Discurso durante a 35ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da permanência do Sr. Jean Paul Prates à frente do comando da Petrobras e insatisfação com as declarações feitas pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo sobre a gestão do presidente da empresa.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Administração Pública Indireta, Minas e Energia:
  • Defesa da permanência do Sr. Jean Paul Prates à frente do comando da Petrobras e insatisfação com as declarações feitas pelo Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo sobre a gestão do presidente da empresa.
Aparteantes
Vanderlan Cardoso.
Publicação
Publicação no DSF de 10/04/2024 - Página 16
Assuntos
Administração Pública > Organização Administrativa > Administração Pública Indireta
Infraestrutura > Minas e Energia
Indexação
  • DEFESA, PERMANENCIA, PRESIDENTE, JEAN PAUL PRATES, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), ALEXANDRE SILVEIRA, INTERESSE, REMOÇÃO, CARGO PUBLICO, ELOGIO, GESTÃO, REDUÇÃO, PREÇO, PARIDADE, IMPORTAÇÃO, LUCRO, SOLICITAÇÃO, INTERVENÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, MANUTENÇÃO, PRESIDENCIA, ENTIDADE.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Primeiro, amigo e voz consagrada da amada Paraíba, sempre atuante presidindo as sessões deste Senado Federal, Senador Veneziano Vital do Rêgo, hoje eu fiz uma brincadeira aqui respeitosa ao amigo Vanderlan Cardoso, do nosso amado Estado de Goiás, de que ele realmente quer ser o Prefeito de Goiânia, e tem tudo para ser, aliás, porque eu nunca o vi 2h da tarde aqui, eu o vejo 4h da tarde, na Ordem do Dia. E chegou tão cedo hoje.

    Marcos do Val também não chega às 2h, e hoje está aqui às 2h. Às 2h é a briga, cabeça a cabeça: Paim, Girão e Kajuru.

    O Sr. Vanderlan Cardoso (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - GO) – Viu, Senador Kajuru...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Oi, querido.

    O Sr. Vanderlan Cardoso (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - GO. Para apartear.) – Mas, como Presidente da CAE, todas as vezes que V. Exa., como membro, não aparece lá, como foi o caso de hoje, a gente sente falta também, viu?

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Eu sei.

    O Sr. Vanderlan Cardoso (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - GO) – Nossa reunião hoje terminou quase 1h da tarde, então hoje nós estamos aqui prestigiando nosso Presidente. Como V. Exa. falou, é um prazer, para nós, termos aqui o Veneziano presidindo.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – É, mas essa sua cutucada em mim foi injusta. Aí você está querendo perder o meu apoio lá em Goiânia. Eu não estive na CAE porque eu estava como Presidente hoje da Comissão de Segurança Pública, mas eu votei, pode ver lá que eu não deixei de votar na CAE.

    O Sr. Vanderlan Cardoso (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - GO) – Mas não foi cutucada, não, foi porque realmente a gente sente a presença. Todos os membros da CAE, quando não vão, eu sinto a falta.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Você é igual ao Davi; o Davi fica cobrando quem não vai.

    O Sr. Vanderlan Cardoso (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - GO) – É.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Mas, gente, brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, eu sei que para fazer um pronunciamento como este é preciso ter a coragem, ter a independência, porque eu vou falar do meu próprio Governo, do qual orgulhosamente sou o Vice-Líder, escolhido pelo Presidente Lula e pelo Líder Jaques Wagner, e sou Líder, de novo, da bancada do Vice-Presidente da República, Geraldo Alckmin. Normalmente quem tem essas funções não poderia usar esses argumentos que, a partir de agora, mostro à pátria amada.

    É para tratar de uma lamentável novela em que se transformou uma suposta mudança na Presidência da Petrobras, a meu ver, uma crise artificial, que prejudica a maior empresa brasileira, causa danos aos governos – no caso, especialmente ao Governo Lula 3 – e ainda fornece munição aos que torcem para que o país não dê certo – quanto pior melhor, e aqui tem casos assim, infelizmente.

    Não sou de meias palavras, como todos e todas me conhecem, no Brasil inteiro, em meus 50 anos de carreira nacional, na televisão, no rádio e nos jornais.

    Defendo a continuidade de Jean Paul Prates na presidência da maior empresa brasileira, por honradez, talento, capacidade, preparo – um homem público irretocável. Convivendo com ele aqui no Senado Federal – e sei que Veneziano, que Vanderlan, que Paim, que Marcos do Val pensam como eu –, nós aprendemos a respeitá-lo, por seu caráter íntegro e por seu amplo conhecimento.

    Ele fez cursos de mestrado no exterior, especializando-se em planejamento energético, gestão ambiental e economia do petróleo, e tem quase quatro décadas de experiência na criação e execução de projetos nas áreas de gás natural, petróleo, biocombustíveis e energia renovável.

    Não por acaso, durante a transição, foi protagonista na elaboração da política energética do Governo Lula 3. E, ao ter esse conhecimento a fundo do setor, sabe o quanto é importante a transição energética, uma vez que petróleo tende a perder a importância ao longo deste século XXI.

    Por isso, ao elaborar o plano de investimentos para os próximos cinco anos – com previsão de investimentos da ordem, saibam, de R$100 bilhões –, destinou 10% para as novas fontes de energia – solar, eólica, hidrogênio verde.

    Pode ter ele, Jean Paul Prates, com certeza, incomodado alguns, alguns do Governo de que sou Vice-Líder e que passaram a ter o meu desrespeito. E eu dou nome aqui; eu não pipoco, eu não tenho medo. E alguém com quem eu tinha a melhor convivência nesta Casa, o mineiro, ex-Senador e hoje Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O que de pessoal o senhor tem contra o Presidente da Petrobras? Ou quais são os seus interesses em querer derrubá-lo? São interesses escusos? São interesses honestos, que vão contribuir com o país?

    Pode ele ter incomodado alguns – e aqui citei um deles –, aqueles que o jornalista André Trigueiro, da GloboNews, qualificou como "oleocratas", mas agiu acertadamente para a maioria dos especialistas do setor.

    Entre eles, há uma certeza: política de energia tem de andar de mãos dadas com política ambiental, e hoje existe o consenso de que a Petrobras tem condições de liderar o processo de descarbonização da nossa economia.

    Abro parênteses para lembrar que o Brasil é privilegiado, dono de território com áreas gigantescas servidas por água, vento, luz solar, biomassa e metais essenciais para a transição energética, como níquel, cobre, nióbio e lítio.

    Como diz o título de editorial de hoje do jornal O Estado de S. Paulo, respeitadíssimo, abro aspas: "Temos sinal verde para a economia verde", fecho aspas.

    Além de mostrar visão estratégica privilegiada, Jean Paul Prates faz, na Petrobras, uma gestão, a meu ver – e para a maioria das pessoas de bem deste Congresso Nacional e do país, até para gente da oposição com quem eu conversei hoje –, isenta de quaisquer reparos, quaisquer. Apontem um, por fineza. Acabou com o famigerado PPI (Preço de Paridade de Importação). Desde a implementação da nova estratégia comercial, em maio de 2023, o Brasil vivencia maior estabilidade nos preços dos combustíveis. Ainda no ano passado, o primeiro de Jean Paul Prates na Presidência, a Petrobras alcançou, senhoras e senhores, o segundo maior lucro líquido de sua história, e saibam: R$124,6 bilhões.

    Aí, de uma hora para a outra, nasce uma crise desnecessária. Insisto na pergunta: ela é escusa? Ela tem interesses num setor tão desejado e sonhado? O setor elétrico? O setor de energia? Para beneficiar quem do Governo, de que eu sou Vice-Líder? Se tiver picareta nele, se tiver gente com interesses escusos, eu saio do Governo agora. Então, nasce uma crise, repito, desnecessária, por causa da retenção total, por decisão do conselho da empresa, dos dividendos extraordinários.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – Vou concluir.

    Foi uma medida que causou danos à empresa por causa da repercussão negativa no mercado.

    Para botar lenha na fogueira, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para mim, hoje, uma surpresa 100% negativa, dá uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, admite de público divergências com Jean Paul Prates – sem nenhum motivo, porque combinavam tão bem aqui no Senado Federal – e faz uma relação dúbia, quando instado a falar sobre o trabalho de Prates na Presidência da Petrobras. Disse ele que deixava para o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a avaliação da gestão do Presidente da Petrobras.

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – É justo destacar que Prates, Presidente da Petrobras, defendia a distribuição aos acionistas de 50% dos dividendos extras, próximos dos 45% distribuídos de dividendos ordinários, e, agora, surgem várias informações de que isso poderá ser feito. Se for assim, mais um ponto para o Presidente da empresa Petrobras.

    Fecho, Presidente Veneziano, porque nunca passo do tempo.

    Hoje, intolerante e indignado com essa situação, subo à tribuna para fazer o que poucos teriam coragem de fazer, Senador Plínio Valério – que conviveu com Prates, e sei da sua admiração por ele.

    Torço para que o Presidente Lula, ao acabar o mais rápido possível com esse imbróglio, adote...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... a decisão que, para mim, é a mais acertada – e para o Brasil, para o seu Governo –, que é manter Jean Paul Prates no comando da Petrobras; chamar o Ministro das Minas e Energia, ter um bom diálogo com ele. Não estou aqui pedindo a cabeça dele, querendo derrubá-lo, longe disso, mas que ele tenha a tranquilidade de respeitar um homem público como Jean Paul Prates e de parar com essa briga, desde o início do Governo totalmente desnecessária.

    E, aqui, finalizo: felizmente, o Governo Lula tem um homem público diferenciado, acima de todas as médias, o Ministro da Economia, Fernando Haddad, que conversou, ontem – e aqui, a informação em primeira mão, neste Plenário –, com o Presidente Lula, por mais de uma hora, à noite, no Palácio, e convenceu o Presidente para que não cometa esse erro de...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... neste momento vitorioso da Petrobras, aceitar um jogo sujo, um jogo sórdido, um jogo venal para derrubar um homem da capacidade moral irretocável de Jean Paul Prates.

    Presidente, desculpe. Nunca aconteceu, em cinco anos de mandato, de eu passar do tempo de dez minutos – respeito, são meus irmãos, mas eu não faço como Magno Malta, como Eduardo Girão, que, às vezes, falam até mais do que meia hora aqui –, mas, hoje, eu tinha que falar, e falei de coração aberto.

    Estou pronto para ser processado, para ser criticado. Se o Governo não quiser, me avise, que eu saio hoje do Governo. Nunca serei inimigo de Lula, mas sairei do Governo, porque eu não aceito injustiça com quem eu gosto e com quem eu respeito, que se chama Jean Paul Prates.

    Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/04/2024 - Página 16