24/08/2023 - 58ª - Comissão de Educação e Cultura

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Fala da Presidência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 58ª Reunião da Comissão de Educação e Cultura da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, que se realiza nessa data de 24 de agosto de 2023.
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A presente reunião destina-se à realização de audiência pública com o objetivo de discutir com especialistas a importância de instituir no calendário nacional O Dia Nacional das Olimpíadas Científicas e do Conhecimento, em atenção ao Requerimento nº 58, de 2023, da Comissão de Educação, de minha autoria.
Eu gostaria de somar também a isso algumas das propostas que eu tenho trabalhado aqui no Senado e que têm aderência a esse tema. Uma delas é o PL 3.650, de 2023, que institui o Mês Nacional da Olimpíadas Científicas e do Conhecimento, a ser celebrado, anualmente, no mês de julho; o PL 3.166, de 2023, que institui o Programa Bolsa Estudantil do Ensino Médio, destinado a conceder bolsa de estudo mensal para estudantes de baixa renda no ensino médio, regularmente matriculados em escola pública e participantes do Bolsa Família.
Eu acho que todo mundo que está aqui trabalha com educação e sabe da dificuldade de se manter os alunos no ensino médio e de trazer esses alunos para o ensino superior e também com relação ao ensino profissionalizante. Isso também não está aqui, mas eu criei a Frente Parlamentar para o Ensino Profissionalizante e Tecnológico, porque isso aí mudou a minha vida e eu tenho certeza de que pode mudar a vida de milhões de jovens no Brasil. Também o PL 3.168, de 2023, que determina que 10% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico sejam destinados à educação tecnológica. Quando eu estava como Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, fiz questão de elevar o tema de promoção e popularização da ciência ao nível de secretaria, porque entendo a sua importância. Iniciei esta sessão aqui falando da importância de se motivar jovens para as carreiras de ciência e tecnologia, de ajudar a formação de professores na área de ciência e tecnologia, de melhorar a estrutura para ensino de ciência e tecnologia, de melhorar a popularização da ciência para que a população saiba da importância e da ciência e tecnologia no dia a dia e para que nós tenhamos cada vez mais jovens interessados nessas carreiras.
Então, eu, sabendo disso e com a experiência de muitos anos trabalhando na NASA, onde isso é levado extremamente a sério, na divisão de Outreach Programs, onde você leva conhecimento para dentro das escolas, você leva ciência e tecnologia para dentro das escolas, você faz formação de professores... E por quê? Não adianta você ter a melhor tecnologia do planeta, se você não tiver jovens e interessados em ciência e tecnologia, nada disso vai servir para nada. E foi por isso que quando eu cheguei ao ministério, criei, então, a Secretaria de Promoção e Popularização da Ciência justamente com esse objetivo. E ela funcionou muito bem durante os nossos anos ali no ministério. Infelizmente, com a mudança do governo, a secretaria foi extinta, acredito que porque eles não conseguiram enxergar a importância, a grandeza de algo como isso para a formação de jovens. E agora a gente conta aí que algum se mantenha em pé para que essa promoção e popularização da ciência se mantenha no nível e no merecimento que é adequado.
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Aqui no Senado, eu faço a minha parte. Justamente, acabei de ler alguns dos projetos de lei para tentar impulsionar o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no país. Eu não falei da parte de inovação. A gente está trabalhando com várias coisas, como o marco legal das startups, como a Lei do Bem, etc.
Essa parte de ciência e tecnologia tem que ser levada muito a sério. Inclusive, um dos nossos projetos de emenda constitucional, que é a PEC 31, também de 2023, eleva o valor investido do PIB em ciência e tecnologia, no Brasil, do nível atual, em torno de 1%, que é o nível atual, para, em um período de dez anos, ser acrescido gradualmente, até o mínimo de 2,5%, o que vai nos colocar em um nível adequado com relação aos países que encaram, seriamente, a importância da ciência, tecnologia e inovação no desenvolvimento econômico e social do país. Também isso aí está prosseguindo aqui dentro do Senado.
Então, depois, eu tenho mais uma surpresa, para o final, mas, dando continuidade, ao nosso protocolo, gostaria de agradecer a presença dos nossos convidados, que serão os palestrantes desta tarde, e gostaria de agradecer também a presença do Rafael Vidal Aroca, pesquisador, Gerente de Inovação do Centro de Pesquisas Avançados da Wernher von Braun, que está aqui com a gente. Karizi da Silva, assistente da OBsat; José Moura de Figueiredo, comerciante da Ceará Arte em Festa. Está aí? Obrigado por ter vindo! Ricardo Albuquerque de Oliveira, especialista em Regulação de Aviação Civil e Coordenador da Agência Nacional de Aviação Civil. Obrigado! Aliás, é muito importante você estar aqui também, junto com a gente. Há tantos jovens que veem essa área. É importante essa participação. Raquel Bruna Cunha de Figueiredo, estudante do Colégio Novo Espaço. José Ulisses Manzzini Calegaro, membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Base do Distrito Federal. Cadê? Está ali! (Risos.)
Éder José da Costa Sacconi, Coordenador da Olimpíada Brasileira de Agropecuária e Diretor da Agência de Inovação do Instituto Federal de São Paulo. Está ali. Obrigado por ter vindo! Pedro Sousa, representante do Ministério do Turismo. Está lá no fundo. Obrigado, Pedro. Marcelo Ramos, também representante do Ministério do Turismo, está com a gente aqui.
Então, vamos já chamar os nossos palestrantes. Como é que vai ser a dinâmica? Cada palestrante terá dez minutos para fazer a sua apresentação. Vou pedir para os que estão aqui e os que estão, remotamente, ouvindo também, para atentarem ao tempo, porque a gente tem um número considerável de palestrantes, senão, a reunião prossegue até muito tarde. Então, vamos focar nesses dez minutos.
Aqui dentro, para os que estão aqui, existem os relógios, que vão estar marcando o tempo. Quando faltar um minuto, vai tocar uma buzina. Quando chegar nos 15 segundos, vai aparecer uma voz bastante proeminente que vai falar: "Quinze segundos". Eu posso prorrogar, um pouco, o tempo, mas eu vou pedir para que tentem terminar no tempo correto dos dez minutos.
Para aqueles que estão remotamente, como vocês não têm essas indicações do tempo daqui e não vão ouvir a buzina, vão ouvir só o aviso de 15 segundos, então, peço para que vocês controlem o tempo aí, com um cronômetro ao seu lado.
Então, vamos começar. No final de todas as apresentações, a gente abre para perguntas e discute a respeito dos temas que foram feitos na apresentação.
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Assim que eu chamar os convidados, eu vou ler também aqui algumas das perguntas do e-Cidadania, que, aliás, está aberto a todas as pessoas que nos assistem remotamente para que participem, com comentários e perguntas, através do e-Cidadania no Portal www.senado.leg.br/ecidadania, tudo junto. Então, pode entrar lá e mandar a sua pergunta, que a gente vai ler a pergunta aqui para todos.
E eu já chamo, para se sentarem aqui ao meu lado, o Sr. Daniel Lavouras, Engenheiro Aeronáutico...
Cadê o Daniel, vulgo Bagual? (Risos.)
Engenheiro Aeronáutico formado no ITA, na minha turma, Diretor de Inovação da Editora Serena.
Bem-vindo!
O Sr. Jean Carlos Antunes Catapreta, Coordenador da Olimpíada Nacional de Ciências.
Aqui, depois, ele vai falar os números, mas teve um aumento estupendo do número de participantes, de alunos participantes.
Parabéns pelo trabalho!
O Sr. João Batista Garcia Canalle, mais conhecido como Prof. Canalle, Coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, a OBA, e também da Mostra Brasileira de Foguetes, a Mobfog, de que eu já participei muitas vezes.
Bem-vindo, Canalle! Obrigado por ter vindo.
E o Sr. Leonardo da Costa Meireles, Coordenador da Vitalis.
Bem-vindo, Leonardo! Por favor, ocupe o local aqui.
Também participam da audiência, de forma remota, a Profa. Silvana Copceski Stoinski, cujo nome eu sempre me atrapalho para ler - já a conheço há bastante tempo -, Líder da Política de Tecnologia no Ambiente Escolar e ex-Coordenadora do Programa Olímpico do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, o MCTI. Ela está ali online conosco também. A Sra. Nara Martini Bigolin, Cientista da Computação, Professora da Universidade Federal de Santa Maria e Coordenadora do Movimento Meninas Olímpicas. E o Sr. João Vitor Garcia Geiss, aluno do 8° ano do Fundamental II e multimedalhista olímpico, que também nos acompanha.
Estou vendo ele com as medalhas. Ah, isso aí dá muito orgulho de ver.
Parabéns, João Vitor!
E eu quero fazer um comentário aqui com relação também à participação da Sra. Nara Martini Bigolin, em especial com relação à participação das meninas. No Ministério, nós apoiávamos mais de 60 olimpíadas e, quando um jovem participa da olimpíada - depois o João vai poder falar também com relação a isso -, mas, quando um jovem participa, por exemplo, de uma olimpíada de matemática ou de uma olimpíada de economia, ele ou ela não ficam só bons em matemática ou economia. O mais importante das olimpíadas é o fato de esse jovem adquirir gosto pelo conhecimento e aprender como aprender e a curiosidade; e ele ou ela vão ficar bons em todas as matérias e em muitas outras competências, inclusive interpessoais, intrapessoais. Então, a importância das olimpíadas é enorme.
E, aqui, vem um ponto especial com relação à participação das meninas. Uma das grandes lutas que nós tínhamos no Ministério era atrair mais meninas para o setor de ciência, tecnologia, para Stem (Science, technology, engineering and mathematics). Eu sempre gosto de botar uma arte ali no meio, ficar "stem" - a arte é importantíssima também. Mas trazer mais as meninas para dentro das competições, da ciência e que elas permaneçam. O número, o nosso percentual de participação de meninas nessas áreas, quando a gente fala de cursos superiores e mesmo quando a gente fala de empreendedorismo, é ainda muito baixo.
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A gente precisa aumentar isso no nosso país, e isso só é feito através de um trabalho constante, através da exposição das meninas ao conhecimento: levá-las para dentro dos laboratórios, levar os laboratórios para dentro das escolas, e que elas percebam com exemplos de grandes cientistas, grandes profissionais do Brasil, para que elas olhem esses exemplos e copiem, usem esses exemplos na vida.
Então, eu gostaria de parabenizar a senhora Nara Martini Bigolin por trazer esse tema aqui, que vai ser extremamente importante nessa nossa discussão.
Novamente, antes de passar a palavra aos nossos convidados, comunico que esta reunião será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet - vou repetir aqui o endereço: senado.leg.br/ecidadania -, ou pelo telefone 0800 0612211. O relatório completo com todas as manifestações estará disponível no portal, assim como as apresentações que forem utilizadas pelos expositores aqui.
Com isso, e sem mais introduções aqui, eu passo a palavra, concedo a palavra ao Professor João Batista Garcia Canalle, Coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e da Mostra Brasileira de Foguetes, por dez minutos.
Canalle, você tem a palavra.
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE (Para expor.) - O.k., muito obrigado pelo convite.
São 26 anos de história convertidos em dez minutos, mas a gente é professor, a gente se vira nos 30 segundos, se for necessário.
Então, rapidinho, estou ali me apresentando mais formalmente. Fiz Física, fiz Astronomia, sempre dei aula, fundei a - quer dizer, dei continuidade à OBA, porque quem fundou foi o meu amigo Daniel Fonseca Lavouras -, daí fundamos a Mostra Brasileira de Foguetes, daí fundamos a Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica para levar para todos os países da América do Sul e América Central a nossa experiência. Isso está dando muito certo, porque esses países estão copiando os nossos exemplos.
Porém, não sou eu que organizo de fato, que executo, mas sim os meus colegas da Astronomia - apontando para lá, desculpa -, vários colegas da Astronomia, que são doutores em Astronomia, que coordenam conosco as questões, as provas, etc.; da parte da Astronáutica, os colegas da Agência Espacial Brasileira que colaboram conosco.
A OBA, então, voltando aqui - a OBA, então, voltando aqui... é o seu bagulhinho aqui que está roscando.
A OBA. De modo geral, as pessoas pensam que a Olimpíada é um dia em que você tem uma prova e acabou ali, ponto final. Se fosse assim, seria bem simples e eu estaria feliz da vida; mas não, a OBA precisa selecionar - exigência mesmo do Ministério da Ciência e Tecnologia, quando ele dá o edital para a gente organizar essas Olimpíadas - alunos que vão para as Olimpíadas internacionais. Então, não é a partir da prova nacional que você seleciona dez alunos, porque você vai ter um monte de alunos com nota dez e não dá para selecionar.
Então, você tem um processo de seleção desses alunos, uma segunda etapa, não que seja uma segunda fase. Você precisa selecionar alunos que vão para as Olimpíadas internacionais. Temos duas: IOA, a Internacional de Astronomia e Astrofísica; e a Latino-Americana.
Acabaram de voltar da Polônia cinco alunos que lá estiveram, depois de um longo treinamento, de vários meses de treinamento. Fizeram muito bonito, voltaram com duas medalhas de ouro, duas de prata e uma menção honrosa - e pagaram as próprias passagens.
É mais ou menos como dizer assim para o Neymar: "Neymar, você vai jogar na seleção, mas você vai ter que pagar a passagem e as suas diárias, está bom?". É bem assim que está acontecendo.
Temos um planetário para irem as escolas, é claro. Motivar alunos, professores, ajudar na motivação desses alunos e professores.
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Temos recentemente as iniciações científicas júnior, que nos permitem dar bolsas aos alunos que se destacam na nossa Olimpíada e, assim, ao longo de um ano, eles têm uma interação conosco. A bolsa de R$300, por mês, é de Iniciação Científica Júnior.
Temos também formação de professores, porque não tem professor de astronomia nas salas de aula, muito menos de astronáutica, então, claro, precisamos fazer alguma coisa para ajudar os professores que queiram participar. Então, temos o Erea e já fizemos 82 deles, até no Oiapoque, se você quiser saber. É um bocadinho difícil de chegar lá, não é?
Também dentro da OBA, nasceu na OBA, quando entrou a Astronáutica, claro, a construção de foguete e o lançamento de foguete. Por incrível que pareça, a Mobfog tornou-se, inicialmente, uma Olimpíada, mas, hoje, chamamos de Mostra Brasileira de Foguetes. Dentro dela, temos Jornadas de Foguetes, onde os alunos campeões em suas escolas são levados para o Rio de Janeiro para aprender ainda mais, sobre foguetes.
Também temos a Jornada Espacial, para os alunos que se destacam nas respostas às perguntas de Astronáutica. Levamos eles para uma semana em São José dos Campos e lá eles ficam conhecendo todas as instalações voltadas às atividades aeroespaciais.
No começo do ano, claro, temos que fazer a divulgação. Então, ali já vai muito dinheiro, porque, se você quiser mandar um cartaz desses para cada escola do Brasil, são R$500 mil. Não dá para fazer mais isso, não é? Então, tem que ser pela internet agora.
Se você quiser conhecer o nosso Planetário, está ali à sua disposição, pode levar para a sua escola. A nossa equipe vai. Não fica com ela lá não, devolve para nós. Temos dois desses. Já estão um pouquinho escangalhados, porque vai e vem, nesse negócio de monta e desmonta, põe na sacola, leva para lá... Então, precisamos substituí-los, mas atendem cerca de 20 mil alunos por ano, para você ter uma ideia.
Continuando aqui...
A OBA tem uma única fase. Outras olimpíadas têm mais de uma fase. A gente prefere ter uma única fase para que nenhum aluno se sinta reprovado. A partir dela, a gente distribui certificados e medalhas.
O panorama que eu vou mostrar aqui é um pouco similar ao de outras olimpíadas, mas a gente engloba alunos desde o 1º ano do ensino fundamental até o último ano do ensino médio. Não tem ainda para o ensino superior.
Está aqui o nosso mais famoso gráfico, pessoal. O ano de 1998 não tem e a culpa é do Daniel Fonseca Lavouras, que não me deu esses dados, não é, Daniel? (Risos.)
Talvez, tivesse uns cem, duzentos alunos, lá em 1998! Mas, depois, isso foi crescendo, exponencialmente, como vocês estão vendo, passou por 2006, teve um bom crescimento, quando o astronauta esteve fazendo o quê? A missão centenária, claro! Muito mais divulgação e teve um bom crescimento, não é? Assim, permaneceu, com cerca de 800 mil alunos, por ano. A verba foi, mais ou menos, constante, não deu para investir muito mais.
Aí veio a pandemia e caiu bastante, como vocês estão vendo. Depois da pandemia, a gente está crescendo e este ano foi um recorde. Vejam, lá em cima: 1.382.968 alunos. Inscritos foram mais de 2 milhões, mas os que participaram foram esses. Eu tenho que fazer um certificado para cada um deles. Eu tenho que mandar um pacote para as escolas de todos esses alunos, são 13,5 mil pacotes que eu vou ter que mandar, levando esse certificado para esses alunos, então, eu sei o nome de todos eles, não é? Então, não só inscrito, mas participante.
Caso você queira conhecer a distribuição por estado, está ali. O estado com o maior número de participantes é São Paulo, como sempre, aliás, na nossa Olimpíada. São cerca de 350 mil alunos só no Estado de São Paulo. Ceará é o segundo estado com mais participantes sempre, durante os 26 anos da Olimpíada de Astronomia. Aí terceiro e quarto lugares vão variando conforme o ano. Minas Gerais está em terceiro lugar, Piauí está em quarto e assim por diante.
Mas tem uma escola em Portugal também que usou a nossa prova. Já tivemos escola no Japão e até no Timor Leste tem escola de Língua Portuguesa. O número de escolas segue, aproximadamente, a mesma distribuição.
Dentro da OBA, como eu mencionei, a gente tem a Mostra Brasileira de Foguetes. É uma olimpíada que não tem prova, e a gente não gosta de fazer prova, é claro! Quem gosta de fazer prova? Ninguém, não é? Mas é uma olimpíada prática, inteiramente prática. Como você mencionou, a gente tem que construir coisa. Não podemos saber apenas teoria. Então, os alunos aprendem a construir foguetes, constroem foguetes, lançam foguetes, reconstroem e lançam mais longe. E vai desde alunos do 1º ano do ensino fundamental até os do último ano do ensino médio.
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Então, vejam que foi crescendo, continuadamente, e na pandemia foi quase zero, porque, afinal de contas, é um trabalho em equipe, e a pandemia não permitia nada de trabalho em equipe. Mas, passada a pandemia, olha ali: quase 300 mil alunos fazendo foguete e lançando foguete.
Você acha que você lança foguete dentro da sala de aula? Não! Está ali a Raquel que não me deixa mentir. Não é, Raquel? Você tem que ir para fora da sala de aula. Dentro da escola? Não. Porque o foguete vai muito longe, se for do ensino médio. Tem que ser num campo de futebol. Bem, talvez nem num campo de futebol, porque ele vai mais longe do que as dimensões de um campo de futebol. Mas quem tem que acompanhar esses alunos? O professor. Mas é no horário da aula dele? Não, é fora do horário da aula dele. E ele está ganhando a mais por isso? Não, é um professor que ama realmente o que faz. Eles sãos os nossos heróis do Brasil, não é, Raquel? Está ali, não é? Então, são professores que fazem muito pelos seus alunos, aprendem a fazer foguete, porque também nem eles sabiam fazer foguete, obviamente, e muito menos toda a física, a matemática, a cinemática, a dinâmica, a aerodinâmica, a estequiometria envolvida naquilo, equipamentos de segurança, porque o aluno tem que usar EPI, tem que aprender isso, convidar um público para assistir, com a devida segurança... Ou seja, é um show que ocorre fora da sala de aula e está fazendo uma revolução silenciosa na escola, como a gente gosta de brincar.
Ali está o número de alunos participantes.
Rapidinho, deixa eu voltar aqui.
Também São Paulo é o maior participante da Mostra Brasileira de Foguetes, seguido pelo Ceará e pelo Maranhão. Não devia ser pelo Maranhão, Senador, que tem o CLA? É, quem sabe um dia a gente convença lá o Governador, não é? Poderia pelo menos inverter ali o Ceará e o Maranhão. Mas o Ceará tem grande tradição.
Falando no Ceará, Senador, o Ceará já tem a data da olimpíada científica, já tem um dia de comemoração da olimpíada científica. Então, é só a gente seguir o exemplo deles, não é? É isso aí.
Aí, o que se ganha? Em geral, pensa-se que se ganha certificado e, eventualmente, medalhas. Sim, certificado a gente entrega para todos eles. É o mínimo que a gente pode fazer para agradecer pelo esforço do aluno...
(Soa a campainha.)
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE - ... do professor...
Continuando aqui, medalhas de acrílico. Quantas? Cinquenta mil medalhas.
Professor, isso significa quantos por cento? Três vírgula seis por cento dos alunos ganham medalha. Não é nada, mas são 50 mil. Só que custa R$400 mil. Na Mobfog são mais 20 mil medalhas. E para o professor? O senhor não vai dar nenhuma medalha para o professor? Sim, nós vamos dar uma medalha de honra ao mestre, porque todo sucesso do aluno depende do professor, não é, Astronauta? Você não seria um astronauta se não tivesse tido bons professores, nem nós. Nascemos analfabetos, dependemos, por tudo que sabemos, de algum professor. Então, esse professor vai receber uma medalha de honra ao mestre.
Aqui está a equipe que voltou da Polônia. Tem uma menina lá no meio, porque nossas equipes são sempre de ambos os gêneros. E ela tem menção honrosa numa olimpíada internacional com 50 países.
(Soa a campainha.)
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE - É só convidá-los para vir aqui receber seus parabéns, Ministro.
Aqui estão as medalhas que a gente ganha.
Está aqui o Ministro recebendo uma equipe.
E um gesto muito simples, mas que dá um impacto gigantesco na moral de todo mundo. Mostra é importante na visão dos nossos Senadores e Ministros e dirigentes políticos.
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Se me permite, Ministro, eu vou pular aqui rapidinho, e eu queria mostrar um vídeo no final - o pessoal vai clicar ali no link -, que eu recebi esse vídeo ontem, tá?
Pessoal, não é aqui, não. É o último vídeo que está aí e eles tem que clicar... Esse daqui, pessoal.
Recebi de uma equipe que participou numa jornada de foguete.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE - A equipe foi campeã, recebeu um troféu e voltou para a sua cidade: Iranduba. Você já ouviu falar em Iranduba? Nem eu.
Então, olhe lá, a equipe campeã, no lançamento de foguete, na cidade de Barra do Piraí, em cima do carro do Corpo de Bombeiros; a professora; os alunos; a carreata. Será que esses alunos vão ser os mesmos depois dessa homenagem que eles vão receber? Será que os professores serão os mesmos depois desse sucesso que esses alunos dessa cidade conseguiram, conquistaram? Olhe os ônibus escolares indo para a escola da equipe vitoriosa, que saiu do interior do Amazonas e foi para o Rio de Janeiro. Andaram de avião pela primeira vez, alguns andaram de escada rolante pela primeira vez, alguns ficaram num hotel pela primeira vez.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
(Soa a campainha.)
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE - Então, isso é o que faz a Olimpíada Científica, ela transforma alunos, professores, motiva pessoas. E, na educação, a motivação é fundamental. Ninguém ensina nada se quem está ali para aprender não quer aprender, mas, quando ele está ali para aprender, motivado, isso é um sucesso. E aí eles terminam dentro da escola, dando todo mundo parabéns à equipe vencedora.
Muito obrigado pela atenção, desculpe-me por ter ultrapassado o tempo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Prof. Canalle. Essa dedicação faz diferença, faz muita diferença. Acho que a gente vai ouvir algumas histórias aqui hoje dessas de como que uma olimpíada, a dedicação dos professores faz a diferença; um professor faz muita diferença, isso é importante.
Ficou aquela questão aqui, que eu anotei, do custo logístico, para levar para participação, principalmente nas competições internacionais, que isso é uma coisa que a gente observa, não só na Olimpíada de Astronomia e Astronáutica, mas nas outras olimpíadas que têm competições internacionais, que é uma das coisas que a gente precisa discutir, como é possível fazer esse custeio.
Muito bacana.
Eu quero aproveitar este momento também, antes de chamar nosso próximo palestrante, para agradecer a presença da Juliana Duarte, que está remotamente conosco e é Especialista do Departamento Nacional do Sesi, que faz parte da CNI; também da Graziela - acho que vou ter que botar os óculos aqui; é duro, não é? - Amboni, Pró-Reitora de Ensino da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc); e também agradecer a presença aqui conosco, e me desculpe porque eu o pulei na introdução, do nosso Prof. Roberto Spada, que são décadas de trabalho com educação, educação profissionalizante, olimpíadas, Olimpíadas do Conhecimento, olimpíadas da WorldSkills International também, Diretor de Relações Externas do Senai de São Paulo, aqui conosco também.
Então, eu gostaria de chamar nosso próximo palestrante, que vai ser remoto. Com a palavra, por dez minutos, a Profa. Silvana Copceski Stoinski - é sempre complicado falar o nome dela -, líder da Política de Tecnologia no Ambiente Escolar e ex-Coordenadora do Programa Olímpico do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Silvana, dez minutos, por favor.
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A SRA. SILVANA COPCESKI STOINSKI (Para expor. Por videoconferência.) - Boa tarde a todos.
Boa tarde, Exmo. Senador Astronauta Marcos Pontes.
É uma honra estar aqui participando junto com vocês e falar um pouco da Olimpíada do Bicentenário da Independência do Brasil. Fiquei muito feliz com essa oportunidade, porque foi uma olimpíada criada durante nosso trabalho no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o sonho, a vontade, junto com Daniel Lavouras, que costumo dizer que é o rei das olimpíadas - uma olimpíada que tivesse ou a fase um ou a fase zero.
O que seria isso? Criar uma olimpíada com GIFs, com ilustrações, com questões, pelo menos cinco questões, para que aquele aluno lá da sala de aula, lá do fundo da sala de aula, que não tem expectativa, que não sabe por que está ali, possa ter esta motivação: olhar para a prova e levar um susto: "Nossa, eu consigo fazer esta questão; esta daqui, eu já vi".
Nós criamos, ali, a olimpíada, junto com uma equipe que nos ajudou, porque ninguém faz nada sozinho. Então, criou-se uma comissão organizadora, tem todos os nomes ali.
Pode passar.
Lembro também que nós conversamos muito com o Canalle, que está aí, com a ONC, com todas as olimpíadas. Nós criamos um laço, conversamos e tiramos dali o melhor que nós pudemos levar para essa olimpíada, que foi uma olimpíada única, em comemoração ao Bicentenário da Independência, junto com os "200 Anos de Ciência, Tecnologia e Inovação", que também foi o tema da Semana Nacional.
Pode passar.
As inscrições. Nós tivemos um total de 13.870 inscrições, que estão espalhadas por todo o Brasil. E como nós fizemos isso? Nós temos inscrições nas Regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Pode passar.
Tem o percentual ali.
Eu vou passando, porque eu quero falar um pouco mais da importância das olimpíadas no nosso Brasil. Tem ali as Regiões Nordeste e Sudeste, o quantitativo.
Pode passar.
São números que, depois, podem ser enviados para vocês, no grupo que tem das olimpíadas.
Foram criadas as categorias, a Categoria Júnior, em que teve um total de inscritos de 476 alunos. E também nós tivemos a Categoria Sênior. O número de municípios participantes, aqui na Sênior, foi de 802 municípios. Ou seja, se vocês observarem no mapa, nós conseguimos chegar ao Brasil todo.
Pode passar.
As nossas discussões são exatamente estas: como criar uma olimpíada que chegue até as escolas? Eu falo naquelas escolas lá do fundão, por exemplo, escolas indígenas, escolas do campo, escolas quilombolas, onde eu estou frequentando muito agora. Como chegar à realidade deles, chegar à realidade daquele aluno que não gosta da sala de aula? Ele tem que ter uma motivação. E as olimpíadas chamam muito a atenção. Por que chama muita atenção uma olimpíada? Porque tem premiação, porque o aluno recebe um certificado, recebe uma medalha de honra ao mérito.
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Então, todos eles ficam felizes. As escolas se organizam. Elas fazem lá uma movimentação - ou na escola, ou como nós fizemos, em muitos exemplos ali, enquanto Coordenadora do Ministério de Ciência e Tecnologia, com o nosso Senador Astronauta Marcos Pontes, as entregas de medalhas e certificados para crianças que nunca imaginavam receber uma medalha. Nós temos relatos, vários relatos nas redes sociais...
Estou vendo ali o João Vitor, com várias medalhas penduradas no pescoço.
Então, isso motiva os alunos.
E um aluno, como o João Vitor, que está aqui, representando todos os alunos, todos os estudantes do Brasil, e de fora do Brasil também, consegue enxergar que é possível sim: "Eu posso participar e eu consigo receber uma medalha de honra ao mérito".
Então, essa ação, Ministro Astronauta Marcos Pontes, Senador hoje, é uma ação pela qual nós recebemos muitos, mas muitos elogios. E eles querem saber: "Como eu faço para ter uma medalha?".
Então, o Canalle aí, com essa distribuição de medalhas, também...
Teve, agora, a última ida deles para o Rio de Janeiro. O tanto de mensagens que eu recebo, no meu WhatsApp, perguntando como participar... E, os que foram, mandam mensagem a toda hora de como está sendo. O retorno de todas essas equipes voltando para as suas cidades, como foi ali... Eu já vi várias situações como esta: carro de bombeiro levando, trazendo essas equipes para casa.
Então, isso é motivação sim, tanto para o aluno, quanto para o professor mostrarem que é possível.
Nós estamos levando tecnologia, conectividade para as escolas, até mesmo para as escolas mais afastadas. E uma das motivações maiores é que os estudantes, os professores, ou a terceira idade não precisam somente estar nas escolas, mas que participem de olimpíadas.
Nós temos também a ação nas olimpíadas dos alunos que recebem bolsa. Imaginem que era de R$100 a bolsa, e agora, com todo o trabalho que foi feito, com o Roberto também, da nossa coordenação, com o Daniel Lavouras, esse valor de R$100 da Bolsa de Iniciação Científica Júnior passou para R$300. Imagine uma criança que nem sonha... Porque nós temos crianças que nem sonham em ter um salário, um dinheirinho, e que recebe R$300 reais mensais!
Eu falo isso com muita propriedade e com muito orgulho, porque eu recebo este feedback: "Nossa! Eu ganhei R$300! Eu nunca ganhei isso!". E isso faz com que se motivem os estudantes, com que eles se reúnam e criem essa vontade de fazer ciência, com a conectividade, porque nós estamos aí também... Hoje eu estou no Estado de Mato Grosso distribuindo Chromebooks e internet, acesso a todas as escolas, escolas de campo quilombolas e indígenas, como eu acabei de citar aqui.
Essas questões, nós discutimos, e o Daniel Lavouras...
Pode passar.
Peguei algumas questões que ele passa, questões com figuras... Vamos mostrar para o aluno, vamos falar - não é Canalle? - de astronomia e astronáutica, colocar os planetas... Então, esse é um exemplo de questões que pode ser que alguns alunos achem ainda um pouco difícil, mas pelo menos têm a imagem e têm uma pergunta que não é... Eu estou falando da primeira fase. Não é uma pergunta muita extensa e em que ele consiga ter clareza e consiga responder pelo menos um início de pergunta.
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Pode passar.
Ali mais uma pergunta também não difícil, mas com imagens. Tem GIFs também e podem ser feitas as inscrições, as avaliações também pelo celular, por tablet, pelo Chromebook, que está sendo muito usado aqui, por qualquer computador.
Pode passar.
E aí é um exemplo, porque nós fizemos o Bicentenário, que foi a final. Nós seguimos o exemplo aí do presidente fazendo as perguntas para os últimos selecionados, que foram 56, se não me engano, selecionados. Então, nós fizemos na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, fizemos lá tudo organizadinho, as cadeiras, o número dos participantes. Tínhamos lá na frente o Daniel Lavouras, os representantes dos ministérios que estiveram juntos nessa ação, porque nós não fizemos nada sozinhos. E aí eles iam fazendo as perguntas e, conforme as equipes iam acertando, eles iam subindo, subindo até chegarem ao palco e até chegarem ao primeiro, ao segundo e ao terceiro lugar. Então, esse foi um exemplo assim que nós pegamos de fora do Brasil e que deu muito certo. E eles receberam premiação, medalhas, certificados. E foi ao vivo - foi ao vivo -, e nós tínhamos crianças, representantes de todos os estados. Então, eles tinham que saber responder. E aí eles iam respondendo, e foi um momento muito importante que foi levado para todo o Brasil como exemplo, como um exemplo a ser seguido. Então, para quem for criar aí ainda alguma olimpíada, nós temos mais de cem olimpíadas, é preciso fazer um momento como esse da última fase.
Pode passar.
E aí nós temos os vencedores juniores, que foram ouro, prata e bronze; a honraria, 401 menções.
Pode passar.
Agora você pode ir passando.
(Soa a campainha.)
A SRA. SILVANA COPCESKI STOINSKI (Por videoconferência.) - Foi o uso da plataforma para fazer as inscrições com os professores.
As notícias, nós as publicamos nas redes sociais, no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, no grupo de WhatsApp, que funciona muito bem também.
Pode passar.
Pode ir passando.
São só notícias mesmo.
Então, eu quero encerrar aqui com vocês e dizer que as olimpíadas mudam a vida dos nossos estudantes, mudam a vida dos nossos professores. As oportunidades vêm, sim, e quando um aluno, uma criança como o João Vitor, que está aqui representando, quando uma criança menos espera, ela já está fora do Brasil e ela escolhe se quer ficar no Brasil, se quer ficar fora do Brasil, se quer passar um tempo lá fora e quer voltar. Então, gente, acredite nas olimpíadas. E eu estou muito feliz de ver todos vocês aí com o nosso Senador Astronauta Marcos Pontes, com toda essa equipe incrível, maravilhosa, que está toda em função hoje desse grande debate e que vai dar certo.
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Profa. Silvana. Parabéns!
Eu queria ressaltar alguns pontos que a senhora falou aqui com relação à motivação dos alunos. O desfile foi um exemplo, as medalhas que eles recebem, os diplomas, os certificados. Isso traz autoestima, autoconfiança. É superimportante isso. Também as bolsas de iniciação científica, lembramos que isso foi uma luta - e o Morales não está aqui, mas tivemos que aumentar, nós aumentamos lá, acho que eram 26 mil bolsas, nós aumentamos o número de bolsas de iniciação científica, com toda a dificuldade de orçamento.
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Isso é muito importante. A gente fica feliz em ver isso aí. Isso muda a visão, realmente, para mostrar para esses alunos, para os pais - os professores já sabem, obviamente -, mas para os alunos e para os pais que estudar vale a pena, vale muito a pena.
Então, eu gostaria de prosseguir aqui e passar a palavra para o Prof. Jean Carlos Antunes Catapreta, Coordenador da Olimpíada Nacional de Ciências.
Professor, o senhor tem dez minutos.
O SR. JEAN CARLOS ANTUNES CATAPRETA (Para expor.) - Boa tarde, Senador. Boa tarde a todos que estão presentes.
Meu nome é Jean Carlos e eu coordeno a Olimpíada Nacional de Ciências desde que ela começou.
A Olimpíada Nacional de Ciências, não tanto quanto as outras Olimpíadas, começou dentro do Ministério da Ciência e Tecnologia. Foi uma iniciativa do próprio Ministério e, ao longo de vários anos, desde 2016, ela foi crescendo.
Ela é organizada desde o começo pela Universidade Federal do Piauí. Ela tem várias sociedades científicas que ajudam a participar, a elaborar questões, a fazer todo o funcionamento da Olimpíada.
Ela - a Olimpíada Nacional de Ciências - é uma ação de popularização do Ministério da Ciência e Tecnologia. Existe a Coordenação Geral de Popularização da Ciência, que é onde se faz o edital das Olimpíadas, que vai para o CNPq, onde realmente se desenvolvem as ações de popularização das ciências.
A ONC veio numa escala crescente, daqui a pouquinho tem um gráfico que eu vou mostrar. Ela veio com uma certa participação desde o ano de 2016, mas, quando o Senador, que na época era o Ministro, assumiu o Ministério, a gente teve um aporte de recursos maior na ONC e, de um ano para o outro, a gente teve um salto de trezentos e poucos mil participantes para quase 2 milhões de participantes. Foi um salto muito grande. Se você pensar, a quantidade de municípios, de escolas, de professores, de estudantes que participam é enorme.
Olhe ali um exemplo. Em 2021, a gente teve 2 milhões de participantes; em 2022, 3 milhões; e a gente chegou, este ano, a 4.088.221 participantes na Olimpíada Nacional de Ciências.
Se vocês pensarem isso, é um número muito grande. É a segunda maior Olimpíada do Brasil em quantidade de participantes; e com orçamento mínimo, comparado com o que a outra Olimpíada maior recebe. Mesmo assim, a gente sabe que dá para fazer. A participação é muito importante, muito para além de sociedades científicas, muito para além só da comunidade científica como um todo. O Brasil, o país como um todo participa das Olimpíadas do Conhecimento. Seja na ONC, seja na OBA, seja na OBmep, seja nas Olimpíadas do Conhecimento, o engajamento, a vontade de participação é muito, mas muito grande. É a participação dos estudantes, da escola, dos professores e também da família.
Está aqui um estudante que veio e veio com o pai, porque um estudante não estuda sozinho. Ele, para estudar, tem que ter quem o leva à escola, quem o busca da escola, quem fornece o uniforme, quem paga as coisas de casa, quem dá alimentação. Tem toda uma família por trás. Então, a família é uma parte muito importante na participação dos estudantes nas Olimpíadas do Conhecimento. É óbvio que se dá o conhecimento formal nas escolas, com os professores e tudo, mas essa é uma parte importante.
A ONC tem distribuído, nos últimos anos, cerca de 20 mil medalhas para os estudantes de escola pública e privada, todos ao mesmo tempo, e cerca de 10 mil certificados de menção honrosa. São 30 mil premiados por ano. (Pausa.)
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Outra coisa é a participação das meninas na Olimpíada Nacional de Ciências. A gente teve, na última ONC, em 2023...
A gente tem, aproximadamente, 48% de meninas que são premiadas na Olimpíada Nacional de Ciências, dentre todos os premiados.
A participação em municípios e cidades do Brasil que têm participantes na Olimpíada Nacional de Ciências, considerando que o Brasil tem 5,5 mil municípios, aproximadamente, a gente chegou, neste ano de 2023, a 4.989 municípios que possuem escolas que participam da Olimpíada Nacional de Ciências. Isso dá, praticamente, 90% de todas as cidades do Brasil participando.
Então, aí dá para a gente ver o engajamento. Quando você vê essas três Olimpíadas - a OBmep, a OBA, da qual o Canalle é coordenador, e a ONC -, elas estão, praticamente, em todas as cidades do Brasil. Praticamente todo mundo participa das Olimpíadas do Conhecimento.
A gente está em 100% dos estados, são 4.939 municípios impactados, 4.088.221 alunos inscritos. Imaginem: 4 milhões de estudantes, 8 milhões de pais e mães, em, aproximadamente, 10 mil escolas onde esses estudantes estão. A gente tem, majoritariamente, premiados em escola pública. Aproximadamente 65% dos premiados da Olimpíada são da escola pública e 35% de escolas da rede privada.
Aqui está a quantidade de escolas participantes. São aproximadamente 15 mil escolas ao todo. Sobre a quantidade de alunos premiados eu já falei ali atrás.
A questão da premiação. A gente teve 10.947 estudantes de escolas públicas premiados e 8.179 estudantes de escolas privadas. Esses dados são de 2022 ainda, porque a ONC está em curso. Houve a 1ª fase, que terminou agora no dia 19, e a 2ª fase vai acontecer no mês de setembro.
A gente teve, no ano passado, 1.259 estudantes de escolas federais premiados; 7.261 estudantes de escolas estaduais; e 2.427 estudantes de escolas municipais.
Ali tem uma foto do Centro de Lançamento de Alcântara e uma foto do navio-escola da UFMA, porque, no orçamento da ONC, a gente reservou uma premiação para os cinco melhores classificados.
A ONC tem cinco níveis: nível A, 6º e 7º ano; nível B, 8º e 9º ano; nível C, 1º ano do ensino médio; nível D, 2º ano do ensino médio; nível E, 3º ano do ensino médio. Para cada nível, o melhor estudante de escola pública recebe, como premiação, uma viagem para São Luís do Maranhão e de lá eles são levados pelo pessoal do Centro de Lançamento de Alcântara, para visitar a Base que funciona.
Eles vão no avião ou no barco do CLA, fazem a visita ao centro e voltam. No dia seguinte, eles fazem um passeio no navio-escola da Universidade Federal do Maranhão para conhecer e nunca mais voltam os mesmos. É uma coisa que é almejada por todos. Todos gostam e é maravilhoso a gente ver como os estudantes se sentem quando voltam depois disso.
O Senador já foi, várias vezes ao Centro de Lançamento e conhece bastante. Para quem nunca foi e vai a primeira vez, é impactante.
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Quando você entra no Centro de Lançamento, é como se você estivesse naqueles filmes que mostram os painéis da NASA, aquele monte de monitores, aquelas coisas... É exatamente daquele jeito.
Ali, onde teve a explosão no início dos anos 2000, eles fizeram uma Gaiola de Faraday gigante, enorme, que protege tudo. É um negócio supergrandioso. Quando você está lá, você vê a grandiosidade de como funciona no CLA.
Ali é o que acontece já desde o ano passado. A ONU, através do Fundo de Populações das Nações Unidas, considerou a Olimpíada Nacional de Ciências uma das olimpíadas que mais premiam meninas no planeta Terra, e, por isso, desde o ano passado... É uma pena que o Senador não fosse mais Ministro. A ONU fez um concurso, produziu cinco troféus, e entrega um troféu para cada menina de escola pública de uma região do Brasil que é mais bem classificada na ONC. Então, a ONU está premiando também as meninas na Olimpíada do Conhecimento.
Então, não é só o Governo local, não são só as escolas, mas existe também um movimento mundial. A própria ONU está premiando pessoas que participam de olimpíadas do conhecimento. Olha a importância de a gente estar aqui hoje discutindo este tema! A própria ONU está premiando isso. É um avanço enorme em termos de olimpíadas do conhecimento.
Ali, a gente tem, sobre a ONC, que, com os recursos a partir da gestão do Senador, que era o Ministro, a partir da gestão dele, com os recursos...
(Soa a campainha.)
O SR. JEAN CARLOS ANTUNES CATAPRETA - ... a gente conseguiu gameficar a olimpíada, a gente conseguiu... Em 2020, quando veio a pandemia, foi uma das poucas olimpíadas que não deixaram de ter participantes. Nós fomos a primeira no formato online. Conseguimos fazer, os estudantes conseguem fazer a prova do celular, do tablet, do computador, pode fazer impresso numa folha de papel... Mesmo se não tiver internet, ele consegue fazer. Quer dizer, foi um avanço enorme que a gente teve justamente a partir da quantidade de recursos que a gente começou a receber. Não foi tanto a mais, mas possibilitou. Foi maravilhoso isso ter acontecido.
Ali, o gráfico que mostra os três primeiros anos, 2016, 2017 e 2018, e a quantidade de participantes. A partir de 2019, olha como aumentou exponencialmente! Foi na gestão do Marcos Pontes à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia. É perfeito para poder ver como a valorização da Olimpíada do Conhecimento pode levar à participação de pessoas, ao engajamento...
(Soa a campainha.)
O SR. JEAN CARLOS ANTUNES CATAPRETA - ... dos estudantes, de escolas e outros.
E aqui, só finalizando.
A Olimpíada, algumas datas deste ano. As inscrições foram até o dia 15 de agosto; a primeira fase no dia 19; vai acontecer a segunda fase nos dias 14 e 15 de setembro, o resultado já sai no dia 30, e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a exemplo dos outros anos, como a gente fazia, a premiação vai ser no decorrer na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a entrega das medalhas aos mais bem classificados em todo o Brasil.
Então, o que eu quero deixar de recado aqui é que a Olimpíada do Conhecimento é uma locomotiva para motivar estudantes em todas as áreas do ensino.
Parabéns e obrigado pela participação. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Prof. Catapreta.
Uma das coisas que a gente observa muito com relação às olimpíadas, aliás, com relação aos resultados em tudo que a gente faz na vida, mas em especial na educação, a gente vê a importância do professor, a importância do professor dedicado, aquele professor que vai e batalha por aquilo, muitas vezes com situações difíceis, mas vai lá e consegue fazer as coisas acontecerem. Então, a gente está vendo uma série de exemplos aqui: o Catapreta, o Canalle, o Bagual, que está ali, todos que estão aqui, o Leonardo, a Profa. Silvana ali, isso aí faz uma diferença enorme. E você vê esse crescimento, é aquilo que eu falei no começo, a importância de a gente incentivar.
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Então, lá no ministério, como Ministro, eu fiz questão de criar uma secretaria para isso, era a Seapc, de promoção e popularização da ciência, porque faz a diferença. Cada um desses alunos que recebe um prêmio, cada um desses alunos que participa das Olimpíadas muda a vida, muda a maneira de encarar a vida. Isso aí a gente está mudando, na essência, o resultado do país. Se a gente quer melhorar o país, a gente tem que melhorar a educação, não tem como. E, para melhorar a educação, tem muitas coisas a serem feitas, entre elas, a motivação desses jovens.
Então, olha, parabéns, realmente você vê que é um número crescente; e isso é muito, muito bom.
E, então, eu passo a palavra agora para o Sr. Leonardo da Costa Meireles, aqui do meu lado, Coordenador da Vitalis.
Leonardo, você tem dez minutos aí.
Obrigado.
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES (Para expor.) - Bom, boa tarde, Sr. Senador e a todos os presentes, os ouvintes. Eu me chamo Leonardo da Costa Meireles, sou Coordenador da Olimpíada de Medicina Vitalis. Ela já se encontra na sua quarta edição e desde a sua fundação eu sou o Coordenador dela. Também auxiliei em alguns processos de outras Olimpíadas: da de Geografia, em 2015; propus também problemas para a Olimpíada Brasileira de Linguística; e também para a Olimpíada Brasileira de Biologia. Atualmente, estou no 6º ano do curso de Medicina. Já fui para a Escola Naval também - não fui para a AFA nem para o ITA, mas já fui para Escola Naval.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Fora do microfone.) - Ah, foi para a Escola Naval? Que legal.
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES - Isso.
Então, assim, brevemente, a minha história do contato com as Olimpíadas é um pouco frustrante. Eu sou um frustrado olímpico, vamos dizer assim. Lá no início, em 2005, mais ou menos - acho que foi quando iniciou a OBmep -, eu vi uma propaganda na televisão, algo assim, e no dia seguinte eu movimentei o meu colégio inteiro para ir inscrever, inscrever todo mundo, a professora de matemática, todo o corpo docente. Todo mundo se inscreveu em uma prova, acho que era no sábado. Aí, no clímax, assim, do dia da prova, eu não fui fazer, porque estava chovendo - mas eu mereço perdão, eu tinha oito anos.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP. Fora do microfone.) - Está certo.
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES - E desde lá, então, assim, eu só fui ter um contato com as Olimpíadas um pouco mais depois da segunda década de vida. Eu vim de uma família, assim, com bastante dificuldade financeira, a gente não tinha muito aparato, mas, felizmente, tive contato muito tempo depois.
Bom, as Olimpíadas Científicas se iniciaram mais ou menos há uns 120 anos, numa competição em Budapeste, na Hungria. Daí depois ela se estendeu a todo o Leste Europeu e deu esse boom que a gente conhece nos dias de hoje. A gente sabe que o desinteresse dos alunos pela escola tem sido um problema recorrente no Brasil, até mesmo na rede privada. Baixa autoestima, desigualdade social, falta de estrutura, de infraestrutura, todos esses problemas estão conectados com isso. E é olhando para esse problema, assim, da educação, que todos aqui podem afirmar que as Olimpíadas ajudam, sim, a resolver, elas entram, sim, a ajudar a resolver esse caso clínico do Brasil - e o bom é que esse remédio não é amargo. E fora isso, também, as Olimpíadas são ótimas ferramentas de engajamento de alunos e também excelentes campos de teste e vitrines para novos projetos pedagógicos. Além disso, é também um baita instrumento de capacitação para todo o colegiado de professores.
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O interessante é que, no Brasil, hoje tem mais de 20 milhões de participantes nas Olimpíadas, isso dá quase duas vezes a população de Portugal. Imaginem os portugueses fazendo duas vezes todas as Olimpíadas, desde zero ano até 99 anos.
E é neste momento que eu queria dissertar um pouco sobre o legado deixado pelas Olimpíadas. Essas competições não são só competições que concedem uma medalhinha para um participante, isso seria muito raso, sabe? Obviamente, é muito importante toda aquela empolgação de ter uma medalha, uma comemoração, isso é show de bola, mas é só que isso passa, isso às vezes vai para o esquecimento, se enche de pó e a gente não lembra mais. Só que as Olimpíadas eu consigo vê-las direitinho não como um fim nelas mesmas, mas como uma ponte, ou uma janela, ou até mesmo um telescópio em que a gente consegue aproximar coisas maiores, coisas grandiosas, e abrem portas e a gente não tem mais limite nenhum para seguir.
Por fim, as Olimpíadas são uma política pública de educação ímpar, a gente não encontra um paralelo próximo. Eu acredito que professores, gestores de saúde, gestores educacionais, todos têm que saber que ela não é uma política de Governo A, Governo B, ela é uma política de Estado, assim como de saúde, do Ministério da Saúde, e daquelas coisas inerentes ao ser humano. As Olimpíadas deviam ser vistas dessa maneira, é um estado, todo mundo preocupado com isso, porque, de fato, elas mudam vidas, mudam destinos. O Prof. Daniel é que sabe, ele tem vários exemplos de histórias que, provavelmente, se você ouvir, você vai chorar sobre como as Olimpíadas mudaram destinos.
E, dentro desse contexto de suporte e de reconhecimento às Olimpíadas, entra em campo o Instituto Vertere, do qual eu faço parte, que atua como um importante catalisador e incubador de várias Olimpíadas espalhadas pelo Brasil, com o fim de propagar e democratizar isso. Só para saberem, a gente tem mais do que essas 4, mas as principais são a Sapientia, Olimpíada do Futuro, que é uma Olimpíada que trabalha com projetos de transformação da realidade, é uma Olimpíada totalmente multidisciplinar, e o que a fomenta é a Agenda 2030 da ONU, e ela também é muito norteada pelos pensadores modernos; a Obecon, que já existia desde 2018 e também foi catalisada pelo Instituto Vertere, é uma Olimpíada que já foi quatro vezes campeã mundial, agora, em junho, julho, recebeu o tetra campeonato de ouro, ficando na frente dos norte-americanos, dos chineses, e mais de 40 países; tem a Celeritas também, que é uma Olimpíada de Inteligência Artificial, que está muito em voga atualmente; e a Obling, que já acontece desde 2011 e usa problemas autossuficientes, usando diferentes linguagens para absorver e resolver todos os tipos de problemas. E o interessante é que, ano que vem, vai ter a Internacional dela no Brasil e em Brasília, Brasília vai sediar a Olimpíada Internacional de Linguística.
Por que uma Olimpíada de Medicina? Muitas vezes as pessoas perguntam para mim: "Por que uma Olimpíada de Medicina?". E eu sempre pergunto: "Por que não uma Olimpíada de Medicina?". A Medicina para mim, e para todo mundo, na maioria das vezes, provoca um grande fascínio. Há uma construção social em cima do médico, da Medicina, dentro do imaginário das pessoas. E os médicos e outros profissionais de saúde, a gente viu que foram peças-chave no cuidado da população, especialmente nos anos de pandemia que se passaram.
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E, diante disso, a Vitalis, a Olimpíada de Medicina, preza buscar, na construção das questões, o que é a joia rara das Olimpíadas, o que faz a diferença, um estreitamento entre as ciências médicas, uma interface pensando em matemática, também em física, medicina baseada em evidência, literatura.
Depois... eu trouxe uns exemplos da prova para mostrar para vocês, para trazer todas as nuances, sejam sociais, científicas e culturais da Medicina.
Como é a estrutura dela? A estrutura é mais ou menos dividida nas grandes áreas da Medicina: anatomia, fisiologia, clínica médica, e eu faço um matriciamento dela, entre física, neurologia, matemática, cardiologia, história, literatura, tudo englobado em habilidades e competências que a gente fez pedagogicamente.
Ela é realizada em três fases totalmente online, uma maneira de ser mais acessível também. E, de alguma forma, para tentar driblar a exclusão digital, a gente deixa aberta por uns sete dias a prova para se conseguir fazer no colégio, no celular do tio, do primo, enfim.
Tem quatro categorias, basicamente a de nível médio, fundamental, livre e regular. Quem está matriculado ou não, e quem tem mais de 100 anos pode fazer também.
Aqui são uns exemplos, principalmente da primeira fase, que, mais ou menos... a doação de órgãos, que a gente também tem uma conscientização... Ah, falando ali...
(Soa a campainha.)
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES - ... qual desses órgãos a gente não pode doar, que, geralmente as pessoas não doam? Não doam o cérebro.
Aí depois, passando, para abraçar as pessoas, que não tiveram estudo e tal.
Por exemplo ali, à esquerda, tem uma questão de matemática que envolve matrizes de custo de um hospital, que envolve economia também, mas matemática básica. E, do outro lado, ali, também há um jogo com a literatura e com a própria história.
Eu peguei um excerto do Memórias Póstumas de Brás Cuba. Quem já leu sabe que ele morreu de pneumonia, aí eu elenquei uns casos clínicos do The New England sobre pneumonia, e perguntei: o que fazer? Dar antibiótico? Só que, naquela época, os antibióticos não existiam. Então, a conduta era praticamente expectante, ficar observando o paciente.
Aí, eu passei aqui...
A gente também tem...
(Soa a campainha.)
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES - ... a questão social, que mostra a Dra. Rita Lobato, que foi a primeira médica brasileira. E a gente conecta com a Agenda 2030 da ONU, de igualdade de gênero, e outras mais viajadas.
Imagine que você seja um médico que foi morar em Marte e comece atendendo em uma Unidade Básica de Saúde dos marcianos. A gente muda a genética, mas o que importa ali é a própria matemática.
E outras ali também sobre queimadura, primeiros socorros. O que fazer quando se queima: põe pasta de dente, fura a bolha ou põe só água?
Também, em 2021, a gente - podem ver que as duas questões estão em espanhol - coordenou junto com o Instituto Vertere, no Paraguai, a gente fez reuniões com a Universidad del Oeste lá e aplicamos, fizemos a Olimpíada lá.
Sobre a amamentação, também tem essa questão em português, que eu perdi nos eslaides.
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(Soa a campainha.)
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES - E por fim, no ano de 2022, a gente teve mais de 10 mil participantes, sendo mil escolas: 45% delas eram públicas; e 65% de meninas. Já teve ano em que a gente também já fez alguma palestra, acho que tinha 70%, se eu não me engano. Até com a Profa. Nara, eu lembro que a gente tinha feito.
Aqui são alguns depoimentos de alguns alunos que a gente recebe, até vídeos de pessoas nos Estados Unidos que fizeram a prova e decidiram fazer Medicina depois de participar da Olimpíada de Medicina na Vitalis - tem um videozinho ali.
Em suma, era isso.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Parabéns, Leonardo. Sem dúvida nenhuma, é uma coisa muito bacana. Você vê, às vezes, você fala assim, o tema é medicina parece, não é? Mas é importante trazer isso aí, atrair. Nós temos aqui um representante da área de saúde também, aqui conosco. Acho que ele pode, depois, até comentar sobre a importância de se ter essa introdução dos assuntos para os alunos antes. E ali você começa a desenvolver talentos, não é? Começa a desenvolver os talentos por ali.
E também uma questão importante que ele trouxe, que depois vou pedir para que os nossos palestrantes comentem, é a questão de como se inscrever. Como é que a escola pode participar. Pode ser qualquer escola? Como é que a escola entra para as olimpíadas? Como é que os alunos participam? E assim por diante. A gente pode sempre divulgar isso aí.
Então, agora eu gostaria de passar a palavra para a Sra. Nara Martini Bigolin, cientista da computação, professora da Universidade Federal de Santa Maria - diga-se de passagem, já morei lá em Santa Maria também, no 3º e no 10º Grupo de Aviação - e Coordenadora do Movimento Meninas Olímpicas.
Então, Profa. Nara, a senhora tem dez minutos para sua apresentação.
A SRA. NARA MARTINI BIGOLIN (Para expor. Por videoconferência.) - Boa tarde a todos e a todas. Inicialmente eu gostaria de agradecer à Comissão de Educação e Cultura, na pessoa do Senador Marcos Pontes, por esta oportunidade.
Os coordenadores que me antecederam já falaram sobre a importância da olimpíada. Então eu vou me deter mais sobre as Olimpíadas Femininas, a importância das Olimpíadas Femininas e alguns dados para demonstrar por que é que a gente trabalha nessa pauta.
O Movimento Meninas Olímpicas nasceu há sete anos, porque houve um treinamento das Olimpíadas Nacionais de Matemática, em São Paulo e tinha 33 meninos convidados e apenas uma menina. Todos os professores eram homens. Então a gente começou a dar uma olhadinha nas olimpíadas e a gente percebeu que as meninas são apenas 10% dos premiados na área de exatas.
Então, aqui no primeiro eslaide, eu estou mostrando que hoje, este ano, a gente tem quatro Olimpíadas Femininas Nacionais: de computação, o Torneio Feminino de Computação, que foi criado em 2020; o Torneio Meninas na Matemática, em 2019; o Quimeninas, que é a Olimpíada Nacional de Química Feminina, este ano; e o Torneio de Física para Meninas, que está acontecendo exatamente neste momento. Então a prova está acontecendo hoje, das 14h às 16h.
Então é interessante, falando de números, olhar os inscritos. Olha que interessante, então: na de Informática, nós temos centenas; na de Física, 2 mil inscritos; na de Matemática, mais ou menos 5 mil inscritos e, na de Química, 9 mil inscritos. Esses dados são muito interessantes, porque a gente vai perceber que se refletem em toda a sociedade. Então, o próximo eslaide em que a gente vai dar uma olhadinha aqui... Deixe-me mostra aqui. Pronto.
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Então, o que se diz é que se não houver meninas, hoje, nas olimpíadas, nós não teremos mulheres nos espaços de poder. Esses dois gráficos demonstram a relação estreita da importância de as meninas participarem de olimpíadas científicas. Então, se olharmos aqui, a gente pode perceber... Inclusive, a ONC e a OBA são olimpíadas bem igualitárias, nós temos o representante aí, e a participação das meninas premiadas chega a 48% na ONC e a 42% na OBA.
À nossa esquerda, a gente está vendo as mulheres no espaço de poder. Então, eu vou só me deter mais no Poder Legislativo, então na Câmara Federal... Na Assembleia Legislativa são 18% de mulheres; no Senado são 17%, 17,22%, nós temos 14 Senadoras dos 81 Senadores; Prefeitas são 12%; Governadoras são 4%. E nós sabemos que o Brasil teve - não é 1% - apenas uma mulher Presidente da República. E na Presidência das empresas da Bovespa, que são duzentas e poucas, só tem uma também, que é da Magazine Luiza. Se nós olharmos as olimpíadas, o percentual de meninas diminui quando diminuem as medalhas. Então, significa que se uma olimpíada dá 3 mil medalhas, é mais igualitário. Agora, olimpíadas, que nem a da Matemática e da Física, que são sem medalhas, as meninas chegam a 5%, 7%.
Estou olhando aqui. Nós temos a Química com 20%; a Biologia com 19%; a Física com 17%; a Matemática com 10%; a informática é muito crítica, com 7%, lembrando que a computação não é uma disciplina de educação básica. Lembro que esse ano foi homologado, no ano passado o Conselho Nacional da Educação aprovou que, a partir de novembro deste ano, a computação passa a ser obrigatória na educação básica, mas não como disciplina. Então, provavelmente, esses valores vão mudar e teremos uma participação maior na informática. Então, hoje, o Brasil não tem a computação como uma disciplina obrigatória na educação básica, mas vai passar a ter a partir de novembro deste ano.
Olhando aqui, quando a gente fala da Olimpíada Internacional, o quadro fica mais crítico ainda. Na Olimpíada Internacional de Informática e de Física, na história do Brasil, nós tivemos apenas uma menina representando o Brasil. Então, se não tivermos meninas na olimpíada, nós não vamos ter mulheres em espaço de poder, e se não tivermos meninas nas olimpíadas, nós não vamos ter mulheres na ciência.
Nós olharmos aqui os dados em relação às meninas nas olimpíadas internacionais e às mulheres Prêmio Nobel. Não sei se é do conhecimento de todos, mas nós temos o Artur Ávila, que é Medalha Fields da Matemática. Ele foi medalhista de ouro na Olimpíada Internacional de Matemática. Então, se nós olharmos aqui, desde que o Brasil participa da Olimpíada de Matemática, de 1979, apenas sete meninas. Na de Informática, apenas uma menina participou; na de Física também, e, na de Química, a gente teve 21 meninas, sendo que em 2021, da equipe de quatro representantes do Brasil, tivemos três meninas devido a uma política muito forte que a gente fez para incentivar as meninas.
Aqui são os dados do Prêmio Nobel. Então, se a gente olhar aqui, são 3% na Matemática, 2% na Informática, 1% na Física e 4% na Química.
Na foto aqui à direita, como sempre digo, o espaço de poder é lugar de homens brancos. Inclusive, na mesa de hoje, se a gente olhar, nós temos cinco homens brancos, e, nas olimpíadas, isso funciona exatamente do mesmo jeito.
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Então, aqui, na primeira foto, é a equipe que representa o Brasil na Internacional de Física, apenas meninos; aqui embaixo, os da Matemática, apenas meninos; e a do meio tem apenas meninas. Por quê? Porque é a Olimpíada Europeia de Matemática para meninas.
Então, hoje, como a representação das meninas é muito pouca, tanto na Informática quanto na Matemática, foi criada uma Olimpíada Europeia de Matemática para meninas e uma Olimpíada Europeia de Informática para meninas.
Aqui mostra o gráfico da história da Olimpíada Internacional de Matemática e da história da Olimpíada de Informática desde que ela foi criada. Inicialmente, aqui, os dados não são muito confiáveis, mas, depois, que se estabilizou, a de Matemática tem apenas 10% de meninas que dela participam e a da Informática é muito mais crítica. A de Informática é apenas 2%.
Então, realmente, é por isso que existem as duas olimpíadas europeias para meninas e é por isso que, no Brasil, agora, nós temos quatro olimpíadas nacionais femininas para incentivar e tentar igualar esses valores.
Outro dado muito interessante é que, conforme vão aumentando os anos, as meninas vão sumindo, ou seja, lá no 6º ano, elas são 50% e, quando elas chegam lá no ensino médio, caem a 5%. Como nós perdemos as meninas no caminho? Essa é a grande pergunta.
Nós temos que 51% da população do Brasil são mulheres. Nós estamos perdendo 45% de meninas no meio do caminho e em áreas extremamente importantes, como matemática, computação, física e química.
Então, isso demonstra que o nível 1 são o 6º e o 7º anos; o nível 2, o 8º e o 9º; e o nível 3, o ensino médio. As meninas somem. Quanto mais competitiva é a olimpíada, mais as meninas desaparecem e quanto mais aumentam as séries da escola, mais as meninas somem. Então, nós perdemos as meninas...
Então, aqui, simplesmente, para mostrar os gráficos da matemática e da informática, que são poucos.
E aqui - a gente está encerrando -, o Brasil teve três meninas que conquistaram ouro nas olimpíadas internacionais: a Ivna, na Química; a Mariana, na Matemática; e a Carolina, na Informática.
E para dizer que, em 2021, o Brasil teve a melhor menina olímpica de informática do mundo.
Para concluir, nós temos hoje um projeto em andamento, do Senado, que é para a criação do Prêmio Meninas Olímpicas e contamos com o apoio dos Senadores para que esse projeto seja aprovado e que nós consigamos incentivar as nossas meninas.
Aqui, são os eventos olímpicos que a gente já fez.
E, para encerrar, eu só vou contar uma historinha para vocês. Aqui é da Olimpíada Paulista de Matemática. A gente começou a dar prêmios para as meninas em 2016. Se vocês olharem aqui, as duas primeiras meninas são brancas, as que foram premiadas, e as duas últimas fotos são de meninas afrodescendentes. Quando eu perguntei para a Mayara como ela conseguiu ser o primeiro ouro numa Olimpíada em que só tinham meninos brancos, ela disse que viu a foto da menina do ano anterior e disse: "Se ela consegue, eu também consigo".
Olimpíadas transformam vidas, sem dúvida nenhuma!
Muito obrigada. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Profa. Nara Bigolin.
Eu fiz algumas anotações aqui, porque esse tema é um tema extremamente importante. A gente tem que prestar muita atenção nisso, na participação das meninas. Essa era uma das minhas preocupações no Ministério. Inclusive, havia um programa da Diretora Giovanna, Diretora do Centro de Tecnologias do Nordeste, lá em Recife, que a gente expandiu para o Brasil depois, que era o Meninas na Ciência, não é? Mulheres na Ciência...
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(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Oi?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Mulheres Cientistas.
Isto é importante: trazer as meninas para perto, trazer para dentro dos laboratórios, levar essa informação para que elas participem. E, realmente, uma coisa que nós notamos... E eu perguntei isso na Europa também, inclusive para a Simonetta Di Pippo, que era a Diretora da ONU para a parte de espaço. Eu falei assim: "Isso acontece aqui também?". Ela: "Acontece!". Eu disse: "Eu acho muito baixo o número de meninas nas carreiras de matemática, ciência, tecnologia, engenharia". E ela falou: "Acontece também".
E outro fenômeno é esse desaparecimento. As meninas vão muito bem, mas muito bem mesmo nas olimpíadas de robótica, enquanto estão ali no fundamental II ou um pouco antes; de repente, quando vão chegando no ensino médio, elas derivam e não estão lá...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Perdem o interesse.
Isso é uma coisa que a gente tem que estudar ainda para ver por que isso acontece e como que a gente consegue corrigir essa distorção. Não sei se começam a se transferir, vamos dizer assim, mais para o lado das humanas ou de biológicas, não sei, porque vi aí um número alto, mas tem que ver o que acontece para ver o que a gente pode fazer.
Outro programa que nós tínhamos no ministério e que foi de grande sucesso - a gente começou com alguns milhões, ali em São Paulo - chamava-se Mulheres Inovadoras, que era justamente para incentivar o número de mulheres empreendedoras em empresas de tecnologia. Toda a mentoria era feita por mulheres. Como funcionou muito bem, a gente expandiu para outros estados também. Isso também é uma outra coisa: não só incentivar aqui, no começo, mas também lá, no final, para que elas tenham - as meninas aqui - modelos, vamos dizer assim, exemplos para seguir lá na frente.
E sobre o projeto, aqui no Senado, professora, pode contar conosco aqui. Sem dúvida nenhuma, eu vou ajudar. É o PRS nº 28, de 2023 (Prêmio Meninas Olímpicas), da Leila Barros. Aliás, hoje, eu falei com ela. Ela falou até que estaria aqui, mas, talvez, tenha tido outro evento. E o Relator é o Magno Malta. Então, eu vou também ajudar nesse projeto.
Eu gostaria de registrar também a presença do Prefeito de Guararapes, Estado de São Paulo, aqui conosco. Está lá o Prefeito Alex Arruda. Obrigado por estar aqui. A participação da cidade, do município nesse tipo de discussão e nas atividades que se seguem é extremamente importante.
Registro também a presença do Fernando Magno, que é o assessor da Prefeitura - e está aqui conosco também - de Guararapes.
Mais uma vez, obrigado, Prefeito, por estar aqui conosco.
Então, agora, eu passo a palavra para o...
Tudo isso aqui é feito com um objetivo, não é? Vocês vão ver que o foco de tudo isso é o futuro com os nossos alunos, os nossos estudantes. Então, eu tenho aqui registrado, porque está conosco remotamente ali, com uma série de medalhas - depois ele vai falar quantas medalhas tem lá -, o João Vitor Garcia Geiss, que é aluno do 8° ano do fundamental II e multimedalhista olímpico.
Então, passo a palavra lá para o João Vitor, por cinco minutos, para que ele dê a sua opinião, fale sobre qual é a sensação de ganhar essas medalhas e, do ponto de vista do participante da olimpíada, como é que ele vê toda essa nossa discussão.
João, está contigo aí, por cinco minutos.
O SR. JOÃO VITOR GARCIA GEISS (Para expor. Por videoconferência.) - Boa tarde a todos.
Eu gostaria de agradecer esta oportunidade de estar aqui contando para vocês um pouco sobre a minha história, que começou lá em 2018, na época em que eu estava no 3° ano, quando eu tive a oportunidade de realizar as minhas duas primeiras olimpíadas, que foram a OBA e a olimpíada Canguru de Matemática, e eu consegui medalha em uma delas, a OBA. Mas isso em nada me desmotivou. Na verdade, muito pelo contrário, isso me incentivou porque eu fiquei fascinado com essa oportunidade que as olimpíadas me proporcionaram de testar os meus conhecimentos na prática e de me desafiar, porque por mais que muitas vezes os conteúdos passados nas olimpíadas possam ser os mesmos ou até parecidos com os de sala de aula, a didática, a maneira como eles são abordados nas provas olímpicas é extremamente mais desafiadora e elaborada.
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Desde que comecei a fazer as olimpíadas, eu nunca mais parei e sempre insistia com a minha escola que me inscrevesse em cada vez mais olimpíadas. Só que na época eu sempre era informado de que por conta da minha idade havia pouquíssimas olimpíadas em que eu poderia participar. E até então eu não tinha consciência de que algumas olimpíadas permitem que os alunos as façam sem ter um vínculo direto com a escola. Inclusive, a maioria das pessoas que eu conheço atualmente não sabem disso.
Também há muito pouca divulgação sobre os reais benefícios das olimpíadas. Por exemplo, as olimpíadas permitem que os alunos consigam aplicá-las para bolsas tanto de cursos de verão quanto de cursos completos em faculdades de todo o mundo, ou até mesmo isentá-los do vestibular em faculdades aqui mesmo do Brasil. Além de outros benefícios, como: fazer com que o aluno, como o Sr. Leonardo explicou, se torne mais confiante, mais motivado, mais feliz, porque, toda vez em que você realiza uma olimpíada e você vê que com seu esforço você consegue um bom resultado, você fica animado para a próxima prova para você ainda se esforçar mais e conseguir melhores resultados.
Você também adquire com isso a responsabilidade, porque, se você não estuda para olimpíada, ninguém vai fazer isso por você. É você contra você na olimpíada, como eu sempre digo; não é um aluno competindo contra outros, mas sim ele competindo contra si mesmo.
Nas olimpíadas nós exercitamos nossa humildade. É entender que, por mais que nós tenhamos nos esforçado, nem sempre todo esse esforço foi suficiente - porque nós não conseguimos sempre os melhores resultados -, e também entender que não é em todas as matérias que nós temos facilidade. Para algumas, temos mais aptidão e, para outras, não, e isso é normal. O que nós devemos ter é a resiliência, a persistência de sempre buscar melhorar, identificar o que nós podemos melhorar e aplicar isso para termos resultados melhores nas próximas provas. E é claro que todos esses fatores juntos, como a humildade, a resiliência, a persistência, corroboram para a formação do caráter do aluno que pratica as olimpíadas.
E o último e mais importante benefício é o conhecimento adquirido durante todo o processo de estudo e da realização da prova, porque esse conhecimento o aluno nunca vai perder. Na verdade, muito pelo contrário: ele leva esse conhecimento para o resto da sua vida e tem uma oportunidade de passá-lo para o máximo de pessoas possível.
Bom, um exemplo dessa persistência nas olimpíadas na minha vida foi que eu tive que insistir durante três anos muito, muito, muito mesmo para que a minha escola criasse um grupo olímpico justamente para fazer esse incentivo e essa divulgação das olimpíadas, esse apoio para os alunos que querem realmente realizar. Por mais que o projeto tenha apenas um ano, nesse curto período nós conseguimos obter ótimos resultados por conta justamente desse ambiente de incentivo que permite que os alunos consigam chegar aos resultados. O número de participantes e de medalhistas nas olimpíadas aumentou exponencialmente em todas as olimpíadas que a escola realizou.
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Como eu já tinha falado, eu comecei com apenas uma medalha e duas olimpíadas. Atualmente, eu tenho 44 conquistas entre medalhas e certificações das olimpíadas das mais diversas áreas da ciência, como da OBA, que tem o certificado aqui em cima; da ONC; do Canguru de Matemática, de que eu já falei; da Olimpíada do Bicentenário da Independência; e também participei da Vitalis, apesar de eu não ter conseguido passar para a terceira fase, porque, como eu falei, nós não conseguimos os resultados todas as vezes, mas o importante é a gente se esforçar.
E, para mim, ficou muito claro sempre, desde a minha primeira olimpíada, o quanto elas são transformadoras na vida dos alunos. Como o Sr. Leonardo também falou, elas mudam as vidas, e elas mudaram a minha vida e a vida das pessoas à minha volta, e o meu objetivo é levar essa transformação para o máximo de crianças e adolescentes possível, para que eles tenham sua vida transformada tal qual foi a minha. Prova dessa transformação é que, recentemente, eu tive a oportunidade de ser a única criança da minha cidade a receber o prêmio internacional Star Kids Awards, como criança prodígio e uma das mais talentosas na categoria Ciência Espacial e Astronomia.
E tudo isso, todas as minhas conquistas, tudo, tudo, tudo, absolutamente tudo foi por conta, tudo se iniciou com as olimpíadas. A minha meta é que toda a nação adquira essa mesma mentalidade olímpica, que é muito próspera - no Ceará, principalmente, isso foi enraizado desde cedo -, mas eu quero poder levar isso para todos os estados do Brasil.
Hoje mesmo, eu tive uma entrevista com o Secretário de Gestão da minha cidade para que a gente possa implantar os projetos do Ciência Cidadã nas escolas públicas mesmo, e, desses projetos, todos possam participar, até as pessoas que não têm acesso ao computador e não conseguem fazer esses projetos.
Eu gostaria, mais uma vez, de agradecer esta oportunidade de estar aqui ao lado de figuras tão ilustres, "iteanos", porque o meu sonho realmente é me formar no ITA como engenheiro aeroespacial. Eu gostaria de agradecer a todos os senhores que produziram e à senhora que produz as olimpíadas para as meninas. Eu gostaria de agradecer todo o empenho de vocês em divulgarem as olimpíadas e de pedir que isso continue sendo divulgado e que, sim, haja um Dia das Olimpíadas justamente para haver essa conscientização da real importância.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - João Vitor - deixe-me ver aqui -, de que cidade você é?
O SR. JOÃO VITOR GARCIA GEISS (Por videoconferência.) - Eu sou de Guarulhos.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Guarulhos.
Olha, primeiro, parabéns! Parabéns pela maneira de falar!
Aliás, eu estava olhando a cara de todo mundo aqui. Eu acho que todo mundo concorda comigo que a capacidade de falar com precisão, a capacidade de falar com o português correto - e eu não o vi falar de nenhuma olimpíada de Linguística, nem de Língua Portuguesa também; ele não falou dessa parte -, mas você vê a capacidade, a coerência ao falar e alinhar as ideias, melhor do que muita gente que eu conheço, vamos dizer assim. Muito, muito bom! E você vê aí como as olimpíadas têm essa capacidade de despertar talentos.
Eu tenho certeza, João, de que você vai ser um ótimo profissional, vai entrar no ITA. Depois você me fala qual curso quer fazer lá no ITA. Qual curso? Fale aí.
O SR. JOÃO VITOR GARCIA GEISS (Por videoconferência.) - Eu vou fazer Engenharia Aeroespacial.
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O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Ainda mais isso aí. De repente, pode ser um futuro astronauta, a gente vai precisar. Tem o programa Artemis, com o retorno à Lua e a ida a Marte. Vão aparecer uma série de oportunidades.
Melhor exemplo do que esse eu acho que não tem para a gente mostrar o quanto que as olimpíadas interferem, o quanto têm um impacto positivo na vida desses jovens e no desenvolvimento de competências que vão ser para a vida toda.
Ele falou de algumas ali, de resiliência, ele falou sobre ter metodologia, foco, ter planos, tudo isso. Isso é muito bacana!
Eu tenho certeza... O Prefeito está ali também, já está de olho, e você vê como que faz diferença. E falou com o secretário lá...
Oi?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Com treze anos.
Você vê, isso é muito, muito bom.
O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - DF) - Compartilhar o conhecimento.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Parabéns, parabéns, João Vitor! Mas fique por aí, que a gente ainda vai conversar.
Eu quero aproveitar este momento aqui para passar a palavra para uma das pessoas que eu vejo que é um dos maiores entusiastas que eu conheço na área de educação para o setor de olimpíadas, o meu amigo de muito tempo, que fez o ITA lá comigo, engenheiro aeronáutico também, Diretor de Inovação da Editora Serena, o Prof. Daniel Lavouras.
Daniel, você tem dez minutos.
O SR. DANIEL LAVOURAS (Para expor.) - Boa tarde a todos, boa tarde, Senadora.
Existem várias falas aqui dos meus colegas que precisam ser resgatadas e enaltecidas, mas vou começar pela fala do João Vitor, que teve que insistir muito, muito, muito para que a sua escola criasse um núcleo olímpico.
Com olimpíadas, investindo em olimpíadas, nós conseguimos como aliados os reais protagonistas da educação, estudantes, professores e escolas que se transformam completamente por vivenciar essa realidade das olimpíadas.
Quantos carros de Corpo de Bombeiro que a gente viu naquela carreata ali, Canalle, no interior do Amazonas? Podemos multiplicar isso por cem, por mil e fazer essa febre se espalhar pelo país inteiro. Essa é a convicção de todos os coordenadores de olimpíadas.
Além do que falaram aqui, a gente tem o privilégio e a responsabilidade de representar, são mais de cem olimpíadas aqui. A gente tem o Prof. Rafael Aroca, da Olimpíada Brasileira de Satélites; o Éder, da Olimpíada Brasileira de Agropecuária; o Prof. Spada, da Olimpíada do Conhecimento, WorldSkills, em que o Brasil tem uma representatividade absurda.
O Brasil está cada vez mais protagonista. Nós sediamos já as Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática, Física, Química e Biologia, que foi aqui em Brasília. Vamos sediar, ano que vem, uma Olimpíada Internacional de Linguística e uma Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica também. Já sediamos a IMO (Olimpíada Internacional de Matemática).
O Brasil tem a maior olimpíada do mundo. O Brasil está exportando e está transbordando. Isso tem que se transformar, como falou o Leonardo, numa política de Estado contundente porque isso é efetivo, isso é barato, isso tem alcance, isso tem capilaridade e isso transforma.
Esse depoimento que está aqui, a gente pode ter 10 mil, 100 mil vídeos iguais a esses, com a mais certeza absoluta.
Qual é o nosso cenário? O nosso cenário, o nosso Senador descreveu no início...
Deixe-me ver se eu passo aqui, não sei para onde eu aponto. (Pausa.)
Aí eu passei um monte de eslaide já. Vou ter que voltar lá para o início.
O.k.
Economia exponencial, ou seja, a gente está num mundo em transformação, vários empregos estão condenados, a gente precisa começar essa transformação, conforme o nosso Senador disse, lá no início pela educação de base.
Eu preciso engajar, eu preciso motivar jovens, as olimpíadas fazem isso. Se a gente não fizer isso, a gente vai ficar para trás nas tecnologias disruptivas. Tem várias matérias dizendo isso, CEO da Apple dizendo da importância da programação, do gargalo de profissões tecnológicas que a gente vai ter se a gente não fizer nada, e a gente começa isso com o letramento digital, a gente fala de steam e isso é na base. A gente viu aqui vários programas direcionados para robótica que são caros, gastam milhões e atendem um número pequeno de estudantes. Esse projeto belíssimo que foi citado aqui, o Futuros Cientistas, por exemplo, custa em torno de R$4 milhões. Ele atende 400 crianças. Isso nas olimpíadas a gente multiplica por cem, por mil, fácil. Canalle e Prof. Jean Catapreta, algumas das maiores olimpíadas estão aqui. Ou seja, as olimpíadas têm que entrar como aliadas.
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A escola tradicional está em xeque, então a gente fala de metodologias diferentes. Está aí o Salman Khan, que conversou com o Ministro sobre isso, inclusive. E a gente precisa de engajamento.
Essa é a pirâmide conhecida na pedagogia, a pirâmide de Glasser. Então, eu preciso de envolvimento dos estudantes para esse crescimento, metodologias ativas. Ou seja, o ensino tradicional vai migrar para o ensino baseado em problemas, baseado em desafios. É isso que as olimpíadas trazem, esse envolvimento, essa febre olímpica.
O que é uma olimpíada, basicamente? São provas. Mas que tipo de prova leva mais de 20 milhões de alunos para um sábado fazer uma prova espontaneamente, uma prova que não vale nota? Ela tem que ter alguma coisa de especial. Então, essas provas são elaboradas com todo o carinho pelos coordenadores das olimpíadas. Essas provas desmistificam, elas informam, elas começam lá na base - a Profa. Silvana tocou nisso. Elas têm como um dos tesouros tocar a realidade da escola pública do Brasil, alunos com baixíssima autoestima, alunos que não mais acreditam no seu potencial. E a gente tem vários casos de alunos que foram resgatados, foram salvos pelas olimpíadas. Como esse processo é antigo, tem aluno com doutorado em universidade no exterior que foi salvo por causa das olimpíadas. Elas literalmente usam a curiosidade científica inerente a todos os estudantes para resgatar e dar caminhos, salvar almas através da educação.
Aqui já foi falado de olimpíadas. Vou pular.
Algumas das coisas importantes nas provas das olimpíadas são as suas questões, que têm que ser diferenciadas. As questões de olimpíadas têm que ser faseadas, então algumas delas são simples, são fascinantes, são diferentes. Eu não posso fazer uma olimpíada de matemática, uma olimpíada de biologia com as mesmas questões que os alunos estão acostumados a enfrentar no colégio. Eu esbarraria provavelmente no mesmo tipo de barreira natural que existe na escola tradicional. Então, os coordenadores de olimpíadas precisam ser criativos.
Missões olímpicas. Isso é um negócio muito importante de ser frisado. Há muito tempo se pensa que a olimpíada é uma maneira de identificar os melhores alunos, os gênios, os alunos que vão representar o Brasil na Olimpíada Internacional. Mas a missão 1 é muito mais importante. Isso é só o topo da pirâmide, como se fosse o futebol. É uma consequência natural de nós sermos o país do futebol e jogarmos futebol nas ruas, nas escolas, que nós tenhamos uma seleção pentacampeã do mundo. As crianças querem ser o Neymar, têm o Neymar como referência. E por que as crianças, os estudantes não podem ter como referência o João Vítor e tantos outros mais? Eles podem e eles têm. As olimpíadas criam esse tipo de referência positiva dentro de todas as escolas do país com altíssimo alcance. Então, as olimpíadas sensibilizam alunos, resgatam a autoestima de professores de escola, transformam cidades inteiras.
Ou seja, ratificando, são políticas públicas muito baratas e capazes de ajudar a transformar a realidade por completo. Existem vários exemplos aqui. Os coordenadores que estão aqui conhecem Oeiras, Cocal dos Alves, Santa Isabel, entre outros.
Tem mais de cem olimpíadas no Brasil. Vou citar algumas aqui. As olimpíadas de disciplinas tradicionais, matemática, física, química, biologia, história e geografia, Olimpíadas de língua portuguesa, mas tem também a Olimpíada de Cartografia, de Agropecuária, de Neurociência, de Inteligência Artificial, de Aplicativos, de Informática, de Robótica. Está tudo por trás das olimpíadas, de sustentabilidade, de meio ambiente. Tudo está permeado no meio das olimpíadas
Há alguns logotipos dessas olimpíadas que estão espalhadas pelo Brasil e crescendo exponencialmente como foi falado aqui.
O Brasil teve um resultado fantástico na Olimpíada Brasileira de Economia e foi tetracampeão do mundo, na frente de 46 países, na frente dos Estados Unidos e na China. Não é uma brincadeira. Na prova final tem Eric Maskin, um prêmio Nobel em Economia fazendo pergunta para esses alunos, e o Brasil ganhou. Uma olimpíada em que os alunos têm que fazer vaquinha para ir à final, porque é uma olimpíada que não tem financiamento.
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Aí é o Barack Obama - esse vídeo já entrou aí - fazendo pergunta na final da Olimpíada de Geografia dos Estados Unidos, denotando a importância que outros países dão para a olimpíada. Em Portugal, o Primeiro-Ministro vai em cerimônia de premiação de olimpíada. No Japão... No Irã, o Ahmadinejad foi na cerimônia de premiação - não foi, Canalle? -, na abertura da Olimpíada Internacional de Astronomia. E por aí vai.
Por quê? Porque isso é uma maneira de garantir o futuro, o progresso da ciência nesses países.
Aqui, a Embaixada do Brasil, recebendo a equipe da Olimpíada Internacional de Linguística.
Eu me esqueci de falar, mas o meu envolvimento em olimpíadas... Eu também sou um frustrado olímpico, mas eu acabei me envolvendo em todas elas. Eu fui coordenador da Olimpíada de Matemática e depois acabei criando, ou cocriando, várias olimpíadas: de Astronomia, Biologia, Informática, Física, Geografia, Economia, Medicina, Inteligência Artificial e a do Bicentenário da Independência. Colaboro com todas elas e elaboro questões para várias dessas olimpíadas. Então, eu vivo desse mundo olímpico.
E as olimpíadas bebem muito uma na fonte da outra. Elas aprendem muito umas com as outras. Então, tem algumas coisas aqui que são os tesouros olímpicos.
Alcance e capilaridade. Qual política pública você coloca lá...?
Senador, na sua gestão, nós multiplicamos o edital do CNPq, sob a nossa Secretária, que é a Christiane, de R$2,7 milhões, se não me engano, para R$8,8 milhões - o edital do CNPq que apoia as olimpíadas.
Nem todas as olimpíadas conseguem alcançar esse edital. São 15 ou 17 olimpíadas das 100. Algumas olimpíadas do Ministério conseguiram abraçar, o caso da Olimpíada de Satélites, da própria OBA e da ONC, mas mesmo essas são vulneráveis, porque troca o Governo. E é o que a gente tem falado. Isso tem que ser política de estado.
De repente - o senhor falou aqui que se criou uma Frente Parlamentar de Apoio ao Ensino Profissionalizante -, pode ter uma frente parlamentar de apoio às olimpíadas, para que Deputados e Senadores possam criar um grupo de emendas direcionadas para as olimpíadas, porque elas têm tudo isso, elas têm tudo que se quer para transformar a educação. Elas têm alcance, elas têm capilaridade e elas têm efetividade. São tesouros das olimpíadas.
Custos. Algumas olimpíadas têm como tesouro driblar... O João Vitor falou ali, existem olimpíadas em que eu não preciso da escola ou do professor participar, porque muitos alunos não participam na escola, porque o diretor da escola não quer inscrever. Não quer: "Eu não quero participar da Olimpíada de Biologia!". Ou o professor de Física não gosta da olimpíada, ele acha a prova difícil e não quer que os alunos façam. E o aluno tem essa barreira natural. Isso já foi driblado por algumas olimpíadas.
A gente está numa área digital. A gente tem uma dificuldade ainda de inclusão digital - mas o Leonardo citou aqui. E algumas olimpíadas têm como esse tesouro baixar custos. E, através de uma prova digital, eu faço uma prova muito mais fascinante, pois essa prova tem vídeos, tem GIFs, tem imagens coloridas, ela toca muito mais a realidade de um aluno que está ali combalido, aquele aluno que tem dificuldade. Então, a prova digital é um tesouro, pois, além de baixar custos, eu canalizo esse dinheiro que eu estou economizando para onde? Para a premiação, não é?
Esse é um tesouro da OBI e da ONC, duas olimpíadas que premiam muito. Foram citadas aqui olimpíadas com 100, 200 medalhas. Eu estou sempre dizendo para o Canalle e o Prof. Jean: "Vamos dar 50 mil, 100 mil medalhas". O que é que falta? Mais recurso. Nós vamos celebrar mais, nós vamos ter mais carreatas, nós vamos ter mais alunos vendo seu resultado, recebendo parabéns: "Você ganhou medalha! Este é o seu certificado! Você foi para a segunda fase".
Aí, as provas digitais. Então é o tipo de iscas que eu posso ter para haver mais alunos.
Faseamento é outra estratégia que algumas olimpíadas usam. Antigamente, tinha uma olimpíada, e era uma bomba atômica a prova. Eu fiz a Olimpíada de Matemática, e era uma prova só. Com o faseamento, eu tenho a primeira fase, e essa primeira fase é digital, ela tem um alcance, ela é muito mais simples, eu aprovo 20%, 30%, 40% para a segunda fase. Aí, a prova vai ficando num nível mais alto. Lá na ponta da pirâmide, eu vou ter os minigênios, que são as referências que vão representar o Brasil na Olimpíada Internacional, mas o tesouro está na base.
(Soa a campainha.)
O SR. DANIEL LAVOURAS - De repente, está naquela primeira fase, que pode ser uma prova online e até com consulta: "Vá lá no Google e descubra qual é o planeta mais próximo da Terra". Se o aluno for lá e fizer isso... Muitos deles tiveram mais interesse ao fazer aquilo do que, provavelmente, no ano escolar inteiro. Nós temos que ter convicção da realidade educacional do país. Isso é verdade. Muitos alunos não estão interessados no que é mostrado a eles.
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A categorização. Várias olimpíadas já mostraram, separam em categorias diferentes. Aqui tem um exemplo. Tem olimpíadas que têm categoria aberta - a mãe, o pai, o avô e o avó do aluno podem participar, qualquer um pode participar. É outra estratégia que algumas olimpíadas usam.
A celebração é outro tesouro olímpico com que eu concordo bastante.
O peso que tem um certificado desses chegando numa escola pública no interior do país é absurdo. Várias olimpíadas não têm recurso, então, o certificado é digital. Ele baixa em PDF e imprime quem puder; mas, quando é possível, eu concordo com o Prof. Canalle que se gasta uma energia absurda para mandar 48 mil envelopes. A gente já foi àquela sala, lá na UERJ. É um absurdo, mas ele sabe do impacto...
(Soa a campainha.)
O SR. DANIEL LAVOURAS - ... que aquilo vai causar quando aquilo chegar à ponta. O impacto é absurdo.
Aí a gente tem incontáveis notícias.
Isso é um programa criado lá no ministério, também na SEAPC, Secretária Christiane, Roberto, Senador. O Programa Cidade Olímpica... Guararapes pode ser uma cidade olímpica. O que é isso? Não é inventar roda. É reaplicar a estratégia de algumas cidades bem-sucedidas, que são as cidades lá do Ceará, que estão sempre com participação, em outras cidades.
E o que ela faz? A prefeitura, a Secretaria Municipal de Educação mobiliza: "As minhas escolas não estão participando das Olimpíadas". Vamos fazer participar! Quantos minutos eu gasto para me inscrever? Aí o MCTI vai lá e atribui um selo para a cidade. Se 30% das escolas participam, ela é bronze. Se 50% participam, ela é prata; depois ouro; depois diamante. Isso foi feito na gestão do então Ministro Marcos Pontes. A portaria está aprovada, e, via decreto municipal, o senhor pode atribuir selos para as suas escolas.
Está aí, eu botei até uma cópia da portaria, trabalho lá da Secretaria de Promoção da Ciência do ministério.
Outro trabalho imenso que foi feito, liderado pelo Roberto, que está aqui, são as bolsas de iniciação científica júnior. Dez mil bolsas para alunos com bons resultados em olimpíadas, desde que esses alunos sejam de famílias do CadÚnico. A gente está falando de famílias que recebem o Auxílio Brasil, Bolsa Família. Então, isso vai chegar a quem precisa, lá na ponta, na escola pública real.
A gente tem alguns problemas aqui com a LGPD. Algumas das grandes olimpíadas não enviaram os dados. Isso precisa ser driblado. Está cheio de advogados aqui em Brasília, têm que nos ajudar. A criança que está lá, o estudante que está lá no interior do Brasil tem que receber a bolsa.
Os alunos da ONC, da OBA, da Olimpíada de Medicina receberam essa bolsa. A gente conseguiu. Todos os dados foram enviados de maneira segura pela RNP e foram concedidas essas 10 mil bolsas. É outro tesouro, é outra coisa muito grande. Tem que aumentar de 10 mil bolsas para 20 mil, para 30 mil. Isso é muito barato e isso cria essa semente que está plantada lá na base, para a gente ter um horizonte daqui a cinco a dez anos.
Então, para finalizar, Senador, mais uma provocação positiva, com todo o respeito. Nós precisamos de uma frente parlamentar. Estamos precisando do Dia das Olimpíadas, do Mês das Olimpíadas, mas a gente precisa - e isso tem que ser apartidário, e o senhor pode liderar isso com todo o conhecimento que tem - de uma frente parlamentar em favor das olimpíadas, para apoiar, para tapar esses buracos que existem, para fazer com que as olimpíadas somem, sendo a envoltória para que simplesmente não haja uma competição por um edital do CNPq que não consegue atender a todas elas.
Mais um problema: o CNPq... Esse é um assunto relativamente novo, embora o CNPq seja um órgão que nos ajudou muito. O parecer do CNPq oscila. A gente tem grandes olimpíadas que ficaram de fora do edital do CNPq, que é o caso da Olimpíada de História. O senhor, quando foi comunicado, mandou corrigir o problema na hora, mas, em função de contingenciamentos daqui e de lá, a gente não conseguiu. No outro ano, trocou o parecer do CNPq, e grandes Olimpíadas, como as de Química, Informática, Robótica, Geografia, Física, mais alguma que eu estou esquecendo... Biologia, todas ficaram de fora do edital do CNPq. A Olimpíada de História, que tinha ficado de fora no outro ano, entrou. Ou seja, não há um conhecimento muito bom.
Então, tem que ser dado um carinho, um respeito a esse trabalho de popularização da ciência. Como é um assunto novo, é um assunto incipiente, esse parecer oscila; e algumas olimpíadas, que são eventos anuais, ficam reféns do edital. Eu mando um projeto que não mudou tanto no ano seguinte, e, numa hora, eu sou o top um do edital da Olimpíada, o mais contemplado; no outro ano, eu fico de fora, porque alguém leu e deu um parecer desfavorável por motivo A ou B.
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Todas essas Olimpíadas têm o seu valor. Elas são diferentes. Na Olimpíada de História, por exemplo, são trabalhos em grupo. Todas elas têm a sua dinâmica, todas elas são legais, todas elas são importantes e é o mercado, são os alunos que dizem quais vão prosperar, quais vão ser grandes.
As Olimpíadas grandes estão aqui, é só aprender com elas, ver o que eles tão fazendo, aumentar e dar capacidade para esses coordenadores multiplicarem, como falou o nosso aluno aí, e tornarem isso, cada vez mais, exponencial.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Bom, vocês entenderam porque eu falei como é a dedicação às Olimpíadas. Fazer com paixão, isso é muito, muito bom! Parabéns ao Bagual, o Prof. Daniel Lavouras, pela apresentação.
Eu anotei algumas coisas, porque, daqui a pouco, a gente vai abrir para as nossas conversas. Nós terminamos o ciclo dos palestrantes, mas, antes, eu gostaria de fazer alguns comentários.
Primeiro, um dos pontos importantes: recursos. Dentro das limitações, a gente colocou mais recursos no CNPq, etc., mas ainda não é suficiente. Acho que, vamos dizer assim, o investimento para isso é um investimento pequeno que dá um retorno gigantesco para o país. Ou seja, vale a pena a gente investir nas Olimpíadas.
Como o Daniel falou, isso é como se fosse uma política que tem que ser uma política de Estado, tem que permanecer, ao longo do tempo, e, para isso, a gente tem que colocar bases sólidas, para que haja incentivo, divulgação, promoção, financiamento e tudo mais.
Então, eu acho que eu falei de passagem aqui, vocês devem ter lembrando, no início, de um dos nossos projetos de lei que eu queria ressaltar aqui. É o Projeto 3.168, de 2023, para determinar que 10% dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico sejam destinados à educação tecnológica. Eu acho que nisso a gente pode incluir também as Olimpíadas, de forma que a gente tenha um financiamento mais estável para isso, para as Olimpíadas, e isso inclui a logística também necessária para que os vencedores que vão lá competir no exterior não tenham que ficar fazendo vaquinha ou rifa para conseguir o recurso para fazer, para ter as passagens e a estada lá no exterior.
Também é importante lembrar e convidar todos os institutos do terceiro setor, fundações, inclusive empresas também, Governos municipais e estaduais que possam participar ativamente disso. O custo não é alto. Vamos dizer assim, é um custo baixo, mas que dá um retorno muito grande.
Então, eu estou falando aqui, publicamente, para convidar e solicitar o apoio das instituições, como fundações, institutos, prefeituras, governos estaduais, empresas que possam ajudar a financiar isso, porque o retorno volta para a sociedade, volta de uma forma muito grande. A gente viu aqui o depoimento do João Vitor. Deu para notar como isso é positivo em todos os sentidos.
Também está comprada a ideia da frente parlamentar. Já olhei ali para o Roberto também, para a gente lançar essa Frente Parlamentar de Apoio às Olimpíadas Científicas, a partir do Senado. Pode ser até uma mista, mas é importante que a gente capilarize isso pelo Brasil. Com os políticos daqui, a gente tem contato com as Prefeituras, no país inteiro também, isso é importante.
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Eu lembro que eu estou aqui justamente para ajudar a fazer tudo isso funcionar aqui dentro do Senado. Essa é uma das minhas paixões, a educação, e quem me conhece sabe disso. Então, a gente vai fazer todo o esforço aqui a partir do Senado e dentro do Congresso para que essas atividades tenham prosseguimento e apoio no Brasil inteiro.
Eu queria aproveitar este momento aqui... Antes de passar a palavra, eu vou...
Primeiro, deixe-me lembrar o que a gente está fazendo aqui. A gente está nesta audiência pública conversando a respeito de olimpíadas científicas, e isso tem conexão direta com o Projeto de Lei nº 3.650, de 2023, que institui o Mês Nacional das Olimpíadas Científicas e do Conhecimento, a ser celebrado, anualmente, no mês de julho, e está aqui comigo justamente esse projeto, e tem a justificação. Eu queria ressaltar um ponto aqui na justificação: "E o que motiva cerca de 20 milhões de jovens [como foi falado nas apresentações] [...] a participarem, anualmente, dessas competições acadêmicas?"
Qual a razão disso?
Em linhas gerais, o fascínio pelo desafio, a oportunidade de testarem seus conhecimentos e, nesse processo, aprenderem cada vez mais. Mas, para além disso, é por meio da competição saudável, nas áreas mais diversas, que os competidores têm a oportunidade de testarem seus conhecimentos, ao mesmo tempo em que reforçam sua paixão pela ciência e o gosto pelos estudos.
Como o João Vitor colocou, é uma competição com a gente mesmo, para ver como eu vou conseguindo progredir dentro disso.
O mês escolhido remete ao dia 20 de julho de 1981, quando o jovem Nicolau Corção Saldanha, contando à época com apenas 17 anos, conquistou a histórica primeira medalha de ouro brasileira na Olimpíada Internacional de Matemática, nos Estados Unidos.
Foi no mês de julho, dentro desse... O mês de julho também é interessante nesse sentido, dia 20 de julho, com outras referências também com relação à aviação. É importante a gente lembrar disso também.
Eu quero dar uma notícia, porque eu falei que eu tinha uma surpresa aqui para o final. Já que a gente está falando de projetos de lei, de possibilidades e de colocar isso à frente aqui, no Senado, eu vou assinar aqui, na frente de todos, também um projeto de lei que altera a Lei nº 14.601, de 19 de junho de 2023, para instituir a bolsa de iniciação que foi falada aqui. Então, está aí, para instituir a Bolsa de Iniciação Científica Estudantil, a ser concedida a estudantes da educação básica integrantes de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família que se destacarem em competições acadêmicas e científicas de abrangência nacional.
Eu acho que um projeto dessa natureza vai incentivar essas crianças a participarem das olimpíadas e os pais também a incentivarem a participação de seus filhos. Em vez de ficar a criança lá no sinal vendendo bala ou pedindo dinheiro, que ele ou ela estude. Eu acho importante ter esse tipo de incentivo. Então, tenho aqui o projeto comigo, esse projeto de lei... (Palmas.)
Eu, então, neste momento, assino, para fazer o encaminhamento aqui dentro do Senado.
Está aqui, então, assinado. (Palmas.)
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E essa é uma parte do trabalho. Tem muito trabalho a ser feito, e eu tenho certeza de que meus companheiros aqui, Senadores, meus amigos Senadores e Deputados, vão, junto comigo, aprovar essas matérias, que têm um sentido gigantesco para o futuro do nosso país.
O.k.? Então, vamos passar à segunda parte aqui desta reunião, desta audiência pública, para falar aqui algumas das perguntas que nós recebemos pelo e-Cidadania. Vou começar com o Paulo Henrique Cardoso, de São Paulo: "Como um dia oficial de celebração terá impacto positivo na iniciação científica dos jovens? Uma data é suficiente para se obter resultados?".
Então, vou deixar a pergunta em aberto aqui para os nossos palestrantes, para quem quiser responder. Bagual, se arrisca aí?
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE (Fora do microfone.) - Ele é o Pai das Olimpíadas.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Olha aqui: "Como um dia oficial de celebração terá impacto positivo na iniciação científica dos jovens? Uma data é suficiente para se obter [ou um mês, acho que ele se equivocou aqui um pouco; não é uma data, é um mês] é suficiente para se obter resultados?". Como é que você vê isso?
O SR. DANIEL LAVOURAS (Para expor.) - É lógico que não, isso é um ato simbólico. As Olimpíadas têm um calendário diversificado. Olimpíada acontece o ano inteiro e algumas se alinham ao calendário da Olimpíada Internacional, começam até no ano anterior, para dar esse tempo de preparação - é importante para o país criar as referências com o resultado da Olimpíada Internacional. Mas é simbólico a gente ter, no Senado da República, a criação de um dia, de um mês, celebrar o feito do Prof. Nicolau Corção Saldanha, hoje um professor, quando conquistou a primeira Olimpíada Internacional para o Brasil. Isso é muito simbólico.
Então, é como se fosse o Dia do Médico, o Dia do Enfermeiro, o Dia do Professor, o Dia do Estudante; todo dia é dia do professor, todo dia é dia do estudante, todo dia é dia de Olimpíada, mas é simbólico, então, esse simbolismo... Talvez... Aí há um comentário muito pertinente nos fóruns das Olimpíadas, e isso foi tomado, foi, com todo o carinho, escolhido o mês de julho, mas, como a isso não foi batido o martelo, o comentário que eu acho pertinente é que julho é um mês de férias escolar. Esse é o único comentário. Agora, quanto ao dia em si, acho que essa pergunta, o gancho dela é que um dia não é suficiente, é apenas um ato simbólico representativo da importância.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Daniel. Acho que o João Vitor levantou a mão ali também. Aliás, os nossos palestrantes que estão aí no remoto também podem participar.
Por favor, João Vitor, você tem a palavra.
O SR. JOÃO VITOR GARCIA GEISS (Para expor. Por videoconferência.) - Bom, para mim, isso se torna, isso se faz extremamente importante, por conta... Vamos colocar aqui um exemplo: o Ano-Novo, o que ele simboliza para as pessoas? Ele simboliza uma data em que as pessoas recomeçam um ciclo, em que elas podem mudar tudo o que elas fizeram e mudar para melhor. O Dia da Olimpíada poderia ser um dia em que todos os alunos param para pensar em todas as Olimpíadas de que eles participaram, no que eles poderiam se dedicar mais; as escolas podem parar para dar palestras, incentivar os alunos para participarem, a partir daquele novo "ano olímpico", de cada vez mais Olimpíadas.
Por mais que seja apenas simbólico, isso realmente tem um significado real. A gente pode pegar qualquer outra data, como o Sr. Daniel Lavouras disse, todas as datas são simbólicas. E eu acredito realmente que um Dia da Olimpíada, por mais que seja, assim, um dia simbólico, ele, sim, representaria grande coisa, tanto para os estudantes quanto para os professores que se dedicam em ajudar os alunos e os incentivam. Esse dia poderia ser um momento de os alunos receberem realmente esse reconhecimento de todo o esforço que eles fizeram, porque muitas vezes, como eu já falei, você não consegue receber uma medalha, mas o esforço poderia ser reconhecido a partir dessa data olímpica.
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O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Excelente, João. Você falou tudo aqui, acho que não tem nem como complementar mais nada.
Pergunta do Eduardo Witter, de Goiás: "[Quais] [...] as metas científicas [traçadas pelo] Brasil a partir das olimpíadas? Como as Olimpíadas ajudam o estudante?". Eu acho que essa parte de como as Olimpíadas ajudam o João Vitor também já respondeu durante a sua fala. E olhem, sobre as metas científicas, como eu era o Ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, eu posso colocar aqui algumas dessas metas que existem.
Quando você fala de desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovações, você tem uma amplitude bem grande de áreas ou de setores que são compreendidos por essas três grandes áreas. Dentro de cada um desses setores, você precisa... Nós tínhamos lá, no ministério, os eixos estratégicos, por exemplo, na área de materiais avançados, energias renováveis, transformação digital, desenvolvimento de medicamentos, desenvolvimento de vacinas e assim por diante. Todas essas metas científicas ou essas estratégias com as respectivas metas não serão cumpridas se nós não tivermos profissionais competentes que vão ser gerados a partir de jovens interessados no desenvolvimento de ciência e tecnologia, no desenvolvimento de suas carreiras. Então, essas metas têm uma dependência direta com a motivação desses jovens para as carreiras de ciência e tecnologia e com o trabalho dos professores, dos coordenadores dentro das Olimpíadas que fazem parte de todo esse contexto. Então, isso é, sem dúvida nenhuma, a ligação direta. Eu diria que, para quem gosta de matemática, há uma correlação praticamente de um nesse gráfico.
Alguns comentários... Tem mais perguntas aqui, uma do Adson Trocades, do Rio de Janeiro: "[A proposta pressupõe] [...] que não existe ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino [...]?". Eu acho que a ideia não é exatamente essa, Adson, mas, sem dúvida nenhuma, toda vez que você pensa em pesquisa, você precisa de ensino conectado, afinal de contas, a pesquisa vem com base no conhecimento e também é muito difícil você ter conhecimento se você não tiver pesquisa. Então, as coisas são relacionadas diretamente ao que é feito nas universidades e em outras instituições de pesquisa também.
O Gustavo Oliveira, de Minas Gerais: "Qual a proposta de incentivo [...] [ao] uso e utilização dos resultados na melhoria do ensino?". Para eu não ficar respondendo tudo, eu vou deixar aberto aqui para o Jean Catapreta. Por favor.
O SR. JEAN CARLOS ANTUNES CATAPRETA (Para expor.) - A resposta para isso é o que já vem acontecendo. Acabou que nós nem falamos disso aqui nas nossas falas, mas várias universidades do Brasil já oferecem vagas para estudantes que são oriundos de Olimpíadas do Conhecimento. Então, no edital do vestibular, na entrada do Sisu, existem vagas, cotas para estudantes que são oriundos de Olimpíadas do Conhecimento. Eles entram com a meritocracia, com o desempenho deles, para concorrer a essas vagas específicas. Se não me engano, a Unicamp, a USP e a Unifei têm, não sei todas de cor, mas é um modo de incentivar isso.
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Excelente.
Então, eu vou passar aqui para a palavra das pessoas. Eu vou fazer algumas provocações aqui, se me permitem os que estão aqui conosco presencialmente.
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Eu vou começar a fazer uma provocação e, daqui a pouco, eu passo a palavra para você, um momentinho.
Vou começar a fazer uma provocação. Já que a gente está falando das olimpíadas, eu tenho o Arouca aqui com a gente, da Olimpíada de Satélites, para falar um pouquinho a respeito da Olimpíada de Satélites também e para dar uma informação para o pessoal a respeito dessa olimpíada.
O SR. RAFAEL VIDAL AROUCA (Para expor.) - Boa tarde, pessoal. É um prazer estar aqui com vocês.
De acordo com tudo que os colegas têm falado, a gente repara como essas olimpíadas são transformadoras na vida dos participantes.
Falando especificamente da Olimpíada de Satélites, que foi idealizada e criada ali no Ministério, pela Secretária Cristiane, pelo Ministro, na época, Marcos Pontes, a gente viu que ela despertou o brilhar nos olhos de alguns milhares de estudantes para essa área de satélites. E muita gente, eu lembro que, na época, falou assim: "Mas vocês estão doidos? Falar para adolescente, estudante, fazer satélite?", a gente escutou isso de algumas pessoas.
Assim como a gente tem o Prof. Canalle falando de seus alunos fazendo foguetes, por que não fazer satélites? Por que não - depois a gente pode até estender esta conversa - fazer chips, semicondutores? Por que não uma olimpíada brasileira de semicondutores, que o Daniel Lavouras, o Bagual, a gente estava anunciando juntos essa iniciativa recentemente.
E uma coisa que o Prof. Canalle mostra muito e o Prof. Jean... Eu estava falando outro dia que até perdeu a graça de tanto que a gente vê estudante brasileiro ganhando prêmio internacional. Toda vez que o pessoal da OBA vai para um evento traz um monte de medalha, pessoal do ONC, Física, etc. Então, o Brasil tem estudantes muito ricos em conhecimento, em vontade de aprender; são criativos, é só a gente não atrapalhar.
Mas, falando especificamente da Olimpíada de Satélites, a gente está com a segunda edição em andamento aqui, a Carise está aqui do meu lado - uma das principais pessoas da nossa organização -, e a gente já teve a alegria de fazer o lançamento de dezenas de nanossatélites, CubeSats e CanSats - eu diria da ordem de 40 -, com balões estratosféricos feitos pelos estudantes, através do apoio do MCTI, na gestão do Senador Marcos Pontes, na época Ministro.
A gente está prestes a fazer um lançamento suborbital com foguete, estamos até negociando para que seja em Alcântara, e um lançamento orbital feito pela colaboração de várias escolas brasileiras. Então, está em andamento esse projeto, o resquício da primeira Obsat: a gente vai ter esse lançamento com foguete, desses nanossatélites, projetados, desenvolvidos, construídos por estudantes brasileiros; vamos ter o orbital - está previsto.
E a segunda edição está em andamento, tá, pessoal? Logo a gente vai ter etapas regionais, com lançamento de balões estratosféricos. Eu sei que a Silvana está aí com a gente, e a gente sabe que a Silvana é doida para participar de lançamento e resgate de balão estratosférico, ela é a primeira da fila ali para ajudar a inflar o balão, para procurar o balão, etc.
Pessoal, rapidamente, olhem que interessante. Todos esses nanossatélites feitos por estudantes brasileiros são lançados, vão a 30km de altura, coletam dados, realizam experimentos, a nossa equipe rastreia, resgata esses nanossatélites e devolve para os estudantes analisarem os resultados do que tinha ali nos seus experimentos, sensores etc.
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Então, é uma experiência sensacional, e a gente vê que é transformadora, tanto no lado científico, educacional, quanto pessoal, tá bom?
Obrigado pessoal. E obrigado por passar a palavra. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Excelente, professor.
Aliás, você sabe disto aqui, é um dos meus sonhos ainda, a gente não conseguiu no tempo lá no ministério, as coisas passam muito rápido, mas ainda tenho o sonho de ter a Olimpíada de Foguetes, mas aqueles foguetes para 20km, 30km, que podem ser lançados a partir de Alcântara. É como existe no Arizona, por exemplo, das universidades. Aí a gente está falando de foguetes já com mais capacidade, mas é exatamente isso aí, a gente tem a possibilidade de que dali saiam muitos dos nossos futuros técnicos, engenheiros, astronautas, quem sabe também. Isso é importante.
Eu queria fazer uma outra provocação aqui, já que nós temos também o Coordenador Adjunto da Olimpíada Brasileira de Agropecuária e Diretor da Agência de Inovação do Instituto Federal de São Paulo, o Éder José da Costa Sacconi, para falar um pouquinho também a respeito da olimpíada.
O SR. ÉDER JOSÉ DA COSTA SACCONI (Para expor.) - Boa tarde a todos e todas, Senador Astronauta Marcos Pontes, é um prazer estar aqui representando a instituição Instituto Federal de São Paulo. Trago um abraço do Prof. Silmário.
E também quero falar um pouquinho da Olimpíada Brasileira de Agropecuária. Eu tive a oportunidade, mesmo sendo historiador, de ajudar a gestar a Olimpíada de Agropecuária, a primeira olimpíada criada no Instituto Federal de São Paulo e também a primeira competição que já gerou o embrião da 1ª Olimpíada Científica Internacional, oriunda do Hemisfério Sul. Então, uma Olimpíada Internacional de Agropecuária está a caminho, já tivemos três versões piloto.
E assim como a educação profissional tecnológica, a questão de inserir no orçamento essa oportunidade trabalha muito alinhada: o ensino com a pesquisa, a formação unilateral, está tudo associado à educação profissional e tecnológica.
E tenho uma boa notícia: o Instituto Federal de São Paulo, junto com a Setec, do MEC, a gente vai criar, inspirado no modelo do Impa, um edital para polos olímpicos. E a ideia é a gente começar com cinco polos olímpicos, financiando esses polos para eles multiplicarem, junto com as instituições no estado, nos seus estados, em cada um dos seus polos, que vão se tornar centros de treinamento. Assim como a gente tem centros especializados de esportes, áreas específicas, a gente vai induzir isso também. O Diretor de Desenvolvimento da Rede, Prof. Marcelo Bregagnoli, que é o idealizador da Olimpíada Brasileira de Agropecuária, já sinalizou, e a gente vai fomentar, porque se é importante, a gente precisa colocar recurso.
E uma última contribuição. É sensacional essa ideia de trazer à pauta as competições, e aí, olimpíadas, feiras, mostras, em que também nós temos tido muito êxito quando os nossos estudantes participam e vão ao exterior. O Prof. Catapreta comentou sobre o acesso às universidades, e eu acho que cabe um artigo nesse projeto de lei induzindo que todas as universidades, todas as instituições federais forneçam automaticamente vagas para os estudantes medalhistas. Acho que seria uma grande contribuição para o país.
E só para encerrar, queria deixar um convite. A Olimpíada de Agropecuária, este ano, a fase final vai acontecer em 7, 8 e 9 de setembro, aqui no Distrito Federal, em Planaltina. Então, fica o convite a todos e todas para estarem conosco celebrando, porque essa área de agropecuária é uma área muito importante do setor na nossa economia.
Obrigado pela palavra. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Éder. Eu vou transmitir aqui também alguns dos comentários que recebemos pelo e-Cidadania.
Luís Gustavo Costa, do Paraná, diz que é importante a instituição "dessa data para se dar notoriedade ao evento [...]".
Gabriel Melo, do Rio de Janeiro: "Além de instituir a data, é importante discutir como as instituições de ensino [...] [sobre a maneira como vão tratar, dentro das suas agendas]. É preciso incentivo."
Otávio Fiorelli, de São Paulo: "O dia nacional é uma forma de incentivo [no caso, aqui, o mês], mas também de reconhecimento, já que as olimpíadas servem como oportunidades para os jovens."
E eu também faria uma outra provocação. Estou vendo aqui o Prof. Spada, que tem uma experiência muito grande, na área de Olimpíada do Conhecimento e na WorldSkills International. Vou até pedir para o professor explicar o que é a WorldSkills International. O Brasil também tem um destaque muito grande, internacional, nessas olimpíadas.
Professor, com a palavra.
O SR. ROBERTO MONTEIRO SPADA (Para expor.) - Bom, boa tarde.
Agradeço o convite de estar aqui, Senador, e a todos os demais educadores e organizadores de competição.
Eu creio que a essência da essência, eu vou falar no final. Por quê? Em 1989, eu tinha estado na UPI University, em Birmingham, e feito um curso de robótica. Em 1988. E, em 1989, fui convidado pelo Senai para estar com a equipe brasileira na competição mundial. Eu me fechei no quarto do hotel e chorei de ver o Brasil naquela condição e nos comprometemos a levá-lo ao topo.
Para entender um pouco, nós envolvemos empresários, que foram patrocinadores e, nesse período, nós construímos um processo que, a partir de 2006, a gente acabou tendo que estar entre os top 5 e conseguimos até trazer a competição mundial, em 2015, para o Brasil. E o Brasil se tornou referência, sendo a equipe brasileira contratada pela própria Rússia para treinar a equipe russa.
Mas, de tudo isso, às vezes, eu, como educador - 49 anos - sempre não entendi por que se fala que o profissional americano é cinco vezes mais produtivo do que o brasileiro. Eu me lembro de, em 89, um competidor brasileiro, com as condições limitadas, competiu. Na ação subsequente, onde nós fomos buscar as melhores máquinas, as melhores ferramentas, os melhores instrumentos, em parceria com as empresas, e demos a mesma condição ao jovem brasileiro, ele foi ao pódio. Então, o que eu entendo?
Eu sempre digo que a maior concentração financeira de um evento e a maior concentração de competência de marketing do mundo eu atribuo à eleição americana. Qual é a frase do candidato Obama? "Yes, we can!". E eu venho acompanhando o piloto, o astronauta, o Ministro e o Senador, e a frase é: "sim, é possível".
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O que o João Vitor falou e o que ele passou para mim é a essência que o educador tem que passar para um jovem. E as olimpíadas fazem isto: passam essa relação de confiança do "Sim, é possível! Abrace, você pode!", e isso é a fonte que estimula. Para mim, a olimpíada, exatamente, põe essa essência dentro do indivíduo, do "É possível". Todo educador deveria ter isso como missão. Nem sempre é possível. São condições sociais, econômicas, etc.
Mas, então, cumprimento aqui a todos esses líderes de olimpíadas. Cumprimento aqui a pessoa que eu admiro há muito tempo, hoje, Senador.
Continue firme! Vamos transformar este país numa nação.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado. Obrigado, Prof. Spada, com experiência de quase 50 anos de educação. Tem que ser respeitado.
A profissão, vamos chamar assim, de professor tem uma importância gigantesca no país. Não se faz um país se não tiver educadores, e educadores dedicados. Então, isso, realmente, é muito importante. E isso é parte do nosso trabalho aqui, para promover isso.
Então, neste momento, eu abro a palavra para quem quiser participar, perguntar aos nossos palestrantes.
Prefeito - o Prefeito de Guararapes aqui conosco -, por favor.
O SR. ALEX ARRUDA (Para expor.) - Uma boa tarde para todos.
É uma honra, Senador Marcos Pontes, poder usar este microfone.
Em nome do senhor, cumprimento todos os membros da mesa; as senhoras e senhores presentes; o Rodrigo, que é vizinho da nossa cidade.
Senador, não sei se são coincidências, não sei qual é o destino. Nós tentamos agendar uma conversa com o senhor. Fomos para o gabinete do senhor, e a equipe nos recebeu muito bem e disse: "Olha, ele está em tal lugar. Dá uma passadinha por lá". Sentamos aqui, fomos agraciados com tudo isso, com a presença de pessoas ilustres.
Nós começamos, na minha cidade, lá, a participar da OBA, lá no comecinho, onde eu estou professor, sou professor de uma escola de crianças especiais, e nós participamos, lá atrás, no início, com as crianças especiais da OBA. Depois, indo ao encontro do discurso de vocês, não houve uma sequência, pela troca de gestores: a gente passa muito por esse problema - em anos, participávamos; em anos, não. Então, muito fortalecida fica a mensagem de vocês, porque nós sofremos isso na nossa pele lá.
E o que nos traz aqui hoje - e deparamos com isto, Senador, que me deixa muito feliz... Nós viemos aqui - eu, como Vice-Prefeito, desde 2017; depois, como Prefeito, em 2021 -, porque sou apaixonado pela astronomia, apesar de não entender nada, mas apaixonado, porque eu tive oportunidade de, quando criança, ir a um planetário na cidade de São Paulo. Então, desde 2017, nós alugamos um planetário móvel e trouxemos para o nosso município. Em 2017, nós trouxemos só para as crianças das escolas, mas aí, quando foi embora, os pais bateram na nossa porta e disseram: "Nós também queremos assistir, porque nossos filhos chegaram maravilhados". E eu fico até emocionado em falar isso, Senador. E, a partir daí, nós trazemos para nossa cidade sempre, para que a comunidade possa ver, ano a ano.
Fizemos uma reserva financeira com o Prefeito. Temos R$1 milhão guardado, porque nós queremos construir o nosso planetário, o nosso observatório na cidade de Guararapes. Na nossa região, nós não temos um planetário perto de nós. Estamos pertinho de Araçatuba e de Birigui e não temos ali perto.
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Temos uma área, temos R$1 milhão reservado e viemos aprender com o senhor. Passamos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia também, apresentamos o projeto lá. Nós contratamos um pré-projeto, gastamos um dinheiro do município para isso, viemos aqui buscar recursos, buscar parcerias para nos ajudar a concluir isso e deparamos com essa maravilha que são as palavras de vocês, de busca, de olimpíadas, de oportunidade para as pessoas. Cada criança que recebe uma medalha dessas, como o senhor falou, e o pai humilde, que, de repente, não acredita no seu próprio filho, quando ele está lá presente, entregando a medalha para o seu filho, tirando uma foto, isso muda a vida das pessoas.
Quando o senhor falou no microfone aí "a cidade de Guararapes", isso repercute na nossa autoestima, isso fortalece cada fato, cada item que a gente faz. Então, é uma honra para mim estar hoje aqui, olhando para o senhor e para essa equipe maravilhosa.
Obrigado pela oportunidade. Que Deus os abençoe e que mais investimentos sejam feitos mesmo, para que a gente possa dar oportunidade para as pessoas.
Obrigado pela oportunidade, Senador, e a todos vocês! Deus abençoe, pessoal! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Prefeito Alex Arruda, da cidade de Guararapes, São Paulo. Parabéns pelo trabalho, parabéns por ter esse foco em educação, pela profissão também. Pode contar conosco!
Vamos lá!
A palavra continua aberta.
Pois não; é o nosso assessor da Prefeitura de Guararapes, o Fernando Magno, aqui conosco também.
O SR. FERNANDO MAGNO (Para expor.) - Boa tarde a todos! Obrigado, Senador!
Eu queria só deixar uma contribuição também, porque eu estou nessa caminhada com o Prefeito em busca desse projeto, desse sonho.
Eu sou lá de Andradina, viu? Nós estivemos juntos lá. Eu organizei o evento de que o senhor participou, pouco antes do processo eleitoral, junto com o Ministro da Educação. Mas eu queria dizer que eu tenho atuado bastante na área - o Cristiano estava junto - dos serviços sociais, da assistência social, dos projetos, dos programas sociais. Eu acredito que também há espaços - já que o senhor tem dito bastante do incentivo a partir de famílias em situação de vulnerabilidade social -, dentro das oficinas, das atividades dos CRAS, que são os centros de referência, que têm projetos, como o Criança Feliz, e vários programas, em que, acredito, também deva ser inserido o estímulo, nessas oficinas, à questão de ciência, de tecnologia. Não há uma orientação para os coordenadores dos CRAS nesse sentido; não há essa pauta.
E a gente tem dito muito isso. Eu tenho dito, nas capacitações que faço, nas palestras que faço com eles - amanhã, estou em Panorama, São Paulo, às 9h, e vou falar desta oportunidade, vou estar com gestores lá da assistência social -, eu tenho dito para eles: "O mundo é tecnológico, as nossas crianças estão no celular o tempo todo, na maior parte do tempo; os nossos adolescentes, muito mais do que os adultos já hoje". Então, a pauta da tecnologia tem que entrar, a pauta da ciência tem que entrar com força. Os laboratórios das escolas não podem ficar ociosos como são, como sempre foram. Investe-se em laboratórios de informática, e as crianças não têm acesso, Senador, os adolescentes não têm acesso; são subutilizados. Os profissionais, os professores não têm, no seu currículo, formação, capacitação: não têm nos bancos da universidade e não têm também depois para utilização disso, para todo esse potencial que tem relacionado à ciência, relacionado à tecnologia.
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Então, eu queria dizer que se pense também dentro de todo esse processo - e aí eu acho legal ter na semana um mês para criar justamente um debate a nível nacional; acho que o João Vitor foi superfeliz - porque isso vai pautar a questão da ciência e da tecnologia no nosso país, o que, dentro da área social, deve ser fortalecido, impulsionado, discutido junto com os CRAS, os centros de referência.
Era essa a contribuição.
Parabéns, a gente está muito feliz por essa oportunidade de estar aqui. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Fernando Magno, assessor da Prefeitura de Guararapes.
Nesse momento, eu vou novamente retornar a palavra para os nossos palestrantes, para suas considerações finais, um de cada vez.
Mas antes - desculpem o adiantado da hora -, eu vejo aqui a Raquel Bruna Cunha de Figueiredo, do Colégio Novo Espaço - gostei do nome.
Se você quiser fazer uso da palavra para dizer um pouco da sua impressão também, é importante, afinal de contas você é o objetivo.
A SRA. RAQUEL BRUNA CUNHA DE FIGUEIREDO (Para expor.) - Boa tarde, eu queria agradecer a todos por eu poder estar aqui. É uma honra, uma alegria, porque é por causa das olimpíadas científicas que eu posso estar aqui, tanto pela escola que as concede a todos os alunos como pelos meus pais, que sempre me incentivaram, tanto a mim como a meu irmão.
Até o sexto ano, eu não conhecia as olimpíadas científicas. No sexto ano, a primeira olimpíada que eu tive foi a Obmep e com ela eu pude passar para a segunda fase. Pelo que eu me lembre, eu descobri isso no Ceará, porque meus pais gostam de viajar para lá, porque minha família é de lá, e, quando eu descobri, foi uma alegria, dá vontade de sair correndo para todo canto. E isso também incentiva meu irmão, porque, por exemplo, na OBA, na primeira vez em que eu consegui participar, eu consegui a bronze; na segunda, eu consegui a ouro, mas ele estava junto ganhando a prata, e isso é um incentivo dentro de casa. Ele quer estudar também, ele quer vir atrás. Tanto que a escola, na competição, também incentiva uns aos outros a quererem participar das olimpíadas científicas. E todos querem participar. A gente vê animação: "Olha, você conseguiu passar!", e a escola dando certificado, dando parabéns; os pais estando lá e dando parabéns uns aos outros. É como se todos nós fôssemos uma família. Todos nós podendo estar juntos nesse momento.
Agradeço pelo convite de poder estar aqui na presença de vocês, porque é incrível! Não tem como a gente imaginar as portas que se abrem com as olimpíadas científicas. A gente na escola estuda e pensa: "Ah, quero sair logo da escola". Muitas crianças nem conseguem ir para a escola, porque precisam trabalhar, precisam conseguir o alimento para as suas casas. Mas, graças a Deus e a meus pais, posso estar aqui; pude vir para Brasília; pude ter o apoio dos meus familiares, da escola e conhecer cada um de vocês. Eu quero voltar para casa, e na volta para casa já quero pesquisar, estudar cada dia mais e falar para os meus colegas de sala: "Vamos, porque vale a pena". (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Excelente.
Deixe-me perguntar uma coisa: é seu pai?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Então, se puder, dar uma palavra também, porque a gente viu o lado do estudante, mas é importante o depoimento do pai também, dos pais. Então, por favor. (Risos.)
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - É um orgulho - não é? - ter o filho ou a filha participando de tudo isso. Eu acho que é muito bacana.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - É bom, não é? Eu fico imaginando os pais, pelo Brasil afora, vendo seus filhos terem sucesso, participarem e tudo mais. Isso é muito bom, muito bom mesmo. Acho que é o que a gente quer: reforço da família, participação dos pais na educação dos filhos, participação ativa, incentivo com valores. Isso é muito importante para o Brasil como um todo e para a sociedade.
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Então, parabéns para o senhor também! Sem dúvida nenhuma, isso não acontece por acaso; os pais têm uma participação muito grande.
Então, agora, na sequência em que nós fizemos as apresentações, eu vou passar a palavra para os nossos apresentadores, para as suas considerações finais, por três minutos para cada um. Acho que é o suficiente três minutos para cada um para as considerações finais.
Então, eu passo a palavra para o Prof. João Batista Garcia Canalle, Coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica e da Mostra Brasileira de Foguetes.
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE (Para expor.) - O.k. Obrigado, Senador.
A gente fica extremamente emocionado quando ouve os alunos darem os seus depoimentos, porque a gente trabalha, trabalha à distância, à distância. Tudo bem que a gente tem muitos eventos dos quais os professores participam, mas aqui o João Vitor fez um depoimento que fala por todos os alunos.
As olimpíadas mudam os destinos desses jovens, assim como o da Raquel, aqui presente também, que disse que ganhou bolsa lá no colégio dela, não foi desconto, por enquanto. Eu falei: "Não, agora você volta lá e fala que você quer uma bolsa de 150%", ou seja, ela é tão boa que o colégio podia até pagar para ela estudar lá, porque, certamente, ela vai trazer um renome ao colégio. Se ela não ganhasse nenhuma medalha, o colégio não teria, mas o fato de ter ganhado uma medalha enriquece o colégio, ainda mais uma escola particular, que precisa de uma confirmação de que a qualidade do seu ensino é excelente, para vender inscrição, para ter alunos, e os alunos medalhistas, de certa forma, atestam a qualidade de ensino dessas escolas. Então, Raquel, pode ir lá pedir 100% de bolsa. Está bom? Assim como muitos outros alunos obtiveram bolsas nas suas escolas, porque obtiveram medalhas; assim, como bem lembrou aqui o Jean Catapreta, como algumas universidades estão oferecendo vagas diretas aos alunos, independentemente do vestibular, para que os melhores alunos fiquem nessas universidades, porque senão vão para o exterior, haja vista a Tábata Amaral, que ganhou medalhas em várias olimpíadas científicas internacionais, foi estudar no exterior e, felizmente, voltou. Mas e aqueles que não voltam? Então, é todo um esforço dos coordenadores de olimpíadas e de recursos públicos, obviamente, investidos nesses alunos que um dia vão fazer uma graduação, uma pós-graduação no exterior e, obviamente, por lá ficarão, porque as oportunidades aparecerão para eles lá.
Prefeito de Guararapes, é só falar conosco.
(Soa a campainha.)
O SR. JOÃO BATISTA GARCIA CANALLE - Se quiser, a gente vai organizar uma copa de foguetes, uma formação de professores. Se quiser construir um planetário, a gente pode dar um apoio para o senhor também na orientação técnica, porque a gente tem planetários que vão às escolas. Já fizemos eventos lá em Junqueirópolis, em Dracena, em Osvaldo Cruz, em cerca de 20 cidades do Estado de São Paulo e em 82 lugares do Brasil inteiro. Então, conte com a gente. O senhor veio procurar um Senador num lugar, mas, de repente, achou ajuda em outras pessoas aqui. Conte conosco.
Parabéns, Senador, pela iniciativa. Espero que tenha sucesso nos projetos, junto aos demais Senadores, especialmente aqueles que promovem a concessão de bolsas para os jovens talentosos que participam de olimpíadas sem condições financeiras de continuarem os seus estudos.
Então, parabéns pela iniciativa. E conte conosco como sempre.
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado.
Parabéns ao Prof. Canalle, batalhador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica. Eu tive a honra de participar de muitos EREAs e da Mobfog também. Muito, muito bom!
Então, eu passo a palavra, para as suas considerações finais, à Profa. Silvana, que está online aqui conosco.
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Professora, três minutos para as considerações finais.
A SRA. SILVANA COPCESKI STOINSKI (Para expor. Por videoconferência.) - Primeiro, quero agradecer - não é? -, Senador Marcos Pontes, pela oportunidade, ao Daniel Lavouras, aí para toda essa equipe que está aí, o Aroca está aí também, que magnífico isso. E quero falar, nas pessoas da Raquel e do João Vitor, que eles são exemplos, exemplos a serem seguidos, eles são protagonistas, estão aí participando, olha, desse momento tão importante de uma assinatura, com o nosso Senador Astronauta Marcos Pontes. E quero falar também da importância que são as Olimpíadas Científicas nas escolas, as cidades olímpicas. Então, nós temos várias oportunidades para as crianças, para os estudantes, para os professores. E que vire, sim, uma febre olímpica neste nosso país, que é incrível, que é maravilhoso, e em que os professores e estudantes querem fazer a diferença, e que seja um resultado nas olimpíadas.
Então, muito obrigada a todos. Um forte abraço aí para a Chris - estou morrendo de saudade de você! -, e obrigada pela oportunidade de estar aqui hoje, aprendendo ainda mais com vocês e levando todo o conhecimento que tivemos nesta tarde aqui para todos os professores e todos que querem, sim, fazer ciência neste nosso Brasil.
Muito obrigada, obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Profa. Silvana, e... Aliás, eu vou quebrar um pouquinho a sequência e o protocolo aqui, porque eu estou vendo o Roberto aqui, não é? Ele faz parte do meu gabinete, mas eu acho importante, por causa da participação dele... Ele era o Presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba, ou seja, uma área de tecnologia, de empreendedorismo, e, de repente, foi lá para o ministério, acabou entrando na área de educação, de olimpíadas.
Queria que você falasse uns dois minutinhos aí, para falar sobre essa experiência de mudança e como que isso o motivou - porque depois virou um defensor ferrenho dessa parte.
O SR. ROBERTO MACHADO DE FREITAS (Para expor.) - Senador, primeiro, eu queria parabenizá-lo pela iniciativa. Quando o Senador nos chamou para contribuir aqui no gabinete, uma das pautas que ele nos passou como missão, uma delas era olimpíadas, falava sobre Olimpíada Científica. Então, queria parabenizá-lo por essa iniciativa, porque são iniciativas como essa que mudam a vida das pessoas.
A gente está dentro de um Congresso em que se discute muitas coisas, e às vezes a gente fica um pouquinho desanimado com algumas pautas que são decididas aqui e que a gente sabe que não chegam a lugar nenhum, são discussões que não levam as pessoas a evoluírem. E, quando a gente vê uma pauta dessas, por mais simples que seja... Alguém perguntou: "Mas por que instituir um Dia, um Mês Nacional da Olimpíada Científica?". Talvez seja a audiência pública mais emotiva de que eu participei aqui dentro do Senado. Você vê depoimentos de pessoas que falaram de mudança de vida, você vê pessoas fazendo alguns depoimentos aqui até um pouquinho com a garganta embargada. A nossa jornalista ali, eu olhei para ela, eu achei que ela estava gripada, mas ela estava chorando, a Stefane ali, em algum momento, porque esta audiência pública mostra essa riqueza.
E eu coloquei, no grupo do Senador - a gente faz parte de um grupo aqui de assessores, que têm essa função de ajudar os Senadores na parte técnica a realizarem os seus objetivos -, e eu coloquei uma mensagem, eu não sou muito de escrever lá no grupo, mas eu coloquei assim: "Vale a pena vocês participarem. Fiquem atentos aí, online, porque é uma política pública que transforma vidas". E eu tenho certeza que esse assunto pode ajudar muito o Sr. Senador, lá na ponta. Esse assunto pode transformar o estado que o Sr. Senador representa. E é exatamente isso em que eu acredito.
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Eu entrei no ministério, numa área completamente diferente, recebi a missão do senhor e da nossa Secretária Christiane de estar nessa área. Conheci o Bagual. Quem fica do lado do Daniel (Bagual) não tem como ficar indiferente a isso. À princípio, achei que era uma grande... Olimpíada? Eu nunca tive oportunidade de participar de olimpíada. Eu nunca ouvi falar de olimpíada na minha cidade, na minha escola. Eu falei: "Olimpíada? Investimento em Olimpíada?". E aí, com o tempo, a gente vê a transformação de várias pessoas por meio dessa política.
E, para finalizar, Senador, tem uma cena que me marcou muito, no Parque Tecnológico. Mesmo não sabendo que um dia estaria trabalhando com o senhor, tendo essa honra de estar ao seu lado, estava lá como Presidente do Parque Tecnológico, conheci a figura do Prof. Canalle. Ele falou: "Olha, tem um professor aí que quer fazer uma olimpíada científica". Falei: "Cara, o que é isso?". E ele: "Ah, uma olimpíada científica de lançamento de foguetes, é OBA, Mobfog, a mostra...". E eu gostei do assunto. Falei: "Poxa, eu acho que isso aí é legal". E dei corda para isso. Investimos lá um recurso, e a gente fez a primeira Copa Sorocabana de Lançamento de Foguetes, mesmo não sabendo que um dia eu estaria aqui.
E, quando o Canalle foi lá, levou a equipe, a gente fez um treinamento com professores lá na escola de Sorocaba. Foi um sucesso. Tivemos mais de 500 alunos participando dessa atividade. Mas o que me marcou foi uma cena. Na hora em que os alunos estavam ali para lançar os seus foguetes, tinha um aluno ali com jalequinho branco, a equipe dele preparando, ali na terra, para lançar, conversando um com outro... E para do lado um senhor, um matuto, assim... Um senhor... Olhei para a mão dele, uma mão pesada do trabalho, e ele fala assim: "Cara, você está vendo aquele ali? É meu filho". E, com aquele olho assim arregalado, ele falou: "Meu filho é um gênio". Eu falei: "É mesmo, cara? Está ali, está com as pessoas...". E ele disse: "Meu filho é um gênio. Eu nunca imaginei que meu filho pudesse ter essa condição de estar aqui, lançando um foguete".
E aquilo ali marcou. Falei: "Cara, mas tem alguma coisa aqui que é diferente!". E depois Deus consegue colocar seus planos de forma que a gente vem a entender, lá na frente. Porque eu tive essa experiência e, depois, caí lá no ministério. Lá no ministério, a gente viajou o país inteiro com esse programa de iniciação científica, e o senhor acabou de assinar um projeto de lei que dá oportunidade para as crianças terem recurso em razão da sua meritocracia.
Este país dá muita coisa de graça, e, às vezes, as pessoas não valorizam isso.
Esse é um projeto de meritocracia. A criança vai lá, estuda... É uma criança que não tem condição nenhuma... A gente foi para Salvador e, para a gente chegar à casa de um aluno que foi campeão olímpico, a gente teve que ter escolta policial, porque ninguém entrava lá. A gente chegou lá, uma casa de chão batido. Eu falei: "Não é aqui que esse aluno mora; não é possível isso". E estava lá, um aluno, com a escrivaninha dele, com o caderninho dele, e a gente pôde levá-lo para passar o dia inteiro com o senhor. Isso marcou a vida dele. E, depois disso, ele recebeu proposta para participar de escolas particulares, de universidades, para sair fora do Brasil.
Então, assim, poderia falar a tarde inteira, como todos aqui, mas isso mostra um pouquinho o poder encantador que têm as olimpíadas científicas.
Parabéns a todos os coordenadores e parabéns a V. Exa.! (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Roberto.
Sem dúvida nenhuma é importante a gente ouvir essas ideias, essas impressões e perspectivas que são muito importantes para formar o contexto do que a gente está fazendo aqui hoje.
Então, passo a palavra para as suas considerações finais também, ao Prof. Jean Catapreta.
O SR. JEAN CARLOS ANTUNES CATAPRETA (Para expor.) - Bom, eu queria começar falando da importância da institucionalização da Olimpíada do Conhecimento como política pública, que está sendo proposta aqui, porque é muito importante.
Eu até conversei com o Spada aqui um pouco antes de começar, a gente falando e ele falando da questão de patrocínios. A gente também já viu questão de patrocínios - tem Itaú, tem Petrobras, tem algumas empresas que patrocinam algumas Olimpíadas do Conhecimento, mas a grande maioria não. Elas acontecem por iniciativa de todos, e é necessário que haja uma política pública para isto: a instalação de um Mês de Olimpíadas do Conhecimento, o Dia da Olimpíada do Conhecimento. Isso é extremamente importante, apesar de ser simbólico mesmo, não vai acontecer nada especial, mas é simbólico porque abre um leque de opções para várias coisas que podem ser feitas. É de suma importância, porque... O que a gente está fazendo aqui? Eu vou para vários lugares do Brasil, o Canalle viaja muito mais do que eu pelo Brasil, e, na quantidade de coisas que a gente vê acontecendo, parece mentira acreditar.
A gente está mexendo com a vida das pessoas, elas estão sendo transformadas, elas estão sendo mudadas. Uma criança de 10, 12, 13 anos de idade que ganha medalha na Olimpíada do Conhecimento, cujos pai e mãe veem o seu filho ali, sendo homenageado. Aquilo ali nunca vai ser a mesma coisa de novo; muda, transforma.
Então, é de suma importância que aconteça o que está acontecendo aqui hoje por causa disso.
A gente tem que ter muito cuidado porque, graças a Deus, estamos conseguindo transformar para melhor a vida de milhões de pessoas no Brasil.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Prof. Jean Carlos Antunes Catapreta, Coordenador da Olimpíada Nacional de Ciências.
Eu passo a palavra agora para o Sr. Leonardo da Costa Meireles, Coordenador da Vitalis, Olimpíada de Medicina.
O SR. LEONARDO DA COSTA MEIRELES (Para expor.) - As minhas considerações finais são muito do que o Prof. Jean comentou.
Imagine a seguinte situação: se a cada quatro anos ou a cada governo, enfim, o SUS necessitasse de patrocínio, de verbas, sempre com aquela correria dos profissionais da saúde. Disso não se necessita, porque é uma política de Estado.
Então, as olimpíadas, eu acredito que, como o Prof. Daniel provocou com a questão da frente parlamentar, poderiam induzir isso a outros Senadores para mostrar: "Olha, isso aqui realmente é sério, isso aqui necessita de uma política pública fortíssima" - chamar os reitores de todas as universidades federais, conversar com eles, com diretores, com todos, para criar, assim... para chegar a um nível ideal, quem sabe, de não necessitar mais de patrocínio. "O patrocínio vai ser um mecenato de alguns empresários, mas não, vai vir do Estado mesmo, porque isso aqui é sine qua non, está na Constituição, faz parte da educação.
As olimpíadas... Desses depoimentos que a gente ouviu, de tantos outros que o Prof. Daniel fala e que a gente conhece, é empírico e tem evidência mais do que científica que realmente é uma política excelente, ainda de baixo custo, e que muda vidas totalmente.
Essa é a minha consideração final.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Sr. Leonardo da Costa Meireles, Coordenador da Vitalis, Olimpíada de Medicina.
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Com a palavra, online, a Profa. Nara Martini Bigolin, cientista da computação, Professora da Universidade Federal de Santa Maria e Coordenadora do Movimento Meninas Olímpicas, para as suas considerações finais.
Por favor, Professora.
A SRA. NARA MARTINI BIGOLIN (Para expor. Por videoconferência.) - Inicialmente, eu queria agradecer a parceria das Coordenadoras das Olimpíadas Femininas: a Profa. Maria Luiza, a Profa. Patrícia, a Profa. Maria José, e, da Matemática, a Ana Paula e a Clara. Mas eu acho que vou encerrar a minha fala aqui como mãe olímpica, já que nesta audiência não teve nenhum pai, uma mãe falando.
Eu comecei... Hoje sou Coordenadora, mas já fui mãe olímpica, eu tenho duas filhas que fazem Olimpíada Científica. Inclusive, a pessoa que conquistou a medalha de ouro para o Brasil é uma das minhas filhas, elas conquistaram mais de 80 medalhas em Olimpíada Científica. A minha mais velha hoje estuda em Stanford, faz Computação, e a segunda começou a fazer a Universidade de Rochester. E aí tem um dado interessante: ela chegou segunda-feira a Rochester, e ontem ela me enviou uma foto. De quem era essa foto? Essa foto era dela e de um menino. Aí acho que todo mundo vai lembrar. Vocês lembram a história do menino que era filho de uma catadora de lixo, que saiu no Fantástico, um tempo atrás, inclusive saiu uma reportagem no Itaú? Pois é, ontem ela estava jantando com esse menino. Então, as olimpíadas transformaram a vida desse menino. Ele foi para uma escola privada em Fortaleza, depois ele foi para um colégio internacional UWC, acho que foi na Holanda, e agora ele se firmou recentemente em Rochester. Minhas duas filhas hoje estão no exterior, elas têm bolsa para estudar lá, porque as universidades custam US$90 mil por ano. Eu sou exemplo, sou mãe de duas meninas, de que as olimpíadas mudaram a vida delas. E as oportunidades que criaram para elas e todos os colegas delas é realmente enorme.
Então, eu estou aqui, agora no papel de mãe, para que todos os pais e mães que estão nos assistindo agora incentivem seus filhos a fazer a olimpíada, porque a olimpíada muda a vida de cada estudante, e, mais do que isso, cria oportunidades que não se conseguem de outra maneira.
E eu queria, então, para finalizar, agradecer a oportunidade, e principalmente ao Roberto, porque o Roberto conseguiu me encaixar ontem, de ontem para hoje, e obrigada pela oportunidade. E eu peço - hoje as Olimpíadas Femininas não têm recursos, a gente trabalha só com trabalho voluntário, todo mundo trabalha voluntário - que tenha verbas especiais para as Olimpíadas Femininas, porque hoje a representação é muito, muito, muito pequena.
Então, é isso, muito obrigada pelo espaço. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Profa. Nara Bigolin, e parabéns pelo resultado das suas filhas. É exatamente esse tipo de depoimento que a gente precisa aqui, que isso incentiva e muda a vida desses jovens.
Eu passo a palavra, para as suas considerações finais, então, para o João Vitor Garcia Geiss. Ele é aluno do 8º ano do fundamental II e multimedalista olímpico.
João Vitor, para as suas considerações finais, por três minutos.
O SR. JOÃO VITOR GARCIA GEISS (Para expor. Por videoconferência.) - Bom, eu gostaria primeiramente de agradecer ao senhor, Marcos Pontes, e ao Sr. Roberto, por ter me convidado a participar desta audiência. Realmente é uma honra para mim poder estar aqui, ao lado de fundadores de olimpíadas, ao lado de divulgadores olímpicos, por exemplo, um representante da OBsat. Eu queria apenas mencionar que eu estou participando dessa olimpíada e, para mim, tem sido uma das melhores experiências que eu já tive, uma das olimpíadas mais fascinantes de que eu já tive a oportunidade de participar, justamente por essa possibilidade de ser uma olimpíada "mão na massa", onde você tem que realmente construir o seu projeto. Existem muito poucas outras olimpíadas em que os alunos têm essa possibilidade.
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E eu gostaria de agradecer a todos, ao Sr. Leonardo, ao Sr. João Canalle, ao Sr. Daniel Lavouras e ao Sr. Jean Carlos, por todas as olimpíadas, justamente porque... E à Sra. Nara, por todas as olimpíadas que vocês têm fundado, porque elas realmente mudam a vida dos alunos e elas mudaram a minha vida.
E o meu intuito, o meu objetivo, a minha missão, enquanto aluno que teve a sua vida completamente transformada pelas olimpíadas, é levar essa possibilidade para o máximo de pessoas possível. É uma honra poder para mim estar aqui.
Muito obrigado de verdade pelo convite. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Vocês acabaram de ouvir o João Vitor Garcia Geiss, futuro engenheiro do ITA e, quem sabe, futuro astronauta também, multimedalista olímpico.
Então, para as suas considerações finais, o Prof. Daniel Lavouras, também do ITA. Vamos fazer propaganda da nossa escola.
O SR. DANIEL LAVOURAS (Para expor.) - Senador, obrigado pela oportunidade.
Eu acho que, como o Roberto falou, diversas coisas discutidas aqui no Congresso são discussões, e hoje a gente teve um diálogo produtivo e convergente, a gente converge em 99%, ecoa uma energia positiva aqui da fala de um no outro. Acho que essas olimpíadas não podem ser uma aspiração, um desejo, isto é imperativo para o país: que elas possam exercer realmente todo o seu pleno potencial, e falta muito pouco, e está demonstrado que elas têm um custo extremamente barato. Elas atingem as áreas mais plurais possíveis, elas são a transição do conhecimento para o "mão na massa". João Vitor, dá uma olhada na Olimpíada de História, na Olimpíada do Futuro, na Olimpíada de Empreendedorismo... Tem olimpíadas muito legais: tem a Olimpíada de Agropecuária; tem as Olimpíadas de Física e de Química, que têm etapas experimentais, têm toda essa transição. Elas são muito mais do que provas, elas são tesouros escondidos.
E, para finalizar, citando um tesouro, que é um caso conhecido, mas, como aqui a gente está transmitindo e eu não sei quem está assistindo, Prefeito, preste atenção: Cocal dos Alves. Joguem este nome no Google: Cocal dos Alves Olimpíadas. Há muito tempo, um professor chamado Antônio do Amaral... Cocal dos Alves está no interior do Piauí, a realidade de Cocal dos Alves: estava entre os 50 piores IDHs do país, de cinco mil setecentos e não sei quantos municípios, com 30 mil habitantes, e nenhum médico na cidade, era a realidade de 20 anos atrás. Um professor, Antônio do Amaral, acreditou que ele deveria aplicar a Olimpíada de Matemática e quebrou a barreira - porque várias escolas não quebraram essa barreira, várias cidades não quebraram essa barreira e não aplicam as olimpíadas. E a gente sabe que há talento em todas as salas de aula de todas as escolas do país. Às vezes, o talento é aquele cara que está lá no fundo. Às vezes o talento nem está indo à aula; ele não foi descoberto, e aquele aluno é o que ganhou a olimpíada. O Prof. Jean Catapreta, o Prof. Canalle, todo mundo já viu isto acontecer: a olimpíada resgatar... "Não, essa alma está perdida. Esse aqui vai ser bandido", e foi salvo pelas olimpíadas. Salvo!
(Soa a campainha.)
O SR. DANIEL LAVOURAS - Esse Prof. Antônio do Amaral acreditou que deveria aplicar a Olimpíada de Matemática, e um aluno teve um excelente desempenho e começou a ganhar uma bolsa, que era uma parceria do Impa com algum instituto, começou a ganhar R$100 por mês, alguma coisa assim. Ele chegou em casa e contou feliz da vida para o pai e para mãe. Eles almoçaram, e ele disse: "Pai e mãe, vamos lá pegar na enxada" - 95% dessa cidade dependia do Bolsa Família, 95%. "Filho, enxada?", as pessoas podem ser simples, mas elas não são idiotas, "Filho, hoje de tarde você não vai pegar na enxada, você vai estudar matemática. Você agora é um terço da renda da família". E isso inspirou outros estudantes, outros professores, outros pais, e a escola, que era a única escola, se não me engano, de ensino médio em Cocal dos Alves, começou a viver isso que a gente chama de febre olímpica. Vinte anos depois, o Ideb de Cocal dos Alves está acima da média da capital Teresina, o Ideb de Cocal dos Alves está acima da média nacional. Cocal dos Alves tem médicos...
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(Soa a campainha.)
O SR. DANIEL LAVOURAS - ... todos os médicos são olímpicos. A república de alunos de Cocal dos Alves estuda nas principais escolas do país, em Fortaleza, em Teresina. Então, tem alunos de Cocal dos Alves indo para as melhores universidades do mundo por causa das olimpíadas. Por que não Cocal dos Alves ser replicado em todas as cidades do país, em todas as escolas? É isso que se quer.
Novamente o apelo para que esta pauta seja uma unanimidade aqui no Congresso e que se possam ajudar as olimpíadas das mais diversas maneiras para que elas não fiquem vulneráveis, dependendo de editais, dependendo do Governo A ou do Governo B. As olimpíadas têm que ser abraçadas e têm que ajudar o país. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Astronauta Marcos Pontes. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - SP) - Obrigado, Prof. Daniel Lavouras, vulgo Bagual.
Acho que ele falou tudo aqui também. É um exemplo prático, e o Prefeito está aqui; o Prefeito de Guararapes, em São Paulo, Alex Arruda, aqui conosco também.
E, só antes de terminar, eu gostaria de, primeiro, agradecer de coração a presença de cada um dos nossos palestrantes, que estão aqui presencialmente, e àqueles que estão também online aqui conosco, remotamente. Agradeço ao João Vítor também, que foi a demonstração clara aqui do efeito; à Raquel, aqui conosco também; e a cada um dos que nos acompanharam remotamente pela TV Senado e pelas redes.
Eu espero que fique gravado tudo isso e todos os dados. Também as apresentações vão estar lá na rede do Senado para poder fazer o download, ver tudo isso novamente e raciocinar sobre a importância do que nós falamos aqui hoje. Não é simplesmente a questão do estabelecimento de um mês para comemorar. Isso aí é uma coisa muito representativa para o país, e eu acho que é bom para colocar consciência em todas as autoridades do país da importância de se investir em educação e de se investir nas Olimpíadas Científicas como uma ferramenta estupenda para que nós possamos desenvolver nos jovens os seus talentos, desenvolver o seu gosto pela educação, e que eles percebam que, através da educação, conseguirão transformar a vida.
Então, quero novamente agradecer a todos e à nossa mesa também aqui de apoio, que manteve tudo funcionando perfeitamente. Obrigado pelo trabalho de vocês.
Não havendo mais nada a tratar, eu agradeço a presença de todos e declaro encerrada a presente reunião.
Obrigado a todos.
Uma ótima sexta-feira amanhã e, depois, ótimo final de semana.
(Iniciada às 14 horas e 23 minutos, a reunião é encerrada às 17 horas e 15 minutos.)