Pronunciamento de Eliziane Gama em 11/11/2025
Discurso durante a 165ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal
- Autor
- Eliziane Gama (PSD - Partido Social Democrático/MA)
- Nome completo: Eliziane Pereira Gama Melo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - MA. Para discursar.) – Queridíssima Senadora Damares, Senadora Eudócia, Senador Vanderlan, Senadores e Senadoras que estão aqui, quero dizer para você, Damares, que hoje é um dia muito especial para mim, é um dia com uma carga de emoção de fato muito grande, porque só quem é assembleiano, que nasceu dentro da igreja, que cresceu dentro da igreja, sabe o que esta manhã hoje representa.
Eu quero iniciar te parabenizando, Damares, porque nós somos de grupos políticos diferentes, mas nós temos uma unidade em Deus muito grande, porque nós temos o mesmo Deus, nós temos a mesma fé, nós temos uma unidade que se iniciou desde o primeiro dia que eu te vi aqui no Senado Federal, há muitos anos, você ainda assessorando. E, de lá para cá, você só cresceu no Brasil e hoje é uma referência, sobretudo, para a comunidade evangélica.
E quero dizer a todos vocês que eu com a minha assessoria fizemos aqui um discurso, mas eu quero falar para vocês do meu coração e da minha alma, porque, como eu disse, hoje é um dia muito especial para a minha vida. Quando nós idealizamos a criação desta medalha, eu vi no Senado Federal várias medalhas sendo apresentadas, e aí eu me lembrei do que representou Daniel Berg e Gunnar Vingren diante também de tantos outros homens e mulheres das igrejas evangélicas no Brasil que foram desbravadores, que iniciaram uma história do Evangelho com muita luta, com muito suor e com muito sangue até, porque todos nós sabemos o que foram os pioneiros da Assembleia de Deus no Brasil, as lutas que enfrentaram.
E eu tenho, dentro da minha Casa, aos 83 anos de idade, uma referência de vida que é o meu pai, Pastor Newton Gama, e a minha mãe, Dalvina de Jesus Pereira Gama, que carregaram e carregam nas costas a luta do Evangelho, o enfrentamento do que é levar as boas-novas do Evangelho.
Eu lembro, Damares, do meu pai... Eu ainda muito criança e o meu pai andando cinco dias a pé para realizar um culto. Às vezes, ele passava dez dias tendo que ir a um povoado muito distante para poder abrir uma congregação, realizar um culto e voltar para casa. E ele ia a pé, caminhando, porque só depois de muito luxo, ele conseguiu um cavalinho, um burrinho, um cavalo menor para poder chegar até essas comunidades. E eu quero dizer para vocês que essa é a essência do Evangelho.
Hoje, nós temos aqui vários homenageados, como o Pastor Flávio – eu tive a honra de ser autora desta proposição – e todos os demais pastores, como o Pastor Manoel Ferreira, porque eu tenho certeza de que ele também teve essa mesma caminhada. Às vezes, critica-se muito a posição de alguns pastores e eu sempre digo "falsos pastores", porque os verdadeiros pastores são aqueles que levam, de fato, as marcas do Evangelho da Cruz, que é o amor, que é a solidariedade e que é a partilha.
Jesus, aqui neste mundo, quando ele esteve, ele esteve ao lado dos excluídos da sociedade, dos pobres, dos órfãos, das viúvas, daqueles que não tinham, que não sabiam, aqueles que não tinham nenhuma guarida. Jesus deu a eles essas guaridas. E Jesus não foi um homem de luxo, Jesus não foi um homem de grandes estruturas; Jesus foi um homem do humilde, do pobre e do simples. E eu sei que é exatamente isso que todos vocês que estão aqui, que são pastores, são. São pastores que, de fato, entendem o que é verdadeiramente esse sacrifício, porque o Evangelho não é fácil, o Evangelho não é simples, o Evangelho, de fato, é algo às vezes até sofredor, como sofreram tantos homens e mulheres que nós acompanhamos, como Daniel Berg e Gunnar Vingren; mulheres como Albertina Bezerra Barreto, como Sara Berg; como Frida Vingren; como Celina Albuquerque, uma mulher que foi desbravadora; e como tantas outras que, na verdade, criaram e trouxeram o nascedouro desta igreja.
Eu sou do Estado do Maranhão, e no Maranhão, as dificuldades ainda são muito grandes, diferente lá do Rio de Janeiro, Pastor Flávio, onde as condições econômicas são bem diferentes das condições econômicas do Maranhão. E, como eu disse, eu me lembro de eu mesma indo, em carros abertos, ainda muito criança, com meus pais, mas fazendo as vigílias. Às vezes, eu digo assim: "Gente, hoje as vigílias começam às 7h, Pastor Flávio, e quando dá meia-noite, o pessoal vai para casa". Eu me lembro da minha mãe, e ela cantava aquele hino: "Ao raiar do novo dia...". A gente esperava o dia amanhecer. Então, a vigília ia até 5h, 6h da manhã, o dia amanhecia, o sol raiava e aí terminava a vigília e a gente ia para casa.
Então, são esses tempos que nós temos que ter em nossos corações, o tempo de oração, saber que a oração transforma vidas. E, em todos os lugares em que meu pai foi pastor, ele chegava com um índice de violência na cidade; quando ele saía, o índice era outro. É por isso que a Damares coloca, e muito bem, que o Evangelho chega aonde a política social não chega às vezes. Então, os indicadores sociais mudam porque há o princípio da solidariedade e da partilha.
Olha, às vezes, a gente vê esses vários programas hoje, programas sociais, como Bolsa Família e tal. Nós já temos isso na igreja evangélica há décadas, há centenas de anos. Porque lá, na igreja primitiva, quando se iniciou a igreja, ela nasceu exatamente assim. Quando alguém perguntou: "Jesus, o que eu preciso para te servir?", ele disse: "Vai, vende tudo que tu tens e divide aos pobres". A igreja primitiva nasceu em cima dessa partilha. Não havia um mais rico do que o outro; havia uma igualdade, uma partilha. E essa solidariedade precisa persistir entre nós.
Eu sempre digo que, às vezes, a gente diz: "Ah, eu estou cumprindo o Evangelho e o amor de Jesus". Quando alguém perguntou para Jesus qual era o maior de todos os mandamentos, ele disse: "O maior de todos os mandamentos é o amor. Amarás a Deus acima de todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo". Amar o próximo como a si mesmo não é dar para o próximo aquela blusa que eu já não uso mais e que eu acho que está em bom estado e vou dar para uma pessoa que eu amo. Amar o próximo como a mim mesmo é dar este blazer aqui, que eu gosto, que eu acho bonito para mim; pegar este blazer e dar para uma pessoa que está precisando. Isso é a essência do Evangelho de Cristo. Não é fácil e nem todos conseguem cumprir. Muito embora se consiga verbalizar, a prática às vezes é muito diferente da fala e do discurso. Então, nós não podemos viver de falas e de discurso. Nós precisamos viver de prática diária, que é a prática de fato do Evangelho de Cristo.
E hoje, nesta manhã, nós estamos exatamente homenageando a todos vocês que estão aqui – talvez muitos de vocês sem receber daqui a pouco a medalha em mãos, mas representados por quem está recebendo –, porque eu sei que o que relatei aqui é a vida diária de cada um de vocês.
Eu aprendi na minha vida a viver pela fé e a viver pela oração. Meu pai, lá em casa, colocava na parede, de tarde, de manhã e ao meio-dia: "Eu orarei e buscarei, e ele ouvirá a minha voz". Lá em casa, Pastor Flávio, o culto era de segunda a segunda. De manhã cedo, a gente ia para a escola, e antes de ir para a escola tinha oração. A gente voltava, e antes do almoço tinha oração e um capítulo da Bíblia. À noite, antes do jantar, tinha uma oração e um capítulo da Bíblia. E a gente ia para a igreja, porque a nossa casa era parede com parede com a igreja. E, quando a gente chegava do culto, mamãe dizia: "Tem que dormir, tem que orar". E a gente orava de novo. Então, a gente vivia em permanente oração. Essa é a prática que nós tivemos lá em casa, e eu tenho até hoje esse sentimento comigo de que minha vida tem que ser regida pela oração.
Minha mãe é dirigente do círculo de oração – era; hoje ela não está mais dirigindo, mas foi dirigente a vida inteira –, e ela tem duas marcas no joelho. Eu sempre digo para ela: são as marcas do Evangelho da Cruz, que é realmente a entrega, a solidariedade e, às vezes, abrir mão do próprio eu para viver aquilo que Deus determina para cada um de nós.
Então, parabéns a todos vocês!
E quero finalizar, minha querida Damares, agradecendo-lhe pela manhã de hoje. Você fez todos esses convites, você é uma gigante. Eu sei que você está enfrentando um momento muito difícil na vida, com a questão do câncer que você está vivenciando, mas eu sei que maior é aquele que está conosco do que aquele que está no mundo, e você está sarada pela glória do Senhor Jesus. (Palmas.)
Que Deus abençoe a todos vocês!
Mais uma vez, muito obrigada a todas e a todos os presentes aqui nesta manhã.
Muito obrigada.