Notas Taquigráficas
Horário | Texto com revisão |
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R | O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fala da Presidência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 13ª Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, criada pelo Requerimento do Congresso Nacional nº 1, de 2023, para investigar os atos de ação e omissão ocorridos em 8 de janeiro de 2023, nas sedes dos três Poderes da República, em Brasília. A presente reunião destina-se ao depoimento do Sr. Walter Delgatti Neto, Requerimento 1.422, de 2023, convocado na condição de testemunha. Solicito que o Sr. Walter Delgatti Neto seja conduzido à mesa. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Pela ordem, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não, Deputada. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Pela ordem.) - Apenas para o registro a esta Comissão de que hoje é seu aniversário. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Ah, muito gentil! A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Nós precisamos congratular pelo seu aniversário. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado. Muito obrigado, Deputada Jandira Feghali. (Palmas.) O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Presidente, ela prometeu puxar os parabéns... A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Quero desejar felicidades! Podemos puxar. O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - ... mas a especialista, a cantora da Casa... A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - É a Eliziane. O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - ... é a nossa ilustre Relatora. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA. Pela ordem.) - Presidente... Questão de ordem, Sr. Presidente, só para registrar felicitações... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Obrigado, Deputado. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - ... parabéns pela seriedade, pela forma como tem evoluído os trabalhos aqui na Casa e pela forma como tem tratado a todos aqui. Muito obrigado. Parabéns e muitos anos de vida! O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado Duarte. Muito obrigado. É uma honra. (Procede-se à execução da música Parabéns pra Você.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Meu Deus! O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Chega de amenidades. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Presidente Arthur, Presidente Arthur... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não, Pastor. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP. Pela ordem.) - Só queria desejar ao senhor um feliz aniversário, desejar também que Deus lhe dê aquele presente que o dinheiro não pode comprar, que é a paz, a saúde, a família, e lembrar um versículo bíblico que diz que os passos de um bom homem são pelo Senhor confirmados. Parabéns, Presidente. Deus o abençoe. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Amém. Obrigado, Pastor. Muito boas as suas palavras. Muito obrigado. Muito obrigado. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - Se V. Exa. permitir o Pastor fazer uma oração... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - ... em homenagem ao seu aniversário... O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Podemos? O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Podemos. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Eu queria convidar os Deputados para fazermos uma oração pela vida do Presidente Arthur: "Senhor, nós te agradecemos pela vida do Presidente Arthur, que tem sido para nós aqui como um timoneiro que nos guia, que tem sido, oh, Deus, como um capitão no meio de um mar bravio, tentando salvar a sua embarcação. Que o Senhor dê a ele paz, saúde, tranquilidade, proteja a sua família, levante uma muralha de fogo ao redor dele e o torne invisível aos olhos de toda seta maligna, dê a ele saúde hoje e sempre. Em nome de Jesus nós te abençoamos. Amém". (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Obrigado, Pastor Marco Feliciano. Muito obrigado mesmo. É uma honra. Muito obrigado a você e a todos. Que Deus abençoe, nesse dia, não só a mim, mas a todos os amigos que estão aqui, Deputados, Deputadas, Senadores, Senadoras, todos os funcionários, a imprensa, todos que estamos aqui. Que Deus nos abençoe. O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA) - Presidente Arthur, a Bahia e os baianos estão em festa. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Oh, Paulo, obrigado, querido. Muito obrigado. Muito obrigado. O SR. CHICO ALENCAR (PSOL - RJ) - Bênçãos, axé, shalom, parabéns, por todos os credos, pelos que não creem em nada também, mas... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Amém. Amém. O SR. CHICO ALENCAR (PSOL - RJ) - ... valorizam a amizade. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Amém, Chico. Amém. Obrigado. Muito obrigado. Muito obrigado mesmo. Vamos então... Eu vou... (Pausa.) Esclarecimentos. A decisão do Ministro Alexandre de Moraes, na Petição 11.626, de 14 de agosto de 2023, determinou que, apresentando à CPI, no dia 17 de agosto de 2023, às 9h, na Ala Nilo Coelho, situado no Anexo II do Senado Federal, na condição de testemunha, tendo o dever legal de se manifestar sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da investigação, assistido por advogados durante a oitiva, podendo comunicar-se com eles, observados os termos regimentais na condução dos trabalhos pela CPMI. Quero dizer também que o Ministro Fachin concedeu também um habeas corpus autorizando o depoente, em querendo, a ficar calado, mas o Dr. Ariovaldo Moreira, meu colega, advogado, já me informou que o depoente pretende, sim, falar a esta CPMI. Então, Sr. Delgatti... (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não. |
R | (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não se preocupe que essa questão do respeito - não só ao Sr. Walter, mas a todos os demais depoentes que aqui estiveram - é uma garantia constitucional e, obviamente, isso diz respeito também à própria conduta individual de cada um dos Parlamentares. Sr. Delgatti, eu quero explicar aqui o procedimento que nós temos utilizado. Inicialmente, será concedida a palavra ao senhor pelo prazo de 15 minutos, para o senhor falar o que desejar. Em seguida, de acordo com a ordem de inscrição, começando pelos autores do requerimento da sua convocação, terão dez minutos para inquiri-lo. Nessa inquisição, os Deputados têm dez minutos, e a resposta do senhor, durante esses dez minutos, conta no tempo dos Parlamentares. Então, ele pode perguntar e, quando o senhor estiver respondendo, ele se dá por satisfeito; a palavra volta para o Deputado ou para o Senador. Ao final da fala de todos, o senhor tem mais cinco minutos para as suas considerações finais, o.k.? Muito obrigado. Eu vou, primeiramente, ler aqui um termo de compromisso, porque o senhor tem que afirmar o termo de compromisso, e, a partir daí, vamos iniciar a nossa reunião. V. Sa. promete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal, dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado? Vê se está ligado ali. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim, prometo. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado. A partir desse momento, V. Sa. está sujeito ao compromisso de dizer a verdade quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal. Nessa oportunidade, esclareço que o art. 4º, inciso II, da Lei 1.579, de 1952, estabelece que "fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito" constitui crime punível com pena de reclusão de dois a quatro anos. Passo a palavra ao depoente pelo prazo de 15 minutos. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Olá, bom dia. Meu nome é Walter Delgatti Neto. Eu estou aqui hoje na qualidade de testemunha. Sobre a minha vida: eu tive uma infância sozinho, eu fui abandonado pelos pais, as mães - pelo pai e pela mãe, no caso. Eu cresci em escola pública, eu não tive ensino médio. Eu comecei depois a faculdade de Direito. E, nessa faculdade, um professor da faculdade era um promotor de Justiça da minha cidade e ele realizou uma busca em minha residência. E, nessa busca, foram encontrados os medicamentos que eu tomo, que são de ansiedade - eu tenho TAG, que é ansiedade generalizada, e o TDAH, que me faz falar rápido e perder o foco. Nisso, houve uma prisão minha por tráfico de drogas, com esses medicamentos, uma prisão totalmente ilegal. Eu não tive audiência de custódia. E, como o promotor era o professor, ele me buscou em sala de aula - a viatura da polícia. Nisso, eu fiquei seis meses preso por tráfico de drogas, num presídio com traficantes e assassinos, sendo que eu nunca usei droga na minha vida - eu não bebo. E fiquei preso como traficante. Saindo de lá, eu perdi amizade, eu perdi namorada, eu perdi tudo, porque eles me viam como traficante em uma cidade pequena. |
R | E eu expliquei: "Não, eu fui inocentado, porque o médico que me prescreveu o medicamento foi até a audiência e falou: 'Não, realmente eu prescrevi'". E o medicamento nem estava na portaria da Anvisa como droga. Então foi uma prisão totalmente ilegal, que foi o Promotor Marcel Zanin Bombardi, ele que foi o pivô de tudo isso. Nisso, na audiência que eu tive, eu verifiquei que o Promotor estava mexendo no Telegram no celular dele, e pensei: a única forma de provar aos amigos, à namorada, a todos que realmente eu era inocente era acessando o Telegram dele - isso foi em 2017. Eu fiquei por volta de dois anos tentando esse acesso ao Telegram. Assim que eu consegui, eu encontrei mensagens comprometedoras do Promotor, e peguei também a agenda dele. E nisso, eu continuei acessando o Telegram até chegar à Lava Jato, e, quando eu vi as conversas da Lava Jato, eu vi que havia uma perseguição com o Presidente Lula e pensei: o mesmo que acontece comigo aqui acontece com ele, e, de forma livre, espontânea, eu dei publicidade às conversas à época, que foi a “vaza jato”. Só um segundo. (Pausa.) Ressaltando que eu não recebi nada em troca por isso. E houve uma investigação, que é a Operação Spoofing, que comprovou que realmente não havia um mandante, que eu não recebi nada por isso. Quebraram o sigilo bancário, quebraram tudo. A investigação chegou ao ponto de grampear a cela em que eu estava, porque, passados seis meses de investigação, e eu preso preventivamente, eles ofereciam a delação premiada e, como eu não ia culpar um inocente, eu não fiz, e grampearam a cela, tudo, e depois essa investigação acabou e virou ação penal, e eu fiquei quatro anos, até a presente data, sem poder acessar a internet e, sem acessar a internet, com duas filhas, sem emprego... Eu estava em Araraquara, saindo da prisão. Eu trabalho com TI, eu não terminei ainda a faculdade de Direito, então eu precisava de internet para poder trabalhar. E, nisso, apareceu a oportunidade da Deputada Carla Zambelli de um encontro com o Bolsonaro, que foi no ano de 2022, nessa campanha, e ele queria que eu autenticasse, autenticasse não, que eu autenticasse a lisura das eleições, as urnas, nesse encontro, e, por ser o Presidente da República, eu acabei indo ao encontro. Isso... Aconteceram diversos fatos que eu vou narrar aqui, pois a minha intenção é colaborar com a investigação, mas lembrando que eu estava desamparado, sem emprego, e ofereceram um emprego a mim, por isso que eu fui até eles. A recompensa em fazer o que eu fiz era a promessa de emprego - apenas isso que eu queria, pois lembrando que eu... sem poder acessar a internet por quatro anos. É uma cautelar que tem uma flagrante ilegalidade por excesso de prazo, porque o juiz até hoje não decidiu. Ele revogou a cautelar há dois meses e a condicionou a eu fazer um relatório mensal sobre tudo o que eu fazia. Esse relatório leva mais tempo que o acesso; então, se eu acessasse cinco horas por dia, eu demoraria seis para fazer o relatório. E, nisso, eu estou preso hoje, porque a PF foi em casa, e eu contei a verdade, eu contei tudo o que aconteceu, eu entreguei as informações, como eu cheguei ao CNJ, tudo, e, por falar isso e entregar tudo, eu estou preso hoje. A minha intenção é contribuir com a sociedade, quanto à Lava Jato e também esse novo evento do CNJ. |
R | E estou à disposição a todas as perguntas. A minha intenção aqui: caso haja respeito nas perguntas, responderei a todas. É isso. (Pausa.) Eu irei respeitá-los, sem dúvidas. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Sr. Delgatti. Inicialmente, a gente passa, primeiro, a palavra para a Relatora. Ela não tem tempo fixo, ela pode usar o tempo que ela desejar. Em seguida, passaremos para os demais inscritos. Por favor, Senadora Eliziane. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Bom dia. Eu queria cumprimentar o Sr. Walter Delgatti, cumprimentar os seus advogados, o nosso Presidente Arthur, colegas Senadoras e Senadores, Deputadas e Deputados. Sr. Walter, primeiramente, eu queria colocar exatamente o que você fez - e a sua defesa, na verdade, solicitou - que foi a questão do respeito mútuo. Desta relatoria e, acredito, deste Parlamento, haverá, na verdade, esse respeito em relação ao senhor. E o objetivo, na verdade, desta Comissão é o aprofundamento da investigação. Então, a nossa torcida e o nosso pedido aqui é que realmente você possa contribuir conosco, nos trazendo as informações, e que esta Comissão também... Até em alusão ao processo legislativo, ao processo legal brasileiro, que a gente possa, na verdade, receber as suas informações e ajudar para que qualquer tipo de outra ação no âmbito da magistratura possa ser justa com o nível da sua contribuição aos trabalhos, no caso específico, aqui, a esta Comissão. O.k.? Eu quero iniciar... Você citou o nome da Carla Zambelli, da Deputada Carla Zambelli, e eu vou iniciar por ela, na verdade, até mudando aqui um pouco a ordem dos nossos questionamentos. Então, eu queria que... Presidente, está meio confuso aqui. (Soa a campainha.) A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - A minha pergunta inicial, Sr. Walter Delgatti, é acerca da sua relação com a Carla Zambelli. Eu queria até colocar aqui no telão... Tem uma postagem que ela fez no Twitter... Eu queria só abrir aqui. Esta postagem data do dia 28/07/2022, em que ela faz referência a um hotel que também é um espaço de eventos, Vilage, em Ribeirão: "[...] com as malas na mão". Aumente mais um pouquinho aí: [...] com as malas na mão. O homem que hackeou 200 autoridades, entre Ministros do executivo e do Judiciário brasileiro. Muita gente deve realmente ficar de cabelo em pé (os que têm) depois desse encontro fortuito. Em breve, novidades. Eu queria que você me falasse dessa fotografia. Que momento foi esse? E, ao mesmo tempo também, nos informe como se deu seu primeiro contato com a Carla Zambelli, como você a conheceu, o que motivou, na verdade, esse seu encontro com a Deputada. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Foi nesta data da foto, em 28/07. Eu estava na cidade de Ribeirão Preto, em um hotel, em que eu fui buscar um amigo meu. E, de repente, eu vi a Deputada Carla Zambelli, eu pedi para tirar uma foto com ela. Eu apresentei quem era eu. Eu falei: "Não, eu sou o Walter Delgatti", tal e tal. E, conversando com ela, ela passou o telefone dela, o celular dela, anotou o meu. E, posteriormente, ela me chamou no WhatsApp, foi apenas isso. Foi realmente um encontro fortuito. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Durante o seu encontro com a Deputada Carla Zambelli, Walter, como se deu a sua relação com ela? - eu digo do ponto de vista de conversa. Você chegou em algum momento a integrar, por exemplo, a equipe de trabalho dela? Chegou a prestar serviços para ela? Chegou a ter, por exemplo, alguma remuneração? Onde você residia, por exemplo, nesse período que você esteve aqui em Brasília? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Só ressaltando que, no hotel, ela estava saindo do hotel. Então foi um encontro bem rápido. Não houve conversas lá e apenas a foto. E, inclusive, ela está com uma mala na mão, ela montou no carro, e acredito eu que ela tenha saído do hotel. E posteriormente ela disse que havia uma oportunidade de emprego a mim - no caso, seria na campanha do Jair Bolsonaro, do ex-Presidente. Eu estive em Brasília e eu falei com o Presidente, e logo em seguida... (Pausa.) Não, é que ela perguntou isso... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Fique à vontade... O SR. WALTER DELGATTI NETO - E, logo em seguida, eu fiquei em Brasília. Eu vim trabalhar na parte de redes sociais do gabinete dela - das redes dela, sociais. Houve pagamentos, sim, porque ela me enviou a senha do site das redes sociais. Só que, logo em seguida, uma decisão do Alexandre de Moraes suspendeu o acesso dela às redes sociais. Por isso é que eu não continuei nesse serviço, acredito eu. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas, nesse período, você chegou a prestar um serviço? Você não chegou a integrar, por exemplo, em nenhum momento a equipe dela de trabalho? O SR. WALTER DELGATTI NETO - A equipe dela, não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Por exemplo, você chegou a participar dos grupos de WhatsApp... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... a conversar com a equipe de assessoria dela? Esse era um serviço que você fazia para ela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, esse serviço eu realizei. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E esse período você... Qual era o tipo de remuneração que você recebia dela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Na verdade, houve na época uma remuneração de R$3 mil, e depois as redes foram suspensas, e, daí em diante, apenas a promessa de emprego mesmo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você chegou... Nesse período, você morou onde? Você chegou... Em algum momento você, por exemplo, esteve residindo ou frequentando, com uma certa intensidade, a residência da Carla Zambelli? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Eu frequentei e logo em seguida eu retornei a Ribeirão Preto e, posteriormente, a São Paulo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas eu digo "frequência" no sentido de morar na casa dela. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu fui diversas vezes na casa dela, mas, de morar, não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Morar de dormir, de ter uma convivência mais frequente e familiar? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não. Certo. Falando aqui acerca dessas reuniões, no dia 9 de agosto o senhor teve essa primeira reunião ao chegar aqui em Brasília, não é isso? E essa reunião você teve na sede do PL. Na reunião... Aí você me corrija se eu estiver errada, e eu queria que você, na verdade, me desse detalhes dessa reunião. Eu tenho a informação de que, na reunião, o senhor esteve com o advogado Ariovaldo, que está aqui, inclusive; o Presidente do PL, Valdemar Costa Neto - isso na reunião que ocorreu um pouco mais cedo, do dia 9 de agosto. Quem mais estava presente nesta primeira reunião? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Na primeira reunião estávamos a Carla... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E a Carla... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu me esqueci de citar o nome dela - exato. O SR. WALTER DELGATTI NETO - O Presidente do PL, os meus advogados, o irmão da Carla Zambelli que é Deputado também e eu, nessa reunião. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Nessa... Aí você fez, então, a primeira reunião, que foi... O SR. WALTER DELGATTI NETO - E o marido da Carla Zambelli também. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E o marido da Carla. Deixe-me ir anotando aqui. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu havia esquecido, mas o advogado me lembrou. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Me conte mais sobre essa reunião, do que vocês trataram. Nessa primeira reunião, o Duda Lima não participou, o marqueteiro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não participou. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele participou de uma reunião à tarde, às 15 horas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Perfeito. Me conte um pouco dessa primeira reunião. Como se deu? O que vocês trataram nela? O que vocês discutiram nessa reunião? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Nessa primeira reunião, o assunto era bem técnico, até que o Valdemar entrou em contato com o Duda e agendou essa reunião mais tarde com o marqueteiro da campanha, porque o Valdemar fez algumas perguntas, mas a questão era técnica, e o Valdemar acredito que não tenha um conhecimento técnico sobre isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, foi uma reunião, digamos, preliminar? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, preliminar. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E, na sequência, foi então feito contato com o marqueteiro Duda Lima? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Durante a reunião, o Valdemar entrou em contato com o marqueteiro, inclusive em viva voz, falou com ele, e ele disse que às 15 horas iria comparecer ao PL. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pronto. Aí você então volta às 15 horas. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Só que, nesse meio tempo, o advogado teve um conflito, algum desentendimento com a Deputada Carla Zambelli, e apenas eu fiquei. Os advogados foram embora. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você diz o advogado que está aqui, inclusive, com você. E esse conflito se deu por quê? O SR. WALTER DELGATTI NETO - No momento do conflito, eu estava no banheiro. E, quando eu retornei, estava no fim do conflito. Então, eu não participei do conflito. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, nesse momento, o advogado sai e não participa mais da reunião da tarde. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pronto. Na reunião da tarde, qual foi a proposta que foi apresentada? E aí eu lhe pergunto de uma forma mais direta: a ideia de você participar, por exemplo, como garoto propaganda da campanha do Bolsonaro, do então candidato naquele momento, saiu desta segunda reunião? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, saiu. O Duda, que era o marqueteiro, inicialmente disse que o ideal seria eu fazer uma entrevista, participar de uma entrevista com a esquerda e, de forma espontânea, falar sobre as urnas. Essa era a ideia inicial. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Falar sobre o quê? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Falar que as urnas eram... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Da fragilidade das urnas. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Da fragilidade das urnas. Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja, a proposta... O SR. WALTER DELGATTI NETO - A inicial... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Essa foi a proposta inicial? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. E não ocorreu porque o meu encontro saiu na mídia e, por esse motivo, eles cancelaram isso. E a segunda ideia era, no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna, emprestada da OAB, eu acredito, para que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Qual seria a ideia do apertar? Seria apertar o número... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Porque é assim, o código-fonte da urna, eu faria o meu, não o do TSE, só mostrando que... Exemplo: a população vendo que é possível apertar um voto e imprimir outro. Era essa a ideia. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Seria uma ação... Essa proposta, na verdade, que foi apresentada, do ponto de vista da realidade, seria uma proposta fake ou seria algo que eles te propuseram de fato? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Propuseram. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - "Você, de posse do código-fonte, você vai mostrar para a gente que há vulnerabilidade, que vamos colocar o número, por exemplo, do candidato Bolsonaro e, de repente, vai aparecer o número do candidato Lula". O SR. WALTER DELGATTI NETO - Falando de forma técnica, quem tem acesso ao código-fonte antes de compilá-lo é possível inserir linhas que façam com o quê? O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Eu ouço mal, não é que você está falando errado, eu ouço mal mesmo. Quem acessar o código-fonte antes de...? (Intervenções fora do microfone.) A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Compilar. O SR. WALTER DELGATTI NETO - O código-fonte é o código em si, é o código aberto e que, depois, tem diversos arquivos e, compilado, ele vira apenas um, que é o que estava na urna. E quem tem acesso ao código-fonte antes de compilá-lo consegue inserir linhas que façam com que seja apertado um voto e o resultado seja outro. |
R | (Intervenção fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - Lembrando que o código-fonte, a pessoa que manipula ele, ela tem... Por exemplo, o código-fonte obedece a quem está criando ele. Então, eu posso criá-lo com a ideia de, assim que compilado, ser inserido um voto e sair outro. Então, eles queriam que eu fizesse um código-fonte meu, não o oficial do TSE, e nesse código-fonte eu inserisse essas linhas que eles chamam de código malicioso, porque ele tem como finalidade enganar, como finalidade colocar dúvidas na eleição. Então, eu criaria um código meu, a ideia do Duda... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja, não seria um código-fonte... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Do TSE, não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... do TSE, seria alguma coisa manipulada, fake, sua. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, feita exatamente para mostrar... A ideia dele era a seguinte: era falar que a urna, se manipulada, sairia um outro resultado. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, para que fique mais claro, até para que a gente possa compreender, seria uma urna que, num vídeo, numa apresentação publicitária, você pegaria, mas você teria um código-fonte manipulado e criado por você. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Um código-fonte fake, no caso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Fake, um código-fonte fake criado por você, onde você faria uma manipulação e uma apresentação fake, digamos assim? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, e essa apresentação iria explicar à sociedade, a quem estivesse lá no dia 7 de setembro, que era possível aquela urna que eles veem na eleição imprimir um outro voto. Então, a ideia era essa. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você disse que você poderia ser esse garoto propaganda... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... fazer essa manipulação fake, mas a matéria - uma matéria que saiu, inclusive, na revista Veja, dois ou três dias... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... depois - inviabilizou que essas duas ações ocorressem, é isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Fossem concluídas, sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pronto. Depois dessa reunião do dia 9, que aconteceu na sede do PL - aí com a presença, inclusive, do Duda Lima -, você teve, no dia 10, uma outra reunião. Agora, essa reunião você teve no Palácio da Alvorada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Nessa reunião... Eu queria que você me falasse também detalhes desta reunião, esta agora, com o então Presidente Bolsonaro. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você sai do local onde você estava. No carro em que você foi levado, a Carla Zambelli veio junto com você? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, veio. Foi. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E aí, então, pegaram a Carla Zambelli, depois te buscaram e, na sequência, foram até o Palácio da Alvorada. No Palácio da Alvorada, na reunião com o então Presidente Bolsonaro, se reuniram o senhor, a Carla Zambelli, o então Presidente Bolsonaro - me corrija se estiver errada - e o ajudante de ordens Mauro Cid... O SR. WALTER DELGATTI NETO - E o General Marcelo Campos. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E o Marcelo Campos. E o Marcelo Campos. Me conta um pouco dessa reunião. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Nessa reunião, a ideia era falar sobre as urnas... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Falar? O SR. WALTER DELGATTI NETO - ... sobre as urnas e sobre a eleição, e sobre a lisura das urnas. E a conversa foi bem técnica, até que o Presidente me disse, falou assim: "Olha, a parte técnica eu não entendo, então, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa, e lá, com os técnicos, você explica tudo isso". A conversa se resumiu nisso. E também, ele pediu que eu fizesse o que o Duda havia dito sobre o dia 7 de setembro. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E o senhor disse para ele que poderia fazer? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu disse que sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E aí ele não compreendeu... E, neste momento, quem ele chama para levá-lo ao Ministério da Defesa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele chama o General Marcelo Campos. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O General Marcelo. O SR. WALTER DELGATTI NETO - E ele fala: "Olha, eu preciso que você o leve até o Ministério da Defesa". Ele contrariou. Ele disse: "Não, mas lá é complicado". E o Bolsonaro disse: "Não, isso é uma ordem minha. Cumpra". Nisso, o Presidente e a Deputada... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Quem falou, que disse que lá era complicado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O General Marcelo Campos. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O Campos falou? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Ele disse que era complicado, nisso o Presidente disse que era uma ordem dele e eu fui levado até o Ministério pela porta do fundo. É um portão grande, atrás. Eu entrei com o carro lá e já desci no elevador. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. Então você foi com o General Campos até o Ministério da Defesa. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você tem noção de mais ou menos quanto tempo você ficou conversando ali com o ex-Presidente Bolsonaro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Por volta de 1 hora e meia, 2 horas, no máximo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Nessa conversa, o que mais ocorreu, além, especificamente, da... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Na verdade, eu tomei o café da manhã com ele e a conversa foi esta: ele me disse que eu estaria salvando o Brasil, que era a liberdade do povo em risco, que eu precisava ajudá-lo a garantir a lisura das eleições. E ele contou que em 2018 ele teve acesso a um inquérito da PF. Nesse inquérito, uma pessoa teve acesso ao TSE, ao código-fonte, o que poderia ter manipulado. E, nisso, essa conversa foi evoluindo e chegou à parte técnica. E o Presidente disse: "Olha, da parte técnica eu não entendo nada, então eu preciso que você vá até o Ministério da Defesa e converse com os técnicos". Foi isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você nesse momento colocou, por exemplo, a possibilidade de você ser punido, ser preso por isso? Você recebeu deles algum tipo de garantia de proteção? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, recebi e, inclusive... (Pausa.) Inclusive, a ideia ali era que eu receberia um indulto do Presidente. Ele havia concedido um indulto a um Deputado, um Deputado Federal, e, como eu estava com o processo da Spoofing, à época, e com as cautelares que me proibiram de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto, e foi oferecido no dia. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Desse... (Pausa.) Uma pergunta aqui que a minha consultora traz: do ponto de vista do nome do General, é Marcelo Campos ou Marcelo Câmara? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Desculpe, é Marcelo Câmara. Marcelo Câmara. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Marcelo Câmara. General Câmara, não é? O SR. WALTER DELGATTI NETO - É o Câmara. Peço desculpas. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não, que isso. Ótimo! Voltando aqui especificamente: então, neste momento, o então Presidente Bolsonaro lhe assegurou um indulto, caso fosse preso pelas ações referentes à urna eletrônica? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Nesse encontro ele assegurou esse indulto e, futuramente, no segundo encontro, ele fez uma outra... ele assegurou outra coisa, mas, nesse encontro, ele assegurou apenas o indulto. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Tá, a gente vai já falar desse outro encontro, desse outro contato com o ex-Presidente. Agora vamos falar sobre esse seu momento em relação ao Ministério da Defesa. Quantas vezes você foi ao Ministério da Defesa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Quatro vezes. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você esteve lá quatro... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu estive uma, retornei na semana duas vezes e, na segunda semana, mais duas vezes. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então você foi... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Cinco vezes ao todo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Cinco vezes. Nessas vezes em que você ia lá, você conversava com o pessoal da TI, mais dessa parte da informática? Como é que funciona? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu falei com o Ministro Nogueira, o Paulo Sérgio Nogueira, e também com o pessoal da TI. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Com Paulo Sérgio Nogueira e com o pessoal... |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Que integra a equipe de TI. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... da tecnologia. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Isso. E, nessas conversas e nessas várias idas até ao Ministério da Defesa, você construiu o quê? Nós tivemos depois, Walter, um relatório que foi apresentado, inclusive, e foi encaminhado até no TSE das Forças Armadas. Nesse relatório específico, você teve participação na elaboração desse relatório? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Olha, a ideia inicial era que eu inspecionasse o código-fonte, só que eles explicaram que o código-fonte ficava somente no TSE e apenas servidores do Ministério da Defesa teriam acesso a esse código. Então, eles iam até o TSE e me repassavam o que eles viam, porque eles não tinham acesso à internet, eles não podiam levar uma parte do código; eles acabavam decorando um pedaço do código e me repassando. E, nisso, eu dei orientações, exemplo, de que a urna, se desligada da tomada e ligada novamente, pode... Tem um algoritmo lá e o algoritmo pode decidir por ficar normal, nesse caso, se ela fosse manipulada, o peso dela, a mudança de local, as pessoas que votam, a digital delas, porque ela pode reconhecer que a digital é de uma pessoa que está testando a urna e não votando... Então, tudo isso que eu repassei a eles consta no relatório que foi entregue ao TSE. Eu posso dizer hoje que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse, não tem nada menos e nada mais. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja, esse relatório, com que eu estou aqui, que veio do Ministério da Defesa e foi encaminhado ao TSE, você teve conhecimento dele, leu e viu que foi fruto da sua orientação. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu apenas não digitei, mas fui eu quem o fez, porque tudo que consta nele foi orientado por mim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Muito grave. Ou seja, esse relatório foi construído, foi orientado, foi elaborado pelo Walter Delgatti. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Lembrando que os servidores do ministério cursaram a faculdade de TI, são professores, são tudo, então eles aprenderam o caminho correto. Eu, que não tive o curso, nada, aprendi errando. Então, é muito mais fácil eu verificar ali alguma porta aberta ou alguma vulnerabilidade do que eles, que aprenderam o caminho correto. Por esse motivo, tudo o que consta no relatório foi eu quem disse lá em reuniões. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pronto. Walter, neste momento de conversas com o Ministério da Defesa, você teve contato com alguém ligado por nome de Jesus, que era um assessor ligado ao então Comandante do Exército Brasileiro, que era o Freire Gomes. Você se lembra desses contatos? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu tive contato apenas pelo WhatsApp; pessoalmente, não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. E esse seu contato com esse assessor como se dava? Você tratava com ele sobre o quê? Sobre esse relatório? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Esse relatório e outros, porque à época havia relatórios de um argentino que fez uma live, um relatório e também outros relatórios que pegavam o resultado da eleição que estava no site do TSE e faziam relatórios. Ele me enviava e pedia que eu autenticasse, só que com dados que estavam no TSE, porque o relatório pega o banco de dados e, a partir do banco de dados, cria o relatório. A ideia dele era que eu fosse no relatório, fosse até o site e confirmasse se realmente aquele dado que estava no relatório constava no site do TSE. Então, por diversas vezes eu realizei essa autenticação de relatório a ele. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O Jesus trabalhava nessa área mais de tecnologia? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele é do Alto Comando do Exército. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O Jesus? O SR. WALTER DELGATTI NETO - É. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O assessor... Que era o assessor do Freire Gomes? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu não sei se ele era assessor, mas ele fazia o meio-campo entre mim e o General Freire Gomes. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele estava nos acampamentos? Ele te passava vídeos, alguma informação do acampamento? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, ele enviava vídeos do acampamento de pessoas rezando, de pessoas chorando. Ele enviava algumas matérias que saíam à época, alguns vídeos. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Por que ele te enviava esses vídeos? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Porque se acabou criando um vínculo de amizade entre mim e ele. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas não era para uma missão, digamos, para você fazer algo referente a esses vídeos. Era apenas um informe do que estava acontecendo nos acampamentos. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. E ele dizia também que iria ter uma ruptura, uma intervenção. Ele dizia: "Olha, será amanhã", e eu ficava com medo. Então a conversa era isso. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Com o Coronel... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Com o Jesus. Com o Jesus, que era assessor do ex-Comandante... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Que fazia o meio-campo entre o Freire Gomes. Ele dizia: "não...". (Intervenção fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, com o Freire Gomes não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E ele falou que, com o Jesus - ele falou agora há pouco -, apenas por telefone recebia essas informações. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Por telefone. E por ligação também, ligação do WhatsApp. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. Tem mais alguma coisa para falar sobre a sua conversa com o Jesus? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, somente isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Walter, eu queria que você me explicasse... A revista Veja, inclusive, fez uma matéria ampla sobre isso, sobre o encontro que você teve com o... O encontro em que você foi chamado para um posto de gasolina, o nome do posto de gasolina eu tenho aqui, seria o posto de gasolina Frango Assado. Eu queria que você me explicasse um pouquinho como se deu isso, como foi essa logística. De que forma você foi chamado para estar lá? Me conta como tudo isso aconteceu. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Era... Eu não me recordo do dia. Eu estava em casa, em Ribeirão Preto, pela manhã, quando a Deputada Carla Zambelli entrou em contato comigo e disse que o motorista iria me encontrar, ou melhor, iria me buscar, que eu teria um encontro com ela e que era um assunto urgente, então era um assunto que teria que ser tratado naquele dia. Eu estava em Ribeirão Preto e chegou o motorista. Nisso, eu não sabia onde seria o encontro. Ele pegou a rodovia, a Anhanguera, e foi até esse posto, que era próximo a uma cidade em que a Deputada estava realizando campanha. E, nesse encontro, a Deputada... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você já conhecia o motorista? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Esse motorista, não. Não o conhecia. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você teve medo quando... Você teve medo quando você teve que entrar no carro com ele e ir até esse local? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu tive um pouco, mas não tanto, porque eu confiava bastante na Deputada Carla Zambelli. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Perfeito. Então, você segue até esse posto... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Até esse posto e, nisso, eu tenho um contato com a Deputada. E nesse contato... Foi quando ela pegou o celular que estava com ela, e, no celular dela, ela enviou mensagem a alguém, e o Presidente da República entrou em contato comigo. E, nesse contato, ele disse que eles haviam... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Antes de falar do contato, ela pegou um telefone novo ou era o telefone dela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, era um telefone aparentemente novo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O chip ou o aparelho? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Era um chip e um aparelho. Ela inseriu um chip, acredito eu que fosse um celular novo. Novo que eu digo é que nunca foi usado. Era um celular que foi usado apenas naquele encontro, ou apenas naquele encontro... E, nisso, eu falei com o Presidente da República e, segundo ele, eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do Ministro Alexandre de Moraes. Segundo ele, esse grampo foi realizado já, teria conversas comprometedoras do Ministro e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo, lembrando que à época, eu era o hacker da Lava Jato, não é? Então seria difícil a esquerda, a esquerda... |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Questionar? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, questionar essa autoria, porque, lá atrás, eu havia assumido, a "vaza jato" realmente fui eu, e eles apoiaram. Então a ideia seria o quê? O garoto da esquerda assumir esse grampo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você está me dizendo que o ex-Presidente da República, naquele momento, no telefone, que a Carla Zambelli lhe passa em mão, lhe propõe você assumir um grampo do Ministro do Supremo Tribunal Federal... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... Alexandre de Moraes, e, segundo ele, um grampo que já havia sido feito. O SR. WALTER DELGATTI NETO - É. Ele disse, no telefonema, que esse grampo fora realizado por agentes de outro país. Ele me disse. Não sei se é verdade, se realmente aconteceu o grampo, porque eu não tive acesso a ele. E disse que, em troca, eu teria o prometido induto. E ele ainda disse assim: "Olha: se caso alguém te prender, eu mando prender o juiz", ele usou essa frase. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não, eu não entendi. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele disse assim: "Fique tranquilo. Se acaso algum juiz te prender, eu mando prender o juiz". E deu risada. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele mandaria prender o juiz que, porventura, o prendesse? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, porque esse grampo seria suficiente para alguma ação contra o Ministro e as eleições seriam refeitas, não é? A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você então... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ou melhor, que as eleições fossem feitas com a urna que imprimisse o voto. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E você concordou em assumir? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu concordei, porque era uma proposta de Presidente da República. Ficaria até difícil falar "não" àquela... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu queria até fazer um recorte sobre essa questão do grampo. Nesse momento, ele fez referência a pessoas não do Brasil, mas de fora do Brasil, que teriam já grampeado... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... o Ministro Alexandre de Moraes naquele momento. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - A imprensa brasileira deu uma... noticiou... Acho que até o Senador deve estar aqui, e aí, talvez até depois, ele possa falar, mas na matéria que é colocada pela imprensa, a matéria do jornal... (Pausa.) Não, não, este aqui é do... Não, este aqui não é da Veja, não. Eu já falo aqui o nome do jornal. Não consta aqui, mas já, já minha assessoria me traz aqui. Está aqui, o jornal O Globo. O Senador, naquele momento, afirma que "este grampo teria sido...", o Senador Marcos do Val, que deve estar por aqui - talvez, daqui a pouco, ele possa falar. A matéria diz que, segundo o Senador, equipamentos do Gabinete de Segurança Institucional, portanto, do GSI, seriam usados para gravar conversas com o Ministro. O senhor lembra se, nessa conversa, o então Presidente teria falado GSI, ou não teria falado, teria falado apenas essas pessoas de outros países? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu me recordo de que ele disse apenas agentes de outro país. Ele não falou sobre GSI ou sobre o Senador Marcos do Val. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, nesse momento, o senhor assume a responsabilidade, o senhor assume que você poderia assumir a responsabilidade desse grampo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu assumo e, por medo, retornando à minha residência, eu entrei em contato com o jornalista Reynaldo Turollo, da Veja, e contei isso a ele. Ele gravou a ligação e registrou em cartório tudo que fora falado à época. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você fez então esse registro com ele? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu fiz. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. Além dessa conversa... Isso se deu dentro do carro ou vocês estavam sentados em algum local? O SR. WALTER DELGATTI NETO - A gente estava sentado no McDonald's. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Era a lanchonete. O segurança, e o motorista, e o irmão da Carla ficaram lá fora, e apenas a Carla e eu ficamos lá dentro. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Depois desta conversa... (Intervenção fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, o Presidente estava em ligação. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Depois desta conversa com o Presidente, o que mais vocês trataram, além da questão de grampear, de assumir o grampo do Ministro Alexandre de Moraes? Teve alguma coisa referente, por exemplo, à invasão ao CNJ, ao site do CNJ? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Após isso, a Deputada me disse que eu precisava invadir algum sistema de Justiça, ou o TSE em si, ou alguma invasão que mostrasse a fragilidade do sistema de Justiça. Dizendo que seria uma ordem também do Presidente, porém apenas a Deputada me disse isso. Eu não ouvi isso do Presidente. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você se comprometeu com ela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Me comprometi. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E fez a invasão, depois, no CNJ? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, fiz a invasão do CNJ e, também, a partir do CNJ, de todos os tribunais do país. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - De todos? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Os tribunais do país. Inclusive, isso consta em inquérito policial. Eu tive acesso a todos os processos, a todas as senhas, de todos os juízes e servidores, e fiquei por quatro meses na intranet da Justiça brasileira. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Você ficou por quatro meses na intranet do CNJ e de vários outros... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Do CNJ, de todos os tribunais, inclusive do TSE. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Nessa invasão que você fez, você implantou o mandado de prisão contra o ex-Ministro Alexandre de Moraes, também teve a quebra do sigilo bancário do Ministro Alexandre de Moraes... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E também a quebra dos bens? E também teve 11 alvarás de soltura? É isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, os alvarás, não fui eu. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Esses 11 alvarás eu só vi na imprensa. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Inclusive, eu expedi o mandado de prisão no dia 5 e, no dia 6, alguma pessoa foi lá e emitiu 11 alvarás de soltura correndo, porque viu que eles iriam... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ah, então esses 11 alvarás de soltura, não foi você? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não fui eu. Inclusive, o delegado da investigação garante que não fui eu. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja... Mas também foi outra invasão? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não sei, eu não tenho acesso a isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. Qual o motivo, Walter, desses mandados que você, na verdade... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Do mandado e da quebra do sigilo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Seria o quê? Qual a motivação disso? Me explique. Seria desmoralizar o... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, porque à época o Ministro dizia que era inviolável, que tinha aquela segurança. Então, uma forma de mostrar a fragilidade seria o quê? Eu invadindo e despachando, como se fosse o Ministro, com o token dele, a assinatura dele, um mandado de prisão contra ele mesmo. Inclusive, no final, eu falo: "Publique-se, intime-se e faça o L". A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - É verdade. O SR. WALTER DELGATTI NETO - É uma coisa até engraçada, porque o sistema inviolável, uma pessoa sozinha conseguiu invadi-lo e emitiu uma prisão, como se fosse o Ministro prendendo ele mesmo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Agora, sobre essa minuta, esse texto desse mandado de prisão. Quem fez? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Fui eu. A Deputada me enviou um texto pronto, eu corrigi alguns erros, contextualizei e publiquei a decisão. Mas quem fez o texto foi a Deputada. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, o texto foi feito por ela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Não, ela me enviou o texto, quem fez eu não sei. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. Mas ela lhe enviou o texto e você fez essa publicação? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - No caso específico dessa invasão do CNJ e dessas que você fez, você recebeu algum pagamento por isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Então, a promessa ali era de emprego. Só que, enquanto eu não tinha esse emprego, eu reclamava, "olha, eu tenho que pagar pensão, tenho que pagar aluguel", e ela me enviou, por diversas vezes, um montante pequeno de dinheiro e de Pix, que constam... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O Renan, o Renan era servidor dela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O Renan, ao que eu sei, era motorista. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele, em algum momento, lhe fez algum pagamento? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, diversos pagamentos. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Esses pagamentos diversos foram em quais valores? O SR. WALTER DELGATTI NETO - De R$5 mil, de 7, mas o total é de R$40 mil. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Esse é... Eu estava lendo aqui a decisão do Ministro Alexandre de Moraes, que, na verdade, assegurou a sua prisão e, nessa petição dele, nessa decisão dele, faz-se referência, por exemplo, a alguns pagamentos. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Por exemplo, o senhor teria oferecido a um funcionário da TIM um pagamento em bitcoin pelo acesso aos dados telefônicos do Ministro Alexandre de Moraes e teria feito uma transferência. A pergunta para o senhor seria esta: essa transferência em bitcoin foi feita e qual o valor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, ela não foi realizada, porque o rapaz da TIM se negou a pegar uma segunda via do chip do Ministro. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele se negou. Então, você não chegou a fazer nenhum pagamento para ele? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, é que, no encontro, a Deputada solicitou que eu invadisse o e-mail do Ministro e, lá atrás, em 2019, eu tinha acessado já o e-mail. Então, eu tinha o e-mail e o telefone de recuperação de senha. Entrei em contato com o rapaz da TIM, só que ele me gravou no dia, sem eu saber, e se negou a pegar a segunda via do chip, porque, à época, o Alexandre de Moraes estava o tempo todo na mídia, mandando prender todo mundo. Então, ele ficou com medo e vazou isso à mídia. Mas eu não efetuei a transferência. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Quando você se propôs, na verdade, a fazer essa transferência, esse valor seria quanto em real? O SR. WALTER DELGATTI NETO - É que, na verdade, não foi tratado sobre bitcoin, foi em valor mesmo, em reais. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ah, seriam R$10 mil? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas esses R$10 mil... Eu li lá que você diz assim: "Fácil, fácil. Consigo fácil, fácil os R$10 mil". O SR. WALTER DELGATTI NETO - Era o valor mínimo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas esse dinheiro seria dado por quem? O SR. WALTER DELGATTI NETO - No encontro, a Deputada me disse que, se precisasse de ferramentas ou comprar alguém, ela teria alguém que financiasse isso. Só que eu não tive acesso de quem era esse financiamento, de quem partiria o financiamento. Ela apenas me disse: "Olhe, precisando de ferramentas, de valores para comprar alguma ferramenta ou comprar algum funcionário, entre em contato comigo que realizaremos esse pagamento". (Pausa.) "Insumos em geral", ela disse. Foi quando eu coloquei um lance pequeno e a pessoa iria aumentá-lo, não é? A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja, ela não deu uma limitação de valores. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - "O valor que for necessário, de fato, a gente resolve." O SR. WALTER DELGATTI NETO - A ideia na época era o quê? Era fazer algo que refizesse as eleições com a urna que saísse o voto impresso também. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja, Walter, essa conversa toda aconteceu no ano passado... O SR. WALTER DELGATTI NETO - No ano passado. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... e agora, mais ou menos, no mês de fevereiro ou março, nós tivemos aí a informação da possibilidade de fato desse grampo. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ou seja, a informação que você tem, então, é que o Ministro Alexandre de Moraes, em algum momento, foi grampeado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A informação que eu tenho é que ele estava grampeado já, que havia o grampo. Agora, eu não sei se seria um futuro grampo e ele estava garantindo já para eu falar "sim" e não falar: "Vamos ver, então, no futuro. Assim que acontecer, eu decido se eu vou assumir a autoria ou não". Eu não tenho essa informação. Eu tenho apenas que, segundo ele, naquela data, havia um grampo concluído. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, não foi lhe solicitado grampear, mas apenas assumir o grampo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Assumir a autoria. Depois a revista Veja ligou esse caso com o caso do Senador Marcos do Val. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu quero... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES. Pela ordem.) - Presidente, pela ordem, quando o senhor puder, como eu fui citado duas vezes... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas eu ainda não terminei... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - O senhor foi citado e terá, oportunamente, direito de falar. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Aliás, eu até quero que o senhor responda mesmo. Aliás, foi uma pergunta que eu até fiz, Senador, que eu acho que é uma contribuição que foi em cima de uma leitura que eu fiz de uma matéria jornalística. Não tem nenhum documento aqui que na verdade respalde. Eu fiz questão de fazer referência a essa publicação e é importante, de fato, que o senhor traga essa informação, porque é muito sério o que se coloca: a utilização de instrumentos do GSI para um possível grampo em relação ao Ministro Alexandre de Moraes. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Bom, então, como a Relatora continuou, deixa eu dar continuidade... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente... Não, não, não. Agora não. Agora não. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - ... porque aí eu acabo... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Agora não. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Aqui tem uma ordem, Senador. V. Exa., oportunamente, eu lhe garanto, terá direito de falar. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu queria, só para deixar aqui, porque ficou uma pequena dúvida em relação à presença da segunda reunião, a participação das pessoas na segunda reunião do dia 9, às 15h... O Valdemar Costa Neto estava nesta segunda reunião? O SR. WALTER DELGATTI NETO - A segunda reunião lá atrás, né? A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Isso. Dia 9. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Estávamos o irmão da Carla Zambelli, o Duda marqueteiro e eu. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, ele não estava na segunda. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Na segunda, não. Apenas na primeira. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele estava só na primeira, que foi no horário da manhã. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Inclusive os advogados aqui presentes estavam juntos na reunião. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Em algum momento, na segunda reunião, já agora com o Presidente Bolsonaro, o então Presidente Bolsonaro, do dia 10, o Mauro Cid, que era o ajudante de ordens, chegou a participar? Ele tinha algum ativismo nessa participação dessa reunião? Ele dava ideias? Ou ele só ficava ali assinando, anotando e fazendo o acompanhamento da reunião? Ele tinha alguma participação mais ativa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele fez apenas o acompanhamento. Ele não participou da reunião. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não opinou em nada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Só depois... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Apenas ouviu... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Após a reunião, o ex-Presidente e a Deputada, eles saíram lá no palácio e eu fiquei lá com o Marcelo Câmara e com o Cid, conversando, mas assuntos estranhos à reunião. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo. Presidente, eu quero finalizar e dizer que o depoimento de hoje é um depoimento muito importante para os trabalhos desta CPMI, bombástico, como o senhor coloca. As informações que são trazidas a esta Comissão são informações absolutamente sérias e são informações que estão em torno do ponto central desta CPMI, que é exatamente o questionamento do resultado eleitoral, a tentativa de emplacar uma vulnerabilidade e a busca de pessoas que já tinham histórico em relação à invasão, para que legitimasse claramente uma narrativa que é incompatível com a realidade em relação ao processo da segurança eleitoral. Eu vejo, Presidente, que nós, a partir de agora, precisamos... E vou apresentar, até para compatibilizar esses dados, a quebra do sigilo telemático das pessoas que fizeram parte dessas reuniões do dia 9 e também do dia 10, até para a gente poder ter os elementos substanciais acerca dessa, dessa... acerca das informações que nós recebemos agora, do depoente Walter Delgatti. Eu queria lhe agradecer pelas suas informações e a sua colaboração, a sua contribuição em relação aos trabalhos desta CPMI. Muito obrigada, Presidente. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Disponha. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Relatora. Eu passo a palavra, por três minutos, para o Senador Marcos do Val, porque ele foi citado. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES. Para explicação pessoal.) - Bom, então, respondendo aqui, eu vou ler uma decisão do STF, no Inquérito 2.332: |
R | A cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a responsabilização penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional, por suas palavras, opiniões e votos, também abrange, sob seu manto protetor, as entrevistas jornalísticas, a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas [...] e as declarações feitas aos meios de comunicação social, eis que tais manifestações - desde que vinculadas ao desempenho do mandato [...]. Então, o que foi dito está no depoimento da Polícia Federal. O que a imprensa disse, para mim, não vale de nada, não tem valor nenhum. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Senador. Sr. Walter Delgatti, eu... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Só, em cima do que o Senador Marcos do Val coloca, então ele não confirma, nem nega e nem confirma, é isso, Senador? O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Isso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - V. Exa. se... Busca, na verdade, o direito... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Da inviolabilidade. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... da inviolabilidade, ser inviolável em relação à posição... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Relatora, é só você buscar com a Polícia Federal o meu depoimento. Está lá, na íntegra. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado. Eu vou passar a palavra para o próximo... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Aliás, eu já quero... Presidente... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - ... orador, que é o primeiro... Pois não. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, até para responder ao Senador, então eu já quero deixar consignada aqui a solicitação deste depoimento que o Senador coloca, para a gente poder fazer uma avaliação mais precisa. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Perfeito, perfeito. Antes de passar a palavra para o primeiro orador inscrito, que agora são os autores do requerimento - o primeiro é o Deputado Rogério Correia -, eu vou quebrar aqui uma praxe, porque eu, como Presidente, sempre gostei de ser o grande mudo, mas eu queria hoje fazer uma única pergunta ao Sr. Delgatti. Antes de falar, entretanto, Dr. Delgatti, eu quero dizer que, assim, como pai - pai de dois jovens -, eu estou olhando aqui para o senhor, assim, com o coração cortado de ver o senhor aqui nessa situação, preso, aqui nesse depoimento, falando de suas dificuldades financeiras - o senhor disse, no começo, que foi abandonado ainda criança pelos seus pais -, porque o senhor é um homem de uma inteligência raríssima. Não nascem pessoas como o senhor toda hora. O senhor pode se dizer que é um gênio, porque é um homem que nunca estudou TI e que vai para o Ministério da Defesa, discute lá com profissionais altamente qualificados, que estudaram, que passaram em concurso para adquirir conhecimento, e o senhor vai lá quase que na condição de professor. Um homem como o senhor certamente era para estar na academia, era para estar no ITA, era para estar em uma universidade, era para estar em uma grande empresa brasileira, dando uma contribuição extraordinária para o Brasil - extraordinária. É uma pena que a vida, às vezes, prejudique um talento natural como o do senhor. É uma pena. Eu realmente olho, assim, como pai, e a posição aqui do senhor corta o meu coração - corta o meu coração. Assim, acho que qualquer pai que tivesse um filho com esse nível de inteligência teria muito orgulho do senhor - eu teria -, pela sua inteligência - pela sua inteligência. Agora, o senhor teve uma vida errante, que o trouxe a essa condição aqui por que o senhor está passando. Eu queria só fazer uma pergunta, uma única pergunta, só para entender, porque eu, diferentemente do senhor, sou quase um analfabeto digital. Então, é só uma pergunta mesmo técnica. Essa questão dessa palavra código-fonte, para mim, é uma coisa que eu, pessoalmente, não faço ideia do que seja. Eu já ouvi falar isso algumas vezes, mas, para mim, eu não entendo o que é isso. Quando o senhor diz assim: "O código-fonte é feito pelos funcionários do TSE", é apenas um código-fonte que é colocado, e esse único código-fonte vai para todas as urnas do Brasil ou podem ser feitos mais de um código-fonte e colocar um determinado código-fonte em algumas urnas e outro em outras urnas? É só essa pergunta, porque realmente é uma curiosidade que eu tenho. |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Vamos lá, o código-fonte é o mesmo em todas as urnas. Assim que instalado, é solicitada a cidade e, assim que é posta a cidade, ele apenas oferece os Deputados de lá, os Vereadores e Prefeitos. E uma analogia simples aqui é que o código-fonte seria como a farinha, o ovo de um bolo, o leite, e o compilado seria o bolo pronto. Quem tem acesso aos ingredientes consegue inserir um veneno lá, e esse bolo fica venenoso. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Como seria possível fazer isso? E em que momento? O SR. WALTER DELGATTI NETO - No momento em que é criado, editado e atualizado o código-fonte. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - No TSE ou quando chega às cidades? O SR. WALTER DELGATTI NETO - No TSE. Nas cidades, não. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Nas cidades, não? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - E, no TSE, é possível fazer isso com algumas urnas e não com outras, por exemplo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, caso haja alguém com más intenções, ele faz esse código em todas as urnas, só que o código funciona apenas em urnas específicas, porque é uma zona maior, que tem mais votos, e ele usa também inteligência artificial e ele pega o resultado da anterior e faz a margem de erro, mais ou menos, naquela região. Então, não seria algo grosseiro, que seria apenas na cidade vai ter 100% dos votos. Não, ele faz algo que soe que seja de verdade, não um algoritmo. Inclusive, o algoritmo é a inteligência artificial, porque ela tem essa inteligência de manipular o voto, caso haja alguém mal-intencionado no TSE. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Entendi. Agora, o senhor não saberia nos responder - eu imagino -, assim, como é o procedimento para operar este trabalho dentro do TSE? Se é uma pessoa sozinha, se são 20, se são 30. O senhor tem ideia de como seja? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eles dizem que são cinco pessoas, mas eu descobri que, até 2018, 2019, era apenas uma pessoa. Eu posso falar aqui o nome da pessoa? O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pode. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Giuseppe Dutra Janino. Em 1998, ele já havia feito um curso de algoritmos. Em 1998, ninguém sabia o que era isso, aqui no Brasil. Ele fez um curso na França, eu levantei isto: que ele fez esse curso na França de algoritmos. Então... E eu achei estranho eles darem tanto poder apenas a uma pessoa, porque outra pessoa no lugar dele, ou até ele, tem o poder de decidir o resultado de uma eleição. Ele vota por 200 milhões de habitantes, caso ele tenha essa má intenção. (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu entendi. Mas, hoje, hoje, isso não é mais feito por uma pessoa só? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Hoje, não. Após aquele inquérito de 2018, esse Giuseppe se aposentou e agora tem mais pessoas. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - O senhor me lembra um personagem de um filme, um filme que é Prenda-me se for capaz, que é uma história real de um sujeito que era um falsário e acaba se transformando em agente da CIA, que foi no cinema interpretado pelo Leonardo DiCaprio. O senhor me lembra essa pessoa aí, e, no fim, ele ajuda os Estados Unidos, ajuda o Governo americano a se defender. Eu espero que o senhor compense o que errou até agora, porque errar é humano, ajudando o Brasil. |
R | Dentro dessa linha, eu queria lhe perguntar uma coisa, para encerrar aqui a minha fala. Como uma pessoa que entende disso tão profundamente como o senhor - está claro que o senhor entende muito disso -, qual sugestão o senhor daria na confecção do código-fonte para futuras eleições? Não que que ache que houve nenhuma fraude, eu quero deixar muito claro aqui que eu me incluo entre aqueles que acreditam na lisura das eleições, mas qual conselho o senhor daria para reforçar a segurança? É apenas um conselho técnico que o senhor... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Na técnica... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Isso. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu vislumbro ali que a única saída seria a urna imprimir o voto. (Palmas.) (Intervenções fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - Seria a única saída, porque nunca se sabe se há pessoas mal-intencionadas na manipulação do código. E, após estudos e análises, eu cheguei à conclusão de que a única saída seria essa. (Intervenções fora do microfone.) (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Então, não seria possível, por exemplo, se a urna imprimir o voto, que haja um voto votado e outro impresso diferente? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, porque a pessoa vota e sai o voto. Ela tem a opção de descartar ou jogar no baú. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Entendi, entendi. Perfeitamente. Muito obrigado. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Presidente, só uma pergunta em cima do que o senhor está colocando. Quando a gente fala, por exemplo, do código-fonte - e você fez, Walter, algumas colocações sobre o código-fonte -, esse código-fonte é exatamente aquele que é apresentado pelo TSE, de uma forma pública, em uma determinada solenidade, e ele é lacrado em frente de todos ali, impedindo qualquer tipo de alteração depois. É exatamente disso que você está falando? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim, é exatamente disso, porque lembrando: eu acredito na lisura das urnas, porém, uma pessoa mal-intencionada lá no TSE, caso haja um dia... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Aí teria que quebrar o lacre, não é isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, mas uma pessoa mal-intencionada lá conseguiria fazer isso, ressaltando aqui que eu acredito na lisura das urnas. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Só para que fique claro: essa alteração teria que ser feita, mas necessariamente teria que quebrar esse lacre que é feito e apresentado pelo TSE naquela solenidade em frente, na verdade, de dezenas ou até centenas de pessoas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exato. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, que isso fique registrado. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Só para comunicar que já estão encerradas as inscrições, porque, todo santo dia, eu tenho que passar aqui, Jandira, o constrangimento de vir alguém: "Mas não dá para me colocar?". Então, eu faço questão de anunciar, até para eu ficar impedido de fazer isso. Tem 35 Srs. Deputados, Deputadas, Senadores e Senadoras inscritos, entre membros e não membros. Passo a palavra ao primeiro orador inscrito depois da Relatora, como autor do requerimento, o Deputado Rogério Correia. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Para interpelar.) - Obrigado, Presidente. Saudar, então, todos os Deputados, Deputadas, Senadores e Senadoras. Saudar também o nosso depoente, os advogados. Presidente, eu vou direto ao assunto. Eu confesso que estou nervoso hoje, diante do que escutei. Eu já vou fazer 32 anos de mandato parlamentar, entre Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal, e nunca estive numa reunião que me deixasse tão nervoso quanto agora, pelo que ele aqui relatou. Nesse sentido, eu queria fazer algumas confirmações, porque, se, de fato, isso for confirmado, nós escapulimos de um golpe de Estado por muito pouco. A primeira pergunta. Eu quero saber tudo em relação ao ex-Presidente Jair Bolsonaro. Vocês tiveram uma conversa técnica, em primeiro lugar. E ele queria saber sobre lisura das urnas? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Isso, exato. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - E ele acreditava que as urnas não tinham capacidade de serem neutras e corretas? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O Presidente duvidava disso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, duvidava. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Foi isso que você conversou tecnicamente com ele? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Ele chegou a insinuar, ou a perguntar, ou a pedir para que você pudesse demonstrar isto, invadindo urnas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, ele ofertou isso a mim. Foi quando eu disse que o código-fonte da urna, hoje, ele fica num computador que não tem acesso à internet. Então, uma invasão de fora seria impossível. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Você explicou isso a ele? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Expliquei isso a ele. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Deve ter ficado triste, não é? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Hã-hã. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Porque, veja bem, o Presidente pede a alguém que faça uma invasão de urna, cometa um crime desse para invadir urna eletrônica e mostrar que ela é falsa. Segunda questão: foi o próprio Presidente da República, no seu encontro pessoal, nessa vez? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso, isso. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - A segunda questão: ele pediu também, nesse encontro - foi o que eu entendi -, que o senhor fizesse uma propaganda eleitoral fake: criasse um código-fonte de uma outra urna, nada a ver com o TSE, pelo que entendi... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Um código-fonte meu, no caso. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Um código-fonte seu. ... e insinuasse que votando "22" daria "13"? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. Ou, então, que realizando 20 votos "22" e 20 votos "13", o "13" teria 30, como um exemplo. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Espalharia mais votos para o Presidente Lula e demonstraria uma farsa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Uma farsa. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Uma fraude eleitoral. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele me explicou à época que a população ouvindo é uma coisa e vendo é outra. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Ah, vendo... É verdade: contra fatos, não há argumento. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Então, o senhor demonstraria isso numa propaganda eleitoral ou no Sete de Setembro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - No Sete de Setembro, isso. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - No Sete de Setembro, onde a gente viu coisas absurdas - no Sete de Setembro. Imagine, Presidente, um hacker que fez o hackeamento na "vaza jato", que demonstrou que aquilo era verdade - gostem ou não, aquilo foi demonstrado, que o que ele fez era verídico -, e ele mostrando uma urna eletrônica na propaganda eleitoral ou no dia Sete de Setembro dizendo que o "22" virava "13". Imagine a convulsão social que isso daria no setor do eleitorado! Olhe o que o Presidente pediu a ele! O SR. WALTER DELGATTI NETO - Porque a população veria o personagem da esquerda fazendo isso, e não um técnico de direita. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - E de alguém que comprovou que realmente conseguiu fazer a invasão, e a "vaza jato" comprovadamente... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. E, à época, o STF havia chancelado o que eu fiz. Então, seria difícil até o TSE ir contra esse ato. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Entendido. Imagine o que seria isso em um processo eleitoral. Isso foi no mês de agosto, ainda em pleno processo eleitoral. Depois, o Presidente, ele mesmo, é que te orientou ir ao Ministério da Defesa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, como eu disse... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Foi o próprio Presidente? O SR. WALTER DELGATTI NETO - ... ele deu uma ordem ao general... Ao coronel, não é? - eu confundi o título. Mas, ao coronel... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O Coronel Marcelo Câmara? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. Ele disse: "É ordem minha", e... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Ficou claro. E eu vou apenas ser rápido para poder concluir. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Meu tempo não é igual ao da Relatora. Então o senhor esteve, a pedido ou por ordem do Presidente Bolsonaro, com o Ministro da Defesa Paulo Sérgio? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - E, de lá, o Ministro fez uma reunião, e depois tiveram mais quatro reuniões para discutir como que se dariam os questionamentos que as Forças Armadas fariam às urnas eletrônicas segundo a concepção do senhor, que acabou sendo, na verdade, o autor disso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Confere. Então, veja bem, o Presidente da República pede para invadir as urnas, pede para fazer uma propaganda eleitoral fake para dar convulsão social, e o leva ao Ministro da Defesa para fazer o questionamento das urnas. E, por fim, eu perguntaria ao senhor a questão do grampo. Então, foi solicitado ao senhor que assumisse uma autoria de grampo? - poderia já estar grampeado ou não, mas que você assumisse. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - E que esse grampo seria feito pelo GSI? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele não falou "GSI". O que ele disse à época, de que eu me recordo, é que seriam agentes de outro país, inclusive eu relatei isso à Veja, e a Veja lincou isso ao Senador Marcos do Val, por ser um Senador que atuava fora do país. (Intervenção fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - Lincou ao Senador Marcos do Val. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O.k. Então, veja os crimes que o ex-Presidente da República cometeu para tentar criar condições impróprias de votação, ou até anular o processo eleitoral. Deputado Cid Gomes, isso é gravíssimo, nunca vi algo desse tipo. Aí eu fiquei pensando: será que isso tem alguma credibilidade sobre os fatos? E aí eu queria relatar um pouco o estudo que fiz disso. Primeiro, eu gostaria até que colocassem as fotos que eu pedi para passar. A relação do senhor com a Carla Zambelli, ter sido contratado por ela e contactado por ela foram verdadeiros, tanto que tem a foto, o Twitter dela própria, que já foi lido pela Senadora, que disse, inclusive, que ninguém ficaria em pé sobre o que viria depois, e ela anuncia então este encontro. Então, essa relação - poderia colocar a foto? - é concreta com a Carla Zambelli. Tem foto, tem tudo, encontrou com ela, e ela realmente fez esse pedido. Essa é a primeira questão que eu coloco como credibilidade. A segunda questão: o encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada também foi verídico. Nós vamos ver ali, tem fotos da revista Veja com os horários - não é essa -, fotos da revista Veja com os horários. E, depois, a Carla Zambelli havia negado - pode deixar as fotos, porque não é essa não -, tinha negado as fotos a Carla Zambelli, mas, depois que apareceram as fotos com a revista Veja publicando inclusive os horários em que o senhor saiu do hotel, esteve no Palácio e saiu do Palácio, a própria Carla Zambelli disse que realmente ele esteve com o Presidente da República. Então, vejam bem, que ele esteve com o Presidente da República é fato, não é ilação, é fato. Ele esteve! Depois, o encontro no frango assado, o telefonema. Pode-se dizer: "Ah, isso é invenção". Nem o repórter, na época, acreditou. O repórter da Veja - eu passo esse logo em seguida -, o repórter da Veja, então, simplesmente disse o seguinte: "Eu não acredito nisso, não vou publicar, mas eu vou ao cartório registrar". Presidente, eu fui lá no cartório, pedi que fossem ao cartório, e eu queria que até mostrasse aqui: esta aqui é a ata que o repórter da Veja, a reportagem da Veja, no Cartório JK, colocou. E ele diz isso aqui mesmo que o Sr. Walter Delgatti colocou, que foi pedido que ele assumisse o grampo. Ele falou isso ao repórter da Veja, que, nesta data, no dia - se eu não me engano, 12 de..., tem que ver a data, viu? -, na data 26 de novembro de 2022, ele foi ao cartório e registrou que realmente o Walter tinha o procurado, Presidente, e falado exatamente que o Presidente da República tinha solicitado que ele grampeasse o Ministro Alexandre de Moraes. As fotos estão aparecendo ali para comprovar tudo - portanto, são verídicos. Esses fatos que eu coloco demonstram que há muita veracidade já comprovada em relação às questões que o Walter aqui colocou. Então, Presidente, é muito grave isso que a gente está vendo aqui. Eu realmente fico impressionado de ver como um Presidente da República pode pedir para se cometerem tantos crimes, querer criar uma convulsão social, uma desconfiança geral nas urnas, completamente, e fazer com que o Brasil não chegasse às eleições, ou, se chegasse, pudesse vir... |
R | Alguns podem dizer: "Não tem nada a ver com o 8 de janeiro". Eu digo que tem tudo a ver com o 8 de janeiro, porque esses tipos de atitude é que foram levando a que um setor da população acreditasse nos absurdos que o ex-Presidente da República colocou. Então, Walter, eu queria te agradecer por ter vindo aqui esclarecer isso. Nós vamos provar isso, a Polícia Federal tem modos. Eu te daria aí um minuto que eu tenho para que você pudesse concluir o que você solicitou. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Tudo bem, é bem rápido. Ontem eu fui depor à Polícia Federal. E lá eu tive acesso à oitiva do motorista e de outras pessoas. E eles confirmaram esse encontro no posto e tudo que eu narrei aqui. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - No posto também? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eles confirmaram à Polícia Federal, o motorista e outras pessoas. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Confirmaram na Polícia Federal? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Confirmaram. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Então imaginem, Srs. e Sras. Deputados e Deputadas, Senadores e Senadoras, isso é o que nós sabemos. Imaginem o que a Polícia Federal está sabendo. Eu não duvido, Presidente, diante de tudo que está acontecendo agora - as contas do Mauro Cid, o telefone do Wassef ontem, quatro telefones deles que foram também confiscados pela Polícia Federal, as prisões de hoje da tal da Festa da Selma -, eu realmente acho que a prisão do ex-Presidente Jair Bolsonaro está próxima, por fatos concretos de tentativa de golpe, corrupção e também pelo que fez durante a pandemia, um verdadeiro genocídio no Brasil. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado. Com a palavra o próximo orador inscrito, Deputado Duarte Jr. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA. Para interpelar.) - Sr. Presidente, bom dia a todos e todas. Walter Delgatti, é com espanto que a sociedade brasileira tem acesso ao seu depoimento. Mas eu quero destacar o início da sua fala, quando o senhor aqui afirma que, no início da sua vida, foi vítima do sistema, por uma prisão, segundo o senhor afirma, ilegal, indevida. Eu pude perceber na sua fala que o senhor buscou esses métodos para limpar a sua imagem perante a sua ex-namorada, perante seus amigos, a sua cidade, a sua família. E aqui o senhor está tendo uma oportunidade única. Hoje é o grande dia, onde todo o país, o mundo está te vendo e assistindo. E o senhor, como todos nós, tem a liberdade de tomar uma decisão e tem duas alternativas: seguir pelo caminho do bem, fazer aquilo que é certo, apesar de ser sacrificante, mas o resultado é gratificante, edifica, ou ir pelo caminho do mal, da clandestinidade. O senhor afirmou que teve contato, teve relação, tomou café da manhã, teve reuniões com o ex-Presidente da República Jair Messias Bolsonaro. E nessa reunião, ele o contratou para fraudar a urna, para fraudar o processo eleitoral. O senhor pode me confirmar essa afirmação? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim, confirmo. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Ele sabia que a urna era o meio adequado para a eleição - não é à toa que ele teve acesso a vários mandatos, muitos deles pela urna eletrônica - e, insatisfeito, ele gostaria de demonstrar para as pessoas que ela poderia ser fraudada. Mas, por não ter conhecimento técnico, como ele mesmo afirmou... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - ... ele esqueceu que a urna é offline. Se é offline, você como hacker, que usa as redes, a internet, não tem como fraudar. Só poderia fraudar se a urna fosse online, mas a urna é offline. Correta essa afirmação? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Correto. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Mas ele, ainda assim, não satisfeito, chamou o ex-Ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira para lhe dar todas as condições, para lhe dar todos os caminhos, para ter contato com os técnicos para que o senhor pudesse, de algum modo, fraudar a urna. Confirma essa informação? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - No caso, fraudar as eleições, não é? O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - As eleições. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Confirma essa informação? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Confirmo. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Quais foram as condições, quais foram os caminhos que o ex-Ministro da Defesa - é irônico - lhe deu para que o senhor pudesse fraudar as eleições? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Inicialmente, foi tudo o que consta no relatório, mas a ideia do Ministro era que eu mostrasse que não é segura, que é vulnerável a urna. Então, o relatório foi feito nesse sentido: de não comprovar a lisura; a fragilidade, no caso. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Perfeito. O senhor montou esse relatório. Mas quais foram as condições? Reuniões dentro do Ministério da Defesa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ah, tá. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Contato com técnico? Contato.. Computador? Internet 5G? O que foi? Quais foram as condições? Dinheiro? Carro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - As condições foram reuniões e contato com o chefe de TI e o pessoal da alta cúpula da TI. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Pode citar nomes? Quem é o chefe da TI? Que alta cúpula? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eles usavam nomes fictícios à época: um era carro, o outro era caminhão, o outro era ônibus, trem. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Morpheus? Neo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - É, nesse sentido. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Certo. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu não tive acesso aos nomes. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Essas reuniões foram dentro do Ministério da Defesa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, dentro do ministério. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Mais ou menos quantas reuniões? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Cinco, ao todo. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Com base nessas reuniões, qual foi o resultado mais efetivo que o senhor conseguiu? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Foi o que consta no relatório: que não há como comprovar que houve fraude e também não há como garantir 100% que as urnas são seguras. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - É verdade que eles tentaram contratá-lo para fazer um filme também fake: colocando 22, apareceria 13? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Esse vídeo foi para o ar? Foi feito algum tipo de ação nesse sentido? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Esse... Isso seria feito no dia 9, ao vivo, e acabou que não foram realizados devido às reportagens da Veja. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Quando o senhor entregou esse relatório, quando o senhor apresentou esse relatório, qual foi a sensação? Qual foi a repercussão? O que o ex-Presidente Jair Bolsonaro disse ao senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Na verdade, eu apresentei o relatório lá no Ministério da Defesa e, depois, eu não tive um contato com o Presidente sobre esse assunto, acerca desse assunto. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Não teve mais qualquer tipo de contato? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Com o Presidente, não. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - E quais foram os outros políticos, Deputados, Senadores? Quais foram os outros tidos como bolsonaristas com que o senhor teve contato com o objetivo de fraudar as eleições, de tirar a credibilidade do processo eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - À época, eu tive apenas com o Presidente, com o Ministro e um contato indireto com o General Freire Gomes... E com a Deputada Carla, que era um contato direto... O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Quando o senhor executava esse plano, o senhor sabia que estava fazendo coisas erradas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu sabia. E lembrando que era uma ordem de Presidente da República, então eu estava... O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Então... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Tanto que eu entrei em contato com a Veja e relatei isso, por medo. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - O seu medo é por saber que está cometendo um crime? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - O seu medo é por ter ciência de que o pedido foi feito para que o senhor fraudasse as eleições, mas, num primeiro momento, teve a coragem, porque quem lhe pediu foi o ex-Presidente da República? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Presidente. E me garantiu o indulto em uma eventual investigação ou eventual denúncia ou processo ou condenação. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Sr. Presidente, isso é gravíssimo! Veja que o pedido para fraudar as eleições foi feito por um Presidente no exercício do seu mandato. No art. 37 da Constituição Federal de 1988, nós aprendemos princípios constitucionais essenciais para o bom funcionamento da administração pública, entre eles o princípio da impessoalidade. Está claro, está provado, não tem mais... Não tem mais o que se fazer, a não ser prender esses criminosos. Esses são os verdadeiros tubarões, que utilizaram a força do mandato, dos seus privilégios, do dinheiro para tentar fazer a sua vontade se sobrepor à vontade popular. Eu faço aqui mais um questionamento... |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Lembrando que eu faço qualquer acareação, caso seja necessário aqui. Estou à disposição. E onde eu moro tem uma gíria sobre isso, porque lá eles falam... O termo correto seria uma carta branca. Ele me deu carta branca para fazer o que eu quisesse, relacionado às urnas. Então, eu poderia, segundo ele, cometer um ilícito que seria... O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Anistiado, ter o indulto. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Anistiado, perdoado. Indultado, no caso. Então... O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Sr. Presidente, diante, inclusive, dessa possibilidade da disponibilidade do Sr. Delgatti, eu gostaria aqui de fazer a convocação, estou requerendo, convocando aqui o ex-Ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, para que ele possa esclarecer esses fatos e essas graves acusações aqui nesta Comissão, e que, neste dia, o Walter Delgatti possa estar presente, possa estar presente para que nós possamos fazer acareação, colocar frente a frente e, de verdade, desvendar o que de fato aconteceu. (Intervenção fora do microfone.) O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - O Senador aqui está pedindo a subscrição do nosso requerimento. (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado. Muito obrigado, Deputado. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Nesse sentido, Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Desculpe, você acabou? (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Perdão, Duarte, eu pensei... Perdão, quando você parou... Me desculpe, me desculpe. (Intervenções fora do microfone.) O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Sr. Presidente, é que os colegas estavam querendo subscrever o nosso requerimento. Sr. Presidente, eu gostaria de, concluindo os nossos questionamentos, agradecer ao Delgatti por vir aqui e falar a verdade. Não tem como você voltar atrás e fazer um novo começo, mas você pode fazer diferente agora e fazer um final diferente, fazer um final melhor, um final feliz para o nosso país. O que está comprovado aqui é que, de fato, a estrutura do nosso país foi utilizada para poder fazer com que o Presidente permanecesse no poder de forma ilegal, de forma ilícita, sem a força do voto popular. Por fim, gostaria de fazer um último questionamento: em algum momento foi pedido, em algum momento o senhor auxiliou no compartilhamento de notícias falsas, fake news, com base nesse relatório, para tentar de algum modo gerar animosidade, fazer com que as pessoas perdessem a fé no processo eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, isso não. Apenas foi solicitado que eu realizasse fake news, mas eu dar publicidade a isso não. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Realizar fake news no que se refere à suposta insegurança do processo eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Então, o senhor consegue confirmar, com base em toda a pesquisa, com base em todo o processo prático, em todo o conhecimento que o senhor obteve, que a urna é segura porque ela trabalha num processo offline, e por não ser online é impossível ela ser de algum modo manipulada, a não ser que tenha algum código-fonte alterado... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - ... o que é impossível ser realizado em razão dos testes antes do seu funcionamento. O senhor pode confirmar isso para mim? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Posso. Até 2018, o código-fonte ficava online, mas após isso ele fica no computador offline em um cofre no TSE, em uma sala-cofre. Então, um ataque de fora hoje seria impossível. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Sr. Presidente, muito obrigado. Agradeço ao Delgatti, agradeço a todos. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, eu queria só, com a permissão de V. Exa... O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Com a palavra, a Relatora. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Eu quero só... Porque é importante, Walter, sobre o Jesus, que eu acho que é uma figura muito fundamental e central... Porque, para além da questão das urnas eletrônicas, ele estava lá também no acampamento, Presidente, que é o nosso ponto principal, o 8 de janeiro. Então, eu queria que você fizesse um esforço, de pelo menos nos dar... Eu queria que você fizesse um esforço, Walter, para você nos passar o nome do Jesus completo, até para a gente poder fazer uma... O SR. WALTER DELGATTI NETO - (Fora do microfone.) ... telefônica entregarei. O advogado entregará. |
R | A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, através da sua defesa, pode nos ajudar em relação a essa informação? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Lembrando que ele sempre falava sobre ruptura, tanto o Presidente quanto o Jesus. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E outra informação, Presidente - é bom até para a gente deixar registrado para o Brasil inteiro -, é que, quando eu falei do ato em relação ao lacre das urnas eletrônicas já com o código-fonte, é um ato amplo, onde há a presença, por exemplo, do Ministério Público, da Polícia Federal, do TCU, da CGU, de todos os partidos políticos, de universidades e de várias outras instituições. Eu fui a representante do Senado Federal em um grande grupo, na verdade, que integrou esse acompanhamento e esse ato, inclusive, de apresentação desse lacre. Depois de lacrada, qualquer urna violada é dispensada, é retirada, exatamente para impedir qualquer tipo de fraude em relação ao processo das urnas. Obrigada, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Com a palavra, a próxima oradora inscrita, a Deputada Jandira Feghali. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Para interpelar.) - Sr. Presidente, cumprimento o depoente, seus advogados. Eu gostaria de abrir aqui, Presidente... Eu fui pegar, na página do TSE, o teste de integridade das urnas. Eu acho que isso precisa ficar bastante registrado e claro aqui. Para além do que disse a Senadora, toda a lisura do processo eleitoral ultrapassa o TSE e envolve mais de uma centena de entidades, incluindo todos os partidos políticos, inclusive o partido do Presidente da República. Então, se havia fraude, o PL participou da fraude. Mas nós temos que partir aqui de algo que é concreto, que é a lisura da urna. O teste de integridade é feito na véspera da eleição, durante a eleição, no dia da eleição e depois da eleição. E, no teste de integridade, inclusive, eles imprimem o voto, e o fizeram com urnas pequenas, de médias e de grandes cidades. Esse voto, no dia da eleição, é impresso nas urnas que estão sendo testadas, e são urnas sorteadas, não são urnas identificadas ou escolhidas pelo TSE, são urnas que são aleatoriamente sorteadas. É impresso o voto dessa urna, para depois comparar com o resultado final. Portanto, não há nenhum risco de a lisura da urna ter sido afetada, porque esse teste é feito na frente, inclusive, de auditoria externa - empresas licitadas para auditoria externa -, na frente de uma centena de entidades, é feito na véspera, e se faz a zerésima, que mostra que não tem nenhum voto na urna, durante a eleição e depois da eleição. O senhor acha possível afetar a lisura de uma urna como essa? O senhor acredita nisso? Depois de todos esses testes, na véspera, durante e pós-eleição? Nós vamos partir de que há má-fé no TSE? Essa é a tese que os bolsonaristas vão assumir aqui: "Está vendo, tinha alguém de má-fé no TSE e fez a fraude da eleição para dar vitória ao Lula"! Você não acha que isso é fantasia demais, não? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Analisando os seus argumentos, sim. Acredito que seja fantasia isso. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Porque não é possível, o próprio hacker, competente hacker, está dizendo que isso seria uma fantasia. É bom registrar aqui, porque senão a tese aqui vai ser: "Ah, tinha um mal-intencionado lulista no TSE que fraudou o código-fonte e levou a vitória a Lula". Por favor, não é? Aqui não tem criança... Aliás, apesar de alguns se comportarem assim aqui, aqui não tem criança nem otário, para poder acreditar numa tese dessa. Segundo, eu queria... Tanto que lhe foi pedido um código falso para fazer fake news na frente da população. É isso ou não? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, isso. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Tá. Segundo, eu queria aqui dizer o seguinte: nós, Senadora Eliziane, não precisamos de mais nada. Depois do depoimento do Walter Delgatti, não precisamos de mais nada para deixar claro quem é o mandante do golpe neste país. Aqui está claro, está provado. Aliás, eu vou ler aqui, eu quero que o senhor me confirme, o relatório da Polícia Federal, do seu depoimento: que o declarante, conforme saiu em reportagem, "encontrou o ex-Presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido de código fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica". É isso? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso, confirmo. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Ou seja, o Presidente da República quer contratar um hacker para simular uma fraude na urna eletrônica e envolve, pasmem, o Ministério da Defesa e o Comandante do Exército. Ele se envolve na tentativa de fraudar uma eleição ou de tentar criar um ambiente em que a fraude da eleição poderia existir. Pasmem. E a Deputada Carla Zambelli, além de pagar pelos serviços, manda subornar, com o dinheiro que fosse, o funcionário da TIM. É um crime atrás do outro, isso é uma quadrilha. É uma quadrilha o que estava no Palácio do Planalto, com a assessoria da Deputada Carla Zambelli. Isso é uma quadrilha. Coloco aqui, olha a ordem de prisão. Olha, isso chega a ser piada, desculpe. Ele determina que todos os inquéritos de censura e perseguição política em curso no Supremo Tribunal Federal para o CNJ... Por isso, diz assim: "Determino, por fim [...]"... Isto é o mandado de prisão: DETERMINO, por fim, a extração integral de cópias e sua imediata remessa para o Inquérito n. 4.874/DF e de todos os inquéritos de censura e perseguição política, em curso no SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL para o CNJ, a fim de que me punam exemplarmente. Diante de todo o exposto, expeça-se o competente mandado de prisão em desfavor de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L. Ora, isso é uma brincadeira. E isso aqui ficar na intranet do CNJ? E, segundo se soube, eram senhas simples, senhas idiotas. O senhor pode até citar qual era a senha do CNJ? O SR. WALTER DELGATTI NETO - A senha root, que é a senha máster, que tem acesso a tudo, era 123mudar, e a segunda senha mais segura era CNJ123. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - É. Então... O SR. WALTER DELGATTI NETO - ... e a terceira, 12345. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - É. Então veja, veja, veja aqui a brincadeira, quer dizer, a tentativa de humilhar o Ministro Alexandre de Moraes, de criar, em torno dele, algo de desmoralização de um Ministro da Suprema Corte brasileira e de fazer disso aqui uma divulgação obviamente nas redes sociais. Quais eram os gritos de guerra no Quartel-General? "Houve fraude na urna", "O sistema é violável", "Houve uma fraude", "O Lula ganhou na fraude", "Bolsonaro que ganhou a eleição". Depois eles começaram a comemorar a prisão de Alexandre Moraes na frente do QG. Faziam comemorações e celebrações aos gritos: "Alexandre de Moraes foi preso!". Isso tudo faz parte de um processo absolutamente claro, de um mandante, que tem um nome: Jair Messias Bolsonaro. O senhor confirmou aqui que o Sr. Bolsonaro falou ao telefone quando o senhor estava na estrada, entre Limeira e uma outra cidade aqui, que o Bolsonaro lhe telefonou por ponte da Sra. Zambelli, por um telefone novo e com chip novo, que ele já havia grampeado o Ministro Alexandre de Moraes, não é isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso, confirmo. |
R | A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Terceiro, eu pergunto o seguinte: qual era a intenção... O próprio Reynaldo Turollo, que é o repórter em quem o senhor teve confiança de passar as informações, disse que a operação parecia uma "operação tabajara". Em respeito às Organizações Tabajara, que eu acho muito divertidas, eu diria o seguinte: por que, no 4 de janeiro, se invade o CNJ? De fato, o senhor acha que não funcionou o que vocês queriam que funcionasse? O que era esperado, depois de o Presidente Lula ter tomado posse, no 4 de janeiro, ter a invasão do CNJ para fazer uma expedição de prisão? Qual era o objetivo disso já em 4 de janeiro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu acredito que a ideia seria anular o resultado da eleição e a posse do Presidente Lula. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Invadindo o CNJ? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Demonstrando a fragilidade do sistema. E a ideia eu acredito que seria uma forma de convencer as pessoas competentes a anularem a eleição. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Só que o senhor não conseguiu invadir o TSE, não é? O senhor é competente, mas não tanto assim para invadir o TSE. O TSE e a urna eletrônica o senhor não conseguiu invadir. Mas o que eu digo aqui é que o que se esperava com essa divulgação era criar mais caos, porque, no 4 de janeiro, a 4 dias do 8 de janeiro, fazer a divulgação da prisão do Ministro Alexandre Moraes e a invasão do CNJ para reforçar a tese da fraude, da violabilidade do sistema de Justiça não tinha outro sentido que não fosse criar mais confusão, mais mobilização para o 8 de janeiro. E a última pergunta que eu lhe faço é o seguinte: o Presidente da República falava em ruptura? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, falava. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Falava como? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele falava que eu precisava fazer isso pela liberdade do povo. Ele tinha aquela manipulação. No final ele falava: "Porque senão o resultado será a ruptura. E será ruim para todos nós". A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Ou seja, a ruptura... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele fazia uma equiparação à Venezuela. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Ou seja, a ruptura era uma fala dele e de mais quem? O senhor disse aqui. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu ouvi dele e do Marcelo Jesus, que é o... A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Não, é Marcelo Jesus o nome dele? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. É Marcelo Jesus. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Do... O SR. WALTER DELGATTI NETO - O advogado encontrou aqui. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Marcelo Jesus, que era do Alto Comando do Exército? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso, que fazia a ponte com o Freire Gomes, que era o chefe. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Que era o Comandante do Exército. Então veja, Presidente, o que nós temos aqui. (Soa a campainha.) A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Olha a gravidade deste depoimento! E agradeço ao senhor por estar falando aqui... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Disponha. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - ... apesar de o Supremo Tribunal Federal ter lhe dado a possibilidade de ficar calado. Olha a gravidade do que se fez aqui. Um Presidente da República que grampeia o Ministro da Suprema Corte ilegalmente, ou seja, um primeiro crime. Segundo, contrata, através da Deputada Carla Zambelli, um hacker para tentar invadir as urnas eletrônicas, coloca, por cinco vezes, esse profissional de TI no Ministério da Defesa - o que envolve diretamente o Ministro Paulo Sérgio Nogueira, o que envolve o Comandante do Exército -, que invade o CNJ, a pedido, inclusive, da Sra. Carla Zambelli, e que recebe dinheiro por isso, além de tentar subornar um funcionário com o dinheiro encaminhado pela Sra. Carla Zambelli. Para mim, já está pronta a prisão do Sr. Jair Bolsonaro. Já tem mais do que motivos para a prisão do Sr. Jair Bolsonaro como o mandante desses crimes todos e o mandante dos atos antidemocráticos e golpistas que ocorreram no Brasil, particularmente a invasão dos Três Poderes, no 8 de janeiro. Obrigada, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem de inscrições, com a palavra o Deputado, também autor do requerimento, Pastor Henrique Vieira. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Bom dia a todos e a todas. Bom dia, Sr. Walter Delgatti. Obrigado por sua participação aqui hoje e por informações tão importantes. |
R | Procurarei ser didático, Sr. Walter, fazendo perguntas bastante diretas e objetivas. Existe um código-fonte que fica sob o controle do TSE? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim, existe. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Obrigado. Essa urna com esse código é publicamente lacrada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Depois que esse lacre é feito, é possível haver fraude no código sem quebrar esse lacre? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Após o lacre, é impossível. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Perfeito. Quando esse lacre é feito, há uma publicidade a isso, inclusive com auditoria externa. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, do Ministério Público e dos partidos. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Do Ministério Público e dos diversos partidos. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Muito obrigado. O senhor conseguiu alterar esse código? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu não tive acesso a ele, porque o código fica no computador offline e seria impossível o acesso a ele. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Seria impossível acessá-lo. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Impossível. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - O senhor, com a sua genialidade e inteligência, conseguiu acessar, por exemplo, o sistema do CNJ, certo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Mas o senhor não conseguiria acessar o código-fonte da urna, uma vez lacrada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. E também o código-fonte, porque ele não tem acesso à internet. Então, se não tem acesso à internet, logo é impossível eu ter acesso a ele. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Muito obrigado por essas informações. O senhor não conseguiu e não conseguiria por ser impossível por esse código ser offline e estar lacrado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Nem eu, nem ninguém. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Nem o senhor... Muito obrigado O SR. WALTER DELGATTI NETO - Nem ninguém. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Nem o senhor... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Nem ninguém. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - ... nem ninguém. Muito obrigado. Agora peço, dentro do possível, Sr. Presidente, silêncio no espaço. Agora eu quero ir em termos de nomes e pediria, dentro do possível, objetividade. (Soa a campainha.) O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Quem pediu para o senhor tentar fraudar esse sistema? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Carla Zambelli, por ordem do Presidente Bolsonaro, do ex-Presidente Bolsonaro. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Quem pediu para o senhor assumir a autoria de um suposto grampo contra o Ministro Alexandre de Moraes? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O Presidente Bolsonaro. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Quem te convidou para fazer propaganda eleitoral para sugerir ao povo uma suposta fraude no sistema eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O marqueteiro Duda e também o Presidente Bolsonaro. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - O.k. Quem te encaminhou ao Ministério da Defesa para elaborar questionamentos ao TSE sobre o sistema de votação? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O então Presidente Bolsonaro. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - O.k. Quem te disse que, se o senhor cometesse um ilícito, seria perdoado e receberia um indulto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O então Presidente Bolsonaro. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Quem te deu carta branca para agir até mesmo na ilegalidade? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O então Presidente Bolsonaro. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Muito obrigado. Muito importante... Perguntas objetivas, com respostas objetivas. Considero hoje um dia histórico para a democracia brasileira. O senhor considera que a Deputada Carla Zambelli fazia mediações com o senhor sem o conhecimento e o consentimento do Bolsonaro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - O senhor considera que Carla Zambelli, em certo sentido, era uma mediadora entre os interesses do Bolsonaro para fazer chegar ao senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Obrigado por essas respostas também. Vamos seguir um pouco mais. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu faço acareações a qualquer momento. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Faz acareações a qualquer momento. Olhe, sinceramente, dia histórico para a democracia, dia histórico para a CPMI, porque fica muito comprovada a ciência, a cumplicidade e a participação do ex-Presidente Jair Bolsonaro em todo esse processo. Nós não podemos naturalizar isso. Eu realmente acredito que não pode haver anistia ao que aconteceu no Brasil, a essa tentativa de golpe. Vou deslocar um pouco o assunto, mas interessa bastante e pediria atenção. |
R | O senhor disse que recebeu alguns valores enquanto havia a expectativa de ganhar o emprego. Sr. Presidente, por favor, se puder ajudar... (Soa a campainha.) O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Eu até entendo que é um momento constrangedor para determinados Parlamentares, mas eu gostaria de pedir até uma pausa no tempo. Vamos lá, Carla Zambelli te procurou, certo, com uma expectativa de emprego. Enquanto isso não se concretizava, o senhor, com as suas demandas, as suas pendências financeiras, precisava de alguns valores, correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Correto. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Perfeito. Esses valores que o senhor recebeu, na casa de 40 mil mais ou menos, é como o senhor tem dito... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. E confirmado, com provas. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Quem te pagou? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Inicialmente foi um assessor da Carla e depois o motorista, mas era a Carla que estava pagando, porém quem efetuava o pagamento de fato eram os assessores. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Esse pagamento passava em algum nível pelo Sr. Jean Hernani? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele fez o primeiro pagamento no valor de R$3 mil. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Certo. Ele fez o primeiro pagamento. Por que eu estou dizendo isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Via Pix. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - E dinheiro vivo, em espécie? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Apenas o Sr. Renan, porque antes eu residia em Ribeirão Preto e ele efetuava Pix, e, quando eu mudei para São Paulo e fiquei vizinho dele, ele passou a entregar dinheiro em espécie. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Certo. Renan e Jean, basicamente, via Pix e via dinheiro vivo. Relatora, queria pedir atenção a uma hipótese. Eu gosto de fazer investigação com devido cuidado, sem ser de forma sensacionalista. A gente ganha na ética, no objetivo e no método, não precisa fazer sensacionalismo. Então, é uma hipótese que eu quero colocar. Nós fomos ao site da Câmara e aos gastos da cota parlamentar da Deputada Carla Zambelli. O Sr. Jean Hernani, ano passado, não era nomeado pelo gabinete dela - atenção a isso -, mas ele prestava uma consultoria ao gabinete dela, e esse serviço era pago pela cota parlamentar, na área de comunicação. Estão acompanhando esse raciocínio? Outubro do ano passado, R$9 mil; novembro do ano passado, R$9 mil; se você pega janeiro a abril deste ano, R$9 mil. Parece que é um serviço que o mandato contrata, via cota parlamentar, R$9 mil a uma empresa para servir na área da comunicação. Até aí, compreendido esse raciocínio? Só tem um detalhe: em dezembro, de forma atípica e estranha, o pagamento para essa empresa, Jandira, é de R$31 mil. Por que a empresa do Sr. Jean, que é de onde, em tese, vai o dinheiro para o senhor - não tem nada a ver com o senhor, estou indo aqui na Carla Zambelli... Por que a empresa contratada por ela, em dezembro do ano passado... No mesmo momento, não é, em que o senhor está recebendo esses valores? Só para os senhores terem uma ideia, a nota é apresentada ao sistema no dia 4 de dezembro. Como é que funciona na Câmara? Você apresenta a nota, é comprovado o valor ali e, cerca de 15 dias depois, mais ou menos, se recebe o ressarcimento. Então, eu quero chamar atenção a que, justamente em dezembro, o CNPJ da empresa do Sr. Jean recebeu um valor atípico do mandato da Carla Zambelli, no valor de R$31 mil. Quero uma investigação sobre isso. Há uma hipótese, há no mínimo algo atípico aqui e acredito que nós precisamos ter acesso, aqui nesta CPMI, à quebra de sigilo bancário deste CNPJ, desta empresa. |
R | Se comprovar esta hipótese, é improbidade administrativa. Estamos caminhando para prisão de Bolsonaro, para cassação de Carla Zambelli, para responsabilização desses gestores. Eu não sei se fui didático no meu raciocínio. Esses informes são do site da Câmara. Paga R$9 mil, paga R$9 mil... De repente, sobe: R$31 mil. Volta para R$9 mil, volta para R$9 mil. E quando sobe? No mesmo momento em que, em dinheiro vivo, ele está recebendo valores a partir dessa promessa. Eu estou só focando ali... A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Fora do microfone.) - E ainda ressarce, não é? O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Exatamente. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Fora do microfone.) - Ainda recebe de volta. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - E ainda ressarce. Olha, eu me sinto, apesar do desafio de estar nesse lugar - intimidações, ameaças de microfone, fora de microfone... (Soa a campainha.) O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - ... uma política da extrema-direita que é fora da razoabilidade e do respeito, porque nós poderíamos divergir e amadurecer muito a nossa democracia com respeito -, mas eu me sinto participando de um momento histórico, em que nós precisamos comprovar que a extrema-direita é uma força ilegítima, que não cabe dentro da democracia, que é profundamente violenta. Obrigado pela sua participação aqui hoje e por ter respondido a várias perguntas sobre crime, ilegalidade e tentativa de golpe, uma resposta objetiva: Jair Messias Bolsonaro, derrotado nas eleições, inelegível e possivelmente preso - sem vingança, viu? É pela democracia, pela justiça, pela memória e pela verdade. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Agradeço, Pastor, pelo cumprimento rigoroso do seu tempo. O Sr. Walter pede um segundo, uns minutos, para se ausentar aqui... (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Vai até o banheiro. O senhor tem permissão. Aqui atrás. Informo aqui às senhoras e aos senhores que o próximo inscrito é o Deputado Rubens Pereira Júnior, também autor de requerimento. Na sequência, nós temos o Senador Rogério Carvalho, a Senadora Soraya Thronicke, a Deputada Duda Salabert. E há um pedido de inversão - eu queria só confirmar aqui - entre a Senadora Damares e o Senador Moro, procede? (Intervenções fora do microfone.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, a Senadora Damares, mas ela permuta com o Senador Moro. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Vou confirmar aqui, Sr. Presidente, porque está tendo audiência pública lá no Plenário do Senado, e eles estão lá, mas... (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Há confirmação aqui no grupo da oposição. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O.k. O próximo será o Senador Jorge Kajuru... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente, só... pela ordem... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... que também pede... O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Fora do microfone.) - Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... adiamento da sua inscrição. E aí, na sequência, virá o Senador Esperidião Amin, a quem, pela ordem, passo a palavra. O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Não, é questão de ordem, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Questão de ordem, Sr. Presidente. O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Para questão de ordem.) - Questão de ordem. Eu apresentei hoje uma questão de ordem com base nos arts. 108, §1º, e 167, caput, do Regimento Interno, em face da próxima reunião, ou seja, a questão de ordem que eu invoco é a respeito da agenda da próxima reunião, que deve ser publicada com 48 horas de antecedência. |
R | As notícias de hoje dão conta de que ontem, apenas ontem, o Ministro Alexandre Moraes incluiu o ex-Ministro Gonçalves Dias no rol dos investigados por crimes de ação ou omissão que S. Exa. preside. É um fato novo, juridicamente assumido, não é uma fake, está publicado. Ora, nós temos já aprovado o requerimento de convite, convocação do ex-Ministro. Já chegou a esta Comissão o ementário do diálogo entre o ex-Diretor-Geral Adjunto da Abin, Saulo Moura, que esteve aqui, do diálogo entre ele e o ex-Ministro Gonçalves Dias. Eu acho que nós, não o trazendo aqui, não cumprindo o que já foi decidido na próxima reunião, convidando o Sr. Gonçalves Dias para vir aqui - e eu acho que será fatal uma acareação posterior entre ele e o Sr. Saulo Moura... Será fatal, mas isso eu não estou pedindo. Estou pedindo que seja cumprido o que já foi aprovado. Por quê? Porque ele passou a ser investigado ontem. É um fato novo. É o primeiro caso de investigação formal, em um inquérito presidido pelo Ministro Alexandre Moraes, de um suposto, não posso acusar, de um suposto participante do conjunto de omissões sobre que tenho falado. Então, essa é a questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Recolho a questão de ordem apresentada por V. Exa. Peço aqui informações à assessoria e ainda... O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... no exercício dessa interinidade na Presidência, lhe darei ciência do nosso entendimento. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente... O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Quero só dizer que V. Exa., que é o patrono, junto com o Padre Zé Linhares, das escolas de Sobral, poderia ter repetido o que se diz na escola: "O depoente quer ir fora". O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Quer ir na casinha. (Risos.) O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Ir fora. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente, só uma preocupação. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputada Jandira. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Pela ordem.) - O requerimento do Gonçalves Dias, de fato, está aprovado. Ele virá. Não tenho nada contra isso. Apenas eu acho que a CPI precisa, na semana que vem, em algum momento, ter uma sessão deliberativa para aprovação de novos requerimentos. Já estão na pauta - nós já pedimos - a volta do Sr. Mauro Cid, a vinda do Sr. Osmar Crivelatti e a quebra, o relatório financeiro de Michelle Bolsonaro, Jair Bolsonaro, e quebra de sigilo, além de outros requerimentos que existem. Então, nós precisamos ter uma sessão deliberativa, na semana que vem, para aprovar novos requerimentos, para dar respostas concretas às novas notícias. Se, do mesmo jeito que é novo o Gonçalves Dias entrar no inquérito, também tem denúncias contundentes e novas sobre a apropriação de patrimônio público, ou seja, roubo, "malocagem" de patrimônio público pelo Sr. Jair Bolsonaro, a Sra. Michelle e os seus assessores. E nós precisamos saber qual foi o destino desse dinheiro, participaram ou não dos atos antidemocráticos nesse financiamento? Então, é preciso que a gente aprove os requerimentos aqui para a CPI poder acompanhar o que, de fato, está surgindo de novas denúncias e de apurações. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - V. Exa. está contraditando ou está dando mais argumentos à tese? O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pelo que eu entendo... O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - A minha coisa é o requerimento já aprovado. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pelo que eu estou entendendo, V. Exa. já quer que seja incluído na sessão de terça-feira o depoimento do G. Dias. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Eu quero que nós tenhamos uma reunião deliberativa. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - E a Deputada Jandira Feghali está pedindo que seja incluída também a apreciação de requerimentos. O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Fora do microfone.) - A apreciação de requerimentos. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Não, eu estou propondo que nós tenhamos uma sessão deliberativa, até porque a urgência de nós... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Anterior à terça-feira? A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Não, pode ser terça-feira a sessão deliberativa. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Sim. É que na sessão... A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - E nós precisamos... |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A questão de ordem colocada pelo Senador Amin é que se inclua, já na pauta de terça-feira, que tem que ser divulgada com 48 horas de antecedência... E aí a questão de ordem... A questão de ordem é que se divulgue com 48 horas, é o cumprimento do... O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - É o cumprimento do Regimento. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Será divulgada a pauta com 48 horas... E a Senadora... O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Fique tranquilo que a pauta da terça-feira será divulgada com antecedência de 48 horas, e isso será feito pelo Presidente da Comissão. Eu estou aqui numa interinidade, com orientações de seguir o roteiro previsto aqui. E basicamente o roteiro se encerra com a audição da nossa testemunha e os questionamentos de 38 Deputados e Senadores, a que nós estamos dando sequência. Em minutos, Senador, darei resposta formal à sua questão de ordem. O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC) - Muito obrigado, Presidente. A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - O que eu... Apenas para deixar claro... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O Senador gostaria de contraditar ou o Deputado gostaria de contraditar? A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Apenas para deixar claro... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Desculpe... A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Pela ordem.) - Apenas para deixar claro, eu acho que nós temos urgência - o ideal é que seja na terça-feira - em fazer uma sessão deliberativa. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Entendi, entendi. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Compreenda só a minha interinidade. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputado Rogério. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Obrigado. Eu gostaria de fazer outra sugestão... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Só um minuto, só um minuto. Deputado Rogério... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Abilio, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Na sequência, a Senadora Eliziane. E o Deputado Rogério, para contraditar... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, pela ordem, pela ordem... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Eu não gostaria que interrompessem... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Só um minuto, só um minuto. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente, pela ordem também. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Minha questão de ordem... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputado Rogério, para contraditar. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Para contraditar.) - Minha questão de ordem para contraditar é que nós não entremos nesta discussão agora de quem será o próximo, porque, senão, nós vamos atrapalhar o depoimento do Walter Delgatti... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Claro, claro que sim, claro que sim. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Então, eu acho que não é pertinente a questão levantada pelo Senador Esperidião Amin, data venia a importância e o respeito, mas este não é o momento adequado. Eu acho que isso tem que ser visto entre o Presidente e a Relatora. Tem vários outros que eu, por exemplo, teria preferência de que viesse na terça-feira e não ele, mas não é o momento de fazer a discussão e decidir aqui. Então, eu pediria... O SR. ESPERIDIÃO AMIN (PP - SC. Fora do microfone.) - Questão de ordem não... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Não... Eu pediria a V. Exa. que a ordem dos trabalhos não fosse alterada. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente... O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Isso não é contradita, Presidente! O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Acolhi a questão de ordem... O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Isso não é contradita. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... ouvi as contrarrazões, pedi à assessoria... Antes do recesso de almoço, eu darei uma posição formal, decidirei sobre a questão de ordem. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente, só uma questão de ordem... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Senadora Eliziane, deseja se pronunciar... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - É só para... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu apelaria para que a gente desse sequência aos oradores. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - É... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Relatora Eliziane. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não, eu quero só... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente, mas é importante... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... comungar da mesma ideia para a gente seguir aqui com a oitiva... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Eu queria... É porque eu... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E dizer que eu falei com o... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Presidente aqui... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Senador, por favor! Estou falando! O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Eu só queria falar com a Relatora... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não, eu estou falando... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - É questão de ordem bem rápida... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não... (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A palavra está concedida à Senadora Eliziane Gama. Por favor. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - É só para a gente seguir a oitiva e dizer o seguinte: eu falei agora há pouco com o Deputado Arthur Maia, e, hoje ainda, a gente tomará uma definição. Também é a minha defesa de que, na terça-feira, a gente possa estar tendo uma deliberativa e, na quinta, seguindo com os depoimentos. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputado, pela ordem... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Abilio. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputado Abilio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT. Pela ordem.) - Presidente, como foi acordado com o Presidente Arthur Maia - eu estava do seu lado no momento disso - que não ia tomar nenhuma decisão hoje e nós temos muitos inscritos, eu só queria pedir para o senhor que fosse retomada a oitiva. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O.k. Senador Marcos do Val, pela ordem. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES. Pela ordem.) - Eu queria falar com a Eliziane Gama, se ela pudesse voltar, com a Senadora Eliziane Gama, porque... Eliziane, amiga, quando você me citou, agora, está viralizando nas redes o seguinte: "A Senadora Eliziane Gama... (Soa a campainha.) |
R | O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - ... acaba de jogar o Senador Marcos do Val na linha de fogo". A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Fora do microfone.) - Eu? O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Então, eu queria que você pudesse explicar por que você... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Eu não vou explicar... (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE. Fazendo soar a campainha.) - Senador, me perdoe... Senador, me perdoe... (Tumulto no recinto.) O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Espere aí. Eu não tenho nada... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Me perdoe. Eu vou dar sequência... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Eu não tenho envolvimento nenhum com isso... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu vou dar sequência à lista dos oradores, com a sua compreensão. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES. Fora do microfone.) - Não tenho envolvimento nisso... (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Com a sua compreensão... O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - Então, esclareça isso. É isso o que estou... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Senador... O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Avance, Presidente! Avance! O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Vamos dar sequência aos trabalhos - vamos dar sequência aos trabalhos. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES) - É porque não é o seu nome... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O próximo orador inscrito é também autor do requerimento, o Deputado Rubens Parente Júnior. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Pereira. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pereira! Desculpe-me. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA. Para interpelar.) - Sr. Presidente, no início desta CPMI, havia uma tese por parte da oposição... (Soa a campainha.) O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - ... de que aqui seria uma investigação de um ato político de umas velhinhas, umas senhoras que estavam fazendo uma manifestação, e alguns cometeram pequenos excessos. Essa era uma tese. Por outro lado, a outra tese dizia: "Nada disso! O que houve foi uma tentativa de golpe de Estado. Por isso é que teve a invasão à sede de três Poderes. E tiveram inclusive atos preparatórios". Com o desenrolar da investigação, confirma a tese da tentativa de golpe. A oposição vai tentar dizer: "Eu quero investigar apenas o dia 8", mas, quanto mais a gente investiga, mais a gente percebe que essa tentativa de golpe aconteceu em diversas esferas diferentes. Se não, vejamos. Dia 12 de dezembro, invasão à sede da Polícia Federal no dia da diplomação do Presidente Lula. Dia 24 de dezembro, uma bomba no Aeroporto de Brasília, para causar um caos e ter uma comoção social para impedir a posse do Presidente Lula. Minuta golpista circulando no alto escalão do Governo, para ter uma espécie de decretação de intervenção federal e impedir a posse do Presidente Lula. Os atos do dia 8 de janeiro, com a invasão e a depredação dos três Poderes. Agora descobrimos mais uma tentativa de golpe de Estado. Qual era o meio? Convidar um hacker para pagar, para que ele conseguisse invadir as urnas eletrônicas. Para quê? Para desvirtuar o resultado da eleição vindoura, porque já era certa a derrota que se avizinhava pela ausência de Governo. Por isso é que o senhor está aqui hoje, Sr. Walter, para poder explicar exatamente como o senhor foi contratado para tentar dar um golpe de Estado. Fraudar as urnas eletrônicas seria uma forma de impedir que o povo manifestasse livremente a sua vontade, para ter um golpe de Estado no nosso país. A primeira pergunta que eu quero fazer ao senhor... O senhor está agindo com muita coragem, é certo, mesmo tendo um habeas corpus, falando e contribuindo com a investigação. O senhor teme pela sua vida? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Atualmente, sim. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Vejam, ele fala a verdade, porque ele sabe que os fatos são tão graves que se ficar calado pode correr risco de ele perder a própria vida. E qual é o fato tão grave? O fato tão grave é um Presidente da República, no exercício, convidar um hacker que já havia sido preso, que já havia sido investigado, para tratar de inviolabilidade ou não das urnas eletrônicas. E eu esperava que, de imediato, a Oposição dissesse: "É mentira! O Walter nunca esteve com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. É uma ilação!", porque isso é uma história tão incrível que eu esperava uma contradita afirmando que isso era mentira. Mas não é mentira, porque nós temos as fotos da ida do Sr. Walter ao Palácio da Alvorada para tomar café da manhã com o Presidente da República: 6h40, sai do hotel; 6h52, chega ao Palácio da Alvorada; 8h49, sai do Palácio da Alvorada. |
R | Os senhores sabem que dia era isso? Dia 10 de agosto de 2022, no auge da eleição. E a pauta, a agenda do Presidente da República é: "Chama um hacker, porque nós temos que invadir a urna eletrônica, porque nós vamos perder as eleições". E ele não apenas convidou para a reunião, o papel do ex-Presidente Bolsonaro não foi apenas esse. Ele disse: "Eu lhe dou carta branca, pode fazer o que precisar. E, se alguém o prender, eu prendo o juiz". Será que essa é a Venezuela que eles tinham tanto medo de transformar? Um Presidente da República ameaçando prender um juiz? "Se alguém mexer com você, eu lhe dou um indulto." Já tinha precedente lá do Daniel Silveira, inclusive, e usava a Deputada Carla Zambelli para isso, dizendo: "Não te preocupa com o custo, que nós temos o financiamento disso". Eu quero saber qual é esse financiamento para dizer "não se preocupa com o custo, pode avançar". E vou além: quando o Presidente recebe a notícia de que a urna é inviolável, o código-fonte fica offline... E aqui eu quero fazer um registro, Sr. Walter: que o senhor foi chamado aqui para falar dos atos golpistas. Com todo o respeito, mas a sua opinião sobre a segurança das urnas a mim não interessa. (Intervenção fora do microfone.) O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - A vocês, sim! Tanto é assim que vocês o levaram para o Ministério da Defesa. Ué? A nós. A mim não interessa. Sobre urna eletrônica, me interessa a opinião da Justiça Eleitoral. Mas, como bem disse um Deputado bolsonarista aqui ao lado, a eles interessam. E aí vem o que o Bolsonaro fez. "Olha, não é possível invadir?" "Não." "Pois vá lá no Ministério da Defesa para encontrar uma fórmula, vá lá." Porque a eles interessa o seu conhecimento sobre urna eletrônica. Mas, antes de sair, ele ainda disse: "Ei, está bom, a urna é inviolável, mas faz uma urna fraudada, faz uma urna fake, faz uma urna que tenha um código malicioso, adulterado, crie um código falso". Para quê? Para a gente viralizar nas redes com fake news e enganar os eleitores deles próprios para tentar criar um caos social. E quem era o operador disso tudo? Carla Zambelli. Eu não sei se eu convoco a Carla Zambelli, se eu peço um teste de sanidade, ou se a esquerda dá um prêmio para ela, porque ela tem ajudado muito destruindo o seu próprio grupo. Não sei nem para que precisa de inimigo, desse jeito. Mas eu tenho dúvida se é indispensável a vinda e acareação dela aqui com o Walter Delgatti e a vinda e acareação do ex-Presidente Jair Messias Bolsonaro. Vai ao Ministério da Defesa, reúne com os técnicos do Ministério da Defesa, a pauta era só uma: "Temos que conseguir invadir a urna eletrônica". |
R | Eu quero, Sr. Presidente e Sra. Relatora, informar que eu vou pedir - não é moda pedir cópia das câmeras? -, eu vou pedir cópia das câmeras de quem participou da reunião com o Sr. Walter Delgatti. Os nomes que lhe deram nessa reunião eu já sei que são falsos. Os nomes que lhe deram na reunião na Defesa são falsos. Eu pergunto ao senhor: o senhor conseguiria reconhecer as pessoas com quem o senhor se reuniu no Ministério da Defesa? Pediria que respondesse no microfone, por favor. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Eu quero saber quem no Ministério da Defesa tinha como pauta, como ordem do dia, invadir as urnas eletrônicas. E, vejam, a mente doentia não se encerrou aí. Chegaram ao ponto de dizer: "Vamos invadir o Poder Judiciário. Vamos invadir o banco de dados do CNJ. Vamos simular a prisão de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Na pior das hipóteses, isso causa caos social e impede o Lula de governar". E isso tudo foi feito. Recapitulando: dia 12, invade a Polícia Federal; dia 24, bota uma bomba no aeroporto; ao mesmo tempo que isso tudo acontecia, minuta golpista pedindo estado de defesa e estado de sítio; dia 8, invade a sede dos três Poderes e depreda tudo. Durante isso tudo, escondido, no começo do dia, em plena eleição, frauda urna eletrônica. Enquanto isso tudo acontecia, cria uma urna falsa para divulgar fake news. Quando isso tudo passa, frauda o CNJ para prender um ministro. Esses são os fatos em que esta Comissão tem que se debruçar. E os próximos passos, sem dúvida alguma, envolvem o ex-Presidente Jair Bolsonaro, porque, nas respostas ao Pastor Henrique Vieira, o Sr. Walter foi categórico. "Quem o contratou?" "Bolsonaro." "Qual o pedido?" "Fraudar a urna eletrônica." "Para quê?" "Para impedir a eleição livre." E aí, para concluir, Sr. Presidente, eu só me lembro de uma frase do Ministro Gilmar Mendes, onde ele dizia o seguinte: "Não há remédio jurídico para falta de voto". Para falta de voto não tem remédio jurídico que dê jeito. Não tem tentativa de golpe que resolva o problema da falta de voto do ex-Presidente Bolsonaro. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Muito obrigado, Deputado Rubens Pereira. Na sequência, passo a palavra ao Senador Rogério Carvalho, que disporá de dez minutos. O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Nós estamos aqui diante de um depoimento muito emblemático. Eu diria que o Sr. Walter Delgatti figurará na história como responsável ou partícipe em momentos em que houve uma tentativa ou, inclusive, foram efetivados vários golpes no Brasil. Porque, veja, o Sr. Walter Delgatti esteve na liberação de todas as informações relacionadas à atuação da Lava Jato. A Lava Jato já foi um ato da direita, da direita, para impedir que tivéssemos eleições livres, com a participação de lideranças reais na eleição de 2018. E ele revelou, e nós pudemos ter eleições com representação de vários partidos e com a liberdade do ex-Presidente Lula. |
R | Nós estamos diante não de um fato isolado, nós estamos diante de uma prática que não vai cessar. Nós estamos diante de um campo político que não acredita na democracia, que usa a democracia como meio, mas não a tem como um fim. E tudo o que a gente viu aqui foi a tentativa de burlar os regramentos democráticos para que a população e o povo pudessem escolher livremente quem vai dirigir o país. Eu quero, desde já, pedir a essa Comissão e ao Presidente da Comissão para encaminhar uma solicitação ao Ministro da Justiça para garantir proteção à vida da testemunha. Sabe por quê? Porque o que está sendo revelado aqui mostra, com muita clareza, tudo que foi programado: que não iniciou a intenção de contratar alguém e que chegaram a V. Sa... O Presidente revelou na Rádio Itatiaia, numa entrevista em 2021. Ele já estava pensando nisso. Ele passou o tempo todo questionando as urnas e ele contratou alguém para tentar violar as urnas que o senhor não conseguiu violar - nem ninguém conseguiria violar aquelas urnas. Ele organizou e colocou o Exército Brasileiro como um puxadinho da sua sanha autoritária e a serviço de um campo político que não acredita na democracia, um campo político que vai passar e que não vai encerrar. É só olhar o que o Trump está fazendo nos Estados Unidos: continua questionando a democracia e questionando as instituições e questionando o Estado democrático de direito. E aqui nós estamos vendo, no Congresso Nacional, pessoas a serviço dessa bandeira que é defender atos antidemocráticos, tentar construir narrativas que reforçam e que dão, em nome da liberdade de expressão, a liberdade para a prática de qualquer tipo de crime em nome da liberdade de expressão, em nome da liberdade democrática, e que, na prática, estão perpetrando crimes, cometendo crimes diretamente contra a democracia. |
R | Aqui o Presidente não comete só um crime. Ele diz que tem agentes de outros países investigando o STF. Será que não havia - e a gente já sabe que houve - visita de agentes, de agências secretas, aqui no Brasil, investigando o Poder Judiciário e os políticos, antes da eleição de 2018, que gerou a prisão e a destruição da nossa indústria, da nossa indústria da construção civil, da nossa indústria petrolífera? Essa direita não acredita na democracia e sabia que, se fosse fazer uma disputa real, perderia a eleição. E aí o Presidente fala o tempo todo em ruptura, ele está falando em ruptura e está mandando o Exército Brasileiro participar desse processo de ruptura ao colocar o Exército para executar tarefas golpistas. Essas pessoas do Exército também precisam ser investigadas, indiciadas, identificadas, punidas e expulsas, porque maculam a imagem da instituição Forças Armadas do Brasil, assim como esse Presidente que contrata V. Sa., que dá carta branca a V. Sa., que diz que vai fazer indulto, que manda pagar... Veja, é uma sequência de crimes para impedir a nossa democracia. Então, senhoras e senhores, nós estamos diante aqui de um debate muito grande. O crime que está sendo perpetrado desde 2016 é contra a democracia. E essa direita que surgiu não vai parar de atacar a democracia brasileira. Esse foi um ataque, e nós precisamos ficar atentos, porque outros virão. Em outros momentos, eles vão voltar a atacar a democracia, questionar a eleição, questionar o resultado da vontade popular, porque não têm compromisso com o povo, nem com a população. Veja só, uma comparação, na CPI da Covid ficou comprovado o efeito Bolsonaro na mortalidade. Muitas pessoas morreram porque acreditavam que a vacina fazia mal. E a gente que foi o país que mais vacinou na história da humanidade passamos a ter mais pessoas não querendo se vacinar do que querendo se vacinar; pessoas que resolveram tomar cloroquina e se expor, e morreram. Assim como o Alan, que disse que queria ir atrás do código; e assim como muitas pessoas vieram aqui para seguir o seu líder e dar o golpe, que não era mais o golpe, e ele sabia que não era mais um golpe, porque não tinha as condições para dar o golpe. Ele já sabia que não tinha essas condições. O que ele queria era criar o tumulto e manter a narrativa, a narrativa da direita contra as instituições democráticas. E é o que ele vai continuar fazendo até o fim dos dias dele, porque é disto que esse campo político se alimenta: de ser contra a democracia, o povo, os interesses, os direitos da população. |
R | E preste atenção: o que nós vimos no dia 8 de janeiro não foi só um ato qualquer; ele precisa ser enquadrado como um ato terrorista. Foi terrorismo! Agiram contra as instituições, como agiram o tempo inteiro. O dia 8 de janeiro foi um ato terrorista de destruição da imagem... (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO CARVALHO (PT - SE) - ... daqueles que eram símbolos, que são símbolos da República e da democracia no Brasil. Prestem atenção! Nós estamos diante de um ataque sistemático permanente há mais de oito anos à democracia brasileira. Bolsonaro é um instrumento: radicaliza e leva milhões de pessoas a atacar a democracia e a cometer um ato terrorista, como foi o dia 8 de janeiro. Ele é responsável. Está comprovado todo o vínculo, toda a responsabilidade dele. Ele precisa ser indiciado, ele precisa se transformar em réu, ser processado e, com certeza, será condenado por lesa-pátria, por atentar contra a democracia e por organizar um ato terrorista contra as instituições democráticas e o Estado democrático de direito no Brasil. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Cumprimento o Senador pelo cumprimento do horário. Na sequência... A Senadora Eliziane pede pela ordem? A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Presidente, eu quero pela ordem, na verdade. O depoimento de hoje, Presidente, é um depoimento muito forte, como todos os colegas já colocaram. Então, as informações que nós obtivemos ao longo da oitiva... A gente precisa aproveitar a presença do depoimento para conseguir maiores informações. Então, eu queria perguntar para o Walter, se quando ele fala do Jesus... É este aqui, Walter? É este aqui? Na verdade, é Marcelo Gonçalves de Jesus. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim. O contato com ele foi por WhatsApp, a foto dele era em uma moto, mas é ele sim. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - É este, não é? Então, este, na verdade, colegas, é o Coronel Marcelo Jesus, que é citado nesta reunião. Ele é Coronel do Exército, ingressou na Força em 1989; foi Assessor Especial da Secretaria de Assuntos Fundiários do Mapa, em 2020; ele é sócio-administrador de uma empresa de Goiânia, que é chamada MGJ Consultoria em Segurança e Comércio Exterior. E aqui vem, na verdade, uma incongruência, porque ele é militar; então, em tese, ele não poderia ser sócio-administrador de uma PJ, de uma empresa. Essa empresa possui diversas atividades cadastradas, desde vigilância privada a comércio atacadista e varejista de diversos materiais, como equipamentos eletrônicos e médicos. Ela foi criada em 2020, possui apenas o Coronel Marcelo de Jesus no quadro societário e um funcionário. De 2020 a 2023, ela já ganhou várias licitações no Governo Federal, num valor total de mais de R$5,5 milhões, dentre elas em órgãos como Forças Armadas, Codevasf, Presidência da República e Polícia Rodoviária Federal. Os pregões vencidos são, principalmente, para contratação de diversos tipos de suprimentos, de materiais médicos, educativos, de veículos, entre outros. Então, na reunião da semana que vem, que poderemos ter, deliberativa... |
R | Nós estamos já hoje protocolando a quebra e, na verdade, a solicitação dos RIFs, junto ao Coaf, especialmente dessa empresa aí e também do próprio Sr. Marcelo de Jesus, Marcelo Gonçalves de Jesus, citado hoje, que tem relação direta com o relatório produzido pelo Ministério da Defesa e os acampamentos, porque ele estava lá fazendo sempre essa transmissão aí de vídeos e imagens. Obrigada, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Na sequência, pela ordem, passo a palavra à Senadora Soraya Thronicke. (Pausa.) A senhora está pedindo uma permuta? A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Já fizemos a permuta, Sr. Presidente, com o Contarato. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Ah, o.k. É, não tinham me dito. Então, por solicitação da Senadora Soraya Thronicke, façamos a permuta com o Senador Fabiano Contarato. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Eu queria que o depoente prestasse atenção, por gentileza, porque eu tenho algumas dúvidas. O senhor disse que o senhor manteve encontro no Ministério da Defesa quantas vezes? Cinco vezes? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim, por cinco vezes. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - E, no Palácio do Planalto, por uma vez? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso, uma vez. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - E, com a Deputada Carla Zambelli, inúmeras vezes? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Quando o senhor teve o primeiro contato com a Deputada Carla Zambelli, em São Paulo, no posto, em que ela tirou o telefone e que passou para o Presidente Bolsonaro, qual foi a conversa que ele falou para o senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Foi a conversa em que ele disse que havia já um grampo e que eu teria que assumir a autoria do grampo. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - O Presidente Bolsonaro lhe disse isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Disse isso. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Ele que solicitou o serviço do senhor para provar ou para adulterar o resultado eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele solicitou isso anteriormente, no Planalto. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Ah... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Que eu, primeiro, fosse até o ministério e fizesse auditoria e tudo. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Perfeito. O SR. WALTER DELGATTI NETO - E, posteriormente a Deputada Carla que me passou que era a questão do CNJ, a do e-mail do ministro e também isso. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Tá. Deixe-me... Quem pediu para o senhor ir ao Ministério da Defesa? Foi o Presidente Bolsonaro ou foi a Deputada Carla Zambelli? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, o Presidente... O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Bolsonaro. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele ordenou ao General, ao Coronel Marcelo Câmara que eu fosse. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Perfeito. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele me levou até o ministério. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Em algum momento, foi dito quem conseguiu esse grampo do Ministro Alexandre? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não foi dito. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Não, não... (Intervenção fora do microfone.) O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - O senhor recebeu... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ah, sim, sim! Disse que agentes de fora do país teriam conseguido. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Perfeito, perfeito. O senhor recebeu algum dinheiro, por serviço prestado, do ministério ou de qualquer outra...? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não recebi. Inclusive, antes de adentrar o Alvorada, a Carla me disse que eu não poderia falar sobre valores ou dinheiro com o Presidente. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Perfeito. Ela pediu essa reserva, para não entrar em detalhes sobre efetuar o pagamento. Mas foi combinado algum valor com o senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, porque o prometido era o emprego; eu fiz isso por emprego. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Quando o Presidente disse que caso alguém prendesse o senhor, prenderia esse juiz, foi em que contexto que ele falou isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Foi ao telefone. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - No mesmo no telefonema? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. "Pode ficar tranquilo que, caso algum juiz te prenda, eu mando prendê-lo". E deu risada. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Ele ainda riu sobre isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Riu sobre isso. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Então, quer dizer, nesse contato por telefone, o senhor reconhece a voz dele obviamente? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Claro, reconheço. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Claro. Ele pede isso e ainda diz que, se alguma coisa acontecesse com o senhor, porque o senhor estaria praticando um crime, ele daria esse indulto, não é isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. E ele ressaltava sempre que isso não era um crime. Eu estava libertando o povo brasileiro, nas palavras dele. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Perfeito. Mas o Presidente Bolsonaro e seus familiares foram eleitos 19 vezes pelo sistema eleitoral eletrônico e nunca questionaram o sistema eleitoral, a seguridade e a confiabilidade do sistema eleitoral. Apenas em 2018 é que vem isso, porque é um método para ataque à democracia. |
R | Aliás, eu quero falar aqui que a situação do Presidente Bolsonaro é muito delicada, e dos seus apoiadores, porque, se você verificar: Daniel Silveira, preso; Roberto Jefferson, preso; Mauro Cid, preso; Ailton Barros, preso; Silvinei Vasques, preso; Anderson Torres, preso. O centro disso tudo tem nome e sobrenome. Isso a direita não pode excluir, porque contra fatos não há argumentos. Minha gente, um Presidente mantém contato com uma pessoa para fraudar a eleição; não satisfeito, recebe no Palácio do Planalto! Quanto tempo o senhor ficou com o Presidente no Palácio do Planalto? No Palácio da Alvorada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Duas horas. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Duas horas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Duas horas. Entre uma e meia e duas horas. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Duas horas! Por duas horas o Presidente da República fica com uma pessoa para burlar o sistema eleitoral. Isso é gravíssimo! A direita, se tiver um mínimo de bom senso, tem que defender a democracia, ela tem que defender o princípio da impessoalidade, que, muito bem disse, está expresso no art. 37. Uma pessoa e seus familiares que foram eleitos em 19... Em 17 eleições! A situação do Presidente, que antes era só ventilada aqui, colegas, como mentor intelectual... Eu digo a vocês que ele é coautor, coautor de todos esses crimes: tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático (art. 359, reclusão de 4 a 8 anos); tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o Governo legitimamente constituído (4 a 12 anos). Nesta CPMI, neste depoimento e em tudo que já foi coletado, as provas são contundentes, por provas tanto de natureza objetiva, como com as interceptações, com os documentos, mas também com a prova testemunhal. Eu quero falar uma coisa para o senhor aqui, com bastante tranquilidade: o senhor foi responsável por revelar um esquema de fraude num processo eleitoral que demonstrou a inocência do Presidente Lula. E eu não tenho dúvida de que o senhor vai ser responsável para que a Justiça brasileira determine a prisão imediata do Presidente Jair Bolsonaro, porque fazer o que ele fez aqui, num Estado democrático de direito, mantendo contato com o senhor via telefone, depois ir ao Palácio do Planalto, depois cinco vezes com o Ministro da Defesa... Defenda isso! O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu fui preso por tudo isso e estou preso ainda por isso. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Perfeito. Eu quero só saber um ponto que, para mim, também é de muita importância aqui, Walter. Numa dessas vezes que o senhor esteve, tanto no Ministério da Defesa como em qualquer outro lugar, o senhor teve acesso ou ficou sabendo sobre a minuta do golpe? A minuta de se tomar, caso a esquerda ganhasse a eleição, para tomar esse... O SR. WALTER DELGATTI NETO - À minuta não. Eu tive acesso à minuta pela mídia, quando encontraram na residência do então Ministro da Justiça Anderson Torres, do ex-Ministro da Justiça. Apenas pela mídia. O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Eu quero aqui só concluir, Sr. Presidente, fazendo um apelo aos colegas no sentido de que esse fato demonstrado aqui hoje... (Intervenção fora do microfone.) |
R | O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Querido Senador, até 2018, todos foram eleitos pelo sistema eleitoral. Aqui não está se discutindo a segurança do sistema eleitoral, porque isso já está por demais provado. O que está aqui se provando é que houve a digital direta do Presidente Bolsonaro para esse atentado que aconteceu aqui no dia 8, que foi a eclosão daquilo que ele já vinha fazendo desde 2018, porque foi um Presidente que demonstrou que não sabe viver numa democracia, que sistematicamente atacou as instituições, foi um Presidente que difundia para população que supremo era o povo, que nós tínhamos que fechar o Congresso, que nós tínhamos que... (Intervenção fora do microfone.) O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Respeite a democracia, Deputado! O senhor foi eleito. Nós representamos... (Intervenção fora do microfone.) O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - O senhor me respeite porque eu estou falando! Ele não soube se portar como um Presidente. (Soa a campainha.) O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - Nega a ditadura ou aciona torturador, ataca a imprensa, ataca a OAB, participa de movimentos antidemocráticos, participa do movimento antidemocrático para fechar o Congresso Nacional, conversa com o senhor para violar aquilo que é mais sagrado, que o sistema eleitoral. Se o senhor respeita a população, deveria estar respeitando aqui a democracia, porque o que o ex-Presidente Bolsonaro fez foi um crime! Não foi só um, mas vários! Mas hoje aqui está provado não só que ele teve o domínio do fato, na teoria do domínio do fato, mas que ele agiu de forma direta para atentar contra o Estado democrático de direito. É uma determinação simples em que ele tem que ser responsabilizado por todos esses crimes. Eu espero que a Polícia Federal... (Soa a campainha.) O SR. FABIANO CONTARATO (PT - ES) - ... e o Poder Judiciário vão efetivamente buscar essa tutela do Estado para prender todas essas pessoas que atentaram contra a democracia. É lembrar para jamais se repetir, porque traidor desta pátria é traidor da Constituição Federal, como já dizia o nosso querido Ulysses Guimarães. Eu quero agradecer a colaboração do senhor e, mais uma vez, parabenizar a Presidência da CPMI pela condução destes trabalhos. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Obrigado, Senador. Eu o cumprimento pelo cumprimento do horário. Passo a palavra à Deputada Duda Salabert. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG. Para interpelar.) - Muito obrigada, Presidente. Walter Delgatti, primeiro, quero agradecê-lo pela coragem de expor as atitudes do ex-Presidente Jair Bolsonaro na tentativa de golpe aqui no Brasil. Eu já fui vítima, nos últimos anos, do bolsonarismo por meio de ameaças de morte, que se estenderam à minha família também. O senhor, ao revelar essas questões da quadrilha que cercava o Bolsonaro e ele como mentor da tentativa de golpe, possivelmente sofreu ou sofrerá ameaças de morte, porque esse é o método do bolsonarismo. O senhor disse aqui que tem família e filhas. Nosso gabinete vai, junto aos órgãos responsáveis, tentar conversar uma forma que garanta a segurança de sua família, porque nós sabemos que esses grupos são covardes e que as ameaças não são só contra nós, mas se estendem também a familiares. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - O advogado sofreu também. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Já sofreu? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Já sofreu. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - O advogado também. (Intervenção fora do microfone.) A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Eu vou fazer essa pergunta, só uma questão antes. |
R | Presidente, havia a tese aqui do bolsonarismo de que, caso o Lula ganhasse as eleições, o Brasil se transformaria numa Venezuela e se instauraria uma ditadura aqui. E o que as investigações da CPMI têm mostrado é o oposto: que, no contexto do Jair Bolsonaro, enquanto era Presidente, o que nós tínhamos aqui era um Presidente autocrata, que contrata um hacker para burlar o sistema eleitoral brasileiro, que anuncia que, se algum juiz ousasse prender esse hacker, o juiz seria preso. Um Presidente que manda a Polícia Rodoviária Federal fazer inúmeras blitze em cidades do Nordeste brasileiro, para evitar que pessoas votassem no Presidente Lula. Um Presidente autocrata. E o senhor, Delgatti, trouxe dados importantes para a cronologia do golpe no Brasil. O que nós dizíamos aqui antes é que: no dia 31 de outubro, um dia após as eleições, começa a engrenagem do golpe, com o bloqueio das estradas para gerar o caos; no dia 4 de novembro, manifestações nas portas dos quartéis para gerar o caos; no dia 12 de dezembro, ameaça de bomba no Aeroporto de Brasília para gerar o caos; no dia 24 de dezembro, dia da diplomação do Presidente Lula - desculpa, no dia 24 de dezembro é que foi a ameaça de bomba -; no dia 12 de dezembro, dia da diplomação do Presidente Lula, queimam carros aqui em Brasília, queimam também ônibus para gerar o caos; e, no dia 8 de janeiro, invadem o Congresso para gerar o caos. O senhor trouxe outro elemento ao dizer que, no dia 7 de setembro, o senhor iria apresentar - nisso, contratado pelo Jair Bolsonaro - a fórmula de burlar a urna eletrônica no Brasil, no dia em que o Exército estava na rua, no dia em que o Bolsonaro e o bolsonarismo convocaram a população para a rua, para também gerar o caos. Ou seja, como diz Guimarães Rosa, no Grande Sertão: Veredas: "Passarinho que debruça - o voo já está pronto". A minuta do golpe se deu anos antes e o Bolsonaro estava articulando isso minuciosamente, através de uma tentativa de caos no Brasil. E a pergunta que lhe faço, a primeira é: o senhor já recebeu alguma ameaça de morte, desse contexto em que está preso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Eu não recebi, mas o advogado recebeu, esse à minha esquerda. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - E já teve alguma medida protetiva em relação ao advogado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Ainda não. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Ainda não teve. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele fez boletim de ocorrência e ele tem as mensagens e áudios da ameaça. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Obrigada. O senhor foi procurado alguma vez pelo Mauro Cid, assessor da Presidência da República, depois do encontro que teve com o Bolsonaro, no Planalto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Eu falei com ele apenas no encontro. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Os familiares do Jair Bolsonaro também chegaram a ter algum contato com o senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Eu nunca tive contato com os familiares do Jair Bolsonaro, apenas com ele. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Durante o contexto em que o senhor está preso, o senhor recebeu visita de alguma autoridade? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Porém, segundo o diretor do presídio, havia autoridades do partido do PL - PL, não é? - que iriam até o presídio, mas não foram. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Segundo o delegado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O diretor do presídio. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - O diretor do presídio. Importante essa informação. Algumas pessoas do PL queriam visitá-lo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. Salvo engano, Deputados. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Deputados. Ele chegou a dizer o nome de algum Deputado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. Apenas isso. São três Deputados, segundo o advogado levantou. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Três Deputados? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. |
R | A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - É importante a gente buscar essa informação junto ao... O SR. WALTER DELGATTI NETO - E foi via telefone. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Oi? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Foi via telefonema. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Ótimo. É importante a gente buscar informações junto ao... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ao diretor. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - ... diretor do presídio para saber quais eram esses três Deputados que queriam visitá-lo, a fim de dar lisura ao processo, para ver se era uma tentativa de intimidação ou o que eles queriam - é importante nós sabermos. O senhor já prestou... Porque o senhor abriu uma empresa logo... Dez dias, dez ou doze dias após a conversa com o Jair Bolsonaro, o senhor abriu uma empresa. E essa empresa chegou a prestar serviço para algum Deputado no contexto eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu abri a empresa por orientação da Deputada Carla Zambelli para prestar serviços à Carla Zambelli. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Era exclusivamente à Carla Zambelli? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - O serviço que o senhor prestou era um serviço que... Eu não sou... nunca contratei um hacker, nunca entrei em contato com algum, mas a visão que eu tenho é de que o serviço que o senhor fez é de uma dimensão muito grande perante o valor que ela propôs lhe pagar. A dúvida é: a Deputada Carla Zambelli lhe deve algum valor? Foi proposta alguma quantia maior? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, é... Foi proposto um emprego, e não os valores. E, por falta do emprego, ela enviou esses valores; segundo ela, uma ajuda de custo até que eu efetivamente conseguisse o emprego - ou emprego ou a prestação do serviço, que seria um emprego, entre aspas. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Obrigada. O pagamento da Carla Zambelli se deu de que maneira? Foi via Pix? Dinheiro vivo? Como foi? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Alguns via Pix e outros por dinheiro vivo. Só que, segundo eu informei à PF, existe o depósito em dinheiro - eu recebi os valores e depositei em minha conta. Informei à PF, e a PF está levantando também os saques na conta de assessores dela. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Obrigada. E uma última informação. Enquanto o senhor estava no gabinete da Deputada Carla Zambelli, tanto ela ou algum assessor chegaram a pedir para que o senhor invadisse outras contas, outros meios digitais? Ou... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Não? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Outras contas ou redes sociais, não. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Obrigada, Walter. E só uma última questão. O Presidente da Comissão o elogiou pela inteligência. Nós reconhecemos sua inteligência. No entanto, ele usou um adjetivo, do qual eu discordo, dizendo que o senhor é um gênio. Eu discordo - e acho importante reforçar isso -, porque gênio que eu reconheço, inclusive a própria etimologia da palavra diz isto, gênio está ligado a algo sobrenatural, até espiritual, transcendental. E o que o senhor fez junto à quadrilha do Bolsonaro é o que há de mais humano, que eu vejo, infelizmente, que é o lado mais sombrio e humano, que é a tentativa de corrupção e corromper algo que é a vontade popular. Então, obrigada pela coragem, mas isso não retira do senhor... Isso não retira do senhor a... (Intervenção fora do microfone.) A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Não, a coragem não retira do senhor a corrupção que o senhor fez. (Soa a campainha.) A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Muito obrigada, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Na sequência, estava inscrita a Senadora Damares, mas ela pede... (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Desculpa, desculpa, desculpa. (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Por favor, por favor, por favor. Estava inscrita a Senadora Damares, que pede a permuta para o Senador Sergio Moro, a quem concedo a palavra. |
R | O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Delgatti, nós tentamos levantar aqui a sua ficha corrida, os seus antecedentes criminais - confesso que tivemos alguma dificuldade -, porque ela é bastante extensa. Eu perguntaria quantos processos por crimes de estelionato o senhor respondeu ou responde? (Pausa.) Se perdeu a conta, posso também esclarecer. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Pode repetir, por gentileza? O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Quantos processos por estelionato, ações penais o senhor responde ou já respondeu? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Respondi cerca de quatro ações e fui absolvido em todas elas. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Nós pegamos uma lista aqui... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Que trata-se de uma perseguição que eu... O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - ... de 46 processos, seja em fóruns de Ribeirão Preto, Araraquara, Rio Claro, Justiça estadual. Quem que é o João Octávio Paschoalino? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Era um gestor de um banco que citou meu nome e na audiência, segundo ele, ele foi coagido a falar meu nome, porque em Araraquara eu sofri uma perseguição de um promotor e um delegado. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O senhor foi condenado nesse processo, o senhor disse que foi absolvido. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu fui inocentado. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Não, eu tenho o acórdão aqui, o senhor foi condenado. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu fui inocentado. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Consta aqui no processo: "João Octávio...". O SR. WALTER DELGATTI NETO - Em segunda instância, o processo foi dado como prescrito. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - ... mantendo a condenação do senhor. O senhor foi condenado e depois não foi aplicada a pena, porque houve a prescrição, mas o acórdão é condenatório. Eu vou ler aqui para o senhor: João Octávio, enquanto funcionário do Banco Itaú, teria agido em conluio com Walter, no período de 7 de abril a 23 de julho de 2013, efetuando consulta aos dados cadastrais de titulares de 44 cartões de crédito de clientes do banco, encaminhando os dados, as fotografias e as respectivas assinaturas a Walter. (Soa a campainha.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Logo em seguida, João Octávio teria providenciado o extravio dos referidos cartões junto ao Correio, encaminhando a Walter, que, por sua vez, os desbloqueava e utilizava-os no comércio em diversas cidades como Campinas, Atibaia e Bragança Paulista, realizando compras em prejuízo dos titulares dos cartões da instituição bancária, num montante de R$623.479. Só nesse caso aqui, Sr. Walter, o senhor foi condenado como estelionatário de 44 vítimas diferentes. Quantas vítimas o senhor já provocou de estelionato? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Relembrando que... O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Quantas pessoas foram vítimas do estelionato que o senhor praticou? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive equiparada à perseguição que a V. Exa. fez com o Presidente Lula e integrantes do PT, ressaltando que eu li as conversas de V. Exa... (Soa a campainha.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - ... li a parte privada e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Eu pediria aqui que fosse advertido o depoente, que não pode chamar um Senador de criminoso, cometendo um crime de calúnia. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Peço escusas, então. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O senhor, por favor, respeite aqui o Plenário desta Casa. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Retiro o que eu disse e peço escusas. (Intervenções fora do microfone.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O bandido aqui, desculpe, Sr. Walter, que foi preso, é o senhor. O SR. WALTER DELGATTI NETO - O senhor não foi preso porque recorreu à prerrogativa de foro por função. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O senhor foi acusado... O senhor foi condenado. (Soa a campainha.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O senhor é inocente como o Presidente Lula, então? É isso? (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Solicito que haja respeito de ambas as partes. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG. Fora do microfone.) - Mas quem está desrespeitando é ele. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Solicito que haja respeito de ambas as partes. A testemunha deve ser tratada com respeito e é obrigação desta Presidência assegurar que os integrantes desta Casa sejam tratados com respeito. |
R | Por favor, que não se repita mais! (Soa a campainha.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O senhor está sendo tratado por herói aí por parte dos indagadores que foram aqui... Consta na denúncia que o senhor foi... O senhor foi denunciado - o senhor disse que confessou estes crimes - de que o senhor teria - folha 21 da denúncia do Ministério Público - invadido o dispositivo de 176 pessoas. É isso, Sr. Walter? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu confessei isso. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Entre essas pessoas - só para alertar aqui as pessoas que estão ouvindo -, nós temos... O senhor fala que fez isso para desmascarar a Lava Jato, mas vamos aqui para a lista: Ministro Paulo Guedes; Abilio Diniz; Davi Alcolumbre, Senador desta Casa; Baleia Rossi; Chaim Zaher... E aqui eu chamo atenção do Presidente da mesa, Presidente, não para lhe imputar nada, mas seu nome está na lista aqui... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT. Fora do microfone.) - Que isso?! O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - ... das pessoas que tiveram os dispositivos invadidos ou com tentativa de invasão. Está aqui Cid Gomes. Flávio Bolsonaro, Ana Paula Godinho, Luciana Lóssio... O senhor invadiu o dispositivo, então, de pelo menos 176 pessoas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. Acredito que mais. Muito mais que isso. Inclusive, eu cheguei às conversas de V. Exa. com o então Procurador Dallagnol. E essas conversas foram chanceladas pelo STF e são utilizadas até hoje para anular condenações de pessoas inocentes. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Pessoas que cometeram crimes contra Petrobras e roubaram dinheiro. É isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Acredito... Eu fico com a versão do STF que... O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Sérgio Cabral, por exemplo, é inocente para o senhor... (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A Presidência solicita às duas partes, às duas partes, à Casa - e eu estou falando a todos os componentes, a todos os integrantes desta CPMI e à testemunha - que se atenham à discussão sobre questões relativas ao objeto da convocação da testemunha. Senão, nós vamos entrar aqui numa discussão que não creio que acrescentará nada a esta Comissão. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Compreendo até a tese de quem faz uso da palavra agora de que deseja descaracterizar a testemunha ou caracterizá-la como uma pessoa que infringiu a lei, mas a decisão do Supremo que coloca aqui a testemunha nos obriga a tratá-lo com respeito. E é só isso que eu peço que seja cumprido aqui. O Senador Moro pode fazer as suas observações, e peço que a testemunha se limite a responder os questionamentos do Senador Moro e que não invada em comentários, por favor. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Presidente, Presidente, só para uma questão de ordem. Questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Questão de ordem à Senadora Damares. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF. Pela ordem.) - Eu estou vendo assessores da esquerda orientando advogados do depoente. É depoimento combinado? Que os assessores de esquerda falem com seus Parlamentares, mas não venham orientar advogados do depoente. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente, questão de ordem. Questão de ordem, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu quero lembrar que a testemunha deve ficar aqui de forma incomunicável, inclusive com seus advogados. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Questão de ordem, Presidente. É que tem que seguir... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem... |
R | O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Pela ordem.) - A Senadora não fez nenhuma questão de ordem, e eu entendo o desespero que eles estão depois de todo esse depoimento que coloca o crime de Jair Bolsonaro. Mas tem que andar de acordo com os fundamentos. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Vamos... Eu vou ponderar aqui que a gente dê sequência. Conseguimos, já ouvimos oito inscritos, avançamos bem. Eu peço, então, ao Senador Moro, vamos descontar aí, vamos acrescentar ao seu tempo... O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Vou tentar, Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Creio que três minutos, que foi o tempo aqui de suspensão. E eu peço... Deseja mais? O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Não, eu acho que tem de repor o meu tempo porque hoje eu quase não falei... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu acho que três minutos foi o que V. Exa. teve de interrupção. Então, peço que acresça em mais três minutos o tempo do Senador Sergio Moro. E peço que se atenha... Aliás, que seja objetivo em relação a questionamentos à testemunha. O SR. ROBERTO DUARTE (REPUBLICANOS - AC. Fora do microfone.) - O senhor está falando, e o tempo está contando aí, Presidente. (Intervenções fora do microfone.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Tá, eu vou retomar aqui, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pois não. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Existe uma questão aqui. Sim, os fatos são de agora, mas existem problemas de credibilidade da testemunha, que praticou estelionatos em série. Aqui eu não falo de maneira ofensiva. Quando ele me ofendeu, sim, aí eu tenho que redarguir. Mas estou perguntando sobre fatos objetivos de estelionatos que ele praticou. E o que é o cerne do estelionato? A fraude, a falsidade, a mentira contumaz. E aqui chega o depoente contando as suas versões e tal, isso depois vai ser analisado. Mas eu vejo aqui muitos colegas tomando a palavra dele como se fosse uma verdade absoluta, quando a gente está diante aqui de um estelionatário profissional condenado... O SR. WALTER DELGATTI NETO (Fora do microfone.) - Exijo respeito.... O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - ... condenado, há uma condenação de trânsito em julgado, doutor. (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A Presidência, mais uma vez, solicita que a testemunha seja tratada com respeito. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Perfeito. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG. Fora do microfone.) - Não pode chamar o criminoso de "criminoso"? Não estou entendendo. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Na folha 68 da denúncia do Ministério Público contra V. Sa., há um diálogo do senhor com Fernanda. Quem é essa Fernanda na denúncia do Ministério Público? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Em que denúncia? O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Na denúncia da Spoofing. O senhor se passa aqui por... O senhor já trabalhou numa instituição financeira, num banco? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Tem o áudio do senhor aqui. O senhor fala com a Fernanda e, passando-se por um gerente de banco ou coisa parecida, o senhor obtém dados dela para praticar um estelionato. É isso que aconteceu? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Bom, eu não me recordo disso. Se V. Exa. puder dar um play do áudio, ajudaria bastante. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Eu vou ler aqui: Ao longo da gravação é possível perceber que WALTER se apresenta como responsável pela área técnica e segurança de uma instituição financeira e orienta a cliente do banco a realizar uma “atualização” no computador de forma a instaurar programa malicioso que possibilitaria a colheita dos dados de segurança da vítima. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu me recordo... O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Um trecho aqui: WALTER: Ah sim! Acredito que a senhora receberá um novo contato para fazer a atualização na outra. Porém, com esse contato a senhora já toma conhecimento de como faz e pode fazer sozinha [...]. [...] [e a Fernanda diz para o senhor] FERNANDA: eu fiquei achando que era hacker, vírus, alguma coisa. Então tinha pedido esse mesmo procedimento [...] O que é esse diálogo do senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O que consta aí: foi aberto um inquérito para averiguar isso. Foi constatado que não é minha voz, e o MPF pediu o arquivamento do inquérito. Inclusive, isto saiu na revista Veja: que, segundo o MPF, não há indícios de que seria eu, e foi pedido o arquivamento desse inquérito. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Não, o que consta aqui na denúncia não tem essa informação que o senhor passou. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu peço aos presentes que consultem isso no Google, na revista Veja, sobre o inquérito de fraudes. Segundo o MPF, não há indícios de que seja eu. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Na folha 70 tem um outro trecho da denúncia do Ministério Público: Essa mesma técnica é utilizada por WALTER e outro arquivo analisado em que o denunciado conversa com um homem não identificado [...] e tenta convencê-lo a realizar uma “atualização” no software do computador (nessa conversa WALTER se identifica como “FERNANDO”) [folha 70 da denúncia]. |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - A denúncia foi feita pelo MPF, que são pessoas equiparadas ao MPF, em que o senhor trabalhava, e que impuseram isso. Contudo, foi aberto um novo inquérito, no qual, segundo o mesmo MPF, não há indícios de que seja eu quem realizou essas ligações e não há indício algum de que eu tenha cometido um crime de fraude no inquérito vinculado à Operação Spoofing. Isso é público. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Consta na folha 71: Na análise do conteúdo armazenado no e-mail de outro denunciado, GUSTAVO HENRIQUE [...] foi encontrado um arquivo de vídeo em que GUSTAVO filma WALTER realizando uma ligação para possível vítima e fraude bancária [...]. O que foi isso? Está na folha 71, na denúncia do Spoofing. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso foi encontrado com o Gustavo, e eu não tenho conhecimento acerca disso. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O senhor não confirma que o senhor utilizava os meios de informática para praticar golpes contra pessoas e conseguir cartões de crédito, valores? Não tinha isso? O senhor não fez isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu não confirmo, inclusive, eu fui investigado por isso pelo MPF, com todo o poder estatal, e, segundo eles, não há indícios de que eu tenha cometido algum crime. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - E onde está isso, então, que o senhor está dizendo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Existe um inquérito e tem uma reportagem na revista Veja que cita o trecho do inquérito, o número do inquérito, e V. Exa. pode consultar esse inquérito, porque ele é público, como todo outro inquérito que tenha finalizado, com o pedido de arquivamento. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Quem é Danilo Cristiano? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Danilo Cristiano é um rapaz que foi preso na Operação Spoofing, porque, na minha visão, o MPF precisava de, no mínimo, quatro pessoas para ter o crime de organização criminosa e me manter preso até que fizesse uma delação premiada. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Na denúncia do Ministério Público, na folha 40, a troca de mensagens do senhor com o Sr. Danilo, isso dois meses antes da revelação dos fatos envolvendo lá as mensagens hackeadas da Lava Jato, e o senhor... Leio aqui o trecho da denúncia: (Soa a campainha.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - "Dois meses antes da veiculação na mídia do conteúdo das mensagens obtidas por WALTER, DANILO é informado pelo principal autor do crime que 'acabou a tempestade', 'veio a bonança', [...] [indicando] a melhora financeira do grupo [...]". O senhor pode esclarecer isso? O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Essa frase pode ser interpretada de milhares de jeitos. O MPF interpretou desse jeito. Então, tem que perguntar ao procurador que representou o MPF o porquê que ele interpretou dessa forma, tanto que foi usada essa frase como prova da participação de Danilo, o que não faz sentido algum. "Depois da tempestade vem a bonança" eu ouvia da minha avó, sempre, quando eu reclamava a ela que eu estava triste, cansado. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - "Vem a bonança" não era dinheiro que o senhor estava recebendo pelo...? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, negativo. Inclusive V. Exa. pode consultar no Google. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - O senhor trabalhou gratuitamente para hackear o telefone de 176 autoridades, inclusive o Senador Davi Alcolumbre? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu fiz isso porque eu sofri uma perseguição, fiquei preso por tráfico de drogas com um medicamento que eu tomo há 18 anos, e a minha revolta levou a isso. Inclusive, eu pagaria alguém que fizesse isso e me entregasse as mensagens. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Por que o senhor invadiu o telefone do Senador Davi Alcolumbre? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Porque eu fui imparcial, eu invadi inclusive um telefone que tinha o nome de Lula, e não encontrei nada. (Soa a campainha.) O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - E qual era o objetivo do senhor para fazer isso? (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Solicito a V. Exa. - já foi concedido o tempo -, e eu solicito a V. Exa. que conclua a sua participação. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Então, para concluir, só para meus comentários finais aqui, nós temos um depoente que é acusado, processado por diversos crimes de estelionato. |
R | Pelo menos um caso aqui - nós não conseguimos remontar a todos, há casos ainda em tramitação -, há um caso aqui de condenação que envolveria pelo menos 44 vítimas, sinais claros de que o depoente está envolvido na prática de fraudes e faz do crime a sua profissão. O que ele fala aqui nós temos que, de fato, analisar, mas nós não podemos ter a palavra de alguém envolvido em crimes em série, inclusive de estelionato, como verdade. Por isso, faço o alerta aqui a muitos dos Senadores e Parlamentares... O SR. WALTER DELGATTI NETO - É uma fake news. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - ... que estão tratando o depoente como uma espécie de herói... (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Conclua. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Esse herói já fez como vítimas diversas pessoas inocentes... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Conclua, Senador. O SR. SERGIO MORO (UNIÃO - PR) - Não só hackeando, mas roubando-lhes valores através de estelionato. O SR. WALTER DELGATTI NETO - O que não é verdade. (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Na sequência dos inscritos, nós temos o Senador Jorge Kajuru, que pede o adiamento da sua inscrição, está sendo encaminhado para o final da fila. O Senador Esperidião Amin pede o cancelamento da sua inscrição. E nós temos, concretizando a permuta do Senador Fabiano Contarato, agora a Senadora Soraya Thronicke. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - É a última, Presidente, antes do almoço? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não, a ideia, antes de passar a palavra à Senadora Soraya, a ideia é que a gente faça a interrupção para o almoço 1h da tarde, está razoável? Faltam 20 minutos, então dá para falar ainda uns dois, se se ativerem ao tempo, ou seja, seria a Senadora Soraya Thronicke e, na sequência, o Senador Veneziano Vital do Rêgo, e depois nós interrompemos para o almoço. Senadora Soraya Thronicke. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS. Para interpelar.) - Sr. Presidente, é importante destacarmos que qualquer pessoa que cometa um crime, que esteja aqui dentro, que esteja fora, não anula os crimes dos quais estamos tratando aqui dentro. Então, o Sr. Walter Delgatti tem aí uma lista extensa, tem também a questão de ser um réu confesso. Então, isso não está aqui entre nós sendo objeto de investigação. O que é objeto de investigação aqui é o golpe de Estado, ou a tentativa de golpe de Estado, e para esse desiderato, o senhor é uma testemunha, sim, valiosa para nós. Não interessa como, inclusive até entendo que o senhor foi contratado por Jair Bolsonaro e equipe por conta da sua vasta experiência no ramo. Estou certa ou estou errada? Então, exatamente, foi procurar exatamente uma pessoa que entende de questões de TI, de urna eletrônica. A primeira pergunta, Sr. Walter Delgatti, é: onde o senhor adquiriu tanto conhecimento sobre urnas? E se esse seu conhecimento é só teórico, o senhor já teve acesso a alguma urna eletrônica para o senhor saber tanto sobre o assunto? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Eu pesquisei sobre o assunto, é um conhecimento teórico, sim, e na minha visita ao Ministério da Defesa, eu tive acesso a informações na prática, então... A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Havia uma urna dentro do Ministério da Defesa para que o senhor testasse a sua teoria? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não havia. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O senhor já testou a sua teoria em alguma urna eletrônica? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não. Mas, falando de forma técnica, é algo certo, é algo plausível. |
R | A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O.k. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Então, exemplo: a questão de TI é exata... A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Entendo. Me fala... me diga uma coisa, só pra... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Como o tempo da gente corre aqui... Foi dito que o senhor faria um vídeo e demonstraria a tal da fragilidade das urnas com uma urna cedida pela OAB. O SR. WALTER DELGATTI NETO - OAB. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Quem disse isso para o senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O Bolsonaro... Não, no começo o marqueteiro Duda disse que seria uma urna e, depois, o Bolsonaro disse que ele iria conseguir essa urna com a OAB porque a OAB faz a eleição de... A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - É. Faz. As eleições da OAB são feitas por meio de urnas emprestadas do TSE. Então, isso é algo grave. Precisamos atentar: quem é da OAB que prometeu essas urnas? Eu gostaria que passasse o vídeo número 1, por favor. (Procede-se à exibição de vídeo.) A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Está inaudível. (Procede-se à exibição de vídeo.) A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Eu gostaria que devolvessem meu tempo. Mas o senhor é considerado o hacker do bem. Quem está chamando o senhor de herói, hacker do bem é Bolsonaro, e isso é uma tática. Eles falam para as pessoas que eles serão heróis da pátria. Eles incutem na mente das pessoas esse tipo de coisa. Eu já vi várias vezes. Não é a primeira vez. Esse é o modus operandi para fazer com que as pessoas adiram às teses loucas, para dizer o mínimo, porque, na verdade, são criminosas, e colocam nessa teia criminosa diversas pessoas que, apesar de ingênuas, não podem ser consideradas inocentes. Eu gostaria de questionar algo sobre o advogado. Não, perdão. Primeiro aqui: após o segundo turno das eleições, o Partido Liberal entrou com uma representação no TSE contestando o resultado das urnas e, na ocasião, determinou que desconsiderassem os votos registrados em urnas antigas no segundo turno, baseando-se em documento elaborado por uma consultoria contratada pelo partido - daquelas urnas antigas de 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015. Foi o senhor que passou essa informação para o Partido Liberal? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não, não. Eu não tinha mais contato com o partido ou o Presidente na data desse relatório, inclusive eu o acompanhei. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - No dia 13 de agosto do ano passado, seu advogado, Dr. Ariovaldo Moreira, registrou um boletim de ocorrência na 2ª Delegacia de Polícia de Araraquara, relatando ter recebido ameaças de morte contra si - e aí eu peço que coloquem o áudio e as ameaças que chegaram até nós -, de um número de telefone de um WhatsApp identificado como "morte". Na ocasião, ele informou que as ameaças ocorreram após ele abdicar da defesa do senhor na Operação Spoofing. Gostaria que o senhor ouvisse - e todos nós vamos entender o nível de ameaças. |
R | Eu gostaria de saber do senhor se o senhor tem conhecimento dessas ameaças, de quem poderia ter vindo. (Procede-se à reprodução de áudio.) A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Essas ameaças foram feitas ao advogado. O senhor se sente ameaçado neste momento também? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, me sinto ameaçado. (Fora do microfone.) Contudo, essa ameaça… Eu estava sem contato com o advogado à época. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O.k. O senhor perdeu o contato com ele. O senhor disse que haviam proibido o senhor de falar com ele, é isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Quem proibiu o senhor de ter contato com o seu advogado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - A Deputada Carla Zambelli. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Por quê? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Porque ela entrou em conflito com o advogado, teve um desentendimento com ele e, após isso, ela pediu que eu não falasse mais com o advogado, só que de uma forma hierárquica, de uma forma ordenando. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Ameaçadora o senhor quer dizer? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Ameaçadora. Então, esse realmente é o modus operandi. Eu vou deixar - ali tem vários palavrões e ameaças de morte -, e eu vou deixar disponibilizado... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Ele era advogado. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - É. ... tanto ao senhor quanto ao seu advogado. E, também, uma forma de atingir as pessoas é atingindo a família dessas pessoas. Isso é recorrente, aconteceu com a Parlamentar, a Deputada Duda, e aconteceu com muitas e muitas pessoas. O que eu gostaria de deixar declarado aqui... Que vocês colocassem a última imagem... Em volta... Quer que leia? Quer que leia, Deputada Jandira? A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Fora do microfone.) - Eu achei tão chocante. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Então, vamos ler. Dá para aumentar? Porque daqui eu não estou conseguindo enxergar. As mensagens... É o seguinte: "Vc vai morrer seu lixo. Seus netos sua filha. Sabemos o endereço de todos até no Rio de Janeiro. Vc vai se arrepender vamos matar todos q vc gosta. Lixo". Aí vem aquele áudio e eles dizem: "Arrombado. Já temos o seu endereço e o seu escritório. Da sua família toda. Vc vai aprender o q eh perder todos e ainda vou te tacar fogo. Quero tomar o sangue da sua filha e comer o coração do seu filho com vc vendo. E será logo. Nos próximos dias". É grave, é grave, principalmente porque nós sabemos que isso está acontecendo com várias pessoas. Muitos depoentes que sentaram aí disseram depois que estão se sentindo ameaçados ou que foram ameaçados diretamente. E eu tenho falado isso o tempo inteiro aqui. Então, que possamos prestar atenção. E a gente vai pedir para que o senhor esteja... (Soa a campainha.) A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - ... protegido como testemunha, o seu advogado, que a OAB saiba disso. E, por fim, todos que estão em volta que eram tidos como "você vai ser o herói da pátria, vai salvar este país"... Eu gostaria daquela última imagem para dizer o seguinte: isso é um pedido de Pix para o Silvanei Vasques... Desculpe, eu fiquei até... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Silvinei. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - ... Silvinei Vasques, dos amigos da PRF pedindo Pix para ele. Eu tomei o cuidado de tirar o CPF dele dali, ou o Pix - nem sei qual é a chave dele -, mas todos estão pedindo dinheiro porque Silvinei Vasques está sem condições de arcar com os custos da sua defesa. |
R | E isso está acontecendo com outros também. Todos serão abandonados. Só Bolsonaro ganha Pix de R$17 milhões. Deveria estar, no mínimo, ajudando a todos, pagando os honorários do Dr. Ariovaldo. Então, o senhor é mais um, mais um que está sendo abandonado, e o importante é que nós consigamos... (Soa a campainha.) A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Eu vou querer mais um minutinho, por favor. O senhor deu para o Senador Sergio Moro, só para concluir, porque... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Peço a V. Exa. que conclua, Senadora Soraya. Peço a V. Exa. que conclua. A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - ... pedir para que o senhor receba proteção, volte para o regime domiciliar, enfim, o que for possível fazer para que o senhor continue colaborando, e que vocês realmente consigam entregar o verdadeiro traidor da pátria, o falso messias, Jair Messias Bolsonaro. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Com a palavra o Senador Veneziano Vital do Rêgo, que disporá de dez minutos. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente, os meus cumprimentos a V. Exa. Nossa boa tarde a todos os integrantes, a todas as integrantes, Parlamentares que compõem este Colegiado. Quero cumprimentar também o Sr. Delgatti, Walter Delgatti, e dizer, Presidente, primeiro: nenhum de nós, em sã consciência, tratou ou tratará como herói o Sr. Walter Delgatti. Nenhum de nós disse isso, absolutamente. O Sr. Walter Delgatti é uma pessoa que merece ouvir o nosso registro porque está tendo, de fato, a coragem, é comprometido, mas sabedor é. Até o indago, como primeira pergunta: tudo aquilo que o senhor se predispôs a fazer, sabidamente tinha a consciência de que estava praticando crimes? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Dolosamente, o senhor sabe que estava mantendo esses contatos, a pedido do ex-Presidente da República, de uma ainda, a mim me parece, ainda Deputada Federal? O senhor sabia, evidentemente, que estava atentando às nossas instituições e querendo construir uma narrativa que pudesse gerar, como de fato gerou, em proporções consideráveis, junto a tantos milhões de brasileiros, dúvidas sobre o nosso sistema eleitoral? Correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, sabia. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Perfeito. O senhor já mencionou aqui, a mim me parece, a outros que o indagaram, nomes de militares que participaram com o senhor das cinco reuniões? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, correto. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Da mesma forma, aquele material ao qual aludia o ex-Presidente, que o convocou para a prática vexaminosa, atentatória, antidemocrática, desrespeitosa, antirrepublicana, o ex-Presidente da República... O material que chegou ao Tribunal Superior Eleitoral - entre aspas - "como colaboração", sugestões, para, quem sabe, mostrar a fragilidade do nosso sistema, teve as suas digitais? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, teve. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - O senhor tem como comprovar isso, dessas sugestões dadas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Inclusive tem matéria da revista Veja, na qual eu frequento o Ministério da Defesa, e a matéria fala isso, que, segundo fontes lá do ministério, eu realizei esse relatório. |
R | O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - O senhor se sentiria tranquilamente e firmemente, quando de uma possível acareação com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, a dizer tudo que está dizendo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, tranquilo, de forma tranquila. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Nenhum tipo de receio de dizer firmemente que falou com ele, o ex-Presidente, com tantos problemas por que o Brasil passava, ligava para o senhor, um criminoso, nas palavras de um integrante desta Casa? E aqui, sem desconhecer, o senhor também, acertadamente, assumindo as suas práticas equivocadas, criminosas, não pode ser visto como uma pessoa que não deverá ser levada em consideração, até porque existem outros meios para comprovar que o que o senhor está trazendo são verdades que fazem desmoronar as mínimas, para mim sempre inexistentes, ideias que se consubstanciavam na cabeça dos que não quiseram e perdem um tempo durante oito meses, que, ao invés de, conosco, verdadeiros brasileiros, erguerem-se contra aqueles atos golpistas, tentam dizer que houve intenção do atual Governo de que aquilo acontecesse. Pois bem, Sr. Presidente, eu não vou citar nomes, mas houve quem nos antecedeu, inclusive, se valendo, na condição anterior, de depoimentos de pessoas que eram condenadas e que foram citadas em sentenças dadas por eles próprios, sem mencionar nomes. Por favor, não há absolutamente... Eu sei que o desespero, eu sei que a constatação inevitável e irretorquível a que se chega agora, não, a que nós já chegávamos... Não precisaríamos ter essa CPMI para sabermos o que aconteceu contra o Brasil. Não é tentando deslustrar uma pessoa que cometeu o crime, que agiu dolosamente, que assumidamente se deixou corromper, que tem como comprovar o que recebeu da ainda Deputada Federal, que deslustra o Parlamento, Sras. e Srs. Deputados, me perdoem dizer isso, mas é a verdade... Não dá, Sr. Presidente, para desconhecer ou tentar deslustrar o que de gravíssimo traz o Sr. Walter Delgatti. Tudo isso que o senhor já respondeu a nós e se repete, inclusive às minhas próprias indagações, o senhor disse ontem à Polícia Federal? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, eu disse. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Perdoe-me, houve algo que não dito ontem que o senhor pode trazer? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Um segundo, por gentileza. (Pausa.) Apenas isso e também o Jean, que é assessor, ele, segundo ele, comprou uísques meus, Senador. Isso não faz sentido algum. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Como? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Em oitiva à PF, ele disse que comprou uísque meu. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Quem? O SR. WALTER DELGATTI NETO - O Jean. (Intervenção fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - O Renan, desculpe, o Renan, motorista. Então foi uma... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE. Fora do microfone.) - O dinheiro seria para compra de uísque. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Ah, o dinheiro que o senhor recebeu seria para comprar uísque. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exatamente, uma coisa sem sentido algum. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Perfeito. Sr. Delgatti, o senhor tentou, além dos serviços, maus serviços, que o senhor prestou, invadindo o CNJ, além da comprovada ação que coloca o nome do Ministro Alexandre de Moraes, o senhor conseguiu outras investidas em que tenha tido sucesso, no CNJ ou em outras instituições? Por exemplo, o senhor fez tentativas de invadir o sistema eleitoral brasileiro? E, se sim, teve êxito? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim, fiz (Fora do microfone.) e não teve êxito. Sim, eu fiz e não obtive êxito. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Nas urnas eletrônicas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Exato. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - E o senhor está dizendo, como conhecedor, a mim me parece, pelo que eu ouvi, V. Sa. tem conhecimento de causa, o senhor não conseguiu? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Não consegui, como eu disse anteriormente, porque o código-fonte das urnas fica em uma sala-cofre que não tem acesso algum à internet. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Perfeito. Ou seja, cabalmente o senhor está dizendo aquilo que sempre dissemos: que o sistema eleitoral brasileiro é confiável. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - As urnas eleitorais são confiáveis? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Perfeito. Sr. Presidente, ao que nós estamos assistindo hoje, com a confirmação da participação do Presidente da República, o que é demais a lastimar é que, no Brasil de tantas dificuldades, de tantos problemas, num período sensível que nós estávamos a passar, o Presidente da República se vale da sua condição, por sugestão de uma Deputada Federal, para contratar uma pessoa a fim de que essa mesma pudesse prestar esse serviço de tentar mostrar a fragilidade do sistema eleitoral. Vai mais: o Presidente da República... Senhoras e senhores, isso é de uma gravidade! E, quando eu pergunto ao Sr. Delgatti se tudo isso que nós estamos a ouvir, pelas perguntas que nós estamos a dirigir, foi dito, logo, logo - logo, logo -, nós teremos fatos e tomadas de decisões que precisam efetivamente ser adotadas. É de uma gravidade gigantesca, jamais vista: o Presidente que contrata um bandido, um criminoso, como se quis dizer. O Presidente da República, sabendo da ficha corrida do Sr. Delgatti disse: "Não, deixa pra lá. Se é para servir a mim, se é para gerar essa balbúrdia, dúvidas sobre o processo eleitoral, esse cidadão deixa de ser o bandido e vai se tornar para mim, Jair Bolsonaro, o santo, aquele que vai garantir a minha narrativa e que com ela se seguirá". Se não der certo na primeira, seguirá: do dia 12, do dia 24 e do dia 8. O processo foi exatamente esse. Então, Presidente, Senador Cid Gomes, nós nos deparamos com uma realidade muito séria. Quando eu pergunto... (Soa a campainha.) O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - ... sobre a disposição que o Sr. Walter possa ter, é de se levar em consideração que todos os mencionados devam estar aqui. E ele, assim, traz novamente, com o seu gesto, poder estar diante do ex-Presidente Jair Bolsonaro, diante de militares, coronéis, enfim, e outras patentes, diante da própria Deputada, ainda Deputada Zambelli... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Qualquer pessoa citada aqui. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Como? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Qualquer pessoa citada aqui. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Qualquer pessoa... V. Sa. se predispõe a voltar a esta Casa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Sim. O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB - PB) - Pois bem, eu quero dizer que o cumprimento; dizer, efetivamente, com respeito, que o senhor não é visto por mim como herói, como santo, absolutamente, o senhor está cumprindo o seu papel, inclusive penso que, interiormente, até para se sentir melhor, e conhecedor de que haverá - concluindo, Sr. Presidente - de responder, como responderá, às consequências pelos seus atos. Mas, mais ainda, nós temos que, proximamente, tomar, Senadora Eliziane Gama, as providências e discutir sobre a necessidade premente de podermos trazer para acareações todos os mencionados, a partir do próprio ex-Presidente Jair Bolsonaro. Obrigado, Sr. Presidente Cid Gomes. |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Obrigado, Senador Veneziano. Nós vamos suspender a sessão pelo período de uma hora. Eu só antecipo aqui os próximos oradores, que serão: o Senador Marcos Rogério; a Senadora Damares, por permuta com o Senador Moro; o Deputado Paulo Magalhães; o Deputado Filipe Barros; o Deputado André Fernandes; o Deputado Delegado Ramagem. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Sr. Presidente, só para uma questão de ordem, por gentileza, se o senhor permitir. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - É uma questão de ordem? Pela ordem? (Pausa.) Pela ordem dos trabalhos, pois não, Deputado. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA. Pela ordem.) - Sr. Presidente, pela ordem aqui dos trabalhos, o Walter Delgatti afirmou que teve uma reunião na sede do PL, certo? Eu queria apenas confirmar: a reunião na sede do PL foi no dia 09/08/2022, correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Sim, perfeito. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - A reunião no Palácio da Alvorada foi no dia 10/08/2022, correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Isso, correto. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Certo. No dia 10/08/2022, no mesmo dia, o senhor teve uma reunião no Ministério da Defesa, correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Correto. O SR. DUARTE JR. (PSB - MA) - Essa pergunta, Sr. Presidente, é porque nós aqui da CPMI vamos requerer imagens do circuito interno desses locais exatamente para comprovar a sua presença lá. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A Presidência agradece. Então, está suspensa a sessão até as 14h, quando retornará, conferindo a palavra ao Senador Marcos Rogério. (Suspensa às 13 horas e 02 minutos, a reunião é reaberta às 14 horas e 16 minutos.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Declaro reaberta a sessão destinada à oitiva da testemunha objeto dos Requerimentos nºs 1.122, 1.128, 1.139, 1.525 e 1.526. |
R | A lista de inscritos terá sequência. (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Solicito atenção das Sras. e dos Srs. Parlamentares. A lista de inscrição terá sequência, com algumas alterações feitas consensualmente entre os que serão relacionados. O primeiro orador inscrito dessa sessão da tarde... (Risos.) Da reunião da tarde será a Senadora Damares, a quem concedo a palavra por dez minutos. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente. Seu Walter, nesses dez minutos, eu posso falar o que eu quero, e eu não vou perder essa oportunidade de me dirigir primeiro ao senhor, depois ao seu advogado. Seu Walter, o que a gente está vendo aqui é um jovem, inteligente mas não esperto, que foi para o crime. E eu não posso deixar que essa sessão encerre, seu Walter, sem eu mandar um recado para os jovens do Brasil: não sigam o caminho de Walter. O que o senhor fez com a sua vida, seu Walter? Eu fico imaginando quanta coisa boa a sua inteligência poderia ter feito para o país! Eu trabalho com crianças, seu Walter, desaparecidas, e eu estou há anos atrás de tecnologia para a gente encontrar as crianças desaparecidas no país. Imagine se eu tivesse tido a oportunidade de encontrar um gênio como o senhor, um gênio na sua área, mas que você usou para o mal? Eu preciso muito que fique registrado o que você fez com a sua vida. E os adolescentes que estão nos acompanhando nessa tarde, seu Walter, os jovens que nos estão acompanhando, que não sigam o seu exemplo. Preste atenção, Walter, daqui para frente você está rotulado. O que eu vou desejar para ti, menino? Os anos que você vai ficar na cadeia... E vou te falar uma coisa: não há nenhuma garantia jurídica de que tu vais sair da cadeia. Não vai. Tem crimes aqui. E você mesmo disse: "Eu reconheço que são crimes". Você mesmo disse: "Eu cometi crimes". Você vai ter que responder com penas. Você vai ficar um bom tempo na cadeia. Eu vou desejar que, nesse período que você vai ficar na cadeia, Walter, você faça uma revisão, uma revisão de vida, e que, quando você sair, que você use essa sua inteligência - não a esperteza - para o bem. E, quando você sair, daqui a alguns anos, eu gostaria muito de me encontrar contigo, para saber o que você aprendeu nos anos de reclusão, para saber se você pode realmente ser reinserido na sociedade, e a gente usar a tua inteligência. Mas hoje, Walter, o que está acontecendo aqui é a palavra de um jovem que cometeu uma série de crimes, que está sendo absolvido em alguns processos, mas tem crimes, e se a esquerda conseguir emplacar essa dita tentativa de golpe - eles já gritaram aqui hoje na tua frente -, é sem anistia. Você falou que você esteve lá, e eles vão pedir também não anistia para você. Você hoje está fazendo, mais uma vez, não sei se movido por raiva, porque foi deixado lá atrás pela esquerda... Porque você fez um serviço para a esquerda na "vaza jato", movido por sentimentos de que estava sendo injustiçado por um sistema. Eu também sou o tempo todo injustiçada. Se tem uma pessoa nessa nação que é o tempo todo atacada, criticada, injustiçada, sou eu, e não saio por aí fazendo vingança. |
R | Você quis fazer uma justiça por meio de vingança e se prestou a serviço da esquerda, quando procurou Manuela d'Ávila primeiro, quando tentou invadir o celular de Eduardo Bolsonaro, quando você prestou serviço, e o seu serviço ruim acabou trazendo dúvidas num processo - olha só, Walter -, num processo judicial, e bandidos voltaram para rua. Corruptos estão na rua. É isto que você precisa entender: que o que você quis fazer para esquerda, que o largou na mão, e você foi para cadeia... Aí tentou se vingar da esquerda se aproximando da direita; aí agora você volta para esquerda. Deixe-me dizer uma coisa: não se deixe mais ser usado. Que as motivações do seu coração não façam você ser usado por um lado ou por outro. E eu preciso deixar isso aqui registrado, porque jovens estão acompanhando esta audiência. Você não é um bom exemplo para juventude, mas você pode mudar. E você pode mudar no período em que vai ficar na cadeia. Não acredite nas garantias jurídicas que seus advogados estão lhe dando, porque não tem, no arcabouço jurídico, nenhuma garantia de que esse seu depoimento vai te inocentar de outros crimes e do crime que você cometeu tentando hackear uma urna. Fica aqui o meu recado: atenção, jovens brasileiros! Não sigam o caminho de Walter. Ele destruiu a vida dele. E aí, Walter, no mesmo sentido, eu quero dizer que, por você ter problemas - já provou que você cometeu crimes -, a sua palavra está em dúvida aqui. É a sua palavra contra a palavra de um Presidente da República. Vocês se encontraram? Se encontraram. Mas como você vai provar que ele lhe pediu tudo aquilo? Você percebeu que o usaram hoje e que você não vai conseguir provar que ele lhe pediu tudo aquilo? Mais uma vez, Walter, quem sai prejudicado, nessa grande história complicada da sua vida, é você. Você não tem como provar. Por exemplo, você trouxe um outro nome aqui para este debate, o de um publicitário - prove que ele lhe pediu aquilo. Você colocou aí... Você jogou uma mancha na carreira de um publicitário bem-sucedido, de um homem que gera inúmeros empregos. Como é que você vai provar que ele lhe pediu aquilo? Mais uma vez, é a palavra do Walter contra a de outras pessoas. E qual é o resultado, Walter? Você está desacreditado. Não deixa mais ninguém te usar - não deixa! Cumpra a sua pena; volte para sociedade recuperado. Use a sua inteligência para o bem. Vamos salvar criança com a sua inteligência. E há muitas contradições no seu depoimento. Você fala: "Quatro anos sem usar a internet". E por que voltou para cadeia? Porque estava usando internet. Você está se contradizendo, Walter. Então, a sua palavra aqui está sendo só para um jogo político. Não vai ter como você provar o que você disse. Por exemplo, um encontro com Carla Zambelli no restaurante; tem testemunha que fala que foi no McDonald's. Você mentiu aí. Tem uma série de incoerências na tua declaração, e a gente vai provar. Não dá para provar aqui num depoimento, porque a gente tem que deixar os colegas falarem; mas você mentiu novamente. Walter, sai dessa. Sai dessa vida, porque essa vida do crime não vai te levar a lugar algum. E, agora, eu me dirijo ao advogado. E aqui eu quero falar com todos os demais pares. O depoente falou que o advogado brigou com a Parlamentar que estava lá numa reunião, e eu fiquei perguntando como é que se deu essa briga. Agora, eu entendi. A Deputada Duda estava falando - e ela foi certa na fala dela quando ela disse: "Obrigada porque você está falando, Walter, mas isso não tira de você o caráter de que você cometeu crime". E ela estava querendo ser delicada. E eu disse aqui: "Bandido!". E o seu advogado ouviu - olha o homem que está o defendendo -, olhou para mim - e o vídeo está aqui - e me chamou da mesa aí, Presidente, três vezes, disse que eu sou bandida. Ele disse: "Bandida é a senhora", três vezes. |
R | É dessa forma que o senhor vai tirar seu cliente da cadeia, vindo a uma Comissão e chamando uma senhora, eu sou uma senhorinha, sou uma idosa, de bandida? (Intervenção fora do microfone.) A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Ele tinha dito que ele cometeu o crime. Ele disse, não fui eu. (Soa a campainha.) A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - E aí o advogado me chama de bandida, num Colegiado, para toda a imprensa? Eu vou dizer o seguinte, Sr. Advogado, eu tenho 24 horas para lhe representar. Eu vou pensar se vale a pena, porque o senhor também está fazendo um jogo político aí. Esta sessão aqui hoje só foi um espetáculo, porque o Walter não tem como provar o que está dizendo, e o senhor quis fazer bonito aí. Cuidado, Seu Walter, com quem está te orientando. O senhor não está sendo bem defendido, porque o seu advogado vem aqui querer aparecer na imprensa. (Tumulto no recinto.) A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Então, eu tenho 24 horas. Eu tenho. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Sr. Presidente... O advogado não pode se manifestar. O advogado só pode orientar o cliente dele. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Eu ainda tenho... Senador, eu ainda mais um minuto. Senador, eu fui interrompida, eu quero mais um minuto. Eu só quero dizer o seguinte, Senador, o que a gente viu aqui hoje foi deprimente: um publicitário com reputação assassinada, colocando em xeque a palavra de um Presidente, e o Walter não vai ter como provar tudo isso. E o advogado se prestou... E o advogado me agrediu, ele se referiu a mim... E eu vou pensar o que vou fazer contigo. Então, Presidente, que os outros advogados que vierem para esta Casa querer cinco minutos de fama não façam o que este homem fez aqui na mesa. (Soa a campainha.) A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - E, Walter, e o meu recado fica para ti: você mentiu, você tinha aliança com o PT, está aqui desde 2019. Você estava com raiva, o PT te largou na mão, porque você foi para a cadeia, foi para a direita, agora está voltando. Só vou dizer o seguinte: a vida dá volta, e é a tua vida que está em risco. Que Deus tenha misericórdia de você! (Soa a campainha.) A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Pense em mudar a tua vida, mas você não tem credibilidade nenhuma aqui hoje. Deus te abençoe, Walter. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O próximo orador inscrito disporá de dez minutos. Deputado André Fernandes. O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Para embasar a minha fala, ficarmos aqui ambientados, eu gostaria, já no início, de solicitar que passassem o primeiro vídeo, por gentileza. Isso vai servir... Isso aconteceu em julho de 2022, tá? É uma entrevista do Sr. Delgatti. Pode dar play e aumente o som. Volte e aumente o som, por gentileza. (Pausa.) Por gentileza, pode dar play, porque o tempo está passando. Presidente, se puder pausar o tempo, eu agradeço. Isso aí foi uma entrevista exclusiva à Fórum, em julho de 2022, Sr. Delgatti. (Procede-se à exibição de vídeo.) |
R | O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Sr. Presidente, só para ficar registrado, isso aconteceu em julho de 2022. Ele falava: "O que for preciso". Não só declarou o seu voto em Lula, como disse: "O que for preciso". Pouquíssimos meses depois... Veja só, Sr. Presidente: julho, agosto, quando foi o encontro dele estranhamente com a Deputada Carla Zambelli em um hotel, e ninguém sabe em qual circunstância o levou a estar no mesmo hotel. Olhou a Deputada Carla Zambelli e teve a brilhante ideia de dizer: "Eu voto no Lula, eu aperto o 13 e faço o que for preciso". Mas vai lá e pede para tirar uma foto e se apresenta como um hacker que invadiu celulares de dezenas de autoridades, que é o hacker da “vaza jato” que ajudou a esquerda, o hacker que ajudou a tirar da cadeia dezenas de bandidos, que, inclusive, tiveram que devolver milhões e milhões aos cofres públicos. E, quando se trata dos bandidos, estou falando aqui de muito dinheiro, muito dinheiro! Destruiu a Lava Jato, aliás. E aí... Isso em julho. Em agosto, encontra, tira uma foto, se apresenta e, de repente, como em um toque de mágica, ele muda. Agora, ele já não é mais o Walter que ajudou o PT lá atrás, que ajudou a tirar bandido da cadeia, que fez o PT e o Lula ressurgirem! Já não é mais o Walter... Já não é mais o Walter que, um mês atrás, estava dizendo: "Eu faço o que for preciso. Vou apertar o 13. Faço campanha e peço voto para o Lula". Ele já surge agora sendo o cara que quer ajudar o Bolsonaro. Não é um ano, dois anos depois; é um mês! Ele tem a brilhante ideia de dizer o quê? "Olhe, o Brasil vive um período de instabilidade, o povo tem a sua desconfiança, legítima inclusive. Eu sou a solução." A Parlamentar o leva ao Palácio do Planalto... Diga-se de passagem que é o único encontro do mesmo, a única fala do mesmo com Jair Bolsonaro, que ele consegue provar, porque chegar aqui e dizer que falou no telefone dez, quinze, vinte vezes qualquer um fala. Ele acredita, inclusive, que o povo brasileiro vai dizer que realmente é verdade este bilhete de que a Deputada puxou o celular da caixinha, tirou do lacre, colocou um chip novo, um chipzinho virgem no telefone, ligou para o Presidente da República, e o Presidente da República atendeu ao telefone de um desconhecido? E aí nesse telefone falou: "Ó Delgatti, eu grampeei o Moraes. Alguém de fora do Brasil. Assume aí". Aí eu não entendo, não, porque já passou um ano dessa data, e aí cadê esse grampo? Que conversa bombástica foi essa? Hein?! Pedir para alguém assumir o grampo dos outros?! Aí o povo está acreditando - o Governo está fingindo - que isso tudo é real, mas está descredibilizando quando o mesmo vem aqui e fala que o dono do código-fonte tem o poder de alterar os resultados ou de fazer com que, dentro daquelas milhões de linhas, tenha linhas maliciosas, em que você vota em um candidato e aparece outro. O mesmo falou aqui... É até bom, Sr. Delgatti - já, já, vou fazer algumas perguntas, espero -, que fique ciente de que está aqui como testemunha e de que o que você falar pode ser usado contra você. Essas histórias de versões diferentes... Primeiro chega dizendo que foi contactado a fim de testar e provar a confiabilidade da urna eletrônica. E esse foi o seu primeiro depoimento - assim é que falou -, espetacular. |
R | Aliás, o TSE instalou uma comissão - tem uma comissão - para verificar isso e colocou o Ministério da Defesa dentro. E, se você fala que o seu relatório é praticamente o que consta lá, então você estava ajudando o Ministério da Defesa, que fazia parte de um grupo, uma comissão com o TSE. Mas o primeiro depoimento foi de que estava ali para testar a confiabilidade. Claro, se tem desconfiança, vem uma pessoa altamente inteligente na área - e eu tenho até minhas dúvidas, tá? -, vem alguém altamente inteligente na área, e eu pergunto: é possível isso acontecer? Ele mesmo fala que é impossível hoje, por exemplo, alguém hackear a urna eletrônica - o código-fonte, aliás -, porque está em um computador sem internet. Aí ele disse que foi contratado para fraudar. Mas, se ele mesmo diz que é impossível fraudar, foi contratado para fazer o quê? O crime impossível? O crime impossível?! Ele diz que não tem como fazer, depois diz que foi contratado para fazer. Não estou entendendo! Mas uma coisa eu entendi: categoricamente, afirmou que quem cria o código-fonte é como quem está fazendo ali a receita do bolo e pode colocar um veneno dentro. E, quando vem a Relatora tentar dizer: "Você queria criar um código-fonte fake", é como querendo jogar aquela pecha de fake news. Não, ia criar um código-fonte que não é o mesmo do TSE, porque ninguém tem acesso - ninguém tem acesso, ninguém sabe como é esse código-fonte. Então, ele teria que criar um código-fonte para dizer que quem cria um código-fonte consegue fazer com que, ao você votar lá em um candidato, vai computar o voto para outra pessoa. Ele iria, pelo menos no testemunho, fazer isso, comprovar que pode ter a fraude. E não é uma fraude de invasão, pode ser uma fraude interna, não sai de... Não é de fora para dentro, é de dentro para fora. Aí vem o Governo e pergunta: "Então, você foi chamado para fraudar as eleições?". Aí já muda a versão, já não é mais o cara que se apresentou e foi chamado para testar a confiabilidade de uma urna eletrônica. Agora já é o cara foi contratado para fraudar uma eleição! Em poucas horas, o testemunho mudou. Começou dizendo que se apresentou, recebeu uma proposta, até uma proposta chula, porque ganhar R$3 mil, R$4 mil, R$5 mil uma pessoa que tirou bandidões que ganharam e ganham milhões de reais, mudou a eleição, destruiu a Lava Jato... Eu até desconfio de que uma pessoa ganhe R$3 mil, R$4 mil pra fraudar uma eleição nacional. Mas, enfim... Primeiro, foi chamado para isso, por uma Parlamenta, recebeu essa proposta pífia e depois receberia uma assessoria para cuidar de mídia digital. Ponto. (Soa a campainha.) O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Aí, pouco tempo depois: "Não. Fui contratado para fraudar uma eleição por Jair Bolsonaro". Até a Deputada Zambelli diz que Bolsonaro não tinha nada a ver com isso... Mas, claro, o que a imprensa quer ver é sangue, é notícia que dê vários cliques e dinheiro, para o consórcio. E o Governo se apega ali, em três, quatro detalhes, que são mentiras, porque, até que se prove o contrário, o que ele está falando aí é só fala, é da boca pra fora. Eu gostaria muito que ele provasse que falou com o Bolsonaro várias vezes, que esteve sei lá onde várias vezes, que iria ser contratado pra fazer uma peça de marketing do PL várias vezes. Disse até que ia ser contatado por três Deputados do PL, sabia que eram do PL, mas não sabe dizer o nome. |
R | Sr. Presidente, isso tudo aqui é uma grande farsa. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Na sequência, o Deputado Paulo Magalhães. O Deputado Paulo Magalhães não está? (Pausa.) Não se encontrando presente, fica cancelada a sua inscrição ou vai para o final. Por permuta com o Deputado Filipe Barros, com a palavra o Senador Flávio Bolsonaro. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ. Para interpelar.) - Bom dia a todos. Sr. Presidente, já queria pedir que a assessoria da Mesa colocasse o item 1 aqui na tela, o primeiro vídeo, porque, muito antes de sonhar em ser candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro já defendia que todo o processo eleitoral, incluindo as urnas eletrônicas, tivesse mais camadas de segurança - por enquanto, está tentando abrir o vídeo -, que tivesse mais camadas de segurança exatamente para que não houvesse desconfiança por parte de nenhum brasileiro sobre o resultado das urnas. E não foi o que aconteceu, infelizmente. Veja como foi na Argentina agora, a poucos dias da eleição. Peço que comece o vídeo com som, por favor. (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Podem tirar o vídeo. Está bom, obrigado. Bom, era isso aí que nós sempre defendemos e virou ataque à democracia. E nunca foi questionado o resultado dessas últimas eleições na Argentina, com uma metodologia simples, mais uma camada de segurança, era isso. E a recusa insistente de ceder a esse tipo de votação acabou levando milhões de brasileiros à desconfiança. Mas, Sr. Walter Delgatti, o senhor, que é conhecido pelas suas habilidades, pelo que fez ali invadindo celulares, ilegalmente, de autoridades, no que foi conhecido como "vaza jato", o senhor recebeu alguma vantagem para fazer esse trabalho? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Por orientação do meu advogado, irei ficar em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Não entendi. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Por orientação do meu advogado, irei ficar em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Está bom. É... O senhor, o senhor... (Palmas.) (Soa a campainha.) O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Merece o Oscar. Parabéns, o Oscar vai pra Delgatti! (Soa a campainha.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O meu tempo, Presidente. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Não, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A Presidência solicita aos senhores que integram esta Comissão que, por gentileza, não se manifestem. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Presidente, só restitua meu tempo, por favor, que é curto, mas... O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Presidente, é porque ficou tão evidente que... O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Presidente, pode só... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - V. Exa. tem a palavra assegurada, Senador Flávio Bolsonaro. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Eu só queria restituir meu tempo, porque ficou quase um minuto aí de intervenção... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - V. Exa. terá um minuto. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Obrigado. O senhor, Walter, tem conhecimento de que o TSE faz um teste de segurança público nas urnas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Irei ficar em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor sabia que as Forças Armadas participaram oficialmente, a convite do Ministro Barroso, pra fazer esses testes nas urnas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Permanecerei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor teria condições técnicas de, oficialmente, de forma legal, fazer esse tipo de teste em urnas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Bom, fica, Presidente, como ele vai ficar em silêncio de agora pra frente... Óbvio que as conversas todas que existiram, segundo ele está dizendo, tanto com o Presidente Bolsonaro, com a Deputada Carla Zambelli, com integrante das Forças Armadas, não foram pra fazer invasão em sistema eleitoral nenhum. Ele próprio falou que tem conhecimento teórico, nunca teria feito isso. Foi, na verdade, uma sondagem pra que ele pudesse, junto com aquele grupo das Forças Armadas, que estava legalmente junto ao TSE pra fazer os testes em urnas, mostrar para o TSE possíveis vulnerabilidades das urnas. Essa narrativa aqui, que foi criada pela manhã inteira, de que ele foi contratado pra fraudar as eleições, é uma mentira, um terror que foi criado, como se o Presidente Bolsonaro o tivesse contratado pra isso. As conversas sempre foram no sentido de instruir o TSE, pra mostrar: "TSE, dá pra melhorar a segurança das urnas". E foi nesse aspecto que o senhor foi contactado. Então, pra que ficar mentindo aqui? O senhor está levando algum dinheiro de alguém pra fazer o que está fazendo aqui hoje? Queria que o senhor respondesse? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor, em algum momento, disse que o teste de integridade, se fosse feito em 600 urnas, de forma aleatória, e se comprovasse a vulnerabilidade, estatisticamente seria suficiente pra mostrar que todas as urnas seriam frágeis? Em algum momento, o senhor falou isso com alguém? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor sabe quantas linhas tem um código-fonte? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor, em algum momento, disse que, se conseguisse instalar uma espécie de vírus em uma dessas linhas do código-fonte, não seria possível identificá-lo? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Quanto custa a democracia, Sr. Walter? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Porque foi essa pergunta que o senhor fez pra Carla Zambelli - não é? - quando foi negociar com ela o preço de quanto é que o senhor ganharia pra fazer o trabalho. Confere? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor, quando foi ao Alvorada, estava acompanhado dos seus advogados? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Eles ficaram dentro do Palácio Alvorada ou do lado de fora? O advogado e o filho, inclusive. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Quem tirou as fotos do seu veículo entrando e saindo do Palácio Alvorada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - É, já tem gente dizendo que foram os seus advogados que estavam lá fora, já preparando alguma coisa - não é? -, pra, enfim... |
R | O senhor, quando esteve no Ministério da Justiça... Qual foi a data em que o senhor esteve lá pela primeira vez? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - É, porque o senhor falou aqui que esteve lá no dia 10 de agosto, não é? O senhor já falou isso, em resposta aos Parlamentares aqui que estão lhe dando suporte, apoiando-o, instruindo-o, inclusive - o senhor e seus advogados -, no pé do ouvido. O senhor esteve no dia 10 e o senhor também falou aqui que foi de sua autoria intelectual o relatório apresentado pelas Forças Armadas ao TSE. Procede isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Como é que o senhor vai pela primeira vez ao Ministério da Defesa no dia 10 de agosto, sendo que o relatório das Forças Armadas foi encaminhado ao TSE no dia 24 de junho... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - ... e ele foi reiterado no dia 1º de agosto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Como é que o senhor produziu um relatório, se ele for entregue antes? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - É. Isso... Presidente, se eu fosse aqui um Parlamentar de oposição, estaria pedindo a prisão dele por mentir, não é? Se eu fosse o Relator dessa Comissão, eu estaria ameaçando-o de prisão porque ele está mentindo. Bom, o senhor não respondeu, mas os informes que eu tenho - eu queria verificar com o senhor - são que o seu advogado estava esperando fora do Alvorada - ele, junto com seu filho -, enquanto o senhor estava lá dentro. Quem está pagando o seu advogado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Ah, o senhor não sabe quem está pagando seu advogado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Você tem alguma ligação com partidos de esquerda? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O seu advogado tem ligação com algum partido de esquerda? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Eu queria pedir que a assessoria botasse a próxima foto, item 2. (Intervenção fora do microfone.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Item 2. (Intervenção fora do microfone.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Por favor, rápido, porque o meu tempo está estourando ali e eu tenho que concluir. O senhor conhece essa pessoa aí? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. (Risos.) (Intervenções fora do microfone.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - É, eu vou ler a legenda aqui, porque o senhor vai ficar em silêncio, mas, caso o senhor não saiba, eu vou lhe informar que é o advogado que está ao seu lado, aí na mesa. (Risos.) E aqui a seguinte legenda publicada no Instagram dele, não é? Ele, com o livro do Lula: "Boa tarde, queridos amigos e seguidores. É com muita alegria que venho anunciar que, no dia 13 de dezembro, o grande escritor Fernando Morais fará uma noite de autógrafos na nossa cidade, onde os direitos autorais dos seus livros vendidos neste dia serão revertidos para Walter Delgatti". (Intervenções fora do microfone.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Quanto o senhor recebeu pela venda desses livros nesse dia? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. (Intervenção fora do microfone.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Depois peça para me agradecer pelo jabá que eu estou fazendo aqui, em rede nacional, pro livro dele. O senhor diz ter recebido R$10,5 mil da Deputada Carla Zambelli para fraudar as urnas. O senhor confirma isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor conhece o Sr. Renan... O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - ... que é o então motorista da Deputada Carla Zambelli? O senhor vendeu três caixas uísque ao Sr. Renan? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Por que essa cara diferente quando eu falei isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. (Risos.) (Intervenções fora do microfone.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Bom, só pra informar o senhor de que ele acabou de dizer, no seu depoimento - o Renan - à Polícia Federal, que o senhor vendeu a ele três caixas de uísque. (Soa a campainha.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Tem imagem do senhor, inclusive, entregando esses uísques a ele. Eu ia perguntar o valor - não é? - e se o senhor teria vendido depois essas caixas de uísque, porque talvez justifique a movimentação na sua conta bancária, e o senhor alegando que foi em função do dinheiro que a Deputada teria lhe dado pra fraudar as urnas. Então, pode ser que tenha outra versão comprovada de que o senhor está mentindo de novo. O senhor expediu mandado de soltura de dez bandidos, ilegalmente, alguma vez na sua vida? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor faz uso de algum medicamento? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - O senhor já falou pra mim... O senhor não quer falar, mas já falou pra oposição que o senhor faz uso de medicamento. É porque, obviamente - isso não é nenhum demérito -, o senhor faz algum tratamento psiquiátrico, já foi internado em algum hospital psiquiátrico. Isso faz parte. Muitos brasileiros passam por isso. |
R | E eu queria pedir que passasse o último vídeo aí, por favor, para eu encerrar minha apresentação. O senhor conhece o Glenn Greenwald? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Ah, também não sabe. Por favor, só peço que bote do início e desde o começo. É sobre o senhor que ele está falando. (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Bom, obrigado pelo tempo, Sr. Presidente. Só para mostrar até o amigo dele o acusando, dizendo que ele não é confiável, porque ele quer aparecer a todo momento, ele fala coisas que não consegue comprovar. Fica só a dúvida se o senhor foi pago para ser infiltrado e agora está neste momento aqui falando essas mentiras em rede nacional ou se o senhor, enfim, está aqui pensando em fazer uma certa forma para tentar ser candidato a alguma coisa, ou as duas coisas. Mas, infelizmente, eu lamento pela sua vinda aqui, mentindo. Suas falas são completamente desqualificadas e sem nenhuma possibilidade de crédito diante do que você já viu, diante do que o senhor ainda vai ver aqui hoje na CPMI. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Presidente, pela ordem. Pela ordem, Presidente. Deputado Rubens. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Deputado Rubens. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA. Pela ordem.) - Sr. Presidente, é um direito da testemunha estar acompanhado do advogado. Em dado momento, a Senadora Damares divergiu do comportamento do advogado, anunciou aqui a possibilidade de representação, isso ou aquilo. E isso faz parte do embate político até aí, mas, ao meu ver, o advogado não se confunde com o cliente. E, a partir do momento que você começa a exibir fotos do advogado, postagens, posicionamentos políticos do advogado, você está, de alguma forma, criminalizando essa atividade. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Não. Pela ordem, Presidente. Pela ordem. (Soa a campainha.) O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Para concluir, Sr. Presidente. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, não tem nada a ver isso daí. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Para concluir meu tempo. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Presidente, não tem nada a ver isso. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Pela ordem, Presidente. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Para concluir, Sr. Presidente. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Pela ordem. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Desde o início dos trabalhos ficou acertado que tem que ter respeito de forma inarredável para com os Parlamentares, para com a testemunha e, igualmente, para com o profissional que está trabalhando. Repito: não se confunde a atuação profissional do advogado com a situação do seu cliente, que neste caso é uma testemunha. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Questão de ordem, Presidente. (Fora do microfone.) Ele falou do meu vídeo aqui. (Soa a campainha.) O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - É uma rápida questão de ordem, Presidente. Ele não faz questão de ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Questão de ordem, qual é o artigo que V. Exa... O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Contradita, Sr. Presidente. Para contraditá-lo. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - V. Exa., pela ordem, pede a palavra. Pela ordem, Senador Flávio Bolsonaro. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ. Pela ordem.) - Obrigado, Presidente. Muito rapidamente, eu só coloquei a foto do advogado, porque ele vendeu o livro do Lula para dar dinheiro para o Walter Delgatti. O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PT - MA) - Mas ainda assim o advogado não é testemunha. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Isso não é papel de advogado. É só isso. Só isso, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Na sequência, concedo a palavra, por dez minutos, ao Senador Marcos Rogério. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares... Eu começo dizendo, Sr. Presidente, que as declarações feitas aqui são graves, porém unilaterais, e precisam ser, obviamente, checadas. Não se pode fazer juízo de valor com base em informações de uma das partes envolvidas sem que haja efetivas provas de veracidade. Mas eu pontuei algumas falas do depoente. O depoente Walter Delgatti Neto disse inicialmente que foi chamado para mostrar que o sistema eleitoral não era seguro, para demonstrar a insegurança do sistema - isso está dito e está gravado. Depois disse que o Presidente Bolsonaro pediu para que você fraudasse as eleições, ofereceu vantagens e garantias em caso de prisão. O SR. MARCOS DO VAL (PODEMOS - ES. Fora do microfone.) - La garantia soy yo. |
R | O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Qual das duas versões está correta? A primeira, em que você disse que foi chamado para demonstrar que o sistema era falho, ou a que Bolsonaro te pediu para fraudar o processo eleitoral? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Eu ficarei em silêncio. (Intervenções fora do microfone.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Muito conveniente o seu silêncio, mas o seu silêncio fala mais... (Intervenções fora do microfone.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - ... e com mais verdade do que a sua verborragia no âmbito desta CPMI. Quando você fica em silêncio, você passa verdade. Quando você fala, você exerce aquilo que é a sua profissão: mentir. Estelionato. Mas eu continuo com as minhas... (Soa a campainha.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - ... ponderações. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE. Fora do microfone.) - A Presidência... O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG. Fora do microfone.) - Está desligado o microfone, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A testemunha merece ser tratada com respeito. (Intervenção fora do microfone.) O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG. Fora do microfone.) - Silêncio seletivo. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Eu vou pedir que V. Exa. acrescente um minuto... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu peço a V. Exa. que evite adjetivos em relação à testemunha, se limite a questioná-la. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Eu só estou repetindo aqui, Sr. Presidente, aquilo que está nos autos. Não estou adjetivando. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não, não. V. Exa. acabou de fazer um adjetivo de que ele era mentiroso... (Tumulto no recinto.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... e isso é um adjetivo. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Então traduza para mim... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu pondero a V. Exa... Pondero a V. Exa. que V. Exa. se limite... O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Se ele está mentindo ele é o que, Presidente? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... a fazer questionamentos à testemunha. (Tumulto no recinto.) (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não, não. Eu estou como advogado de a sessão transcorrer... (Intervenção fora do microfone.) O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Da testemunha, advogado. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... em atendimento ao disposto na decisão do Supremo Tribunal Federal: que a testemunha deve ser tratada com respeito. O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Advogado do hacker. (Soa a campainha.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Sr. Presidente, peço que reponha o meu tempo. Peço que reponha o meu tempo. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - V. Exa. terá um minuto a mais. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - V. Exa. usou dois minutos e vai me dar um minuto? É estratégia agora dos seus... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Contabilize aí se eu usei dois minutos. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO. Para interpelar.) - Por gentileza, Sr. Presidente. Depois eu peço que alguém dê um Google aí, porque o Presidente não sabe, no significado da palavra estelionato, porque foi isso que eu traduzi aqui. Mas respeito V. Exa. e vou acatar a sugestão de V. Exa. O depoente disse que o relatório das Forças Armadas foi feito por ele. Em que momento você esteve no Ministério da Defesa, na Comissão de Transparência Eleitoral? Quantas vezes esteve no Ministério da Defesa? E com quem esteve? Com quem falou depois? Tem prova dessas conversas? Indago V. Sa. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Novamente o seu silêncio fala mais do que as suas palavras. Ao longo da manhã, estava aqui todo pavão, falando, rindo. Aliás, os membros da base governista nem perguntavam, só levantavam a bola e você já complementava. Muito conveniente, mas... (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Olha, eu vou dizer uma coisa. Hoje é o dia típico para voltar àquela frase da CPI da Pandemia: vai vendo, Brasil, vai vendo. Eu não tinha usado essa frase nenhuma vez aqui na CPMI do 8 de janeiro, mas hoje eu estou usando: vai vendo, Brasil. Eu tinha feito uma série de outras anotações, e eu não vou usar, vou apenas ponderar. Você se gaba, se autoelogia pelo fato de ter sido o personagem da "vaza jato". E quando um documentário foi exposto sobre isso, que não menciona você, você se vê indignado. Que injustiça! Isso é como falar da Inconfidência sem falar de Tiradentes. Isso é como... Agora, o que você fez na "vaza jato" ao vazar informações, conversas privadas, documentos, fez com que empresas que, comprovadamente, fizeram parte de um cartel criminoso, que causaram prejuízo à Petrobras na ordem de quase R$13 bilhões, se safasse nesse processo. O valor atualizado hoje chega à casa dos 18 bi. |
R | Vou citar alguns nomes que se favoreceram com essa tua mãozinha amiga: ex-Diretor da Petrobras, Paulo Roberto. Milhões desviados e confessados, inclusive com devolução. Beneficiado. Sérgio Cabral, beneficiado; Antônio Palocci, beneficiado. Poderia continuar falando aqui de todos aqueles que o trabalho que você prestou... E aí a pergunta é: mas serviu ao interesse de alguém? "Não, foi uma coisa voluntária. Eu fiz isso por amor ao Brasil, por amor à democracia, por amor à pátria". E isso fez com que todos esses estivessem soltos, tivessem as condições empresariais restabelecidas, e até um ex-Presidente condenado voltar à condição de candidato e Presidente da República. Não é o Bolsonaro que promoveu essa ação. Não foi o Governo do Bolsonaro, foi o seu trabalho. E você se vangloria de ter feito isso. Aí, agora vem aqui de manhã, fala, demonstra um enredo muito bem ensaiado, muito bem combinado, de que, "olha, eu fui contactado, eu fui contratado, eu tinha expectativa de valores de salário, de retribuição, e, no caso de prisão, eu já tinha lá um indulto programado, falei ao telefone com o ex-Presidente Bolsonaro, estava tudo certo, desde que eu fraudasse o resultado eleitoral" - sem mostrar uma evidência, sem mostrar uma prova. Aí, você vem agora, na parte da tarde, quando os Senadores de oposição lhe passam a questionar, e aí, opta pelo silêncio. Não sei se foi o efeito do vídeo que o Deputado André Fernandes apresentou ali, mostrando você declarando voto e pedindo voto para Lula e dizendo que votava 13, que lhe fez mudar de opinião, de repente, porque até então, falava tudo, até o que não perguntavam. Os Deputados da base governista, Senadores, simplesmente começavam com uma frase, e V. Sa. habilmente já complementava. Estava se sentindo em casa, estava se sentindo dentro do seu próprio espaço. Agora não, agora exerce o seu direito constitucional ao silêncio. V. Sa. poderia ter exercido esse direito desde o primeiro momento. Veio para cá com habeas corpus debaixo do braço. Mas para criar narrativas, V. Sa. fala; mas para responder àqueles que querem contraditar os seus argumentos, aí opta pelo silêncio. Atentai bem, Brasil! Atentai bem! Os fatos, as evidências falam por si. Antes, um falastrão; agora... (Intervenção fora do microfone.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Não vou usar essa palavra porque senão vou ser censurado pelo Presidente. Alguém que se cala. Alguém que silencia. Por quê? Qual é o medo? Agora, é interessante: os governistas vieram aqui e levantaram a peteca para você, a bola para você, para você atacar o Presidente Bolsonaro, para você atacar a Deputada Carla Zambelli, para você falar tudo aquilo que eles queriam ouvir. E aí, você, no início, quando o Presidente da Comissão lhe faz uma pergunta muito bem elaborada, embora de improviso, mas é fruto da curiosidade daqueles que não são da área, como eu também não sou: "Vem cá, qual o nível de segurança do sistema de votação no Brasil? Qual o nível de inviolabilidade desse sistema? O código-fonte, como é que é? Faça-me o desenho. É possível alguém alterar a programação para que, quando alguém está votando numa pessoa, internamente, o processamento dessa informação indique voto para outra pessoa?", a sua resposta disse: "Sim, é possível. Quem programa o código-fonte pode fazer isso e camuflar aquilo que está visível". V. Sa. disse isso aqui. Agora, os governistas vão dizer, na narrativa deles: "Não, essa parte é desinformação", porque não se interessam por isso. |
R | Eu nunca disse que as eleições no Brasil foram fraudadas, mas eu sempre disse que tudo que é sistema, que é manipulado pelo ser humano, não é insuscetível de falha, não é inviolável, é possível fraudar. E aí, quando alguém perguntou para você, o próprio Presidente, qual seria o meio, o método mais seguro e mais eficiente? (Soa a campainha.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - V. Sa. é que disse: "A adoção do voto com o sistema impresso para, confirmando, depositar...Confirma e deposita numa urna; não confirma, deposita em outra, sem contato com a cédula". Foi isso o que V. Sa. disse. Agora, os governistas vão dizer: "Não, essa parte aí, nós vamos deletar, não serve". A única que serve é aquela que ataca Bolsonaro. Sabe por quê? Porque eles não têm compromisso com a verdade. Eles têm compromisso com as narrativas, com as versões. E aí, Sr. Presidente, eu reitero aqui que é importante que a gente faça agora a checagem de tudo que foi dito, que chame aqui outras autoridades para confrontar. E, mais do que isso, esse ex-diretor da área de informática lá do Tribunal Superior Eleitoral precisa vir a esta CPI. A pauta foi levantada aqui e ele disse que, antes de 18, uma pessoa cuidava, e que poderia fazer, depois cinco. Eu não estou colocando ninguém em cheque, mas se há algum nível de insegurança e se há alguma possibilidade de, em algum momento, fraude ter sido cometida, é preciso que haja investigação. Eu quero investigar tudo, não trabalho com seletividade. (Soa a campainha.) O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Já disse aqui, no início, e repito hoje, Sr. Presidente - e quem está aqui é testemunha disso -, que nunca passei a mão na cabeça de ninguém que se sentou nessa cadeira, sejam aliados ou não do ex-Presidente Bolsonaro. Fui duro por demais com um dos integrantes do Governo anterior que se sentou nessa cadeira, mas não sou seletivo. Não defendo quem quer que seja, o que eu defendo aqui é a verdade. A única pauta que me interessa é a pauta da verdade. Então, nós temos que avançar nessa investigação, mas não dá para aceitar narrativas, porque a parte em que você acusa Bolsonaro e aliados é verdadeira, na voz dos governistas, mas a parte em que você fala da fragilidade do processo eleitoral, não, essa aí não é verdadeira, é desinformação. Eles têm que escolher: ou acreditam em V. Sa. ou desacreditam totalmente. Mas o silêncio de V. Sa. diz mais do que V. Sa. possa imaginar. O seu silêncio é mais convincente do que as palavras lançadas para agradar o ouvido dos membros do Governo no âmbito desta CPI. Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.) A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Senadora Eliziane Gama. O próximo inscrito é o Deputado Delegado Ramagem. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Sr. Presidente, eu tenho muito cuidado quando eu venho a esta Comissão em relação a respaldar com documentos. E tenho até o cuidado para não ficar apenas em relação... Com o devido respeito à imprensa brasileira, mas para além das notas divulgadas pela imprensa, também aos documentos. |
R | E, nas palavras do Senador Flávio... Eu fiz questão, quando ele me falou do relatório, de mandar solicitar novamente o relatório pra fazer até aqui o entendimento se, de repente, eu tivesse lido a data errada. E não é isso, não é verdade, Flávio. O documento que foi encaminhado - e está aqui o relatório - foi assinado pelo Chefe da equipe das Forças Armadas e representante do Exército, Coronel Marcelo Nogueira de Sousa; pelo Coronel Aviador Wagner Oliveira da Silva, que é Subchefe da equipe das Forças Armadas e representante da Força Aérea; também pelo Capitão de Fragata Marcus Rogers Cavalcante Andrade, que é da equipe das Forças Armadas e representante da Marinha; e, por fim, pelo Ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que foi o relatório enviado ao TSE. Exatamente pelas informações que nós obtivemos hoje aqui do hacker, do depoente, teria tido a contribuição direta dele. E esse relatório está datado do dia 9 de novembro de 2022. Está aqui o documento, o relatório que eu acredito que é público e a que todos, na verdade, podem ter acesso. Um outro ponto específico, quando você fala, por exemplo, que ele foi lá visitar o Presidente Bolsonaro e, de repente, foi pra fazer uma contribuição em relação, enfim, a aperfeiçoamento ou coisa parecida em relação ao sistema, primeiramente ele foi, porque isso é registrado. Por exemplo, as imagens que foram publicadas na revista Veja vêm inclusive com a placa do carro. E a placa do carro que nós mandamos levantar é claramente de veículos utilizados em serviços mais sigilosos, em serviços até de inteligência, porque ela não tem um registro específico como se tem realmente em veículos normais. Está aqui que, aliás, foi registrada numa ata notarial, aqui no Cartório JK. Então, há uma confirmação. E é por isso, e até em cima do que os colegas da oposição estão falando, que a gente vai precisar levantar e aprovar as quebras de sigilos telemático, bancário, enfim, telefônico pra que a gente possa compreender e compatibilizar o que o hacker acabou de colocar hoje aqui neste depoimento. Então, eu gostaria de fazer de fato esse registro aqui. Pois não, Flávio. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Presidente, como eu fui citado, eu queria só contradizer a Relatora porque... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, com a palavra, o Senador Flávio Bolsonaro. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Só pra fechar, 30 segundos, Flávio, sobre a questão da agenda. Se fosse uma ida, por exemplo, digamos, republicana, não tinha por que esconder, por exemplo, de uma agenda. Foi no Alvorada. Tudo bem, não há uma prática de divulgação de agenda oficial do Alvorada, mas, nas conversas telemáticas da Ajudância-de-Ordens, eu tenho aqui a agenda daquele dia do Alvorada. E, mesmo nessa agenda, que é feita pra que tenham conhecimento interno, não há o registro da ida do hacker, mas há o registro das fotografias que estão aqui de posse realmente da CPMI. Então, não me pareceu uma visita, uma reunião republicana, me pareceu realmente aquela coisa bem escondida ali, com uma certa nuance de irregularidade. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Senador... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu queria, só pra fechar, Presidente, porque o Senador Marcos do Val, mais um pouco atrás, falou que alguém teria dito que eu falei que ele estaria na mira da CPMI - foi mais ou menos isso... Na verdade, eu fiz apenas um pedido ao Senador pra que ele desse explicação em cima de uma matéria de um jornal que teria dito - o jornal O Globo - que teria sido o GSI o responsável por esse possível grampo. E aí o Senador colocou que era para eu buscar no requerimento, ou melhor, no seu depoimento à Polícia Federal, e eu disse até que ia buscar, mas ele veio e disse que está encaminhando. Então, não tem... A gente está fazendo o nosso trabalho com muita responsabilidade, não tem nenhum tipo de revanchismo ou de vingança, mas é com a devida responsabilidade. |
R | O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Pela ordem, Presidente. Pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela citação, Senador Flávio Bolsonaro. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Só pedindo para retomarem... O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ. Pela ordem.) - Sr. Presidente, só para esclarecer à Relatora, primeiro, que não tem nada a esconder, porque uma conversa com o seu Walter era exatamente para que ele demonstrasse os seus conhecimentos, para que fosse oficialmente instruído o TSE sobre possíveis vulnerabilidades das urnas eletrônicas, foi só isso. Não foi pedido de invasão de urna, de modificação de resultado de eleição, até porque ele próprio já falou que não tem capacidade de fazer isso. Então, para ficar bem claro esse ponto, porque na manhã inteira essa mentira prevaleceu aqui na CPMI, como se o contato feito com o Sr. Walter tivesse sido para isso. Repito: era apenas para que houvesse uma instrução ao TSE, mais uma vez sempre no sentido de garantir mais camada de segurança às urnas eletrônicas. E, com relação às datas que a senhora está falando, a senhora está falando de coisa diferente do que eu estou falando. É de coisas diferentes. O que foi entregue, os questionamentos finais, inclusive pelo próprio prazo da Justiça Eleitoral, não poderiam ser depois das eleições. Questionamentos finais: 24 de junho. Ele estava dizendo que instruiu um documento aqui com os questionamentos ao TSE. Dia 9 de novembro foi o relatório final. Ele falou que ele preparou o relatório final, que estava sendo produzido desde 2021, desde 2021! A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não. Desde o dia 10 de agosto. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Ele disse, olha só. Esse relatório... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - A gente pode levantar a taquigrafia. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Senadora, Senadora, esse relatório final começou a ser... Esse relatório começou a ser produzido em 2021. Como é que ele vem aqui e diz que ele que fez o relatório? Essa é a questão que ele não quer esclarecer, porque, como é um Parlamentar de oposição, ele não quer falar. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Não. Eu não estou aqui para fazer a defesa de ninguém. Eu estou até fazendo uma colocação em cima de uma intervenção que eu fiz; e eu fiz a intervenção em cima de um relatório que, pelas informações que nós obtivemos, ele deu uma contribuição no mês de agosto e o relatório foi construído ao longo do processo, 2021 e 2022, e ele foi concluído e entregue no dia 9 de novembro de 2022. Então, não há uma incongruência especificamente na finalização do relatório. É apenas isso que eu estou querendo colocar para você. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Senadora, ele orientou os questionamentos... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Se nós formos ficar... Perdoe-me, perdoe-me. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Última fala, última fala, Presidente. Dá 20 segundos. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Perdoe-me. Senador Flávio, conclua, por favor. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Ele orientou os questionamentos e o relatório final. O que eu estou dizendo é que ele chegou ao Ministério da Defesa em agosto, portanto ele jamais teria capacidade de produzir algo de relevante em um mês e meio. Só isso. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, pela ordem. Pela ordem, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Deputado Abilio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT. Pela ordem.) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Deputado Abilio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Está me ouvindo? Está pegando o microfone? Está? (Pausa.) Presidente, eu só quero, assim, não querendo eu ser a pessoa mais tranquila aqui a orientar alguma coisa, mas eu só gostaria de pedir ao senhor, dado o horário e o número de inscritos, que seja respeitado o tempo... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - É o que desejo. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - ... porque toda hora interpelando e a gente acaba não alcançando. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - É o que desejo. É o que desejo. Solicitaram pela ordem e a Relatora tem sempre precedência. Ao citar uma pessoa, eu me senti no dever de oferecer a ele a palavra. Então... (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Desculpe. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Hã? O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - O senhor está muito liberal. |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu? O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Tem que ser ditador. (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não, eu procuro ser justo. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Tem que ser ditador. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Com a palavra, o Deputado Delegado Ramagem. O SR. DELEGADO RAMAGEM (PL - RJ. Para interpelar.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu vou trazer fatos aqui, Sr. Presidente. Não são adjetivos, são fatos já colocados pelas investigações e pela própria Justiça. O Sr. Delgatti incontestavelmente é um criminoso contumaz. E seus crimes possuem, em sua parte central, a dissimulação, a fraude, a mentira. São diversos crimes de falsidade ideológica, estelionato e sua atividade criminosa como hacker. Em 2015, ele foi preso por falsidade ideológica. Em 2017, foi investigado por falsificação de documentos, por estelionato - 44 vítimas diversas. Em julho de 2019, já na sua atividade criminosa como hacker, Operação Spoofing. Em outubro de 2020, preso por descumprir medidas cautelares. Em janeiro de 2023, voltou com a atividade hacker, invasão de sistema do CNJ, Banco Nacional. Foi preso, em junho de 2023, novamente; e, agora, pelas invasões ao sistema do Poder Judiciário. É o relato dessa pessoa que será tido como verdade absoluta? É lógico que não. Além disso, o que ele demonstra aqui, pelos seus atos aqui nesta Comissão, é uma grande parcialidade, que já desconstrói a validade das suas declarações. Ele aqui teve uma atitude sem a menor cortesia ou urbanidade com o Senador. O seu advogado parece que xingou uma Senadora - e eu coloco e atesto aqui a minha assinatura para que seja investigado. Ele só responde às perguntas da esquerda; às da direita ele se mantém silente. E mais: já foi colocado em vídeos aqui incontestáveis que ele é um apoiador da esquerda, um apoiador do Sr. Lula, que ele deseja fazer campanha e que deseja ainda sair como Deputado ou Parlamentar pela esquerda. É essa pessoa que vai ter idoneidade para falar de um Presidente da República que, em toda a sua vida pública, nunca teve uma acusação de corrupção? O mais interessante, Sr. Presidente, é que ele tem dois núcleos de crime. Um deles - investigado, condenado - é o crime da mentira, da falsidade, do que ele fala como mentira - e essa é a parte que a esquerda quer levar em consideração. Agora, uma outra parte do relato dele, sua atividade criminosa de hacker, tão elogiada aqui, não é levada em consideração. Eu iria fazer algumas perguntas ao Sr. Delgatti, mas ele não quer responder à direita. Então, eu vou trazer as falas dele hoje aqui. Ele falou que deveria pegar uma urna para colocar o aplicativo dele e mostrar para a população que é possível apertar um voto, e sair outro. Quem tem acesso ao código-fonte, disse ele, antes de compilá-lo, é possível inserir linhas que façam com que seja apertado um voto, e saia outro. Falou que é até engraçado: o sistema é inviolável, mas uma pessoa sozinha conseguiu invadir o sistema e emitir um mandado como se fosse um ministro, com o token dele. Falou ainda que tem que refazer as eleições com uma urna que tivesse voto impresso também. Disse ainda que é possível que alguém com más intenções faça que o código-fonte não funcione, usando, por exemplo, dados de eleição anterior para colocar algo factível; que descobriu que era só uma pessoa, Giuseppe Dutra Janino, que fez curso de algoritmo, ninguém sabia o que era, que ele sozinho tinha o poder de decidir o resultado de uma eleição, vota por 200 milhões de habitantes, caso ele tenha essa má-fé. |
R | Então, eu coloco novamente que é muito complicado, estranho, coincidente, pelo que se deseja, querer levar em consideração as falas, quando se trata de um mentiroso já condenado, e não o que ele constrói com a sua habilidade criminosa como hacker. Estamos aqui querendo involuir o sistema eleitoral. E mais ainda, algo de praxe do PT: querem colocar um criminoso como herói. Como sempre, narrativas da esquerda, sem qualquer validade de prova, se utilizando de um soldado criminoso da esquerda para retirar os objetivos dessa apuração. Tenho certeza de que o Sr. Delgatti não invadiu... Sr. Delgatti, uma pergunta para o senhor: o senhor invadiu os prédios públicos no 8 de janeiro? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. DELEGADO RAMAGEM (PL - RJ) - O senhor tinha alguma responsabilidade? O senhor foi omisso com os prédios públicos no 8 de janeiro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. DELEGADO RAMAGEM (PL - RJ) - Então, aqui está comprovado que não têm qualquer validade para esta CPMI e como inquérito de persecução penal os relatos desse criminoso. Obrigado. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT. Fora do microfone.) - Esse cara é o melhor, esse cara é o melhor! (Palmas.) (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Próximo orador escrito, Deputado Filipe Barros, disporá de 10 minutos. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Obrigado. Sr. Presidente, nobres colegas Deputados e Senadores. Sr. Walter, ontem, onde V. Exa. estava? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - V. Exa. ontem - foi noticiado pela imprensa - estava na Polícia Federal, confere? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - V. Exa. já negociou acordo de delação premiada? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - O senhor por alguma razão qualquer foi orientado a só falar aquilo que eventualmente uma delação premiada permitisse? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Por que V. Exa. não veio na semana anterior para esta Comissão? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Porque a informação que nós tínhamos é que o senhor viria a esta CPMI na semana anterior. O senhor não sabe por que não veio na semana anterior? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - O que você fazia no hotel em que encontrou a Carla Zambelli? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - O vídeo que o Deputado André Fernandes mostrou é da data do início de julho de 2022, onde o senhor declara voto ao Lula, mais do que isso, o senhor diz que faz o que for preciso para ajudar o Lula. No mesmo mês de julho, por alguma razão qualquer, o senhor encontra Carla Zambelli num hotel no interior de São Paulo. O que o senhor fazia nesse hotel? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - O que te levou a tirar uma foto com Carla Zambelli, sendo que no mesmo mês você já tinha declarado publicamente que votou no Lula... que votaria no Lula? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. (Intervenções fora do microfone.) (Soa a campainha.) O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Numa semana você afirma que vota no Lula e que faz o que for preciso para ajudar. Alguns dias depois, coincidentemente, você encontra Carla Zambelli num hotel do interior de São Paulo e pede para tirar uma foto com ela? |
R | O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Onde os teus advogados estavam na hora do almoço de agora? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você não sabe onde teus advogados estavam na hora do almoço hoje? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Quando as mensagens da "vaza jato" foram obtidas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Quem te levou até a Manuela D'Ávila, que era candidata a Vice-Presidente da República pelo PT, para entregar as mensagens da "vaza jato" a ela? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Qual foi o método utilizado para você acessar o Telegram de inúmeras autoridades? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Eu queria que disponibilizassem a imagem que foi divulgada pela imprensa quando da Operação Spoofing - um pouco mais para baixo, por favor -, porque inúmeros especialistas da área de segurança cibernética, Sr. Walter Delgatti, em primeiro lugar, afirmaram naquele momento que o método que você alegou para a Polícia Federal para obter as mensagens era um método que era impossível de obter essas mensagens. Em segundo lugar, esses especialistas da área de tecnologia afirmam que você é o único hacker do mundo que utiliza Windows, porque está ali a tela do teu computador que foi apreendido pela Polícia Federal quando da Operação Spoofing. Esta foto mostra ali todas as pastas de supostas conversas que você obteve ou supostamente obteve hackeando o Telegram dessas pessoas. Você hackeou o ex-Presidente da Câmara Rodrigo Maia? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você hackeou o hoje Presidente da República, Lula? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - É porque, na época, tinha pastas ali de Rodrigo Maia e de Lula, porém Rodrigo Maia veio a público dizendo que nunca teve Telegram; depois, o Cristiano Zanin, hoje Ministro do Supremo, na época, advogado do Lula, disse que o Lula - e quem conhece o Lula sabe disto - sequer tem celular. Como você hackeou Rodrigo Maia, se ele não tinha Telegram, e hackeou o Lula, sendo que o Lula nunca teve celular? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Eu chego à conclusão de que você é um hacker - ou diz que é um hacker - de meia-tigela. No Brasil 247, tem uma frase tua dizendo que o Lula foi traído por um nome importante do PT. Por que Lula foi traído? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Quais Ministros do Supremo você supostamente hackeou na "vaza jato"? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Sobre as urnas eletrônicas, no momento da confecção do código-fonte, antes de ele ser compilado, alguém pode adicionar um código malicioso para fraudar a eleição? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Mas você disse isso aqui mais cedo. Está desdizendo ou não vai mais dizer? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Continuo em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Segundo você, até 2018, apenas uma pessoa é que tinha acesso ao código-fonte. Procede? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você disse que a única solução seria a impressão do voto, inclusive corroborando com o parecer da Polícia Federal de 2018. Confere? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você conseguiria incluir um código malicioso para alterar a zerésima? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - E o boletim de urna? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você conseguiria quebrar o sigilo do voto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. |
R | O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você apresentou aqui duas versões. No teu tempo inicial, o senhor disse que supostamente o Presidente teria te pedido para que, no 7 de setembro, mostrasse para a população que o sistema das urnas eletrônicas poderia ser invadido, e, portanto, demonstrar no Sete de Setembro uma vulnerabilidade das urnas. Depois, quase toda a bancada governista aqui deu a entender que você teria dito que Bolsonaro teria lhe pedido para fraudar o resultado das eleições. Qual dessas duas versões é a verdadeira? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Você concorda com a frase - abro aspas - “Sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem. Sem a recontagem, a fraude impera”. Você concorda com essa frase? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Essa frase é do Ministro Carlos Lupi, Ministro do Lula. A frase: “O sistema eletrônico de votação, tal qual hoje é previsto, é passível de falhas e de fraudes, exigindo-se dos eleitores e partidos um nível de confiabilidade exclusivamente subjetiva”. Você concorda com essa frase? Ou discorda? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Essa frase é do ex-Ministro da Casa Civil, o Sr. José Dirceu. Sr. Presidente, nós estamos diante de uma fraude, nós estamos diante de um senhor que passou pelos problemas - que ele relatou que passou - na sua infância e que, num dado momento de sua vida, fez uma opção, e a opção foi virar um criminoso estelionatário, mentiroso contumaz. (Intervenção fora do microfone.) O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - E nós estamos aqui, e o ouvimos durante a manhã, e agora, no período da tarde, ele resolve simplesmente ficar calado. Nós estamos diante de uma fraude, porque, inclusive em relação à "vaza jato", inúmeros especialistas sempre afirmaram que o método que ele utilizou para obter aquelas mensagens seria impossível. Nós estamos diante de uma fraude, porque, no mês de julho, ele disse que votaria no Lula, e, coincidentemente, aparece dentro do hotel em que Carla Zambelli estava e pede para tirar uma foto com Carla Zambelli. (Intervenção fora do microfone.) O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Nós estamos diante de uma fraude, Sr. Presidente, porque ele nitidamente está sendo e foi preparado para estar aqui ontem... E eu fico muito curioso em saber como foi a conversa ontem na Polícia Federal, Sr. Walter Delgatti. Quem lhe atendeu ontem na Polícia Federal? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Qual delegado lhe atendeu? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - É uma fraude, Presidente. E é importante que se diga que ele está preso e que, independente do que prometeram para ele, ele responderá pelas mentiras que ele tem contado aqui. Ele responderá pelos crimes que ele cometeu. E, mais do que isso, vão te deixar para trás. (Soa a campainha.) O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Da mesma forma como estão entregando a cabeça a prêmio do General G. Dias, que era o general do Lula, amigo pessoal do Lula. (Intervenção fora do microfone.) O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Entregaram a cabeça de General G. Dias de bandeja; vão entregar a tua, independente daquilo que você tenha falado, de que faria o que for preciso para ajudar o Lula. De todo esse depoimento, Sr. Presidente, o que fica é a frase que ele disse fora daqui: que faria o que for preciso para ajudar o Lula. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Mas não vai conseguir... (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Sras. e Srs. Senadores e Deputados, o próximo inscrito, por permuta com o Senador Eduardo Girão, é o Deputado Abilio Brunini. |
R | Eu devo só esclarecer à Comissão e informá-lo que, na condição de não membro, o senhor traz o tempo que é reservado a não membro, de três minutos. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT. Para interpelar.) - Sim, Sr. Presidente. Presidente, eu só peço que coloque no painel ali para eu visualizar. Está bom. Bom, primeiro, estou achando muito interessante a sua participação aqui. Obrigado por ter vindo. Lamento por ter raspado a cabeça, porque isso acaba prejudicando a gente. Você está tomando os memes da internet hoje o dia inteiro. Foi interessante conversar contigo assim que voltamos do almoço. E você falou que acabou almoçando agora há pouco aqui, né? Foi picanha, não é, que você falou, picanha do Lula? Pelo menos na hora do almoço aqui da CPMI o Lula pagou picanha para alguém. É verdade? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Dá um sorrisinho aí se for verdade. (Risos.) Olha lá, ele não sorriu. Fica essa dúvida e tal. Eu percebi que você falou para o "Pastor da Shopee" que o Bolsonaro era a culpa de tudo. O Palmeiras não ter Mundial é culpa do Bolsonaro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. A SRA. DUDA SALABERT (PDT - MG) - Vamos respeitar, Deputado... (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não estou enxergando nenhum desrespeito. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Está me atrapalhando, Presidente. Me dá um minuto aí. Presidente, restabeleça meu tempo, por favor. Um minuto para mim, Presidente. Outra questão, Presidente. Presidente, eu só quero também fazer algumas perguntas. Por favor, Presidente, recomponha o meu tempo. (Soa a campainha.) O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, eu fui prejudicado, recomponha o meu tempo aí. Olha, o que eu gostaria de entender é esse relacionamento seu com o seu advogado. Vocês são cúmplices ou é um serviço profissional mesmo de advocacia? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. (Soa a campainha.) O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Não, mas deixa o seu advogado responder, já que ele estava respondendo para a Damares. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ele ficará em silêncio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Você sabe que, assim, apesar da situação que você está aí, a sua presença aqui para nós é um grande momento de humor e descontração, porque nada do que você diz está sendo levado como verdade, a não ser a verdade que você diz, a esquerda e a alegria da própria esquerda. Mas é natural. Um cara que fala que vota 13 e que diz que as pessoas que foram presas pela Lava Jato eram inocentes como você, é natural que tenha esse problema. Eu só quero deixar um recado para você. Como qualquer pessoa que entende de programação, sabe que basta inserir algumas linhas no código-fonte do TSE que você pode programar a partir até mesmo de qual dia e qual horário o código pode ter um comportamento atípico, e depois, no encerramento de determinado horário, ele poderia ter um posicionamento diferente. Você deixou claro aqui no processo que o caminho mais seguro é o voto impresso. Você concorda com isso ainda? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, eu fui prejudicado, e o meu tempo não foi restaurado. (Soa a campainha.) O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Eu só peço 30 segundos para concluir. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Trinta segundos para concluir, Deputado Abilio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Obrigado, Presidente. Obrigado. O senhor pode colocar os 30 segundos no painel para mim, por favor, Sr. Presidente? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Eu conto aqui no meu. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Deixa eu só fazer mais uma pergunta, Presidente. |
R | A assessoria do PSB estava dando uma série de dicas ao advogado - suposto advogado, cúmplice, sei lá - do hacker do PT aí. Eu só quero perguntar para o senhor se essas dicas que a assessoria do PSB deu ao seu advogado te ajudaram na hora do almoço com a picanha ou te ajudaram aqui nesse horário. O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Muito obrigado. Parabéns pelo corte de cabelo aí. Eu vi que foi por simetria do Alexandre. Parabéns! Obrigado pelos vídeos. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Próximo orador inscrito, Deputado Marco Feliciano. Dez minutos. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Brasil que nos assiste, Sr. Walter... Eu gostaria só de pedir para a Senadora Thronicke, se ela puder, só ir um pouquinho para a esquerda, para eu poder enxergar aqui o depoente; eu não consigo enxergá-lo. Desculpa, Senadora. É só chegar para eu poder enxergá-lo, tá? Muito obrigado. Muito obrigado. Sr. Walter, eu esperava um pouquinho mais aqui nesta tarde, achei que o senhor iria ajudar a gente a elucidar muitos casos. Sendo o senhor um ribeirão-pretano, meu conterrâneo, eu sou ali de Orlândia, eu esperava, confesso, um pouquinho mais. Sr. Walter, o senhor trouxe aqui um assunto que para nós, Deputados, Parlamentares, acabou se tornando até um problema, porque, se falar em urna eletrônica no nosso país, nós podemos ser cassados. Nós temos um amigo que foi cassado lá no Estado do Paraná simplesmente porque ele questionou a questão das urnas. O 8 de janeiro deve passar, de alguma forma, por essa oitiva que eu ainda estou tentando analisar para saber como é que se encaixa. Eu imagino aqui um monte de criança montando um quebra-cabeça e aquela peça que não encaixa, ela tentando cortar para encaixar ali dentro. É isso que o Governo tem tentado fazer. Quando o senhor se cala, numa tarde como essa, o senhor passa recibo. Por quê? Porque durante na parte da manhã somente o Governo lhe fez perguntas. E o senhor parece que já estava até preparado para respondê-las. E as que o senhor não conseguiu responder, os Senadores e Deputados do Governo o ajudaram a responder. E agora à tarde, sabendo que é a oposição que vai fazer pergunta, o senhor se cala. Isso se chama passar recibo ou acusar o golpe. Eu vou aqui tentar fazer uma cronologia, por conta da questão das urnas. O que foi que aconteceu, por que pairaram tantas dúvidas na mente das pessoas? Imagine que, durante a campanha eleitoral, Lula não conseguia juntar povo e quando ele tentava juntar povo, tinha que mandar cercar. Aí vem o outro candidato, Jair Messias Bolsonaro, e arrastava milhões de pessoas com ele. Lula na internet era um ilustre desconhecido; Bolsonaro, um fenômeno. Lula, condenado e preso; Bolsonaro, honesto e limpo. Lula quebrou o Brasil junto com o PT; Bolsonaro salvou nossa economia. Lula liderou o petrolão e o mensalão; Bolsonaro liderou patriotas. Lula tinha uma bandeira vermelha; Bolsonaro tem uma bandeira verde e amarela. Lula era amigo de ditadores; Bolsonaro, amigo de Donald Trump. Em 1998, o PT ameaçou não aceitar os resultados das eleições. Em 2002, Lula questionou as urnas eletrônicas e propôs voto impresso - Lula? Em 1998, Zé Dirceu disse que se FHC ganhasse, seria prova de fraude nas urnas. Entre 1990 e 2002, o PT protocolou mais de 50 pedidos contra Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, sobre as acusações de fraudes, golpes e irregularidades. Em 2002, Lula, falando sobre as urnas, disse assim: "Nada é infalível, a não ser Deus". Só Deus não é infalível, e nisso eu concordo com ele. Em 2016, segundo o General Villas Bôas disse, a ex-Presidente Dilma e dois Parlamentares da esquerda chegaram a cogitar a decretação de um estado de defesa; disse que o Brasil correu riscos institucionais com Dilma por causa do impeachment. Tudo isso feito pelo PT. |
R | Hoje de manhã, eu vi aqui a Deputada do PCdoB gritando, vociferando algumas coisas, mas em 2014, o PCdoB da Deputada comunista que aqui vociferou questionou no TSE a empresa contratada para gerenciar as urnas eletrônicas, pasmem, no lindo e progressivo Estado do Maranhão. O Ministro Flávio Dino, hoje Ministro da Justiça, em vídeo, já questionou a lisura das urnas. Então, o que nós vemos aqui é: não importa o que se fala, o que importa é quem fala - tem modo, tem método e tem canalhice. Agora me dirijo ao Sr. Walter, a quem eu peço atenção para algumas perguntas. O senhor disse aqui que a única forma de comprovar 100% da lisura das urnas é imprimindo o voto - o senhor disse aqui pela manhã -, mas, depois, disse que confia na lisura do processo eleitoral brasileiro. Qual das duas afirmações é verdadeira? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor disse aqui que falou com o Presidente Bolsonaro via telefone, não sei onde, e com a Deputada. Eu tenho aqui um recado para o senhor. Veja se o senhor conhece essa voz aí. Podem colocar aí meu vídeo, por favor? (Procede-se à exibição de vídeo.) (Risos.) (Palmas.) O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Sr. Walter, essa voz aí é a mesma que estava lá no telefone e falou com o senhor, com a Carla Zambelli? (Intervenções fora do microfone.) O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Porque o senhor afirmou que foi ele, mas, veja só, essa voz aí é de um grande humorista brasileiro, talvez um dos maiores da nossa atualidade, que é o Rodrigo Morgado, a quem eu mando um grande abraço. Ou seja, a voz dele é uma voz que pode ser imitada. O senhor diz que falou com ele. O senhor tem provas de que falou com ele? Tem alguma testemunha que estava lá, além da Deputada, que pode atestar isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor, então... Ah, o senhor vai ficar em silêncio. Não sabe se tinha testemunha ou não. Está certo. O senhor fechou alguma delação premiada por esses dias ou não? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Se o senhor conseguiu invadir o CNJ e tribunais, o senhor acredita que outros hackers também consigam? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - A urna eletrônica brasileira é inviolável? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Por que nunca entregaram o código-fonte? O senhor tem alguma teoria sobre isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O processo eleitoral pode ser adulterado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor responde a processos criminais? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor faz algum tipo de tratamento psiquiátrico? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor tem algum tipo de doença psicossomática? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor passa dias sem dormir pelo uso exagerado do Venvanse, um remédio? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor já foi internado em hospital psiquiátrico? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor tem alguma prova de tudo aquilo que o senhor disse aqui na parte da manhã? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor tem testemunhas que provam o que senhor está dizendo contra Zambelli contra o Presidente Bolsonaro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor está pagando o seu advogado ou é outra pessoa? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor afirmou ter recebido R$30 mil da Zambelli. Foi pessoalmente ou foi pelo banco? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Se foi pessoalmente, quem entregou para o senhor? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor tem testemunha de ter recebido esse dinheiro? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor é um mentiroso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor é de esquerda? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - O senhor é um infiltrado? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Na verdade, Sr. Delgatti, o senhor é um homem muito perigoso. E quem o assessora deve tomar cuidado. |
R | Senhores, esse senhor que aqui está não é hacker, ele se gaba disso, mas ele não é. Trata-se apenas de um criminoso investigado pela Justiça por pequenos golpes em sua extensa carreira no crime. O verdadeiro hacker da “vaza jato” se chama Thiago Eliezer, o Chiclete. Ficou preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília por pelo menos cinco dias, dividindo a cela com o jornalista Oswaldo Eustáquio. Esse fato é público e confirmado pela colunista da Folha de S.Paulo, Mônica Bergamo, que noticiou que Eustáquio, antes de ser solto, inclusive, deu uma Bíblia para esse Eliezer. Nesses cinco dias de convivência na prisão, de acordo com os relatos de Eustáquio, o verdadeiro hacker da “vaza jato” contou ao seu colega de cela que o seu grupo - aí sim liderado por esse que aqui está sentado, Delgatti - teria combinado um pagamento - Sra. Relatora, por favor, me escute - de R$1,5 milhão pelas mensagens roubadas dos procuradores da Lava Jato e que o objetivo da contratação seria criar uma narrativa para tirar Lula da cadeia e alçá-lo à Presidência da República e, posteriormente, criar uma narrativa para prender Moro e Bolsonaro. Diante disso, dessa informação que eu tive, eu vou apresentar a esta Comissão, Sr. Presidente, um requerimento para convocar aqui o jornalista Oswaldo Eustáquio e também o Thiago Eliezer e, de repente, fazer uma acareação entre eles e esse cidadão, esse senhor que está sentado aí, que nesta manhã, amparado pelo Governo, se sentiu aqui alguém privilegiado. O que falaram para o senhor que o senhor aqui bateu na tecla falando sobre um tal indulto que o Presidente poderia lhe dar, o senhor nem precisava do indulto, porque já existe um projeto de lei aqui no Senado, assinado pelo Senador Renan Calheiros, que lhe dá o indulto... (Soa a campainha.) O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - ... para anistiar o senhor nominalmente e outros hackers, ou seja, todos aqueles que foram livres da Lava Jato o aplaudem, o Governo o aplaude. E o senhor vem aqui prestar falso testemunho contra um homem probo como o Presidente Bolsonaro. O senhor prestou hoje um desserviço à nação brasileira. Eu quero crer que, se a Justiça da terra não lhe fizer aquilo que tem que ser feito, a justiça divina fará, porque não se toca em pessoas de maneira injusta e não se mente para simplesmente se locupletar de alguma coisa, de algum tipo de ganho pessoal. O senhor hoje desmoralizou até mesmo os próprios hackers. Muito obrigado, Sr. Presidente. Era o que eu tinha a dizer. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Próximo inscrito, o Deputado Rodrigo Valadares, dez minutos. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Para interpelar.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Toda honra e toda glória ao Senhor dos exércitos. Sr. Presidente, colegas Deputados, Deputados que estão aqui, a gente está vivendo um grande teatro. Isso aqui que a gente viu hoje é um grande teatro armado pela esquerda, pelo Governo, para pegar frases de efeito - "Foi Bolsonaro, foi Bolsonaro, foi Bolsonaro, foi Bolsonaro" - e tentar enganar a população. O senhor chegou aqui, Sr. Delgatti, nervoso, tremendo muito, contou uma história em três, quatro minutos da perseguição que fizeram contra você, uma história de um justiceiro social que não cobrou nada para tentar, meu amigo Eduardo Bolsonaro, reparar uma perseguição terrível que fizeram com o PT e com o Lula. Uma perseguição que resultou em bilhões devolvidos ao Brasil, que resultou em prisão de poderosos, de corruptos, de políticos e que, graças a você e a um sistema perverso, estão de volta ao poder. Eu não vou lhe fazer perguntas, Sr. Delgatti, porque eu não vou fazer parte dessa palhaçada. |
R | Chegou hoje de manhã e, quando a esquerda perguntava, o senhor estava à vontade, respondia, e o seu advogado lhe cochichava, e você falava, estava um menino solto. Estava à vontade, ele estava jogando solto. E o advogado: "ki-ki-ki, ka-ka-ká, ti-ti-ti, tcha-tcha-tchá". Nós estamos acompanhando esta CPMI, e eu nunca vi tanta interrupção de advogado quanto eu vi hoje. (Intervenção fora do microfone.) O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE) - Eu nunca vi isso. Eu venho do Sergipe, eu venho do Nordeste brasileiro, uma terra que tinha muitos coronéis. Graças a Deus isso está acabando. Naquele tempo, quando um coronel cometia um crime, quando fazia alguma coisa, ele pegava alguém de lá, o Senador Cid Gomes sabe como é que é: "Chega, pega um coitadinho aí, que dá para ser o nosso testa de ferro, alguém um pouco mais iletrado, que tenha um passado complicado, que dê para gente justificar". E ele pegava esse cabra, botava na frente do delegado e dizia: "Diga, Sr. João, que foi você que fez isso, isso e isso. Não foi, Seu João?" "Foi sim, senhor. Foi sim, senhor." "Oh, seu João, não foi você que matou aquele rapaz, porque ele pegou a sua mulher?" "Foi sim, senhor. Foi sim, senhor". Foi o que a gente viu. A Deputada Jandira Feghali nem fez perguntas, porque ela mesma já dizia a sua resposta: "O senhor fez isso, isso e isso, não foi?" "Foi, agora a senhora falando, foi. Foi isso mesmo". Pelo amor de Deus! Pelo amor de Deus! Você acha que aqui tem algum idiota? Você acha que nós somos idiotas? O senhor, para fazer a "vaza jato", não precisou de ninguém lhe pagar nada. Porém, para fraudar as urnas, para grampear Alexandre de Moraes, para fraudar o CNJ inteiro, os tribunais inteiros, aí você precisava de dinheiro, de R$3 mil, como V. Exa. falou, como você falou, R$3 mil. Eu quero entender. Não vou nem lhe fazer essa pergunta porque você não vai querer responder. Eu quero entender essa honestidade seletiva, porque com essa mente tão brilhante que você diz que tem... Você comete crimes, frauda conversas privadas, entra no CNJ, entra nos tribunais, mas não teria essa inteligência para, sei lá, aplicar um golpezinho num banco distante da África e pegar algum dinheiro para sobreviver. Não, para isso a sua honestidade o impedia. Para invadir todo o sistema eleitoral brasileiro, você conseguia. Mas, para sobreviver, precisava de R$3 mil da Carla Zambelli, que cometeu sozinha suas irresponsabilidades, porque, numa mesa com o senhor, eu nem sentaria. Nem sentaria! O que o senhor fez, caso tenha sido mesmo você, porque eu acho que você é um testa de ferro, você é um bode expiatório, na verdade, porque eu acho que talvez não saiba nem fazer um PowerPoint, porque você fica: "Bolsonaro, Bolsonaro". Talvez não saiba nem fazer um PowerPoint. O que você prestou para o Brasil, caso tenha sido você, foi um desserviço. Você permitiu uma gangue voltar ao poder, você permitiu uma quadrilha votar ao poder, agora está querendo prender um homem honesto, está querendo prender um homem de bem. Veio com o roteirinho pronto desse advogado aí, que é esse cabra aqui, é o apaixonado por quem? (Intervenção fora do microfone.) O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE) - Por Lula! Lula! O advogado de Lula! Eita! E espera aí, espera aí, espera aí, espera aí, espera aí... (Intervenções fora do microfone.) O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE) - Os direitos da venda do livro serão revertidos para quem? Para o Delgatti, eita! (Intervenções fora do microfone.) O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE) - Rapaz... (Soa a campainha.) O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE) - ... eu sou um sertanejo, eu sou nordestino, mas eu não sou burro, não. E o povo brasileiro, Sr. Delgatti, não é burro, o povo brasileiro não é besta. Essa farsa vai cair. A justiça dos homens pode até demorar, mas a de Deus não falhará. E cada semente do mal que você está plantando você colherá. É isso que eu tenho a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado. (Palmas.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputado Eduardo Bolsonaro, dez minutos. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP. Para interpelar.) - Sr. Presidente, pela manhã, nós assistimos aqui ao hacker Delgatti, Walter Delgatti, e aos seus advogados muito à vontade, não é? Quando a gente - Delegado Ramagem, me corrija se eu estiver errado, por favor - faz Academia de Polícia Federal (ANP), aqui em Brasília, a gente passa por uma cadeira, na formação, chamada cadeira de interrogatório. E ali você começa a ter aulas de indícios para saber se a pessoa está mentindo ou não. Uma delas é quando você faz perguntas do passado, e a pessoa prontamente lhe responde. Parece até que vem ensaiada para o depoimento. Porque é muito comum, quando a gente pergunta à pessoa adulta: quando é que você se formou no primeiro grau? Quando é que se formou no segundo grau? Ela para um momento e ela puxa pela memória. Normalmente ela até olha para cima. Quem estiver me assistindo faça esse teste, mais tarde, com um familiar seu. E aqui, não: todas as perguntas feitas eram tidas de bate-pronto, muito à vontade. Agora com a mão escondida, talvez até suando, passando pela calça, não é? O advogado dá o confere ali, para conferir do que eu estou falando. Certamente ele tem razão, vai me dar razão. Mas isso daí tudo foi pela manhã. E, pela manhã também, nós vimos aqui dois assessores da esquerda conversando com o seu advogado. Se eu não estiver errado aqui, o Marcos Evandro Cardoso Santi - de qual partido? Partido Socialista Brasileiro - bem como a Ana Cristina de Figueiredo Barros, falando ao pé do ouvido aí com os senhores, ela que é da Liderança do PT. E aí vem a minha primeira pergunta: como é que pode o senhor tirar foto com a Carla Zambelli e depois vir aqui ser assessorado por essas pessoas? Que só não falavam provavelmente no pé do seu ouvido porque ia ficar muito patente, ou foram orientadas a não fazê-lo, mas fizeram com os seus advogados. Isso daí eu estou falando por quê? Porque talvez o único crime que a Carla Zambelli tenha cometido é de ser ingênua. E a população não acredita que exista político ingênuo, mas, Deus queira, a realidade virá à tona. Eu venho agora então, Presidente, para a minha primeira pergunta direcionada a Walter Delgatti. Espero que ele responda, assim como ele falou pela manhã. É se o Presidente Jair Bolsonaro lhe pediu para fraudar as urnas. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - O senhor disse que a urna é inviolável. Como é que poderia então o senhor ser contratado para um serviço que V. Exa. não conseguiria cumprir? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - Eu peço à assessoria para que, por favor, passe um vídeo, porque agora a gente tem que ter receio do que a gente vai falar, mesmo sendo Parlamentar. Parece que o art. 53, da imunidade parlamentar, não serve para mais nada neste país, não é? Então eu vou colocar aí Boris Casoy, em 2018, matéria da Rede TV, Rede TV News. (Pausa.) É só para aumentar o som e voltar ao começo, por favor. (Procede-se à exibição de vídeo.) |
R | O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - Se fosse hoje, talvez, o Boris Casoy estivesse preso, mas isso daí, para deixar bem claro, é matéria de 2018. É até para impedir o pessoal da esquerda que falava que o voto impresso era a pessoa ir pegar um comprovante e levar para casa. Isso, sim, é uma verdadeira fake news. Mas eu indago aqui, Presidente, o hacker Walter Delgatti. O senhor disse que, até 2018, só uma pessoa tinha acesso ao código-fonte, e era o técnico do TSE, o dito papa das urnas eletrônica. Inclusive V. Exa. falou que, no final dos anos 90, fez um curso sobre algoritmo na França, no final dos anos 90, e disse que o Giuseppe Janino, então, poderia votar por 200 milhões de pessoas. V. Exa. confirma isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - Muito bom. O senhor falou que, a partir do inquérito da Polícia Federal nº 1.361, que foi iniciado em novembro de 2018, após o hacker que invadiu as urnas eletrônicas, o sistema do TSE ter feito a denúncia na revista TecMundo... Depois foi aberto o inquérito da Polícia Federal. Esse inquérito recebeu o número 1.361. Então, depois desse inquérito, cinco pessoas, então, passaram a ter acesso a esse código-fonte. O senhor confirma isso? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - E só é possível fraudar as urnas eletrônicas com esse código-fonte. Correto? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - Presidente, eu só peço que me assegure aqui a minha imunidade parlamentar, porque o que eu vou falar aqui é muito grave, posso ser perseguido em virtude daquilo que eu falar. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - De novo? O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - Mas esse inquérito... É. Mais uma vez abrirem um inquérito contra mim, não é? Mas nesse inquérito, que foi aberto em novembro de 2018 por determinação da então Presidente do TSE, Ministra Rosa Weber, muito bem-feito, um documento foi assinado por Giuseppe Janino. O delegado da Polícia Federal perguntou ao TSE se ocorreu alguma violação do sistema do tribunal. E o Sr. Giuseppe Janino respondeu ao delegado que sim, que, entre os meses de março... pelo menos os meses de março, até o final das eleições, ou seja, outubro, novembro, hackers caminharam dentro dos sistemas do TSE. No entanto, ao obter essa resposta do Sr. Giuseppe Giannino, o delegado federal requisita os registros de log, que são as impressões digitais de por onde aquele hacker tramitou dentro do sistema. E aí o Sr. Giuseppe Janino disse que a empresa terceirizada que toma conta desse banco de dados para o TSE, de maneira inadvertida, deletou os registros de por onde esse hacker andou. Vejam só. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Foi sem querer, foi sem querer. O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - Provavelmente, não é, Cabo? De repente, foi sem querer, um deslize fora aqui do padrão. |
R | E eu estou falando isso aí por quê, Presidente? Porque esses assuntos... Já que a gente está debatendo aqui e estão no foco dos atos de 8 de janeiro, a revolta com relação às eleições, etc., eu queria pedir aos colegas o apoio para aprovarmos o requerimento do Senador Esperidião Amin, que eu acho que ninguém aqui vai falar que é de extrema-direita, ultradireita, superdireita, em que ele pede a cópia integral desse inquérito, que só foi transformado em sigiloso após uma live que o Presidente Bolsonaro fez junto com o Relator da PEC 135, a PEC do voto impresso, Deputado Filipe Barros. Só foi decretado sigiloso esse inquérito após essa live. E ainda assim tentam falar que o Bolsonaro vazou dados sigilosos de uma investigação da PF, o que é uma verdadeira mentira. Mas aqui esta Comissão tem poderes pra requisitar isso, e não somente isso: que nós apoiemos também o requerimento do Senador Esperidião Amin pra convocar aqui o Giuseppe Janino pra nos dar essas explicações, e não trazer aqui um hacker que, de manhã, fala uma coisa e, à tarde, fica quieto. A gente está vendo ali uma matéria da Rede TV, em que pessoas filmaram apertando um botão, aparecendo o candidato do PT por ocasião daquela eleição. O hacker aqui mais cedo... Agora não está falando, mas, mais cedo, disse que Giuseppe Janino era a única pessoa do Brasil, até 2018, a ter acesso a esse código-fonte, que é o ingrediente... (Soa a campainha.) O SR. EDUARDO BOLSONARO (PL - SP) - ... necessário, nas palavras do hacker, para envenenar o sistema eleitoral. Então, que Giuseppe Janino venha aqui fazer esses esclarecimentos. Não vou ser repetitivo aqui, mas gostaria de lembrar também - o Senador Flávio Bolsonaro falou muito bem - que o hacker apresentou, foi ao Ministério da Defesa depois da confecção do relatório da Comissão de Transparência das Forças Armadas, que, desde 2021, a convite do Presidente do TSE à época, Ministro Luís Roberto Barroso, convidou as Forças Armadas para contribuírem no processo eleitoral... Lamentavelmente, o Ministro Barroso interferiu, aqui no Congresso, quando se juntou com 11 Presidentes partidários, não sei utilizando quais argumentos, mas os fez convencer a votar contra a PEC 135, numa verdadeira interferência indevida aqui no Poder Legislativo. Então, é a manifestação que eu faço, Sr. Presidente, e gostaria aqui de, mais uma vez, ressaltar que é de suma importância a vinda de Giuseppe Janino e o acesso a esse inquérito da Polícia Federal que até hoje - até hoje - não foi concluído. Passaram-se mais de quatro anos da denúncia. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. MAGNO MALTA (PL - ES) - O senhor poderia me conceder, pela ordem, Sr. Presidente? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Senador Magno Malta. O SR. MAGNO MALTA (PL - ES. Pela ordem.) - Eu serei rápido, Sr. Presidente, até porque eu não me inscrevi por não ter intenção de falar. Tudo que nós estamos vendo e ouvindo aqui, todo esse material que foi jogado no ar já era pra ter acabado a CPI. Nós estamos diante de um hacker e todo bom hacker ou todo mau-caráter que não seja hacker, mas que tem mania de gravar os outros... Um hacker que é hacker acumula o que ele hackeou pra poder fazer chantagens. E, se esse cidadão tem essa capacidade de hacker, de hackear sistemas, entrar em sistemas, hackear pessoas, tem tudo isso bem guardado pra poder... Não era para ele estar nem preso, porque quem tem essa capacidade de guardar tantos dados diria: "Ó, eu vou soltar o de fulano. Não põe a mão em mim, não, porque eu tenho de fulano também. Eu entrei no CNJ. Eu peguei o ministro fulano. Eu hackeei fulano". Ontem eu comecei a ver uma série de coisas - já encerro, Sr. Presidente - sobre o hacker de hoje, fiquei imaginando e cheguei a dizer: "Olhe, isso é lutador de seis rounds com torcida". Quando um lutador de verdade percebe que a mão não vai derrubá-lo, ele deixa o cara bater e a torcida cresce, cresce. No sexto round pra frente, ou seja, na parte da tarde, ele não tem fôlego, ele não tem perna, ele não tem nada, porque na verdade não era um lutador de verdade. |
R | O que acontece hoje aqui, o que está acontecendo... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Pela ordem... (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Continue, Senador Magno Malta. E, por favor, conclua. O SR. MAGNO MALTA (PL - ES) - Eu estou encerrando. Eu pedi só para fazer esse registro, até porque se tem esse acúmulo de hackeamento e essa capacidade que ele teve de fazer o "vaza jato", porque todas aquelas criaturas que lá estavam eram entidades filantrópicas, pobrezinhos, que devolveram bilhões, e ele prestou esse bom serviço ao Brasil... Eu encerro dizendo o seguinte, Sr. Presidente: que, no final da minha fala aqui, eu ia pedir para todo mundo que mudasse os números de telefone, os seus chips, porque vocês estão diante de um hacker que pode levar a vida de vocês, mas, ao final, depois de ouvir o que eu ouvi pela televisão, pela manhã e agora à tarde, não mudem o chip de vocês não, porque esse hacker, na verdade, é fake. (Palmas.) (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Deputado Rogério. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Pela ordem.) - Presidente, eu pedi pela ordem, porque, se não precisa ter ordem na reunião e pode simplesmente ir falando o que quer, também me sinto no direito, porque eu me inscrevi. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Faça-o, Deputado. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - O Presidente está conduzindo com maestria. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Eu me inscrevi e... O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - O Presidente está conduzindo... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Faça-o, Deputado. O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Ele é o que mais fala, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pode falar. (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Então, assim como foi dado... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - V. Exa. tem a palavra pela ordem. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Assim como foi dado um tempo pela ordem a alguém que não se inscreveu, eu me sinto também no direito de ter o mesmo tempo, eu que já me inscrevi e falei, porque exatamente... O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Ah, está de sacanagem. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Ou se coloca ordem na reunião... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Acreditando esta Presidência que pedido pela ordem é de fato pela ordem. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Exato. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Então, a Presidência lhe concede a palavra... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Pelo mesmo tempo. (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O.k., pois não. Pois não, Deputado Rogério. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente, eu vou deixar... A oposição está muito raivosa. O hacker... (Intervenções fora do microfone.) O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O hacker já disse... (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O hacker já disse tudo. Então, a oposição está nervosa por isso. A Polícia Federal já está apurando o que o Walter Delgatti disse. Já muitas coisas estão confirmadas, por exemplo, que ele, o próprio Walter, foi quem fez a invasão do sistema, agora, de Justiça e que foi a Zambelli quem fez, ela própria... (Tumulto no recinto.) (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Estou pedindo a ele que conclua, por favor. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Mas eu não consegui falar. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Estou pedindo... Se vocês permitirem, ele vai concluir... (Tumulto no recinto.) (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Ele vai concluir a fala. Por favor, Deputado Rogério, conclua. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - A Polícia Federal já deu razão a várias das questões que ele disse, como disse aqui, na Polícia Federal. Uma delas: é a própria Carla Zambelli quem de fato solicitou que fosse feita essa invasão dentro do sistema de Justiça. E além disso, também já foi confirmado que ele esteve com o Presidente Jair Bolsonaro. A Polícia Federal já confirmou. (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - E também foi confirmado com o Ministério da Defesa. Por isso, o desespero da oposição, que não quer realmente escutar. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Muito bem. Bom, a Presidência tem procurado agir de boa-fé. O Senador Magno Malta pediu a palavra pela ordem e foi concedida, o Deputado... (Tumulto no recinto.) |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - De fato, de fato, não foi uma fala que se enquadrasse numa preocupação da ordem da sessão. Na sequência, o Deputado Rogério pediu e a Presidência deu. A Presidência deseja dar seguimento à reunião e passa a palavra ao Senador Izalci Lucas, que disporá de dez minutos. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Sr. Presidente, só para uma pergunta, uma dúvida, só uma dúvida. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A palavra já está concedida ao Senador Izalci. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP. Pela ordem.) - Eu só queria saber se os membros da Mesa precisam se inscrever. Os membros da mesa precisam se inscrever? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Senador Izalci, V. Exa. permite a interrupção? Não, a palavra está concedida a V. Exa. (Soa a campainha.) O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF. Para interpelar.) - Então, primeiro, Presidente, eu quero registrar aqui a minha indignação com relação à CPMI. Nós temos hoje, Presidente, a CPMI, a CPI como instrumento, um dos instrumentos mais importantes do Parlamento. E, da forma como vem sendo conduzida esta CPI, esta CPMI, eu fico, de certa forma, envergonhado de ver aqui o comportamento e a forma como está sendo trabalhada esta CPMI. É lamentável que se construa uma narrativa. Eu vi aqui agora de manhã, eu ouvi a manhã toda as pessoas falando sem o mínimo conhecimento do que estão falando, construindo uma coisa que não tem lógica nenhuma. E vou dizer por quê, Presidente. Eu fui Deputado em 2015. Participei de duas audiências públicas como Presidente da Comissão que tratou da Lei 13.165, do voto impresso, que foi, inclusive, vetada pela Presidente Dilma, e foi derrubado o veto. E nós fizemos duas audiências, inclusive com o requerimento do PDT, me lembro muito bem, para discutir, realmente, a questão das urnas eletrônicas. Eu sou auditor. E, para você, aquilo que não é auditável não é confiável. Nós tivemos, em 2014, um processo com relação à eleição de 2014 em que foi questionado isso. O que o nosso depoente de hoje disse claramente aqui - e de uma forma muito simples, eu acho que todos entenderam - é o que é o código-fonte, que é uma dúvida - quem não é técnico, quem não conhece fica falando muitas coisas aqui sem entender. E V. Sa. falou uma coisa muito bem, explicou didaticamente o que é o código-fonte, que dentro são ingredientes de... Deu o exemplo de um bolo, e a pessoa que faz ali tem capacidade, poderá incluir ali na receita até veneno. Então, é isso mesmo. E V. Sa. disse claramente também que até 2018, ou seja, passando pelas eleições de 2014, apenas uma pessoa tinha conhecimento e acesso ao código-fonte, o que... Na palavra de V. Sa., fica claro que, realmente, nas eleições de 2014, havia desconfiança, e com motivos. V. Sa., como hacker, explicou muito bem o que pode ter acontecido; se aconteceu ou não, não sabemos, porque não foi possível fazer uma auditoria completa, mas há realmente dúvida. O que me preocupa na democracia são exatamente as próximas eleições, até quando nós estaremos participando de um processo eleitoral de que grande parte da população desconfia ou não tem segurança. E isso não é crime, não; é fato. Nós temos um sistema hoje em que o TSE normatiza, executa as eleições, fiscaliza e julga. |
R | Então, nós precisamos aperfeiçoar. Quem é da área de tecnologia sabe que, com a evolução, agora, a inteligência artificial, você faz uma série de coisas. Essa questão - se está fora, se está dentro da internet ou não - já foi explicada também, mas V. Sa. também disse que atualmente não é apenas uma pessoa, são várias, mas essas várias podem também fazer alterações. Então, é isso que é o... Essa discussão lá de trás, e sempre teve, a partir de 2014, quando houve o questionamento das eleições de 2014... Foram constituídos, sim, grupos, já eram permitidos, só não tinha o acesso completo à auditoria, mas sempre houve a abertura para participarem até um determinado momento. Então, nessa questão que foi dita aqui com relação a fraudar as eleições, a narrativa aqui é brincadeira. O próprio TSE convidou várias entidades - tem várias entidades que participam desse processo, inclusive o Exército, nessas eleições -, os partidos são convidados, várias instituições são convidadas, a OAB participa, que é exatamente para fiscalizar, verificar se há ou não interferência no processo. Então, falar que houve uma construção para fraudar uma eleição, que foi contratado para isso é uma coisa, assim, absurda. De manhã eu fiquei estarrecido de ouvir a base governista falando como se fosse um golpe mesmo, que foi preparada realmente uma fraude na eleição para mudar as eleições de dois mil e... Então, nós temos tantos requerimentos importantes para serem aqui analisados, inclusive alguns já votados, como disse o Senador Esperidião Amin. O G. Dias tem que estar aqui, já deveria estar aqui. Ora, se vocês querem a verdade, como não trazer aqui as pessoas que receberam os alertas na sexta, no sábado, no domingo de que haveria invasão dos prédios, de que haveria depredação do patrimônio, e ninguém fez nada? Quem recebeu essas mensagens entregou para quem? Quais as atitudes foram tomadas com relação a isso? Isso é o que nós temos que saber. Houve ações que geraram esses danos todos à democracia, também ao patrimônio? Houve. Agora, poderia ter sido evitado? Sim. Agora, tem imagens já da Força Nacional do Ministério da Justiça. Eu vi aqui, durante várias sessões, falando que os materiais todos, que já tinham sido fornecidas as informações... Não chegou nada ainda, nada, absolutamente nada do Supremo Tribunal Federal. Nada. Eu, até então, achei que já tinham chegado algumas, cheguei a declarar isso, inclusive. Não chegou absolutamente nada aqui do Supremo Tribunal Federal. O que o Ministério da Justiça está fazendo de não encaminhar as imagens? E lá nós sabemos, e conhecemos as câmeras que existem no Ministério da Justiça, como tem também na Força Nacional o acompanhamento deles, então, os quartéis... A gente sabe o sistema de segurança que existe. Foram mais de 48 instituições, órgãos que receberam os alertas. Então, o nosso objetivo aqui é a verdade, é saber da verdade, e a verdade passa realmente pela transparência, pela seleção e aprovação dos requerimentos que realmente nos levam às informações para a gente chegar a uma conclusão imparcial e não direcionada. |
R | Eu vejo, desde o primeiro momento, parece que já existe um relatório pronto, agora construindo uma narrativa para construir, para dar solidez a esse relatório. E o principal, que é ouvir realmente as pessoas que podem contribuir, que devem e precisam informar, a gente simplesmente ignora. Daqui a pouco, termina o prazo, e a gente não ouviu as pessoas que são fundamentais. Então, se a gente não quer a verdade, não tem sentido CPMI, não tem sentido CPI. O que não podemos é pegar um instrumento, que é um dos instrumentos mais importantes do Parlamento, e fazer o que estamos fazendo aqui hoje. Sinceramente, este depoimento de hoje demonstra claramente o que desvio do foco a que nós queremos chegar, do objetivo da CPMI. A forma como V. Sa. se comportou respondendo de manhã, e eu esperava que à tarde também V. Sa. respondesse todas as perguntas... E aí se mantém em silêncio depois de tudo o que aconteceu de manhã. Eu fico assim, indignado! Não sei nem se vale a pena continuar participando de um teatro como este... O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - É covarde! O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF) - É, é ruim você integrar uma instituição como o Congresso Nacional numa CPMI e ficar com essas atitudes aqui. Eu acho, sinceramente, Presidente Cid... V. Exa. está presidindo neste momento, mas, sinceramente, a gente precisa levar mais a sério este trabalho da CPMI. Não dá para continuar desviando o foco, criando narrativas, fazendo a gente perder tempo. Tanta coisa importante em debates hoje aqui, na Casa, inclusive sobre a descriminalização das drogas, que estava aí de manhã. Temas importantíssimos que nós temos que discutir, e chegar aqui e ficar ouvindo o que aconteceu de manhã, e agora à tarde... (Soa a campainha.) O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF) - ... totalmente de forma contraditória. Então, o que nós queremos no país e precisamos é ter segurança de que aquilo que... A intenção que temos de votar num determinado candidato seja respeitada e que seja confiável. Então, ninguém aqui é contra urna... Não, muito pelo contrário, tecnologia é preciso, agora tem que ter alguma coisa que seja auditável e confiável. E aí não dá para a gente levar em consideração este depoimento de hoje aí, com tantas incoerências, como foi feito aqui. Eu, sinceramente, considero esta audiência de hoje um desperdício de tempo e uma... O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - Um teatro! O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF) - Chega a ser uma irresponsabilidade nossa, tomando o tempo de tantos Parlamentares, que têm mais o que fazer do que ficar aqui neste teatro que está aqui, como hoje. O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP. Fora do microfone.) - Vamos esquecer... O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF) - Obrigado, Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Próximo orador inscrito, Deputado Nikolas Ferreira, que disporá de dez minutos. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG. Para interpelar.) - Sr. Walter Delgatti Neto, o incrível hacker que iria vir aqui dar uma incrível história para poder destruir Messias Jair Bolsonaro... Jair Messias Bolsonaro, para destruir Jair Messias Bolsonaro. O incrível hacker que, de manhã, estava todo saltitante, feliz, respondendo a todas as perguntas da esquerda, mas que, de repente, na parte da tarde, não responde a ninguém mais da direita. É a famosa testemunha seletiva. A esquerda, eu tenho certeza de que está completamente decepcionada. Miraram em um poderoso hacker e acertaram num MC Naldo careca. Só fala falar que levou Bolsonaro para um lugar especial para pessoas especiais! Por favor, tome vergonha aqui, porque aqui não é brincadeira! |
R | E, além de mentiroso e um contumaz criminoso, porque a mentira é a sua profissão, eu quero mostrar aqui a verdadeira intenção desse homem que está aqui. Passe pra mim, por gentileza, o vídeo aí, alto, para a população do Brasil ver por que ele está aqui, por que foi todo esse teatro em que ele está aqui hoje, nesta CPMI. Tudo não passa apenas de uma questão eleitoral no fim das contas, por incrível que pareça. (Procede-se à exibição de vídeo.) O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Quer dizer, então, que o senhor, o seu advogado, faz uma defesa em prol... Ali uma propaganda de um livro do Lula, e que, inclusive, isso seria destinado para o senhor. O senhor vota e faz campanha para o Lula. O senhor conversa com a Manuela D'Ávila, do Partido Comunista do Brasil. O Glenn Greenwald, que inclusive é uma pessoa de esquerda, diz que o seu discurso não é confiável, ou seja, nem a esquerda mesmo acredita em você. Você tem uma condenação com 44 vítimas por estelionato. E agora, meus senhores, agora a notícia é quente aqui: "Após PF avaliar contradições, hacker Delgatti vai prestar novo depoimento". Amanhã se prepare, sabe por quê? Porque o senhor vai ter que prestar contas das mentiras teatrais e, inclusive, com conluio de Deputados da esquerda com o seu falso testemunho. Ninguém aqui é otário para poder... Na hora em que uma pessoa de esquerda pergunta pro senhor, o senhor responde, fala, é bem-intencionado, mas, quando alguém de direita pergunta, o senhor permanece calado. Que tipo de pessoa que você é? A quem acha que o senhor vai enganar? A esquerda toda, quase que ovulando: "Acabamos com o Presidente Bolsonaro!". Acabou nada! O senhor mostrou mais uma face de uma pessoa que está a serviço da esquerda. E agora eu te pergunto, que provavelmente o senhor vai ficar em silêncio... Vamos ver se o senhor vai ter coragem de me responder. Quando o senhor disse que foi contratado pra poder pegar uma urna e conseguir ali hackear e mostrar a fragilidade das urnas, afinal de contas, o senhor foi contratado para isso? Ou para poder invadir o sistema do TSE? Para o que realmente o senhor foi contratado? O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Muito, muito conveniente seu silêncio, não é? Você disse que é impossível, de fora para dentro, você hackear esse sistema. E você diz que somente uma pessoa na época, que é o Giuseppe Dutra, nas suas palavras: "[...] tem o poder de decidir o resultado de uma eleição. Ele vota por 200 milhões de habitantes, caso ele tenha essa má intenção". Aí eu te pergunto: o senhor acredita que Giuseppe, que, nas palavras do senhor, tinha um poder de mudar toda uma eleição - e foi demitido somente em 2021, o senhor acha que nas eleições passadas, se ele tivesse essa má intenção... As eleições passadas que ocorreram aqui no Brasil podem ter sido fraudadas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. (Soa a campainha.) O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - O senhor disse que a única saída seria a urna imprimir o voto. O senhor confirma essa fala que o senhor mesmo disse? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Entendi, o senhor fica em silêncio até mesmo nas próprias palavras que o senhor disse, não é? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Que conveniente, não é? Não precisa... Para o senhor ficar em silêncio, pode ficar em silêncio. Não quero ouvir sua voz. Pode ficar em silêncio, que o senhor vai ficar falando que vai ficar em silêncio... Tem bobo aqui não! |
R | A ação de fazer um código-fonte na urna e demonstrar sua fragilidade não ocorreu. Por que não ocorreu? O senhor vai ficar em silêncio... Por que, quando isso não ocorreu, o senhor não respondeu aqui para os Deputados aqui de esquerda se a urna de fato era inviolável ou não? Porque uma Deputada de esquerda lhe perguntou o seguinte: "Olha, o senhor me parece uma pessoa incrível, mas não tão incrível porque o senhor conseguiu hackear o CNJ, mas não conseguiu hackear o TSE". E nisso o senhor ficou em silêncio. Então, o senhor conseguiria hackear o TSE? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Agora, você disse que seria impossível de fora para dentro. Agora, de dentro para fora, quem tem o controle sobre o código-fonte, que agora está na mão de cinco pessoas, como mesmo o senhor disse; de dentro para fora seria possível você fraudar as eleições que acontecem hoje aqui no nosso país? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Sr. Delgatti, gostaria de saber se o Presidente Bolsonaro pediu para você fraudar as eleições ou que autenticasse a lisura das eleições e das urnas? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - O depoente aqui realmente fica em silêncio para tudo que ele não quer responder, não é? Impressionante, silêncio seletivo. O senhor disse que o Bolsonaro se encontrou... Que a Zambelli encontrou com você, tirou o celular de uma caixa, pegou um chip novo, virgem, e ligou para o Bolsonaro. Foi uma acusação gravíssima que o senhor fez - e o senhor vai ter que provar. Caso contrário, a cadeia que o senhor vai estar, o senhor vai ter que acostumar com ela, porque o senhor fez uma acusação gravíssima contra um ex-Presidente da República, de que ele pediu pra você poder assumir o grampo de um Ministro do Supremo Tribunal Federal, que é o Sr. Alexandre de Moraes. O senhor tem alguma prova sobre isso, Sr. Delgatti? O SR. WALTER DELGATTI NETO - Ficarei em silêncio. O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Deve estar no tablet da Najila, não é? Realmente o senhor não consegue provar nada do que o senhor disse. É impressionante mesmo. Agora, enquanto esse teatro aqui foi feito - e graças a Deus a verdade vem à tona -, eu gostaria de falar com o Brasil inteiro, que está vendo isso aqui, o seguinte: hoje foram presas... dez mandados de prisão foram expedidos. E, entre eles, tinha uma cantora gospel e um pastor, cujos crimes, segundo a mídia deixou ali bem claro, os crimes foram: filmar os atos do dia 8 e posts contra Jair Messias Bolsonaro. Brasil, olha o que está acontecendo. Vem aqui um hacker... Contra o Lula, perdão! Vocês vêm aqui - a esquerda -, em conluio com uma testemunha falsa, que tem zero credibilidade, pra poder tentar criar uma narrativa pra poder prender Jair Messias Bolsonaro, sendo que o senhor, como eu disse aqui, não tem crédito nenhum com a verdade. Pelo contrário, é um criminoso condenado - só não tem aí porque foi prescrito, mas condenado o senhor foi. Para pra prestar atenção no que esse Governo está se prestando a fazer, Governo que não assinou nenhuma assinatura pra poder criar isso aqui: está perdendo o nosso tempo, gastando, contribuinte, o seu dinheiro pra poder sustentar isso aqui. Ao invés de a gente estar relacionado com coisas da CPMI do dia 8, a gente está vendo coisas aí do passado, e nem mesmo o senhor acredita no que o senhor está falando. Nem mesmo o senhor acredita. Inclusive, o senhor é tratado como um herói aqui pela esquerda. Não é de se assustar, poxa, eles consideram o Lula um herói, um bandido condenado; por que não considerariam o estelionatário como um herói também? Então, ao invés de a gente estar aqui vendo as pessoas que foram presas, Senador Magno Malta - o senhor que esteve lá na Colmeia e na Papuda por diversas vezes -, pessoas que estavam lá com câncer, pessoas que estavam lá presas injustamente, que estão agora lá com tornozeleira eletrônica, pessoas como pastores, cantoras gospel, que estão presas... |
R | (Soa a campainha.) O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - ... a gente tem que ouvir aqui quase que um comediante, perdendo aqui o nosso tempo, pra poder simplesmente gerar uma narrativa política. Isso é vergonhoso pra este Parlamento. Vergonhoso o que esse Governo fez aqui pra poder escrever uma historinha sem lé com cré. A grande questão é que a justiça tem pressa, enquanto tem pessoas precisando realmente dessa CPMI pra poder esclarecer a verdade, você vem aqui de conluio pra poder simplesmente contribuir com essa farsa. Vergonha! No fim das contas, o senhor é um covarde. É isso que eu digo pro senhor. E acabou a narrativa. Vamos pra próxima agora. Obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Próximo orador inscrito, por permuta, é a Deputada Julia Zanatti. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC. Fora do microfone.) - Zanatta. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Zanatta, desculpe. Julia Zanatta. Lembrando que, na condição de não titular, a senhora dispõe de três minutos. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Ela é mulher... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Por favor, ligue o seu microfone. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Poderia pedir para o Deputado Rogério Correia, gentilmente, eu só queria falar olhando pro hacker 13. Se o senhor puder mudar de lugar. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Bonita a gravata, viu Correia? Essa gravata está bonita, viu, comandante? A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Presidente, volta o meu tempo, por favor. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Já voltou. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente. Bom, o senhor falou aqui, Sr. Walter, no começo do seu depoimento, que o senhor toma remédios - certo? - etc. Então, eu acho que no meio do caminho aí faltou o senhor tomar algum remedinho, porque o senhor mudou muito de posicionamento e até a sua cara mudou de de manhã pra de tarde. Porque de manhã os seus "cumpanheiros" estavam aqui e o senhor estava feliz. E agora o senhor, de repente, assim, inesperadamente, ficou em silêncio. Isso aí deve ser estratégia de marketing, de mídia, dos seus "cumpanheiros", não é? Do hacker vota 13. Sabe por quê? Porque de manhã tomaram os noticiários, só se falava das suas declarações para os Deputados lulistas, da base do Governo Lula. O Lula, que o senhor falou que vai fazer de tudo pelo Lula. E o senhor está aqui pelo Lula pra limpar a cara dele e a cara do Governo dele, que as omissões sobre o dia 8 de janeiro, que é o que essa CPMI aqui tem que tratar, está escancarado. Então, eles foram resgatar o senhor pra salvar a cara do seu "cumpanheiro" Lula. Está muito clara a sua missão aqui: missão de "cumpanheiro" pra "cumpanheiro", de criminoso pra criminoso, porque o senhor é um criminoso, um estelionatário, e vem aqui se sentir livre pra chamar um Senador da República... (Soa a campainha.) A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Olha o que nós estamos vivendo. O senhor não corte meu microfone. O senhor não corte meu microfone. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Peço à Deputada... Eu peço à Deputada que, por favor, respeite e trate com respeito a testemunha. Por favor. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Ele não respeitou um Senador da República... (Soa a campainha.) A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - ... o senhor deveria estar preocupado com isso. Entendeu? E não interrompa o meu raciocínio, por favor, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Interromperei tantas vezes a senhora não tratar com respeito a testemunha. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Eu não vou aceitar passar com retroescavadeira por cima de mim. Eu quero o meu tempo restabelecido, Presidente, por favor. (Soa a campainha.) A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Então, o senhor veio aqui pra livrar a cara do seu companheiro Lula. Está muito claro. Por isso que o senhor está em silêncio aqui. O senhor falou que fez tudo aquilo de hackear um monte de autoridades, porque o senhor queria, como se fosse um brasileiro que se preocupa com o país. |
R | O senhor nunca se preocupou com as malas cheias de dinheiro, com o golpe da corrupção que foi dado nesse país por anos. O senhor nunca se preocupou com isso, porque o senhor é tão criminoso quanto essas pessoas que fizeram isso com o nosso Brasil. É por isso. E não adianta ficar de risadinha, não. E olha para mim, quando eu estou falando contigo. Está entendendo? Que aqui o senhor não vai me tratar como o senhor tratou um Senador da República, não. O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Presidente... A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Entendeu? O senhor veio aqui... O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Presidente... O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Há um excesso. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pela ordem, Presidente. Pela ordem, Presidente. (Intervenções fora do microfone.) A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pela ordem, Presidente. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Olha aqui, ó. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Há um excesso. O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - A fala da Deputada tem que ser respeitada. (Soa a campainha.) (Intervenções fora do microfone.) A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, só lembrando... (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Conclua, Deputada. Conclua, Deputada. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - É dessa forma que Deputadas de direita são tratadas aqui. Está bom. Então, toda hora interrompendo o meu raciocínio. Então, o senhor se contradisse a todo momento no que o senhor falou aqui, mas algumas declarações foram interessantes, não é? Porque o senhor falou que não dá pra ter ataque nas urnas, de fora. Veja bem: isso quem falou foi o hacker amigo do PT. O hacker vota 13. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Acabou o tempo, Sr. Presidente. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Não dá para ter ataques de fora, mas, um daqueles que tem acesso ao código-fonte, se quiser manipular, ele consegue. Isso são palavras do hacker... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputada Julia, por favor, conclua. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - ... que vota 13. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O tempo de V. Exa. já acabou há uns 30 segundos. Por favor, conclua. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC) - Obrigada, Presidente. Só para concluir, eu queria dizer que é assim que o brasileiro se sente: injustiçado, porque os criminosos dessa nação estão assanhados. Obrigada. (Palmas.) O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ. Pela ordem.) - Sr. Presidente... Sr. Presidente, só uma questão de ordem. Tem um acordo entre nós... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Tem um...? O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Um acordo de não... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Ah, um acordo. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - De não... De não... Foi um acordo até firmado com a condução do Presidente Arthur Maia de não usar... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Isso, ele me deu a informação. O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - ... cartazes. E tem um Deputado atrás da Deputada que ficou... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Desculpa, eu não sabia da existência desse acordo. Passarei a exigir agora o cumprimento do acordo. Eu não tinha conhecimento. Eu fiquei olhando se era alguém que não fosse integrante da Comissão para chamar atenção, mas integrante da Comissão, eu não me senti à vontade para chamar atenção. Mas sabedor agora da existência de um acordo, eu peço... E assegurarei que não se faça merchandising nas imagens da TV Senado. O SR. MARCOS ROGÉRIO (PL - RO) - Esse acordo é pra manifestantes, Sr. Presidente, não pra Parlamentares. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O próximo inscrito, na condição de não membro também, portanto, disporá de 3 minutos, é o Deputado Professor Paulo Fernandes. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Paulo Fernandes está escrito aqui. Se for Paulo Fernando... O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Posso falar no lugar dele? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não. (Risos.) Não se encontra presente? (Pausa.) Não se encontrando presente, fica cancelada a sua inscrição. Próximo inscrito... Próxima inscrita, Deputada Rosângela Moro. (Pausa.) Ausente. Próximo... Por permuta, o Senador Eduardo Girão. Disporá de 10 minutos. O SR. EDUARDO GIRÃO (NOVO - CE. Para interpelar.) - Muitíssimo obrigado, Sr. Presidente. Eu queria muito... Muito obrigado, Deputado Rogério Correia. Eu queria muito ter podido acompanhar a sessão desde o início, mas estávamos no Plenário do Senado Federal, desde 10h da manhã, tratando de uma matéria, de um flagrante ativismo judicial que quer descriminalizar as drogas no Brasil. |
R | Mas a nossa assessoria ficou aqui, e depois eu acompanhei alguns trechos da manhã, e parece que eu estou em outra sessão. Parece que eu vim para o lugar errado, porque de manhã o procedimento do depoente foi um, num clássico jogo combinado, como a gente diz no jargão do futebol, era um levantando a bola e o outro cortando. Agora, no segundo período, depois do almoço, tudo mudou: o depoente não responde a absolutamente nada. Pela manhã, desrespeita o Senador da República Sergio Moro, que é um colega que foi eleito pelo povo do Paraná. E, com todo o respeito ao senhor, porque a gente tem que respeitar as pessoas, a sua vasta ficha criminal não traz nenhuma, absolutamente nenhuma, credibilidade para esta sessão. Aliás, não tem nada a ver estar acontecendo aqui um depoimento como esse. Foge do escopo, da origem, do objetivo nosso, que é investigar o dia 8. Não tem nexo nenhum. E o que me incomoda e me deixa assim, estarrecido, Sr. Presidente, é perceber claramente que talvez a gente precise - e eu assino - de uma CPI sobre tentativa de fraude em urna, sobre questão de voto auditável. Pode contar com o meu voto, mas aqui não era espaço pra isso. Agora, a cortina de fumaça está muito clara. A cortina de fumaça foi montada, sabe por quê? Porque o Governo Lula se desesperou completamente com as últimas notícias, ou vamos esquecer? O Ministro da Defesa diz que Forças Armadas poderiam ter sido acionadas para evitar o 8 de janeiro. Qual era o Governo que tinha assumido? O Governo Lula! Foi omisso. A gente sempre disse isto aqui: quem errou por ação ou por omissão tem que pagar. Por que cortina de fumaça, Deputado Sóstenes? Nós tivemos aqui um fotógrafo da Reuters que foi muito sincero, colocou aqui que, numa pergunta que eu fiz e outros colegas depois ratificaram, ele viu a Força de Segurança Nacional paradinha, preparada, mas inerte, no estacionamento do Ministério da Justiça. Isso é gravíssimo! Por que não evitaram a quebradeira enquanto estava acontecendo o vandalismo absurdo? A Força de Segurança Nacional, com - estima-se aí - 200, 250 homens parados, de braço cruzado. Será que é por isso que não querem deixar a gente ver as imagens do Ministério da Justiça? Será que é por isso que os Deputados e Senadores da base do Governo aqui, do Governo Lula, votaram contra, deixaram suas digitais contra a vinda de um comandante da Força Nacional que é testemunha ocular, que estava de plantão no momento? Isso é gravíssimo. Eu estou representando, Sr. Presidente, hoje, com os fatos novos verificados, um novo requerimento para a gente ouvir o comandante da Força de Segurança Nacional. Porque, se a gente não conseguir ouvir alguém que estava de prontidão e não foi autorizado a agir, pra gente saber quem o mandou ficar de braço cruzado, a gente está desrespeitando a população brasileira, que quer a verdade. |
R | Nós da Oposição votamos 100%, queremos a investigação completa, irrestrita, mas a gente não percebe a recíproca dos nobres colegas Parlamentares do Governo Lula, que sequestraram um instrumento da Minoria, da Oposição - isso é uma vergonha! - pra blindar poderosos. E a gente fica, Sr. Presidente... Eu tenho aqui, preparamos, durante esses dias, uma série de perguntas. Mas pra quê? Pra participar de um teatro, como bem colocou o nosso Deputado Valadares? Não vou participar disso. Perguntas aqui. Como, se ele não está respondendo nada? Pra fazer algo aqui pra plateia? De manhã, tivemos um comportamento completamente diferente. Ficou feio, viu, depoente? Com todo o respeito, ficou feio. E podia ter combinado melhor, responde algumas, mas respondeu a todo mundo da esquerda, a todo mundo do Governo Lula, e não responde, agora, às pessoas que pensam diferente, que querem investigar. Então, eu quero dizer que eu não vou participar de farsa. Nós estamos aqui pra buscar a verdade. Muitos requerimentos, Deputado Filipe Barros - o senhor tem feito um trabalho combativo aqui, buscando com a lógica de uma investigação -, estão sendo bloqueados. E está pipocando, pipocando. Ontem mesmo, O General do Lula, Gonçalves Dias, foi incluído no inquérito, ontem à noite. Aí a cortina de fumaça veio, na hora certa. As coincidências acontecem assim, Senador Magno Malta. E a gente não pode fazer esse papel. Nós estamos aqui pagos pelo povo brasileiro pra investigar o que que aconteceu no dia 8. E esta CPMI tem que pedir, que esperar, que falar, pedir pelo amor de Deus pra Ministro do Supremo pra algo que nós temos o poder de investigar. Que subserviência é essa? O relatório, com todo o respeito à Senadora Eliziane, o relatório está pronto. Alguém tem dúvida disso? O relatório está pronto. Ela mesma disse que vai indiciar, que vai... No início, falou que foi uma tentativa de golpe, já disse. E a gente não vai concluir essa investigação pra ver a omissão do Governo Lula, que a cada dia fica mais clara, que, segundo o nosso ordenamento jurídico, também é crime? Deixaram a porta aberta. O Batalhão Presidencial foi desmobilizado horas antes. Senador Marcos Rogério, não foi um, não foram dois, não foram três alertas da Abin, não. Foram 33 alertas da Abin de que iria acontecer vandalismo, que iriam quebrar Senado, Câmara, STF e Palácio do Planalto. Por que um Governo tão experiente, que já esteve no Poder tantas vezes - Lula, Dilma -, não tomou as medidas para evitar a depredação do nosso patrimônio? |
R | (Soa a campainha.) O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - É verdade. O SR. EDUARDO GIRÃO (NOVO - CE) - Deixaram quebrar, foi bom, foi cômodo. Esse vitimismo ajudou para inverter, para fazer uma perseguição política a quem pensa diferente. Nesses 30 segundos, Sr. Presidente, eu digo que nós estamos vivendo momentos trevosos, sombrios no Brasil: nossa democracia está em frangalhos, se é que ela existe. Temos um Poder sobre outro - alinhado com o Governo Federal - que está caçando quem pensa diferente, que está censurando os brasileiros, que está colocando inocentes na cadeia, autistas! Que a gente possa aqui cumprir o nosso papel, já que o Governo não quer mais investigação. O Governo quer terminar esta CPMI porque está chegando a ele? Está chegando ao Governo. Que as pessoas tirem suas próprias conclusões, os brasileiros. Eu agradeço. Muito obrigado, e que Deus abençoe esta nação! (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O próximo orador inscrito, na condição de não membro, o Deputado Paulo Fernandes, que disporá de três minutos. O SR. PROF. PAULO FERNANDO (REPUBLICANOS - DF) - É "Fernando", Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Paulo Fernando. O SR. PROF. PAULO FERNANDO (REPUBLICANOS - DF. Para interpelar.) - Isso. Obrigado. Eu queria... Apesar de o depoente não estar respondendo, mas eu teria uma curiosidade. Onde é que ele estava no dia 8 de janeiro? - se ele podia responder. O SR. WALTER DELGATTI NETO (Para depor.) - Ficarei em silêncio. O SR. PROF. PAULO FERNANDO (REPUBLICANOS - DF) - Muito bem. Queria também indagar, porque saiu agora, no site da GloboNews, uma matéria intitulada "Defesa de hacker desiste de delação e pede inclusão em programa de proteção de testemunhas". E queria lembrar que o programa de delação tem todo um critério. Eu trabalhei lá no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, com a minha dileta amiga Damares, e quero dizer também à defesa do depoente que lá também tem critérios para que a pessoa seja incluída no programa. E se, pela manhã, o senhor foi acobertado pela esquerda, quero dizer que depois, no futuro, o senhor também vai ser abandonado. O senhor vai ficar sozinho e vai, obviamente, responder a esses crimes de falso testemunho. E, na condição de advogado e professor, quero dizer o seguinte: o tribunal, os técnicos dizem que o sistema eleitoral é indevassável e inviolável. Então, qualquer tentativa do senhor ou de outra pessoa será o que nós chamamos de um crime impossível. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Encerrou? (Pausa.) Muito obrigado, Deputado; obrigado por ter cumprido o tempo. O último orador inscrito. Na sequência, a praxe tem sido abrir cinco minutos para o Líder da Oposição e o Líder da Situação. Então, o último orador inscrito, o Senador Randolfe Rodrigues disporá de dez minutos. O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP. Para interpelar.) - Perfeitamente, Presidente. |
R | É só para comunicar que o Senador Rogério Correia se pronunciará hoje, ao encerrar, pela Liderança do Governo. Caríssimo Presidente, nós vimos aqui, sobretudo nesta parte da tarde, um vilipêndio a alguns direitos e garantias fundamentais. Nós vimos agora, sobretudo na parte da tarde, Sr. Presidente, a ofensa às prerrogativas dos advogados. Dr. Ariovaldo Moreira, V. Exa. é conhecedor do Estatuto da OAB e do 133 da Constituição, que pressupõe a indispensabilidade da atuação de V. Exa. em companhia e assessoramento do vosso paciente. Da mesma forma, o art. 7º do Estatuto da OAB pressupõe que V. Exa. tem o direito de ser tratado, em qualquer ambiente que esteja, com urbanidade. Foi tudo o que não aconteceu, sobretudo nesta tarde. Eu não vou lhe sugerir, lhe recomendar nada, mas eu acredito... (Intervenção fora do microfone.) (Soa a campainha.) O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Só para garantir meu tempo, Presidente? Assim como nós garantimos o de todos nesta tarde. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE. Fora do microfone.) - Me esforçarei aqui. O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Vamos lá. Não, podem falar o quanto quiserem, o tempo está seguro. Querem falar de novo? Obrigado, Presidente. A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC. Fora do microfone.) - Lá no seu partido, o senhor fala com as mulheres de lá assim... (Soa a campainha.) O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Respeito às mulheres, porque... O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Obrigado, Presidente. Então, Dr. Ariovaldo, eu não vou lhe recomendar nada, que o senhor é consciente, mas eu acho que é inevitável o senhor pensar e refletir, conforme o art. 133 da Constituição e o art. 7º do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, em fazer as devidas representações pelas sequenciadas vezes que as suas atribuições e suas prerrogativas, em nome da Ordem dos Advogados do Brasil, em nome da advocacia brasileira, foram aqui agredidas, ofendidas e violadas. Como alguns que querem usurpar, corromper, atacar o Estado democrático e direito não conhecem a Constituição, talvez tenham pouco conhecimento do art. 5º, inciso LVIII, da Constituição, que diz, ipsis litteris, o seguinte: "O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado". É porque tem uma turma aqui, Sr. Delgatti, Sr. Ariovaldo e Sr. Presidente, que não tem familiaridade com o texto da Constituição. Aliás, queriam corrompê-la, queriam destruí-la, queriam interpor um golpe de Estado, como ficou claro no depoimento do Sr. Delgatti no dia de hoje. O Sr. Delgatti veio aqui na condição de testemunha. A ele assiste, por ordem do Supremo Tribunal Federal, aquele que tentaram vilipendiar, aquele que, dentre os três prédios públicos, foi o mais atacado, foi o mais destruído no 8 de janeiro, aqueles aos quais eles têm aversão; por ordem do Supremo Tribunal Federal, o Sr. Delgatti veio aqui com a prerrogativa de, quando quiser, utilizar do direito constitucional que o assiste, o art. 5º, inciso LXIII, da Constituição. Alguém veio dizer que não tem nada a ver aqui o depoimento do Sr. Delgatti... Olha só, gente! É porque, na concepção deles, como eu já disse algumas vezes, o 8 de janeiro foi um raio em dia de sol. Não foi! Peguem os áudios, peguem todos os depoimentos daqueles que estavam convocando a tal Festa da Selma. Qual era a razão da Festa da Selma? É que a eleição tinha sido corrompida, é que as urnas tinham sido adulteradas. Tem um liame concreto das informações que o Sr. Delgatti trouxe até aqui, até o 8 de janeiro, porque o 8 de janeiro foi uma conspiração contínua, inaugurada em 1º de janeiro de 2019, quando tomou posse um governo que passou a desrespeitar a Constituição da República, os Poderes independentes e a atacar o Supremo Tribunal Federal. |
R | A partir daí teve inauguração e teve sequenciadas vezes. Quantas vezes não foi atacada a Suprema Corte? Quantas vezes a democracia brasileira não foi repetidamente ofendida? O que o Sr. Delgatti trouxe aqui foi um roteiro de como queriam dar o golpe de Estado. O que foi que disseram ainda há pouco, Sr. Delgatti? Disseram o seguinte do senhor aqui: o senhor tem uma vasta ficha criminal, mas, pois bem, foi este, segundo eles, que tem uma vasta ficha criminal - este que tem uma vasta ficha criminal -, que foi chamado a conversar com o ex-Presidente da República, que esteve com o Presidente da República. Ora, se sabiam que era um criminoso, o que o ex-Presidente da República queria fazer dialogando com um criminoso? Queria corromper um outro crime, queria interpor um outro crime, agora contra a democracia e contra os direitos dos brasileiros. Vasta ficha criminal foi o que disseram aqui. Mas, pois bem, foi a partir da conversa de um ex-Presidente - admitida aqui, Senadora Eliziane, a conversa, a conversa -, não foi o Sr. Delgatti que disse que conversou com o ex-Presidente, foi admitida aqui publicamente, foi admitida a existência da conversa. Vasta ficha criminal? Então, o ex-Presidente quis, é o primeiro mandatário da história deste país, desde a Independência, que tira do seu tempo para conversar com alguém que tem uma vasta ficha criminal para tentar e organizar a existência e a construção de outros crimes, porque teve sequência. O que tem vasta ficha criminal, segundo eles, foi encaminhado ao Ministério da Defesa. Foi encaminhado ao Ministério da Defesa, ofendendo a tradição de nossas Forças Armadas, ofendendo o Exército Brasileiro, a Aeronáutica e a Marinha, para corromper contra o compromisso que as próprias Forças Armadas fizeram. Ora, o que tem vasta ficha criminal só servia ali, quando eles queriam corromper as urnas? Não serve agora. Agora é um criminoso desqualificado; agora não vale o que ele falou, mesmo tendo sido dito na CPI que o depoimento dele é verdadeiro e não foi dito por nós, do Governo, foi dito por eles em relação a isso. Sr. Presidente, o que nós ouvimos aqui, na verdade, foi um relato de uma sequência de crimes. Quero citá-los: simulação de fraude nas urnas para desestabilizar o pleito eleitoral; crime de golpe de Estado (art. 366 do Código Penal, pena de reclusão de quatro a doze anos); realização de grampos clandestinos contra um ministro da Suprema Corte; crime de escuta telefônica ilegal (art. 10 da Lei 9.296, de 24 de julho de 1996, pena de dois a quatro anos); sugerir que o Sr. Delgatti assumisse falsamente a autoria do grampo de participação por instigação no crime de autoacusação falsa (art. 341 do Código Penal, pena de detenção de três meses a dois anos); por fim, promessa de indulto, que foi aqui admitida - que foi aqui admitida!... (Soa a campainha.) O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - ... delito de incitação ao crime (art. 266 do Código Penal). |
R | Somados, 18 anos de prisão a quem cometeu o conjunto desses crimes. E quem cometeu o conjunto desses crimes... O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - Lula! (Soa a campainha.) O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - ... não foi o Sr. Walter Delgatti. Quem cometeu esses crimes tipificados, explicitados aqui, didaticamente para todos nós, foi o Sr. Jair Messias Bolsonaro. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Lula... O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Senadora Eliziane, não sei quem mais V. Exa... Não sei quem mais V. Exa. vai sugerir, indicar para ser chamado à CPMI. V. Exa. já tem aí, concretamente, um indiciado a pelo menos 18 anos de pena, conforme o Código Penal... A SRA. JULIA ZANATTA (PL - SC. Fora do microfone.) - Peça a quebra! (Soa a campainha.) O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - ... e é o ex-Presidente da República. Sr. Walter Delgatti, eu quero recomendar ao senhor de fato que peça, pelo ódio que eu vi aqui exalado contra o senhor... Dr. Ariovaldo e Sr. Walter Delgatti, peçam mesmo a inclusão do Sr. Delgatti no Programa de Proteção a Testemunhas. Ele é importante para nós entendermos... (Intervenção fora do microfone.) (Soa a campainha.) O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - E hoje ficou claro, ficou claro que o que ocorreu não foi somente o 8 de janeiro; foi uma estratégia golpista, atentatória, vergonhosa, nunca vista na história desse país. Essa é uma página triste da história que, no depoimento de hoje, estará sendo passada a limpo. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ. Fora do microfone.) - Cuidado para não virar o... (Interrupção do som.) (Soa a campainha.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Agradeço, Senador Randolfe, pelo cumprimento do seu tempo. Nós daremos agora a palavra, se assim o desejarem: 5 minutos à Liderança da Oposição e 5 minutos à Liderança do Governo. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - O Governo primeiro. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Normalmente quem acusa. (Intervenção fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Normalmente quem acusa tem a palavra primeiro. (Intervenções fora do microfone.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - O Governo já falou. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Está aqui escalado - eu queria confirmar -, pela Liderança da Oposição, o Deputado Sóstenes Cavalcante. O senhor dispõe... V. Exa. dispõe de 5 minutos. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Presidente, só para esclarecer: não acabou de falar o Líder do Governo? O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Não, eu falei como inscrito. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Ele falou como inscrito. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Mas o tempo que ele usou foi de inscrito ou de Líder? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Usou 10 minutos... O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Como inscrito. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... como inscrito normal. O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - Como inscrito e membro da CPI. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Tá. O Líder do Governo quer falar primeiro? Eu abro a mão pra ele. (Intervenções fora do microfone.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Abro a mão pra ele. Eu falo após o Líder do Governo. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - É o senhor, é? Então tudo bem. (Intervenções fora do microfone.) O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - É porque quem acusa é ele. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Eu estou abrindo mão. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Fora do microfone.) - Essa decisão é do Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A palavra está concedida a V. Exa., e V. Exa. dispõe, a partir de agora, por favor, de 5 minutos. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ. Pela Liderança.) - Qual é o critério da inscrição, Sr. Presidente? Só para eu entender. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O papel. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Fora do microfone.) - O Presidente decide. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - O papel. Então, a primeira inscrição sempre é da Oposição? É assim? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O papel que me chegou aqui. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Ah, entendido. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - O tempo do Deputado já... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O tempo já está dele. Se ele está fazendo... dispensando o uso do tempo... O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Não, não estou dispensando. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Perdoe-me! Perdoe-me! Já fiz duas vezes. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Não voltará. Não voltará. O tempo está contando. O tempo está com V. Exa. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - Estou nervoso... O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Sr. Presidente, é só para esclarecer a V. Exa. que, como não membro, eu queria só entender algumas questões. Mas tudo bem, o tempo já está contando e eu não vou pedir desconto de tempo não, Sr. Presidente. Fique calmo, por favor. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Calma, Presidente. O SR. RODRIGO VALADARES (UNIÃO - SE. Fora do microfone.) - Sem trator. (Risos.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Por favor. Presidente, eu gostaria, como não membro, de entender como este requerimento... Como o depoente está aqui, só para eu entender: ele está como testemunha ou como investigado? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Testemunha. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Testemunha. Ótimo. Testemunha, que eu entendo, numa CPI não pode mentir, correto, Presidente? (Intervenções fora do microfone.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Correto? Estou correto ou estou errado? Uma testemunha pode vir numa CPI para mentir? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Razoável que não. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Não, sim ou não? O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Razoável que não! O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Ah, está o.k. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Razoável que não! O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Obrigado pela... Obrigado pela explicação, Presidente. |
R | Mas na verdade, eu me inscrevi, já que a testemunha não está respondendo na sessão da tarde, com muito respeito, eu venho a primeira vez na CPMI e espero que seja a última, porque, para usar o tempo da Oposição, para me dirigir à minha irmã em Cristo, Relatora desta Comissão, Eliziane Gama. Eu não vou conseguir nada da testemunha. Ele não responde a ninguém. Irmã Eliziane, eu conheço a história de V. Exa.. V. Exa. representa muito bem o Estado do Maranhão, eleita com votos de muitos irmãos em Cristo da nossa Igreja, e eu sei da lisura de V. Exa. e da seriedade do seu trabalho. Eu acabei de ouvir o orador anterior dizendo aqui que virou advogado agora de advogados. Eu não o vi defendendo os advogados na outra CPMI da Pandemia; ao contrário, ele atacava os advogados, mas hoje mudou - hoje mudou. Mas vamos lá. Irmã Eliziane, a minha pergunta, já que eu não consigo nada da testemunha, eu vou perguntar a V. Exa., como minha colega: V. Exa. acreditou em alguma das falas deste senhor pela manhã? (Intervenções fora do microfone.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Te pergunto diante do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Pastor, deixe-me falar. (Intervenções fora do microfone.) A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não, por favor. Estou dentro do tempo do Deputado. Com o devido respeito que eu tenho a V. Exa., V. Exa. sabe disso, mas, com o devido respeito mesmo, eu não vou lhe responder porque eu não sou depoente aqui. Então, me desculpe. Por favor. (Intervenção fora do microfone.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - É o direito da Sra. Relatora, mas eu gostaria, porque V. Exa. vai exarar o documento final. E, honestamente, se V. Exa. acreditou em alguma das palavras que foram ditas aqui pela manhã, nós estamos vivendo uma total irrealidade política. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Apocalipse. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - É o apocalipse total, de verdade. Como eu confio fielmente na consciência cristã que existe dentro dessa mente, dentro desse coração, de uma assembleiana do Maranhão, eu tenho convicção de que V. Exa. não acreditou no mentiroso contumaz que nós vimos aqui nesta manhã, que na tarde, na parte da tarde, veio aqui só para não falar nada. O SR. CABO GILBERTO SILVA (PL - PB. Fora do microfone.) - Esqueceu. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Então, Presidente, Relatora, colegas Deputados, eu sou daquele brasileiro... (Soa a campainha.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - ... Presidente Cid, que acredita neste país, que acredita e defende a democracia, sim, colegas Deputados e que, como todos, nos envergonhamos do que aconteceu no dia 8 e queremos punir os culpados - todos eles. Inclusive, agora, a própria Polícia Federal já trouxe, como é que é o nome? Do G. Dias para dentro, que deveria estar aqui. Não sei porque ainda não veio. Então, esse deve estar aqui para explicar. E eu quero, nos últimos 30 segundos, deixar o meu único apelo - que eu não vou falar mais nesta CMPI - à minha ilustre Relatora: que Deus te abençoe, que te ilumine e que o seu relatório seja justo, porque, quando dobrar e deitar sua cabeça no travesseiro, a irmã vai ter a consciência, diante de Deus e dos homens, de que fez um trabalho sincero nesta CMPI. (Intervenção fora do microfone.) O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Pode ter certeza de que será, Pastor Sóstenes. Pode ter certeza disso. O SR. SÓSTENES CAVALCANTE (PL - RJ) - Eu tenho certeza disso. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Para falar, pela Liderança do Governo, a palavra será concedida ao Deputado Rogério Correia. Lembro que essas falas finais das lideranças não são para inquirir testemunhas, são palavras, são falas de conclusão, de visão e, enfim, de posicionamento. Cinco minutos, Deputado Rogério Correia. |
R | O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Pela Liderança.) - Obrigado, Presidente. Eu quero iniciar parabenizando o Dr. Ariovaldo Moreira e também o Matheus Moreira pela recomendação que deram ao Sr. Walter Delgatti, na parte da tarde, de ficar em silêncio e explico o porquê: o Sr. Walter Delgatti foi aqui ameaçado. Eu não vou colocar o vídeo pra não constranger quem fez a ameaça, que é membro da CPI e Senadora da República... A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Eu quero... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... mas que chegou a dizer... A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Deputado, eu preciso falar. O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... ao Sr. Walter Delgatti a seguinte frase: "A vida dá volta, e é a tua vida que está em risco". Ora, é evidente que qualquer um se sente ameaçado. Ariovaldo já tinha sido ameaçado, e ali foi colocado um áudio violento contra a família dele, com várias ameaças. A gente sabe que a tentativa de golpe no país foi um processo de extrema violência, com quebradeiras no Congresso Nacional, no Palácio e com quebradeiras também no interior de Brasília como um todo e no Supremo Tribunal Federal. Esse foi o processo de violência dessa tentativa de golpe bolsonarista no Brasil, com camisas de Bolsonaro e todos se posicionando a favor de que a democracia não prevalecesse. Esse foi o processo em que a CPMI está aqui, de reunião em reunião, cada vez mais ficando convicta disso. E ele recebe simplesmente uma fala: "A vida dá volta, e é a tua vida que está em risco". Fez bem o Walter Delgatti se silenciar e V. Exa., Sr. Ariovaldo, e V. Sa. também, advogado, têm toda razão em ter assim orientado. Eu quero parabenizá-los. Mas vou mais a fundo em relação a isso, porque seria realmente muito perigoso que ele continuasse dizendo as verdades que disse na parte da manhã e tendo que engolir desaforos e mentiras na parte da tarde. E, se ele respondesse, poderia agravar até as ameaças que fizeram. Por isso, eu queria reforçar a solicitação feita pelo Senador Randolfe: que, no programa de proteção à testemunha, ele fosse incluído. E quero também recomendar que ele esteja, através do seu advogado, em uma solicitação do fim da prisão preventiva pela colaboração que aqui deu e também pela colaboração que está dando à Polícia Federal, dando, portanto, as suas declarações, reconhecendo as suas culpas e apontando aqueles que lhe solicitaram ou que tentaram comprar, inclusive, as ações que fez... A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Presidente... O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... que ele possa imediatamente estar também em prisão domiciliar e que a Polícia Federal tenha muito cuidado com o que vai acontecer no interior da prisão neste momento. A gente sabe que existe um negócio chamado apito de cachorro. Às vezes, só o cachorro escuta. E, neste caso, nós escutamos, no golpe, muitas vezes, apito de cachorro que vinha por parte de autoridades bolsonaristas e que tinha a resposta da violência nas ruas, como foi no caso do dia 8 de janeiro. Isto pode acontecer na cadeia, porque sabemos que existem muitos bolsonaristas, como existe em todo local, também nessas regiões e nessas dependências. Por isso, é preciso que a Polícia Federal tome cuidado. Ele já tinha dito, o Walter Delgatti, que temia por sua vida. O advogado também disse que teme não pela vida dele própria, mas também pela do Walter Delgatti. Então, eu termino esta minha intervenção, primeiro, dizendo que é preciso ter estes cuidados: a prisão domiciliar... (Soa a campainha.) O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... o fim da prisão preventiva e o programa de proteção à testemunha. |
R | E dizer à nossa Senadora, porque tenho certeza e convicção disso, que a verdade tem que prevalecer. E realmente, depois do que nós escutamos aqui, e a Polícia Federal tem muitas provas, muitas provas. Tem agora o telefone do Wassef, aquele em que ele fala pessoalmente com Jair Bolsonaro, que é o desespero, inclusive, da própria oposição bolsonarista, que teme exatamente o que acontece. A Polícia Federal, o medo que eles têm da Polícia Federal é muito grande, e a Polícia Federal está agindo. Sabemos que, quando ela age, ela descobre a verdade, e que a verdade... Com certeza, nós teremos, Sr. Presidente, que ter no relatório final isto que aqui nós vimos hoje, essas denúncias analisadas, que o Presidente Jair Bolsonaro seja indiciado ao final desse processo e que a sua prisão seja solicitada. É o mínimo, depois da reunião que nós tivemos hoje. Parabéns ao Ariovaldo pela orientação e muito obrigado ao Walter Delgatti por colocar aqui as suas convicções e colocar aqui também a sua contribuição. Muito obrigado, Presidente. E assim termino a minha fala. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Presidente... A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Sr. Presidente, (Intervenções fora do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - A Presidência interina gostaria de informar que o Presidente já tinha determinado aqui à assessoria da Comissão que fizesse um ofício ao Ministério da Justiça, ao Ministério dos Direitos Humanos e ao Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para solicitar a inclusão do depoente no Programa de Proteção de Testemunhas e que houvesse uma preocupação com a sua proteção. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Então, eu estou dando uma informação da Presidência real. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, eu queria. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Pela ordem, Senadora Damares. A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF. Pela ordem.) - Ok., obrigada, Presidente. O encaminhamento de proteção é uma praxe de CPI. Como Ministra de Direitos Humanos protegi um monte de testemunhas que a CPI anterior da Covid pediu, mas eu preciso registrar aqui que o colega Deputado - nós temos divergências políticas, mas até hoje eu achava que ele jogava limpo -, vem no final da CPI manipular uma frase minha, jogar de forma errada, suja, dizendo que eu ameacei a testemunha. Quero te dizer uma coisa, Presidente: a minha fala está aí. Eu disse para a testemunha que ele já colocou toda a vida dele em risco, todos os projetos de vida dele, porque eu vejo esse homem, no mínimo, mais dez anos na cadeia; que ele se afaste do crime. Eu falei inclusive como mãe. Os colegas aqui não foram generosos com ele, mas eu ainda fui generosa em dizer: "Saia do crime, não dê exemplo para os jovens do Brasil.". Onde está a ameaça? Mas é assim que a esquerda faz. E vou dizer uma coisa, Sr. Walter: o seu advogado já desistiu da delação porque a delação não é só falar, tem que provar, e o seu advogado desistiu da delação antes do período da tarde. A matéria saiu agora. O seu advogado está procurando proteção à testemunha, é justa, mas proteção à testemunha não absolve ninguém. (Soa a campainha.) A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Protege-lhe. Então, que fique registrado: o Deputado usou de má-fé, jogou sujo em dizer que eu ameacei a testemunha. Mas o que esperar da esquerda, né, Deputado? A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Presidente, eu vou falar. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Você vai pedir pela ordem. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Sim, pela ordem, Presidente. Eu queria... |
R | O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Deputado... (Fora do microfone.) eu concedi a palavra à Senadora Damares pela ordem, não foi por referência, por citação, porque não houve citação ao nome dela. Se o Deputado desejar falar porque foi citado... O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Sr. Presidente... Sr. Presidente, um minutinho. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - O.k. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Ele leu... Ele leu o depoimento dela. Então, não vamos falar que não é ela. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Mas ele não citou o nome dela. O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Mas... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - Essa questão, Senador Flávio Bolsonaro, ela é explícita: quando há a citação do nome. Não houve a citação. Então, pela ordem, pede a palavra, espero que para finalizarmos a reunião, a Senadora Eliziane Gama. A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Sr. Presidente, na verdade, eu quero fazer uma solicitação ao senhor, como Presidente desta Comissão: que nós possamos enviar a oitiva de hoje à Procuradoria-Geral da República pra que haja uma análise e manifestação do Ministério Público Federal acerca da possibilidade da delação, da colaboração premiada - ou delação premiada, como queiram -, pra que possa ser analisada a posteriori e possivelmente homologada pelo Supremo Tribunal Federal. E digo isso, Presidente, porque as CPIs, na verdade, a lei do crime organizado, que é uma lei relativamente nova, digamos assim, ela data de 2013... E o instrumento da colaboração premiada é um instrumento que não foi ainda utilizado por nenhuma CPI. Então, naturalmente, aí, é algo em que pode até haver um questionamento. Inclusive, estou solicitando à Consultoria do Senado Federal uma análise mais profunda acerca da utilização desse instrumento por esta CPMI, o que poderá criar um precedente para qualquer uma outra Comissão. Então, eu pediria ao senhor que fosse realmente encaminhada esta oitiva de hoje, porque eu acredito que as falas, na verdade, do depoente foram importantes. Naturalmente, de forma muito clara, ele demonstrou uma disposição de colaborar com os trabalhos de investigação desta Comissão. Muito obrigada, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE. Fala da Presidência.) - Eu agradeço, Senadora Eliziane. Eu encaminharei a solicitação de V. Exa. ao Presidente da Comissão. Eu tenho que ser muito discreto nessa minha interinidade. Para encaminharmos o encerramento, eu coloco em votação a Ata da 12ª Reunião, solicitando a dispensa da sua leitura; a 12ª é a anterior. Os Srs. Parlamentares que a aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) A ata está aprovada. Não havendo mais nada a tratar... O SR. FLÁVIO BOLSONARO (PL - RJ) - Sr. Presidente... O SR. PRESIDENTE (Cid Gomes. PDT - CE) - ... agradeço a presença de todos, convidando-os para a próxima reunião, a realizar-se na terça-feira, dia 22 de agosto, às 9h da manhã. Declaro encerrada a presente reunião. (Iniciada às 9 horas e 35 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 11 minutos.) |