31/08/2023 - 12ª - CPI DAS ONGS

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Fala da Presidência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 12ª Reunião da Comissão criada pelo Requerimento do Senado Federal nº 292, de 2023, para investigar a liberação, pelo Governo Federal, de recursos públicos para ONGs e OSCIPs, bem como a utilização por essas entidades desses recursos e de outros por elas recebidos do exterior, a partir do ano de 2002 até a data de 1º de janeiro de 2023.
A presente (Falha no áudio.)... externa de lideranças indígenas diretamente relacionadas ao objetivo desta Comissão Parlamentar de Inquérito.
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Vou só repetir, porque nós estamos transmitindo ao vivo agora para todo o Brasil, via Senado. Eu vou repetir a pergunta que fiz a vocês.
Basicamente, nós viemos aqui para saber se o Instituto Socioambiental (ISA), que pegou, só de uma fonte, R$12 milhões para fazer um plano de gestão no Alto Rio Negro, para ajudar as comunidades indígenas, pegou 12 milhões há três décadas, mais ou menos... É importante para nós, Senadores da República, para o Marcio Bittar, que aqui está, nosso amigo do Acre, para o Chico Rodrigues, que aqui está, nosso amigo de Roraima, é importante saber, porque o ISA diz que consultou aqui, cerca de 50 pessoas fizeram parte dessa gestão, desse plano de gestão. Eu pergunto aqui a mais de cem pessoas indígenas qual de vocês foi consultado pelo ISA ou se o ISA consultou algum de vocês alguma vez na vida? Sim ou não?
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Nenhuma vez?
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Nenhuma vez.
(Manifestação da plateia.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Vamos já ouvir então todos nesse sentido.
Senador Chico Rodrigues, Senador Marcio Bittar, Plínio Valério, em nome da Comissão, da CPI, em nome de todo o Senado da República, é oficial o que estamos ouvindo aqui. Portanto, é importante que a gente ouça. Se vocês tiverem reclamações a fazer, pedidos...
(Interrupção do som.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - ... por aldeias, por localizações, pessoal de Pari-Cachoeira, Taraquá, Rio Içana, Alto Içana e Alto Rio Negro. Tivemos um contratempo porque ia vir de lá do pelotão para cá, isso consumiu mais de meia-hora, ou seja, nós temos que, então, acelerar um pouco. Mas por nenhum minuto vamos deixar de permitir que vocês falem, porque quem levou 14 dias para chegar aqui, 10, 7 dias para nos ver e falar conosco, merece todo o nosso respeito.
Por essa exiguidade no tempo, a gente vai... A turma de Pari-Cachoeira é a maior turma que tem aqui. A gente vai ter, infelizmente, que limitar o tempo em três minutos para cada um. Eu pergunto se está bom assim, a gente poderia, para dar voz a todos. A gente tem aqui para falar, em nome de Pari-Cachoeira, Armindo Tenório Pena. (Pausa.)
Enquanto o Armindo se desloca, eu preciso saber se a Sra. Profa. Efigênia Maria Macedo, que é da Escola Indígena Pedro Massa, foi convidada e se está aqui por nós. Seria muito importante a sua presença aqui. A Profa. Efigênia está presente? (Pausa.)
É importante que todos saibam que nós convidamos e gostaríamos, seria um prazer imenso, de conversar com ela.
Armindo, a gente pede só a compreensão. Sabemos que três minutos, normalmente, é pouca coisa, mas é importante pra nós - tá, Armindo?
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O SR. ARMINDO TENÓRIO PENA (Para expor.) - Bom dia!
Bom dia, mais uma vez!
(Manifestação da plateia.)
O SR. ARMINDO TENÓRIO PENA - Está bom.
Hoje é um dia muito grande, dia esperado, e vamos fazer um pequeno depoimento para as instituições que estão no meio da gente.
No meu entender, nós temos duas instituições? Uma é o ISA e a outra é a Foirn. A Foirn é o puro indígena, no meu ponto de vista.
Eu queria dizer o seguinte: a gente sabe... ISA e Foirn são dois parceiros - são dois parceiros -, na verdade.
Em 1500, quando o Brasil foi descoberto, nós fomos massacrados, enganados, mulheres estupradas pelos portugueses. Logo depois apareceu o SPI (Serviço de Proteção aos Índios). Fez a mesma coisa. Em seguida, apareceu o ISA e a Foirn. Aí, no meu ponto de vista, a gente percebe, não é? Chegou muito dinheiro, chegou muito dinheiro. E cadê esse dinheiro? Onde foi parar? Alguém sabe? Aqui, a gente não tem nada. Vocês estão vendo a nossa realidade: não tem nem transporte, comunicação... Cadê a internet? Prometeram que ia colocar. Foirn e ISA junto, parceiros, prometeram que iam colocar internet para todas as comunidades e, até agora, nada, zero! Estão vendo, gente? É isso, essa é a nossa realidade.
O que mais que tem para falar? Tem muita coisa para falar, gente. Não precisaria três minutinhos, não. Assim não vou terminar, não. Está bom?
Outra coisa que eu queria dizer em nome deles, das instituições. Eles têm casa boa, eles têm voadeira, gasolina suficiente, andam para lá e para cá, salário alto ainda, salário milionário que eles têm lá, não é? A turma das instituições. Está bom?
E tem mais. O que está faltando para nós? Embora tenha chegado tanto dinheiro, em nome da população indígena, em nome da preservação da floresta, veio muito dinheiro, e estamos na pobreza, gente. Por que a gente não muda agora para outras instituições. O ISA e a própria Foirn se interessaram somente pela instituição, e a diretoria se preocupou somente com eles. E para nós, eles não se preocuparam com nada.
Agora, lá no Plano de Gestão Territorial, a gente falou: "Bem viver, bem viver, bem viver". Onde tem bem viver para nós? Não existe bem viver para nós enquanto a gente não tem transporte, enquanto a gente não tem comunicação, internet na escola a gente não tem. Tudo a gente não tem para eles. É triste! Embora tenha chegado tanto dinheiro, não é? Vocês acham bom? Eu, particularmente, não estou achando bom, não.
Se a gente fosse branco... Lá no dia 5, por aí, 8 de janeiro deste ano, os brancos, não gostando do Lula, sabe o que eles fizeram? Foram quebrar a Esplanada do Ministério. Essa deveria ser a hora de nós também acabarmos com a sede do ISA e acabar com a sede da própria Foirn, quebrando tudo. Assim, pelo menos, deveria valer. Está bom?
Agora, se vem recurso em nome da população indígena, em nome da preservação da floresta, deveria vir como Bolsa Família, onde todo mundo ficaria alegre, onde todo mundo... Assim dá para fazer. Caso contrário, as coisas não vão funcionar no meu ponto de vista.
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Está bom?
Vocês deixam rapidinho como tucano?
(Pronunciamento em língua indígena.)
O SR. ARMINDO TENÓRIO PENA - O Pessoal da Foirn, o pessoal do ISA - chega -, a gente não aceita mais eles, não, recebendo dinheiro em nosso nome. Como eu falei antes - não é? -, eles lá são beneficiados, estão ficando ricos, e nós nada.
Obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Armindo Tenório Pena, eu queria... Me desculpem, mas eu tenho que voltar ao assunto.
Esse deslocamento nosso do batalhão para cá, daqui para lá, tomou da gente no mínimo uma hora, e nós somos limitados para voar pelo comandante da aeronave. Como do pessoal de Pari- Cachoeira aqui tem mais de 14, seria possível falarem 4 - o Sr. Armindo, que falou, e mais 3 -, em nome desses 10, 12, para a gente? Porque depois nós vamos falar dos problemas, das soluções, de tudo.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Pois é, então, como...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Isso...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Eu não ouvi bem a sugestão de... (Pausa.)
Ah, correto, correto! Ah, beleza, entendi, entendi, sim!
Então, vamos deixar só mais um de Pari-Cachoeira falar, depois teremos Taracuá, Rio Içana, Alto Içana e Alto Rio Negro.
Tem outro aí para a gente anotar aqui? (Pausa.)
Não, não é? São esses? (Pausa.)
São esses aqui, então.
Então, só para encerrar, Pari-Cachoeira, chamamos mais um, Lucas, de Pari-Cachoeira e vamos, então, depois passar para Taracuá; só mais um de Pari-Cachoeira. Quem seria? (Pausa.)
Rosamira? (Pausa.)
Jocimara? (Pausa.)
Jocimara Bosco Brandão.
A SRA. JOCIMARA BOSCO BRANDÃO (Para expor.) - Boa tarde a todos!
(Manifestação da plateia.)
A SRA. JOCIMARA BOSCO BRANDÃO - Seja bem-vinda, aqui, a equipe do Senador Plínio Valério!
Então, o meu nome é Jocimara Bosco Brandão. Realmente a gente desconhece o nome que consta aí na lista, porque, em nenhum momento, eles chegaram consultando aqui na nossa comunidade. Falam tanto da consulta, do protocolo da consulta, mas infelizmente eles não vieram nos consultar aqui. Eu escutei um monte de nome aí que está ali na Foirn trabalhando, há anos. Pra eles está tudo o.k., mas pra nós está péssimo, porque a gente nunca viu, nunca vai ver o dinheiro que o pessoal do ISA veio receber em nome aqui do distrito, em nome de todos os indígenas, não é? Porque eles vieram mudando o nosso nome.
Então, vendo essa situação, eu abracei a CPI das ONGs. Em nenhum momento, eu nunca vinha fazendo escondido, eu sempre ficava postando o que eu vinha fazendo. Isso eu quero colocar aqui. Quando eu cheguei aqui, os ongueiros que fazem parte do pessoal da Foirn vinham fazendo a cabeça dos meus parentes aqui. E, quando eu cheguei aqui, aqui era um inferno, porque eu me desloquei daqui pra fazer minha faculdade, então, quando eu cheguei aqui, aqui estava um inferno, porque o pessoal da Foirn fez a cabeça dos meus parentes aqui, dizendo que eu, Jocimara Bosco Brandão, juntamente com o Tio Lucas, de Taracuá, vendendo terra. Em nenhum momento, eu ando vendendo terra por aí, não, gente. Olha os nossos próprios parentes usando o nosso nome pra enriquecerem. Entendeu? Então, tem alguns parentes meus aqui que não gostaram quando eu cheguei aqui. Infelizmente, eu levantei a voz e gritei aqui. Quando eu estava fazendo reunião aqui, caíram pra cima de mim. Voltei aqui, saí daqui desse salão pra minha casa, pra casa do meu pai. Um cidadão, um moleque de rua, quase me bateu ali no meio do caminho. Assim que eu estou passando: eu estou sendo... Eu estou sendo... O pessoal... Os próprios parentes estão me perseguindo, falando mal de mim. Sabe por que que eu entrei na CPI das ONGs? Porque eu estou cansada de ver o sofrimento dos meus parentes aqui, no distrito de Pari-Cachoeira, e tanto no distrito como nos outros distritos, não é?, porque eu vinha subindo nas comunidades, conversando com as lideranças. Então é isso, gente, porque a gente está cansado já, sendo usados.
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Então eu digo, fora ISA! A gente tem que trocar os diretores da Foirn, gente. É melhor a gente trocar. Estamos cansados já, porque eles já vêm usando o nosso nome há anos. São 36 anos de existência da Foirn aqui no Alto Rio Negro. Quem fundou essa Foirn foram os meus pais, meus tios, meus irmãos maiores, que estão vivos ainda. Infelizmente, só Pedro Machado, que foi a óbito. Então é isso, gente. Isso que eu quero colocar aqui. Então, fora ISA daqui do Município de São Gabriel da Cachoeira! E a gente tem que trocar a diretoria da Foirn. Estamos cansados, gente. Estamos cansados, por isso que estamos pedindo socorro para os senhores. Então é isso.
Muito obrigada a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Ao pessoal de Taracuá, obrigado, Jocimara Bosco Brandão, que é muito responsável pela nossa vinda, por essa organização.
Eu agradeço mais uma vez, Jocimara.
Do Taracuá nós temos José Lucas, João Pedro, Romival e Marilene. Dois poderiam vir aqui? Desses quatro? Tá bom. Então temos aqui o Lucas e o outro? João Pedro, Romival e Marilene. (Pausa.)
Só o João Pedro. Então, depois do Lucas, teremos o João Pedro.
O SR. JOSÉ LUCAS LEMOS DUARTE (Para expor.) - Senhores, autoridades, boa tarde. Excelência, com muita satisfação, encontramos vocês aqui, enfim, dentro do tempo almejado. Nós estamos aqui, Sr. Senador.
Eu me represento, sou liderança nata, não preciso de votos, eu sou original de Taracuá, onde estamos sofrendo por causa de várias situações, muitas das vezes, não oriundas dos nossos parceiros ou dos nossos parentes, mas sim, muitas das vezes, vindas de umas ONGs que estão aqui dentro da nossa região.
Não precisamos mais estar submissos, alienados às ONGs que pertencem a essa região, dizendo que estão fazendo o bem para a população indígena. Em nenhum momento vejo, de fato, acontecer o bem-estar, o bem-viver e a sustentabilidade pregada há anos, há 36 anos.
Antes, nós éramos tutelados pela Funai, passou a categoria para missionários, depois vieram as ONGs. Quando é que nós teremos, de verdade, a liberdade própria de gerir o nosso território, tirar as nossas riquezas e parar com essa figura de índio pedinte? Nós somos ricos aqui na Amazônia.
Temos medicinas tradicionais, temos nióbio, ouro, diamante, nós temos várias riquezas dentro da região e ainda argumentam, falam que você não pode... Mantenha a sua cultura! Manter cultura não é manter a miserabilidade, gente!
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Então, perante as autoridades aqui presentes de Brasília, Senadores, o Presidente da CPI, de coração, eu quero que tomem uma atitude, que o Brasil seja, de fato, comandado pelos nossos brasileiros, e não estrangeiros... Células com... Querendo situações, se criar, para poder usufruir da ingenuidade dos indígenas.
Hoje somos estudados, antes a gente era tutelado. Hoje nós queremos comandar o nosso território. Para tanto, Sr. Senador, não queremos mais ONGs dentro da nossa região. Nós queremos andar com nossa própria perna, apoiados pelo Senado Federal, pelo Presidente da República, enfim, trazendo projetos, programas que possam de fato ver o nosso indígena com autossuficiência, porque somos cidadãos brasileiros. Somos também, de tudo, de tudo, naturais dessa região. E por que hoje nós temos que ficar submissos à ONG, não podendo tirar, matar o seu peixinho para poder sobreviver? Hoje nós estamos aqui na pendenga, precisando de auxílio e Bolsa Família, enquanto nós poderíamos estar adicionando à economia do país, no petróleo, nos minérios, na natureza que nós temos aqui - assim, adicionando à economia do país.
Hoje estamos elencando, pedindo socorro ao Senado Federal por causa disso. Agradeço porque está aí o Exército Brasileiro, as Filhas de Maria Auxiliadora e as lideranças presentes, que, com certeza, estão com o mesmo objetivo aqui.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Temos, por Taracuá ainda, João Pedro da Silva. O João Pedro da Silva, de Taracuá, veio...
Eu queria que, quando começasse a falar, desse só o nome e de onde veio, para que o Brasil tome conhecimento... Eu queria, por curiosidade, para matar a curiosidade do brasileiro... Por exemplo, quem veio de Taracuá para nos ver e falar conosco, quantos dias, quantas horas, sei lá, se passaram pra chegar aqui? Eu gostaria dessa informação, que é para o brasileiro entender que, quando se fala de Amazônia, a gente não fala em horas, a gente fala em dias.
E vocês que vieram aqui... Tem aqui gente que veio, eu acho... Os kuripacos; até 14 dias para poder chegar aqui. Os baníuas levaram mais de uma semana. Então, seria importante a gente dizer isso pro Brasil tomar conhecimento do quanto vocês estão ávidos, de quanta indignação toma conta de vocês, o que dá motivo para fazer essa viagem para conversar conosco, com Chico Rodrigues, com Marcio Bittar e comigo, que representamos o Senado Federal aqui.
Então, com a palavra, João Pedro da Silva, de Taracuá.
João Pedro, eu queria só que você dissesse quantos dias levou para chegar aqui.
O SR. JOÃO PEDRO DA SILVA (Para expor.) - Boa tarde a todos.
Então, eu me chamo João Pedro da Silva, desana, sou líder da minha comunidade. Vim aqui representar dez comunidades do Baixo Rio Uaupés. Fica lá embaixo, para quem conhece.
Até chegar aqui da minha casa, eu embarquei 2h da madrugada, subimos... E tive que voltar... Dependendo do rio, teria que voltar para Taracuá. A gente veio de barco. A gente acabou chegando de voadeira. A gente levou quase três dias e meio, e aqui chegamos ontem. Eu sou de mais perto. Tenho parentes que são de mais longe, não é?
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Então, eu estou aqui, em primeiro lugar, querendo pedir a Deus por esta oportunidade que eu esperei há muito tempo. Eu nunca pensei que eu estaria aqui, diante dos Senadores. São governos que estão aqui para nos ouvir.
Há muito tempo, estamos passando a situação que nós... Quando fundamos a federação de indígenas foi exatamente para a melhoria de qualidade das populações indígenas. Isso, na minha conta, há 36 anos. Não se vê a mudança de qualidade de vida, principalmente, eu do Baixo Rio Uaupés - não mudou nada até hoje.
Então, por isso, eu, João Pedro, Sr. Senador, estou aqui para dizer ao senhor... E eu estou cansado de ver meus parentes, que estavam nos representando, da federação, sendo manipulados pela instituição ISA. Isso me dói, eu fico triste quando eu acho isso. Não é só neste ano, mas 36 anos que ele está aí. O senhor também confirmou.
Então, estou aqui também para confirmar o que falaram - estou aqui. Então, eu estou cansado. Eu solicito aos senhores, porque o Governo tem esse poder de destituir essa instituição ISA e talvez também os diretores da Foirn e os seus funcionários, porque ninguém pode sobrar. Se sobrar, o veneno vai ficar, e a gente não quer. Quer destituição por completo.
Obrigado a todos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Sr. João Pedro da Silva...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Não, não, digo só para comentar. Dez dias e meio para chegar aqui para nos ver, para poder desabafar. É importante. Este é um dos trabalhos que o Marcio, que o Chico Rodrigues, que nós temos feito: levar para o Brasil o recado.
Se nada disso pudesse surtir efeito - e vai surtir -, só desabafar, levar o desabafo de vocês ao Brasil, ao conhecimento do brasileiro, é necessário, porque, se depender dessas ONGs, se depender da Foirn e do ISA, vocês continuarão invisíveis. Este é um dos nossos trabalhos: dar visibilidade verdadeiramente a quem merece e a quem precisa.
Eu tenho aqui... Me permitam o Chico e o Marcio, porque nós tínhamos a emenda para Taracuá, que era uma emenda de R$350 mil, para construir um pavilhão de artesanato em Taracuá. Foi um pedido acho que do Lucas. O dinheiro saiu, a licitação foi feita, a empresa ganhou. Aí veio a covid. Quando acabou a covid, a empresa simplesmente disse que não ia mais fazer, porque o dinheiro não dava, e o dinheiro foi perdido. Então, esse compromisso nosso continua com Taracuá. Nós vamos, de alguma forma, poder ajudar individualmente.
Do pessoal do Rio Içana, nós temos aqui o Sílvio Benjamin, o Sergio Camico, o Pedro Luciano, o Amarildo e o Januario. O Sílvio me mostrou, ele quer ler uma carta, e essa carta vai tomar o tempo de todo o pessoal. Eu pergunto se a turma concorda com isso, o pessoal do Içana. (Pausa.)
Pessoal do Içana, que ele leia a carta, então, em nome de vocês.
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O SR. SÍLVIO BENJAMIN (Para expor.) - Boa tarde, parentes e a comitiva do Senador Plínio Valério, Presidente da CPI. Boa tarde a todos.
Bem, eu me chamo Sílvio Benjamin, etnia baníua. Eu sou natural de Castelo Branco, do Médio Rio Içana.
Então, como o Senador já falou, eu vou pedir um tempo para uma leitura aqui de um parágrafo, só para ficar ciente, para ficar de acordo com a nossa fala aqui e conforme as falas dos pares que já foram feitas aqui.
Bem, a carta vai ser entregue, e peço aos senhores que assinem a lista que eu dei para a Jocimara rodar aí, para ter peso a nossa carta aqui.
Então, a carta é a seguinte... Eu consultei algumas lideranças que passaram no movimento indígena. A gente não é contra o nosso movimento, mas a gente quer transparência do nosso movimento indígena. Por isso, fizemos esta carta, para apresentar agora, na sessão da CPI que está acontecendo aqui, na nossa comunidade do Distrito de Pari-Cachoeira:
Viemos mais uma vez nós povos indígenas, residente na Terra Indígena do Alto Rio Negro de 23 grupos étnicos 700 aldeias, 50 mil indígena em nome da Constituição Federal de 1988 artigo 231 e 232, Lei 6001 de 73 e Convenção 169 da OIT. Para a seguranças, autonomia, autodeterminação e bem viver das nossas crianças, jovens, agricultores, pescadores e indígena de fato que ainda residem nas comunidades Indígena, queremos dar o nosso depoimento na CPI das ONGs. Queremos nesta CPI relatar algumas violações sofrida por parte das ONGs que defende seu Interesses individuais e unilateralista, como é o caso das ONGs instalada em São Gabriel da Cachoeira, estado do Amazonas, FOIRN e ISA. Consideramos que a FOIRN EXERCEU o seu papel como organização de defesa dos direitos dos povos indígenas desde 1987 até 2012. Não podemos deixar de nós reconhecer grandes lideranças e suas personalidades políticas como: (Álvaro tucano, Pedro Garcia. Domingos Barreto, Gersen Baniwa, Erivaldo Cruz, Orlando Melgueiro, Max Miliano, Abraão França, Bras França, Renato Matos, Luiz Brasão, Pedro Machado e Irineu Baniwa) essa liderança tinha personalidades, autoridade, humildade, [...] [criatividade] e qualidade como lideranças Indígena, eles estavam preocupado com a (educação indígena, saúde indígena, defesa da terra, cultura, língua, implementação de política pública do governo municipal, estadual e federal, discussão avançada de ensino superior indígena, projeto de sustentabilidade, segurança alimentar e outros meios de bem viver que as comunidades indígenas almejavam). Portanto, tudo isso está praticamente e politicamente estagnado pela atual diretoria da foirn, todos as lutas construída, pensada, discutida e planejada pelo povos indígena do Rio Negro, atualmente está completamente dizimado pela atual diretoria da FOIRN, em conjunto com ISA, essas ideologia pararam de andar foirn construí outro modelo de ideologia monopolista, utilizado pelo senhores feudais ''DONOS DE TERRAS'' logo após o período da colonização dos Indígena na costa litoral brasileira, no período de grande hegemonização do indígenas para serem tratados de (canibal, sem religião, sem língua, sem cultura, analfabeto, preguiçoso precisa se de alguém para guia-lo ou poder representa-lo) então toda discussão produtiva, criativa e protagonista da foirn foram mudada pela nova diretoria, que até hoje é a mesma diretoria a 12 anos, foirn perdeu toda a sua essência política e representatividade, nas quais está posta nesse depoimento.
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O texto continua, mas vou entregar para o Presidente da CPMI, Plínio Valério, agora.
Então, eu agradeço a oportunidade como representante do Médio Içana presente aqui. Não é fácil pra chegar, a gente gasta seis dias para estar aqui no Distrito de Pari-Cachoeira.
Muito obrigado à Comissão presente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Nós já conhecemos o Sílvio há algum tempo. A Comunidade Castelo Branco tenta a sua cooperativa, que é um direito de vocês povos indígenas a cavarem a terra que é de vocês, que dizem que é de vocês. Ele vem encontrando dificuldades. Então, com a ajuda de Chico Rodrigues e do Marcio Bittar, nós conseguimos colocar internet lá e levar também um gerador de energia. E, agora, Sílvio, ontem, saiu o pagamento do barco de vocês, viu? Agora, já podem verdadeiramente comprar o barco. E o Chico, o Marcio e eu nos colocamos sempre à disposição de vocês para ajudar de alguma forma para amenizar esse sofrimento.
Eu aproveito que nós estamos aqui com o Sílvio, que é baníua... Se vocês conhecem esta Associação Indígena da Bacia do Içana, que, em 2021, recebeu R$150 mil para fazer um projeto de artesanato e pimenta, galpão, capacitação e equipamentos... Alguns dos baníuas conhecem essa associação e sabiam que receberam R$150 mil?
O SR. SÍLVIO BENJAMIN - Na verdade, eu conheço a associação, mas eu não tenho conhecimento da verba que chegou lá... Nessa associação dos povos... Pertence lá ao Médio Rio Içana...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Sílvio, o teu povo içana... Alguma coisa desse dinheiro também vocês viram, sentiram? A construção de um galpão? Curso eu sei que eles fazem muito, seminário fazem demais. Eles vendem a Pimenta Baniwa, o ISA vende a Pimenta Baniwa. Eu não sei se é disso... Se você não tem conhecimento, eles estão usando a associação para enriquecer cada vez mais. Você tem alguma coisa nesse sentido?
O SR. SÍLVIO BENJAMIN - Eu conheço a associação, mas eu não tenho conhecimento sobre "enriquição"... De projeto de Pimenta Baniwa, artesanato... Eu não tenho conhecimento nesse caso.
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O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - A carta está recebida, Sílvio. Nós vamos, sim, colocar nos documentos da CPI.
Pessoal, do Alto Içana, o Tuli Melício da Silva. É kuripako o Tuli, já conheci, já conversei um pouco com ele. E teríamos também uma outra pessoa do Alto Içana, que pode ser de Deilton, Jaime, Olindo ou Hemerson, um desses aí.
O SR. TULI MELÍCIO DA SILVA (Para expor.) -
(Pronunciamento em língua indígena.)
O SR. TULI MELÍCIO DA SILVA - Boa tarde, meu nome é Tuli Melício da Silva e sou representante do povo kuripako. Neste momento, a gente veio de muito longe, gastei 14 dias até para São Gabriel. De lá, gastei mais seis dias com o pessoal. Já foi muito bom, porque venho de barco de madeira.
Então, é o seguinte: o objetivo de vir para cá... Historicamente, a gente tem essa opção de trabalhar com o pessoal que vem do estado, mas, infelizmente, a gente leva 30 anos no nosso município, que está pregando só assembleias, e essas assembleias falsificadas que levam 30 anos. E mais, que ele falava parte da capacitação de líderes. Eu pergunto: quanto a gente tem de líderes capacitados, formados em várias categorias? Eu... Da minha parte, lá na minha área, a gente não tem nada. Não sei se vocês têm.
Para eles, vieram fazendo as inscrições inexatas, que praticamente eles fazem, divulgam o nosso nome fora, identificando que eles são indígenas, mas eles não são indígenas, não, parentes. Então, para eles, são bons.
E, nesse caso aí, a gente já sabe ler e escrever. Ontem eu falava tanto que, nesses 30 anos, a gente fala em autonomia, e nunca chegaram a ser autônomas as nossas comunidades. Então, espero, aqui na frente, que já foram... Como vulgarmente vou falar, já roubaram o nosso dinheiro que veio em cima de nós. E, aqui na frente, a gente vai ter que trabalhar sozinho.
A gente já tem que parar firme na frente desse pessoal que está ali, fazendo como se tivesse um boneco para a gente. Fica aí, não fala nada e não faça nada. Se a gente apresenta algum projeto para desenvolvimento alternativo que tanto falam - que tanto falam -, que pregam aí de sustentabilidade, ele não está sustentando nada para a gente. A gente que sustenta a nossa família, nossas comunidades e nossas lideranças.
Então, isso... É bom que você perguntou aos baníuas. Se tivesse o nome do kuripako ali, aí estaria falando mal deles. Não está o nome do kuripako nessa lista ali, mas, quando você perguntou aos baníuas o que é Pimenta Baniwa... Quando eu fui professor na Escola Baniwa Kuripako - eu fui professor lá -, a gente colocava dessa forma para a gente poder ter autonomia de cada escola indígena, mas infelizmente quem foi que aproveitou? Aproveitou foi o ISA, levando nossos conteúdos, nossos parceiros para ele poder buscar seu dinheiro. Então, agora, neste momento, o ISA está divulgando o nome da Pimenta Baniwa para ser feita lá na Irlanda. Tipo uma...
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Como é que a gente chama isso? Ah, uma cerveja. Não sei quantos milhões que está dando por isso. E para os baníuas? Nada.
Ademais, a cesta básica típica, que a gente mais combina no artesanato, eles estão divulgando que eles pagam pouco, mas lá fora está em R$187 cada um balaio de 82cm. Mas lá quem faz isso é o ISA.
O.k.?
Muito obrigado.
Então, neste momento, já vou entregar o documento para o Senador. Ao mesmo tempo, o pessoal vai entregar alguns símbolos para ele poder levar como lembrança. O.k.? (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Eu tenho uma pergunta a fazer para o Tuli.
Parabéns, Tuli! Parabéns pela sua luta!
Nesses anos todos, Tuli, a você, que já é professor, acompanha e é pioneiro no movimento indígena, eu pergunto aqui - e claramente para que o brasileiro que está nos vendo agora possa saber a verdade, se fez ou se não fez -, nessa tua longa vida aqui no Alto Rio Negro, o que foi de positivo que o ISA fez aqui? O que o ISA fazia por aqui ou deixou de fazer? O que eles fazem muito ou fazem pouco?
O SR. TULI MELÍCIO DA SILVA - Praticamente, ele tem uma estratégia muito grande, porque, primeiro, ele consulta e depois faz um documento; em cima disso faz um projeto sem consultar com os povos, mas ele prega um projeto. Quando já vem tudo constituído, então de um aumento não apresenta resultado para o povo. É isso o que eles fazem.
Agora, faz parte que ele faz muito bonito para ele, porque com esse dinheiro que ele faz, ele tem bacana vida, bacana carro, tudo, e entra que a gente não tem nada.
Isso me preocupa. E, ademais, as comunidades ficam sofrendo. É grão viver, que eles dizem: para eles somos bons, ganham bom dinheiro em cima do nosso conhecimento. Ademais, identificam como parte do nosso povo.
E o que me dói mais, é que, quando a gente apresenta um projeto, aí ele tem que passar por mão deles. Então, isso acho que não acontece: em nenhuma lei se fala que tem que passar por meio disso, não é? Quem são autônomos são os capitães, as comunidades de um grupo étnico que querem trabalhar sozinho.
E isso que eu posso dizer para ti. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Obrigado, Tuli.
Marcio, Chico Rodrigues, está aí: o Tuli acaba de nos revelar que a Pimenta Baniwa é fabricada na Holanda...
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC. Fora do microfone.) - Não, fabricada aqui e vendida na Holanda
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Fabricada aqui e vendida na Holanda, a preços caríssimos, não é? É isso, Tuli?
O SR. TULI MELÍCIO DA SILVA (Fora do microfone.) - Para fabricar uma cerveja lá.
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Para fabricar uma cerveja com o nome Baniwa.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Ah sim, uma cerveja...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Isso.
Você vê a exploração que há não só do conhecimento, mas se apropriam do nome da etnia.
E o Tuli falou já, nos bastidores, com o Chico Rodrigues, comigo e o Marcio sobre a necessidade dos kuripakos, que nós, certamente, particularmente, sem terem nada a ver com a CPI, vamos ajudar, assim como toda e qualquer comunidade que nos reivindicar.
Deilton, Jaime, Olindo ou Hemerson? Qual deles falaria?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Ah, sim! Desculpe-me, Tuli.
O Tuli tem uma lembrança para nos entregar aqui. Eu agradeço.
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Tuli, sob sugestão aqui, vamos deixar assim que acabar aqui, aí a gente pega no fim. Sob sugestão aqui, já já, daqui a pouco.
Tem o Deilton, o Jaime, o Olindo e o Hemerson. Qual desses aqui vai falar? Qual é? Deilton Camico. É isso mesmo, Deilton?
O SR. DEILTON CAMICO (Para expor.) - Então, primeiramente, boa tarde a todos.
(Pronunciamento em língua indígena.)
O SR. DEILTON CAMICO - Então, primeiramente, gostaria de cumprimentar a mesa das autoridades, os nossos Excelentíssimos Senadores de Brasília, que nos representam na CPI.
Então, senhores, eu gostaria de me apresentar, eu me chamo Deilton Camico, eu sou da etnia kuripako. Para a gente poder estar aqui não é fácil, não é fácil para a gente poder estar aqui. Durante a viagem que a gente fez, para a gente poder estar aqui, foi uma viagem muito longa e difícil, mas graças a Deus estamos aqui para revelar e falar o que está acontecendo, sobre a nossa realidade das nossas comunidades.
Então, Sr. Senador Plínio e os demais Senadores, hoje eu venho aqui para pedir socorro para o meu povo kuripako, que está sofrendo por esses problemas que vimos enfrentando. Então, sobre as ONGs, sobre quem estamos vindo falar aqui, a gente mora perto da cidade, a gente mora quase em frente à cidade, nós; está ali o Tuli Melício que sabe onde é; o Olindo e os demais que vieram comigo. Então, o ISA é localizado quase em frente à praia, e a Foirn é a mesma coisa. Não gasta menos de três litros de gasolina para chegar lá no posto do ISA. Então, mais o ISA, que é socioambiental, nunca chegou lá. Vou dizer logo a verdade. Nunca chegou lá, e a nossa comunidade, que está localizada lá, o que ajuda às vezes é a prefeitura e a brigada - agradeço ali também ao General Nilton Diniz, que está presente aqui nesse exato momento -, que dá o apoio, não de muita coisa, mas naquilo que a gente precisa. Mas as ONGs, onde a gente é organizado pela Foirn, lá é uma terra demarcada, conforme no mapa, e desde já a Foirn lá... A única fonte de ajuda que a Foirn deu, infelizmente eu não trouxe, porque a gente veio nas pressas; era uma plaquinha, pessoal, uma plaquinha aqui desse tamanho. É o que eu costumo dizer para os nossos parentes lá, kuripako: Uma plaquinha dessa aqui não liga, não deve ligar a comunidade inteira de 24 famílias.
Então, lá é de difícil acesso, lá não tem internet, não tem escola, não tem energia, gerador, não tem nada, pessoal! Então, de tanto dinheiro que a gente está ouvindo, infelizmente a gente não recebe assim ajuda dessas ONGs.
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Então, senhoras e senhores, Srs. Senadores, pedimos socorro, para que vocês possam dar um suporte para nós, uma melhoria, para que vocês possam nos reconhecer também, porque não é muito longe da cidade - não é muito longe da cidade, pessoal! Imagina os povos tukano, hupda, os demais parentes que são domiciliados aqui na calha do Rio Tiquié, Uaupés, Rio Negro, Alto Içana, Baixo Içana; imagina só a cultura que eles vêm sofrendo lá, se no nosso nome está lá a ajuda do ISA, está lá a ajuda da Foirn.
Pessoal, então, para mim, isso já chega.
Então, peço socorro aqui para o nosso Senador Plínio, para que ele possa nos atender e entender sobre essa questão do que estamos sofrendo com o nosso povo kuripako, não somente o povo kuripako, mas todos os povos indígenas aqui dessa região da Amazônia.
Muito obrigado. Essa é a minha palavra.
Agradeço a todos os Exmos. Senadores.
Obrigado pela atenção. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Obrigado, Deilton.
O seu pedido de socorro, que o Brasil está vendo agora, certamente vai ser ouvido, se não por todos que nos veem, pelo menos por esses três Senadores que aqui estão e pelos Senadores que compõem a CPI.
Pessoal do Alto Rio Negro, nós temos três; dois vão falar: Jesus dos Santos, Rafael Antônio Yarumari e Maurício Garcia Alvarado - dois desses três.
Quem? (Pausa.)
Jesus dos Santos, representando a etnia do Alto Rio Negro.
O SR. JESUS DOS SANTOS (Para expor.) - Então, boa tarde, parentes.
Eu sou do Alto Rio Negro, eu sou baré. Eu vim do Distrito de Cucuí para representar o nosso povo baré.
Eu quero também agradecer aos Senadores que vieram para ouvir a gente. Plínio Valério e demais Senadores, muito obrigado por terem vindo nos ouvir aqui em Pari-Cachoeira. Nós também viemos de longe.
Então, Senador, nós praticamente vamos ler uma carta de repúdio sobre as ONGs - só isso que nós vamos fazer e comentar bem pequenininho. Então, eu vou ler a carta de repúdio:
Carta de repúdio do Alto Rio Negro.
Ao Exmo. Senador Plínio Valério, Presidente da Comissão da CPI das ONGs.
Nós lideranças [...] da Calha do Rio Negro pertencentes ao Alto Rio Negro, fronteira Brasil, Venezuela e Colômbia. Viemos através desta carta repudiar e denunciar o que as ONGs fazem nessa região onde moramos, somos representantes dos povos: Baré, Werekena, Baniwa.
O nosso repúdio é sobre Consulta Previa imposta pela Foirn e ISA, a razão é que sentimos presos sem liberdade de elaborar Projetos que de fato [...] [vão] desenvolver as nossas Comunidades.
- Repudiamos também o acordo de convivência imposta pela Foirn e ISA;
[Então, lá, parentes, tudo nós temos que agora ser consultado, por isso que nós estamos repudiando aqui. Repudiamos também o acordo de convivência imposta pela Foirn e ISA - estou repetindo. Mas vai outro]
- Repudiamos também a intercooperação técnica entre Funai, Foirn e ISA. [Eu acho que a Funai não deve ficar contratando pessoas do ISA para ajudar lá, porque nós já temos muitos parentes formados que podem fazer esse trabalho que a Funai faz. Então, não precisamos mais do ISA. Isso que nós pensamos, nós do Rio Negro.]
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[Outro:]
- Repudiamos também a Criação do Projeto de Turismo na nossa região, imposta pela Foirn/ISA, e jamais queremos, [...] [jamais vamos querer turismo] não queremos passar, como o povo do Rio Marié, com turismo de pesca esportiva. [Então, nós não aceitamos essa pesca esportiva nessa região, porque a gente vê que outros que vão mandar, a gente tem que depois obedecer. Então, a gente não concorda com esse turismo.]
[Outro repúdio:]
- Não queremos assessoria do ISA nas nossas eleições e outras decisões da Foirn.
[Tipo, na nossa região, quem manda na mesa é o pessoal do ISA, e eles que vão ver a diretoria ser eleita, eles que falam na mente das pessoas lá: "Não, esse daqui pode, esse daqui não pode". Então, isso nós não queremos na nossa região, Srs. Senadores. Então, o ISA está manipulando o nosso povo na verdade. Então, nós fizemos repúdio contra isso também. Não queremos assessoria do ISA nas nossas eleições e em outras decisões da Foirn, estou repetindo.]
- Outrossim informamos que queremos ser livres desimpedidos, para poder usar as nossas terras que pertencem a nós milenarmente [há milênios de anos] conforme a nossa Tradição e Cultura e conforme as nossas decisões. Queremos que retirem definitivamente o ISA, pois a sigla é Instituto Socioambiental [...] [aí que tem uma palavra meio pesada, mas é a sigla. Para nós significa hoje o ISA] Índio Sendo Assaltado.
Então, nós também estamos a favor que o ISA se retire da nossa região, do Alto Rio Negro ou de forma geral, de todo o Município de São Gabriel da Cachoeira.
Então, até aí, muito obrigado, Srs. Senadores. Aqui está a minha carta. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Estou recebendo aqui, das mãos do Jesus dos Santos, uma carta de repúdio. E aqui cabe uma explicação. Obrigado pela solidariedade mesmo, porque a CPI precisa disso.
O que é que eles fizeram? O que é que eles fizeram? A nova Coordenadora da Funai aqui, Dadá Baniwa, mandou mensagem para lideranças, para alguns indígenas, professores, cobrando a resposta se eles concordavam ou não com a nossa vinda aqui, ou seja, uma forma sutil de pressionar. Paralelo a isso, um professor passou em algumas casas colhendo assinaturas, e assinando sem saber o que era, manipulados, nessa carta dizendo que vocês não nos queriam aqui. E a gente abortou, porque recebemos dez vídeos convidando, 94 assinaturas, reafirmando o convite aqui. Por isso que nós, da CPI, e particularmente aqui, por estarmos presentes aqui, o Chico Rodrigues, o Marcio Bittar e eu agradecemos muito, Jesus - viu? -, essa carta aí de repúdio do Alto Rio Negro a essa gente que tenta manipular, continuar manipulando vocês. E é muito salutar, é muito bonito, é muito empolgante saber que todos que aqui estão é para dizer uma coisa só: não concordam mais em ser tutelados, em ser usados pela Foirn e pelo ISA. Isso é muito bonito. Isso já valeu a nossa viagem até aqui.
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Quem vai falar é o Rafael Antônio ou o Maurício Garcia? É um dos dois. Rafael Antônio ou Maurício Garcia, não... (Pausa.)
Maurício Garcia Alvarado, do Alto Rio Negro, é o último dos que vão falar agora nesse minuto, e, depois, nós vamos, então, à fala dos nossos Senadores.
O SR. MAURÍCIO GARCIA ALVARADO (Para expor.) - Boa tarde a todos.
Pra quem não me conhece, meu nome é Maurício Garcia Alvarado. Eu venho lá do Alto Rio Negro. Então, pra bem dizer, eu recebi convite com o nossos amados irmãos aí...
Particularmente, eu vim resolver sobre essas ONGs de que nós estamos ouvindo todas as situações. Dentro da nossa comunidade, a ISA... Eu não conheço essa instituição, só tem o nome. Parte do Foirn... Como aquele irmão lá acabou de falar, nós recebemos uma lamparina desse tamanhinho pra cinco famílias.
Em 2017, nós recebemos um radiofonia, sem controlador. Disse que ia conseguir pra gente controlar daqui um tempo, mas acabamos ficando sem nada agora. Todas as coisas que nós estamos ouvindo, dinheiro... Pra onde que vai? Pra não acontecer mais dessa forma dentro da nossa comunidade, só tem projetos, cabe nosso nome. Todas as coisas pra gente não depender...
Por isso, eu venho pedir com o Senador Plinio Valério pra ver nossa situação, levantar alguma atitude pra gente poder ficar por dentro, tá bom?
É só isso que eu tenho pra dizer.
Agradeço a oportunidade.
Tenha uma boa-tarde e até o próximo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Obrigado, obrigado.
Também nós estamos recebendo aqui, de forma oficial, uma carta de repúdio às ONGs presentes na região do Alto Rio Negro.
Nós estamos pedindo permissão - o Marcio Bittar aqui, como Relator desta CPI, pedindo permissão... Eu acho que foi o Jesus que falou que o ISA quer dizer "índio sendo assaltado". Eu, particularmente, e o Marcio vamos usar isso aí no nosso discurso, porque realmente combina muito bem. Hoje estamos pedindo permissão aí, viu, Jesus? ISA: "índio sendo assaltado". Está muito legal isso.
Só agradecendo aqui àqueles que compareceram, que iriam falar e não falaram. Vou citar o nome aqui só como homenagem: Rosamira Cordeiro Pedrosa, Domingos Sávio Neves Brandão, José Maria Barreto, Rafael Miguel Prado, Otávio Bruno Neves, Antenor Resende, Luiz Lana, Miguel de Souza Batista - estavam inscritos pra falar, de Pari Cachoeira -, e o Sérgio Augusto, o Bernardino, Abraão Marinho e Celestino Azevedo. Muito obrigado pela compreensão.
Pessoal de Taracuá, que não foi ouvido: Romival Pádua e Marilene Ferreira. Obrigado também por terem vindo de tão longe para contactar conosco.
Do Rio Içana: o Pedro Luciano, Amarildo da Silva, o Januário Hemílio.
Do Alto Içana, o Sérgio falou... Do Alto Içana: Tuli Melício da Silva. Não, o Tuli falou e o Deilton. Não falaram: Jaime Camico, Olindo da Silva e Hemerson Bernardo.
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Do Alto Rio Negro: o Maurício Garcia Alvarado.
Quero agradecer a cada um de vocês que está aqui, cujo nome a gente não lê, a gente não sabe, mas o nome não importa para nós. O que importa para a gente é vir aqui e olhar, frente a frente, cara a cara e, feliz da vida, poder confirmar o que vocês nos dizem à distância e podem nos dizer de tão perto, o quanto mal essa gente causa a vocês.
Com a palavra, o Relator da nossa CPI, Senador Marcio Bittar, que representa o Estado do Acre.
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC. Como Relator.) - Bem, pessoal, mais uma vez, é um prazer estar aqui com vocês. Agora já é boa tarde: boa tarde a todos!
(Manifestação da plateia.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) - Eu quero agradecer a vocês e parabenizá-los. Como disse aqui o Senador Plínio Valério, aqui tem três Senadores da Amazônia - está aqui também o Chico Rodrigues, do Estado de Roraima, um estado cujo Governador só pode administrar 7% do território, porque o resto está tudo tomado -, então, eu quero agradecer a vocês e parabenizá-los pela coragem, porque, mesmo nós, que somos Senadores, sabemos a pressão e o poder que têm essas ONGs, que não deveriam chamar-se ONGs, porque elas não são não governamentais, elas são misturadas com governos estrangeiros que não querem o nosso bem. A guerra que elas representam é econômica, travestida de preocupação ambiental. Então, para nós, que somos Senadores, sofremos pressão nos estados da gente, na mídia nacional, em que quase não se vê falar do trabalho da ONG proposta pelo Senador Plínio Valério, há um boicote geral.
Eles estão nas mídias, nas grandes mídias, eles estão nas universidades, eles fazem cooptação de jornalistas, porque há o Estado do Acre. Você precisa fazer uma estrada que liga uma região do Acre ao Peru, porque senão não há o que plantar para vender em lugar nenhum. E aí jornalistas do mesmo estado, professores universitários, passam toda a semana falando mal da estrada, que a estrada vai acabar com a floresta, que a estrada vai trazer a droga. A droga já entrou - e, quando não tem estrada, não pode ter polícia -, a droga já entrou na Amazônia, o narcotráfico entrou na Amazônia! E o que é difícil combater é porque não tem emprego, é porque não tem condições para o Exército nem para a Polícia Federal guardar nossas fronteiras. Então, eles fazem cooptação nas universidades, na mídia; fazem cooptação nas aldeias indígenas. É verdade ou não é?
(Manifestação da plateia.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) - Em toda a Amazônia! Eles pegam alguns índios do Acre, de Roraima, do Pará, do Amazonas, e aí esses passam a ter uma outra vida: andam pelo mundo afora, vivem em outro planeta, mas isso é por uma razão, é para que esses parentes, como vocês mencionaram aqui, possam falar o que essas ONGs querem que eles falem, que é para dizer lá fora que a vida aqui está boa e que nós é que somos os intrusos.
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Então, esta CPI nasceu da persistência do Senador Plínio Valério. Ele passou quatro anos lutando para que ela fosse criada, foi criada agora este ano, já no quinto ano do nosso mandato, com o meu apoio, com o apoio do Chico Rodrigues, mas, se não fosse a persistência dele, ela não existiria.
E qual é o nosso desafio? E hoje aqui é um dia muito importante, é mostrar para o Brasil que tem coisa muito errada, mas muito errada na criação e na forma como eles fizeram as terras indígenas.
Meus irmãos, lá nos Estados Unidos tem reserva, mas os índios de lá são, de fato, donos da terra. Até cassino, se eles quiserem colocar, eles podem colocar; se quiserem fazer hidrelétrica, podem fazer, é deles. Mas aqui vocês estão confirmando as nossas suspeitas: eles querem o índio vivendo no tempo do passado. Eles vão ajudar, eles vão contribuir, desde que os índios aceitem não querer progredir.
O que é progredir? Vocês disseram aqui: quem é que não quer uma estrada? Nós, que conhecemos a Amazônia, sabemos: como é que você tira um filho doente de uma comunidade que está a um dia, dois, três, cinco, dez de um posto de saúde? Como é que você leva a merenda escolar? Quando tem escola. Mas, quando tem escola, como é que você leva uma merenda para colocar numa escola que fica a uma hora, duas horas, um dia, dois dias, três da beira de um rio, quando o rio é navegável. Quem é que não quer uma luz? Quem é que não quer um refrigerador? Mas não, eles querem manter essa, que eu chamo, nova escravidão.
Esse pessoal que financia essas ONGs são os países e as famílias mais ricas do mundo. Não é do Brasil; são a família Rockefeller, bilionária; a família Ford, mancomunados com países milionários, como a Alemanha, como a Noruega, como o Reino Unido. Eles que financiam. Sabe quanto é que o ISA - o Plínio falou aqui, só de um pedaço -, mas sabe quanto foi que o ISA, ou esse ISA, recebeu em dois anos agora, 2021 e 2022, não é isso: 2021 e 2022? Foram R$137 milhões! Isso aqui é uma informação, não é opinião. Desses 137 milhões, mais de 80% veio de fora. E por que é que eles querem dar dinheiro para o ISA? Para eles nos manterem assim. Agora, está certo isso? Olhem a Ministra do Meio Ambiente. Ela também tem uma ONG.
Eu estava lendo aqui na viagem esse Plano de Gestão Territorial e Ambiental, feito por eles, por essa entidade aí que se diz falar em nome dos índios, e pelo ISA. Aqui, no meio disso aqui tudo, aparece também o Ipam, que é a ONG da Ministra Marina Silva. Sabem quem é o Secretário-Geral, o segundo cargo mais importante do Ministério do Meio Ambiente? João Paulo Capobianco. Ele é o Secretário-Executivo da Ministra Marina Silva. Sabem quem é João Paulo Capobianco? É o criador do ISA. Ele é o criador do ISA. Então, vocês confirmam aqui hoje que isso está errado. Não é possível nós, brasileiros, amazônidas, sermos proibidos... Eu escutei aqui: nós não podemos tirar madeira. Aqui são 8 milhões de hectares - me corrija, Antônio, se eu estiver errado. Se se pudesse tirar a madeira em rotação, mil hectares por ano, acho que dariam 80 ou 800 anos. Se vocês pudessem tirar mil hectares de madeira por ano, dariam 800 anos. Mas não pode, porque na prática não tem licença; quando tem a licença, não tem a estrada, e sem a estrada você não tem como fazer.
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Então, nós não podemos tirar madeira, nós não podemos fazer hidrelétrica, nós não podemos plantar soja, nós não podemos tirar nióbio, nós não podemos tirar ouro, mas a tia Marina vai recompensar a gente, vai dar R$200 por mês para cada família. Isso é dinheiro? Quer dizer que a gente abre mão das fortunas que tem na Amazônia para que alguns recebam R$200? Será que ela não sabe quanto custa a gasolina aqui na Amazônia? O sujeito, se tiver que ir e for muito longe, gasta os 200 na ida, já não serve mais.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) - Quinze reais. No Acre, meu estado, não chega a 15, mas tem lugar que chega a 11. É porque lá é menor um pouco do que o tamanho desse estado.
Então, meus irmãos, eu quero terminar dizendo que isso está errado. Isso não está certo. Não é possível o Brasil continuar assim. E eu sonho...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) - Então, se a pessoa tiver que sair para onde ela for receber, se for meio longe, já foi embora. Quer dizer, eu ouvi aqui um de vocês dizendo... Quer dizer, nós, vocês moram em cima desse tesouro da humanidade para viverem pobres?
E outra coisa que eu queria dizer a vocês para terminar. É uma opinião minha. Eles vivem dizendo que nós aqui temos uma biodiversidade fantástica, não é? Só que nós temos que lembrar o seguinte... Falou aqui da pimenta, como é o nome?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) - Baniwa. Só que temos que nos lembrar de uma coisa. Eu vou repetir o que um amigo meu, que foi Deputado Federal comigo, na primeira vez, Grandão, já morreu... Ele era agrônomo. Ele me disse uma vez o seguinte: Marcio, se você me der a planta e me der todas as condições, eu vou reproduzir o que você quiser, em qualquer lugar do mundo.
Então, meus irmãos - claro que é uma opinião minha -, a minha opinião é que nós devemos parar com a ilusão de que vão descobrir produto na floresta, na biodiversidade e isso nos tornará ricos. Sabem por quê? Porque, assim como aconteceu com a borracha, um inglês - como lembrou o Plínio um dia desses -, um inglês veio aqui, há mais de 150 anos, pegou 700 caroços, levou embora; fizeram laboratório lá na Inglaterra - essa mesma que não quer que a gente cresça; está preocupada com a riqueza dela para não ter concorrência - e produziram na Malásia.
Eu lembro quando se falava no meu estado, que é o estado da Marina Silva, que foi, agora, embora para São Paulo, porque lá não se elege mais... O estado dela não dá mais voto para ela. Foi ser eleita agora em São Paulo. Eu lembro quando ela dizia o seguinte: "Mexe com...". Como é que fala, aquela coisa que pinta? Coral? Não!
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(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) - Urucum. Urucum está sendo produzido na Bahia.
Eu lembro lá, no meu estado, quando essa mesma turma dizia para não mexer com boi, com planta, com nada disso: "Vamos mexer com açaí". Açaí dá em qualquer lugar do Brasil. Descobrem uma planta medicinal. Vocês acham que a Alemanha, que os Estados Unidos, que a Inglaterra, que são milionários e que não querem a nossa riqueza, não levam para lá? E lá vão até o Sul do país! E na hora em que descobrem aqui a pimenta, seja lá o que for... Outo dia estavam falando do... Como se fala aquilo que dá lá nos ianomâmis e que estão vendendo também? Cogumelo ianomâmi. Aquilo ali a pessoa pega e vai plantar no Sul do país, vai colher no Sul do país. E aí nós não temos estrada, não temos energia, tudo para chegar aqui muito mais caro...
Então, meus irmãos, a minha esperança é que essa iniciativa do Plínio mostre para uma parte do Brasil que isso está errado. Estão tomando a Amazônia do brasileiro a troco de migalha, a troco de esmola. Isso é uma vergonha para quem é brasileiro. Eu tenho vergonha. (Palmas.)
Eu disse um dia desses: eu tenho vergonha, como brasileiro, de ouvir, às vezes, políticos que dizem que o Brasil tem que preservar a mata toda em pé, embora aqui tenha 28 milhões de pessoas, que nos tornamos a região mais pobre do Brasil, mas com isso eles não estão preocupados. Se nós não temos água, se nós não temos esgoto, se nós não temos saúde, se não tem emprego para os nossos jovens, que estão se perdendo no mundo das drogas, com isso eles não estão preocupados. Tem que deixar a mata em pé.
E aí me dá vergonha quando eles dizem que isso é porque nós temos que preservar a nossa imagem lá fora. Lá fora para quem? Para a Alemanha, que está queimando carvão e que não pede satisfação e nem dá satisfação para ninguém? Para os Estados Unidos, onde o Barack Obama mandou tirar petróleo no Alasca e não perguntou para ninguém se podia ou não podia? Para a Inglaterra, que é menor, é pouco maior do que o estado que o meu amigo Chico Rodrigues representa? O Reino Unido é um pouquinho maior do que Roraima e joga mais CO2 na atmosfera do que o Brasil inteiro. Nós temos que ter a imagem perante eles? Isso é vassalagem. Como diz o Plínio - eu vou encerrar -, é gente que aceita ser colonizado de outra forma, e as ONGs são o braço desse povo, nos colonizando de uma maneira diferente, mas nos colonizando.
Como brasileiro, eu não sou índio nem moro na aldeia, mas eu me sinto, como brasileiro, assaltado. E aí, quando disse aqui uma liderança indígena que o ISA, para eles, representa o quê? "Índio Sendo Assaltado". Eu, como brasileiro, venho dizendo que o maior assalto da história do Brasil de todos os tempos é o assalto que essas ONGs, a serviço de países estrangeiros, fizeram na Amazônia. E a minha esperança é que, ao término dessa CPI, a gente já tenha criado a consciência numa parte do Brasil que não tem e poder reformular leis no Congresso Nacional que devolvam parte da soberania da Amazônia que nós perdemos.
Parabéns a vocês! Muito obrigado, fiquem com Deus, e até uma outra oportunidade. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Após ouvirmos o nosso Relator, Senador Marcio Bittar, e vocês veem que não é à toa que ele é o Relator da CPI, porque, assim como vocês, como nós, como o Chico, como eu, vibra... A capacidade de se indignar, graças a Deus, não morreu em todos nós. Por isso ele é Relator desta CPI.
Com a palavra o nosso amigo, Senador de Roraima, que conhece como ninguém esse sofrimento, porque Roraima é um dos estados mais sofridos. Tanto quanto essa região de vocês aqui, lá também eles são amordaçados por essas ONGs.
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR. Para discursar.) - Boa tarde a todos e a todas.
(Manifestação da plateia.)
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) - Graças a Deus, nós estamos aqui nessa missão, nesta audiência pública, acompanhando esse verdadeiro missionário da Amazônia, que é o colega, Senador da República do Estado do Amazonas, Plínio Valério, e, tão importante quanto o nosso companheiro Plínio Valério, que acabou de se pronunciar de uma forma veemente, de uma forma determinada, de uma forma corajosa, mas, acima de tudo, de uma forma patriótica, o nosso colega do Acre, Marcio Bittar.
E, minha gente, eu, pelo estilo mais silencioso, mais observador, mas não menos informado e não menos ativo nessa luta no nosso país, nós entendemos que, como Senadores da República, a Câmara Alta da política brasileira, o Senado tem a obrigação de defender as grandes questões nacionais. E, obviamente, quando se trata de Amazônia, essa questão é uma questão extremamente recorrente, importante e atual, porque nós vivemos... Por todos os relatos que foram feitos aqui, por tudo que nós acompanhamos, é necessário que haja um poder que limite, sobre essas decisões, muitas vezes antipatrióticas, esses abusos praticados contra a cidadania nacional.
E os índios, os milhares de indígenas, que, segundo o Censo de 2023, já ultrapassam 1 milhão de brasileiros, têm uma importância não apenas histórica, porque as histórias vão passando pelas páginas dos livros e do tempo... Você olha no retrovisor e vê, exatamente, desde o descobrimento - se assim queremos apenas ter como ponto de referência -, mas, nos dias de hoje também, os índios sempre foram e continuam sendo utilizados como massa de manobra, para defender interesses que não são os de vocês.
Eu diria até, quando eu vejo como falava o Lucas... Um litro de gasolina, que custa 5, R$6, em Manaus, e aqui custa 15 ou mais... Se não tiver de jeito nenhum, o cara vai cobrar até 20 ou 30, se não tiver. É ou não é, minha gente? (Pausa.) A dificuldade que vocês têm, porque as estradas da floresta serpenteiam através dos rios, dos igarapés, dos igapós, dos furos, pois é praticamente no caminho das águas que, na verdade, vocês se deslocam.
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E tem a dificuldade de não verem as suas demandas atendidas.
No nosso estado, por exemplo, como foi dito aqui pelos meus colegas Senadores, o estado tem menos de 10% do seu território de 222 milhões de hectares disponíveis para atividade econômica. Inclusive, nas áreas indígenas, os proíbem de produzir. Campos naturais imensos, riquíssimos...
E os incentivos são dificultados para que o índio não se emancipe, não se desenvolva. Eu tenho certeza de que não tem um de vocês aqui que não quer ver o seu filho... Vocês não tiveram - os mais velhos como nós - oportunidade de ter um computador pra estudar, mas vocês querem o filho de vocês com computador na mão pra aprenderem, navegarem no espaço e evoluírem como os brancos. Eu quero ver qual jovem, garoto... Minha neta de seis anos de idade não quer mais uma boneca, mas quer um celular. Vocês também, o filho de vocês também quer um celular. E só tem celular se tiver dinheiro, e só tem dinheiro se tiver produção, e só tem produção se o Estado não impedir que vocês se desenvolvam.
Portanto, a gente está acompanhando de uma forma muito cuidadosa, porque nós entendemos que o Congresso Nacional, o Senado da República tem uma obrigação gigantesca. Nós passamos pelos nossos mandatos, mas o Brasil, a sua história, o seu desenvolvimento e a sua importância geopolítica, geoestratégica no mundo existem. Ponto final! Nós somos detentores das reservas minerais mais ricas do planeta, da biodiversidade que dá o remédio para que nós possamos viver, da abundância da água de que o mundo já reclama a escassez.
Portanto, quando eu vejo alguns comentários aqui... E eu vou citar alguns que eu tive o cuidado de anotar pra ver exatamente o que vocês dizem, o que vocês falam aqui, no Amazonas, aqui em Pari-Cachoeira... São os mesmos comentários que eu ouço no Brasil inteiro, onde as comunidades indígenas estão.
E dizia o José Lucas: "Manter cultura não é manter a miserabilidade dos povos indígenas". Claro que você está falando absolutamente a verdade! Manter a cultura... A cultura existe - ela está na alma de vocês! -, mas não pode conviver com a miserabilidade.
"Não queremos ONGs nas nossas áreas, somos cidadãos brasileiros, não podemos ser submissos". Palavras de vocês. Ninguém está induzindo aqui. Nenhum dos três Senadores está induzindo absolutamente nada. Nós estamos apenas em uma Comissão externa da CPI. (Palmas.)
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Disse aqui o João Pedro, do Taracuá, da comunidade Taracuá: "Estamos pedindo socorro ao Congresso brasileiro". Olha que responsabilidade enorme nossa.
São 513 Deputados da República. Vocês, de uma forma absolutamente espontânea, fazem esse grito de alerta para o Congresso Nacional, principalmente para o Senado da República. Nunca pensaram que estariam sendo ouvidos pelos Senadores para falar dos lamentos: "Estamos cansados de ver os parentes manipulados por organizações não governamentais". Tudo anotado e gravado aqui pela TV Senado.
E tenho certeza, Plínio, de que o eco, a repercussão, mesmo contra parte dos veículos de comunicação, chegará até os ouvidos das pessoas, porque agora, com as redes sociais, a internet é irrefreável, é necessária, é fundamental.
Portanto, eu quero dizer para vocês que a presença brasileira na Amazônia, também através das nossas Forças Armadas - do Exército, da Marinha, da Aeronáutica -, é uma forma de manter a nossa soberania, vivificando as nossas fronteiras, ajudando o povo, a comunidade, facilitando a vida de cada um de vocês.
Portanto, meus caros colegas, Senador Marcio Bittar, Senador Plínio Valério, quero agradecer a oportunidade de compor esta Comissão, porque vejo, como qualquer brasileiro, mas principalmente na função de Senador, que esse nosso papel é vital para que nós possamos, na verdade, ser responsáveis pelo futuro deste país, que já começou. O futuro do Brasil não começa amanhã, não. O futuro do Brasil começa hoje, como em uma reunião simples como esta, com um calor danado aqui - eu estou suando até pelo pescoço; vocês, da mesma forma -, mas estão latejando no coração de cada um de nós sugestões que vão ser apresentadas pelo Relator, que vão ser votadas na Comissão, para que, de forma sugestiva, o Governo Federal acorde e veja a importância que essas comunidades têm e representam para o nosso país.
Esperamos que a comunidade do Pari-Cachoeira e de toda essa região gigantesca da nossa Amazônia possa ter os frutos colhidos em breve pelas ações que poderão ser desencadeadas - e que certamente serão desencadeadas - por esta Comissão no Senado da República.
Muito obrigado a todos vocês e boa tarde. (Palmas.)
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O SR. PRESIDENTE (Plínio Valério. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) - Muito bom, Chico. Obrigado.
Nós estamos chegando ao final e vou deixar claro aqui para vocês que o que vocês falaram e nos disseram, embora não seja surpresa para nós, mas é comovente - ouvir de cada um de vocês as queixas, reclamações, lamentações e acusações a quem está sempre usando vocês. A gente percebe, ao longo do tempo de nossas vidas, o quanto nos roubam, e roubam mais vocês. Levam o conhecimento que vocês têm de seus antepassados, levam as plantas, levam os animais, roubam o minério, negam saúde, educação e transporte para vocês. Mas é muito bonito saber e comprovar que, de todos que aqui estão, nenhum está de cocar, nenhum está pintado para a guerra - não tem ninguém aqui -, mas nem por isso vocês são menos índios. Continuam sendo índios, indígenas a nos dizer que roubam quase tudo de vocês, porque uma coisa só não roubam, não roubaram e não vão roubar porque vocês disseram isto aqui, agora: a dignidade. (Palmas.)
A dignidade de um povo que não tolera mais, não quer mais ser tutelado. Vocês estão dizendo isso, e nós estamos ecoando para o Brasil, para que você, brasileiro e brasileira, saiba que eles não querem mais tutela. Está aqui, está provado, Chico! Está aqui, está provado, Marcio! Nós viemos a mais de 1.000km de distância para ouvir isso aqui.
Sobre os nossos ombros vai pesar, sim, a responsabilidade de alguma forma socorrer vocês. O que pode ser material vai ser socorrido. O que pode ser amenizado vai ser dado. Agora, a liberdade vai demorar um pouco. A liberdade depende do que vocês fazem, do que nós possamos fazer, e juntos nós possamos lutar contra essa gente que enriquece, vive de forma nababesca à custa de vocês. Eles não fazem reuniões em lugares fechados e calorentos, como disse o Chico; fazem em Nova York, fazem em Dubai, fazem em Londres, fazem em Paris, ganhando diária. Isso a gente já mostrou para o Brasil.
E, como nós somos daqueles, assim como vocês... Repito que, embora não estejam pintados para a guerra, nem com cocar, sabem tanto quanto nós que a história não perdoa aqueles que fogem do campo de batalha. Vocês não fugiram e estão nos dizendo que jamais vão fugir, e nós também. Essa garantia nós podemos dar a vocês, se não em nome de todo o Senado, mas em nome de uma Comissão e de alguns companheiros que não se arregam nunca, que estão em luta.
E nós vamos entrar para a história, sim. Nós, que eu digo, todos nós: indígenas, mestiços, pardos, negros, índios. Vamos entrar para a história, se não como herói, como deveríamos entrar por lutar por resistir, mas certamente não vamos entrar para a história como vilões, como bandidos, porque eles nos querem vilões e bandidos. Colocam nos meus ombros, do Chico, do Marcio e de vocês a responsabilidade de salvar o planeta, dizendo que não se pode extrair o ouro, o nióbio, o diamante, que não se pode fazer estradas, que isso tudo tem que ser guardado para as futuras gerações - gerações deles, e não as nossas. As nossas sofrem no dia a dia por falta de assistência social, saúde e de tudo.
Esse grito vai ficar.
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Essa sessão foi transmitida direto, e a gente agradece aqui ao pessoal da TV Senado, que se dispôs nessa viagem; ao General Nilton Diniz Rodrigues, que nos recebeu com tanta cortesia. (Palmas.)
Ao batalhão que nos acompanhou, e a cada um de vocês. Se pudesse, eu olharia de pertinho cada um; até mesmo aquele que está com a camisa do Flamengo também, eu iria dar um abraço nele. Brincadeira, irmão.
A cada um de vocês, se eu pudesse olhar, agradecer, dar o nome, abraçar, agradecer por essa garra... Até aqueles que pensam que não estão fazendo nada, estão fazendo muito, porque vieram aqui, para dizer para nós o que o Brasil precisa e tem que ouvir! O que esses canalhas e hipócritas não dizem! Pelo contrário, sempre dizem que vocês não querem.
E o Marcio chamava a minha atenção hoje: É engraçado, eles sempre querem convencer os indígenas de que não precisam, não querem, não querem... Mas eles é que têm que dizer isso! E não vocês que devem dizer.
Portanto, àqueles que colaboraram para essa vinda até aqui, a Aeronáutica, o Ministério da Defesa... Até a Funai, até a Funai, que quis dificultar, nos encorajou mais ainda de vir. Tornou para nós um desafio o vir. O que era uma visita se tornou um desafio, Brandão, de vir até aqui, porque a Funai colocou empecilhos.
Portanto, fica aqui a palavra. E eu falo em nome de toda a CPI.
Contem conosco, e nós contamos com vocês! Não pensem que por estarem pedindo a nós, pedindo socorro, pedindo algo, não pensem que vocês não estão nos dando, vocês estão nos dando muito mais. Vocês pedem a nós, e nós ao mesmo tempo aprendemos com o pedido de vocês. Esse pedido é um alerta, é um sacode, é pegar nos nossos ombros e dizer: "Sacuda, Senador! Nós estamos aqui pedindo socorro, tutelados, manipulados, usados por esses canalhas das ONGs! Por esses canalhas que, pela força do dinheiro, dominam o Brasil!". Porque amar os brasileiros...
Hoje o Brasil é dominado, e o mundo é dominado por quem tem dinheiro. E quem tem dinheiro joga na mão das ONGs para fazer o trabalho sujo, que é para isolar vocês, que é para não deixar vocês usarem as riquezas que possuem, para não cavar um buraco na terra que dizem que é de vocês.
Outra mentira! Se a terra é de vocês, por que vocês não podem cavar, plantar, colher, vender? Por que não há um documento para ir no cartório, para o financiamento? É uma enganação. Eles dizem que a terra é de vocês, para ludibriar e para enganar.
Fica aqui, portanto... E me desculpem. A CPI não é lugar para a gente falar tão alto, mas é muito difícil. O Marcio e o Chico experimentaram isso. Muito difícil manter a calma, manter a lucidez diante do que vocês nos disseram.
Muito obrigado, vocês nos deram muito mais do que nós possamos dar a vocês. Vamos sair daqui com o compromisso de luta, de companheirismo. E, repetindo, jamais fugindo do campo de batalha. A história não vai nos condenar! Nós não somos covardes! (Palmas.)
É difícil, porque o cerimonial diz que eu tenho que dizer: Nada mais a discutir... Quando tem tanto a discutir. Mas a sessão tem que ter começo e fim. Então, eu vou dizer que nada mais há a votar, a gente vai encerrar, mas tem sim, a gente vai continuar nossa luta sim. Ela é demorada.
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E eu ouso dizer: talvez Lucas, talvez Sílvio, talvez Tuli, talvez Brandão, não seja... Para nós, com certeza não é; talvez não seja para os nossos filhos; mas os netos, que vão nos substituir, certamente poderão respirar esse ar de liberdade que hoje nos falta, mas que haverá porque nós vamos continuar lutando. Estamos juntos!
Cumpro agora o protocolo.
Nada mais havendo a tratar, a gente declara encerrada esta sessão de hoje.
Muito obrigado a vocês, ao povo de São Gabriel. (Palmas.)
(Iniciada às 12 horas e 21 minutos, a reunião é encerrada às 15 horas.)