03/05/2023 - 1ª - Grupo Parlamentar Brasil - Marrocos

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Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR. Fala da Presidência.) - Muito boa tarde. Desculpe-me interrompê-lo, meu querido Vice-Presidente.
Eu declaro aberta a 1ª Reunião do Grupo Brasil-Marrocos, da 57ª Legislatura, que se realiza nesta data, 3 de maio de 2023.
Compõe a mesa o Sr. Embaixador do Reino do Marrocos no Brasil, Nabil Adghoghi, e o nosso Vice-Presidente, Senador Esperidião Amin, meu querido amigo, a quem também quero convidar, para compor a nossa mesa.
Comunico que foram apresentados a este grupo 17 termos de adesão de Parlamentares. Informo aos demais membros do Congresso Nacional que desejem aderir ao Grupo Parlamentar Brasil-Marrocos que há termos de adesão disponíveis junto à Secretaria desta reunião. Informo ainda que é possível baixar os termos no site do Senado Federal, na página de órgãos do Parlamento.
Vamos à pauta.
Declaro instalada, na 57ª Legislatura, o Grupo Parlamentar Brasil-Marrocos, que foi instituído pela Resolução do Senado Federal nº 14, de 2015.
Coloco em deliberação a composição para os seguintes cargos da Comissão Executiva: Presidente, Senador Dr. Hiran; Vice-Presidente, Esperidião Amin.
Em discussão. (Pausa.)
Não havendo quem queira discutir, coloco em votação.
As Sras. e os Srs. Parlamentares que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Eu quero, inicialmente, passar a palavra ao nosso Vice-Presidente eleito, Esperidião Amin, para o seu pronunciamento.
Senador Esperidião.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Para discursar.) - Prezado amigo, Senador Dr. Hiran, quero saudar, de uma maneira muito especial, nosso Embaixador Nabil, estendendo essa saudação a todos os presentes e aos demais integrantes da frente.
Eu gostaria de dizer da minha satisfação por poder integrar este grupo sob a sua liderança, Senador Dr. Hiran. Em primeiro lugar, pela sua experiência, pela sua capacidade de aglutinar pessoas em torno de boas causas, e essa é uma boa causa. Em segundo lugar, porque este grupo parlamentar é restabelecido, digamos, recebe, neste momento, o sopro da continuidade ou da retomada, indo ao encontro de algo que os nossos países já praticam, que é estreitar os laços e as relações de amizade, as relações diplomáticas, culturais, econômicas e, de uma maneira muito crescente, as relações em termos de turismo.
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Eu relatava há pouco que, por ocasião do relativo desastre da nossa Seleção Brasileira neste começo de ano, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela do Marrocos, que já foi uma grande surpresa na Copa... Uma surpresa, que eu digo, é porque todos ficamos emocionados com o desempenho do Marrocos na Copa. Mal sabíamos que seríamos a primeira vítima do ano seguinte...
Mas, na mesma época, amigos meus fizeram relatos de sua estada no Marrocos, particularmente praticando um turismo, digamos, radical no deserto. Ou seja: SUV, caminhonete, um míni Rali Paris-Dakar. Dezoito casais estacionados, ou seja, congraçando no território do Marrocos, e vencendo segurança, cordialidade, hospitalidade.
Então, são relações que estão em expansão, e esse grupo parlamentar vem receber a energia da sua Presidência, Senador Dr. Hiran, num momento em que essas duas nações, esses povos, incrementam a sua relação.
De forma que eu desejo sucesso, estarei à sua disposição para contribuir, e tomei a liberdade de fazer chegar a V. Exa. algumas informações relacionadas a debates e discussões que já ocorreram na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, com decisões para as quais nós devemos estar atentos, que respeitam, acima de tudo, a integridade do nosso parceiro, que é o Marrocos. Então, estarei à disposição.
Desejo contribuir, agora com a intenção reforçada pela presença do Senador Heinze... Há pouco assisti a uma apresentação dele num vídeo. Se ele tivesse feito umas dez daquela, não haveria eleição possível mais na propriedade de um agricultor do Rio Grande do Sul, que, depois de três anos de seca, começa a receber visitas.
Então, eu queria desejar sinceramente muito êxito, muito sucesso para esses povos irmãos e, claro, para o Brasil e para o Marrocos também, e saudar o Marrocos também por um pioneirismo.
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Pelo que eu sei - e o Embaixador pode me corrigir -, foi a primeira embaixada que quebrou um paradigma - e quebrou para melhor -, o paradigma de qual seria a forma arquitetônica dos prédios de embaixadas em Brasília. Havia originalmente a ideia de uma relativa padronização, e Marrocos construiu a sua embaixada segundo a cultura arquitetônica do Marrocos.
Eu me lembrei disso quando escutei há pouco alguém gritar da porta: "É a reunião do Minha Casa, Minha Vida?". Eu disse: "Olha, se fosse para discutir casa, nós aprenderíamos como construir casas, aprenderíamos muito, no Marrocos".
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR) - Muito obrigado, Senador Amin, grande amigo.
Eu quero aqui registrar a presença do nosso querido progressista Senador Heinze, que, obviamente, vai fazer uso da palavra com seu habitual brilhantismo.
Meu querido Senador, irmão e amigo.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS. Para discursar.) - Dr. Hiran, Senador, nosso Embaixador Nabil, o Esperidião Amin é "brimo", como ele fala, só que a parte boa da família é a esposa dele, porque ela é "Heinzen". Eu sou "Heinze". Então, ele é o que é porque a Angela o coordena.
Mas é um prazer. O Senador Hiran nos convocou para fazer parte desta Comissão. Acho que essa integração do Brasil com outros países e a República do Morrocos é importante para a gente poder estreitar as nossas relações. E esse trabalho realizado pelas frentes parlamentares é importante nesse processo. Estamos juntos no que pudermos para participar, ajudar... Enfim, acho que estamos aí para ajudar.
O meu Rio Grande do Sul está carente de vender e de comprar também. É um grande mercado que nós temos. O Brasil é um grande mercado, e o Marrocos também.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR) - Aliás, um grande produtor de potássio é sempre bem-vindo nas nossas relações comerciais.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS) - Eu tratei com o pessoal da Índia em uma ocasião; era uma empresa indiana que falava em minas do Marrocos. E o Brasil precisa, nós somos carentes de potássio, e o nosso agro tende a crescer muito.
Escreva, Embaixador: o Brasil será a maior nação agrícola do planeta. Se não nos atrapalharem, vai ser o Brasil. E precisamos de fertilizantes porque as nossas reservas são muito fracas - fósforo, potássio... Fósforo e nitrogênio nós temos; agora falta o potássio. Então, é uma integração interessante.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR) - Aliás, Embaixador Nabil, querido amigo, eu queria aqui transmitir da nossa ex-Ministra Tereza, Senadora progressista, nossa amiga, que ela não pôde estar aqui porque a esta hora muitas atividades são desempenhadas no Senado. Mas hoje à noite nós estaremos juntos, jantando na embaixada, neste jantar que V. Exa. oferece aos Senadores desta Casa - aos Senadores e aos Deputados que estarão lá, se Deus quiser.
Eu inverti um pouco a ordem das coisas e passei a palavra para os nossos colegas. Vou passar a palavra para você, para V. Exa. - vou chamá-lo de você, porque você é meu amigo -, e eu falo por último.
Por favor, Embaixador Nabil.
O SR. NABIL ADGHOGHI (Para expor.) - Muito obrigado, muito boa tarde a todas e a todos.
É com grande satisfação que me dirijo a todos os presentes nesta cerimônia. Quero expressar o meu apreço e toda a minha gratidão a todos os Senadores e Senadoras que aceitaram de fazer parte do Grupo de amizade Parlamentar Brasil-Marrocos nesta 57ª Legislatura do Senado Federal, em especial ao Senador Hiran Gonçalves, ao Senador Esperidião Amin e ao Senador Luis Carlos Heinze, que nos deram a honra de fazerem parte deste grupo.
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Em duas palavras, gostaria de expressar a satisfação do Reino de Marrocos com o nível alcançado nas suas relações com o Brasil. A segunda palavra é ambição. Satisfação perante o que temos alcançado até agora e ambição para fazer ainda mais em setores de segurança alimentar, como o Sr. Senador colocou, mas também em setores de alto valor agregado, seja a coletividade marítima, seja hidrogênio verde, energias renováveis, indústria mineral, enfim, muitos setores que têm um grande potencial para que essa parceria estratégica multifacetada que o Brasil e o Marrocos estamos construindo alcance o patamar de uma massa crítica para chegar a servir a parceria entre Brasil e Marrocos.
No que toca à segurança alimentar, Sr. Senador, a OCP, a empresa marroquina de fertilizantes, tem uma boa atuação aqui no agronegócio brasileiro. As suas vendas para o ano de 2022 ultrapassaram US$2 bilhões em produtos, em NPK fertilizantes, adubos e fertilizantes. Mas não é uma presença somente comercial, é uma presença comercial, mas também industrial, porque a OCP já está programando construir fábricas para processamento de adubos e fertilizantes no Norte do Brasil e terá outros postos em 20 estados brasileiros. E tem também o componente de pesquisa científica, porque junto com a Embrapa estão desenvolvendo soluções para melhor adequação entre solo e adubos e fertilizantes.
Uma palavra para falar que essa parceria estratégica entre Marrocos e Brasil é sustentada por um marco jurídico abrangente e cada vez mais amplo.
Semana passada, a Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal aprovou o relatório do nosso Senador Esperidião Amin do acordo-quadro em matéria de defesa entre Marrocos e Brasil. Está sendo tratado, na Câmara dos Deputados, o ACFI (Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos). Também temos o acordo para evitar a bitributação para serviços aéreos e marítimos. Também estamos trabalhando no acordo de cooperação aduaneira. Tudo isso para permitir que as comunidades empresariais do Marrocos e do Brasil detenham o melhor ambiente de negócios entre os dois países.
Também na área de cooperação técnica, eu gostaria de tocar no assunto de que o Senai do Brasil e a autarquia marroquina de formação profissional estão lançando um programa muito ambicioso; também na área digital e em Governo digital, porque o Brasil é um dos países mais avançados no mundo em termos de serviços digitais e prestações administrativas - mais de 5 mil prestações administrativas são online, e o Marrocos está interessado em promover parceria na área digital.
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Em termos de segurança alimentar, hoje mesmo tem uma feira, uma das maiores feiras agrícolas na África, no Marrocos, na cidade de Meknes, Siam, e 11 empresas brasileiras estão atuando hoje no Marrocos para ampliar as exportações. Diga-se de passagem que as vendas brasileiras, no ano de 2021, em commodities, alcançaram US$600 milhões; no ano de 2022, dobraram para chegar a quase US$1,2 bilhão, que é uma meta muito boa; e o Brasil tem um potencial ainda maior para incrementar a fatia de vendas brasileiras no mercado marroquino de commodities.
Além do Marrocos propriamente dito, Sr. Senador, tem o fato de que o Marrocos é ligado a vários acordos de livre comércio, com mercados da União Europeia, mercado Efta, mercado da Turquia, mercados africanos e do Oriente Médio, o que poderá facilitar a chegada de exportações brasileiras, utilizando o Marrocos como hub de exportação de bens e serviços.
Nesse aspecto de conectividade e logística, o Marrocos tem o maior porto, plataforma portuária, na África e no Mediterrâneo. Trata-se de Tanger Med, que é o 23º porto mundial e que tem um potencial muito grande para permitir justamente que as empresas brasileiras o usem para exportar.
Sras. e Srs. Senadores, o Marrocos está satisfeito, como eu falei, e ambicioso com a sua parceria com o Brasil, está atuando dentro de uma agenda multilateral muito ambiciosa. O Marrocos atua em áreas da agenda multilateral ligada à migração, à luta contra o terrorismo, a mudanças climáticas em vários temas e também à promoção dos valores de tolerância e abertura.
A União Interparlamentar vai organizar, mês que vem, em Marrakesh, um evento, uma conferência mundial sobre a tolerância religiosa pelo mundo, e os Parlamentares brasileiros estão convidados para participar desse evento, que é muito importante, porque o Marrocos, sob a liderança de Sua Majestade o Rei Mohammed VI, que tem o estatuto de comandante dos crentes, tem promovido esses valores de tolerância e abertura religiosa.
Em 2019, Sua Majestade recebeu o Papa Francisco, numa visita oficial ao Marrocos, e, naquela ocasião, foi assinado um documento que apela à preservação de Jerusalém como símbolo de coexistência, como patrimônio mundial e como local de encontro e culto para as três religiões monoteístas.
Nesta ocasião, a posição de tolerância religiosa do Reino de Marrocos...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Fora do microfone.) - Como pregou Saladino.
O SR. NABIL ADGHOGHI - Como pregou Saladino, justamente, Salahuddin Al Ayyubi, isso mesmo.
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No âmbito da economia... (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR. Fora do microfone.) - Pode continuar. Sinta-se em casa.
O SR. NABIL ADGHOGHI - Muito obrigado, Senador.
Então, estou falando da atuação internacional do Marrocos em termos, digamos, da agenda internacional, como a promoção dos valores de tolerância e de abertura, como eu falei, o apelo de Jerusalém, que foi um ponto muito importante. Também o Marrocos sediou a Aliança das Civilizações, em novembro passado, o evento que já foi sediado aqui no Rio de Janeiro, 10 anos atrás, justamente para promover, diante do clima geopolítico muito tenso, das tensões geopolíticas que a gente vive, é bom que países como o Marrocos e o Brasil continuam pregando em favor desses valores.
Na dimensão econômica, Sras. e Srs. Senadores, é muito importante destacar que o Marrocos tem uma das maiores reservas do mundo de fosfatos. É por isso que a OCP, a empresa que trata de adubos e fertilizantes, tem um programa muito ambicioso de promover fertilizantes verdes, descarbonizados. Essa transição energética que o Marrocos vem fazendo toca, além da indústria química, adubos e fertilizantes, a indústria automotiva. O cluster automotivo do Marrocos chegou a exportar, ano passado, mais de um milhão de carros. O Marrocos passou a ser o primeiro produtor mundial, na África, desculpa, de carros com US$11 bilhões.
Também há a indústria aeronáutica, também vários outros setores em que temos uma boa atuação na área internacional, tudo sustentado por uma boa infraestrutura. Como eu falei, o Porto de Tanger Med é o 23º terminal portuário no mundo. Temos também uma infraestrutura de autoestradas muito boa, tudo que consegue atrair cada vez mais investimentos estrangeiros. Isso porque o Marrocos fez a escolha estratégica que a decolagem econômica dele depende do grau de abertura comercial. Não tem segredo. Não é fechando a economia que o país vai progredir, vai avançar; é com abertura. É por isso que temos essa rede de acordo de livre comércio, como eu falei. Por isso que temos uma agenda muito avançada com a OCDE. O Brasil é candidato para virar membro da OCDE, mas o Marrocos ambiciona alcançar o estatuto mais avançado com a OCDE. O objetivo estratégico é ter as melhores normas de economia. Por isso que, por exemplo, o Marrocos está no Top 50 do Doing Business, da classificação do Banco Mundial, para facilitar justamente o negócio internacional.
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Também duas palavras rapidamente sobre África e o mundo árabe.
Sabemos que o mundo árabe, os países árabes são o terceiro cliente do Brasil em termos de agronegócio. Em 2022, as exportações brasileiras chegaram a US$24 bilhões. Também os fundos soberanos árabes estão investindo e têm um interesse muito evidente na economia brasileira, e o Marrocos está acompanhando essa dinâmica com grande interesse.
No que toca à África, o setor bancário marroquino realiza 30% do seu produto bancário junto à África. Isso é um produto chamativo para que empresas brasileiras que queiram investir, sobretudo, na agricultura, na África, possam ter essas joint ventures com bancos marroquinos que possam financiar esses investimentos na África, além da OCP, a empresa marroquina que tem investimentos bilionários na Nigéria, Angola, Etiópia, para instalar usinas de processamento de fosfato. Tudo isso poderá fazer essas conexões entre Brasil, Marrocos e África para segurança alimentar.
Todos nós sabemos que a África é o país que mais vai crescer em termos de população, mas só vai produzir 15% do que consumir. Então, além da... A África só vai produzir 15% do que vai consumir. Então, são essenciais investimentos para sustentar a agricultura africana, com know-how do Brasil: a Embrapa e as startups AgriTechs, que são muito avançadas. Como o Sr. Senador Heinze falou, o Brasil é a primeira potência agrícola no mundo.
O SR. LUIS CARLOS HEINZE (PP - RS. Fora do microfone.) - Vai ser!
O SR. NABIL ADGHOGHI - Vai ser!
Essa sex story pode se expressar também na África com uma parceria industrial e financeira com os bancos marroquinos e a OCP, que é a empresa marroquina de fosfato.
Tudo isso é um mapeamento geral. Então, para resumir, o Marrocos está satisfeito, como vimos, com o casamento com o Brasil. Ambicioso para fazer cada vez mais; ambicioso para abrir essa parceria, além da segurança alimentar, para outros setores com alto valor agregado. Por exemplo, a empresa Vale já está em contato com autoridades marroquinas para produzir aço descarbonizado para ter acesso ao mercado da União Europeia. O marco jurídico Marrocos-Brasil abrange cada vez mais setores, o que reflete essa vontade de ter essa parceria multiator e multissetor, porque uma relação bilateral não se sustenta se só tocar entre governos. Tem Poder Legislativo, governo, mas também tem o setor privado, entidades entre si e também setores, cada vez mais setores, da energia renovável, da indústria mineral, da coletividade logística e intercâmbio turístico, porque a Embratur está fazendo um bom trabalho para atrair cada vez mais turistas marroquinos e árabes para o Brasil, a Royal Air Maroc, empresa marroquina, já vai retomar em breve a conexão, que ela fazia até antes da pandemia, São Paulo-Casablanca, e temos vários outros setores pela frente para justamente sustentar essa relação Brasil-Marrocos.
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Mais uma vez, muito obrigado. É claro que fico aberto para qualquer interação com as Sras. e os Srs. Senadores.
Obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR) - Obrigado, Embaixador Nabil. Quero registrar a presença do nosso querido amigo Deputado Celso Russomanno, meu ex-Líder lá na Câmara, a quem passo a palavra para fazer uma breve consideração em relação à instalação da nossa Comissão.
O SR. CELSO RUSSOMANNO (REPUBLICANOS - SP. Pela ordem.) - Senador Hiran, é um prazer muito grande estar aqui. Estive recentemente no Marrocos pelo Parlamento do Mercosul, do qual eu sou Vice-Presidente pelo Brasil, e fui recebido maravilhosamente bem - uma viagem excepcional. Estive com a minha esposa lá, estive viajando quase que o país inteiro a convite do Presidente da Câmara dos Deputados do Marrocos, e vejo que cada vez mais a gente tem interesse em importar do Marrocos uma quantidade imensa de coisas e exportar também para lá.
Então, fico muito feliz da instalação, mais uma vez, deste grupo de amizade entre Brasil e Marrocos, e quero deixar aqui consignado que, no que depender deste Parlamentar aqui, o Marrocos vai poder continuar contando comigo. O Embaixador nos recebe com tanto carinho aqui na Embaixada, e já aproveito o ensejo, Senador Hiran, para, em nome de V. Exa., pedir ao Embaixador que receba - nessa relação entre Brasil e Marrocos - as Misses Brasil, que vão fazer agora, daqui a pouco, aqui em Brasília, o seu concurso, e vamos fazer uma visita lá à Embaixada do Marrocos, para que a Embaixada nos receba lá.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. PP - RR) - Muito obrigado, Deputado Celso Russomanno, nosso querido amigo. Eu inverti aqui a ordem das coisas para ouvir um pouco dos nossos colegas Senadoras e Senadores e do nosso Embaixador. A única desvantagem é que eu vou ser um pouco repetitivo no meu discurso, porque o Nabil me roubou quase toda a fala, mas ele tem um crédito muito grande conosco, porque é uma pessoa muito agradável, um homem que fomenta muito essas relações, que já são excepcionais, entre o nosso país e o Marrocos.
Eu também estive no Marrocos em janeiro e sou testemunha ocular do que você disse. É um país sensacional, um país seguro, um país belíssimo, com um povo maravilhoso e que tem crescido no nosso cenário econômico, nas nossas relações multilaterais. E eu espero que nós possamos aqui, através deste grupo, fomentar cada vez mais o desenvolvimento dessas relações.
Minhas senhoras, meus senhores, Senadores, Senadoras, Deputados, Deputadas, é com muita satisfação que retomamos hoje, nesta 57ª Legislatura, as atividades do Grupo Parlamentar Brasil-Marrocos.
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Antes de mais nada, agradeço a honra e a oportunidade que me foi concedida por esse grupo ao acolher-me como Presidente. Temos, diante de nós, uma vasta frente de trabalho a explorar no que se refere às relações entre o Brasil e o Reino do Marrocos e estamos ansiosos para pôr em marcha a cooperação entre os nossos dois países. De fato, a longa história das relações entre o Brasil e Marrocos está hoje num momento muito propício. No domínio da política internacional, o Marrocos vem consolidando uma posição de protagonismo que ultrapassa o papel que já desempenha na região norte-africana. Há muito Sua Majestade, o Rei Mohammed VI, tem tido um papel de destaque na promoção dos valores da abertura, de tolerância, de coexistência pacífica entre as religiões e as culturas, papel reconhecido pelo próprio Secretário-Geral das Nações Unidas, Sr. António Guterres, que classificou Sua Majestade como, entre aspas, "o grande defensor da diversidade, do diálogo inter-religioso e intercultural". Prova contundente disso é o apelo sobre Jerusalém feito, durante a visita do Papa Francisco a Rabat, em 2019, e subscrito, conjuntamente, pelos Sumo Pontífice e por Sua Majestade Mohammed VI, defendendo a preservação da cidade como símbolo da coexistência e patrimônio comum entre judeus, cristãos e muçulmanos.
O Marrocos atua ainda ativamente em vários temas da agenda internacional, como a luta contra o terrorismo e o crime organizado, as mudanças climáticas, os direitos humanos e a segurança alimentar, temas nos quais o Brasil também atua e, portanto, apresentam amplas oportunidades de atuação conjunta nos foros internacionais.
Em âmbito regional, o Marrocos tem tido um papel importante nos esforços para alcançar a paz no conflito regional do Saara. O suporte do Brasil, como membro não permanente do Conselho de Segurança, às propostas marroquinas, que já contam com o apoio de um grande número de nações, é outra fonte em que a cooperação entre os nossos países pode avançar no contexto da política internacional.
No campo econômico, igualmente, as relações entre o Brasil e o Marrocos encontram-se num momento extremamente propício. O comércio bilateral, por exemplo, duplicou em ralação a 2017 e temos interesses convergentes que, bem estimulados, podem multiplicar o potencial já anunciado desse crescimento nos últimos cinco anos.
A empresa marroquina OCP, por exemplo, que já tinha negócios importantes no país, anunciou, no ano passado, que pretende construir, no Pará, uma fábrica de fertilizantes. Ao mesmo tempo, a Embrapa planeja abrir um escritório no Marrocos para estimular a cooperação técnica e científica na área agropecuária. Aliás, entre 2020 e 2021, as vendas brasileiras de produtos agrícolas para o Marrocos dobraram e ultrapassaram US$1 bilhão. Para o Brasil, estreitar a cooperação econômica com o Marrocos é reconhecer sua importância crescente como parceiro comercial e isso não apenas do ponto de vista de investimentos mútuos e de trocas comerciais, mas também considerando a relevância estratégica de Marrocos como hub, um grande hub logístico, abrindo as portas tanto para o mundo africano, quanto para o mundo árabe.
O Porto de Tanger é atualmente um dos maiores da região mediterrânea e constitui uma alternativa altamente competitiva para o escoamento das exportações brasileiras, tanto para a União Europeia, como para os países do Golfo Pérsico. Casablanca, por sua vez, é um hub aéreo, que conecta dezenas de capitais africanas ao resto do mundo. Aliás, a Royal Air Maroc já anunciou sua intenção de retomar, neste ano, a conexão aérea Casablanca/São Paulo. Isso, junto com a também anunciada abertura de um escritório do ONMT, Agência Marroquina de Turismo, que certamente incrementará o fluxo turístico que já é muito grande entre esses dois países.
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Essas são, enfim, apenas algumas das possíveis interfaces de cooperação entre os nossos países. Há inúmeras outras frentes possíveis para atuação conjunta nas áreas tecnológica, científica, por exemplo, assim como busca de soluções para promover uma economia ambientalmente sustentável.
Este grupo está, naturalmente, aberto para explorar essas diversas frentes, sempre no sentido do aprofundamento das relações com foco nas convergências dos nossos interesses. Em todas essas frentes, a sinergia que pode porvir da cooperação interparlamentar é um elemento fundamental, não só porque é aqui, no Parlamento, que os grandes interesses nacionais se exprimem, mas também é aqui que se defendem as grandes linhas normativas que garantem a segurança jurídica, indispensáveis para que as relações prosperem.
O nosso Grupo Parlamentar Brasil-Marrocos, portanto, está imbuído de uma missão estratégica para os nossos dois países. Já contamos com número expressivo de adesões de Senadores e Senadoras e que esperamos ainda venha a aumentar. E isso reforça a minha percepção de que este grupo, com sua ampla representatividade, está à altura da missão que assume.
Desejo, enfim, que essa retomada do grupo, na atual Legislatura, corresponda a um renascimento e que tenhamos, ao longo dos próximos anos, uma efetiva e profícua atuação para o bem dos nossos dois países amigos.
Sras. e Srs. Senadores, meu querido Nabil, eu quero, mais uma vez, reforçar a honra e a responsabilidade que assumo aqui de poder ajudar, com a minha pequena capacidade de trabalhar, para que as relações dos nossos países se tornem cada vez mais fortes, mais pujantes e que venham a trazer cada vez mais bem-estar para os nossos dois povos.
Muito obrigado a todos os Senadores e Senadoras.
E, antes de encerrar esta reunião, eu proponho a dispensa da leitura ata, que seguirá para publicação com o resultado da reunião.
Os Parlamentares que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro encerrada esta reunião.
Uma boa tarde.
(Iniciada às 14 horas e 30 minutos, a reunião é encerrada às 15 horas e 07 minutos.)