06/12/2021 - 14ª - Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo

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Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - AL. Fala da Presidência.) - Senhoras e senhores, declaro aberta a 14ª Reunião do ciclo de audiências públicas sobre turismo na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo.
O nosso objetivo, como sempre, é contribuir com as discussões para a plena retomada do setor turístico após os duros impactos da pandemia.
Informo que as participações dos cidadãos serão recebidas nos seguintes canais: pelo Portal e-Cidadania, que pode ser acessado a partir do site da Comissão, e pela Ouvidoria do Senado, pelo número 0800-0612211.
Exmas. Sras. Senadoras, Exmos. Srs. Senadores, senhoras e senhores participantes desta audiência pública, estimados telespectadores que nos acompanham pela internet, pela TV Senado e pelos demais canais de mídias sociais, com a proximidade das comemorações natalinas, nossa penúltima mesa de debates neste ano discute a relação crescente entre atividade turística e espiritualidade.
Abordamos hoje um importante tema: "Turismo religioso: os caminhos da fé no pós-pandemia". Sabemos da importância da religião na vida do povo brasileiro. Locais de devoção, romarias e festividades voltadas ao sagrado sempre fizeram e fazem parte da nossa vida e contribuem para a afirmação da nossa identidade como Nação.
Hoje em dia, são inúmeros os destinos de celebração da fé no Brasil. O turismo religioso é uma atividade de importância cada vez maior no País, tanto do ponto de vista espiritual quanto econômico.
De acordo com informações do Ministério do Turismo, em 2019 havia 513 comemorações inscritas no calendário nacional de eventos do Brasil. Entre esses eventos, 96 são considerados de grandes proporções. Só em Aparecida, São Paulo, estima-se que cerca de 10 milhões de fiéis vão para lá a cada ano. Na Bahia, são mais de 5 milhões. Existem atualmente mais de 300 destinos religiosos no Brasil. Não surpreende que esse segmento da atividade turística tenha chegado a movimentar 20 milhões de viagens por ano, gerando quase R$15 bilhões por todo o País.
O turismo religioso, embora tenha maior componente entre os católicos, também é parte crescente da vida de evangélicos. De maneira consistente, nos últimos anos, eles têm empreendido cada vez mais viagens para destinos relacionados às manifestações de sua fé. Também em outras religiões, como as de matriz afro-brasileira e orientais, se percebe interesse crescente nos deslocamentos, motivados, principalmente, por visitas a templos e santuários para livre exercício dos mais distintos credos.
O Brasil é, felizmente, um país de convivência tolerante e pacífica entre as religiões.
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Essa característica admirável de nossa sociedade favorece um cenário auspicioso para o avanço do turismo religioso em nosso País.
Os impactos econômicos positivos desse segmento já são perceptíveis em centenas de Municípios brasileiros de pequeno e médio porte. Um número considerável de pessoas e de pequenas empresas dependem diretamente dessa atividade da qual sabemos o grande potencial na movimentação de recursos e criação de empregos.
Em vários desses destinos, o turismo, mesmo se dando de forma sazonal e pontual, fornece renda por todo o ano, até a próxima celebração, seja na produção de souvenirs, seja na permanente preparação para os principais períodos de visitação. Com frequência, os efeitos positivos se estendem para a melhora definitiva da infraestrutura da região envolvida.
Isso aconteceu, por exemplo, no Largo de Roma, em Salvador, em que está localizado o Santuário Santa Dulce dos Pobres; também no Bairro do Brás, em São Paulo, após a construção do Templo de Salomão, sede mundial da Igreja Universal.
É verdade que o turismo religioso, assim como toda atividade turística, foi duramente afetado pela crise sanitária. Nos últimos dois anos, o exercício da nossa fé precisou se adaptar aos tempos da pandemia, com o retorno gradual da normalidade, fieis, peregrinos e visitantes podem novamente ter acesso aos templos e aos locais sagrados.
A hora de novas peregrinações é chegada. E precisamos trabalhar para que esse retorno aconteça de maneira segura para os fiéis e para as populações locais. Queremos ver as pessoas retomando as suas práticas de romaria e suas religiosidades num cenário protegido.
Locais como Aparecida, em São Paulo; Juazeiro do Norte, no Ceará; Salvador, na Bahia; e Nova Trento, em Santa Catarina, são exemplos que podem nos ajudar a pensar a questão do turismo religioso nos caminhos da fé no mundo pós-pandemia.
O novo normal que estamos construindo exige a adoção de protocolos rígidos de segurança sanitária e medidas preventivas para evitar aglomerações.
Ouvir a experiência dos convidados na preparação da retomada em curso poderá inspirar iniciativas semelhantes de cuidado e proteção dos fiéis em outros Municípios do País.
Antes de dar início aos debates sobre este tema de tamanha relevância, registro a minha preocupação com notícia recentemente veiculada sobre uma medida adotada pelo Governo argentino que pode afetar, de maneira negativa, o intercâmbio de turistas entre nossos países. Sabemos da importância do fluxo de turistas brasileiros para a economia argentina e vice-versa. O turismo conecta nossos cidadãos e fortalece os laços entre nossas sociedades. Diante dos seus inúmeros desdobramentos em nossos países, a atividade turística entre Brasil e Argentina requer previsibilidade e esforços permanentes no sentido de sua ampliação.
A proibição de que empresas e bancos argentinos financiem a aquisição de produtos turísticos para o exterior vai em sentido contrário à crescente aproximação por que temos trabalhado arduamente nos dois lados de nossas fronteiras. Fronteiras, aliás, que têm sido cada vez menos linhas de separação para se tornarem pontos de encontro e de convergência. Estou convencido de que, nos tempos atuais, são a integração e a cooperação, e não o isolamento, os caminhos para superar dificuldades conjunturais nos dois países, que sempre caminharam de maneira amistosa e solidária e assim haverão de continuar.
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Para discutir o tema "Turismo Religioso: Os Caminhos da fé no pós-pandemia", integram a nossa Mesa de convidados: a Sra. Nicole Facuri, Diretora de Inteligência Mercadológica e Competitiva do Ministério do Turismo; a Sra. Rosa Brito, representante do Santuário Santa Dulce dos Pobres, e o Sr. Carlos Augusto Silveira Alves, Turismólogo e Mestre em Turismo Religioso.
Antes de passar a palavra à primeira palestrante, eu gostaria de dar conhecimento de algumas das perguntas e comentários dos nossos internautas, que foram selecionadas para apresentação às Sras. e aos Srs. Palestrantes desta noite, para que, no decorrer das suas explanações, possam oferecer respostas a essas perguntas.
De Karen Cunha, SP: "Qual seria o plano de incentivo para o turismo religioso pós-pandemia?".
De João Alcantara, DF: "Qual a relação entre economia e Turismo Religioso?".
De Larissa Barbosa, CE: "Quais estratégias serão utilizadas para garantir segurança aos turistas, considerando que a pandemia ainda está longe de terminar?".
De Raissa Santos, RJ. "Quais os planos para a proteção desses religiosos?".
De Rafael Oliveira, RN: "Como o Gestor Público pode fortalecer o calendário de eventos religiosos locais?".
De Fernanda Ataide, MG: "O turismo religioso pós-pandemia é uma forma de reaquecer a economia mundial?".
E a título de comentários.
De Jorge Alexander, RJ: "Sim, importantíssimo esse tema, pois o mundo religioso gera trilhões e precisamos aproveitar esse mecanismo para trazermos vários benefícios.".
De Maria Lucia, SP: "Haverá procura por esta classe de turismo, com certeza! Basta oferecer!".
Dando início, portanto, à nossa audiência pública de hoje, com muita satisfação, concedo a palavra à Sra. Nicole Facuri, ela que é Diretora de Inteligência Mercadológica e Competitiva do Ministério do Turismo.
A SRA. NICOLE FACURI (Para expor. Por videoconferência.) - Boa noite a todos, é um prazer estar mais uma vez aqui na audiência pública que debate o turismo, esse tema tão importante para a retomada da economia, sobretudo neste momento em que a gente começa a ver a retomada das atividades. Eu acho uma temática extremamente importante para o País.
Eu gostaria de começar a minha fala só fazendo um pequeno alinhamento aqui para a gente compreender exatamente do que estamos falando. O turismo religioso configura-se pelas atividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa em espaços e eventos relacionados às religiões institucionalizadas, independentemente da origem étnica ou do credo. Então, com foco nisso, o Ministério do Turismo estima que a religião tenha trazido para o País cerca de 26,4 mil turistas estrangeiros em 2016. São os últimos dados que a gente tem levantados especificamente sobre a temática. Anualmente, são feitas 17,7 milhões de viagens domésticas movidas pela fé. Isso a gente está falando de turistas sem contar os excursionistas, entendendo aqui que a diferença entre turista e excursionista é o pernoite. Então, quando o turista pernoita, ele é considerado um turista; senão - é o que popularmente a gente chama de o famoso bate-volta -, ele é considerado, então, um excursionista.
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São mais de 300 destinos nacionais que foram mapeados pelo Ministério do Turismo. E a gente tem um estudo que, apesar de antigo - os últimos dados são da Caracterização e Dimensionamento do Turismo Doméstico no Brasil, de 2009 -, traz o seguinte perfil desse turista, desse segmento, na verdade: ele é marcado por uma grande informalidade na prestação de serviços, que é algo em que a gente tem que prestar bastante atenção; o turista, o consumidor desse segmento tem o hábito de viajar em grupos e excursões em sua grande maioria; é um turista, em sua maioria, de menor poder aquisitivo. Então, a gente está falando aqui do turista de um volume grande de turismo de peregrinação, em que o gasto é muito baixo em função da própria motivação desse tipo de turismo, o que não o torna menos importante. É importante a gente enfatizar isso.
Uma coisa que é muito importante a gente abordar são os reflexos do turismo nesse pós-pandemia. A gente está vivendo uma realidade agora em que as tendências dizem que elas não vão mudar, ainda que a gente já tenha uma cobertura vacinal bastante importante, mas a gente entende que os cuidados com a biossegurança continuarão. Então, o que a gente destaca como fator importantíssimo nesse movimento agora de retomada das atividades não só de eventos, como se visitação aos templos? É a segurança dessas pessoas que estarão visitando e fazendo uso desses templos. O Ministério do Turismo lançou, foi um dos primeiros países do mundo a lançar o Selo Turismo Responsável, Limpo e Seguro, que é um protocolo de segurança aplicado a empreendimentos turísticos, em que o empreendedor, o empresário, a pessoa que é responsável por aquele ambiente se compromete a utilizar critérios mínimos de higiene e cuidado com o seu visitante, com o turista.
E aí eu vou convidar vocês para entrarem no site e conhecerem um pouco mais sobre essa estratégia, porque aqui o nosso tempo é um pouco curto. Então, eu não vou entrar nos detalhes, mas é importante. Eu convido todos vocês a visitarem a página turismo.gov.br/seloresponsavel. O banco de dados que a gente tem para fazer esse trabalho é o Cadastur. Toda e qualquer empresa ou profissional que estiver vinculado ao Cadastur consegue, então, emitir esse certificado. É um selo que identifica que aquele estabelecimento está preocupado com a saúde e com a segurança do turista. Então, eu acho que isso passa credibilidade e traz uma sensação de segurança para esse turista. É muito importante que todos nós estejamos bastante atentos para que possamos proporcionar essa maior sensação de segurança para esses turistas.
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Os novos produtos que estão sendo demandados, em sua maioria, são as peregrinações em espaços abertos e em contato com a natureza, onde você possa fazer esse percurso a pé ou de bicicleta. Por quê? É justamente por esse momento, por essa valorização muito grande de espaços abertos para que as pessoas se sintam mais seguras nessa movimentação.
E aí eu gostaria de contar um pouco para vocês as nossas ações estratégicas dentro do ministério para apoio ao turismo religioso e o que vem como uma proposta de atuação para esses próximos anos, lembrando que aqui, gente, é sempre importante a gente enfatizar que toda uma proposta de atuação... A gente sabe que a gente está falando de um País continental, onde existem centenas de produtos turísticos, onde o território é muito grande e onde exatamente o Governo não consegue abraçar todo o País, todas essas 27 unidades federadas de uma única vez. Então, é muito importante que no Ministério do Turismo a gente tenha uma estratégia que possa abranger o máximo de unidades federadas possível. Em vez de a gente trabalhar produtos específicos, que a gente possa amparar todos os Estados para fazerem esse trabalho.
Então, falando rapidamente e de forma bastante abrangente pelo tempo, a nossa proposta de atuação - desculpa, eu não concluí o raciocínio - enfatiza a importância de a gente ter o suporte financeiro para que a gente possa abraçar toda essa proposição que eu vou colocar aqui, e aí eu digo: abraçá-la de todas as formas, seja por meio de recurso próprio do Ministério do Turismo ou dos órgãos oficiais de turismo, tanto estaduais como municipais, seja por meio das emendas parlamentares e, sobretudo, seja por meio de algo que eu venho batendo muito nessa tecla e dizendo que eu entendo a importância de o Brasil estar mais próximo das estratégias de parcerias público-privadas para que a gente possa conseguir efetivamente estruturar o turismo no País. É ilusório pensarmos que apenas o Governo consiga realizar todas essas ações que são necessárias.
Então, é muito importante que a gente tenha uma estratégia maior para trabalhar a questão das parcerias público-privadas, e eu não digo só as grandes parcerias público-privadas, a gente tem que pensar também nas pequenas e médias parcerias público-privadas. Isso é muito estratégico para o País.
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Então, eu vou citar, aqui, algumas das estratégias pensadas como um plano de ação para os próximos anos dois anos. Seria a elaboração de um portfólio com os principais destinos de turismo religioso do País. Apesar de nós já termos os pontos mapeados, é importante que a gente entenda qual é a infraestrutura turística existente em cada um desses atrativos.
Elaborar o calendário nacional de eventos de turismo religioso para divulgar as principais festas e manifestações religiosas brasileiras e agregar valor à imagem dos destinos turísticos brasileiros. Quer dizer, não é só anunciar o evento, é a gente começar a trabalhar estratégias para que a gente anuncie o evento com toda uma estrutura já para o turista que vem de fora.
Relações Públicas: elaborar releases para que a imprensa possa divulgar os eventos e destinos de turismo religioso; promover as principais festas e manifestações religiosas; incentivar o turista a conhecer os destinos onde eles ocorrem; e também é muito importante que eles conheçam os patrimônios imateriais relacionados a esse segmento; promover os destinos religiosos nas principais feiras de segmento de turismo religioso, visando ampliar a comercialização de produtos turísticos do segmento.
Algo que é muito importante é a qualificação e fiscalização dos prestadores de serviço. Então, estabelecer quais são esses destinos de turismo religioso que devem ser foco, prioritariamente, dessa atuação, tanto de qualificação quanto de fiscalização, desses prestadores de serviço turístico. E, aqui, eu digo mais: a gente poder incentivar a formalização. A gente sabe que muito disso não tem como formalizar porque, por exemplo, quando a gente fala de uma peregrinação, exista uma pessoa que ali vendendo água, eventualmente, num ponto específico. Mas há tantos outros atrativos que a gente tem e que precisam ser melhor estruturados - e essa informação com relação a essa infraestrutura turística precisa ser comunicada. Como é que o turista vai despertar o interesse por algo que ele não conhece? Então, é preciso que a gente fomente essa temática.
Outra coisa importante que faz parte desse plano de ação é a elaboração de edital para apoiar a infraestrutura turística e a acessibilidade nos destinos de turismo religioso, lembrando, aqui, pessoal, que quando falamos em acessibilidade, nós não estamos falando apenas do portador de deficiência e, sim, daquela pessoa com mobilidade reduzida. Grande parte desse público do turismo religioso a gente sabe que são pessoas idosas, gestantes, enfim, todo tipo de acessibilidade; é o tipo do turismo que precisa ser acolhedor. Então, a acessibilidade é um fator fundamental.
Por último, a estratégia de apoio à atração de investimentos privados para destinos do segmento. Então, realizar ações de atração de investimentos em eventos próprios ou específicos do setor, apresentando o potencial econômico dos destinos e as possibilidades de negócio, tanto para investidores nacionais quanto para investidores internacionais. E aí, gente, só para finalizar minha fala, volto a dizer: é ilusório pensarmos que o Governo consegue trabalhar todos os vieses de estruturação da atividade turística.
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Assim, a exemplo de países que estão muito mais desenvolvidos e que possuem um fluxo turístico muito maior do que o que nós possuímos aqui, no Brasil, precisamos entender que é preciso trabalharmos a parceria público-privada de forma muito responsável, claro. A parceria público-privada traz uma grande responsabilidade para o gestor. Por quê? Porque nós temos que saber os pesos e as medidas. A gente precisa trabalhar no edital de concessão com muita responsabilidade, cuidado social, ambiental, econômico... Então, é claro que isso tudo é importante, mas é preciso a gente entender que concessão não é privatização e que, quando a gente trabalha concessão de serviços, a gente está proporcionando a melhoria da qualidade da prestação desse serviço para o público final, que é o turista.
Então, eu agradeço muito a atenção de todo mundo. Vou encerrando minha fala por aqui e fico super à disposição para o que for necessário.
Muito obrigada.
Uma boa noite!
O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - AL) - Muito obrigado pela sua explanação, Sra. Nicole Facury, Diretora de Inteligência Mercadológica e Competitiva do Ministério do Turismo.
Com satisfação, passo a palavra agora à Sra. Rosa Brito, representante do Santuário Santa Dulce dos Pobres.
A SRA. ROSA BRITO (Para expor. Por videoconferência.) - Boa noite a todos e a todas!
Eu hoje, na verdade, não estou sozinha aqui. Estou aqui com o gestor do Complexo Santuário Santa Dulce dos Pobres, Márcio Didier, e a gente vai fazer uma dobradinha neste momento. Ele vai falar um pouquinho sobre a infraestrutura, sobre como está funcionando o processo, o próprio case de sucesso daqui, do Santuário Santa Dulce dos Pobres, e eu vou falar um pouquinho sobre gestão e desenvolvimento territorial.
Márcio.
O SR. MÁRCIO DIDIER (Para expor. Por videoconferência.) - Boa noite a todos!
Em primeiro lugar, quero agradecer esta oportunidade. A gente se sente muito honrado de participar de um fórum com pessoas tão importantes nessa área e que podem trazer tanto conteúdo para colaborar com o processo.
Falando um pouquinho sobre Santa Dulce e os carismas dela, eu acho que a gente traz uma colaboração grande quando a gente fala do Brasil como um país não fundamentalista na sua religião, da importância de o povo brasileiro ser tão acolhedor. E Santa Dulce tinha muito isso. A primeira santa brasileira tinha, nesse carisma, nesse processo dela de acolher a todos, independentemente de religião, um grande ensinamento para todos nós, porque, em vários locais do mundo, as pessoas se preocupam em visitar, independentemente da sua religião, por não saber como serão recebidas e acolhidas. Eu acho que o Brasil tem esse grande diferencial que pode fazer, de fato, a diferença na divulgação, num processo de acolhimento. Nós temos vivido muito isso aqui.
A partir do momento em que se construiu aqui o Caminho da Fé, que liga o Largo de Roma, onde fica o Santuário Santa Dulce dos Pobres, à Basílica do Bonfim, onde já existe um movimento natural de sincretismo, de respeito a religiões diversas, à diversidade, a gente sente muito, pelo próprio exemplo dela de acolhimento, que pessoas de diversas religiões passam por aqui com muito respeito, com muita vontade dessa unidade, e não da unidade dentro da diversidade, com o processo de respeito. Eu acho que isso pode ser um grande diferencial.
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Eu vou passar logo a palavra para a Rosa, mas, em relação à questão da pandemia, foi um grande aprendizado para a gente ficar durante um tempo fechado enquanto templo. Durante esse tempo, vivemos um momento de interação virtual que nos trouxe outro campo, outro horizonte, que nos fez experimentar uma grande surpresa. Assim que se reabriram as portas, o primeiro grupo de turistas a visitar o Santuário Santa Dulce dos Pobres foi um grupo de chineses, o que nos trouxe uma alegria muito grande, mas uma surpresa enorme por não esperarmos isso. E aí a gente mostra um pouco do potencial que todos nós temos, cada um na sua área, quando acolhemos com respeito, com essa postura de amar e de servir que temos aqui dentro do processo.
Uma coisa muito importante - e eu passo agora a palavra para a Rosa falar um pouco sobre essa territorialidade - é entender que, não só na época, foi uma coisa que a Maria Rita, que é nossa superintendente, logo no primeiro momento, quando surgiu essa coisa da canonização da Santa Dulce, a preocupação dela era não trazer benefícios somente para o Santuário Santa Dulce, mas sim para todos os moradores do entorno e agregados nesse processo. Aí surgiu todo esse cuidado com a territorialidade, que Rosa começa a falar a partir de agora.
A SRA. ROSA BRITO (Para expor. Por videoconferência.) - Obrigada, Márcio.
É mais ou menos com esse processo mesmo que Maria Rita teve o cuidado, assim que ela soube da canonização da Irmã Dulce: na verdade, antes de Irmã Dulce ser canonizada, a gente sabia que existia uma canonização em vista, mas a gente não sabia quando iria acontecer. Então, para que a gente pudesse estar preparado para quando essa canonização acontecesse, Maria Rita começou a pensar no outro: o que Irmã Dulce faria se ela estivesse aqui agora? Irmã Dulce não olharia só para as obras, Irmã Dulce olharia para o outro, para aquele pobre, para aquele doente, para aquela pessoa que está ao redor, para os moradores ao redor.
Aqui a gente mora num local de Salvador que a gente chama de Península de Itapagipe. É um local bem característico que parece uma cidade do interior. Os próprios moradores se chamam de itapagipanos. Eu sei porque também sou itapagipana e também me chamo assim. Então, quando a gente tem esse sentimento de identidade, fica mais fácil, inclusive, se sentir parte disso.
Aqui em Itapagipe - local onde Irmã Dulce desenvolveu sua obra -, os moradores todos seriam totalmente atingidos pelo turismo. Então, por que não perguntar ao morador se é isso mesmo que ele quer, se ele de fato está preparado para isso. Então, a gente começou um trabalho aqui de desenvolvimento territorial, que a gente denominou Território Santo, porque aqui é um local por onde passaram três santos, não foi só Santa Dulce que passou aqui. Madre Tereza de Calcutá também, que hoje é santa, e o Papa João Paulo II também, que hoje é santo. Os três santos estiveram aqui, santos contemporâneos, santos que muitos de nós conhecemos; estiveram aqui, conversaram entre eles e depois transformaram esse local em local santo. Então, a gente começou a trabalhar o desenvolvimento territorial no lugar e começou a pensar inclusive em políticas públicas voltadas para Itapagipe e para o desenvolvimento territorial, em infraestrutura, como a própria Nicole falou, da importância de a gente começar a pensar na infraestrutura do desenvolvimento local, não só em Santa Dulce.
Pensem, aqui no santuário, a gente tem um local bem desenvolvido. É claro que nós somos hospital SUS. Vocês conhecem a história da obra do primeiro hospital, que nasceu a partir de um galinheiro, mas é um hospital 100% SUS. Então, a gente tem aqui doação do Governo, de hospital, mas o nosso núcleo de turismo está crescendo devagarinho. Ele começou a ser fundido, criado agora, a partir de 2019, depois da canalização.
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Nós temos um desenvolvimento nosso, pequeno, mas o entorno é uma comunidade pobre, então nós precisávamos desenvolver essa comunidade, porque na época da canalização, nós recebemos, em um dia, 19 ônibus ao mesmo tempo. E esses ônibus chegavam aqui e não tinham o que fazer. Onde é que eles iam comer? Onde é que eles iam se hospedar? Onde é que eles iam... Eles não ficavam aqui. Eles iam para a Igreja do Bonfim, que é famosa, chegavam lá, passeavam, tiravam fotos, voltavam, passavam no Santuário Santa Dulce, para ver o corpo da santa, e iam embora. Mas o desenvolvimento local precisa que o turista fique aqui por mais tempo.
Então, a gente começou um movimento que fizesse com que o próprio morador tivesse um empreendedorismo, começasse a desenvolver o empreendedorismo, para transformar aqui num local possível para os turistas. E a gente começou tanto políticas públicas em relação à infraestrutura, como incentivo a hotéis, restaurantes, bares, locais, outros locais de visitação.
A gente tem aqui igrejas irmãs, não só o Bonfim, como a Igreja de Nossa Senhora dos Alagados, que foi um lugar onde os três santos também pisaram; a Igreja da Penha, que é um lugar em que Irmã Dulce também teve moradia; a Igreja da Boa Viagem; a dos Mares... São várias igrejas dentro dessa península, que formam um roteiro turístico. Então, isso já é um produto para a gente aqui em Itapagipe.
Além disso, a gente tem outros locais e outras igrejas, como o Senador falou, tanto de matriz africana, evangélicas, que também podem promover o turismo religioso e que a gente também tem incentivado, para que isso não seja uma coisa específica de Santa Dulce.
A partir disso, a gente começou a trabalhar com os próprios empresários locais, começou a criar reuniões para que esses empresários pudessem um ir influenciando o outro, para que a gente pudesse crescer junto. A gente está nesse processo.
Durante esse processo, veio a pandemia, e a gente teve que dar uma parada, para que a gente pudesse tomar fôlego e se reinventar.
Hoje a gente brinca aqui, e vocês dizem que aqui em Salvador, a gente tem uma igreja para cada dia do ano, não é? Mas a gente tem mais, a gente tem 680 igrejas, acreditem. Então, o número de igrejas, para um turista vir visitar aqui, é bem maior do que o número de dias. Para você visitar todas as igrejas, você tem que ir pelo menos em duas por dia.
E só aqui no Santuário Santa Dulce, a gente recebe cerca de 43 mil pessoas por mês. Então um número desses que cresceu - não foi, Márcio? - depois da pandemia, porque a gente... De antes da pandemia, você não falou dos números...
O SR. MÁRCIO DIDIER (Para expor. Por videoconferência.) - É, a gente cresceu, só para vocês terem uma ideia, de um número de 8 mil pessoas por mês para uma média, pós pandemia, de 44 mil, 45 mil pessoas por mês, com a tendência crescente a partir do momento de reabertura.
E quero falar também da importância da Pastur, ligada à CNBB, da Pastoral de Turismo, nesse trabalho, que tem desenvolvido um trabalho muito sério, muito voltado a um processo de troca, um processo inclusive ecumênico, de diálogo com as outras religiões. E tem facilitado muito esse processo com a gente aqui.
Uma coisa que nos facilitou muito - só, assim, finalizando nossa participação aqui, mas deixando também à disposição... O fato de nós sermos próximos, colados ao hospital, dentro da obra de Santa Dulce, nos facilitou um treinamento muito bacana, através do nosso setor de infecção hospitalar, em relação ao covid. Então, a gente se preparou muito durante o tempo em que estava fechado, para que recebêssemos as pessoas dentro de todas as normas, todos os processos e cuidados. Isso foi uma referência aqui para a arquidiocese, inclusive, por ser um santuário grande que conseguia abrigar uma quantidade bem interessante de fiéis ao mesmo tempo, mas dentro de todos os parâmetros de segurança, que permanecem até hoje, dando muita segurança a quem chega aqui.
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Quer falar ainda?
A SRA. ROSA BRITO (Por videoconferência.) - Não, não.
Agradeço a participação. Nós estamos disponíveis. Estamos aqui abertos. O santuário da primeira santa brasileira está aberto e disponível para quem quiser visitá-lo. Está sempre de portas abertas para vocês.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - AL) - Muito obrigado à Sra. Rosa Brito e ao Dr. Márcio Didier, que é gestor do complexo Santuário Santa Dulce dos Pobres. A Sra. Rosa Brito é representante dos Santuário Santa Dulce dos Pobres.
Passo agora a palavra ao Sr. Carlos Augusto Silveira Alves, turismólogo e mestre em turismo religioso.
O SR. CARLOS AUGUSTO SILVEIRA ALVES (Por videoconferência.) - Boa tarde!
Importante saber: estão me ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - AL) - Está muito baixo.
O SR. CARLOS AUGUSTO SILVEIRA ALVES (Por videoconferência.) - Então, vou falar mais perto aqui. Ouvem melhor?
O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - AL) - Agora está bom.
O SR. CARLOS AUGUSTO SILVEIRA ALVES (Para expor. Por videoconferência.) - Está bem.
Quero dizer que é uma honra estar aqui neste evento. Quero saudar os Senadores, saudar os meus colegas.
Na verdade, sou um jornalista, sou um turismólogo, conforme o Senador me apresentou, e sou consultor, um consultor de empresas. Trabalho em consultorias não só para o Ministério do Turismo, mas também para o Sebrae aqui do Rio Grande do Sul e para algumas coisas no Brasil, há 25 anos.
Nós temos o autor de um livro aqui no Rio Grande do Sul, o Martín Fierro, que diz: Más sabe o diablo por viejo que por diablo. Eu, na minha idade, tenho visitado vários centros de peregrinação, tenho me aprofundado nisso e trato isso como business, como negócio, independentemente da fé, do evento consagrador, das pessoas aficionadas, das pessoas que elegem aquele santo como protetor.
Concordo com o que falou o Senador, e isso não é um privilégio da Igreja Católica. Sou filho e neto de católicos fervorosos, sou um católico apostólico romano, mas reconheço o turismo religioso. Por exemplo, eu estou falando do Rio Grande do Sul. Aqui há um templo budista, em Três Coroas, que recebe muitos turistas, muitos, muitos, muitos. Então, nós temos a Iemanjá, que não é forte só na Bahia, no Rio Grande do Sul é muito forte, é a santa padroeira de Porto Alegre. Na festa de Navegantes há milhares e milhares de pessoas, no litoral. Então, vejam só, é afro-brasileira. Especificamente no turismo religioso, nós temos vários, vários destinos.
Apresento-me também - foi o tema, mas não quero demorar muito - como empreender. Eu sou empresário, tenho hospedagem e recebo peregrinos. Então, nada mais justo... E posso falar desse novo momento. Claro que nós temos preocupação com o evento consagrador. O que é o evento consagrador? Por exemplo, a nossa santa de maior devoção é Nossa Senhora de Caravaggio, o dia dela é 26 de maio. Neste último 26 de maio foi feito um evento pela internet, híbrido, com poucas pessoas, com todos os cuidados.
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A gente continua com essa preocupação com todas essas questões de segurança, mas, para nós, é importante não só o evento consagrador, é importante aquele turista do dia a dia; não aquele que vai à festa do Sírio de Nazaré, não aquele que vai à festa de Nossa Senhora de Caravaggio, não aquele que vai às festas de Paixão de Cristo ou à festa de Navegantes. A gente trabalha com a possibilidade de o turista, de esse visitante ir a esses destinos religiosos mais vezes ou fora do evento consagrador, não só pelo cuidado em função da pandemia, mas, talvez, ele mesmo, para evitar aglomeração, muita gente, dificuldade de hotel, dificuldade de refeição. Então, ele elege, escolhe outras datas para ir àquele evento ou àquele lugar que ele elegeu fora do evento consagrador, aonde vão milhares ou milhões de pessoas. Então, é nisso que a gente trabalha.
Eu daria como exemplo o fato de que eu trabalhei num roteiro, Senador, aqui na Serra Gaúcha, que são os Caminhos de Caravaggio. Nossa Senhora do Caravaggio é uma santa muito conhecida aqui, há um santuário muito forte em Farroupilha e há um outro santuário em Canela. E nós trabalhamos de uma forma que o turista comece a sua caminhada - ou, como o senhor falou, de bicicleta, enfim, existem várias possibilidades - num santuário para terminar no outro. É uma semana de caminhada.
Qual foi a nossa preocupação? Nós elegemos pontos de parada em lugares que já recebem turistas. Não precisamos ir e treinar alguém que não tenha essa habilidade. E isso não só fortalece aqueles empreendimentos que já recebem turistas - e, aí, recebem mais turistas, no caso, esses peregrinos, esses caminhantes - e se fez um roteiro em função disso. E, até onde eu sei, está muito bem, muito.
Eu estive agora em um evento de turismo em Gramado, onde visitei um ponto de hospedagem, e, para minha alegria - e alguém falou aí do quanto isso representa -, ela disse: "Olha, o que me sustentou no tempo da pandemia... Aqui é um lugar em que a gente só recebia excursão, muita excursão, e, com a pandemia, parou. Ninguém mais lota ônibus. Agora que estão voltando as excursões. E quem sustentou o meu empreendimento foi esse turista peregrino, esse de bicicleta, esse que vinha caminhando. Todo dia eu tinha 10, 20, 30 e estou feliz da vida". Então, isso quer dizer o quê? Que bom! A gente conseguiu fazer essa proposta da qual a gente participou.
Daria um outro exemplo. Eu, hoje, estou falando com vocês aqui da região das Missões, na fronteira com a Argentina. Aqui são os Sete Povos das Missões. Também a mesma coisa: recebíamos muitos e muitos e muitos turistas, grupos de terceira idade, grupos de estudantes... É muito comum, no Rio Grande do Sul, aprender-se a história do Rio Grande do Sul - e se diz que isso começou aqui no lado das Missões... Aqui nasceu o gaúcho que o Érico Veríssimo escreveu, aqui nasceu... E é o único patrimônio da humanidade do sul do Brasil. Aqui nasceu o chimarrão, aqui nasceu o churrasco. Então, recebíamos muitas excursões e, com a pandemia, isso parou. Mas esse peregrino - esses dois, três, quatro, cinco, dez - não parou de vir, não parou de vir. Aqui, para algumas coisas, não houve pandemia, não é? Aqui é uma região de agronegócio, não houve pandemia, todo mundo produziu, coisa boa. E para nós, do turismo, foi muito interessante, e essa retomada, que foi pelo que me convidaram, o que eu posso dizer? Está maravilhosa, maravilhosa!
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Esses feriadões para nós foram maravilhosos, os turistas estão vindo. Aqui nós recebemos, como vocês falaram, ali no Santuário Santa Dulce, turistas do exterior. Infelizmente, foi o que o Senador falou, a Argentina está complicada. Porque a gente tem... Estamos na fronteira e aqui os Sete Povos têm uma ligação muito grande com o lado argentino, que está fechado - o paraguaio abriu e coisa e tal -, e a gente está na expectativa. Mas aí a gente trabalha o turismo doméstico.
E tudo que a gente viu, Senador - está ali a moça do Ministério do Turismo e ela sabe -, hoje o que está acontecendo nos últimos meses é o turismo de curta distância, porque as pessoas já não viajam ou não estavam viajando para destinos longínquos, havia toda essa preocupação. Então, nós aqui estamos recebendo turista num raio de 200km. Pessoas que quase não vinham aqui... Eu falo de São Miguel das Missões, patrimônio da humanidade, a gente trabalha muito o turismo místico, religioso. Lançou-se o que a gente chama de Caminho das Missões. Esse Caminho das Missões são 14 dias caminhando, visitando santuários, o Santuário do Caaró, visitando igrejas, visitando sítios históricos. Esse está funcionando. E nós tínhamos formatado um outro caminho de 30 dias que começava no Paraguai, porque a história missioneira aqui nos une muito, muito. Esse lado aqui era espanhol - acho que você sabe - e, infelizmente, esse ficou parado.
Sentimos um pouco? Claro, o turista que vem de São Paulo, do Rio ou que vem do exterior, como ele não consegue cruzar, dali a pouco ele fica frustrado, não vem, espera abrir a fronteira para vir. Mas estamos sendo muito compensados e recompensados pelo turismo doméstico.
Tudo com os nossos protocolos. A gente vem num crescimento... Até, então, a gente.... Os decretos estaduais, vocês sabem, ou os decretos municipais, desde a última semana, liberou geral. Antes, nós trabalhávamos com nossa hospedagem com 50%, passou para 70%; o sítio histórico, o patrimônio de Iphan, também tinha limitação de público e, de semanas para cá, liberou. Então, tão logo liberou, o público começou a vir. Continuamos usando máscara, continuamos exigindo ali o uso do álcool em gel.
Mas, então, finalizando e dizendo por que eu estou aqui, e respondendo a algumas pessoas ali que logo perguntaram para o Senador, quero dizer que está maravilhoso e que, para mim, é irreversível, irreversível, e não é um fruto só nosso aqui da região das Missões, a gente vê isso nos noticiários. E temos que nos cuidar para que isso não desande.
E quero dizer que estamos aqui... E trabalhei em outros roteiros destinos religiosos, esses centros de peregrinação eu conheço bem, porque foi não só no Brasil, como também no exterior. E há essa força da religião não só das pessoas que têm o seu santo padroeiro, mas, às vezes, as pessoas de estudo. Eu recebo europeus que dizem: "Não, eu estudei a contrarreforma [veja só, na Europa] e sempre sonhei em vir aqui conhecer aonde foi feito esse projeto tópico" - e vêm. E as pessoas que vêm para cá - é uma coisa incrível - sonhavam em vir para cá. E dá de tudo: as pessoas se emocionam. Entram ali e se emocionam. Há pessoas que dizem que se arrepiam. Então, isso vai de acordo com cada pessoa. Trabalhamos muito. E agora mesmo, para finalizar, há o atendimento. Todos, a princípio, atendem super bem, há a qualidade nas hospedagens, trabalhamos o artesanato religioso para não ficarem as pessoas frustradas e, é claro, elas querem levar a sua lembrança de onde visitaram. Então, finalizando realmente que o destino missões e os outros destinos em que eu trabalhei e esses destinos religiosos no Rio Grande do Sul ou por onde eu ando - e estive há pouco tempo em Nova Trento também - eu acho que estão muito bem. Foi o que falou ali o Ministério do Turismo. É uma coisa que vem e vai continuar e estamos super bem.
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E agradecemos, agradecemos mesmo toda essa preocupação do ministério sobre selo, sobre o Selo do Turismo, sobre o registro no Cadastur, sobre cidades que têm que participar do Mapa do Turismo. A gente respeita tudo isso, em estar ali, mas buscando sempre o empreendedorismo. Essas hospedagens estão muito satisfeitas. São 14 dias de caminhada, quando eles param nas hospedagens, e que independem de governo, independem de auxílio governamental e estão ali fazendo o seu trabalho com todo amor e dignidade.
Então, estou à disposição. Agradeço mesmo. E que bom esse evento, essa audiência pública sobre o turismo religioso. E que acredite, Senador: siga em frente!
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Fernando Collor. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - AL) - Muito obrigado ao Sr. Carlos Augusto Silveira Alves, turismólogo e mestre em turismo religioso.
Quero agradecer a participação nessa nossa audiência pública dos nossos internautas, das nossas Ilustríssimas Exas. Sras. Senadoras e Srs. Senadores, agradecer à Sra. Nicole Facuri, à Sra. Rosa Brito, ao Sr. Márcio Didier, ao já aqui acabado de ser citado Sr. Carlos Augusto Silvio Alves, pela participação nessa audiência pública.
No dia 13 de dezembro próximo, segunda-feira, às 18h, é o encerramento ao Ciclo de Debates sobre Turismo neste ano de 2021 e estaremos realizando a 15ª Mesa com o tema: "A Retomada em Curso e as Perspectivas do Turismo em 2022", quando receberemos, na oportunidade, um representante do Ministério do Turismo, um representante da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, um representante da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, um representante da Associação Brasileira de Agências de Viagem e o Sr. Carlos Henrique Vilela de Vasconcelos, Prefeito da cidade de Porto de Pedras, Município do Estado de Maceió.
Agradecendo mais uma vez a presença de todos e, sobretudo, aos palestrantes da noite de hoje pelos esclarecimentos que nos trouxeram, agradecendo a participação, sobretudo, dos nossos internautas - mais uma vez sempre realçando a participação deles -, nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião, desejando a todos uma boa noite!
(Iniciada às 18 horas e 08 minutos, a reunião é encerrada às 19 horas.)