Discurso durante a 115ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Em fase de revisão e indexação
Autor
Astronauta Marcos Pontes (PL - Partido Liberal/SP)
Nome completo: Marcos Cesar Pontes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Para discursar.) – Boa tarde!

    Boa tarde a todos que nos acompanham aqui e através da TV Senado.

    Aliás, eu começo cumprimentando os alunos do Mackenzie, que hoje visitam o Senado, os alunos do Mackenzie lá de São Paulo.

    É importante, esse é o nosso futuro.

    Gostaria de falar de um assunto aqui hoje bastante ligado ao futuro também.

    Quero começar lá pelo passado.

    Eu era criança e o meu pai, Sr. Virgílio, costumava conversar muito comigo e me falar algumas coisas do tipo assim: trate as outras pessoas da maneira como você quiser ser tratado. É regra de ouro. Isso é importante demais na convivência de todos nós. Ele também falava assim: se você quiser ser respeitado, trate as outras pessoas com respeito. Isso era válido então, é muito válido hoje e sempre vai ser válido.

    É disso que a gente vai falar hoje. Hoje a gente vai falar sobre ética e respeito.

    Vivemos em um momento da história em que é fundamental revisitar e reafirmar os valores que sustentam a nossa sociedade.

    Dois desses pilares são tão antigos quanto necessários: são a ética e o respeito. Esses valores, tão simples em sua essência, são, ao mesmo tempo, a base de uma sociedade justa e harmoniosa. No entanto, quando negligenciados, tornam-se fontes de conflito, intolerância e injustiça.

    A ética, meus caros colegas, é a bússola moral que nos guia em nossas ações tanto na esfera pública quanto na esfera privada. É ela que define o que é certo e o que é errado, que estabelece limites e que nos permite agir com integridade, independentemente das circunstâncias. Sem ética, qualquer sociedade está destinada ao caos e à corrupção. Sem ética, a confiança entre as pessoas e as instituições se esvai, deixando um vazio perigoso que é rapidamente preenchido pela desordem e pela violência.

    Da mesma forma, o respeito é o que nos permite coexistir em paz. É o respeito pelo outro que nos faz ouvir mesmo quando nós discordamos, como é necessário nesta Casa; que nos faz compreender mesmo quando não conseguimos aceitar; que nos faz ceder mesmo quando acreditamos ter razão. O respeito é o cimento que une as diferenças, que permite a convivência entre visões de mundo diversas e que nos torna, enfim, uma nação de verdade.

    Infelizmente, senhoras e senhores, esses valores têm sido esquecidos ou, pior, ignorados, e isso, com maior frequência, entre aqueles que exatamente deveriam ser seus maiores defensores: as autoridades constituídas, os representantes eleitos pelo povo e os seus escolhidos, ou seja, aquelas autoridades escolhidas por esses representantes para funções de altíssima responsabilidade e poder no nosso país.

    Em um país como o Brasil, onde o povo olha para suas lideranças em busca de um exemplo, é inadmissível que os princípios de ética e respeito sejam relegados a segundo plano; no entanto, é o que temos visto com preocupante regularidade aqui no Brasil. Quantas vezes testemunhamos o uso do poder para interesses pessoais e políticos em detrimento do bem comum? Quantas vezes observamos discursos inflamatórios que dividem em vez de unir, que atacam em vez de construir? Aliás, o mote "união e reconstrução" tem que ser repensado, porque, por enquanto, ele parece piada.

    O que acontece quando aqueles que deveriam ser modelos de conduta ética e defesa da lei e da democracia se permitem atos de corrupção, de desrespeito à lei, de parcialidade e de desprezo ao próximo? A resposta é clara: todos nós perdemos a confiança em nossas instituições, e o tecido social se esgarça. E o preço que pagamos por essa falta de ética é um preço muito alto. Quando os nossos líderes falham em agir com integridade, o exemplo negativo se espalha rapidamente por toda a sociedade. A ética deixa de ser uma prioridade, e o desrespeito torna-se norma.

    Nessa atmosfera, a intolerância floresce. Vemos isso no aumento de violência, nos casos crescentes de discriminação e preconceito, na extrapolação de poderes, na injustiça direcionada e na polarização que contamina cada aspecto da vida pública e privada, mas quero deixar clara uma coisa aqui: não podemos e não devemos aceitar essa realidade como algo imutável, podemos e devemos exigir muito e muito mais das nossas autoridades. Precisamos que os nossos líderes se lembrem de que a autoridade que lhes foi concedida pelo povo deve ser exercida com responsabilidade, com compromisso inabalável com a ética e com um profundo respeito por todos os cidadãos. E, se olharmos mais de perto, veremos que muitos dos problemas que enfrentamos hoje, inclusive os conflitos entre os Poderes da República, poderiam ser resolvidos se a ética fosse, de fato, a regra e não a exceção.

    A interferência entre os Poderes é uma violação clara ao princípio constitucional de separação dos Poderes. Isso ocorre quando o respeito e a ética são negligenciados, quando interesses pessoais ou políticos se sobrepõem ao compromisso com o Estado democrático de direito. Precisamos de lideranças que entendam que a harmonia entre os Poderes não é uma questão de conveniência, mas de respeito às leis e ao povo, que lhes outorgou o poder de forma temporária.

    O respeito também é a chave para resolvermos as questões de intolerância e discriminação que tanto nos afligem. O respeito mútuo é a base para o diálogo, para o entendimento e para a solução pacífica dos conflitos. Se quisermos realmente superar as barreiras do preconceito, precisamos cultivar uma cultura de respeito em todos os níveis da sociedade. Isso começa com a educação, mas deve ser reforçado pelo exemplo, principalmente vindo do topo. É fundamental que as nossas crianças cresçam vendo líderes que encarnam esses valores, que agem com ética e que tratam todos com respeito, independentemente de cor, crença, classe social ou orientação sexual.

    Se quisermos um Brasil mais justo, mais unido e mais pacífico, precisamos começar por nós mesmos e pela forma como escolhemos nos relacionar com o outro e com todas as esferas.

    Senhoras e senhores, o Brasil é uma nação rica, diversa e com um potencial ilimitado, mas esse potencial só poderá ser plenamente realizado se tivermos uma base sólida de valores. A ética e o respeito são esses valores. São eles que nos permitirão construir uma sociedade em que todos tenham a oportunidade de prosperar, em que as diferenças sejam celebradas e em que o nosso poder seja exercido com justiça.

    Que possamos todos, como cidadãos, como autoridades indicadas, como representantes do povo e como seres humanos, reafirmar nosso compromisso com esses princípios.

    Que possamos ser os primeiros a dar o exemplo, a mostrar que a ética não é uma escolha, mas, sim, uma obrigação, que o respeito não é uma concessão, mas um direito.

    Que possamos, juntos, construir um Brasil mais forte, mais justo e mais unido.

    Que o mote, entre aspas, "união e reconstrução" – fecham-se aspas – deixe de ser uma piada de mau gosto e passe a representar, realmente, a atitude de todos nós brasileiros.

(Soa a campainha.)

    O SR. ASTRONAUTA MARCOS PONTES (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) – Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/08/2024 - Página 29