12/12/2022 - 31ª - Comissão de Educação e Cultura

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Fala da Presidência. Por videoconferência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 31ª Reunião, Extraordinária, da Comissão de Educação, Cultura e Esporte.
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A presente reunião se destina à realização de audiência pública com o objetivo de discutir a importância de criação do Dia Nacional do Artista Vidreiro, prevista no Projeto de Lei nº 2.504, de 2022, em atendimento ao Requerimento nº 70, de 2022, da Comissão de Educação, de minha autoria.
A audiência será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, em senado.leg.br/ecidadania, ou pelo telefone (Falha no áudio.)... inclusive, de ler já alguns comentários feitos pelas pessoas que acompanham a audiência, eu passo a palavra ao Senador Esperidião Amin, que levantou a mão.
Eu já solicitei, Senador, que o pessoal verificasse a razão pela qual não estamos conseguindo registrar a presença.
Com a palavra V. Exa.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Para discursar. Por videoconferência.) - Eu ouvi com atenção tanto o seu pedido quanto a sugestão da Profa. Désirée e, em homenagem à Profa. Désirée, eu desejaria, pela tradução que eu conheço do nome, o verbo em português mais parecido com a palavra désirée, em francês, me associar à sua iniciativa, Senador, e trazer alguns subsídios depois da análise do seu voto, é claro, mas quero lhe dizer que eu sou um fã, um aficionado da arte em vidro, cristal e congêneres, da porcelana também, que são, de alguma forma, associáveis, e cumprimentá-lo pela iniciativa.
Eu tive a oportunidade de visitar cidades que têm tudo a ver com a arte em vidro, como Milão, a ilha de Murano, a Áustria, a França e a Alemanha, e quero lhe dizer que, aqui no seu estado originário, a arte em vidro é muito diversificada e já gerou grandes talentos.
Eu até quero aproveitar a oportunidade para lhe mostrar alguns exemplares que eu tenho aqui em casa da arte em vidro, no caso, em louças, como se diz, que são realmente extraordinárias, no caso do cristal, e que atestam o respeito que todos nós devemos a todos os que praticam essa arte extraordinária que é a arte (Falha no áudio.)...
Mas desde já antecipo minha absoluta simpatia com a iniciativa, além de considerar que 21 de junho é o dia do solstício de inverno neste hemisfério e do solstício de verão no Hemisfério Norte. Portanto, são os dois dias mais contraditórios, com mais e menos luminosidade respectivamente, no Norte e no Sul, 21 de junho.
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Mas vou ouvi-los e renovo as minhas (Falha no áudio.)...
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Eu acho que nós estamos com algum problema. Não sei se é só aqui ou também para vocês... Désirée? Mariana?
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Eu estou ouvindo bem, eu me ouvi, estou...
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Está bem.
Eu, da minha parte, escutei muito bem a sua exposição, a sua fala, o comentário, e foi muito importante, inclusive para ressaltar a importância desta audiência pública, deste debate sobre essa profissão, esse dom que muitas pessoas têm e que é tão difundido pelo mundo, inclusive com o relato, da sua parte, em relação a tantos países visitados onde essa arte é enaltecida e reforçada. Que bom, Senador Esperidião Amin!
Por isso é que nós temos hoje a presença da Mariana Gomes Buarque de Gusmão - seja muito bem-vinda, Mariana! -, artista vidreira e arquiteta; também da Regina Lara Silveira Mello, artista pesquisadora e professora artista; e de Désirée Sessegolo, artista vidreira, designer, produtora cultural e empreendedora. Sejam muito bem-vindas!
Sempre que há um projeto de lei instituindo uma data, é necessário que a Comissão faça uma audiência pública - ou outra audiência pública, se já tiver acontecido no estado ou fora do Congresso Nacional -, para que haja uma convergência em relação à importância da data, da iniciativa do projeto de lei, e é nesse sentido que esta audiência pública está acontecendo.
Eu quero, inclusive, ler, antes de mais nada, algumas contribuições, comentários que vieram pelos meios de interação que eu já mencionei.
Um deles é de Bruno Evander, do Paraná: "[...] uma [boa] iniciativa que, além de reconhecer o trabalho dos artistas, fomenta a economia de maneira sustentável".
Outro comentário, de Sulamita Salotto, do Rio de Janeiro: "Uma profissão em extinção! Tem que se criar o dia, porém [...] [são necessárias] mais ações além disso ou [...] não teremos mais essas profissões".
Justamente, ter-se um dia para essa profissão... O grande objetivo é fazer o debate, a discussão, ter um momento na vida do país em que isso é, na verdade, o foco das atenções das pessoas.
Isabelly Figueira, de São Paulo: "Uma profissão linda e pouco valorizada. Parabéns".
Comentário de Rayssa Cascardo, do Rio de Janeiro: "Uma profissão importante como qualquer outra, merece muito reconhecimento!".
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Então eu vou passar a palavra às expositoras que estão com a gente, vamos dizer 15 minutos. Estariam bem 15 minutos para vocês? Caso seja necessário, a gente prorroga por mais cinco minutos para termos no máximo 20 minutos. Vai bater uma campainha quando faltarem 15 segundos para 15 minutos, aí vocês podem continuar expondo que a gente dará o tempo necessário também para o término da exposição.
Então, eu passo a palavra, em primeiro lugar, para Mariana Gomes Buarque de Gusmão, que é artista vidreira e arquiteta. Com a palavra, Mariana. Seja muito bem-vinda, antes de tudo!
A SRA. MARIANA GOMES BUARQUE DE GUSMÃO (Para expor. Por videoconferência.) - Obrigada, Senador.
Antes de tudo, bom dia a todos. É um prazer estar aqui e participar com vocês desta reunião, desta audiência para discutir a importância desse dia do artista vidreiro, visto que nós temos algumas décadas já com crescimento grande do número de artistas vidreiros no Brasil. A história do vidro no Brasil remonta à descoberta do Brasil, com Cabral chegando, trazendo presentes, peças em vidro; depois a criação de indústrias. A indústria tem um bom respaldo, mas o artista vidreiro em si é um pouco esquecido, porque boa parte da população vê arte em vidro como artesanato, e não é artesanato. É uma arte que envolve muita técnica, muito estudo, muito conhecimento, e que a gente tem muito...
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Mariana, desculpe-me por estar interrompendo você. Existe alguma forma de aumentar um pouco o volume, só verificar?
A SRA. MARIANA GOMES BUARQUE DE GUSMÃO (Por videoconferência.) - Não, já está no máximo, no volume mais alto.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Já está no máximo. Então, só um pouquinho mais alto.
A SRA. MARIANA GOMES BUARQUE DE GUSMÃO (Por videoconferência.) - Vou chegar um pouquinho mais perto.
Então, muitas pessoas veem isso como artesanato, e na realidade é muito além disso, porque envolve, além de muito conhecimento, muita técnica, muito estudo. A gente busca no exterior até, visto que é uma profissão recente aqui e a gente não tem tanta técnica assim.
Eu acho que a gente tem muito a contribuir com o tema de sustentabilidade, reciclagem, com educação da população, divulgação dessas técnicas. Além disso, a economia pode se favorecer muito com o artista vidreiro porque nós temos, hoje em dia, para trabalhar, o vidro reciclado, que a gente pega de garrafa, de vidros que quebraram, e temos o vidro de janela, que a gente chama de vidro float, mas no exterior temos uma gama muito maior de produtos, e eu acho que seria interessante para a nossa indústria desenvolvê-los aqui também. Além disso, a gente tem o uso do vidro na arquitetura, vidro plano, vidro espelhado, mas muitos arquitetos estão começando a trabalhar com vidro personalizado, vidro trabalhado por quem? Pelo artista vidreiro. A nossa indústria pode se beneficiar muito com isso, tanto na parte da indústria vidreira como na parte de maquinário. A gente utiliza muitos maquinários que não temos, hoje em dia, no Brasil, nós adaptamos boa parte deles, mas podemos desenvolvê-los aqui também. Eu acho que isso tem muito a contribuir.
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Temos aqui artistas, hoje em dia, começando a se organizar em grupos, em associações, como já temos no Sul - em São Paulo eu acho que ainda não temos, mas já estamos pensando no assunto -, tanto para grupo de discussão de técnicas, como para discussão de como podemos levar essa nossa arte para ter uma maior visualização, como podemos ajudar na sustentabilidade, visando até aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, entre eles: acabar com a pobreza, educação, trabalho, crescimento.
A gente pode também, inclusive, colocar os nossos jovens para aprender essa técnica, desenvolver mais aqui tanto na educação como para botá-los no mercado de trabalho também.
Falando de compartilhar conhecimento nesse nosso grupo, nós não temos ainda nenhuma associação, pelo menos em São Paulo, mas estamos visando a isso para poder divulgar melhor essa nossa obra.
Acho que no momento é isso. Acho que, por enquanto, é isso. Eu confesso que eu estou um pouquinho nervosa. Eu nunca participei de uma audiência assim, eu estou um pouco ansiosa.
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Por videoconferência.) - Eu acho que... Desculpe interromper. Desculpe, mas acho que seria legal mesmo a gente fazer um pequeno debate. Não sei o que vocês imaginam. Não sei se o Senador Flávio permite, como é que vai funcionar.
Eu também nunca participei. Eu também imagino expor alguma coisa e, depois, debater um pouco entre nós. Não sei.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Isso. Nós podemos perfeitamente fazer dessa maneira.
Eu só passaria antes a palavra para as três pessoas para cada uma poder manifestar livremente a sua opinião. Pode ser assim, Regina? Ficaria bem?
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Por videoconferência.) - Pode. Está ótimo.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Então, está bom. A Mariana já concluiu? Mariana, já? Já.
Muito bem. Então, em seguida, eu passo a palavra para a Regina, para você mesmo, a Regina Lara Silveira de Mello, que é artista pesquisadora e professora artista, até contando também, pode acontecer isso, da trajetória pessoal. Eu acho que é muito importante e anima as pessoas que nos acompanham nesta audiência, sempre pensando da perspectiva da importância de se ter um dia nacional e se a data é adequada.
A data foi colocada, como vocês sabem, como uma sugestão nossa, para que o Dia Nacional do Artista Vidreiro seja comemorado por ter sido a data de inauguração do inédito Salão de Arte em Vidro Brasil 2022, nas dependências do MuMA, que é o Museu Municipal de Arte em Curitiba, um sucesso absoluto e reconhecimento mundial, mas nada impede, nesta hora do debate e da discussão, que haja eventualmente sugestões nesse sentido. Por isso que nós estamos assim, dialogando e conversando.
Com a palavra, então, Regina.
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Para expor. Por videoconferência.) - Legal. Muito obrigada. Fiquei muito contente de estar participando aqui. Agradeço a Désirée também.
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Acho que a iniciativa do salão foi muito boa, sensacional. Então, não tenho nenhuma questão com relação ao dia. Eu acho que é uma homenagem que é interessante por aí mesmo.
Vou explicar a minha origem com relação ao vidro, porque, aí, também, de uma certa forma, sustento um pouquinho meus argumentos. Eu sou de uma família de vitralistas. Foi o meu tataravô que trouxe o vitral para o Brasil. Então, eu pesquiso o vitral, escrevo sobre o vitral há muitos anos. O meu mestrado também é sobre o vitral.
Eu fui me envolvendo com o vidro e percebendo que o vidro não é só vitral, é vitral e também fusing glass. Esse trabalho que a Désirée faz, de colocar vidro dentro do forno, que a Mariana também faz, de reciclar, de trabalhar com vidros que já existem, a gente também faz. Faço isso na universidade. Eu dou aula na Universidade Mackenzie. Nós montamos lá um ateliê de vidro que é uma coisa bem interessante, uma coisa que eu gostaria que houvesse nas universidades do Brasil inteiro, porque eu acho que seria um impulso muito grande para a profissão. Lá no Mackenzie, foi montado no curso de Design, para as pessoas perceberem como o vidro funciona. Claro que daí saem objetos de design, também de arte, assim como trabalhos de reciclagem. Nós fizemos um trabalho chamado Revidro, com ONGs que começam a trabalhar com catadores de vidro, que depois vão transformar isso em objetos que sejam interessantes para eles revenderem. Então, acho que é uma coisa bem importante.
Assim que surgiu o convite, que eu comecei a divulgar para as pessoas virem à audiência - claro que eu tenho muitos amigos que são da área do vitral -, começaram a mandar esse tipo de sugestão, porque eu acho que não valeria a pena dividir, ter dois dias: um dia do vidreiro e um dia do vitralista. Eu acho que o artista que faz vitral também é um artista do vidro. Então, penso que talvez possam incluir uma frase, alguma coisa que também trouxesse... Como a própria Mariana, arquiteta, falou que está sendo usado para o vidro de janela, é claro... Mas a Casa Conrado, que fez os principais vitrais no Brasil, tem mais de 100 anos. Quer dizer, há 100 anos se contam histórias nas janelas com vidros coloridos. Então, isso eu acho que também seria unir forças, porque há várias áreas mesmo. Eu mesma participo do ICOM Glass, que é um comitê internacional dos museus de vidro. Nós visitamos vários museus. E muitos têm, fora do Brasil, seções especiais para objetos, para vitrais, para várias coisas e, às vezes, estão juntos. Inclusive, achei interessante o Senador Esperidião Amin falar sobre a louça também, porque, na verdade, a cerâmica e o vidro são materiais cerâmicos, caminham juntos de uma certa forma. Mas, neste caso de que estamos falando hoje, o Dia do Artista Vidreiro, seria para o do vidro, incluindo aí a questão do vitral. É a minha sugestão. Estou colocando isso em debate para as colegas também.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Muito bom, Regina, importantes as suas observações. Daqui a pouco a gente pode conversar mais também.
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Eu passo a palavra agora para a Désirée Sessegolo, que é Artista Vidreira, Designer, Produtora Cultural e Empreendedora.
Eu só quero, Désirée, se você me permite...
A Désirée é nascida em Curitiba, que é a minha cidade, apesar de ter as origens em Santa Catarina, como o Senador Esperidião sempre coloca, e com muito orgulho, porque todos nós amamos Santa Catarina. A Désirée tem exposições na Italian Glass Week, realizada em Veneza, Itália. Este ano será a sua quinta participação consecutiva. No ano de 2022, a participação dela em Veneza, eu acho que foi - até pode contar, Désirée - com a obra Amazônia, que faz a convergência entre a arte visual do vidro em contraponto com a natureza exuberante e mostra como vertente poética dessa magnífica obra a reflexão sobre a importância da Floresta Amazônica para o planeta e, em última análise, um pensamento crítico sobre as relações do homem com a natureza nos dias de hoje. É um material perfeito, de acordo com ela, para expressar esses conceitos relativos à transformação, pois é material natural, infinitamente reciclável, o que permite sua ressignificação e utilização por inúmeras vezes.
Então, parabéns, Désirée!
Ela é também idealizadora do Salão Arte em Vidro Brasil 2022 e reconhecida aqui no Paraná com uma expressão para pessoas, com um trabalho significativo: o Bicho do Paraná, pela sua performance artística mundial e pelo seu envolvimento no desenvolvimento e difusão das artes vítreas no Brasil.
Então, as nossas três convidadas têm currículos muito interessantes, muito bons, muito adequados em suas áreas, seja na área acadêmica, como a Profa. Regina Lara - me permita chamá-la até de Professora -, também da Mackenzie, e a Mariana também, como Arquiteta e Artista.
Então, eu passo agora a palavra para a Désirée Sessegolo. Com a palavra.
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Por videoconferência.) - Bom dia.
Estão me ouvindo bem?
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Sim.
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Para expor. Por videoconferência.) - Obrigada, Senador Flávio Arns, pela oportunidade, por esse projeto de lei tão importante, que, a meu ver, atende a três importantes pilares, que são o socioambiental, o artístico e o mercadológico.
No socioambiental, eu gostaria de falar que o vidro é o material mais puro, o único 100% reciclável e que permite infinitas transformações sem perda de qualidade. Hoje, segundo os índices da Abividro, apenas 47% do material descartado volta para a reciclagem - e aí a gente precisa fazer algo. Nossos artistas, nosso país, todos têm muito a contribuir com isso.
Na questão do viés artístico, falo da realização do 1º Salão Brasileiro de Arte em Vidro, que aconteceu em Curitiba. Eu fui a idealizadora, mas tive o apoio da Fundação Cultural de Curitiba; da Edilene Guzzoni, como Curadora; do Hugo Weber; da Cristine Baena, da Jaqueline Noleto e de outros tantos. Foi uma equipe grande a que trabalhou para que fosse todo o sucesso que foi.
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Nós reunimos, ali no salão, 80 artistas com 100 obras. No panorama artístico, deu para perceber o quanto o Brasil é forte, como tem artistas que se construíram por iniciativa própria. Nós praticamente não temos escolas como a Mackenzie em São Paulo, que atende um público ali restrito. No Brasil todo, não temos; então, os artistas buscam conhecimentos entre eles e em escolas fora do país. E a gente percebeu que nós temos um nível de excelência muito grande em uma faixa dos participantes dos quais as minhas colegas fazem parte. E também temos um número muito grande de artistas iniciantes que precisam desenvolver, aprimorar as suas técnicas.
No mundo inteiro, a arte em vidro é extremamente desenvolvida, basta ver a história de Veneza, onde, há mais de mil anos, a arte em vidro contribui, de forma excepcional, na economia e em tudo na cidade. E, no Brasil, a gente pode ter isso também.
No viés artístico, a gente tem um potencial gigantesco, que já começa a ser percebido lá fora; e, no viés mercadológico, nós temos uma séria dificuldade aqui no país com relação a suprimentos, sejam eles equipamentos para trabalhar com o vidro, como os insumos, os vidros de qualidade. Os vidros de qualidade são todos importados e o custo é muito alto para a gente desenvolver a pesquisa, desenvolver a técnica, fazer produtos para colocar à venda. Esse é um mercado muito grande, que, hoje, vem sendo explorado por produtos importados, e nós temos potencial. Quantos artistas aqui para trabalhar, para desenvolver, para gerar e aquecer a nossa economia!
Neste ano, participando, pela quinta vez, selecionada para participar do festival Venice Glass Week, eu tive oportunidade de conhecer e de visitar ateliês de outros vários artistas, principalmente do lampwork, que é o vidro soprado, feito em maçarico, onde se pode trabalhar com um investimento menor do que o das fornalhas. Críticos internacionais, curadores que visitaram aqui o nosso salão, sinalizam que é essa a nossa tendência.
Assim, instituir uma data para o artista vidreiro vai fomentar todo esse trabalho, toda essa cadeia, seja na parte socioambiental, seja na parte artística e na mercadológica. Eu acho que isso vem a fortalecer uma história que já começa bem, começa forte.
Muito obrigada, Senador.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR) - Nós que agradecemos a você também, Désirée, e a parabenizamos pelo trabalho desenvolvido.
O grande objetivo de uma data assim, relacionada a uma área, a uma atividade, a uma profissão, é justamente este: ter o foco, naquele dia, para o que se pretende, os objetivos. Nada impede, inclusive, de vocês sugerirem para o Senado Federal, independentemente da data, iniciativas que possam ser desenvolvidas aqui, seja em termos de audiências públicas, debates, discussões, exposições. Estamos todos nós, da Comissão de Educação, Cultura e Esporte, à disposição também nesse sentido. Quer dizer, esperamos sugestões porque é muito importante tudo isso vir da parte de vocês, diariamente envolvidas e envolvidos nessa área.
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Não sei se o Senador Esperidião Amin gostaria de usar novamente a palavra...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Para interpelar. Por videoconferência.) - Eu preferiria aguardar, ver se mais alguém tem alguma colocação técnica, porque eu gostaria de apreender um pouco melhor em que altura do processo de produção a pessoa passa a ser artista.
Eu tenho uma imagem de que o primeiro cidadão que percebeu que estava lidando com a criação do vidro deve ter tido essa imagem numa praia da antiga Fenícia, hoje o Líbano, terra do meu pai. Ele foi assar um carneiro perto do mar e percebeu que uma parte da areia se transformou com o fogo do churrasco, derreteu e vitrificou. Eu acho que foi esse o start. Eu imagino que tenha sido um fenício esperto que viu que ali uma coisa que era fosca e virou brilhante pela ação do quê? Do fogo. Não sei se eu estou errado; outros podem ter outra imagem. Daí até os tipos que de vidro que há hoje: mais chumbo, menos chumbo. Eu conheço menos isso aí, mas conheço artista que sopra, para mim, o vidro, o cristal ainda mole, e faz o copo, faz a taça e corta aquilo com uma espécie de tesoura muito forte.
Nas nossas cristalerias aqui de Santa Catarina, que são em um grande número, eu destaco a Strauss, a Blumenau, são várias... Eu sou fascinado por isso. O Senador Flávio já deve ter visto um sujeito soprando.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR) - Já vi, sim; já vi e sou admirador também...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Eu sou admirador disso, é um trabalho de artesanato.
Agora, há um momento em que isso vira indústria. Nós tivemos, inclusive, dificuldades fiscais, tributárias: quando é que isso, que começa com o artesanato legítimo... Aliás, artesanato e "pulmonato", porque tem que ter pulmão para soprar, além da habilidade manual de cortar e depois decorar. "Ah, mas não é vidro, é cristal". Para mim é tudo igual, eu não faço essa diferença, acho que o importante é a habilidade. Falou em vitral, para mim, também é vidro. Nós temos aqui várias igrejas com vitrais belíssimos; aliás, no mundo inteiro. Na Igreja Santo Antônio, aqui de Florianópolis, a minha família está registrada lá no Vitral da Ressurreição. É a igreja onde eu fui batizado, meus irmãos e meus filhos. Então, o vidro é uma coisa encantadora, além das peças mais singelas, fruto do artesanato também.
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Eu estava fazendo um balanço, e a cidade de Wattens, uma cidadezinha pequena lá da Áustria, que é a terra do Swarovsk, faturou €3,5 bilhões em um ano. E Murano, onde provavelmente a Profa. Désirée deve... Colle di Val D'Elsa, nome da minha mãe, sua quase conterrânea de Curitiba, pois ela chegou a Curitiba com menos de quatro anos de idade. Então, essas coisas nos encantam.
Agora, eu queria conhecer um pouco da parte técnica do que é o Dia d'Art. (Falha no áudio.)
Qual é o limite?
Finalmente, por falar na parte industrial, no meu Governo nós viabilizamos a instalação, aqui em Santa Catarina, no norte do estado, da Cebrace, que é uma indústria de vidros. Eles dizem que é vidros e cristais planos. Na época foi um grande investimento, que contou com a participação da Saint-Gobain, francesa, e da Pilkington, inglesa. A Pilkington foi adquirida mais tarde, em 2006, pela Nippon Sheet Glass, ou seja, folha de vidro, em tradução literal, não é? Sheet glass: folha de vidro. E é vidro plano mesmo; é uma grande indústria de vidro plano, tanto é que a planta da fábrica são, eu acho, 300m de um pavimento só. Ela só trabalha com vidro plano e com outros tipos, como vidro de segurança. Ou seja, até onde começa o artista, termina o artista, e onde começa a indústria?
E, para concluir, concordo com a necessidade de valorizar essa atividade de lidar com o vidro, que é realmente a mais clara representação da produção berço a berço, porque nele nada se perde, mudando-se um pouquinho - nada se cria, nada se perde... -, tudo se transforma. Eu acho que na mais exata expressão da palavra ou da imagem, eu acho que o vidro é o personagem que mais traduz essa afirmação: ele não é criado, porque está na natureza, transforma-se e pode voltar a se transformar sem perda praticamente, sem nenhuma perda significativa de massa, pelo menos. Perde-se energia, porque precisa-se de temperatura. Mas é sobre essa definição de onde começa a arte do vidreiro, da vidreira, onde começa e onde termina, para dar lugar ao que se chama de indústria, que é a reprodução, a replicação do produto em forma assemelhada a um modelo, mas em escala industrial.
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Essa é a minha dúvida, até para ver se nós conseguimos abranger quem é o artista ou quem são os artistas que se enquadram neste dia, que eu acho que deve servir para homenagear uma arte que nós admiramos e o personagem, o artista e para homenagear esse aspecto de sustentabilidade que foi tão bem enaltecido aqui hoje.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR) - Não sei quem gostaria de fazer alguma observação.
Mariana, com a palavra, então.
A SRA. MARIANA GOMES BUARQUE DE GUSMÃO (Para expor. Por videoconferência.) - Senador, respondendo, primeiro, à sua pergunta sobre se esse dia seria o dia adequado para instituir a data, eu acho um dia perfeito, porque a exposição que a gente teve agora em junho foi um marco, um divisor de águas. A gente nunca tinha tido uma exposição em que artistas do Brasil inteiro se reunissem para mostrar a sua arte.
E essa arte, representável também pela Regina, a arte em vidro, não abrange só a fusão, abrange a fusão, o vitral, o sopro, o mosaico. Dentro de cada uma dessas técnicas, tem inúmeras outras técnicas. No vitral, você tem o vitral profissional, você tem o vitral Tiffany. Na fusão, você tem várias técnicas de caída de vidro, de união, de mescla.
Então, o dia eu acho que foi ideal, porque foi algo que marcou muito todo mundo aqui. A gente nunca tinha tido uma representatividade tão grande, com tantos artistas reunidos num mesmo local, numa mesma data.
E eu espero que essa seja a primeira de muitas e que a gente possa todo ano celebrar isso.
Em resposta ao Senador Esperidião...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Quero ser convidado para a próxima.
A SRA. MARIANA GOMES BUARQUE DE GUSMÃO (Por videoconferência.) - Com certeza!
Onde acaba a arte e onde começa a indústria? Eu acho que a arte, para começar, começa, primeiro, em nosso coração. A gente tem uma ideia, a gente desenvolve, a gente faz um projeto. Depois disso, a gente começa a colocar as mãos na massa, no caso, no vidro. Aí é todo um processo único. Cada peça é única. Isso, para ser bem simplista, designa uma peça com arte. Passa a ser indústria, quando começa a ser feito em série. Uma peça que um artista faz, a gente não consegue fazer em série. Mesmo que a gente tente reproduzir a mesma peça, algum aspecto vai ser diferente: ou o vidro se comportou de maneira diferente, ou a temperatura ambiente afetou a queima do nosso vidro, ou o corte saiu um pouquinho diferente do anterior. A gente nunca consegue ter uma peça igual, por mais que a gente tente. Pode ficar muito parecida. Eu acho que isto é arte: a gente conseguir produzir peças únicas. Na indústria, não. Na indústria, você faz às vezes até programas de computador para poder colocar aquilo tudo em série, em produção; você faz "n" peças iguais, taças todas iguais, vasilhas todas iguais. Eu acho que aí a gente consegue definir o que é um e o que que é outro.
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O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR) - Muito interessante, viu, Mariana? Eu acho que você explicou muito didaticamente também.
Passo a palavra para a Regina, que levantou a mão também, não é, Regina?
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Para expor. Por videoconferência.) - Isso.
Eu acho que é um pouquinho mais complexo do que isso, da questão da diferença da seriação, porque há teses de 500 páginas entre o que é arte, arquitetura, design e artesanato. Então eu acho que é mais amplo, é um pouco mais profundo, até porque hoje a gente pode programar - eu já vi acontecer na indústria - que o algoritmo faça pequenas diferenças entre uma peça e outra e cada uma vire única.
Então essa questão já é, de uma certa forma, eu não diria totalmente ultrapassada, mas hoje a gente se baseia em outras coisas, muito mais na linguagem. É uma linguagem da arte? Está dentro da linguagem? E eu acho que o trabalho da Désirée tem essa linguagem. A ideia, o que o salão demonstrou, são vários artistas tentando trabalhar na linguagem do vidro. Acho que isso é que é o mais forte, independentemente de ser igual ou diferente.
Mas eu queria contar uma experiência - também baseada no que a Désirée falou, que eu achei bem interessante, porque talvez o futuro para nós, artistas, aqui no Brasil, seja com o vidro de maçarico, que é uma coisa mais barata - que eu tive. No vidro soprado, o forno tem que ficar ligado 365 dias por ano; ele só é esgotado uma vez por ano. E isso só é possível na grande indústria; numa escola, não é possível. Já fui investigar, fui procurar, fui tentar... Não tem como você deixar, no miolo de São Paulo, ou mesmo numa outra cidade, um forno funcionando 365 dias por ano. Eu mesma já fui na Cebrace de Caçapava aqui. É uma planta gigantesca. Eles fazem 600 toneladas de vidro por dia. É uma coisa inacreditável. São turnos de oito horas, três turnos de oito horas, que não param.
Então, sobre essa questão de onde começa a indústria... Nós usamos objetos industriais. Quando a gente pega uma garrafa, quebra, recicla ou amassa, a gente está trabalhando com um objeto que foi industrializado. A chapa de vidro, com que a gente trabalha, de vidro float, foi industrializada. Nós também temos, na área do vitral, para quem trabalha com vitral, a dificuldade de encontrar chapas coloridas. São sempre importadas, a peso de ouro. É uma coisa muito cara. Então a gente não tem nem... É difícil a pesquisa. Qual foi a solução que a gente encontrou, que é a mesma que as colegas encontraram? Ter um forno de fusão, ter em casa, ter... Eu tenho um aqui na minha casa, no ateliê e tenho um lá no Mackenzie, que é uma coisa que liga e desliga. Você liga, passa dez, onze horas ligado, e desliga. Então você consegue fazer um trabalho de pesquisa viável, economicamente viável em vários sentidos. Daí saem, lá de dentro, objetos artísticos, objetos de design, vidros reciclados... Então é difícil, é muito tênue essa divisão.
Eu fui num museu maravilhoso, no Norte da França, o Musée, assim que tinha inaugurado, e eles contaram uma história tão legal, porque lá sempre foi... Antes era uma região da cerâmica; agora é uma região do vidro. E era uma indústria de vidro e aí virou um museu. E eles têm pequenos objetos que os operários faziam na hora do almoço, porque eles passavam o dia inteirinho fazendo taças, soprando taças, e na hora do almoço eles tinham uma quantidade de vidro com a qual eles podiam fazer pequenos objetos. E a cidade inteira tem esses pequenos objetos. Então, o que o museu fez? Está chamando cada um, a família vai, leva, registra, conta a história daquele objeto e o leva de volta para casa. Isso é arte, é um trabalho artístico que aquele operário fez na hora do almoço. Quer dizer, uma coisa tão interessante! É tênue essa diferença entre arte, design e indústria, que eu acho que a gente não precisaria focar nisso. É mais a questão da linguagem da arte mesmo.
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Enfim, não sei se estou contribuindo para o debate. Se meus colegas quiserem falar...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Posso falar?
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Por videoconferência.) - Pode.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Muito interessante!
Senador Esperidião Amin.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Eu estou convencido de que nós não devemos ficar falando sobre essa diferença.
Eu quero dizer com muita alegria que eu sou neto, por parte de mãe, de um italiano que era artesão, de forma que eu fico só com a parte artística, fico com a parte artística. Mas quero alertar que fico, para não falar dos aspectos fiscais e tributários, porque, com o algoritmo, muito bem lançado aqui, ou sem algoritmo, tudo que é replicável - eu desenho uma coisa só e depois introduzo uma mudança de personalização, ou customização, como se diz - não retira o aspecto industrial quanto à questão fiscal. Então, nós não vamos falar sobre isso, que é uma coisa absolutamente estranha e agressiva ao sentido desta audiência pública. Eu quero retirar daqui, - viu, amigo Flávio? - o que...
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - De acordo.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - ... diga respeito a fiscal, porque nem o italiano, nem o libanês gostam do fiscal.
Existe a seguinte pergunta - e vou terminar com ela...
Primeiro, vou dizer que estou homenageando o Paraná, porque estou tomando aqui a água de Campo Largo.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - De Ouro Fino.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Exatamente, que tem um PH maravilhoso e adequado ao nosso sangue, que também tem um PH nessa altura, de 7.4, 7.6.
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Por videoconferência.) - Desculpa. Já pensou se fosse envasada em embalagem de vidro, então?
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Vidro, de vidro.
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Por videoconferência.) - Seria maravilhoso!
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Seria perfeito, seria perfeito!
Eu já lancei aqui uma campanha para envasar em vidro catarinense o mel de Santa Catarina. Isso eu lancei há 20 anos. Quer dizer, o melhor mel no melhor cristal. Era a nossa bossa. Veja bem, o melhor mel, porque tinha - tinha e tem - esse certificado internacional. E temos aqui mais do que isso. Aliás, o Paraná tem um pouco também do mel de melato de bracatinga. Só um pedaço do Paraná, Santa Catariana e Rio do Sul, cerca de 120 municípios, acho que 8 no Paraná e 8 no Rio Grande do Sul, têm o mel de melato de bracatinga, que só dá de dois em dois anos e é, segundo todos os atestados, o melhor medicinalmente comprovado.
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Então, essa coisa de embalar, em algo próprio, o fruto também prestigiaria o artesão, porque cada embalagem pode ter a forma que a marca queira, mas aí nós já vamos para a replicabilidade, e eu não quero falar sobre esse assunto.
Mas, sobre o fiscal e o susto, dizem que existem três circunstâncias impossíveis. Por exemplo, como é que você faz para tirar dez alemães de dentro de um fusca? Como é que você faz para eles conseguirem entrar em um fusca? Diga para eles que não cabem, e do resto a teimosia dá conta. O que é que você faz para conseguir colocar 12 italianos dentro de um fusca? Diz que tem dinheiro dentro. E o que você faz para tirar 16 libaneses - brincando -, turcos de dentro de um fusca? Como é que eles entraram ninguém sabe. Diz que chegou o fiscal, e eles desaparecerão.
Então, para não trazer a questão do fiscal para embolar a nossa conversa, eu fico com a minha manifestação, absolutamente a favor, não apenas da aprovação do projeto de lei, mas, acima de tudo, da sua orientação, Senador Flávio, para que se obtenham sugestões de como nós podemos favorecer, ajudar, estimular a difusão desta arte.
Já pedi o convite para a próxima exposição, para o próximo certame nacional, e fica aqui o meu voto, com o meu aplauso, especialmente às três legítimas representantes dos artistas que encantaram esta audiência pública.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Muito bem. Muito importante. E gostei muito das comparações com os alemães, italianos e libaneses. (Risos.)
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) - Até porque o senhor sabe, perfeitamente, que não existe alemão teimoso. Teimoso é quem discute com ele! (Risos.)
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Está bom. Muito bom!
Muito bem, mas isso que o Senador Esperidião Amin reforçou também, no final, eu quero dizer a vocês, Mariana, Désirée, Regina, e a todos e todas que nos acompanham: o Senado Federal fica à disposição para sugestões, debates, audiências públicas, projetos de lei, dificuldades que a área vem enfrentando, mesmo na importação do material - este detalhamento que vocês trouxeram: vidro de qualidade, vidro colorido - quer dizer, em tudo aquilo que nós possamos, como Congresso Nacional, colaborar com a área, é muito importante vir do lado de vocês essa possibilidade.
Désirée, você está levantando a mão? Por favor, pode falar.
É só tirar o... Isso.
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Para expor. Por videoconferência.) - Eu agradeço, imensamente, esta porta que o senhor está abrindo para nós, artistas de todo o Brasil.
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Nós temos carências não só na importação de material, mas, também, na exportação do trabalho de algumas artistas, de alguns designers. Existe um mercado lá fora ávido por produtos criativos, e criatividade, modéstia à parte, o nosso povo brasileiro tem e tem muita, e é reconhecida e valorizada lá fora. Eu sinto essa dificuldade também no cenário da exportação dos nossos produtos criativos em vidro e já deixo aqui o meu apelo, se o senhor puder nos ajudar.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Eu só quero destacar, Désirée, que é importante você enviar para a gente um documento explicando o que está acontecendo, seja para importação, seja para exportação, que, fruto dessa audiência pública, o seu documento será enviado até para uma análise já da Consultoria do Senado para estudarmos alternativas, em conjunto com vocês sempre, está certo? Isso se estende à Mariana, à Regina e a todas as pessoas aí que...
Eu até diria que esta audiência pública, vamos dizer, é o início de uma caminhada. A gente está discutindo um projeto de lei, o dia nacional, uma data, mas é principalmente para dizer: olha, a gente tem muitas oportunidades de somarmos os esforços da parte de vocês e do Congresso a favor da área. Então, acharmos caminhos, construirmos caminhos acho que é o objetivo principal.
Inclusive um dos comentários foi nesse sentido. A gente sempre diz que um dia não basta, lógico, um dia é insuficiente, mas é importante para se ter o foco e trabalharmos no decorrer do ano numa pauta para que a gente possa, em função do dia, ter objetivos a serem alcançados.
Não sei se a Mariana ou a Regina gostariam de colocar mais algum comentário.
Regina?
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Para expor. Por videoconferência.) - Eu gostaria de só fazer uma observação, uma última observação aqui em relação ao texto que nos foi enviado.
Aqui na justificação, o terceiro parágrafo caracteriza: "A arte em vidro refere-se a obras de arte individuais ou totalmente feitas em vidro...". Eu acho que se poderia incluir aqui a arte do vitral, só para ficar explícito.
E, quando se fala aqui... Trocar "louças" também por "objetos de mesa", porque louça caracteriza a cerâmica, louça a gente usa para cerâmica e porcelana, mas objetos de mesa incluem copos, pratos, tudo o que for de mesa.
E eu também tiraria o que se refere a... Obras de arte, sim, mas não individuais, porque podem ser feitas de forma coletiva. Uma grande exposição mundial, que é a Documenta, de Kassel, que acontece de cinco em cinco anos, neste ano foram só os subcoletivos. Então, você pode ter uma instalação coletiva com peças individuais. Eu acho que amplia um pouquinho, só essa correção de tirar o individual...
Olha, a Désirée...
Fala aí, Désirée! (Pausa.)
Abre o microfone.
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Para expor. Por videoconferência.) - Eu colocaria... Eu, como sugestão, ampliaria a parte de artistas para designers também, porque artista é um segmento e designer é outro, e todos fazem parte deste universo.
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O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Eu quero, inclusive - e assim vocês terem toda a liberdade, sem haver qualquer constrangimento -, que vocês enviem sugestões de aprimoramento do texto. Eu acho que é muito importante a gente ter uma justificativa que englobe todos esses aspectos também. Sintam-se, assim, em liberdade de fazer isso. E, mesmo para as pessoas que nos acompanham pelos meios de comunicação, a mesma uma coisa: é só enviar para a Comissão de Educação, porque esse projeto irá para a pauta - não sei se temos ainda reunião nesta semana -, provavelmente, no início do ano; logo em fevereiro, o projeto estará indo para a pauta.
Devemos demonstrar, assim, falar com as pessoas, depois dos ajustes serem feitos também, para que elas demonstrem interesse - as pessoas da área, os profissionais da área, os professores e as pessoas em geral - para que o projeto possa ser colocado em evidência para aprovação posterior, porque começa no Senado, é aprovado na nossa Comissão em caráter terminativo; então, da nossa Comissão, sendo aprovado, vai para a Câmara dos Deputados; a Câmara dos Deputados, então, analisa o que foi enviado pelo Senado; sendo aprovado lá, irá para a sanção presidencial; caso haja mudanças na Câmara dos Deputados, ele retornaria ao Senado. E, sendo bem discutido como está sendo agora com vocês e com a comunidade, para não haver nenhuma coisa que precise ser alterada depois, a gente imagina que, no próximo ano, isso se torne lei. Está bem?
Muito bom, então.
Eu agradeço novamente a participação.
A SRA. REGINA LARA SILVEIRA MELLO (Por videoconferência.) - Muito obrigada pelo convite.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Foi uma alegria e uma honra ter a participação de vocês.
Agradeço, de novo, à Désirée Sessegolo. Vou visitar você em Curitiba também para podermos conversar mais...
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Por videoconferência.) - Será um prazer.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - ... já que moramos na mesma cidade também.
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Por videoconferência.) - Sim.
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - E vai ser uma alegria a gente poder aprender mais sobre o trabalho todo que vem sendo desenvolvido.
A SRA. DÉSIRÉE SESSEGOLO (Por videoconferência.) - Será um prazer. Temos muito para conversar; muitos planos e muitos projetos na área social, ambiental e artística que eu tenho com vários artistas no Brasil inteiro, inclusive o salão.
Vamos ter muito assunto, Senador!
O SR. PRESIDENTE (Flávio Arns. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Por videoconferência.) - Muito bom.
Agradeço também à Mariana Gomes Buarque de Gusmão, arquiteta também - a gente fica à disposição, canais abertos de comunicação -, e à Regina Lara Silveira Mello, que, além de artista, é professora também da Mackenzie, como mencionou. E a parte acadêmica é, vamos dizer, um dos pilares essenciais para a difusão de tudo aquilo que se relaciona à arte.
Agradeço sobremaneira e desejo a vocês um feliz Natal, feliz Ano Novo! Agradeço-lhes o tempo e a participação, em nome da Comissão de Educação, Cultura e Esporte.
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Agradeço, então, e deixo um grande abraço.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião.
Obrigado.
(Iniciada às 10 horas e 03 minutos, a reunião é encerrada às 11 horas e 04 minutos.)