Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a 22ª Reunião da Comissão Senado do Futuro da 3ª Sessão Legislativa Ordinária da 56ª Legislatura, que se realiza nesta data, 10 de dezembro de 2021. A presente reunião destina-se à realização de audiência pública com o objetivo de debater o tema "Empreendedorismo Digital e as oportunidades oferecidas para a juventude em tempos de transformações na economia e na gestão pública do País". Foram convidados a participar o Sr. Gilberto Lima Junior, Presidente do Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social; o Sr. Leandro Conti, Diretor de Marketing Communication & External Affairs da Hotmart, representante da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais Brasscom; e o Sr. Pedro Vogado, Vice-Presidente da Zapay Serviços de Pagamentos S.A. |
| R | O objetivo da nossa reunião é exatamente discutir essas questões. Nós estamos aí com um apagão de mão de obra, principalmente na área de tecnologia. Lamentavelmente, nosso País ainda não se conscientizou da importância de capacitar os nossos jovens, por isso essa imensa multidão de jovens sem emprego, sem perspectiva, que não estudam, não trabalham, exatamente porque a escola não oferece realmente, na educação de ensino médio, a educação profissional, como era na minha época, até os anos 70, quando todos os jovens do ensino médio tinham essa possibilidade de fazer um curso técnico. Lamentavelmente, ainda não chegamos a 10%. No mundo todo, chega-se a 60%. Há países com 70% de jovens fazendo curso técnico. Então nós temos no setor de tecnologia um apagão geral, mais de 500 mil vagas no segmento, e não há mão de obra para aquela determinada formação. Uma forma de empreender, tocar o seu negócio é esta: utilizar as ferramentas que existem hoje e ser um empreendedor digital. Esse é o objetivo da discussão, para que jovens, aqueles que tiveram oportunidade de conhecer a questão da tecnologia, alguma formação, que conhecem algumas ferramentas, possam agora tocar seu próprio negócio digitalmente. É um espaço muito grande que se abre para a juventude, principalmente os jovens brasileiros que são muito criativos e, com certeza, têm uma perspectiva grande de empreender e não ser simplesmente empregado de alguém, ele ser o próprio dono do negócio, empreendedor. Nós vamos falar sobre isso aqui hoje. Eu quero agradecer a todos os nossos convidados. A reunião será interativa, transmitida ao vivo e aberta também à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, em senado.leg.br, ou pelo telefone 0800-0612211. Na exposição inicial, os convidados usarão a palavra por até 20 minutos e, antes de encerrarmos, poderão apresentar suas considerações finais. Eu já vou passar imediatamente a palavra ao meu querido amigo Gilberto Lima Júnior, que é o Presidente do Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social. Com a palavra, Gilberto, que está com a gente aqui. Agradeço sua presença no Plenário da Comissão. O SR. GILBERTO LIMA JUNIOR (Para expor.) - Gratidão, Senador Izalci Lucas, por este convite que nos fez ao Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica. Cumprimento os demais que vão integrar também esta reunião e elogio, por ser do Distrito Federal e acompanhar a saga do Senador Izalci, sem dúvida nenhuma um dos grandes ícones do tema da educação, do tema do empreendedorismo e particularmente do tema da tecnologia. Parabéns pela iniciativa do Senado do Futuro, que eu considero disruptiva por si mesma, e noto que as reuniões variam de tema para que se possa aprofundar e criar a oportunidade de um debate com a sociedade que possa trazer mudança efetiva. |
| R | Senador, hoje eu vou tentar trazer aqui, nesta abordagem, uma visão bastante pragmática e propositiva, no sentido de trazer essa mudança que o País, de alguma maneira, espera, sobretudo os jovens, e os jovens que pretendem, através do empreendedorismo, navegar ou surfar positivamente na onda da transformação digital. Portanto, nós vamos nos ater bem ao tema, mas ele é um tema abrangente, sobre o qual é impossível a gente não trazer aqui uma visão um pouquinho mais ampliada e provocativa, o.k.? A todos que nos assistem também meus cumprimentos. Primeiro, quero dizer que o Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social é um instituto com sete anos de existência, sediado em Brasília, necessariamente em Brasília, porque nós entendemos que aqui é onde a política pública define o rumo, os destinos do País, é o regulatório, que vai fazer com que, lá na ponta da municipalidade, as coisas aconteçam. E no Illuminante, ao longo desses sete anos, nós nos destacamos, Senador - o senhor já nos deu lá o prazer -, por trazer mentes brilhantes para virem falar sobre temas disruptivos. Para dar um exemplo mais concreto, mais recentemente e próximo agora da pandemia, nós trouxemos o Prêmio Nobel de grafeno para vir aqui explicar para as autoridades políticas o que, afinal de contas, é esse material bidimensional, que vai causar, como todos os outros materiais bidimensionais, uma revolução em termos de competitividade industrial, não é? Vemos com uma constatação muito positiva que a própria Embrapii está criando aí uma rede de laboratórios agora, do grafeno, para poder favorecer o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. Nós temos o cuidado de tentar medir qual é o impacto que as mudanças tecnológicas efetivamente podem causar na sociedade brasileira, através daquilo que chamamos de um observatório de impacto, que é um observatório ainda em fase de estruturação, mas já com algumas percepções muito claras. Senador Izalci e todos que nos ouvem, nós estamos vivendo um momento único da história da humanidade. É um ponto de inflexão, seja nas mudanças que envolvem a urgência climática, seja na própria necessidade de uma mudança de paradigmas. Nós estamos vivendo numa era em que, ao mesmo tempo em que assistimos ao ser humano pilotando uma sonda a 320 milhões de quilômetros, descendo num asteroide ou chegando mesmo a Marte, como chegamos agora, no mês de fevereiro, com os países Emirados Árabes, China e Estados Unidos a fazerem todo o registro da órbita, e diretamente no solo marciano, nós estamos com esse poder tecnológico com esses bilhões em investimento, por outro lado, somos uma humanidade - não é, Senador? - com 690 milhões de pessoas ainda a responderem de uma maneira muito dura à vida, passando fome. O Instituto Illuminante vê esses contrastes e tenta contribuir para que os impactos, em função do avanço tecnológico, sejam em favor da vida, e não em detrimento dela. Nós estamos aqui com alguns paradigmas sendo absolutamente movidos no campo empresarial empreendedor, que é o tema de hoje. Acaba, Senador, nos primeiros dias desta semana, de o Nubank ser considerado o maior banco da América Latina. Nós estamos falando de US$50 bilhões na Bolsa de Valores de Nova York, quando você compara com bancos seculares brasileiros, que não valem 200 bilhões. Eu estou falando dos bancos líderes do mercado nacional. Uma empresa como a Tesla ultrapassa séculos das montadoras tradicionais, por ter uma perspectiva de futuro, de carros elétricos, e uma visão não poluente, uma visão favorável a um novo ecossistema industrial de uma produção limpa. E trata-se de uma empresa que não produziu nem 100 mil carros até hoje - o que seria, assim, um espirro de uma grande montadora - e que já consegue ultrapassar a realidade das montadoras seculares, não é? Então, é sobre não mais o tamanho, o grande vencendo o fraco, mas a velocidade, o rápido que vence o lento. Num mundo como este em que, ao falar de velocidade, os jovens entendem muito bem, por outro lado, nós percebemos que os jovens estão completamente alheios à possibilidade ou às possibilidades existentes do ponto de vista do apoio político, do apoio governamental para as suas atuações. Nós estamos falando de um processo de mudança de grande revolução, de grande velocidade, mas que na nossa realidade social deixa ainda muito a desejar. |
| R | Há casos de jovens empreendedores no mundo da transformação digital, como, por exemplo, a Duda, que montou, lá em Pernambuco, uma pequena startup chamada Oxente Software, por meio da qual ela conseguiu dar resposta, por exemplo, a um problema de desmoronamento: ela conseguiu criar, dentro de uma Campus Party, uma solução tecnológica de robotização - uma menina de periferia, uma menina negra que conseguiu ir para o mundo e concorrer mundialmente com uma solução - que ajuda a detectar pessoas soterradas em desmoronamentos. A Duda fez isso lá em Pernambuco, sem grandes recursos. Há também os meninos do Projeto Jovem Protagonista, que acaba de acontecer aqui na cidade da Ceilândia e na Estrutural, em Brasília, que conseguiram, através de uma impressora 3D, produzir um cano para acoplar um suporte de celular para ampliar o áudio para que, durante a pandemia, os seus colegas de sala, os seus vizinhos, pudessem estudar. Ao mesmo tempo em que nós estamos falando de tecnologias que levam o homem a Marte, a uma viagem de 320 milhões de quilômetros, nós vimos agora, neste País, os jovens perderem um ano letivo e não terem acesso a um tablet, a um celular, não terem acesso à conectividade. O mundo vai caminhando para uma internet global, orbital, prometida por uma empresa como a Starlink, o mundo caminha para uma série de opções novas, só que as velhas estruturas não acompanham a necessidade desses jovens. Eles estão fazendo por conta e eles são heróis nesse processo de protagonismo dentro da transformação digital. Dados da Pnad 2019 mostram que o Brasil tem 47 milhões de jovens na faixa de 16 a 25 anos. E o Instituto Update, em 2020, aponta para o envolvimento do jovem na política, com interesse na política: foram 17.147 candidaturas válidas de jovens entre 16 e 25 anos, que usam intensamente as redes sociais. Aqueles que estão conseguindo se conectar na transformação digital tendo a política como uma base para a transformação ainda são muito poucos, mas são lideranças indígenas, negras, LGBTQIA+ que estão fazendo corajosamente seus movimentos e mudanças. A Unicef fez um estudo agora, no final do ano, no dia 18 de novembro, em comemoração ao Dia Internacional da Criança, com 21 países. E chama a atenção para os números do Brasil, falando dos nossos jovens. Em geral, no mundo, os jovens estão mais otimistas do que os adultos. Então, acho que é uma característica já da própria idade ter essa perspectiva de mundo. No entanto, quando comparado a todos os outros 31 países estudados, os jovens brasileiros são os menos otimistas. O que nos causa alguma perplexidade? Não, nenhuma, porque eles estão cheios de motivos para não serem tão otimistas assim. O Gallup se juntou com o Unicef e perguntou aos nossos jovens sobre as suas visões - são jovens de 15 a 24 anos - e as comparou com as visões dos adultos. Como é ser criança e adolescente no mundo de hoje? Cerca de 57% dos jovens disseram estar otimistas contra apenas 39% dos adultos, no mundo. No Brasil, só foram 31% de jovens e 19% dos adultos. Agora, quantos desses se encontram perdidos? Cerca de 48% dos jovens se encontram perdidos e não veem muita perspectiva de vida; 61% desses jovens disseram considerar muito importante que os políticos escutem - escutem - os jovens antes da tomada de decisões; 91% dos que foram entrevistados acessam de alguma forma uma rede de internet por algum meio público - contra 67% dos adultos -, confiam na ciência, confiam nas mídias internacionais e até confiam nas informações dadas por governos, no entanto entendem que a capacidade de empreender está muito limitada; 80% dos jovens até 24 anos, em 2019, sonhavam montar o próprio negócio, Senador Izalci, antes dos 18. São 8 milhões deles, dos 239 milhões entre 18 e 24, apenas que possuem o próprio negócio. Embora tenha dobrado esse número de 2009 para 2019 e tenha havido um crescimento agora, no ano da pandemia, de 15%, o fato é que eles apontam grandes dificuldades para empreender no Brasil, o que é conhecido de todos os empreendedores, mas particularmente do empreendedor jovem e do empreendedor de periferia. A Comissão de Seguridade Social aqui da Câmara dos Deputados, de uma Deputada do partido do Senador Izalci, do PSDB, teve uma iniciativa muito interessante de um substitutivo para que seja incluído dentro do próprio direito da criança e do adolescente o acesso à informação e a possibilidade da participação dos jovens nos processos decisórios desta Casa e da política. Agora, há uma barreira muito grande da chegada deles até aqui. |
| R | O mundo, nessa velocidade toda, oferece oportunidades incríveis. Sobre quais são as profissões de futuro, nós estamos falando, no campo da genética, da biotecnologia, da nanotecnologia, da genética; nos campos da engenharia, da ciência, de tudo aquilo que diz respeito à manufatura aditiva da indústria 4.0, da robótica, que vem com tudo, da inteligência artificial - são muitos os campos que abrem oportunidades -; a corrida espacial, como se prevê no Brasil, em Alcântara, com 6 bilhões de investimentos, e aí você vai ter toda uma cadeia produtiva. Enfim, são muitas áreas. A dificuldade será, sempre, como educar, como o Senador bem colocou, entre 400 e 500 mil profissionais de tecnologia da informação. É a carência que o setor tem, quer dizer, há um gigantesco desemprego no País e a gente não consegue ocupar as vagas de tecnologia, porque o foco da educação ainda não consegue chegar na formação, na preparação de quem precisa. E, diante de todas essas outras áreas, em que você vê o mundo caminhando para uma computação quântica, uma nanobioinformática, em que você vê o mundo caminhando para tecnologias que são muito disruptivas e que vão reinventar tudo, envolvendo desde o uso embarcado em roupas de tecnologia até os chamados perigos, inclusive, dos implantes de sensores ao nível cerebral, ao nível do corpo, hackeamentos de DNA, tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo na humanidade. O que, do ponto de vista regulatório, este Parlamento, os Parlamentos mundiais têm capacidade de atender? O que nós vimos, Senador, é que, das dez maiores empresas do mundo, de valor, na Bolsa, pelo menos de suas marcas, das dez, nove são de tecnologia, oito, sendo que seriam nove, porque a Amazon é considerada como uma distribuidora, mas todos nós sabemos que a Amazon é uma das maiores empresas tecnológicas do mundo. Há um risco muito grande da tecnocracia. Há um risco muito grande da própria invasão dos algoritmos nas opiniões hoje. Há polarização e complexidade nas relações de um mundo que hoje tem cinco gerações convivendo ao mesmo tempo devido à longevidade - nós estamos com cinco gerações. São relações intergeracionais que têm complexidades na sua relação de crenças, valores, costumes e que ao mesmo tempo estão impactadas por todo esse processo tecnológico em que os algoritmos estão criando a indução e as pessoas só veem o que querem, só assistem ao que querem e só chegam as notícias e informações dos grupos de opiniões daquilo que querem, ferindo, assim, a riqueza extraordinária da vida, do contraditório. Por isso se gera... Dizem que a culpa da polarização é da política. Também pode ser, mas é, sem dúvida nenhuma, de uma militância, de uma colonização dos cérebros. No passado, o processo de colonização era de territórios; hoje, diante do mundo disruptivo tecnológico, o grande perigo é a colonização das mentes. O alerta dos regulatórios feito nesta Casa, com o apoio de Senador Izalci, já foi dado, inclusive, pelo Instituto Illuminante. Senador Izalci, graças ao senhor, há dois anos, aqui no Auditório Petrônio Portella, nós fizemos uma ampla discussão, trazendo, inclusive, pessoas que implementaram a Lei Geral de Proteção de Dados na Europa, trouxemos aqui o Serasa, com os dados privados, trouxemos aqui o Serpro, com os dados públicos, para podermos discutir privacidade. Agora, o que vemos, Senador, é que, com tudo isso, até hoje, mesmo tendo uma ANPD instaurada, tendo a lei já implementada, do ponto de vista da máquina pública, ainda agora, dois dias atrás, houve uma invasão no Ministério da Saúde. Nós estamos com os dados pessoais das pessoas vulneráveis. Então, da velocidade com que os regulatórios ou com que as iniciativas que vão responder ao mundo tecnológico e às disrupções que esse mundo tecnológico exige, as estruturas estão muito aquém. Hoje, nós temos um país pendurado ainda num calendário eleitoral, num calendário de dois em dois anos, em que você tem, juntando toda a máquina de uma campanha eleitoral, toda a máquina de manutenção de um Tribunal Superior Eleitoral, toda a máquina para manter um Poder como o próprio Legislativo, uma soma - que fizemos lá - que chega a mais de R$31 bilhões/ano. E esse dinheiro, se destinado a uma mudança disruptiva, também na forma de legislar, poderia dar para a população, para os jovens, sobretudo, que estão dizendo aqui - 91%: "Queremos ser ouvidos, num processo decisório, por parte dos políticos". Mas o que eles querem? Num mundo de redes sociais, num mundo onde a opinião é mais instantânea, eles querem uma democracia direta. |
| R | Esse substitutivo da Deputada traz esse direito, dentro da criança e do adolescente, mas, por outro lado, os mecanismos para que seja exercida uma democracia direta, para que eles possam opinar, desde lá do seu Município até aqui na esfera federal, no rumo, no destino daquilo que eles, que vão conduzir este País, pretendem não estão assegurados. Então, há muitas e muitas oportunidades, o que falta é realmente uma reinvenção. As estruturas antiquadas, analógicas e anacrônicas do País, a começar da própria estrutura política, precisam urgentemente ser reinventadas. Não dá para falar em orçamento secreto num país onde a fome assola mais de 40 milhões de habitantes num período de pandemia. Não é possível! Isso é uma vergonha! Então, o que a gente fala? A tecnologia está aí à disposição para fazer uma transformação radical no empreendedorismo, uma transformação radical na condição social da população. É preciso querer. Por isso, o meu aplauso pela coragem de o Senado do Futuro existir enquanto Comissão e ter a abertura de nos ouvir democraticamente, de forma assim direta, chegando e alcançando os lares brasileiros da forma como estamos aqui hoje. Agradeço o privilégio que o Instituto Illuminante teve e o meu privilégio em particular, Senador. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado, Gilberto. Gilberto Lima Junior é Presidente do Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social; é graduado em Comércio Exterior, pós-graduado em Tecnologia da Informação e coordenou as Políticas Públicas como a Estratégia Nacional em TICs pela ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial) e a Unidade de Internacionalização de Empresas da Apex Brasil; é Mentor de Empresas de Base Tecnológica e também Membro-Conselheiro do Board de Empresas e Instituições no Brasil e no Exterior; assina duas Colunas: "O Futuro já Começou " e "Mentes Brilhantes". |
| R | Obrigado, Gilberto. Eu vou passar a palavra ao Leandro Conti. O Leandro é Diretor Global de Relações Externas na Hotmart e representante da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom); é graduado em Comunicação pela Universidade Metodista do Brasil; possui mais de 20 anos de experiência em comunicação estratégica e assuntos corporativos, trabalhando em posições de liderança em diversas empresas multinacionais e atuou também como repórter e redator da Imprensa Nacional, também na Folha de S.Paulo, Editora Abril e TV Cultura. Com a palavra meu querido Leandro Conti. O SR. LEANDRO CONTI (Para expor. Por videoconferência.) - Bom dia, Senador. Bom dia, demais membros da Comissão Senado do Futuro. Eu queria, primeiramente, agradecer a oportunidade para a Brasscom poder trazer um pouco da nossa visão sobre empreendedorismo digital e a associação que traz realmente ter como proposta fazer o Brasil mais digital, mais conectado e mais inovador. Agradeço muito a oportunidade e dou bom-dia também aos meus colegas Gilberto, Pedro e a todos que estão nos assistindo agora. Peço licença para poder mostrar alguns eslaides aqui que trazem um pouco de informação a mais sobre o empreendedorismo digital, e um aspecto bastante específico que eu queria trazer e que é uma grande oportunidade para o País e para os jovens, que é o empreendedorismo digital. Vocês estão todos vendo a minha tela? (Pausa.) O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Sim, perfeito. O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Perfeito. Podemos seguir, então. E temos um novo segmento que eu gostaria de trazer para os senhores, que se chama economia criativa, que, no mundo todo e principalmente nos Estados Unidos, está sendo chamado de creator economy. São as pessoas que criam conteúdos na internet e vivem da venda desses conteúdos para a audiência e transformam a vida de muitas pessoas. Antes de começar, para quem não conhece a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e Tecnologias Digitais), é uma associação que reúne 88 grupos empresariais - as maiores empresas de tecnologia do Brasil estão representadas aqui - e tem uma atuação bastante forte no setor e também no desenvolvimento de profissionais e de práticas para tecnologia. Só para os senhores terem uma ideia, essas indústrias vêm investindo muito no Brasil. A previsão de investimento nos próximos quatro anos é de mais de R$400 bilhões, principalmente dentro da indústria de tecnologia na área de software e serviços, que vem crescendo muito, a demanda vem aumentando muito por parte do consumidor, e é uma oportunidade muito grande para o Brasil diversificar a sua economia, atrair talentos e exportar, trazendo divisas para o nosso País, além de gerar empregos para a nossa população. O Gilberto estava trazendo toda a demanda que nós temos. Nós temos hoje um déficit de profissionais disponíveis para ocupar vagas já existentes, e muito mais vagas serão geradas nos próximos anos. Nossa previsão na Brasscom é de quase 800 mil novos empregos nessa área. Então, existe uma demanda muito grande, nós precisamos de pessoas preparadas, estamos dispostos a ajudar, mas acreditamos também que políticas públicas podem ajudar a desenvolver esses profissionais para que possam gerar a sua renda, ajudar o Brasil a se desenvolver e levar a nossa indústria para o mundo todo. |
| R | No mais, especificamente para a economia criativa, dando um pouquinho mais de informações sobre o que isso significa. Essa economia reúne as empresas e os criadores de conteúdo que trabalham pela internet com conhecimento. Então, aqui não se trata de venda de produtos físicos ou de comércio eletrônico, e sim de dizer algo que você sabe para outras pessoas e conseguir renda a partir disso. E essa relação se materializa de forma mais ampla quando o lado que está consumindo esse conteúdo também se transforma, e não só aprecia o conteúdo. Então, além do entretenimento, existem muitos conteúdos voltados para a parte profissional, para a parte de carreira, que fazem com que o efeito seja multiplicador e que essas pessoas consumidoras se tornem também melhores profissionais, abram os seus negócios e gerem um efeito multiplicador nesse setor. Esse setor começou a crescer junto com o crescimento das redes sociais. Até 20 anos atrás, a economia do conhecimento era concentrada nas empresas de comunicação: nas televisões, nas rádios, nos jornais, nas revistas, que concentravam toda a atenção da audiência. Então, elas definiam aquilo que nós íamos consumir. E com a chegada das redes sociais, isso permitiu que várias pessoas pudessem gerar os seus conhecimentos, gerar as suas informações e alcançar a sua audiência. E isso abriu essa oportunidade para a economia criativa começar a crescer. Nós notamos aqui nos gráficos que o Brasil lidera o número de usuários nas redes sociais, na América Latina, e o Brasil também já tem uma conexão muito forte de pessoas na internet, que permite que isso aconteça, principalmente por meio dos telefones celulares, dos smartphones. E as pessoas investem bastante tempo nisso - a grande maioria, obviamente, consumindo conteúdo, mas muitos também produzindo, o que gera a oportunidade dessa indústria. Uma outra tendência que nós observamos é que as pessoas cada vez mais estão dispostas a pagar por conteúdo na internet, por conteúdo de conhecimento na internet. É uma tendência que vem se acelerando. Então, no passado, as pessoas não estavam tão dispostas a pagar por notícias, por entretenimento, por conhecimento, e isso vem crescendo, porque as pessoas percebem que, ao pagar por isso - e aí existem pagamentos pequenos ou maiores, dependendo do conteúdo, dependendo do produtor, dependendo da duração desse conhecimento, desse curso, se for um curso ou um podcast ou uma transmissão pela internet -, elas recebem uma melhor qualidade e uma maior sustentabilidade daquele conhecimento, porque o criador de conteúdo passa a se dedicar mais àquilo e entrega mais conteúdo para quem consome. Portanto, essa tendência ajuda esse setor a crescer. E algo que também nos encoraja bastante é que as gerações mais jovens - o Gilberto comentou das cinco gerações hoje que estão convivendo no mercado de trabalho, na sociedade - estão mais dispostas a pagar por esse conteúdo. Por quê? Até a indústria dos jogos online, dos games, traz muito do consumo de pequenas transações para uma melhora no jogo. Você pode comprar uma roupa do seu personagem, você pode comprar uma habilidade diferente para o seu personagem, com uma pequena transação, e aquilo faz você jogar, ter mais satisfação no seu jogo e conseguir melhores resultados. Então, esses jovens já estão acostumados a fazer isso. E, quando esses jovens forem obviamente crescendo, avançando nas gerações, eles vão seguir com esse hábito. E isso traz uma oportunidade enorme para o mercado, com conteúdo de maior qualidade, com curadoria para as pessoas saberem exatamente o que devem escolher e explorarem nichos que antes eram impossíveis numa mídia tradicional, como eu comentei. Há pessoas ensinando - e eu vou mostrar aqui alguns cases - como fazer drywall pela internet, aquelas paredes de gesso pela internet, e criarem os seus negócios. Gera-se maior intimidade da pessoa que cria esse conteúdo com o consumidor. Então, por exemplo, se o consumidor quer aprender matemática, quer ter contato com um professor de matemática, em vez de ter acesso só àquelas pessoas da própria escola ou daquela comunidade em que esse aluno está, ele pode, pela internet, ter acesso a milhares de professores de matemática e comprar o curso ou pedir uma ajuda para aquele com quem ele mais se identifica, que fale uma linguagem que ele entenda ou prefira; ou até a língua, pois pode ser em vários países. E também é um ambiente em que não há anúncios. Quando você paga pelo conteúdo, você tem esse conteúdo sem ser interrompido por anúncios. Então, isso é também algo que as pessoas preferem bastante. |
| R | Uma outra tendência que também é uma grande oportunidade para os jovens venderem online são as pessoas que vão prestar serviços para esses criadores de conteúdo. Existe uma tendência muito grande de as pessoas quererem ser independentes, serem o seu próprio chefe, com foco no digital. E essa indústria precisa também de muitos trabalhadores para ajudá-los a entregar o conteúdo para seus consumidores, para seus alunos. Que trabalhadores são esses? Pessoas que conseguem comprar anúncios online para promover os conteúdos; são designers, pessoas que fazem os desenhos, as programações visuais que tornam esse curso atrativo, pessoas que trabalham com vídeo para gravações, edições, estrategistas para saber qual é a melhor estratégia de venda, preço, qual é a estratégia. Então, existe muita demanda por esses profissionais e muita oportunidade para as pessoas, sem serem criadores de conteúdo, trabalharem nessa indústria, poderem prestar serviços e terem a sua renda, terem a sua independência. Essa oportunidade, como eu disse, é crescente, mas ainda está no estágio inicial. Os dados que nós temos de pesquisa mostram que, hoje, existem 50 milhões de criadores de conteúdo no mundo. Desses, apenas 12 milhões se consideram profissionais, ou seja, têm a maior parte da sua renda devido a essa criação de conteúdo. Isso, sem dúvida, vai crescer. E esta é a grande oportunidade de as pessoas entrarem neste mercado, que já não é pequeno. Os números mostram que ele já gera cerca de US$100 bilhões por ano. Isso dá mais de R$500 bilhões... O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Leandro... O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Pois não. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - ... sem querer interrompê-lo, mas já interrompendo, a sua apresentação está ainda na primeira página. Você não está passando as páginas. Você está falando... O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Ah, puxa! O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Dá só uma passada rápida. Como você não estava colocando os números, eu achei que você não estava lincado. É só para fazer essa observação. O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Perfeito. Eu vou tentar novamente aqui. Obrigado pela informação. Acho que, agora, talvez fique melhor. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - O.k. O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Os senhores veem as oportunidades do empreendedorismo online, não é? O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Isso. O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Estão vendo esta tela. Perfeito. Então, agora, estamos conectados da forma correta. Eu estava falando do número de US$100 bilhões, dos R$500 bilhões. Desse dinheiro, a grande parte dessa renda vem de ações de marcas. Então, são influenciadores online, que estão principalmente nas redes sociais e que recebem patrocínios de marcas para fazerem basicamente propaganda. Porém 12% já fazem outros conteúdos, que são esses que estou comentando. E essa é a tendência que deve crescer. |
| R | E por que isso vai acontecer? Porque, quando uma pessoa vai empreender online, ela precisa investir muito pouco, comparado com o mercado offline. Não precisa comprar um ponto de venda, não precisa ter estoque, há uma série de investimentos que não precisam ser feitos. Ela consegue, no início, conciliar com as suas outras atividades, com as suas obrigações profissionais, não precisa largar tudo para começar, para quem já tem uma atividade. Não precisa ter infraestrutura: hoje muitas empresas, as próprias redes sociais, empresas como a Hotmart e outras, da Brasscom, oferecem o software, a plataforma, para que eles possam, não só aprender, mas hospedar os seus conteúdos e começar suas vendas. Então, você não precisa ter os seus próprios servidores para começar. Às vezes apenas com um celular já é possível começar a gravar e levar esses conteúdos. Cada vez mais, as pessoas, como eu disse, querem comprar, então existe demanda, existe mercado para isso, e também há uma flexibilidade: você pode gravar e fazer essa gestão, no final do dia, no início da manhã ou no fim de semana. Então, existe muita flexibilidade que um mercado, ou uma atividade física, não permite: você tem que estar lá, no horário das oito às cinco, ou num horário um pouco mais fixo. É uma oportunidade grande. E o que dá para se fazer nesse segmento? Existem pessoas com canais no YouTube, oferecendo conteúdos gratuitos e, depois, podem cobrar por eles também, em outras plataformas, ou receber até, do próprio YouTube, uma renda por audiência; existem pessoas que vendem softwares pela internet; existem os cursos online, blogues, podcasts e até e-commerces, pessoas que vendem esses conteúdos digitais, com o apoio de algo físico, se for o caso. Então, dá para ter uma complementação grande nesses negócios. E, no final, um pouco do que a Hotmart traz como mensagem é querer empoderar esses criadores de conteúdo, para que no final eles vivam de suas paixões, porque esses conteúdos que eles criam - claro que eles podem estudar e trazer para o público, não é? -, grande parte deles vem de algo que eles já fazem, que eles já gostam, que eles entendem e têm total legitimidade para passar para os demais. Então, é uma paixão que vem de dentro e que passa para os outros e gera esse efeito multiplicador que eu comentei. Nós temos grandes exemplos de criadores de conteúdo que estão fazendo muito sucesso em muitos segmentos diferentes. Então, um que eu trago aqui é o Anderson Rey. Ele tinha uma assistência técnica de máquina de lavar, no Nordeste - se eu não me engano, no Maranhão -, atendia ali aquelas pessoas, mas ele tinha uma didática muito boa. Em algum momento, ele percebeu que ele podia gravar aquele conhecimento e começar a vender esses cursos, para outras pessoas poderem ser técnicas de manutenção de máquinas de lavar e de outros equipamentos eletrônicos. E ele conseguiu muito sucesso. Hoje ele vive de ensinar, ele vive de ensinar cursos para consertar máquinas de lavar e outros eletroeletrônicos. Mora em Santa Catarina, tem uma qualidade de vida muito boa. E, mais importante do que isso, ele transformou a vida de milhares de pessoas, que às vezes não tinham uma atividade, estavam desempregadas nas suas cidades, fizeram um curso, relativamente, de baixo custo, com o Anderson Rey, pela internet e hoje abriram suas próprias oficinas de manutenção. Podem prestar serviços nas suas cidades e estão gerando renda também. Então, isso tem um efeito multiplicador muito grande. Outro exemplo é a Flávia Calina, que é uma das maiores influenciadoras da área de maternidade do Brasil. Ela tem uma audiência de quase 8 milhões de pessoas no YouTube e ela fala de cuidar dos filhos, de como lidar com a maternidade. E fala isso, de forma gratuita, no YouTube, por isso era garantiu tanta audiência. E agora ela vende cursos também, de uma forma mais estruturada, paga, para ajudar os pais a seguirem essa jornada e terem esse conteúdo de forma mais organizada. Finalmente, o Mairo Vergara, que é um professor de inglês, que inventou uma metodologia própria para ensinar inglês durante oito meses, nove meses - é um curso mais longo pela internet - e conquistou mais de 60 mil alunos nos últimos anos. Então, se fôssemos analisar todas as escolas de idiomas que existem no Brasil, talvez o Mairo Vergara seja o maior professor de inglês ou a maior escola de inglês do Brasil e conquistou isso sem nunca ter aberto um lugar físico e, sim, um curso online. Isso abriu uma oportunidade para um monte de gente que talvez não tivesse acesso a uma escola física, que não pudesse estudar nas horas que as escolas oferecem ou que os professores estão lá disponíveis, pudesse estudar no seu tempo, na sua cidade, no fim de semana, mais rápido, rever aulas. Ou seja, ele não tirou mercado de ninguém e abriu a possibilidade de um monte de gente aprender inglês, que a gente sabe que é muito importante para a globalização que a gente vive e também para a própria indústria de tecnologia, já que muita coisa é feita em inglês. |
| R | Então, no final, essa economia dos criadores de conteúdo cria um ecossistema. Aqui um outro exemplo: uma estilista, uma costureira que tinha uma oficina de ensinar as pessoas a costurarem, que aprendeu a ensinar online, ensinou uma aluna, que é a Roseane, que foi a aluna dela online, e agora a Roseane tem o seu próprio ateliê e também gera renda. Então, isso é muito do que a gente fala. Para terminar essa apresentação, eu queria mostrar um caso especifico. São dois vídeos curtos de um minuto que mostram esse ciclo do drywall que eu comentei. Então, o profissional que tinha uma oficina de drywall decidiu ensinar os outros e o que aconteceu depois... Vamos ver, espero que funcione direitinho o vídeo. Se não funcionar, talvez eu tenha que apartar um outro botão aqui. Vamos ver. (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Isso mostra, inclusive, a possibilidade de vender para outros países, já que a internet não tem fronteiras. E agora a sequência dessa história é sobre quem aprendeu esse curso. E aí eu vou mostrar a história do Douglas, que assistiu a esse curso, e o que aconteceu com ele. (Procede-se à exibição de vídeo.) |
| R | O SR. LEANDRO CONTI (Por videoconferência.) - Então, são histórias muito bonitas de que nós nos orgulhamos bastante e gostamos de compartilhar, porque realmente podem transformar vidas. Quanto mais gente puder usufruir dessa tecnologia, puder compartilhar o seu conhecimento, puder consumir esse conhecimento, melhor para o Brasil, melhor para a indústria de tecnologia, melhor para a sociedade. Então, nós estamos à disposição para ajudar. Temos uma série de programas gratuitos para ajudar as pessoas a entrarem nesse segmento, e várias empresas - a Brasscom e a Hotmart - também têm. A entrada na plataforma é gratuita. A pessoa só começa a pagar quando vende efetivamente, um percentual do que ela vende. Outras empresas da Brasscom também estão. As próprias redes sociais que fazem parte da Brasscom permitem que as pessoas aprendam, entrem nesse segmento e gerem renda. Então, é isso que eu queria trazer. Mais uma vez, eu gostaria de agradecer ao Senador Izalci pelo convite, pela oportunidade. Ficamos à disposição aqui para tirar alguma dúvida que possa ter surgido. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado, Leandro. Muito boa a apresentação. Passo já, imediatamente, ao Pedro Vogado. Ele é Vice-Presidente da Zapay Serviços de Pagamento S.A., é graduado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e em Administração pela Universidade Norte do Paraná (Unopar). Como Diretor de Relações Institucionais da Zapay, também tem responsabilidade por gerir todos os convênios e as conexões da Zapay com os DETRANs e com os órgãos públicos, bem como lidar com todas as estratégias associadas a isso. Então, com a palavra o Pedro Vogado. Obrigado pela presença, Pedro. O SR. PEDRO VOGADO (Para expor. Por videoconferência.) - Está me escutando todo mundo? Primeiramente, agradeço ao Senador Izalci pelo convite. Sou de Brasília também, então gostaria de homenageá-lo pelo trabalho que o senhor vem desenvolvendo em Brasília. É um trabalho muito honesto, um trabalho de realmente exploração do DF de norte a sul. Então, agradeço ao senhor pelo que vem fazendo. Quando a gente fala do tema de empreendedorismo digital, de jogos, etc., eu acredito que trazer um case aqui é muito importante para mostrar que qualquer jovem pode chegar aonde ele quer. Então, diante disso, eu vou contar um pouquinho da minha história aqui e como eu estou contribuindo para a vida de milhares de proprietários de veículos no Brasil. Meu nome é Pedro, tenho 24 anos, ou seja, encaixo-me no perfil jovem, comecei a empreender com 18 anos. Hoje sou Vice-Presidente da Zapay, uma empresa com relevância no mercado. Eu vou explicar um pouquinho a nossa história. O que a gente pode observar é que a pandemia, de maneira geral, acelerou muito a questão da transformação digital. Do dia para noite, tudo virou online, as empresas viraram online, você não conseguia comprar mais nada que não fosse online. Então, isso aí acelerou em muitos anos essa questão da transformação digital, e, consequentemente, isso tudo influencia na questão do empreendedorismo digital. Cada vez mais, a gente vê jovens contribuindo e, como até já expuseram aí nessa Comissão, falando a respeito de como empresas digitais hoje valem muito mais do que empresas que são meramente físicas ou empresas que são no modelo tradicional. A gente viu ultimamente até, inclusive, o modelo do Nubank. Então, isso foi fortemente acelerado, principalmente em decorrência da questão da pandemia. |
| R | Para falar um pouquinho de como surgiu a Zapay, é importante a gente falar de um problema que aflige milhões de brasileiros no País. Acredito que aqui, na presente Comissão, vários dos senhores são proprietários de um veículo, e, quando a gente pensa em ter um veículo no Brasil, nós, automaticamente, relacionamos à dificuldade de ter um veículo. A primeira questão que nós entendemos é a questão da dificuldade financeira. Comprar um carro, no Brasil, é muito caro e, além de comprar um carro, você ter todo um planejamento para comprar um carro, existe a grande dificuldade também de você manter esse carro, porque, anualmente, existem diversos tipos de obrigações, como seguro, IPVA, licenciamento. Temos dificuldade para regularizar isso todos os anos no Brasil. Uma das questões maiores que foi fortemente acentuada durante a pandemia é a própria questão financeira, do dinheiro. Para você regularizar um veículo no Brasil, você tem que pagar IPVA, você tem que pagar licenciamento, você tem que pagar as suas multas de trânsito, seguro obrigatório, entre vários outros itens que, todos os anos, você tem que fazer. Só que, se para conseguir o dinheiro para poder fazer essa regularização já não é fácil, quando nós, proprietários de veículos, vamos regularizar e pagar esses débitos, todos os anos, além da dificuldade financeira, nós observamos uma dificuldade de burocracia. Eu, aqui em Brasília, por exemplo, para emitir o meu documento, eu preciso entrar no site da Sefaz, eu preciso entrar no Detran; muitas vezes, uma multa não aparece no Detran... Então, isso tudo... E tempo é dinheiro: além do nosso tempo, a gente perde um tempo em que a gente poderia estar produzindo, para ganhar mais, entre várias outras coisas relacionadas. Então, por exemplo, um cidadão que mora em São Paulo ou em outro Estado, por exemplo, Recife, etc., ele vai precisar, para regularizar o carro dele, além do dinheiro, ele vai precisar entrar no site da Sefaz, ele vai precisar entrar no site da Secretaria Municipal de multas, imprimir todos esses boletos e, depois, ainda ter que ir ao banco, pagar um a um. E isso tudo, gente, no mínimo, se a gente observar, são 30 minutos, quando não falta um débito e, com isso, a gente não consegue nem mesmo emitir o CRV. Então, isso tudo causa uma grande perda financeira para o País, de tempo e dinheiro, consequentemente. A gente viu que o Governo Federal inovou com relação à questão, por exemplo, do CRV Digital, mas, para emitir esse CRV, eu, por exemplo, conheço várias pessoas da minha família e ao redor que foram ao site, pagaram os débitos e, mesmo assim, não conseguem emitir o CRV digital, porque faltou algum débito que ninguém acha onde está, que está escrito lá no Renainf, ninguém sabe onde é que pega... Então, assim, nós observamos essa dificuldade do cidadão, todos os anos, em resolver essa situação. E, diante disso, diante de toda essa situação, eu, aos 18 anos, como proprietário de veículo, já começava a entender essa dificuldade correlacionada a essa questão, e, em 2017, juntamente com meu colega de escola, que é o Callebe, que, inclusive, hoje, é o nosso CEO da empresa, decidimos revolucionar nessa questão. E, quando veio, lá em 2017, a Resolução Contran 697, que previa a questão do parcelamento de débitos via cartão de crédito, surgiu a ideia do que seria a Zapay. |
| R | A Zapay, só para vocês entenderem, vem de zahlung, que é "pagamento" em alemão, não sei direito como se fala, e payment, "pagamento" em inglês. Então, juntou e formou a questão do Zapay. Eu sempre fui muito apaixonado pela questão da gestão pública, e, quando eu vi essa questão dessa resolução que permitia aos proprietários de veículos parcelarem seus débitos por cartão de crédito, ficou claro para mim que isso seria uma forma de ajudar as pessoas. Eu me lembro dos primeiros depoimentos de pessoas que realizaram pagamento com a Zapay. E, dentro desses depoimentos... Eu me lembro de quantas pessoas falaram "eu não tinha dinheiro, e vocês me ajudaram a resolver a questão do parcelamento", ou a questão dos débitos, para elas poderem andar com seu carro... O carro é um transporte fundamental para o cidadão se locomover e trabalhar, etc. Então, isso realmente mudou a vida dos proprietários de veículos de maneira geral. Quando a gente fala na Zapay hoje... O que a Zapay faz? Hoje, nós somos uma plataforma conectada a 25 DETRANs do Brasil, possibilitando ao cidadão realizar o pagamento de seus débitos de uma forma mais prática, ágil e rápida. Então, ele vai lá no nosso site e consegue, primeiro, verificar todos os débitos que ele tem, consegue realizar o pagamento desses débitos da forma que for mais conveniente para ele; ou seja, ele pode parcelar em até 12 vezes no cartão de crédito, pode pagar no Pix, pode pagar no boleto, e pode fazer tudo isso de maneira prática e rápida. Então, ele, que levava lá uma ou duas horas para conseguir puxar todos os seus débitos para pagar, no site da Zapay, ele paga. Inclusive, a gente possibilita ao cidadão pagar sem custo adicional nenhum para ele, porque a gente já entende que o próprio débito dele é uma dificuldade para pagar todos os anos. Então, a gente busca trazer essa facilidade para o cidadão. E, hoje, o cidadão pode fazer isso tanto pela internet quanto pelo WhatsApp... Nós temos uma plataforma automatizada pelo WhatsApp, pela qual o cidadão consegue consultar seus débitos, pagar via cartão de crédito, pix ou da forma que for mais conveniente para ele, tudo isso centralizado. Ele não precisa acessar site da Secretaria de Fazenda, site do Detran... Ele faz tudo isso pelo próprio WhatsApp. A gente tem um case, inclusive, de sucesso, que foi a questão do Detran do Rio de Janeiro, o primeiro a implementar essa plataforma de consulta e pagamento de débitos pelo WhatsApp. E hoje, além disso, a Zapay possui parceiros corporativos, como a gente pode observar o Sem Parar, a ConectCar, grandes parceiros no segmento automotivo, o que nos possibilita chegar mais perto do cidadão. Quando a gente pensa na questão da gestão pública, a Zapay, hoje, é uma forma até mesmo de o próprio Detran se aproximar das pessoas. O Detran, muitas vezes, devido à questão de limitações de tecnologia, etc., no Brasil, ele não consegue chegar perto do cidadão da forma mais adequada, ou seja, as pessoas já têm dificuldade financeira de pagar, as pessoas já têm dificuldade de acessar a internet, muitas vezes, de conseguir saber os débitos que o carro tem, procurar os débitos que o carro tem. Então, a Zapay acaba sendo um hub que conecta tanto os DETRANs quanto o cidadão ali na ponta final. O resultado disso é que, na nossa história, nós já arrecadamos para o Detran, para o Estado, mais de R$500 milhões, meio bilhão, tudo isso sem custo para o Detran, a nossa plataforma é gratuita para o Detran, o Detran não paga nada para isso. E possibilitou que milhares de proprietários de veículos regularizem seus débitos de forma parcelada, da forma mais conveniente que ele possa fazer. Isso tudo, mais o cenário da pandemia, facilitou a vida do cidadão. Hoje a Zapay é uma empresa que tem mais de cem colaboradores. Nós recentemente também fomos acelerados, fomos captados pelo fundo Domo Invest, o que possibilita ainda mais nos aproximarmos da população de maneira geral. |
| R | A Zapay ajuda a população, que pode parcelar os débitos que tem que pagar todos os anos; ajuda a gestão pública, que tem uma capacidade de arrecadação maior, uma vez que a gente possibilita novas formas de pagamento para o cidadão; ajuda muito na questão do tempo e da praticidade para o cidadão, porque, numa única plataforma, ele consegue resolver toda a questão financeira, burocrática de regularização dos débitos do veículo. Então, esse é o propósito da Zapay. Entrando um pouquinho no tema relacionado ao empreendedorismo digital, nós notamos que, cada vez mais, os jovens têm dificuldade de empreender no País. Por um lado, a gente tem a questão da facilidade do mundo digital, mas, por outro lado, a gente enfrenta muitos problemas que até já foram citados aqui, problemas de formação, questão de formação profissional do cidadão, até foi dado exemplo das escolas técnicas. Eu observo que falta muito a questão das escolas técnicas voltadas à informática. A gente precisa, o mundo vem se tornando digital, e nós precisamos de jovens que trabalhem nessa área digital. Eu, como empreendedor, nós estamos com um processo seletivo sempre aberto para tech leaders, programadores, desenvolvedores, e a gente observa cada vez mais que é um mercado escasso, um mercado com poucos profissionais no Brasil. E o Brasil está precisando. Hoje a gente observa uma tendência muito forte, inclusive de empresas pegando de países de Terceiro Mundo esses desenvolvedores para trabalharem de forma remota. E, além dessa área de tecnologia, nós observamos a dificuldade também na formação de lideranças. Tudo isso influenciado por uma série de questões históricas do Brasil. E hoje a gente precisa muito, cada vez mais, de profissionais para que as empresas brasileiras cheguem a níveis de multinacionais, etc. Falando um pouquinho, Senador, de futuro, a Zapay tem um sonho: chegar cada vez mais próximo do cidadão, cada vez mais facilitar a vida do cidadão, cada vez mais possibilitar novas formas de pagamento dos débitos do cidadão, que eles possam parcelar em mais vezes, que eles possam se programar financeiramente, que eles possam ter uma vida mais confortável, não é? E que consequentemente consigam oferecer para a família uma vida melhor. |
| R | Então, diante disso, nós estamos, cada vez mais, ofertando novas formas de pagamento, novas modalidades de acesso a esse serviço, como, por exemplo, temos uma parceria com a Stellantis, com a qual, no futuro, as pessoas vão poder pagar, parcelar os débitos delas de IPVA, multas, tudo pelo painel do carro delas. Isso já é uma realidade. E consequentemente trazer essa facilidade aí para a vida do cidadão. Então, a Zapay está aqui à disposição de todos os brasileiros, de todos os Senadores para perguntas. Um agradecimento aí à Senadora Zenaide, também presente na Comissão. Obrigado, muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado. Eu quero registrar aqui a presença da nossa querida Senadora Zenaide Maia, que é bastante atuante nessas áreas. Eu só vou, Zenaide, antes de passar para V. Exa., nós recebemos aqui algumas perguntas, alguns comentários. Eu vou passar aqui, e vocês, por favor, anotem, quem puder responder. Depois a gente passa para a Senadora também. O Josemar de Oliveira, de Santa Catarina, pergunta: "Como incentivar o empreendedorismo digital para [as] classes mais baixas do País?" A Maria Luciana, de São Paulo: "Como os jovens podem montar a sua empresa? E como eles conseguiram sobreviver no mundo do empreendedorismo?" Elinadja Nascimento, de Alagoas: "Quais perspectivas de oportunidade para a juventude nesse contexto de pandemia?" E aqui, comentários. A Teresa Xavier, do Espírito Santo: "O empreendedorismo digital amplia o espaço de atuação da juventude, que isso estenda a participação deles também na política (...)" Patrícia Boquady, do Distrito Federal: "O futuro do empreendedorismo jovem vai estar muito pautado numa geração que aprendeu a se reinventar." E eu gostaria de colocar aqui algumas questões e algumas perguntas. Senadora Zenaide, V. Exa. quer falar antes que eu faça as perguntas? (Pausa.) Está fechado. A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN. Para interpelar. Por videoconferência.) - Eu vim aqui, e o que eu vejo, a pergunta é a seguinte: (Falha no áudio.) Caiu aqui a internet. Eu vi, o Pedro me chamou a atenção. Ele falou que, nesse serviço de tecnologia, falta, estão faltando jovens, há espaço. E eu perguntaria: o que é necessário? Embora todos nós tenhamos uma ideia, precisamos ter uma educação pública que dê esse acesso à tecnologia a jovens, porque o senhor, por exemplo, é um jovem empreendedor. Você teve essa oportunidade e hoje você tem a oportunidade de reunir mais jovens, de atrair. Mas o que me chama a atenção, e o Senador Izalci, que é um grande defensor da educação também, eu me preocupo, como as outras perguntas, por que a maioria dos jovens, hoje... |
| R | Foram retirados recursos da educação - não é, Izalci? - de educação, ciência e tecnologia. Nós temos os institutos federais de tecnologia profissionalizante que são de excelência. Mas, infelizmente, estão tendo retirados os recursos. Eles não estão conseguindo mais os laboratórios de eletrônica. E a gente sabe que precisam disso. A prova é, por exemplo, Pedro. Eu não vou chamar nem de senhor, porque você é jovem demais para estar chamando de senhor. Então, você é a prova viva de que se pode, sim, que há espaço, que é preciso investir. A minha pergunta é - mas sei que você vai responder isso: por que está faltando jovem empreendendo mais? A gente sabe que essa pandemia escancarou essa diferença entre os alunos de escola privada, com todo o acesso à internet, e os alunos de escola pública, com essa dificuldade. Além da internet, os aparelhos para acessar a internet. Era só isso, Izalci. Quero parabenizá-lo porque é a gente dar visibilidade ao País, porque é possível, sim, ter empreendedor jovem. Está aqui a prova viva. É possível, sim, os jovens aprenderem o que precisam, é decisão política de investir, principalmente nessa área de educação, até porque não estão inventando a roda, como a gente diz. Não existe. O mundo todo que quis sair, seja de uma crise econômica, industrial, de tecnologia, teve de investir em educação. Pedro e Leandro estão mostrando isso aí. Aqui, no Senado do Futuro, é importante se saber que há que haver essa discussão política e de investimento no jovem, botá-lo na ciência e na tecnologia, no que existe de mais moderno. Obrigada. Era só isso, Izalci, que eu ia lhe perguntar. Veja se Pedro e Leandro têm a mesma opinião? Eu digo o seguinte: eu sou médica, de formação. A maior prevenção para a saúde de uma população se chama educação. Povo educado adoece menos. Segundo, só se reduz criminalidade... No mundo, quem diminuiu a criminalidade foi pela educação. Nós temos uma prova... Os Estados Unidos, há muitos, são a maior potência econômica do mundo, mas, ao mesmo tempo, não pode se vangloriar porque tem a terceira maior população carcerária do mundo. Fica difícil de a gente entender. O que a gente sabe é que se a sociedade não adota - ou os pais -, por uma questão econômica o até psicológica, por um vício, as crianças, o crime adota. Não tenha dúvidas. Então, o Estado... Eu digo: quer diminuir a construção de presídios? Aumente a quantidade de escolas de qualidade em tempo integral. Uma criança que entra de manhã e só sai de noite, dificilmente vai ser cooptada... Claro que tem uma percentagem. Nós temos essa experiência. Eu fico muito feliz de ver. Os senhores não têm ideia da importância de o povo brasileiro estar assistindo a isso, dando visibilidade, porque é possível, sim, desde que se dê uma oportunidade, uma educação de qualidade aos jovens, eles podem empreender. Isso é muito importante. Obrigada pela presença de vocês. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado, Senadora Zenaide. Bem, a educação financeira, a capacidade de elaboração de um projeto de negócio, o estudo de viabilidade e potencial de mercado, o entendimento das possibilidades e da responsabilidade jurídicas, o conhecimento técnico dos indícios de inviabilidade e falência de negócios são conhecimentos instrumentais importantes para qualquer empreendedor. Infelizmente, são etapas da elaboração de um negócio frequentemente negligenciadas no Brasil e um dos motivos por que os empreendedores, mesmo adultos, não obtêm êxito em seus negócios. Na Alemanha, esses conhecimentos são mandatórios nos cursos profissionalizantes e de empreendedorismo. Eu pergunto e vou responder a parte do Governo, porque vocês estão aqui como empresas. A pergunta é: há um plano estruturado por parte do Governo ou das empresas aqui representadas para prover a juventude com essa competência ou com essas competências basilares do empreendedorismo? Por parte do Governo, evidentemente que nós ainda não temos. Nós não temos empreendedorismo na educação básica, na educação profissional, nem na especial. A nossa educação é muito desfocada do mundo real. As crianças não sabem o conceito de direitos e obrigações, não sabem o que é economizar, como é que se ganha o recurso, como é que se aplica o recurso. O Brasil acaba ensinando equivocadamente aos jovens, porque o Brasil sempre gastou mais do que arrecada. Então, é o que acontece com a nossa população também; 70% hoje dos nossos cidadãos estão devendo, e muitos acima de 50%, porque não se colocam na escola - e isso só se consegue através da educação - os conteúdos para as pessoas aprenderem, a questão sobre o que é saúde, o que é uma boa alimentação, como é que você deve economizar, para que serve... Tudo... Empreender... Nós criminalizamos, durante muitos anos, o setor empresarial, que é o que gera emprego, que paga imposto. São as pequenas empresas que geram, realmente, emprego neste País, mas não há essa discussão onde deveria ser, que é na escola. Nós ainda não, como eu disse, não alcançamos aí 10% dos nossos jovens na área profissional. Esse é o desafio agora do próximo ano, que as escolas terão que ofertar o itinerário profissional. Mas o grande desafio é o da igualdade de oportunidades. Não adianta só dar oportunidade para poucos. Poucos jovens no Brasil hoje têm oportunidade, porque, grande parte, foi visto agora, a Senadora Zenaide falou muito bem, nessa pandemia, o que ficou muito claro é que as distâncias, as diferenças são muito grandes e foi mostrado que são ainda maiores. Aqui na Capital mesmo, 30% dos nossos jovens nem sequer tiveram aula. Ficaram dois anos sem as frequentar. Por quê? Porque não têm internet, não têm computador, não têm acesso ao celular. Quando têm, é um e são cinco, seis na família. |
| R | Então, há uma dificuldade que a gente só vai superar com investimento em ciência, tecnologia e inovação - nos conteúdos. Não adianta, na educação profissional também, dar cursos teóricos. Eu tive essa oportunidade de, como Secretário, trazer a educação profissional para a minha Secretaria. Os melhores professores de qualificação profissional são aqueles que estão no mercado, no dia a dia, que conhecem o mundo real. Não adianta formar jovens para as atividades que não existem mais ou que, daqui a pouco, não existirão. Então, a gente tem que ter uma discussão muito forte com relação a essa qualificação profissional. Mas eu pergunto, então, o que essas empresas, que estão representadas por vocês aqui... para prover a juventude com essas competências basilares do empreendedorismo? A gente sabe que o Governo é praticamente todo aqui analógico. Então, há um mercado muito grande. Como aqui não se tem nem controle de estoque de medicamentos na saúde; então, você percebe que tem aí um vasto mercado para os jovens apresentarem alternativas de aplicativos e algumas coisas mais. A segunda colocação: o empreendedorismo digital tem como primeira camada o estímulo à criação de um ambiente digital de compra e venda de produtos e serviços e, como uma segunda camada, estreita com as tecnologias habilitadas para internet, a internet das coisas, a inteligência artificial, impressões 3D, blockchain. Então, eu pergunto: há um levantamento embasado sobre a capacidade de o Sistema S, as faculdades e centros de treinamento públicos e privados oferecerem treinamento de qualidade e prático à juventude para fomentar a mentalidade empreendedora e capacitá-la à altura para esses desafios? O relatório da Organização Mundial do Comércio, Comércio 2030, sobre o futuro do comércio internacional, entre outras constatações, demonstra como as tecnologias habilitadas para internet podem potencializar o comércio internacional de pequenos e médios empreendedores. A tecnologia blockchain é basicamente uma tecnologia altamente resiliente, inviolável e descentralizada de registro de transações; é uma ferramenta que cria confiança entre as partes no comércio. Ela pode ajudar agentes iniciantes no comércio internacional a criarem a confiança de potenciais compradores e contratantes, superando o problema da falta de tradição das pequenas empresas no comércio internacional e, portanto, de credibilidade neste mercado. A tecnologia blockchain melhoraria, de igual forma, a transparência das cadeias de fornecimento, aceleraria a digitalização de operações comerciais, automatizaria transações contratuais e poderá diminuir significativamente os custos. Até 2030, a implementação ampla da tecnologia blockchain poderá significar um aumento de US$3 trilhões no comércio internacional. Então, eu pergunto: qual o nível de treinamento técnico e jurídico dos jovens para a tecnologia blockchain? E quais são os passos a serem tomados para que o tema seja incorporado nas grades, nos conteúdos do ensino, principalmente da educação profissional? |
| R | O mercado brasileiro está carente de desenvolvimento de aplicativos. O MIT, renomada instituição de ensino norte-americana, oferece reiteradamente esses cursos. Eu pergunto: Quais instituições de ensino do Brasil oferecem curso de desenvolvimento de aplicativos a preços plausíveis e qual a política do Governo de bolsas para essa juventude? Acho que não tem. Alguma das empresas aqui representadas possuem um plano de ação de fomento de cursos dessa natureza? E a última: Entre outras utilidades aplicadas no comércio internacional, a internet das coisas permite a empresas localizarem produtos ao longo da cadeia de fornecimento e otimizarem rotas para esses produtos. A tecnologia de blockchain e a internet das coisas, aliadas ao conceito ESG, que é governança ambiental, social e empresarial, permitirá o florescimento de negócios com selos ambientais e sociais. O conceito ESG é particularmente promissor para os países em desenvolvimento, em razão das inúmeras ações requeridas para o desenvolvimento nacional. Então, eu pergunto: como o empreendedorismo digital de suas empresas tem incorporado o conceito ESG (governança ambiental, social e empresarial)? Então, eu faço essas perguntas a quem puder... O SR. GILBERTO LIMA JUNIOR - Eu me disponho a começar. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Então, eu vou já passar para as considerações finais, agradecendo pela participação de todos. Então, eu já passo para o Gilberto responder aquilo que for possível e já fazer também as suas considera sinais. Obrigado. O SR. GILBERTO LIMA JUNIOR - Perfeito. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Com a palavra Gilberto Lima Junior. O SR. GILBERTO LIMA JUNIOR (Para expor.) - Muito obrigado, Senador. Primeiro, quero também elogiar a intervenção da Senadora Zenaide, que nos trouxe aqui realmente algumas reflexões fundamentais. A grande questão que envolve a pergunta da Senadora, do acesso e da equidade, eu acho que começa exatamente por uma reavaliação. O Instituto Illuminante de Inovação Tecnológica e Impacto Social, Senador, ele pretende propor nesta Casa, quer dizer, no Parlamento brasileiro, maneiras de criar um monitoramento da aplicação dos recursos que se destinam ao uso de tecnologia de impacto social. Eu explico: Cidades Inteligentes, IOTs, 5G, Escola Conectada, Computador para Todos... Quer dizer, toda hora tem algum tipo de programa em nível municipal, do Estado ou federal, que vem falar em nome de uma população desassistida para o processo de inclusão digital, e nós vimos, como o senhor bem colocou, que 30% dos alunos perderam o ano letivo em Brasília. O fato é que dinheiro não falta. O fato é que o que falta é um monitoramento. Nós pretendemos buscar no Tribunal de Contas da União, no Contas Abertas, uma parceria junto ao Instituto Illuminante para criarmos, pela via do Observatório de Impacto, o monitoramento dos resultados das métricas de impacto na sociedade. Quanto essa emenda parlamentar, quanto aquele recurso do Orçamento de um Município destinado à inclusão digital de fato incluiu? O que de fato alterou? Por que, Senadora Zenaide, do contrário, se o próprio recurso aplicado, que já é escasso, ele não puder corresponder a um nível de mudança realista, ou se aproveita apenas o marketing da inclusão social, o marketing da inclusão digital para poder utilizar o recurso público que, efetivamente, não altera e não transforma digitalmente a vida das famílias, nós estamos realmente levando em consideração uma mentira. Quer dizer, é algo que a gente não pode mais perpetuar. E o Instituto Iluminante observa e observará isso em nível de profundidade. |
| R | Algumas questões trazidas aqui pelo Senador me fazem perceber que o próprio Governo está perdido. Quando o senhor fala que é mandatório, no caso Alemanha e em tantos outros países, a questão do próprio ensino técnico e a questão de equidade de oportunidades, o que nós estamos percebendo é que haveria necessidade, como os meninos chamam no mundo das startups, de fazer um grande hackathon de governo, sabe, Senador? Um hackathon da saúde, um hackathon da mobilidade humana, um hackathon dos programas sociais. O hackathon a que eu me refiro, para quem não está habituado aos termos, é hackear e reinventar o processo com muito menos custo, porque são tantas instâncias sobrepostas para um resultado pífio que ou nós teríamos que ter a coragem de redesenhar as coisas em favor sociedade - e, para isso, uma democracia participativa e direta seria fundamental - ou dificilmente algum resultado vai mudar. Outra questão trazida pelo Senador é sobre ambiente digital para compras e vendas. Senador, se o Sistema S, as faculdades, etc., teriam a capacidade de corresponder a isso? Eu penso que sim. Eu acho que são estruturas de excelência, de décadas que se reinventam. Os laboratórios de inovação do Senai, por exemplo, são um modelo reconhecido no Brasil inteiro, o próprio Senac... O Sesc, perdão, o próprio Sesc, a Faculdade de Tecnologia, inclusive há agora uma aqui no Distrito Federal, liderada pelo Reitor Bermúdez. Quer dizer, há a possibilidade de oferecer em larga escala, para a sociedade, essa ambientação no digital, essa renovação dos modelos pedagógicos inclusive. Com relação ao tema que me é mais diretamente familiar, a minha formação como líder é em comércio internacional. Eu atuo há 26 anos no comércio exterior e há 22 anos em tecnologia. E tive o privilégio, Senador, através lá da minha empresa, da Going Global, de atender uma demanda da CNI, da Confederação Nacional da Indústria. Nós produzimos um estudo, Senador, sobre o impacto do blockchain no comércio exterior. E a conclusão a que esse estudo chega e que foi inclusive apresentado com a presença do head aqui no Brasil, do diretor do Banco Interamericano no Brasil, é que não haverá, Senador, comércio exterior sem blockchain. Não é mais... É a questão de inviolabilidade, de rastreamento da carga. O consumidor americano, o consumidor europeu, os destinos desses exportadores, para onde a produção de alimentos brasileiros ou até da baixa exportação industrial brasileira, aonde chega, o consumidor lá na ponta está exigindo ter um QA code, um codigozinho, para ele saber de onde veio, se aquilo não foi de uma região de desmatamento no Brasil, se aquilo não explorou uma mão de obra presidiária, uma mão de obra infantil. Então, a tecnologia blockchain é uma revolução no mundo. E quando se soma, nesse novo mundo de que estamos falando... E os jovens estão conhecendo muito bem isso, porque nasce ali da mentalidade do game, que é o metaverso, onde estão a se misturar criptomoedas, NFTs e toda uma ordem de segurança e proteção desses novos mundos virtuais que vão se criar, o blockchain é a parte da garantia e da segurança do funcionamento disso tudo. A pergunta que o senhor coloca é sobre a capacitação, a possibilidade da disponibilidade da formação. Dentro dessas tecnologias, não existe, a não ser por iniciativa privada mesmo. E é também a intenção desse instituto, que tenho a honra de presidir, o Instituto illuminante, ampliar a possibilidade, junto a esses centros de formação a que o senhor se referiu, para que o blockchain seja realmente desenvolvido em um nível de escala muito maior. Mas para isso, Senador, seria necessário que o próprio Governo, que as os próprios Poderes utilizassem o blockchain internamente, para você alavancar, pelo poder de compra do Estado, pelo poder de compra público, a própria tecnologia brasileira, que já é considerada, em blockchain, uma das melhores do mundo. |
| R | Nós temos uma empresa no Distrito Federal, Senador, que já é a empresa mais reconhecida e premiada na América Latina com soluções de blockchain para Governo, que desenvolveram soluções de aplicação governamental no setor aeronáutico, no setor de defesa, em que acabam de ser credenciados, e estão atendendo demandas no Brasil inteiro. Então, sim, é fundamental que o blockchain, no combate à corrupção, inclusive, seja implementado para que a transparência dos orçamentos, para que a visibilidade dos andamentos processuais reduza uma máquina burocrática gigantesca, desnecessária, que facilita a corrupção. Com relação à sua pergunta sobre as iniciativas, o illuminante desenvolveu, no Paranoá, numa escola pública aqui de Brasília, de uma região satélite nossa, um programa, Senador, chamado Young Coders. O Young Coders é, em tradução, "jovem codificador". Nós conseguimos ter - de emocionar e de chorar, Senador - meninos que nunca tinham visto uma linguagem de programação de código na vida, que eram ensacadores em supermercados, embaladores, meninas que davam faxina para trazerem algum dinheirinho para casa, virarem programadores de computador, criarem o site da escola, gerarem soluções para o lixo, para segurança, em aplicativos, como o senhor perguntou, através do Young Coders. Alguns deles, inclusive, o menino que o inspirou, hoje, tem um salário em torno de R$15 mil, R$20 mil. Vamos lá! Alguém que não entendia nada de linguagem de programação! Que impacto no status quo da família isso gerou! É, sim, o tema desta sessão do Senado do Futuro, um dos temas mais urgentes e importantes, que é o impacto da mudança do status social da população brasileira pelo bom uso da tecnologia, para que os recursos, bilhões destinados a incluir digitalmente, a incluir socialmente sejam respeitados e aplicados! Por fim, o Senador nos traz aqui uma consideração fundamental sobre o IoT, a internet das coisas. Fala-se no ESG, como o Senador lembrou, da questão ambiental, social e de compliance. Não existirá mais a possibilidade, nem de uma startup, receber recursos de um fundo, de um investidor, até de pequeno ou médio porte, se ela não comprovar o seu impacto ambiental, o seu impacto social e a ética e a transparência nos seus procedimentos. O que se dirá das grandes empresas? Então, o Brasil precisa, urgentemente, também trazer a questão dos IoT, a questão do blockchain como uma forma de usufruir da grandeza deste País na questão ambiental. Nós poderíamos estar desenvolvendo, dentro da bioeconomia, soluções para o mundo, com rastreamento, protegendo a nossa Amazônia, protegendo a nossa realidade da fauna, da flora e dando, com isso, uma contribuição efetiva ao que se discutiu na COP, em que, infelizmente, este País não assumiu compromisso nenhum. É pelo caminho, sim, dos ensinos ambientais e sociais, do empreendedorismo digital que nós podemos sonhar em fazer com que os jovens da atualidade, Senador, voltem a ter algum protagonismo global! Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado, Gilberto. Passo também, para as considerações finais e para responder a algumas questões, a Leandro Conti. O SR. LEANDRO CONTI (Para expor. Por videoconferência.) - Obrigado, Senador. Também cumprimento a Senadora Zenaide pelas perguntas que S. Exa. trouxe. Nós acreditamos, aqui na Brasscom, que, claro, a educação básica é fundamental. Sem os conhecimentos de Matemática, de Língua Portuguesa e, se possível, de idiomas, tudo fica mais difícil. |
| R | Então, tudo começa, realmente, na educação básica, e aí o Poder Público tem uma importância muito grande, pela cobertura, pela presença das pessoas, pela democracia, pela equidade que isso traz para toda a população brasileira. E há muitas oportunidades ali. Do ponto de vista profissional, e são sempre muitos desafios simultaneamente, nós acreditamos que o Sebrae, o Sistema S, traz uma contribuição muito importante, de conteúdos gratuitos, de empreendedorismo, workshops, sessões, agora voltando, presenciais, para ajudar as pessoas a trilharem esse caminho. E, paralelamente, o senhor trouxe, V. Exa. trouxe, Senador, a questão do ESG, as escolas privadas, hoje há várias instituições privadas, escolas privadas, que trazem bolsas, para trazer, principalmente grupos minorizados, pessoas de baixa renda, para aprenderem sobre tecnologia, aprenderem sobre desenvolvimento. Aqui na Brasscom, nós acreditamos que a base de tudo, independentemente da tecnologia específica, que o senhor mencionou, a blockchain, IoT e outros, é a base do desenvolvedor. Quando nós temos mais desenvolvedores preparados, eles podem se adaptar às tecnologias que estão presentes hoje e que virão também. Então, esse déficit de desenvolvedores faz muita diferença. E as instituições privadas também têm dado a sua contribuição. A própria Brasscom lançou este ano, já no meio do ano, uma iniciativa que se chama Programa de Aceleração da Capacitação em Tecnologia, para capacitar 156 mil alunos nessas tecnologias, para serem desenvolvedores, para poderem trabalhar nessa indústria. A Hotmart vem formando e informando mais de 2 milhões de pessoas, gratuitamente também, para essa parte de criadores de conteúdo, para que possam aprender a trabalhar com as tecnologias do conhecimento na internet. E aí não são desenvolvedores, necessariamente, mas são pessoas que podem trabalhar com essa área e viverem do seu conhecimento. Além disso, os próprios criadores de conteúdo capacitam outras pessoas a serem empreendedores também, e muitas vezes não vão ser da área da tecnologia, vão ser empreendedores de outros segmentos, porque estão mais preparados para isso, ou até preferem. Nem todo mundo gosta de ser desenvolvedor, porque é realmente uma atividade bastante difícil, digamos assim, para quem não é hábil, ou que gosta bastante de matemática, ou lógica, por exemplo, mas há outras muitas oportunidades. Há até um caso que eu gostaria de trazer, que é acessível a todos e fez uma diferença muito grande, um barbeiro, um cabeleireiro, na verdade, masculino, que começou a ensinar outras pessoas a serem cabeleireiras na plataforma, mas percebeu que poucos alunos estavam entrando no curso dele, que custava acho que R$500, na época, que estava tendo pouca adesão, e ele percebeu que as pessoas não tinham dinheiro para pagar, porque elas estavam começando na carreira e não tinham condições financeiras de pagar um curso tão caro. Percebendo isso, ele criou uma solução de assinatura, em que as pessoas pagam R$15 por mês e conseguem ter acesso àquele conteúdo todo o mês. E ele explodiu. Explodiu, do ponto de vista financeiro, ele conseguiu muito mais alunos, muito mais gente teve acesso ao curso, e pôde melhorar sua atividade e até iniciar uma atividade de empreendedorismo na área da estética, sendo cabeleireiro. E essas pessoas, ele foi perguntar: mas como é que você acessa o meu curso? Às vezes a pessoa tinha um celular mais simples, pré-pago, não tinha acesso à internet, ao 4G, e tudo. A pessoa ia a um shopping, ou a uma unidade comercial que tinha um Wi-Fi gratuito, para poder acessar o curso e aí começar a sua transformação. Então existe muita oportunidade para incluir as pessoas de forma equânime, dando oportunidade, que as próprias instituições, privadas ou públicas, podem trazer, para que esses jovens e essas pessoas possam se transformar. Sem esquecer que em boa parte do Brasil, muitas bibliotecas públicas e até escolas, felizmente, têm o seu sinal de Wi-Fi gratuito. Às vezes têm computadores para essas pessoas usarem. Então, estão disponíveis. |
| R | Como mensagem final, é claro que há muitos desafios, são desafios simultâneos, e nós temos que cuidar de muitas coisas simultaneamente, melhorar para o nosso futuro. Mas também eu queria destacar que existem hoje recursos que podem ser usados para transformar a vida de muita gente e que a gente pode fomentar, levar informação, garantir o acesso e fazer com que o Brasil avance no empreendedorismo e também na área digital. Muito obrigado, Senador, pela oportunidade, mais uma vez. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado, Leandro. Passo também, para as considerações finais, para o Pedro Vogado. O SR. PEDRO VOGADO (Para expor. Por videoconferência.) - Olá! Primeiramente, quero agradecer ao Senador Izalci, os comentários sempre muito precisos da Senadora Zenaide. Na visão dos empreendedores jovens o que a gente observa hoje é que ainda existe a formação de poucos profissionais nas universidades, principalmente na área de ciência da computação, engenharia de software, programação. A demanda hoje é muito crescente no Brasil. Na verdade, o programador hoje é a base de qualquer empresa, de qualquer negócio, seja em que área for. Então, observamos que falta isso na sociedade brasileira. A gente precisa formar mais jovens voltados para a área de tecnologia. Já comentou, inclusive, o Senador Izalci que existem poucas escolas técnicas. Eu defendo uma escola técnica voltada para a programação, porque programação é uma arte que pode ser aprendida, como já foi comentado aqui, se nós pegarmos jovens e inseri-los nesse universo da programação, acredito que isso vai ser extremamente positivo para todas as empresas. A gente observa também que ainda faltam alguns incentivos fiscais para startups e fintechs. Acredito que incentivos fiscais nessas áreas, como já existem em outros locais do mundo, seriam muito importantes para a construção de um Brasil mais pautado na tecnologia, na empresa de tecnologia. Particularmente, defendo muito a criação de uma secretaria nacional das startups de jovens empreendedores, o Governo focado exclusivamente no desenvolvimento dessas startups. Isso seria muito importante para o crescimento do Brasil. E a Zapay, do ponto de vista nosso como empresa, estamos contribuindo bastante com a formação de jovens aprendizes. Lá na Zapay, a gente pega às vezes pessoas que não sabem nada de programação, a gente paga um curso para elas, elas ficam lá aprendendo aos poucos a linguagem, as diversas linguagens, aprendendo a programar. Isso contribui bastante. A gente tem um programa relevante aqui no Distrito Federal, em conjunto com a FGA, que é da Universidade de Brasília. Então, a gente vem buscando trazer essa galera da FGA para a nossa empresa e, com isso, formando essas pessoas profissionalmente. Nós temos também a questão de cursos profissionalizante para todos os nossos colaboradores. Isso aí é voltado muito para a questão da tecnologia. Isso é importante para formarmos empreendedores digitais. E, obviamente, também aqui na empresa a gente tem uma prática de job rotation de colaboradores, trazendo colaboradores para várias, diversas áreas. Essa prática de job rotation possibilita uma visão maior do que é uma startup, do que é uma empresa, possibilitando, obviamente, a formação de grandes profissionais, grandes líderes e de grandes empreendedores. |
| R | Então, agradeço a todos aí. Desejo a todos um excelente final de ano. O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar PODEMOS/PSDB/PSL/PSDB - DF) - Obrigado, Pedro. Bem, primeiro, eu quero, mais uma vez, não só agradecer a vocês pela presença, é um tema de suma importância para os jovens principalmente, mas mesmo os adultos têm dificuldade nessa área, porque, muitas vezes, não há ambiente. O Brasil é muito burocrático, é muito difícil sobreviver com essa burocracia, e a gente sabe que, na área privada, a gente pode fazer qualquer coisa, só não pode fazer o que é proibido, mas, na área pública, só se pode fazer o que é permitido. Então, a burocracia, muitas vezes, emperra. A escola, que deveria estar à frente de todas as inovações, normalmente é a última a adaptarem, a incluírem, a inovarem. Então, de fato, como a Senadora Zenaide disse - e eu também falo disso todos os dias aqui -, não há como avançar em nada se não for através da educação, e educação de qualidade, não basta ser apenas uma escola que dê uma merenda escolar ou um lanche. Eu fico lamentando, porque eu tive a oportunidade de conhecer a escola pública de qualidade. Na minha época, ela era de qualidade; não era universal evidentemente, mas era de qualidade. Na minha escola aqui, no Guará - estudei em Brasília -, você tinha tudo: esporte, cultura, lazer, uma boa alimentação, educação profissional. Isso, infelizmente, talvez com a universalização, foi deteriorando em termos de qualidade e pela falta de infraestrutura. Discurso sobre a educação, todo mundo... Ciência, tecnologia e educação, se levantarmos aqui em termos estatísticos, talvez sejam as áreas mais aprovadas e apoiadas no discurso, mas, na prática, está aí um corte no orçamento da educação este ano, e estamos brigando para repor, de R$4,5 bilhões. Não está fácil! Não está fácil conseguir recompor esse orçamento da educação com as universidades, que ainda precisam também ficar mais próximas do mundo real, saírem das fronteiras do muro da universidade, ajudarem as pessoas a melhorar a qualidade de vida e ajudarem a resolver os problemas das cidades. Mas temos que avançar nisso. Ciência e tecnologia, depois de mudarmos toda a legislação - Gilberto sabe o que nós fizemos aqui: botamos inovação na Constituição, mudamos todo o marco regulatório de ciência e tecnologia -, 90% do orçamento eram contingenciados. Aí nós conseguimos aprovar a lei, de minha autoria inclusive, para proibir o contingenciamento dos recursos da ciência e tecnologia, que já era para ter acontecido neste ano, 2021, e, lamentavelmente, não aconteceu. Dos R$8 bilhões, metade não reembolsável, nós estávamos guardando R$2,7 bilhões e conseguimos aprovar um PLN agora, semana passada, de R$158 milhões. É um negócio assim impressionante! Mas, de qualquer forma, a luta continua. No Orçamento do ano que vem, está previsto o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que é exatamente para projetos estruturantes. A vacina não nasce da noite para o dia. A inovação acontece todos os dias e acontece nas empresas, inovação não acontece na universidade. A universidade tem muito conhecimento e pode ajudar muito a inovar nas empresas. |
| R | Então, esse é o desafio, aproximar a universidade das empresas, do Governo, para fazer uma coisa... todo mundo na mesma direção. Eu vejo que esta reunião de hoje é muito importante, porque abre uma perspectiva muito grande para os jovens que, muitas vezes, não têm emprego hoje, e a tendência é, cada vez mais, diminuir o número de empregos tradicionais, mas com uma oferta muito grande de perspectiva de empreendedorismo. O que não falta são oportunidades, e existe muito curso, hoje, gratuito. Na internet, existem milhares de cursos de qualidade ofertados gratuitamente. Então, é uma grande oportunidade, o brasileiro é criativo, os jovens são criativos, e o Brasil tem tudo para avançar nisso. Agora, espero que, com o 5 G, com a infraestrutura definida, que seja investido em infraestrutura, banda larga nas escolas, que já deveria existir há muito tempo, espero que a gente possa melhorar essa qualidade da educação e dar mais oportunidade para os nossos jovens. Então, é só para lembrar que o tema é esse e abre uma grande janela de oportunidades para quem realmente quiser investir no empreendedorismo, nessa área da tecnologia principalmente. Bem, como a gente tem quórum, eu proponho a dispensa da leitura e a aprovação das Atas das 20ª, 21ª e 22ª reuniões, realizadas em 26/11, 29/11 e esta que está sendo realizada hoje, que a gente possa aprovar as atas. Aqueles que concordam, permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovadas. Então, as atas serão publicadas no Diário do Senado Federal. Nada mais havendo a tratar, agradecendo a participação dos convidados, eu declaro encerrada a presente reunião. Muito obrigado. (Iniciada às 10 horas e 06 minutos, a reunião é encerrada às 11 horas e 46 minutos.) |

