Discurso durante a 63ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Censura contra organizações não-governamentais em função da divulgação de campanhas que estabelecem uma relação de causalidade entre o desmatamento no bioma Amazônico e as enchentes no Estado do Rio Grande do Sul.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Calamidade Pública e Emergência Social, Meio Ambiente:
  • Censura contra organizações não-governamentais em função da divulgação de campanhas que estabelecem uma relação de causalidade entre o desmatamento no bioma Amazônico e as enchentes no Estado do Rio Grande do Sul.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2024 - Página 25
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Meio Ambiente
Indexação
  • CENSURA, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), MOTIVO, DIVULGAÇÃO, CAMPANHA, INFORMAÇÃO, DESMATAMENTO, BIOMA, AMAZONIA, VINCULAÇÃO, INUNDAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM. Para discursar.) – Sr. Presidente, saudando o nosso Presidente do PSDB, Senador quatro vezes – não é isso, Marconi? Governador, Senador, é o nosso Presidente do PSDB, e eu tenho dito aqui, meu Presidente, quando eu pergunto se eu vou ficar para apagar a luz. A luz não vai se apagar, então não precisa ninguém para ficar, não é? Eu tenho dito isso.

    Saudando o nobre Senador paraguaio e o meu mestre aqui, o Amin. Quando ele caminha na minha frente, eu falo "não tropeça, porque eu vou pensar que é para tropeçar e vou tropeçar também". O Amin é nosso mestre aqui.

    Presidente, Senadoras, Senadores, ONG a serviço das fundações ligadas a grandes empresas internacionais, o WWF, por exemplo, lançou, em pleno desastre que está acontecendo agora, campanha destinada a explorar a tragédia que atinge nossos irmãos e irmãs do Rio Grande do Sul. Sim, ela mesma.

    A ONG, aparentemente boazinha, que se apropriou do símbolo do panda chinês, vem divulgando comunicados em que culpa o desastre gaúcho pelo que chama de "redução das reservas naturais da Amazônia Legal", ou seja, da cobertura ambiental.

    E ataca o Congresso brasileiro por sempre, segundo o WWF, tentativa de aprovar projetos devastadores para o clima. Chega até a alertar essas tentativas.

    Nem é preciso dizer que todas essas alegações são falsas, meu best Senador Oriovisto. O Rio Grande do Sul passou por outras terríveis inundações, em outros momentos, como aconteceu em 1941, sem que nada disso tivesse relações com a Amazônia – 1941.

    É um fenômeno climático? Sim. E, embora os traumas anteriores não fossem tão destrutivos, pois a área era menos povoada, Porto Alegre, os municípios eram outros, até nem existiam ainda em 1941. Mas nada disso se originou na Amazônia.

    Aí, eu estou falando isso, é bom explicar ao brasileiro, à brasileira... O WWF publicou, na sua página, dizendo, perguntando assim: "Você sabia que o desastre do Rio Grande do Sul tem tudo a ver com o desmatamento na Amazônia?". Ou seja, uma campanha mentirosa e maldosa.

    Da mesma forma, é absolutamente irresponsável culpar o Congresso brasileiro, até porque nenhum dos projetos citados pelo WWF foi votado até o momento, nem no Senado, nem na Câmara. Tudo falso. Finge, mostra que tem projetos fictícios, fake news pura. E atribuindo a nós projetos que sequer foram apresentados.

    Quem seria então o responsável por essas mudanças climáticas denunciadas pelo WWF? Essa é fácil de responder. Já respondi aqui e vou dizer de novo. Disponho de dezenas de estudos, mostrando que a esmagadora maioria das emissões de gás carbônico, o grande responsável pelo aquecimento global e pelas mudanças climáticas, parte da economia de maior porte. Nada menos do que dois terços das emissões têm origem na China, com 32,9%; Estados Unidos, 12,6%; Índia, 7%; Rússia, 5.1%. E por aí afora.

    Estou falando desses países que são responsáveis pela emissão de CO2 na atmosfera, dessas mudanças climáticas. Eles são os culpados.

    E aí vem: tem Irã, tem Alemanha, Coréia do Sul, Indonésia, Arábia Saudita, e só aí é que aparece o Brasil, com 1,2%. De 100%, o Brasil colabora com 1,2% para poluir a atmosfera, e eles jogam para nós – principalmente da Amazônia, e para você brasileiro também – a responsabilidade, a pecha de vilão, para que nós aceitemos essa pecha de vilão e achemos que nós somos culpados por isso.

    Nada! Não somos culpados por absolutamente nada disso.

    Pior ainda é o quadro.

    Em busca das responsabilidades apontadas pelo WWF, fizemos uma busca histórica: caso se some todo o gás carbônico lançado na atmosfera desde 1850, quando a industrialização passou a acentuar-se, podemos constatar que 24,4% – ou seja, praticamente um quarto das emissões – partiram dos Estados Unidos.

    A seguir estão as potências industriais que marcaram época: a Alemanha, 5,5%; o Reino Unido, 4,4%; o Japão, 3,9%. Segue-se a França, Canadá e países europeus de menor porte.

    É desnecessário dizer que o Brasil sequer aparece nessa lista de poluidores.

    E você, que acompanha a narrativa que é compactuada pelos grandes meios de comunicação, acaba acreditando nessa narrativa de que nós poluímos o planeta e somos os vilões.

    Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, estão claras a falsidade e a hipocrisia do WWF em seus ataques ao Brasil e aos brasileiros.

    Não há dúvida nenhuma de que, se formos à caça dos responsáveis pelas mudanças climáticas, em sua quase totalidade provocada pelo aquecimento global, eu já disse quem são elas e quem são eles. É o relatório oficial das Nações Unidas que nos informa que "essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador [...] [dessas mudanças]".

    Os dados que citamos mostram que, nesse quadro, a responsabilidade do Brasil e dos brasileiros é muito pequena, Presidente. Foi pequena – aliás, mínima – no passado e é hoje extremamente reduzida, não apenas em comparação com as grandes potências industriais históricas, mas também se levarmos em conta os grandes países em desenvolvimento, a começar pela Índia e China.

    Isso nos leva a um questionamento óbvio: se toda essa história relatada pelo WWF é falsa, meramente falsa, conversa fiada, pergunta-se: qual o motivo dessa postura, que, como estamos dizendo, é absolutamente hipócrita? Qual o objetivo do WWF e dessas ONGs?

    Ele próprio nos mostra as suas razões. Entre a falsidade assacada contra o Brasil e os brasileiros, está, no texto oficial da entidade, o conselho não solicitado de que – olha só o conselho dele: "Deve ser feito para que tragédias como as vistas hoje não se repitam [, pois] enquanto a população sofre com os efeitos dos eventos climáticos extremos, o Congresso Nacional tenta aprovar projetos devastadores para o clima, o meio ambiente, para as comunidades tradicionais", fecha aspas.

    Mentira, hipocrisia! Eles confundem e querem passar para nós ciência como fantasia, fantasia como ciência. Baseiam-se – dizendo que é – na ciência para pregar suas fantasias, suas maldades, suas hipocrisias mundo afora.

    Todo mundo sabe que o WWF é custeado por entidades de grandes empresas, todas elas de países que se dizem comprometidos com o meio ambiente, com as mudanças climáticas, mas financiam as ONGs, financiam o WWF.

    Então, Presidente, para encerrar...

    E é um assunto bom, é um assunto legal, eu já agradeci aqui várias vezes a Deus a bênção de poder estar Senador, e é claro, com quase 1 milhão de votos, o povo amazonense me colocou aqui para isso.

    Não tem problema se é todo dia, se chateia alguém. Não me importa, não tem problema. O importante é estar Senador, usar desta tribuna para mostrar a hipocrisia daqueles que fantasiam, que dizem buscar na ciência para fantasiar a sua hipocrisia e a sua razão.

    Eles dizem que têm razão, que são do império do bem. Eles são altruístas, generosos, estão aqui para ajudar, ganhando dinheiro de países internacionais. Coisa nenhuma!

    Eles se dizem do império do bem, e o bem, para vigorar, para se sustentar, para existir, precisa do mal. E esse mal somos nós, são as queimadas, as inundações, o desmatamento, os garimpeiros... Somos os maus; eles são os bons.

    A nós cabe alertar isso aqui. Cabe alertar o brasileiro e a brasileira que não se deixem mais envolver por essa narrativa.

    Querer dizer que a catástrofe do Rio Grande do Sul é consequência do desmatamento da Amazônia, meu bom Chico Rodrigues – que é de Roraima, que é da Amazônia –, é hipocrisia pura. Eles se aproveitam de um momento desse em que todo mundo está machucado, em que todo mundo está vulnerável, para dizer uma besteira, uma bobagem, uma hipocrisia, uma sandice desse tipo e dessa natureza.

    Pois que fique claro: a WWF não vai mais mentir à toa, não vai ficar mentindo, fazendo das suas mentiras verdades, enquanto o povo do Amazonas achar que eu mereço estar aqui neste Senado.

    É sempre boa a luta contra os hipócritas, isso é até bíblico. Eu não quero nunca me juntar a isso, mas lutar contra os hipócritas é sempre uma missão gostosa, difícil, mas possível de realizarmos.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2024 - Página 25