Discurso durante a 64ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação acerca de uma possível estiagem na Região Norte do Brasil.

Defesa da trafegabilidade da BR-319, ressaltando sua importância para o abastecimento de alimentos e medicamentos em Manaus-AM.

Críticas às ONGs que supostamente culpabilizam o Brasil pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa.

Críticas ao Judiciário brasileiro e o Ministério Público Federal por, supostamente, apoiarem agendas ambientalistas que prejudicam a soberania nacional e o desenvolvimento econômico da Amazônia.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Meio Ambiente:
  • Preocupação acerca de uma possível estiagem na Região Norte do Brasil.
Transporte Terrestre:
  • Defesa da trafegabilidade da BR-319, ressaltando sua importância para o abastecimento de alimentos e medicamentos em Manaus-AM.
Poluição:
  • Críticas às ONGs que supostamente culpabilizam o Brasil pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa.
Atuação do Judiciário, Ministério Público:
  • Críticas ao Judiciário brasileiro e o Ministério Público Federal por, supostamente, apoiarem agendas ambientalistas que prejudicam a soberania nacional e o desenvolvimento econômico da Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2024 - Página 17
Assuntos
Meio Ambiente
Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Terrestre
Meio Ambiente > Poluição
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
Organização do Estado > Funções Essenciais à Justiça > Ministério Público
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, SECA, REGIÃO NORTE.
  • DEFESA, MANUTENÇÃO, RODOVIA, MANAUS (AM), ABASTECIMENTO, ALIMENTOS, MEDICAMENTOS.
  • CRITICA, ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA, MARINA SILVA, IMPEDIMENTO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, EXPLORAÇÃO, RECURSOS NATURAIS, POTASSIO.
  • CRITICA, JUDICIARIO, MINISTERIO PUBLICO, APOIO, ECOLOGISTA, IMPEDIMENTO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REGIÃO AMAZONICA.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente Chico Rodrigues, quero saudar – o senhor já o fez por mim e pelo Senado – a Prefeita Denise, que está aqui, de Itapiranga, e o Secretário de Finanças, o Lessa. O senhor já mandou o seu recado em código, e eu acho que eles entenderam.

    Sras. Senadoras e Srs. Senadores, meu amigo Senador Girão, Senador Cleitinho, eu já ocupei aqui a tribuna e pedi permissão aos gaúchos até, naquela altura, para também prestar solidariedade, falar de como nós amazonenses sofremos com eles lá, mas chamava atenção para um problema que nós teremos, que é a seca, que é a estiagem.

    Eu volto a esse assunto hoje, porque é importante alertar e voltar a falar sobre o nosso mantra, que é a BR-319, para mostrar a importância da BR-319. Há três semanas, nesta mesma tribuna, tive a oportunidade de avaliar a terrível crise climática que atinge o Rio Grande do Sul, manifestando minha solidariedade e a do meu estado para com nossas irmãs e irmãos gaúchos. Acompanhamos e lamentamos, de coração, o sofrimento do Sul brasileiro. Esse sofrimento vai permanecer, infelizmente, por mais alguns dias, com o nível das águas ainda muito acima do recorde anterior, e com a expectativa de ainda bastante tempo até a volta à normalidade, sem falar na dificuldade da reconstrução que aquele povo terá de enfrentar.

    A essa altura do drama do Sul, porém, já era possível prever uma nova tragédia climática, só que, agora, no extremo Norte do Brasil, em especial no meu Estado do Amazonas. Eu tive a oportunidade de refletir que a seca dava seus primeiros sinais com o nível das águas em padrão inferior ao de anos anteriores. Infelizmente, essa informação se confirma.

    Em reunião realizada nesta segunda-feira, dia 20, na sede do Ibama no Amazonas, os Governos Federal, estadual e municipal já tratam a estiagem de 2024 como uma certeza. Apesar de os rios amazônicos estarem enchendo e ainda ocorrerem algumas chuvas, os indicadores de nível das águas mostram que a crise climática já é uma realidade. A expectativa é de que tenhamos nova estiagem em padrão severo pelo segundo ano consecutivo, possivelmente até pior do que a do ano passado. A verdade é que os dados referentes à subida dos rios são preocupantes.

    Vejam o que acontece, neste momento, com o Rio Negro, um dos mais importantes da Região. Ele está atualmente em nível inferior ao da cheia de 2023. Nós da Amazônia sabemos o que isso significa: estiagem. No ano passado, essa situação já ocorreu e, a partir daí, marcou o início da maior vazante da história do Rio Negro. Poucas semanas depois, o fluxo de água havia baixado a ponto de impedir a navegação.

    Foi um Deus nos acuda. Os navios cargueiros já não chegavam mais ao porto de Manaus, ficavam longe; e os outros rios, como o Purus, o Madeira e o Juruá, também sofreram problema; e nós tivemos problema com a BR-319. É disso que eu quero falar.

    Aqueles que ainda não entenderam a importância da BR-319 não entenderam porque não querem, porque eu estou aqui toda semana falando disso.

    Haverão de entender por que eu combato tanto a Ministra Marina Silva. Não tenho nada a ver com a mulher Marina Silva, com a esposa Marina Silva, com a tia, com a avó. Meu problema é com a Ministra Marina Silva, que, a serviço das ONGs internacionais que financiam observatórios da BR-319, que financiam ONGs para inventar estudos baseados numa ciência que eles encomendam e fazem dessa ciência... exercem a sua pura fantasia em torno disso.

    Se nós não tivermos agora a BR-319 trafegável, Manaus vai colapsar de alimentos, Manaus vai colapsar de medicamentos. Daqui a pouco estarei com o Ministro Renan Filho. Ele me assegurou, Senador Chico Rodrigues, que a BR-319 vai estar trafegável. Autorizou asfaltamento noutros quilômetros? Ainda não, mas vai estar trafegável. Isso é importante para nós, que os caminhões, que as carretas, que os baús, que os ônibus passem para abastecer Manaus. Por isso, é importante que eu faça aqui esse registro e explique para o brasileiro como é que as coisas funcionam lá na nossa terra.

    A baixa dos níveis do rio sinaliza um problema significativo para a população e a economia da região. O baixo volume de precipitação já prevista até o mês de julho sobre as cabeceiras – repito – dos Rios Juruá, Purus e Madeira constitui o primeiro sinal grave de ameaça da seca no estado.

    "Ah, nós temos seca e cheia, cheia e seca." O que está acontecendo é que agora a cheia não atinge o nível que atingia normalmente. A seca começa antes do tempo, o rio seca mais. É o que a gente chama de estiagem, quando os rios não ficam mais navegáveis, quando os lagos secam totalmente.

    Segundo a Defesa Civil do Amazonas, a população pode se antecipar às consequências da estiagem fazendo estoque de água, alimentos e medicamentos para enfrentar o período crítico. Olhe só! Imagine só, a gente agora estocando água, alimentos e medicamentos. É um caos que pode ser evitado.

    Por isso eu fiz um paralelo com as enchentes do Rio Grande do Sul – sempre solidário, nunca querendo aproveitar, como o WWF o fez, querendo dizer que a cheia no Rio Grande do Sul é consequência do desmatamento na Amazônia. Ontem eu falei aqui, os chamei de hipócritas, de mentirosos, de fantasiosos e trombeteiros do apocalipse. Isso eu digo por onde passo e onde vou, porque esse pessoal prega para vocês – para você, brasileiro, para você, brasileira que está ouvindo agora – a narrativa, com o apoio das grandes empresas de televisão, de rádio, de jornal, de revista; incentivam esse tipo e ecoam essa narrativa, e você acaba acreditando que o brasileiro é um vilão, que não cuida do seu meio ambiente, o que é pura mentira.

    Ontem eu mostrei aqui e vou, de novo, falar aqui, de improviso: dos 100% do CO2 jogado na atmosfera – de 100% –, a China colabora com trinta vírgula alguma coisa; Estados Unidos, vinte e alguma coisa; aí vem Índia, aí vem tudo, vem Irã, vem Japão, vem o escambau. O Brasil, de 100%, colabora com 1,3 – de 100, nós brasileiros, você, que chamam de vilão, você que chamam de vilã, colaboramos com 1,3 –, ou seja, nada. Eles pegam isso, somatizam e aumentam, querendo jogar no seu ombro – não é só no meu, não, no da Amazônia, é no ombro do brasileiro e da brasileira –, que nós somos vilões, responsáveis por enchentes e por poluir o mundo.

    Esse pessoal está aí desde a Revolução Industrial. Eles não pararam um só minuto, a COP é o maior exemplo disso. Eles chegam em jatos poluindo. Eles chegam com seus computadores modernos, com seus iPhones supermodernos, não abrem mão de nada, de nada.

    Tomam água mineral da melhor e não querem que nós, Senador Chico Rodrigo, possamos explorar potássio em Itapiranga, por exemplo, potássio em Autazes, em Silves, em Itacoatiara – e não é coisa de político como você pensa, não. Esses municípios, se explorassem o seu potássio, passariam dos 100% que o Brasil importa do Canadá, que incentiva essas ONGs.

    Portanto, mais uma vez e sempre eu faço questão, Senador Chico, de dizer isso, mais uma vez e sempre, porque o amazonense me mandou aqui para isso. Eu não vim a Brasília para fazer amigos. Eu não sou mestre de cerimônia, eu não sou candidato a miss simpatia. O Amazonas me mandou aqui para dizer essas coisas mesmo, para chamar esse pessoal de hipócrita e culpar o Ministério do Meio Ambiente se nós não tivermos essa BR-319 trafegável. Ainda bem que o Ministro Renan Filho, que já foi Governador de Alagoas, hoje é Senador, mas está Ministro, entende isso e está resolvendo...

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM) – ... da forma que pode resolver. Para nós o importante, mais do que o asfalto, hoje, agora, que a estiagem se aproxima, é a BR ser trafegável, porque é por ela que chegam, que haverão de chegar os remédios, os produtos alimentícios para nós de Manaus.

    É um assunto complicado, é um assunto que apaixona, porque eles usam, eles aparelham, e aqui também... Eu gosto de registrar sempre, Senador Chico Rodrigues: nada disso seria possível, as ONGs não mandariam tanto na Amazônia, se não houvesse a participação de parte do Judiciário brasileiro, principalmente do Ministério Público Federal, sempre aparelhado, sempre esperando que alguém recorra para dar uma liminar para impedir. E a empresa Potássio do Brasil está sofrendo isso para explorar o potássio no Município de Autazes, que é colado a Manaus. Já gastaram R$1 bilhão, vão gastar mais 13 para explorar o petróleo. Só esse buraco, lá em Autazes, vai produzir 20% do que o Brasil precisa.

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Independência/PSDB - AM) – Mas, acima de tudo, do que nós brasileiros precisamos é serrar esses cadeados ambientais e nos livrar de vez dessas ONGs amaldiçoadas que pegam dinheiro de Governo estrangeiro para nos impedir e complicar a nossa soberania nacional.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2024 - Página 17