Notas Taquigráficas
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| R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS. Fala da Presidência.) - Bom dia a todos. Apenas para informações, de início, o rito de abertura desta reunião extraordinária da Comissão de Assuntos Sociais da 4ª Legislatura. A presente reunião atende ao Requerimento nº 2, de 2022, da CAS, de nossa autoria, para a realização de audiência pública destinada a debater a importância de instituir o dia 14 de março como o Dia Nacional da Incontinência Urinária e a Semana Nacional para Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária. Informo a todos que a audiência tem a cobertura da TV Senado, da Agência Senado, do Jornal do Senado, da Rádio Senado e contará com os serviços de interatividade com o cidadão, através do telefone 0800 0612211 e do e-Cidadania, por meio do portal www.senado.leg.br/ecidadania, que transmitirá ao vivo a presente reunião e possibilitará o recebimento de perguntas e comentários aos expositores da internet. Apenas para informá-los, todas as vezes que se propõe homenagear algum tema com uma data comemorativa, faz parte do Regimento Interno da Casa, do Senado, que se faça uma audiência pública antes, como pré-requisito para aprovar essa data, ou seja, esta audiência é uma das peças da sugestão de aprovação do dia 14 de março como o Dia Nacional da Incontinência Urinária e para a Semana Nacional para Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária. Sobre a proteção de Deus, declaro aberta esta reunião. Quero agradecer aos especialistas presentes, em especial ao Presidente da minha Sociedade de Urologia, Dr. Alfredo Félix Canalini - é uma honra tê-lo aqui nesta manhã de trabalho -; à Glauciene Leister, Coordenadora Geral de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde, neste ato representando o Ministro; ao Dr. Júlio Geminiani, Vice-Presidente da Associação Brasileira pela Continência; ao Dr. Luiz Gustavo Oliveira Brito, Presidente da Associação Brasileira de Uroginecologia e Assoalho Pélvico. E quero, especialmente, saudar todas as mulheres na pessoa da já nominada Dra. Glauciene, pelo mês internacional da mulher. |
| R | Na condição de médico e especialista em urologia, estou sempre a postos para ouvir as demandas da sociedade e discutir as necessidades de saúde da população brasileira. Várias datas têm sido estabelecidas ao longo do ano com o objetivo de criar um verdadeiro calendário que visa esclarecer ou informar ou conscientizar a população a respeito dos problemas de saúde. Entendo que é cada vez mais importante o papel do nosso Legislativo, com iniciativas que promovam o bem-estar social e mantenham a nossa população atenta e sensibilizada a respeito dos problemas de saúde que mais nos afetam. Hoje, chamamos a atenção para uma questão muito importante, a questão da incontinência urinária, uma condição que afeta 5% dos brasileiros, 10 milhões de habitantes aproximadamente. Além disso, 35% das mulheres com mais de 40 anos e após a menopausa lidam com esse tipo de problema. A perda involuntária de urina se manifesta de diferentes formas. As duas principais são a incontinência de esforço, decorrente de um esforço físico ou mesmo uma simples tosse, ou espirro, ou uma risada mais forte, e a de urgência, que aparece súbita e inesperadamente em meio às atividades diárias. Sabe-se que muitos brasileiros não dão a devida atenção aos problemas de saúde mais recorrentes e a incontinência urinária é um deles. Além disso, muitas pessoas se escondem ou evitam a procura de auxílio médico por vergonha ou incompreensão sobre esse problema que lhes acomete. O mais importante nessa situação é promover a informação de que há maneiras de prevenir ou tratar o distúrbio. Preventivamente, há exercícios destinados a fortalecer músculos da região pélvica, além de vários outros tratamentos disponíveis, que podem incluir medicamentos, fisioterapia, que são esses exercícios, ou, eventualmente, procedimento cirúrgico. Hoje é o dia de conscientizar as pessoas de que não se deve ter vergonha da situação. Devemos acolher os que sofrem desse distúrbio e incentivá-los a procurar auxílio. O tratamento médico é eficiente e produz melhora da qualidade de vida e, num percentual significativo, tem-se a cura. Dia 14 de março é muito importante, porque é a data mundialmente destinada a chamar atenção das pessoas para a questão. Assim, estou seguro de que a aprovação do projeto de lei que institua o Dia Nacional de Incontinência Urinária e a Semana Nacional para a Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária é fundamental para que se possa melhorar a saúde e a autoestima de milhões de brasileiros e brasileiras. Vamos, então, na ordem das falas, ouvir a nossa maior autoridade nesse assunto, que faz parte dessa tela, que é o Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, Dr. Alfredo Felix Canalini, a quem, com muita honra, envio os meus cumprimentos. E pergunto para ele se a Dorinha ainda está trabalhando na SPU lá no Rio de Janeiro. O SR. ALFREDO FELIX CANALINI (Para expor.) - Senador, eu tinha preparado aqui algumas coisas para falar nesta reunião e o seu discurso já mudou, assim, tudo que eu ia falar, porque muito do que eu ia dizer o senhor já disse, como urologista, como especialista. |
| R | A Dorinha não trabalha mais lá na SBU. A SBU, hoje, enxugou bastante o seu pessoal. Nós estamos com uma administração que está mostrando a sua eficiência através dos recursos da web. Isso aí foi um aprendizado para nós durante a pandemia. E eu vou fazer aqui um convite... O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) - Perfeito. O SR. ALFREDO FELIX CANALINI - ... para que o senhor nos visite. Mas eu gostaria de falar um pouco sobre a questão da incontinência urinária, não somente como Presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - e o senhor sabe tão bem quanto eu o quanto esse ponto é importante para nós, urologistas -, mas por ter, durante 40 anos, estado à frente do Setor de Investigação de Distúrbios Miccionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Nós sabemos que, ao longo dos últimos anos, o Brasil - o planeta inteiro, mas o Brasil especialmente - está experimentando, talvez de uma maneira um pouco mais rápida, o aumento da população de idosos. E aquela incontinência urinária, que efetivamente era um problema que, no passado, tinha uma atenção maior dada às mulheres, fez com que os homens também entrassem nesse rol, porque os homens também começaram a ter incontinência urinária, fruto dos processos de envelhecimento. E a incontinência urinária, como o senhor muito bem disse, pode ser provocada por situações muito diferentes. Eu lembro que ela tem um impacto negativo muito grande na qualidade de vida, porque a continência... Quando nós adquirimos o controle da urina na infância, tirar a fralda é um momento de júbilo, é um marco do crescimento, é ganho; e, ao longo do tempo, a gente pode perder isso que nós ganhamos na infância. E, às vezes, doenças neurológicas graves, como a esclerose múltipla, podem se manifestar inicialmente com um quadro de incontinência urinária. Então, nós temos aqueles pacientes que têm incontinência urinária por questões do próprio envelhecimento ou, no caso da mulher, por questões do descenso do períneo, da perda das forças do assoalho pélvico, dos músculos e dos tendões daquela região, nós temos a questão do aumento da próstata, mas nós temos também a questão dos pacientes que têm doenças neurológicas, que vão ter disfunções miccionais que, além da incontinência urinária, produzem um maior impacto na questão da sobrevida desse paciente. A gente sabe que, antes do advento da antibioticoterapia, praticamente 90% desses pacientes morriam após dois anos da sua lesão medular traumática, que é a causa mais frequente que nós temos de incontinência urinária por bexiga neurogênica em nosso meio. A SBU está 100% preparada para, junto com o senhor, enfrentar esse desafio de disseminar para a população que, realmente, a incontinência urinária é uma situação que tem tratamento, que tem cura, que tem controle. É preciso que o paciente perca um pouco essa impressão - principalmente as mulheres acham isso - de que a incontinência urinária, a perda de urina no processo de envelhecimento é uma situação inexorável, com a qual ela tenha que lidar e de maneira bastante resignada, porque a sua avó passou por isso, a sua mãe passou por isso. Isso não é verdade! A incontinência urinária pode, sim, ser tratada ou pode ser amenizada e tem que ser avaliada individualmente. Nós temos instrumentos diagnósticos para isso e nós temos um conjunto de tratamentos que são extremamente eficazes e algumas cirurgias que, atualmente, são extremamente pouco invasivas. A sociedade, mais uma vez, se coloca à disposição de V. Exa. para trabalhar em todo o material de divulgação para a população, para os leigos e ajudar a todos nesse trabalho de conscientização e também de disponibilização de centros de tratamento específicos para esses pacientes. Então, agradeço muito a oportunidade de poder participar desta reunião e também de poder manifestar a posição da sociedade e também a minha posição pessoal sobre esse tema. Muito obrigado. |
| R | O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) - Eu agradeço ao Dr. Alfredo Felix Canalini. Eu tirei o meu vídeo porque estava falhando. Agora, eu estou ouvindo bem, então, vou continuar assim porque eu consigo me comunicar. Dra. Glauciene Leister, Coordenação-Geral de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde, com a palavra. A SRA. GLAUCIENE LEISTER (Para expor.) - Muito bom dia a todos, muito prazer. Meu nome é Glauciene, represento a nossa Coordenadora, Patrícia Izetti. Sou técnica analista de políticas sociais aqui no Ministério da Saúde. Agradeço a oportunidade de fala. Em primeiro lugar, também gostaria de agradecer a palavra do Dr. Alfredo, que foi uma aula para nós também, Dr. Alfredo. Muito obrigada. E, reconhecendo a importância, então, das ações do Ministério da Saúde e a necessidade de fortalecer as diferentes esferas tanto da atenção primária, da atenção ambulatorial, da atenção especializada, e diante do fato de que... Considerando também os dados emitidos pela Sociedade Brasileira de Urologia de que 45% das mulheres apresentam incontinência urinária acima de 40 anos e 15% dos homens, o Ministério da Saúde em nada se opõe ao projeto de lei que institui o dia nacional da conscientização da incontinência urinária. No entanto, temos limitações orçamentárias para direcionar recursos diretos para a realização dessas ações no dia nacional de combate e enfrentamento a esse agravo. No entanto, como já nos manifestamos, em nada nos opomos. Muito obrigada. O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) - Agradeço à Dra. Glauciene. Com a palavra o Dr. Júlio Geminiani, Vice-Presidente da Associação Brasileira pela Continência. O SR. JÚLIO GEMINIANI (Para expor.) - Bom dia a todos. Eu gostaria muito de agradecer a oportunidade. Nós, da Associação Brasileira pela Continência, estamos muito honrados de estar fazendo parte desta audiência pública e gostaríamos de agradecer ao Senador Nelsinho Trad, que, há um ano, na semana da incontinência de 2021, recebeu a nossa associação, escutou a nossa pauta sobre a importância da conscientização da incontinência e, como compromisso de fazer essa audiência neste mês de março, nós estamos aqui fazendo esta audiência pública graças aos esforços que ele está prestando em auxílio aos pacientes que têm esse problema de incontinência urinária. Eu gostaria de fazer uma breve apresentação sobre a incontinência urinária. (Pausa.) Então, nós, como Associação Brasileira pela Continência... Por que essa associação surgiu? Foi uma associação fundada em 2013 pelo Ray Laborie e um grupo de médicos especialistas com uma equipe de diferentes especialistas para tratamento entre médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos, com uma missão de oferecer informação e ajuda às pessoas com incontinência urinária e fecal no Brasil. Então, pensando nessas dificuldades econômicas, sociais e emocionais que as disfunções miccionais causam, nós vislumbramos apoiar e orientar pessoas de todo o Brasil a encontrar ajuda e tratamento. Então, a nossa missão da associação é fornecer informações sobre as possibilidades de tratamentos, encaminhamentos para profissionais que possam ajudar e orientações e indicações de acesso ao tratamento e a produtos necessários no manejo das disfunções miccionais. |
| R | Então, a nossa associação, desde a sua fundação, tem participado de vários eventos científicos e também de ações sociais para que nós possamos levar à população tanto a informação em relação ao tratamento e também à prevenção da incontinência urinária. E isso culminou com a elaboração de duas cartilhas de orientação sobre incontinência urinária em adultos e incontinência urinária também em crianças, para que as mães portadoras de crianças com incontinência possam ter essas informações com mais facilidade e também acesso aos tratamentos. Mas por que o nosso tema principal foi incontinência urinária? Então, a incontinência urinária tem um impacto na vida dos brasileiros. Nós somos um país que tem 212 milhões de habitantes e temos um IDH muito variável, em que o acesso tanto à informação, quanto à saúde, varia de região para região no nosso Brasil. Nós sabemos que o salário mínimo é de R$1.212 e o salário médio do brasileiro chega a R$1.921. Mas esse salário médio é um salário que não é a realidade de todas as famílias. Em algumas regiões, essa renda familiar chega a ser muito menor do que isso. E a incontinência urinária gera alguns custos tanto para o paciente quanto para a família que está fazendo esse tratamento. Alguns medicamentos que são utilizados para o tratamento da incontinência urinária chegam a ter um impacto de até 10% no valor desse salário médio do brasileiro. Alguns equipamentos para realizar sondagem vesical, como xilocaína e sondas uretrais, têm impacto de até 7%, e outros equipamentos, como absorventes higiênicos ou fraldas geriátricas vão levar a um custo de 1,8% até 11%. Então, tudo isso junto pode chegar a um impacto de até 25% da renda mensal não só do indivíduo que tem, mas também da família que está cuidando desses pacientes que têm incontinência urinária. Há alguns estudos realizados. Esse é um estudo um pouco mais antigo, do ano de 2000, e mostrou a incontinência urinária autorreferida: 26% das mulheres e 11% dos homens tinham incontinência urinária, e, entre os que tinham essa incontinência urinária, até 34% tinha uma depressão associada. No ano passado, foi feito um estudo grande, abordando as quatro maiores regiões em termos de população do Brasil, com 2 mil pessoas entrevistadas, levando em consideração os aspectos sociodemográficos: 30% da população entrevistada tinha algum tipo de incontinência urinária. Entre essas pessoas, 68% eram mulheres e 32% eram homens. Quanto ao impacto que a incontinência causa nessas pessoas, 91% afirmam que a incontinência urinária afeta o bem-estar; 89% se sentem envergonhadas pela incontinência urinária; 45% das pessoas entendem que a incontinência urinária causa um isolamento; em 56% das mulheres e em 41% dos homens, ela afeta tanto na feminilidade ou na masculinidade, e 42% das pessoas que têm incontinência afirmam que evitam eventos sociais por causa da incontinência urinária, ou seja, a incontinência leva a um impacto tanto social quanto a um impacto psicológico nessas pessoas. |
| R | Quando a gente pergunta sobre o tratamento, 35% da população não sabe que a incontinência urinária tem tratamento. É aquilo que o Dr. Alfredo já tinha comentado: "A minha avó teve incontinência, a minha mãe teve incontinência, a incontinência seria uma coisa por que eu vou ter que passar". Então, qual é a importância de a gente colocar o dia 14 de março como o Dia Nacional da Incontinência Urinária e Semana Nacional para Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária? Seria para nós conscientizarmos a população sobre o problema; auxiliarmos a população a identificar os sintomas da incontinência urinária; esclarecermos as possibilidades de tratamento e também de prevenção; diminuirmos o estigma da incontinência urinária; e melhorarmos a qualidade de vida não só das pessoas que têm incontinência urinária, mas também a qualidade de vida daquelas pessoas que cuidam de outras pacientes que têm incontinência urinária. Então, mais uma vez, eu gostaria de agradecer, em nome da associação, ao Senador Nelsinho Trad por ter dado um espaço aqui nesta audiência pública. Aqui ficam alguns canais de contato para quem precise desse apoio da associação e também me deixo à disposição para qualquer dúvida para que quem estiver nos assistindo possa entrar em contato com a nossa associação. Muito obrigado novamente. O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) - Agradeço, Dr. Júlio. De pronto, passo a palavra ao Dr. Luiz Gustavo Oliveira Brito, Presidente da Associação Brasileira de Uroginecologia e Assoalho Pélvico. O SR. LUIZ GUSTAVO OLIVEIRA BRITO (Para expor.) - Bom dia a todos e todas! Eu queria muito agradecer ao Senador Nelsinho Trad, ao Senado e a todos os presentes pela possibilidade de estar discutindo junto a vocês. Muito já foi muito bem falado sobre o assunto, mas realmente é importante a gente debater essa questão. E falar sobre esse assunto da incontinência é muito interessante para conscientizar a população. Eu preparei uma apresentação que eu consegui já até enxugar para otimizar no tempo, porque muito já foi muito bem falado por todos, pelo Dr. Alfredo, pela Dra. Glauciene e pelo Dr. Júlio. Eu vou agora compartilhar... Eu gostaria de compartilhar a minha tela. Obrigado. Então, o objetivo nosso realmente é falar sobre esse assunto. Como o Senador Nelsinho Trad muito bem comentou, é muito importante que a gente consiga trazer para a população o impacto desse assunto. O Dr. Júlio explanou muito bem sobre o assunto e o Dr. Alfredo também, que a gente realmente consiga mobilizar para que esse dia seja o Dia Nacional da Incontinência Urinária dentro da Semana Nacional para Prevenção e Tratamento da Incontinência Urinária. Então, são várias sociedades, tanto de cunho científico, de cunho assistencial, quanto de cunho educativo, lutando pelo assunto. A Uroginap, que é a Associação Brasileira de Uroginecologia, é uma associação relativamente recente, fundamentalmente formada por médicos ginecologistas e fisioterapeutas, que têm o objetivo de cuidar de mulheres com incontinência urinária e com problemas também de disfunções de assoalho pélvico. Ela já vem trabalhando, organizando webinários a respeito do assunto para todos os profissionais envolvidos e interessados no assunto, mas essa associação vem fruto de uma evolução também não só de ginecologistas, mas também de urologistas, que também são membros da SBU, que vêm nos ajudando a compor e a discutir esse assunto dentro do Brasil. |
| R | Existem núcleos que foram formados antes da Uroginap, como o Núcleo Brasileiro de Uroginecologia, formado por ginecologistas e urologistas, outras associações; e existe também, dentro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, uma comissão que é focada exatamente nos assuntos da mulher que tem problemas no assoalho pélvico, em especial a incontinência urinária feminina. Essa comissão elabora documentos sobre o assunto, visando atualizar os médicos sobre a incontinência urinária, porque para a mulher o ginecologista representa essa pessoa que é o clínico geral da mulher. Então, muitas mulheres, quando não procuram o urologista, procuram o ginecologista para fazer o seu cuidado geral, para fazer a sua rotina, o seu atendimento. E é extremamente importante que nós, como médicos, tenhamos essa interface de trabalhar juntos e com caráter multidisciplinar. Como o Dr. Alfredo muito bem falou, às vezes, a incontinência vai surgir como o início de um problema não ginecológico, mas neurológico, como a esclerose múltipla. Então, é importante que todos nós tenhamos essa ideia - neurologistas, dermatologistas, todos os que cuidam da saúde - de que toda a incontinência é uma doença que tem uma interface muito grande entre várias especialidades. E a gente sabe que é importante informar pessoas que venham a tratar sobre esse assunto. E as datas comemorativas trazem essa conscientização sobre o assunto, que, às vezes, é pouco conhecido. Às vezes, a gente também não tem informação de qualidade para falar. Então, mobilização para combater um determinado problema é extremamente importante. A gente já teve aqui a Sociedade Brasileira de Urologia, falando sobre o assunto; a Associação B. C. Stuart. A gente também tem, pela fisioterapia, a Associação Brasileira de Fisioterapia e Saúde da Mulher, que tem falado também do tratamento das mulheres com incontinência urinária, porque realmente juntos nós somos mais fortes para falar sobre esse assunto. E é importante... Algo que acontece em 20% a 30% da população é importante a gente falar. Mulheres - como bem falou o Senador Nelsinho e como bem falou o Dr. Airton - realmente vão ter, em algum momento da vida, uma perda de urina; 45% das mulheres acima dos 40 anos vão ter, em algum momento, uma perda de urina. Isso pode acontecer numa situação de trabalho, numa situação em casa, pessoal, numa atividade física. Depois do parto, muitas mulheres podem ter dificuldade para chegar no banheiro a tempo e perder urina antes disso. Isso representa vários tipos de perda de urina, como bem falou o Dr. Nelsinho, perda de urina aos esforços, perda de urina quando há uma vontade incontrolável de chegar ao banheiro... Algumas vão ter a necessidade de utilizar fraldas, porque a perda é muito grande, e elas têm um prejuízo muito grande na qualidade de vida; às vezes, vão utilizar sondas de demora; às vezes, vão ter perda de urina após o parto. O grande problema da incontinência, diferentemente de uma pessoa com dor ou de uma pessoa com sangramento, é que ainda existe esse tabu de que isso seria parte do envelhecimento. E a gente realmente precisa entender que perder urina não é normal em nenhuma fase da vida, nem na menopausa, nem na senilidade, mas realmente é muito importante que a gente veja isso como uma necessidade de ajuda, porque infelizmente ainda apenas um terço das mulheres que tem incontinência urinária vai procurar ajuda. E, como o Dr. Júlio bem explanou, numa população como o Brasil, de 212 milhões, metade da população, um pouco mais da metade, é da população feminina. Dessas 20% a 30% vão ter incontinência; então, a gente está falando aí de 22 milhões de mulheres. Se só um terço dessas mulheres procura ajuda, ou seja, 7 milhões, a gente ainda tem 15 milhões com necessidades de cuidados. E esses custos, realmente do ponto de vista de custo, como bem falou Dra. Glauciene da questão, é muito difícil para o Ministério conseguir fazer todo o armazenamento; cada vez mais, ele aumenta. |
| R | Um trabalho feito na Universidade Federal de São Paulo estimou, em 2008, que, se a gente tratasse todas as mulheres, haveria um custo de R$5 bilhões. A gente está falando de um custo de tratamento ambulatorial e hospitalar; não está falando dos gastos pessoais, como o Dr. Júlio falou. Esse montante seria corrigido pelo índice de custo de vida para R$10 bilhões agora, em 2022. A gente sabe que metade das pacientes evoluem para cirurgia e um pouco mais da metade evolui para fisioterapia, mas a gente ainda sabe que a gente precisa melhorar muito o atendimento multidisciplinar dessas mulheres em vários pontos. Por isso, é extremamente necessário que a gente trabalhe junto; que esse diagnóstico, esse tratamento seja multidisciplinar. Que a gente realmente consiga chegar até o nível primário, oferecendo a possibilidade de atender essas mulheres, a partir do agente comunitário de saúde que está no posto, e de trazê-las para serem atendidas e para serem, se necessário, encaminhadas. Então, com isso, eu finalizo a minha fala. Eu queria muito agradecer a oportunidade desse espaço para a gente falar de um tema tão importante. Eu espero realmente que as pessoas, cada vez mais, se conscientizem de que perder urina realmente não é normal, porque existe tratamento, existe cura. Conscientizar todos é fundamental! Eu agradeço a atenção. Muito obrigado a todos. O SR. PRESIDENTE (Nelsinho Trad. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MS) - Muito obrigado, Dr. Luiz Gustavo Oliveira Brito, Presidente da Associação Brasileira de Uroginecologia. Abro a oportunidade para qualquer membro que se encontra na tela, se quiser, fazer uso de alguma consideração como palavra final. (Pausa.) Não havendo... A gente recebeu várias perguntas aqui através da internet. Vamos respondê-las através também do sistema da internet. Agradeço a participação de todos. Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada esta audiência pública, cumprindo mais uma etapa necessária para pautar e aprovar o dia 14 de março como Dia Nacional da Incontinência Urinária, bem como a Semana Nacional para Prevenção e o Tratamento da Incontinência Urinária. Obrigado pelo tempo de vocês. Um bom dia e uma ótima semana para todos nós. Que Deus nos proteja! (Iniciada às 10 horas e 30 minutos, a reunião é encerrada às 11 horas.) |

