Discurso proferido da Presidência durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reflexão sobre a crise da educação brasileira, marcada por violência, medo e abandono das escolas, com destaque para a situação do Rio de Janeiro. Defesa de uma política nacional que integre educação, segurança e assistência social para garantir proteção a professores e alunos. Apelo à mobilização da sociedade e das autoridades em defesa da educação como prioridade nacional.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso proferido da Presidência
Resumo por assunto
Crianças e Adolescentes, Direitos Individuais e Coletivos, Educação, Política Social, Segurança Pública:
  • Reflexão sobre a crise da educação brasileira, marcada por violência, medo e abandono das escolas, com destaque para a situação do Rio de Janeiro. Defesa de uma política nacional que integre educação, segurança e assistência social para garantir proteção a professores e alunos. Apelo à mobilização da sociedade e das autoridades em defesa da educação como prioridade nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2025 - Página 12
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Jurídico > Direitos e Garantias > Direitos Individuais e Coletivos
Política Social > Educação
Política Social
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • REGISTRO, CRISE, EDUCAÇÃO, EFEITO, VIOLENCIA, EVASÃO ESCOLAR, AUSENCIA, ESTRUTURA, ESCOLA, ENFASE, SITUAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DEFESA, POLITICA NACIONAL, INTEGRAÇÃO, SEGURANÇA, ASSISTENCIA SOCIAL, PROTEÇÃO, PROFESSOR, ALUNO, SOLICITAÇÃO, MOBILIZAÇÃO, SOCIEDADE, INSTITUIÇÕES.

    O SR. PRESIDENTE (Confúcio Moura. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - RO. Para discursar - Presidente.) – Parabéns, Senador Girão, pelos seus pronunciamentos importantes, quase diários. Parabéns pela sua devoção ao Parlamento.

    Eu chamo agora o Senador Beto Faro. Se ele estiver à distância, ele pode entrar. (Pausa.)

    Senador Humberto Costa. (Pausa.)

     Senador Zequinha Marinho. (Pausa.)

    Senador Izalci Lucas. (Pausa.)

    Bem, não tendo nenhum deles aqui postados, remotamente ou presencialmente, eu, daqui mesmo, sentado à mesa da Presidência, à cadeira da Presidência, farei o meu pronunciamento. Eu estou inscrito em sétimo lugar. Vou fazer daqui mesmo.

    Ontem, eu estive aqui, nesta mesma tribuna, para falar sobre a tragédia da educação brasileira. Falei das escolas sem estrutura, da falta de uma política nacional unificada, da ausência de planejamento, da omissão que tem roubado o futuro de nossas crianças.

    E hoje eu retorno, não porque falte assunto, mas porque o assunto insiste em ser assombrador. E se amplia; ele se agrava.

    O noticiário desta manhã, vindo do Rio de Janeiro, nos escancarou, de forma brutal, o que já dissemos ontem: a educação brasileira está sitiada – sitiada pelo medo, pela violência e pela omissão. As escolas fechadas, professores apavorados, crianças sem aula, pais desesperados, comunidades inteiras sem saber o que fazer.

    É a prova viva de que, quando o Estado falha, o medo toma o lugar da esperança.

    E esse medo não é apenas das balas perdidas, dos tiroteios, da violência nas ruas; ele atravessou os portões da escola, entrou nas salas de aula. A educação, que deveria ser refúgio e esperança, tornou-se refém do medo.

    Hoje, muitos professores têm medo de ensinar, medo de corrigir, medo de chamar a atenção, medo de reagir à agressividade de alguns alunos e de seus responsáveis, medo de enfrentar a indisciplina e a perda de valores.

    O ambiente escolar, que antes era sagrado, transformou-se num território de tensão, onde ensinar virou um ato de coragem diária.

    Vejam, senhores e senhoras: a criança que tem medo não aprende; o professor que tem medo não ensina; e o país que tem medo não progride.

    O que acontece no Rio de Janeiro é apenas o retrato mais visível de uma realidade que se espalha pelos rincões do nosso país. Da Amazônia a Brasília, das pequenas cidades às capitais, o medo tomou conta das pessoas, das famílias e das comunidades.

    Não é apenas um problema policial; é uma crise social, educacional e moral. É como se o Brasil inteiro tivesse sido sequestrado pelo caos.

    A segurança pública precisa ser tratada com urgência e compreendida como o pilar da educação, porque, quando a violência cala o som das escolas, ela rouba o futuro do país.

    Sem segurança, a escola não abre; sem escola, não há aprendizado; sem aprendizado, não há futuro; e, sem futuro, não há nação.

    O Brasil precisa, com urgência, de uma política de Estado permanente e séria, que una educação, segurança e assistência social em torno de um mesmo propósito: reconstruir o tecido humano, ético e moral da sociedade.

    Não há desenvolvimento possível onde reina o medo. Um país que não protege suas crianças e seus professores renuncia à própria esperança.

    Senhoras e senhores, o Brasil precisa reaprender a cuidar – a cuidar das suas escolas, dos seus professores e das suas crianças.

    Educar é um ato de coragem, mas também deve ser um ato de amor, e amor nenhum resiste quando o medo domina.

    Proteger quem ensina e quem aprende é o primeiro passo para reconstruir a esperança, porque o professor não pode ser herói todos os dias; a criança não pode crescer cercada de medo. A escola precisa voltar a ser lugar de sonho, de vida, de luz.

    Este é o segundo capítulo da nossa série sobre o caos e talvez o mais doloroso de todos, mas é preciso nomear o caos, para que dele surja a reconstrução.

    E que a nossa voz aqui não seja apenas um eco e um lamento, mas o início de um novo pacto pela segurança e pela educação do Brasil.

    Então, Sr. Presidente... Aliás, nesse caso, eu sou Presidente e sou orador ao mesmo tempo.

    Esse é o discurso que retrata a situação real brasileira, hoje agravada com a situação do Rio de Janeiro.

    Dias atrás, nós vimos também lá em Sobral, infelizmente, no Estado do Ceará – que tem o melhor ensino infantil do Brasil, os melhores indicadores –, ter também a violência dentro de uma escola.

    Então, esse meu discurso eu não sei a quem está interessado. Não é só um discurso de falar por falar. Ele precisa de uma reação positiva, realmente, para que coloque a educação como prioridade nacional, uma prioridade verdadeira, amparada por todos os fatores, dentre eles a segurança pública.

    A escola é um ambiente coletivo; a escola deve ser protegida pela comunidade do entorno dela.

    A polícia, as guardas municipais devem estar intimamente ligadas às escolas, para dar aquele apoio necessário não somente nos momentos de tragédia.

    As comunidades também devem estar próximas às escolas.

    Todos os Poderes, todas as autoridades devem se unir para isso.

    A quem eu dirijo o meu discurso? Eu dirijo a todos.

    Eu dirijo à sociedade brasileira, porque a sociedade, de fora para dentro, pode ser um fator decisivo de rebeldia e de indignação.

    Eu falei que a gente faz manifestação de rua – falei ontem; fazemos manifestações por todos os motivos, todos os protestos; ocupamos as avenidas mais importantes do país nas grandes capitais, mas nunca vi uma passeata, um protesto para defender a escola, defender as crianças, defender a educação.

    Chegou a hora de a sociedade protestar ativamente, para que as crianças sejam protegidas e as escolas defendidas contra esses temas de que eu falei ontem e hoje.

    Era só isso.

    Bem, não tendo mais nenhum orador dos inscritos disponíveis, interessados neste momento, nós vamos suspender a sessão até às 16h, quando será reaberta para a Ordem do Dia – eu já fiz a leitura da pauta do dia.

    Não havendo mais oradores presentes, a Presidência suspende a sessão deliberativa, que será reaberta para apreciação das matérias constantes da Ordem do Dia.

    Está suspensa a sessão.

(A sessão é suspensa às 14 horas e 28 minutos e reaberta às 16 horas e 11 minutos, sob a Presidência do Sr. Davi Alcolumbre, Presidente.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2025 - Página 12