será possível mediante monitoramento contínuo, em tempo real, das emissões de gases do efeito estufa, o que, em tese, vai ajudar na elaboração de políticas públicas mais eficientes para limitar ou reduzir tais emissões.

    Tenho a convicção, senhoras e senhores, de que a dificuldade maior não é a criação de tecnologias capazes de possibilitar o alcance do reequilíbrio climático. O problema é, por motivos variados, a falta de vontade política. A questão climática, a meu ver, só será solucionada de uma maneira inédita: pressão simultânea e incessante dos habitantes de todos os países da Terra sobre seus governantes, para que eles parem com os discursos e ajam de fato para conter o aquecimento global.

    Encerro: é uma missão em defesa de nossa sobrevivência, que não pode ser mais adiada.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/11/2023 - Página 57