21/09/2023 - 20ª - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro de 2023

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fala da Presidência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 20ª Reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, criada pelo Requerimento do Congresso Nacional nº 1, de 2023, para investigar os atos de ação e omissão ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, na sede dos três Poderes da República em Brasília.
A presente reunião destina-se ao depoimento do Sr. Wellington Macedo de Souza, Requerimento 862, de 2023, que é convocado na condição de testemunha.
Esclarecimentos: por decisão do Exmo. Sr. Ministro Alexandre de Moraes, na Petição 14.424, de 2023, de 20 de setembro de 2023, foi informada a Comissão no seguinte sentido:
a) Apresentado à CPMI, no dia 21/09/2023, às 9h (Plenário [...]), na condição de testemunha, tendo o dever legal de manifestar-se sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da investigação, estando, entretanto, assegurado o direito ao silêncio e à garantia de não autoincriminação, se instado a responder perguntas cujas respostas possam resultar em seu prejuízo ou em sua incriminação;
b) Assistido por advogados durante sua oitiva, podendo comunicar-se com eles, observados os termos regimentais e a condução dos trabalhos pelo Presidente da CPMI.
Ainda como esclarecimento, quero trazer a decisão do Exmo. Sr. Ministro Luís Roberto Barroso, no Habeas Corpus nº 232.842, Distrito Federal, de 20 de setembro de 2023. Foi informada a Comissão no seguinte sentido:
[...] defiro a medida liminar, em parte. O que faço para que a Comissão Parlamentar de Inquérito conceda ao paciente o tratamento próprio à condição de investigado, assegurando-lhe os direitos de: (i) não assinar termo de compromisso na qualidade de testemunha; (ii) não responder sobre fatos que impliquem autoincriminação; (iii) não serem adotadas quaisquer medidas restritivas de direitos ou privativas de liberdade, como consequência do uso da titularidade do privilégio contra a autoincriminação. Fica assegurado ao paciente, ainda, o direito de assistência por advogado e de, com esse, manter comunicação reservada durante o respectivo depoimento perante a referida Comissão Parlamentar [de Inquérito].
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Antes de iniciar a nossa reunião, eu quero comunicar que ontem - já foi divulgado pela imprensa - nós desmarcamos uma reunião que havia sido solicitada por esta Presidência à Exma. Sra. Ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber. O motivo desse adiamento foi que nós, apesar de termos, naquele primeiro momento aqui, o pedido de vários Srs. Deputados que com razão solicitaram que nós fôssemos até a Presidência do Supremo Tribunal Federal, refletindo melhor, concluímos, como é óbvio, que não há nenhuma possibilidade de a Presidente do Supremo Tribunal Federal poder interferir em um processo cuja relatoria está submetida a um outro ministro. Então, irmos ao Supremo Tribunal Federal apenas para prestar uma queixa dentro de um processo que está tramitando dentro do Supremo Tribunal Federal, por mais que nós sejamos contra a decisão que foi tomada em desfavor desta CPMI, nós achamos inoportuno.
Esta Presidência já protocolou, desde a data seguinte ao dia de cada uma das decisões que foram apresentadas no Supremo, no caso da semana passada e desta semana, recursos pedindo aos Srs. Ministros que permitiram que os depoentes não viessem a esta Comissão que revissem a sua postura, a sua decisão e, caso entendessem que devem mantê-las, que levem essa decisão para a turma respectiva de cada um dos Srs. Ministros para que, de maneira colegiada, possa se tomar uma decisão final a respeito desse assunto.
Dessa maneira, eu agradeci à Sra. Presidente pela atenção de ter marcado para ontem, às 16h, essa reunião, mas declinei do convite... Perdão, declinei desse encontro justamente pelos motivos que eu trago aqui neste momento.
Eu espero que tanto os Ministros que deram posição contrária à CPMI permitindo que convocados não compareçam como esses outros Ministros que estão aqui hoje, por exemplo, o Ministro Alexandre de Moraes e o Ministro Luís Roberto Barroso, também levem essas suas decisões imediatamente para as respectivas turmas, porque, à medida que essa decisão hoje tomada aqui pelo Ministro Barroso e pelo Ministro Alexandre de Moraes forem convalidadas, Deputada Jandira Feghali, obviamente a turma, de maneira majoritária, já mostra qual é a sua posição. O apoio a... A aprovação dessa decisão do Ministro Barroso e do Ministro Alexandre de Moraes, por exemplo, na turma obviamente mostra que esta posição majoritariamente de permitir, ou melhor, de sempre agir no sentido de permitir que o réu venha, que o depoente venha, que possa usar do direito de ficar calado, mas que tenha a obrigação de vir, de fato seja a posição majoritária.
Independentemente de tudo isso, eu quero dizer que os Presidentes tanto da Câmara como do Senado, nesta semana, estavam em Nova York na reunião da ONU e devem estar chegando hoje. Eu procurarei tanto o Presidente da Câmara, Arthur Lira, como o Presidente do Congresso Nacional e do Senado, o Senador Rodrigo Pacheco, no sentido de solicitar a ambos que façam uma ação direta de preceito fundamental (ADPF), para que o Supremo se manifeste se pode ou se não pode proibir a vinda de um depoente convocado por esta Comissão Parlamentar de Inquérito.
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Dito isso...
Já está aí o depoente? (Pausa.)
O depoente está a caminho, mas eu peço que... Eu quero dizer que a presente reunião destina-se a ouvirmos o depoimento do Sr. Wellington Macedo de Souza, como já foi dito, e eu solicito que o depoente seja conduzido à mesa.
Parece que ele está a caminho.
Eu vou suspender a sessão por três minutos ou quatro minutos, que é a hora em que ele chega aqui; em seguida, retomaremos nossa reunião.
Está suspensa a sessão.
(Suspensa às 9 horas e 29 minutos, a reunião é reaberta às 9 horas e 31 minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Sr. Wellington, V. Exa. se compromete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal... (Pausa.)
Ah, tá.
A decisão do Sr. Ministro Luís Roberto Barroso dispensa V. Sa. de firmar compromisso como testemunha. Entretanto, o senhor pode fazê-lo voluntariamente.
O termo seria: V. Exa. promete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha, sob palavra de honra, nos termos do art. 203 do Código de Processo Penal, dizer a verdade do que souber ou lhe for perguntado?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Não firmo o compromisso, senhor.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu passo a palavra ao senhor, assim o desejando, pelo tempo de 15 minutos. Se não, eu passo direto a palavra para o depoente... para a Relatora.
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O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Bom dia a todos; bom dia à imprensa; bom dia aos nobres Parlamentares; bom dia, ex-Ministra Damares; bom dia, Deputado Marco Feliciano; bom dia, Deputado André Fernandes - cito alguns porque eu os conheço -; bom dia aos Srs. Deputados.
Sra. Eliziane, Presidente desta Comissão, aqui na mesa, obrigado pela oportunidade de poder estar aqui com vocês, e digo que eu vou colaborar com vocês, a partir do momento em que os meus advogados tiverem acesso aos autos acusatórios contra esta pessoa que aqui está, que até hoje não sabe por que tem pago um preço tão alto e tanta humilhação. Então, quando tiver acesso aos autos, vocês podem me convocar novamente aqui que eu vou colaborar com vocês.
Respeitosamente, é só isso que eu tenho a falar.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Perfeito.
Eu passo a palavra à Sra. Relatora, a Senadora Eliziane Gama.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Senadores, Deputadas, Deputados...
Sr. Wellington Macedo de Souza, o senhor tem 47 anos, não é isso?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Quarenta e oito.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Quarenta e oito anos?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Sim.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - E o senhor, na verdade, é um dos três condenados pela tentativa de explodir uma bomba no Aeroporto Internacional de Brasília na véspera do Natal de 2022. Portanto, responde aí, é condenado, e respondeu por várias outras denúncias referentes especificamente a fake news.
Nós já ouvimos aqui o Sr. George Washington, que também foi condenado, e consta sobre ele que ele teria confeccionado a bomba que foi colocada no veículo com 60 mil litros de combustíveis, que poderia explodir ali nas imediações do Aeroporto de Brasília.
Sr. Wellington, eu vou lhe fazer aqui algumas perguntas, e aí o senhor vai, conforme a situação, nos respondendo ou não. Como já foi colocado, o senhor tem o direito constitucional que lhe assiste de manter, de fato, o silêncio.
Nós fizemos o levantamento, Sr. Wellington, no site do Tribunal de Justiça do Ceará, e lá nós localizamos várias ações ajuizadas contra o senhor. Há pelo menos cem registros de ações que foram ajuizadas. Eu diria quase que, na sua totalidade, são ações referentes a notícias falsas. Para além disso, nós... Isso aí é no Estado do Ceará, precisamente em Sobral. O senhor veio para Brasília, e aqui em Brasília temos um registro de que o senhor foi preso no dia 3 de setembro de 2021. Depois o senhor, na verdade, conseguiu o direito à prisão domiciliar, com direito à tornozeleira eletrônica. Na argumentação feita pela sua defesa, o senhor teria sofrido uma depressão e teria perdido aí algo em torno de 18kg. Na sequência, então, o senhor consegue o direito a esse regime domiciliar, precisamente no dia 15 de outubro de 2021, e permanece então com a tornozeleira eletrônica. E daqui a pouquinho nós vamos discorrer mais sobre o que se deu a partir desse momento.
Eu pergunto ao senhor, se o senhor puder nos explicar, por que tantas ações contra o senhor, precisamente sobre fake news, sobre notícias falsas?
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O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Com todo respeito, Senadora, eu só vou colaborar com vocês depois que os meus advogados tiverem acesso aos autos de acusação contra a minha pessoa e eu tiver tempo suficiente para articular e conversar com o meu advogado.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Sr. Wellington, temos, na verdade, a denúncia da PGR e aí depois nós tivemos, inclusive, o mandado de busca e apreensão, que foi decisão do Ministro Alexandre de Moraes, precisamente no mês de agosto de 2021. Mesmo assim, o senhor acabou, na verdade, insistindo e divulgando atos referentes ao Sete de Setembro de 2021, que o Brasil inteiro acompanhou, como se deu, claramente atos antidemocráticos.
Naquele momento, o senhor já vinha, na verdade, de várias ações judiciais, já vinha, inclusive, de mandado de busca e apreensão. Mesmo assim o senhor continua fazendo as divulgações referentes aos atos antidemocráticos e, portanto, na sequência, já mais na frente, culmina aí - na verdade, um pouco antes -, acabou realmente culminando com a sua prisão, obstruindo, naturalmente, uma ação mais intensa da sua parte referente ao Sete de Setembro, mas de que, naturalmente, várias outras pessoas, alcançadas, inclusive, por esse incentivo, acabaram participando.
Eu percebo claramente que, mesmo com o mandado de busca e apreensão, mesmo com prisão, mesmo com várias ações, o senhor continuou ali firme em relação a essa divulgação. Não havia, por exemplo, da sua parte, nenhum medo, nenhum tipo de temor, diante da ação da própria Justiça, de que poderia, inclusive, agravar e aprofundar em relação à evolução do tipo de prisão que o senhor estava sofrendo naquele momento?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Posso responder à senhora numa outra oportunidade, depois que os meus advogados tiverem acesso às investigações, às acusações e eu tiver tempo suficiente para conversar com meus advogados.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Então, eu vou fazer só mais uma pergunta para você: definitivamente, você não vai responder nenhuma pergunta, Wellington?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A resposta, Senadora, é a mesma: eu só vou colaborar...
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Nenhuma pergunta.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - ... com vocês quando eu tiver os meus direitos garantidos.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo.
Então, não vou mais lhe fazer as perguntas diretamente. Eu vou fazer apenas aqui alguns relatos. Se o senhor, na verdade, quiser falar, para a gente vai ser muito importante, e você poderá nos interromper aqui para fazer, de fato, as suas contribuições.
Eu queria pedir, então, aqui, a primeira postagem aqui, que é aquela postagem...
Pode soltar para mim?
Nós vamos fazer aqui um levantamento de como...
Aproxima aqui do lado. (Pausa.)
É, mas abre aqui. (Pausa.)
Ali, olhe. Veja só o que se diz no texto ao lado. Ele coloca a foto ao lado do Sérgio Reis e ao lado - abre um pouquinho mais -: "Nós vamos quebrar o inimigo". E aí ele vem, na verdade, com vários vídeos, inclusive com postagens do Sérgio Reis.
Eu vou ler aqui para vocês a denúncia da PGR. Veja só: segundo a PGR, eles teriam "convocado a população, [,,,] [por meio] de redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos de protesto às vésperas do feriado de 7/9/2021, durante uma suposta manifestação e greve de 'caminhoneiros'".
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E aí, nas convocações, viria o seguinte: "'todos os brasileiros, sem exceção' a irem a Brasília 'para fazer um grande acampamento' e exigir 'a exoneração dos onze ministros do [...] [Supremo Tribunal Federal]' e o 'julgamento' pelo Superior Tribunal Militar, contra os crimes que cometeram".
Aí ele cita o seguinte: teriam feito "um contato com 'o agronegócio', que irá 'apoiar sua causa', que pretende 'levantar empresários' para 'custear a viagem' de populares até a capital federal e que tem a pretensão de 'salvar o país [aí cita o termo] dessa carniça podre chamada ministros podres do [...] [Supremo Tribunal Federa.]'".
E afirma então, na sequência, que só voltará para casa depois que tudo estiver resolvido.
Mais na frente... (Pausa.)
Exato.
Ele lembra que de fato é isto: a gente faz essa referência ainda lá ao ato de 2021, referente ao Sete de Setembro. Veja, nós estamos tratando de 21, já fazendo uma apologia, um incentivo claro em relação a atentados contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional.
Nesses pronunciamentos, ele diz o seguinte: "a pretexto de fazer um pronunciamento sobre uma suposta greve dos caminhoneiros, [chama] a invadir o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional e 'partir pra cima' do Presidente e do Relator da CPI da Pandemia" - nesse momento, ali atrás, havia em execução ali a CPI da Pandemia - "de modo 'a resolver o problema [...] dos combustíveis no Brasil'". Ou seja, em 2021, dois anos antes do ato do 8 de janeiro, nós temos, então, já o anúncio aí, por parte deles, de quê? De invasão do Supremo Tribunal Federal e também no Congresso Nacional.
Agora, vejam, nessas convocações, inclusive nesse chamamento, ele cita claramente essa invasão. O que me leva a crer, Jandira Feghali? É que o que aconteceu no 8 de janeiro parece que, lá atrás, no Sete de Setembro, já era uma ação embrionária. Já se pensava, então, a seguir com este intento para se depredar claramente os prédios aqui da Praça dos Três Poderes.
Eu queria que se colocasse, inclusive, aí o vídeo do Wellington. Olha só o que ele já diz nesse vídeo lá atrás. Vejam.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Entende? Ou seja, isso aqui é lá atrás, ainda em 2021. A tomada do poder, o acesso ao poder significa, sim, invadir a sede dos Poderes, fisicamente a sede dos Poderes na Praça dos Três Poderes.
Então, veja, em todo o processo, um outro ponto que é muito interessante em relação ao Sr. Wellington é que em todas as postagens - em todas não, mas na maioria absoluta das postagens do Wellington -, ele fazia sempre referência à busca de Pix. Em 7 de setembro de 2021, ele faz, inclusive, a divulgação de um Pix, e depois esse Pix foi bloqueado pelo Ministro Alexandre de Moraes. No dia 12 de novembro de 2022, ele também pede para a manifestação... para receber, na verdade, Pix e, portanto, fazer investimentos no acampamento, já no QG do Exército. Ele faz, então, uma nova busca.
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Tem várias fotos, inclusive, ainda hoje das redes sociais dele próprio no Instagram, não é?
No dia 29 de dezembro de 2022, já foragido, ele mais uma vez... Ali são os Pix, na verdade, que ele apresenta, fazendo essa solicitação.
Nesse último Pix, ou melhor, nesse último vídeo, já no dia 29 de dezembro de 2022, ele posta mais um vídeo em suas redes sociais. Além de criticar o Ministro Alexandre de Moraes, ele também faz, mais uma vez, solicitação de transferências.
O que é que, na verdade, Rogério, nos coloca a necessidade de fazer esse aprofundamento? O acampamento, o QG, e não só esse QG, Jandira, mas todas as demais manifestações foram irrigadas financeiramente, elas foram financiadas. E me parece que, no caso específico aqui do Wellington, ele tinha uma missão voltada para a arrecadação financeira; ou seja, havia - e aí não apenas eles, outros mais, mas eu percebo no caso dele - uma ação mais incidente, sempre pedindo Pix, sempre pedindo algum tipo de arrecadação financeira para investimento em todas essas manifestações, Laura: a do 7 de setembro de 2021, a do 12 de novembro... E aí o pedido dele de 12 de novembro... Aí nós tivemos, depois, o 12 de dezembro, e o 29 de dezembro, ainda pedindo uma arrecadação quando ele já estava, de fato, foragido.
Agora, veja, nós fizemos aqui um segundo levantamento. O Sr. Wellington foi, na verdade, funcionário, ele trabalhou durante um período aqui no Ministério da Mulher, na função de assessor da Diretoria de Promoção, e recebia um salário, algo em torno de 10 mil. De lá até a sua prisão, não consta nenhum vínculo empregatício seu. Ele ficou ali desempregado, sem nenhum trabalho. Então, depois do registro de 2021, a esposa dele foi contratada como assistente administrativo com um salário de R$4 mil. Nesse primeiro salário dele, ele teve apenas seis meses de salário. A esposa manteve uma renda em torno de R$4 mil, não é? Ele, inclusive, chegou a dizer que teria sido fraude, enfim, mas tanto ele quanto a esposa chegaram a receber o auxílio emergencial - ele, por 4 meses, e a esposa, por 12 meses.
Agora, veja, no meio de todo esse volume, desempregado, sem ter acesso a uma renda financeira que justificasse, em 2021, ele compra uma Mitsubishi Pajero Dakar - pelo levantamento, algo em torno de R$100 mil -; depois, ele compra um Toyota Corolla, na ordem de R$87 mil; e, em 2022, a sua esposa compra mais um carro, um Hyundai Creta, no valor de R$150 mil. É bom lembrar que esse Creta foi o veículo que ele utilizou em relação ao atentado à bomba, não é? Foi exatamente esse veículo. Ou seja, em dois anos, eles compram só de carros, só de veículos o equivalente a mais de R$300 mil. Quer dizer, de onde veio todo este volume financeiro para a aquisição de todo esse bem? Era uma pergunta que, na verdade, ele poderia, de fato, nos responder.
Vamos, então, na sequência.
No dia 7 de dezembro de 2022, ele participa aqui, na Câmara dos Deputados, de um ato chamado Carta Aberta ao Brasil. Nesse ato, Carta Aberta ao Brasil... E aí a gente precisa entender, Randolfe Rodrigues, com quem mais o Wellington estava ligado. Ele era um lobo solitário ou ele tinha várias outras pessoas em torno dessa construção? Nós temos, então, nesse mesmo evento do 7 de dezembro de 2022, nós temos a presença do Sr. Alan Diego participando do mesmo ato.
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Nesse mesmo momento, havia ali, houve ali a exposição de uma carta, não é? De uma carta, de fato, ao Brasil. E nessa carta... Olha o que se dizia na carta: “Caso não haja nenhuma manifestação do Senado Federal até [...] [o dia] 7/12/2022, hoje, e do presidente da República ou das Forças Armadas até o dia 8/12/2022" - eles dão mais um prazo de um dia -, "nós, o povo, sob a égide da soberania que nos pertence passaremos a adotar medidas com impacto nacional e, dessa forma, estabelecemos a data de 10/12/2022 para a tomada de Brasília e a paralisação de todo o Brasil” - 10 de dezembro foi exatamente dois dias antes do ato do 12 de dezembro, que foi exatamente a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal.
Nós também fizemos aqui um cruzamento de dados, que eu queria... E a gente viu claramente o contato dele com o bolsonarista blogueiro, que inclusive, aliás, acabou sendo preso, o Sr. Oswaldo Eustáquio. Também, claramente, teve contatos com o cacique Sererê.
E veja, - eu quero até esse vídeo aqui mostrar -, no dia 5 de dezembro, houve uma tentativa de invasão no hotel Meliá, onde estava, naquele momento, o Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Lá houve a presença, inclusive, desses outros atores que eu acabo de citar.
Veja o que diz lá o vídeo em que ele coloca o áudio, lá no hotel Meliá.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Veja, isso aí foi no dia 5 de dezembro. No dia 8 de dezembro, ele participa de um planejamento; ele participa, na verdade, da tentativa de invasão ao aeroporto de Brasília, onde claramente ali estava o Sr. Alan e também o índio Sererê.
Mostra o vídeo aí do dia 8 de dezembro.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Agora, vamos lá. No dia 12 de dezembro, quatro dias depois, ele faz então esta postagem aqui.
Coloquem aí postagem. Deixem-me dar uma lida na postagem.
Estou precisando usar óculos, gente. Então, aumenta essa imagem aí para mim, por favor.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu tenho que consultar primeiro. (Risos.)
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Vamos lá: "Brasileiros convocados e residência presidencial ocupada por milhares nesta segunda-feira [...]. Milhares de brasileiros começaram a chegar no Palácio da Alvorada desde a madrugada desta segunda-feira, dia 12. [...] meio-dia, já passa de 5 mil pessoas presentes [...] [numa área, deve ser, com uma área quilométrica] com uma fila [perdão] quilométrica para acessar aqui o local".
Aí, então, ele vai colocando exatamente essa presença de pessoas. Está lá: "O presidente Bolsonaro pode falar com a multidão novamente até o final da tarde. Pela primeira vez na história, as portas da residência oficial do presidente da república são abertas para o público. Centenas de pessoas passaram a noite no local. Eles trouxeram suas cadeiras, sombrinhas e dezenas de carregadores para celular foram disponibilizados na [...] [sombra, eu acho] de uma goiabeira [não é?]".
E aí ele fala que está lá fazendo essa cobertura.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Pede Pix.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mais uma vez pede Pix, é o que eu estou dizendo. Praticamente, praticamente em todas essas postagens dele, ele sempre vinha lá com esse pedido de Pix. Eu queria saber até se ele tinha uma missão de alguém para arrecadação de Pix, não é?
Vamos, então, aqui na sequência. Além da invasão na sede da polícia - aí é uma outra questão que seria uma pergunta para responder -, tem imagens dele participando da invasão do 12 de dezembro à Polícia Federal, mas aqui também ele faz um registro chamando para o Alvorada no dia 12. Então, fica a dúvida. Ele foi nos dois momentos? Ele estava no Alvorada e também estava lá na invasão da sede da Polícia Federal? Na invasão da sede da Polícia Federal, de fato, tem imagens dessa presença dele, mas eu não consegui ter imagens da presença dele lá no Alvorada, onde foi uma grande quantidade de pessoas.
Agora vamos lá: no dia 12 de dezembro, nós temos, então, a tentativa de invasão à sede da Polícia Federal com a prisão do Serere. O que foi que aconteceu, Rafael, naquele momento? Em nenhum outro momento da história da Polícia Federal, houve a prisão de alguém que fosse levado para a sede da Polícia Federal, ou seja, no caso da prisão dele, ele vai para a sede da Polícia Federal e se cria, em torno da Polícia Federal, uma série de quebradeiras, uma manifestação que foi aquela que a gente viu, inclusive, com vários ônibus, na verdade, quebrados. O que é que acontece? Você tem, então, ali uma ação, depois, na sequência, que foi feita pela Polícia Civil do Distrito Federal e também pela Polícia Federal. Foi criado, inclusive, um relatório de inteligência da Polícia Federal que vem fazendo a identificação de vários criminosos presentes na manifestação do dia 12. E, entre esses vários criminosos, está a presença do Sr. Wellington. Veja, neste momento, ele já estava com tornozeleira eletrônica. Com tornozeleira eletrônica, cumprindo uma prisão domiciliar, ele já participa ativamente do ato do dia 12 de dezembro e não houve, na verdade, um temor da parte dele, claramente, de ser ali identificado, porque, se houvesse, naturalmente, ele não teria participado daqueles atos de vandalismo do dia 12 de dezembro.
Aí, veja, sai, então, um mandado de prisão contra ele pela invasão da sede da Polícia Federal. Junto com esse mandado de prisão, também um mandado de busca e apreensão. Ele, inclusive, faz um vídeo depois falando, de fato, dessa prisão.
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Naquele momento, foram 11 mandados de prisão contra 11 pessoas. E aí algumas ficaram foragidas. E também, inclusive, ele não foi encontrado. E também aí contra 40 pessoas investigadas pelo 12 de dezembro.
Veja: do dia 12 de dezembro ao dia 24 de dezembro, ele estava com tornozeleira eletrônica; já havia, naquele momento, inclusive, por essa investigação um mandado de prisão contra ele, mas ele continua com atos terríveis, que foi o ato que, eu diria, é o ponto central da vinda dele a esta Comissão.
E aí veja. Eu quero pegar agora aqui algumas fotos, gente, só pra gente rememorar, porque nós já falamos, inclusive, desse ato aqui quando da vinda do George Washington. Vamos, então, aí na sequência de imagens. (Pausa.)
Vamos lá.
Esta daqui... Nós temos, na verdade, duas imagens: esta aqui que é de 3h15 da manhã do dia 24; e também esta segunda imagem. São duas imagens aí praticamente simultâneas. Nestas duas imagens, este veículo aqui é o veículo Creta, que é o veículo que ele utiliza, da esposa. Ora, vai cometer um ato de terrorismo e utiliza o carro da esposa! Então, ele vem com esse carro e se aproxima, então, da concessionária V12 Prime, que fica exatamente ali nas proximidades do posto de combustível.
A terceira imagem, esta imagem aqui, é do Detran. Esta imagem do Detran faz um apanhado por onde o carro Creta passou. E veja que ele circula... De 1h58 da manhã, Randolfe Rodrigues, até 5h44 da manhã, ele fica circulando na região. Este ponto aqui amarelo é exatamente onde ele fazia o percurso. Além de fazer um ato criminoso, terrorista, ele, com uma tornozeleira eletrônica... Até ajudou, nesse caso, porque acabou se construindo esse monitoramento. Veja quantas vezes ele faz o mesmo percurso. Então, ele passa, gente, quatro horas rodando, tanto é que ele abastece o veículo para poder ter combustível suficiente.
Aí ele vem na sequência. Esse abastecimento aqui é exatamente por volta de 3h30 da manhã no Posto Shell. Ele abastece. Tem duas imagens aí: esta imagem e a outra imagem. A outra imagem... Esta e esta... Estas duas imagens. É exatamente, mais uma vez, o veículo Creta abastecendo. Consumiu tanto combustível - o que nos leva a crer: tentando ver qual seria o melhor local para colocar essa bomba nos arredores do aeroporto de Brasília - que teve que fazer um novo abastecimento.
Então, nós vamos agora para a imagem 7, que é a imagem do carro se aproximando, de fato, do caminhão. Então, o carro... Aqui está o caminhão do lado, e o veículo, então, se aproxima do caminhão. Naturalmente, eu estou supondo, de uma forma intuitiva, que, depois de localizar - "então, está aqui o melhor lugar "-, ele, então, leva esse veículo, o carro dele... Ele vai no veículo, no Creta, até o caminhão com 60 mil litros de combustível, né? Aí, então, ele pega e coloca o explosivo no caminhão.
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Vamos lá. Aqui é o caminhão já com a imagem do outro dia, mas que aponta claramente onde estava a bomba, em cima do último pneu.
Segue lá mais outra imagem.
Veja, aqui é uma imagem ainda na madrugada. A caixa lá do explosivo, não é? A caixa de papelão com o explosivo ali na região do pneu, do último pneu do caminhão.
Vai lá na sequência.
Veja, bem aí exatamente onde teria sido colocado o explosivo com uma capacidade de impacto sem precedentes na história de Brasília.
Uma coisa que sempre me choca muito quando eu vejo essas avaliações é o pânico que eu vi na minha amiga Soraya, porque nesse dia, Jandira, o filho da Soraya estava desembarcando no aeroporto de Brasília. Imagina uma mãe acompanhar pela televisão uma bomba no aeroporto quando o filho está desembarcando. Então, imagino a sensação de pânico, de desespero, de fato, que a querida Soraya viveu naquele momento.
Agora, tem algumas perguntas, que o Welington não vai responder, porque na verdade ele tem um direito que lhe assiste, né... Ele, na verdade, vem com esse Hyundai, com esse Creta, e ele vem com uma pessoa, isso é fato, um motorista do lado, um passageiro do lado, que a gente precisa saber, de fato, quem era esse passageiro e se havia mais outras pessoas dentro do Creta.
O inquérito que foi feito pela Polícia Civil do Distrito Federal mostra claramente que havia mais uma pessoa. Então, seria muito bom se ele pudesse nos responder quem era essa outra pessoa que estava com ele no Creta. Se, de fato, ele estava como motorista ou como passageiro, não é? Além...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... é porque, na verdade... mas eu vou perguntar mais uma vez. O senhor estava dirigindo, o senhor era o motorista ou o senhor era o passageiro naquele veículo?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Quando os meus advogados tiverem acesso aos autos acusatórios...
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Ele não vai responder.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - ... e eu tiver tempo de articular com a minha defesa, eu volto aqui e colaboro com o trabalho de vocês.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Tá. Além do motorista, então, portanto, poderia haver mais alguém dentro do Creta, mais alguém dentro daquele veículo. E a pergunta aqui, Sr. Wellington...
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Sim, senhora.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - ... o senhor foi cometer um ato de terrorismo! Colocar uma bomba nos arredores do aeroporto.
A gente precisaria entender se a sua esposa tinha conhecimento disso. Se ela cedeu o carro consciente do que o senhor ia fazer ou se ela não tinha consciência disso. Até acredito que poderia não ter consciência, porque é algo realmente com uma atrocidade vil.
Então, o veículo, na verdade, era da sua esposa. Ela teria ou não teria conhecimento? Ela consentiu ou não consentiu?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Minha resposta...
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Eu... Sim, é a mesma, de "não"? Então, não precisa mais responder, não. Se for dizer que não é... que não vai responder, não precisa repetir, para economizar.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Fora do microfone.) - Às vezes, é diferente.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Hã?
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Às vezes, é diferente.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Mas eu vou fazer a última pergunta: O senhor não se arrepende? A minha pergunta é muito clara. Apenas "sim" ou "não", até em nome da sua família. O senhor não se arrepende de usar o carro da sua esposa para colocar uma bomba dentro de um carro de combustível?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A resposta, Senadora, é a mesma.
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A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Tá.
Mesmo investigado, e vamos lá, na sequência, mesmo investigado - aí veja, ele continua, nesse ínterim, do dia 12 ao dia 24, participa do ato, lá na Polícia Federal; vem então, volta normalmente para o acampamento, Soraya, ele volta para o acampamento, normalmente; transita, inclusive com imagens...
Cadê a fotografia dele, depois, lá no acampamento?
Normal!
Tenta invadir a sede da Polícia Federal, vai para lá...
Essa fotografia é do dia 20 de dezembro de 2022.
Então, de fato, ele está lá. E lá, então, vem - porque na documentação, no inquérito policial, aponta a relação dele com o Alan Diego, que é o outro condenado...
Ali, no depoimento do Alan Diego, ele afirma, ele fala o seguinte...
Afirma em depoimento, na sede policial, que ligou para o Wellington. Então, o Diego liga para o Wellington e pede para levá-lo ao aeroporto, para implantar a bomba, no dia 24.
E aí, então, eles, na verdade, fazem uma combinação: "Olha, tem uma bomba aqui, feita, a bomba está construída, agora nós temos que levar a bomba para o aeroporto."
Pelas informações que nós temos, do inquérito, a bomba foi construída pelo Sr. George Washington.
Assim, uma coisa que é muito impressionante, Soraya, é que, diante de tudo isso: manifestação, prisão, mandado de busca e apreensão, tornozeleira eletrônica, manifestação... Faz tudo isso e ele continua, na verdade, com uma tranquilidade, que não seria impune.
Aí você entra, por exemplo, no Instagram do Wellington e você vai ver uma série de fotografias com as mais variadas autoridades, do ex-Presidente Bolsonaro, passando, por exemplo, por outros blogueiros que, inclusive, claramente, são investigados - Ministros e outras pessoas -, mas ele participando, numa verdadeira harmonia. Quer dizer, não me parece algo que encontrou na rua. Está ali, dentro de salas, enfim... Então, claramente, pessoas que o receberam e que ele então faz esse tipo de fotografia.
Aí veja, ele então cria uma relação interna, dentro do acampamento, com o Sr. George Washington. E lá o George Washington partilha com esses colegas o arsenal bélico que ele tinha.
Veja só a quantidade de armamento que o George Washington tinha e que, na verdade, havia uma circulação, entre o George Washington e outras pessoas.
Cadê a fotografia?
Aqui, então, é esse armamento.
É um arsenal...
Eu estou com várias imagens - já, já, eu vou mostrar, inclusive essas mensagens. Mas antes de chegar às mensagens... Porque, assim, o tipo de conversa entre eles é uma coisa que você assistia na televisão, é coisa que você ouve e assiste na televisão, de jornais, de países que têm uma implantação fundamentalista, com ato de terrorismo frequente.
O tipo de compartilhamento de dados e de informações, já, já eu vou mostrar... Porque antes de mostrar essas conversas entre eles, por exemplo, o Álvaro Canevari e o Ermeto Silva dos Santos foram pessoas que tentaram, inclusive, comprar...
Veja, foram compradas pistolas, revólveres, rifles, e mais 4.500 munições de diversos calibres. Parte desse acervo foi capturado junto ao George Washington, no apartamento em que ele estava aqui em Brasília.
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O poderio bélico naturalmente dava para armar um contingente de manifestantes e causar uma verdadeira revolta armada em Brasília. Nas mensagens apreendidas no celular do George Washington, do outro terrorista, mostra que havia outras pessoas, como o Álvaro Carnevalli e também o Hermeto Silva, que solicitavam a ele a compra de armas para, segundo eles próprios, começar uma guerra, o que indica que George e ele aqui, o Sr. Washington, de fato, não eram lobos solitários.
O George Washington diz o seguinte: "Olha, a minha ida até Brasília tinha como propósito participar dos protestos que ocorriam em frente ao QG do Exército e aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegarem armas e derrubar o comunismo".
Agora, vejam como eram as mensagens entre eles, vamos lá, tem uma mensagem de uma senhora chamada Solange... (Pausa.)
Abre lá, vamos lá, Solange, ela faz ali uma fala, isso com o George Washington, veja só: "Urgente, urgente", não é? "Serere quer falar", que é exatamente um índio, aí ele continua: "motorista...", ela fala, "motorista esperando instruções". Motorista esperando instruções, quem dirigiu o carro Creta até o caminhão de combustível? Aí o George Washington: "Estou no QG".
O QG, gente, era um espaço de planejamento de atos terroristas, está aqui, "Estou no QG" planejando, organizando, orquestrando. O QG em frente ao Quartel General das Forças Armadas do Exército Brasileiro, a poucos metros, na área de servidão do Exército, que, se a gente quiser ir lá, nós aqui, Senadores, com uma câmera de celular e conversar, com certeza alguém vai vir para saber o que está acontecendo lá. Lá estava um acampamento montado com armas, munição de grosso calibre e também com esse tipo de discussão.
Agora vamos lá ao restante das mensagens, olha só o nível das mensagens que eram, olha o George Washington: "Passei o dia no QG", sequência, "Tem uma missão", aqui já é o Ricardo falando: "Tem uma missão", segue, "Sejam rápidos, treinem os CACs. Não esperem as coisas ficarem mais sérias". Treinar os CACs, que são exatamente os atiradores, aqueles que sabem manusear com a arma, "Vão esperar até quando para ativar os CACs como força de reserva, tem muito CAC atirador sniper."
Lembram lá que ele foi treinado, vocês lembram daquela frase que o Presidente Lula não subia a rampa, que alguém poderia estar treinando com sniper para isso. Isso é grave, gravíssimo, aí ele vem: "Convoquem os CACs, Srs. Até quando vão esperar? Convoquem e ponham em treinamento militar intensivo." Na sequência, "Tem muito Fuzil a disposição. Será uma honra servir a Pátria. Não nos deixe sair como bandidos nessa situação". Muito fuzil à disposição, não nos deixem sair como bandidos - e muito fuzil à disposição, não nos deixem sair como bandidos! O George Washington numa conversa de um grupo de WhatsApp.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP. Fora do microfone.) - O que chama a atenção é a data, na véspera dos atos de terrorismo.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Exato, sempre a data, muito bem, o Randolfe, o Líder Randolfe lembra muito bem.
Essa aqui é no dia 11 de dezembro: "General Girão, vão esperar até quando para acionar os CACs? Tem CACs prontos! Acione, General, coloque em treinamento militar intensivo." Na sequência... Acabaram aí. Este é o nível de mensagem: fuzil, bomba, CAC, sniper...
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A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ. Fora do microfone.) - É guerra.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Manifestação é guerra, Deputada Laura, sentimento claro de guerra dentro do acampamento.
E aí eu quero finalizar trazendo aqui um quadro final - trazendo aqui um quadro final. Veja só, coloque aí pra mim o quadro. Eu não acredito honestamente que Wellington... Coloque... Vamos aqui pessoal... Abre um pouquinho mais aqui esse quadro.
Eu não acredito que havia ações solitárias, porque, vamos lá, nós temos aqui quatro atos emblemáticos: nós temos a tentativa de invasão no Meliá, onde o Presidente Lula estava hospedado; nós temos uma tentativa de invasão no Aeroporto de Brasília, famílias, crianças, idosos... É um fato, gente. Aqui não é querendo criar uma narrativa, é um fato. Você vê no aeroporto. O aeroporto... Inclusive, os atos de terroristas mundo afora acontecem assim, nos locais de concentração muito grande e de trânsito de pessoas, aeroportos, praças, escolas, hospitais, metrô, estações de abastecimento de energia... São esses os espaços. A lógica era a mesma, o modus operandi é o mesmo modus operandi dos terroristas, como eu disse, a que a gente assiste nos jornais. O Brasil é um país pacífico, a gente não vê atos de terrorismo.
E, veja, ato... Só voltando aqui: 5 de dezembro, tentativa de invasão do Meliá; 8 de dezembro, tentativa de invasão no Aeroporto de Brasília; 12 de dezembro, invasão na sede da Polícia Federal; e 24 de dezembro, bomba no caminhão-tanque.
Vamos lá: 5 de dezembro, quem estava lá? Estavam o Wellington, o Alan Diego e o Oswaldo Eustáquio, que é lá o...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Não, o Oswaldo Eustáquio, o Alan Dias e o Wellington estavam, os três, no mesmo ato do dia 5 de janeiro.
Você estava, Wellington, no dia 5? (Pausa.)
Ele estava. Tem um vídeo ali que, na verdade, a gente até mostrou.
No dia 8 de dezembro, na invasão do Aeroporto de Brasília, estava o Wellington, estava o Alan Diego e estava o índio Serere.
Aí vamos lá. Veja que vai evoluindo, vai aumentando, o engajamento vai acontecendo, as relações dentro do QG vão se aprofundando.
No dia 12 de dezembro, você tem o Wellington, você tem o Alan Diego, você tem o Oswaldo Eustáquio, você tem o George Washington e você tem o Serere, uma força-tarefa. Os cinco foram então pra lá para...
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Exatamente, que foi preso. Portanto, ele fazia parte de todo esse processo aí do 12 de dezembro. Foi preso, inclusive, na sede da Polícia Federal.
E, por fim, o 24. No 24, da bomba, estavam o Wellington e o Alan Diego, possivelmente os dois levando a bomba, e o George Washington fabricando a bomba.
Existe algum lobo solitário nisso aqui? Pra mim, isso aqui é uma junção de várias pessoas que se uniram com um objetivo: guerra, tentar matar as pessoas, tentar explodir, na verdade, um caminhão de combustível com 60 mil litros.
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E quero finalizar apenas, Presidente, com a imagem que é a imagem que nos traz tristeza, porque, graças a Deus, eles foram incompetentes, graças a Deus, uma boa incompetência na fabricação da bomba. Não conseguiram acionar a bomba, mas, se tivessem acionado... Olha o raio! O vermelho era um raio, um raio claro de mortes. O laranja e o verde, raios que também seriam atingidos e poderiam ferir sabe-se lá quantas vítimas, inclusive fatais, porque não há dúvida nenhuma de que vítima fatal teria aí, nesse ato terrível, terrorista, que foi embrionário, claramente, a partir das divulgações do 7 de setembro de 2021, materializadas no QG, em frente ao Quartel-General do Exército.
Muito obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Sra. Relatora.
Tem dois autores de requerimento que não estão presentes: o Deputado Duarte Jr. e o Senador Jorge Kajuru. O terceiro autor de requerimento é o Deputado Rogério Correia, a quem eu passo a palavra.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente, apenas uma questão de ordem.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Pela ordem.) - Porque o depoente o tempo todo fala que não teve acesso aos inquéritos. Particularmente ao inquérito da bomba no aeroporto, ele já foi sentenciado, portanto isso é público, todos têm acesso. Como é que o advogado dele e ele não tiveram acesso? Isso é público, qualquer um pode ter acesso. Então, neste caso, se ele tem, de fato, essa condição para colaborar, neste caso, ele teria que colaborar, na medida em que esse inquérito é público e esse tem sido o argumento para não falar.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não tenho dúvida, Deputada.
Deputado Rogério Correia, pelo tempo de dez minutos.
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, pela ordem. Só um pouquinho antes do Rogério.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não.
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT. Pela ordem.) - É sobre o próprio ambiente de trabalho.
Quando eu cheguei, eu identifiquei com o senhor que havia um cheiro de cigarro no ambiente. Depois eu perguntei os motivos, e parece que uma das Deputadas, não vou citar o nome...
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ. Fora do microfone.) - Eu!
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Então, está bom. Pronto, está registrado.
A Deputada Laura Carneiro estava fumando ali no corredor, deixando o ambiente muito ruim ali do lado do banheiro. Eu peço que não faça isso novamente, para que a gente possa ter um ambiente um pouco mais agradável.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputado, eu sou Presidente da CPMI, não sou Presidente do Congresso Nacional. O senhor dirija a sua reclamação ao Senador Rodrigo Pacheco.
Deputado Rogério Correia.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Para interpelar.) - Presidente, inclusive o advogado do Sr. Wellington está constituído, ele tem acesso aos autos. Não sei por que essa desculpa esfarrapada de que não teve acesso aos autos. Ele, que era tão valente de convocar golpe, enaltecer, pedir aos militares, agora está aí, caladinho, usando uma desculpa esfarrapada, porque ele está constituído, o advogado, e tem exatamente isso. É mais um bolsonarista medroso que vem aqui e não tem coragem de assumir os atos que fez, inclusive atos de terrorismo, como foi demonstrado aí.
Não fala nada, mas eu vou dizer ao senhor: eu andei essa madrugada aí "stalkeando" suas redes, viu, principalmente o Instagram. E olha... Olha para você ver que o negócio é feio. Tem vídeo que não acaba mais, Presidente, vídeo convocando golpe é o que não falta.
Eu vou mostrar um. Podia colocar o primeiro, porque eu coloquei, que ele vai entender. Ele sabe o que ele estava fazendo nos vídeos e ele não apagou, deixou isso tudo lá. Ele vai contribuir muito para ajudar na prisão do Bolsonaro. Os vídeos são fundamentais para a Polícia Federal ter acesso. Com certeza... Eu vou explicar por quê. Vamos lá. É o primeiro vídeo. Vamos lá...
Tem que botar o áudio desse vídeo, que é importante. Vamos escutar o valente Wellington, o que ele falava na época em que ele queria dar golpe. (Pausa.)
Volta, por favor, com o áudio!
Presidente, me dá um tempo aí depois, Presidente, porque o áudio não sai com o... (Pausa.)
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Presidente, você me dá um desconto do tempo? - porque...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Fora do microfone.) - A tecnologia...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... não está conseguindo...
(Pausa.)
É por causa do áudio. É importante escutá-lo. Ele não fala. É importante que ele fale pelo que ele já falou, não é?
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Ó, vamos lá! Eu pediria: silêncio, colocar mais alto e voltar.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Autorizados!
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente, esse vídeo diz tudo por si. Ele estava lá, convidado com aquelas pessoas, no palácio de moradia do Presidente da República - convidou para eles irem lá. Ele chama a atenção de que o Presidente da República sempre dava alguma palavra para eles, de alento. Depois ele vai dizer, para o pessoal não perder a esperança, assim como fez o General Heleno - e outros -, que foi estumar o golpe. Foi exatamente isso que o Sr. Wellington fez nesse procedimento todo.
Eu queria dizer que ele faz isso e ainda busca ganhar dinheiro com Pix - também não é novidade. Eu não sei se tem uma figura aí que eu pedi para colocar, que vai mostrar muito do recurso que eles fazem para alavancar dinheiro e financiar o golpe. Se vocês tiverem uma foto para colocar aí para mim... É uma foto do seguinte. Hoje, fez-se uma síntese daquilo que nós já apuramos, das contas que ficam no entorno do ex-Presidente Jair Bolsonaro. E eles arrecadaram, no entorno dele, 26,7 milhões entre 2020 e 2023. Eu pedi que colocasse uma foto, porque aí vai ter o que Mauro Cid tinha de dinheiro, Luis Marcos dos Reis, Mauro Cesar Lorena Cid, para o Presidente, o senhor, saber que não eram só joias, não. Isso deu 26,7 milhões. Tem o tio da Michelle Bolsonaro, a tia da Michelle Bolsonaro reunindo isso tudo, foram 26,7 milhões.
Então este é o modus operandi: pedir Pix e ir acumulando o recurso para financiamento do golpe. E, no entorno do Presidente Jair Bolsonaro, isso também era feito. Por isso é que não é apenas corrupção, é corrupção....
Ah lá, está ali a foto. Isso aí é o que está em torno do Presidente Jair Bolsonaro nas contas dele, que vai fazer esse financiamento absurdo aí do propósito golpista deles. Se você juntar isso a joia, aquilo que foi vendido ilegalmente, aí há tanto corrupção quanto financiamento do golpe.
Agora, nós não podemos tirar a corrupção do processo de golpe, faz parte, porque quem trabalha para fazer esse tipo de golpe trabalha para si também, para se sustentar dentro do processo golpista, que é o que fez o Wellington. Então é outra denúncia a ser feita.
Então era isso que eu queria demonstrar.
Agora, Presidente, o Wellington não quer falar, mas já falou pelos vídeos. Eu falei que estava "stalkeando" lá a rede social dele, e ele falou demais pelos vídeos. Então, quando a Polícia Federal tiver acesso - já deve ter, porque é público -, vai saber o que ele fez.
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Agora veja bem, hoje, Sr. Wellington... O senhor conhece o Mauro Cid, não é? O senhor conhece o Mauro Cid?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Eu preciso ter acesso...
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Até isso?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - ... a todas as acusações...
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Para saber se conhece Mauro Cid?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - ... que fazem contra mim...
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O senhor era muito valente.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - ... para conversar com meu advogado.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O senhor não está tão valente mais não, hein? O senhor defendia tanto as causas aí do golpismo, e agora o senhor está caladinho. Não tem coragem de defender mais? Depois vai ficar chorando e reclamando dos Deputados que o abandonaram.
O Mauro Cid, olha... Esse já está abrindo o bico. Vocês viram hoje? Em delação...
Olha, Presidente, Senadora Eliziane, por mim, essa questão do indiciamento do Bolsonaro são favas contadas.
"Mauro Cid revela que Bolsonaro fez reunião com cúpula militar para avaliar golpe no país" - isso está no UOL, está no Globo. E um dos generais, que foi... Aliás, um Almirante: o Almir Garnier Santos teria dito a Bolsonaro, nesta reunião que Bolsonaro chamou, "que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente". Ele fez uma reunião para falar do golpe, planejar o golpe; o Almirante disse que as tropas dele estavam prontas. Felizmente, diz aqui que o Comando do Exército disse que não embarcaria no plano golpista e, pelo que eu sei, o da Aeronáutica também. Por isso, tem, no telefone do Mauro Cid, aquele desalento de dizer para o Coronel Lawand, que mentiu aqui muito, que o golpe tinha flopado, que eles não tinham conseguido a unidade das Forças Armadas.
Aí, o que eles foram fazer? Tentar bomba no aeroporto... tentar um estopim, uma centelha que alimentasse o golpe, seja com invasão nos quartéis, seja com esse terrorista colocando bomba para explodir o Aeroporto de Brasília, ou seja no dia 8 de janeiro, também tentando um estopim que pudesse permitir que se alastrasse pelo Brasil a revolta - e eles iriam ocupar estradas, etc. - e dar o golpe.
Ora, gente, isso não é, como se diz, narrativa. Isso são fatos concretos que aconteceram e que nós viemos provando. Então, esse procedimento de golpe está absolutamente claro nessa questão que nós aqui levantamos.
Mas tem mais. Quem é que levou essa proposta de golpe, ou a minuta do golpe, ou o passo a passo do golpe? Filipe Martins, assessor de Bolsonaro, aquele que virou réu por racismo após gesto supremacista que ele fez aqui no Senado; este é que levou ao Bolsonaro, segundo o Mauro Cid, a minuta do golpe. A gente não sabe se é a minuta do Anderson Torres ou o passo a passo no telefone do Mauro Cid.
O senhor chegou a... O Mauro Cid chegou a falar com o senhor dessas tratativas golpistas? Porque o senhor confiava tanto que ia acontecer...
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Quando eu tiver tempo de conversar com a minha defesa e acesso a todas as acusações, eu volto aqui e colaboro com os senhores.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Mas o senhor era tão convicto das teses de que precisava ter um golpe. O senhor não está mais convicto, não? Está arrependido?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A mesma resposta.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - A mesma resposta.
Eu fico impressionado de ver como é que os bolsonaristas eram ex-valentes. E depois o senhor vai reclamar dos Deputados, dos Senadores que o abandonaram. Vai chorar. Nós temos vídeo do senhor...
(Soa a campainha.)
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - ... chorando: "Fui abandonado".
O senhor é o chorão ou é o terrorista? Qual o papel que lhe cabe melhor?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Quando tiver tempo de conversar com a minha defesa e acesso a todas as acusações, eu volto aqui.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - O senhor vai ter muito tempo.
Sabe quantos anos pegou o Aécio, que é um que quebrou aqui? Dezessete anos. Quantos anos o senhor acha que o senhor vai pegar? É melhor o senhor já ir refletindo, viu? Dezessete anos foi o Aécio. O senhor não vai pegar menos que ele de jeito nenhum. O senhor vai ter muito tempo para refletir.
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Se eu fosse o senhor, eu refletia melhor e colaborava, contava o que o senhor fez, o que Bolsonaro pediu pra fazer, quais os Deputados que estavam também nisso, e o senhor fica aí piscando pra eles. Era bom que o senhor confessasse realmente o que fez.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Eu preciso desse tempo de reflexão com o meu advogado, com acesso a todas as acusações.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Tomara que o senhor tenha bastante tempo e consiga contribuir, porque... Aliás, contribuir o senhor já está contribuindo: os áudios e vídeos do senhor vão ajudar muito na prisão do Bolsonaro.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado Rogério Carvalho. Próxima oradora inscrita... Perdão, é o Senador Rogério Carvalho, que hoje não está aqui. Muito obrigado, Deputado Rogério Correia.
Passo a palavra agora à próxima oradora inscrita, a Deputada Jandira Feghali.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Para interpelar.) - Sr. Wellington, o senhor é a expressão bolsonarista do golpe. E que comprova, inclusive, Presidente, a correção do nosso plano de trabalho aqui aprovado. O 8 de janeiro não é um fato isolado, houve uma construção golpista durante anos, particularmente de 2021 em diante.
É importante a gente dizer isso, porque o Sr. Wellington Macedo tem características dos seguidores de Bolsonaro: participa da milícia digital, inclusive expressando não apenas divergência política, mas preconceito grave contra o ex-Presidente Lula; estimula o ódio nos seus vídeos, a violência, o golpe contra a democracia brasileira. Inclusive, tem um vídeo dele, que eu não vou colocar porque não vai dar tempo, cobrando do Comandante do Exército então, o General Freire Gomes, que deixasse de ser covarde e atuasse nas demandas deste movimento contra a democracia. Ele organizou, junto com o Movimento Verde Amarelo, um dos organizadores, a passeata dos ruralistas e a marcha cristã pela liberdade, contra o distanciamento social na pandemia, contra o STF e contra a CPI da covid do Senado. Ele ajudou a organizar o Sete de Setembro e por isso, inclusive, foi preso, porque no Sete de Setembro o que se fez foi uma tentativa de invasão dos três Poderes, que não aconteceu. Não aconteceu porque o contexto político era outro - não aconteceu. E ele é preso por fazer esses vídeos e, inclusive, agredir o Ministro Alexandre de Moraes, o que o próprio Presidente então, Presidente Bolsonaro, fez nos seus discursos do Sete de Setembro, em Brasília e em São Paulo.
No dia 12, ele participa - no dia 12 -, e já no dia 24, quando foi lá colocar a bomba... Porque não vai me dizer que deu carona. Por favor, não repita isso, porque carona rodando quatro horas e botar um explosivo num caminhão, a não ser que o senhor quisesse dar um presente de Natal para o caminhoneiro, não saber o que estava dentro daquela caixa. No dia 24, quando o senhor foi botar a bomba, o senhor já era o foragido da Operação Nero, do dia 12 de dezembro, já era um procurado. E ainda, para fugir de novo, e aí foge para o Paraguai, ele quebra a tornozeleira eletrônica que ele já usava desde a sua prisão.
É importante dizer que, nesse processo todo, teve o 10 de agosto, Presidente. Nós precisamos lembrar do 10 de agosto. O 10 de agosto foi o momento em que houve o desfile de tanques...
(Soa a campainha.)
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - ... na Esplanada para pressionar o Congresso Nacional, porque era o dia da votação do voto impresso. Aquele vexame internacional de tanques saindo fumaça, que deram graças a Deus por nunca terem sido chamados a combate. Aliás, essa é uma formulação do jornalista Lúcio de Castro, muito boa a matéria dele publicada, que dá uma sequência de tudo isso. Os tanques entraram de manhã pra pressionar o Congresso quanto ao voto impresso, e os caminhoneiros entraram à noite, com o mesmo objetivo e no mesmo dia, contra o Congresso Nacional, pressionando e intimidando o Congresso Nacional. E o Congresso Nacional não baixou a cabeça: votou contra o voto impresso na Câmara dos Deputados naquele momento.
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É importante dizer que, nesse processo de golpe, hoje, a matéria da Folha de S.Paulo, as matérias do UOL, as matérias de O Globo mostram, na delação de Mauro Cid, o comando de Bolsonaro no processo golpista. Ele denuncia, inclusive, que o Filipe Martins levou a minuta, que o Senhor Presidente Bolsonaro submeteu a minuta aos comandantes, que o Ministro da Marinha da época concordou com o golpe, mas não teve unidade com o Alto-Comando das Forças Armadas. Por isso, ele não empreendeu o golpe naquele momento, ficou inseguro de sustentação do conjunto das Forças Armadas.
Quando nós olhamos o currículo do Sr. Wellington... E aí a pergunta está fora do inquérito. Se o senhor puder, me responda. No currículo do Sr. Wellington, Presidente, tem 59 ações de danos morais movidas por diretores de escolas lá em Sobral, porque ele fez milícia digital contra o projeto educacional de Sobral, que é o melhor do Brasil, tinha o melhor Ideb em 2021 do país, e ele tem 59 ações. Depois, ele é investigado por divulgar vídeos de abuso infantil - está aqui outro processo. Terceiro, investigado por violação de cadáver: ele abre um caixão de uma mulher que morreu de covid para mostrar, em vídeo, para dizer que era a primeira vítima do covid. Esses três processos...
E eu pergunto diante disso... Aí é uma pergunta pra ele, e espero que ele ouça e pare de rir, porque isso é gozação com a CPMI. Ele está rindo o tempo todo aqui, piscando para os seus aliados aqui na CPI, que eu estou vendo.
Diante desses processos todos que violam direitos humanos, os direitos das crianças, quem é que o nomeou para o Ministério dos Direitos Humanos, Mulher e Família? Essa é uma pergunta. O senhor pode dizer quem o nomeou para o ministério? Isso aqui não tem nada a ver com o inquérito.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Quando eu tiver tempo de conversar com a minha defesa e acesso a todas as informações, eu posso responder.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Isso não tem nada a ver com o inquérito.
O senhor foi assessor da Secretaria Nacional de proteção de crianças e adolescentes na então gestão da atual Senadora e Ministra dos Direitos Humanos Damares. Eu não sei quem o indicou, mas, diante disso tudo, ir para a Secretaria Nacional de defesa da criança e do adolescente, depois de atacar a educação, de botar vídeo de abuso infantil e violação de cadáver na covid... É inacreditável ele ter ido para esse ministério.
Por fim, é importante a gente colocar - eu ainda tenho aqui quatro minutos - que ele era frequentador do Alvorada. Tem as datas dele de visita ao Alvorada: abril e maio de 2021...
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Um instante, Senadora.
Está um barulho muito grande aí atrás, e eu queria pedir silêncio para que possamos ouvir aqui a fala da Deputada Jandira Feghali, por favor.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Ele era um frequentador do Alvorada, foi em abril e maio... Teve uma visita de maio em que ele ficou quatro horas dentro do Alvorada. Não vou nem perguntar o que ele conversou lá, porque ele não vai dizer, mas nós já imaginamos.
E, depois, tem também assessor do Deputado do PL Nelson Barbudo, o Sr. Rafael Klas Dal Bo, que foi 12 vezes ao Alvorada! E ele era um dos incitadores dos golpes e das ações contra a democracia no Brasil. Esse assessor, inclusive, foi o anfitrião do caminhoneiro Zé Trovão, na época, que também concorreu à eleição e perdeu. Aliás, ele também, o Sr. Wellington, concorreu à eleição e perdeu.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Tem dois, tem dois. Vocês têm que conhecer mais a história do Brasil.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Mesmo nome.
E ele foi para um DAS 4 no ministério - é bom que a gente lembre - com um bom salário.
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O Wellington, ele se diz blogueiro, então ele não precisa falar, porque os vídeos dele falam por ele. Tudo dele está registrado em vídeo, está registrado em Twitter e tudo pedindo Pix. Inclusive, ele fez um vídeo já foragido pedindo Pix pra sustentar a fuga dele. Tem um vídeo dele numa caverna escura pedindo Pix pra sustentar a fuga dele, ele foragido da polícia e da Justiça brasileira. Existe o vídeo.
Questionou as urnas eletrônicas, atacou o Congresso, vociferou xingamentos contra os Poderes, exatamente como fez Jair Bolsonaro. Exatamente como fez Jair Bolsonaro. Vociferou contra o Congresso, contra o Supremo Tribunal Federal, xingou o Ministro Alexandre de Moraes e outros Ministros do Supremo e ainda diz que ficou nas quatro linhas da Constituição, incitando a invasão dos três Poderes.
Eu posso dizer, Presidente, que isso aqui é a expressão mais clara - mais clara - de um processo golpista expresso por um que não era o mandante, mas era um dos organizadores de todo o processo: milícia digital, preconceito, ódio, violência, mobilização de ato golpista, visita ao Alvorada, participação com o Presidente Bolsonaro em reunião, fazendo um processo golpista, botando bomba no Aeroporto de Brasília. Além de um golpista, é um terrorista: bomba no Aeroporto de Brasília, colocando em risco vida, integridade de patrimônio público. E continuou postando vídeo foragido, quebrou a tornozeleira, se mandou para o Paraguai, fazendo vídeo pedindo Pix, pra manter a fuga dele, não é?
Então, o que eu quero deixar aqui, Presidente, muito claro é o seguinte: ele está preso, está no lugar certo.
(Soa a campainha.)
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Está preso. E espero que os outros processos também lhe deem a condenação devida por tantos crimes, até porque é uma pessoa que aparentemente não tem nenhum escrúpulo e tem total frieza pra desenvolver o que desenvolveu.
Era amigo de George Washington. Aliás, George Washington divulga um vídeo dele e um Twitter dele pedindo Pix, pra ver como eles eram amiguinhos, ele, George Washington, Alan Diego e Oswaldo Eustáquio. Ele está na prisão. Aliás, ele está na prisão como devem ir todos os seguidores golpistas de Bolsonaro e o mandante maior, que é Bolsonaro, que tem que ir pra cadeia. E isso é o que está claro pra nós, tinha um chefe desse processo, um chefe, e esse chefe comandou todas as ações golpistas dos seus seguidores, que seguiram o mesmo roteiro pra violar o Estado democrático de direito no nosso país, que é o Brasil.
Obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputada.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Com a palavra...
Pois não, Senadora.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Eu fui citada.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não. A senhora tem três minutos pra falar.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Inclusive, para ajudar os colegas...
(Soa a campainha.)
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Foi citada, mas não agredi. Só disse que ela era Ministra. Eu só disse que ela era Ministra!
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Senhores...
Não, mas tudo bem. A senhora disse que ela era Ministra...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Não a acusei de nada!
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu sei que não, não houve nenhuma ofensa, eu registro isso, mas como o nome da Senadora foi citado, e ela quer explicar essa circunstância, eu vou dar três minutos para ela.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF. Para explicação pessoal.) - Inclusive, para a equipe do Governo não cometer mais erros.
Veja só: Sr. Wellington, ele era um jornalista que denunciava estupros e abusos de criança. E ele chega na CPI dos Maus-Tratos aqui, final de 2018, com inúmeras denúncias. No Governo de transição, ele começa a frequentar o Governo de transição em 2018, dizendo, inclusive, que corria risco de vida se ficasse lá em Sobral.
A secretária que estava sendo indicada para ser Secretária da Criança vê o trabalho dele, precisaria de um assessor de comunicação. E ele fazia vídeos incríveis, trazia muita coisa. Ele foi convidado pra ser assessor na Secretaria de Comunicação, e ficou de 8 de fevereiro... Está aqui, gente, nomeação e exoneração: 8 de fevereiro a 18 de outubro. Ele teve problemas com o secretário lá na secretaria.
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E aí, eu precisava deixar isso muito claro, porque esse vídeo em que ele expõe uma cena de abuso sexual é lá em 2021, Senadora Jandira. Se isso tivesse acontecido antes, ele não teria sido nomeado. Ele era um jornalista defensor da infância; que isso fique muito claro! Inclusive, todo o material que ele trouxe para a CPMI, para a CPI foi recebido pelo Senado. Tem até requerimento do Senador autor, que ia ouvi-lo na CPI. Ele foi levado para esse momento como um grande defensor da infância.
O SR. MAGNO MALTA (PL - ES. Fora do microfone.) - Foi recebido por mim o material.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Então, que fique claro que ele não foi para lá, para aquela secretaria porque havia um grande golpe; havia um assessor de comunicação que defendia a criança, e a secretária, naquele momento, entendeu que ele podia ser um bom assessor. Não deu certo, e, a partir daí, acabou-se a relação dele com o ministério. Que isso fique claro!
(Soa a campainha.)
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF) - Presidente... Muito obrigada, Presidente.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente, só uma... Só um...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado.
Deputada Jandira Feghali...
Passo a palavra a...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente, só um esclarecimento aqui...
(Intervenções fora do microfone.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não, Deputada. Deputada, por favor...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - É crime... É crime apresentar vídeo de abuso infantil? Segundo o art. 241...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente... Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputada, eu vou pedir...
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - ... eu vou ter direito à réplica? Presidente, eu vou ter direito à réplica?
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Por favor.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Tem que esclarecer!
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Ela já esclareceu, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu vou suspender a sessão por três minutos, porque o depoente precisa ir ao toalete.
(Suspensa às 10 horas e 41 minutos, a reunião é reaberta às 10 horas e 45 minutos.)
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O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - O advogado do depoente já está de volta. Vamos, agora, dar prosseguimento às nossas falas.
Próximo orador inscrito, Deputado Pastor Henrique Vieira.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente.
Bom dia a todas as pessoas.
Wellington, Alan Diego e George Washington, vinculados ao carro-bomba; Aécio Lúcio, Matheus Lima, Thiago de Assis, os primeiros réus condenados por ataque à democracia. O que eles têm em comum? São seguidores do ex-Presidente Jair Bolsonaro. O que eles têm em comum? Eles cometeram crimes que não visavam a um ganho pessoal. Eles não estavam agindo de forma ilícita para ganhar algo para si; eles estavam agindo por conta de uma causa e colocaram a vida e a liberdade deles em risco por causa de uma ideia. Então, o que eu quero hoje falar aqui é sobre o que desperta esse tipo de atitude violenta e o que isso tem a ver com a investigação desta CPMI.
Discurso de ódio estimula emoções negativas. A exposição à retórica violenta de políticos aumenta o apoio à violência política, torna a violência política legítima, ou seja, a palavra estimula uma paixão, um afeto, uma mentalidade. E esse afeto, depois, gera uma atitude violenta.
Na minha opinião, Jandira, pior do que aquilo que Bolsonaro, por exemplo, pensa é ele pensar que aquilo que ele pensa está correto. Não sei se eu me faço entender. O discurso de ódio mobiliza uma visão de mundo, e eu realmente acredito que nossos adversários políticos, inclusive aqui, de fato acreditam naquilo que pensam, o que torna mais grave, na minha opinião, ou seja, a palavra mobiliza a mentalidade, a mentalidade mobiliza uma atitude, e essa atitude violenta ainda ganha um caráter, como nós vimos, de heroísmo, de algo que está salvando a pátria, purificando a pátria, livrando a pátria de um inimigo - quero chamar atenção para isso. A extrema-direita, com a sua mentalidade, precisa construir, o tempo inteiro, um inimigo, um mal a ser extirpado, expurgado e eliminado.
E qual é o meio, Senador Randolfe, em que esse ódio ganhou escala de massas? Por meio do uso indevido e intencional das redes sociais, que é para onde eu estou mais chamando atenção na reta final desta CPMI. Tem vários estudos demonstrando que a invasão do Capitólio nos Estados Unidos e os ataques de 8 de janeiro ocorreram depois que certos grupos decidiram repetidamente usar as redes sociais para deslegitimar processos democráticos.
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Nós não devemos acreditar, Rogério, que o ódio online fica online. O ódio online tem como consequência um carro-bomba perto de um aeroporto que pode matar muita gente. Isto para mim é um tema do nosso tempo: a mobilização de milícias digitais, provocando uma mentalidade que cria a imagem de um inimigo a ser eliminado; e a ação violenta contra esse inimigo ganha um status de heroísmo. Possivelmente o Wellington se sentia um herói fazendo aquilo. Um ato de violência ganha um sentido, um sentimento, um afeto de heroísmo; está salvando o país de um inimigo.
Só que isso tem mobilização intencional. Bolsonaro utilizou o afeto do ódio para se eleger. Uma vez eleito - e eu quero chamar a atenção para isso - institucionalizou o ódio por meio de uma milícia digital vinculada à Secretaria da Presidência, financiada por dinheiro público, gerando desinformação em massa para milhões de pessoas; pessoas como o Wellington, que pegaram essa ideia, incorporaram na sua subjetividade e foram, com forma violenta, agir para salvar o Brasil do inimigo. Então, tem uma cadeia lógica intencional produzida - inclusive, diretamente ligada ao ex-Presidente da República.
Bolsonaro fez história desprezando mulheres, negros, LGBTs, indígenas, quilombolas, adversários políticos. Isso tudo gera lastro, influencia.
Mas aí - caminhando para os meus cinco minutos finais - eu peguei um estudo, Jandira, do Prof. Marcelo Alves dos Santos Junior, da PUC do Rio de Janeiro. Ele estuda o "gabinete do ódio", que eu tenho insistido para ser uma das linhas do relatório final, debatendo que houve milícia digital produzindo o afeto do ódio intencionalmente, e o efeito final disso é uma pessoa que acredita que está salvando o Brasil colocando um carro-bomba perto de um aeroporto.
Isso não foi pontual ou casuístico; isso é estrutural da extrema-direita. A extrema-direita não sobrevive sem sátira, indiferença ao sofrimento do outro, alegria e prazer quando o outro sofre e, até mesmo, numa atitude violenta contra o outro. E depois tudo isso vira piada, inclusive, porque é preciso petrificar o coração e não se comover diante do sofrimento do outro.
Olha o que diz o estudo: o administrador...
(Intervenções fora do microfone.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS. Fora do microfone.) - Presidente, está demais. Tanto barulho!
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Sr. Presidente, só um minuto.
(Soa a campainha.)
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Se puder só recompor 20 segundos.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS. Fora do microfone.) - E ataques ao pastor aqui...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Silêncio aí atrás, por favor.
Pois não, pastor. Pode continuar.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Se puder voltar um pouco...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Tá, pode continuar, pastor.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Agradeço.
O administrador da página Bolsonaro Opressor 2.0 participou intensamente da campanha presidencial e foi nomeado em 4 de janeiro de 2019 - olha só, Jandira. Uma das postagens...
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Uma das postagens: em uma fotomontagem, com a inscrição: "Caso o Bolsonaro seja Presidente"... Atenção a isto: aparece na fotomontagem a Deputada Maria do Rosário caída, como se tivesse levado um tiro; o Deputado Jean Wyllys, a Benedita da Silva, além do ex-Presidente Lula e da Dilma, amarrados com uma camisa de força. Daí vão dizer que isso é qualquer coisa, é uma piada, um comentário qualquer, porque faz parte da estrutura de pensamento da própria extrema-direita minimizar isso.
Outro exemplo: a página Bolsonaro Zuero 3.0, do jovem cearense José Matheus Salles Gomes, que também se tornou assessor especial de Jair Bolsonaro. Por isso que eu estou falando que essa lógica não foi espontânea. Ela se institucionalizou dentro do Governo Bolsonaro. Uma página desativada no Facebook, uma imagem calcada no humor ácido e no discurso de ódio contra adversários e minorias, retratando, em memes, a eliminação de petistas e psolistas, com montagem do rosto de Lula em fotos de enforcamento. Só que isso aqui não foi uma pessoa isolada, com um computador, numa casa; isso aqui é assessor do ex-Presidente.
Eu acho que o debate aqui é civilizatório, é ético. Eu não divido esta CPMI entre Governo e Oposição, de verdade. Eu divido entre uma base democrática - onde cabe direita, centro, esquerda, divergências sobre Estado, modelo de economia - e uma base que aposta nesse tipo de construção existencial e subjetiva.
Na minha opinião, a milícia digital do "gabinete do ódio" é estrutural, estruturante, e tem a ver com o carro bomba, lá no final, que o Sr. Wellington ajudou a montar.
E o pior é que isso tudo, dentro da própria lógica em que a extrema-direita funciona...
(Soa a campainha.)
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - ... ganha status de qualquer coisa, de piada, e não importa...
Mas eu insisto: a palavra gera símbolo, o símbolo forja afeto, o afeto estimula a atitude, a atitude pode matar alguém em nome dessa moralidade.
Por isso, eu quero dizer, Sr. Wellington, de verdade, falando com integridade de coração: eu não desejo ao senhor o mal que o senhor desejou a muitas outras pessoas - de verdade, de coração. A gente pode divergir, debater, mas eu tenho procurado não responder ao mal com o mal, não responder ao ódio com o ódio, não responder ao sarcasmo com o sarcasmo e não responder à mentira com a mentira, porque ganhar da extrema-direita é inclusive não utilizar as armas dela para vencer. É uma batalha ética e civilizatória.
Eu sei que o senhor - para concluir esses 30 segundos, já que fui um pouquinho atrapalhado... Até fico chateado com um certo riso, talvez um sarcasmo, diante das nossas posições; ainda assim, Sr. Wellington, o senhor é um ser humano, carrega uma dignidade própria, e eu não desejo nenhum mal contra a sua vida, mas apenas que você seja responsabilizado pelos erros que cometeu, porque ganhar dessa tese de mundo é não utilizar do ódio dessa tese para vencer.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado.
Passo a palavra ao próximo orador inscrito, que é Deputado Pr. Marco Feliciano.
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O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Brasil que nos assiste, Sr. Wellington Macedo, bem-vindo a esta Casa. Jornalista, e por isso os processos. Eu conheço inúmeros jornalistas que, por denunciarem coisas ruins, também têm muitos processos. Mas, neste momento aqui, o senhor é o jornalista do mal para todo mundo. Por isso o senhor está pagando esse preço aí.
Eu queria fazer algumas perguntas. Eu sei que a V. Sa. parece que não pode responder, mas eu preciso deixar aqui registradas as minhas perguntas. Se pudesse, ajudaria em muito. São perguntas que não o incriminam em nada. Sr. Wellington, o senhor conhece o Sr. Erlando Alves?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Deputado, gostaria muito de responder a pergunta do senhor, mas eu preciso ter acesso integral a todas as atualizações.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Compreendo, compreendo. Então, minhas perguntas serão meramente retóricas. O senhor conhece ou foi procurado por alguém em nome da Relatora desta CPMI?
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Um instante, Deputado.
Eu peço, mais uma vez, silêncio aí atrás, porque está atrapalhando o orador aqui na frente, por favor.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Peço que recomponha o meu tempo, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - V. Exa. terá 15 segundos, no final, de tolerância.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Então, o senhor foi procurado por alguém em nome da Relatora desta CPMI? Se fosse só sim ou não, ajudaria.
O senhor é membro da Força Nacional? Como sei que o senhor não é, vou responder. O senhor não é. Então, nós queríamos que estivesse sentado em seu lugar aí um membro da Força Nacional para que ele pudesse contribuir, de fato, com o que aconteceu nos atos do dia 8 de janeiro.
O senhor estava no meio daquela balbúrdia do dia 8 de janeiro aqui? O senhor participou desses atos de vandalismo? Acredito que suas respostas seriam todas "não". Pois bem, então o senhor está aqui apenas por dois motivos, na verdade: o senhor criticou acidamente o STF. E, no nosso país, você pode criticar qualquer um: critica-se pastor, critica-se Presidente da República; pode-se criticar o Presidente aqui da CPMI; pode-se criticar qualquer Deputado ou Senador; mas não se pode criticar nenhum membro da Alta Corte, da Suprema Corte do nosso país, porque, infelizmente, eles são como se fosse uma casta superior, extremamente maior, exatamente porque há no nosso país um desequilíbrio dos Poderes. Na ausência de homens de verdade que liderem o nosso país, outro Poder acaba tomando conta e, por isso, V. Sa. está sentado aí.
Eu vi aqui, e desde o início eu tenho dito que esta CPMI aqui não vai dar em nada, porque foi uma ação nossa, da oposição. Mas, infelizmente, o Governo que não queria a CPMI tomou ela de assalto. Então isso aqui, tudo é narrativa.
O Presidente disse hoje, em uma entrevista aqui, o Presidente da CPMI, que acha que não vai acontecer nada. Eu estava vendo a entrevista dele para a TV Senado, ele disse que acha que não vai acontecer nada, porque o Supremo Tribunal Federal, o Judiciário já está fazendo.
Então isso aqui não é circo, porque eu tenho muito respeito ao pessoal circense. Até me arrependo de algumas vezes ter comparado esta CPMI ao circo. Isso aqui é pior do que isso. Isso aqui é missão dada ao Governo, tanto a Relatora, quanto a tropa de choque que aqui está sentada.
Por exemplo, eu fico aqui pensando, um petista acusando alguém de ser bandido é igual um batedor de carteira que, depois de roubar alguém, grita: "Pega ladrão, pega ladrão!" E nós temos inúmeros fatos comprovados dentro da justiça por isso. Um comunista, aqui dentro, acusar alguém de violência ou de golpe, ou de colocar bomba, ou de ato terrorista, é falar daquilo que é próprio deles, porque são mestres dessa matéria. Eles têm como herói um brasileiro chamado Marighella, e Marighella tem um livro Manual do Guerrilheiro Urbano. Se houvesse de fato alguém querendo dar um golpe no Brasil, teriam que ter lido o livro desse comunista. Porque na página 29, ele fala sobre os tipos e naturezas de modelos de ação para os guerrilheiros urbanos. E ele explica assim:
Antes de qualquer ação, o guerrilheiro urbano tem que pensar nos métodos e no pessoal disponível para realizar a ação.
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As operações e ações que demanda a preparação técnica do guerrilheiro urbano não podem ser executadas por alguém que carece de destrezas técnicas. Com estas precauções, os modelos de ação que o guerrilheiro urbano pode realizar são os seguintes:
[Isso aqui é escrito por um comunista, comunistas amam esse rapaz aqui.]
a. assaltos
b. invasões
c. ocupações
d. emboscadas
e. táticas de rua
f. greves e interrupções de trabalho
g. deserções, desvios, [...] expropriações de armas, munições e explosivos
h. libertação de prisioneiros
i. execuções
j. sequestros
l. sabotagem
m. terrorismo
n. propaganda armada
o. guerra de nervos
Veja só, o item "m"é terrorismo, o item "i" é execuções. No manual, ele explica como matar um policial, por exemplo, como matar um militar, ele explica como dar um tiro certeiro na cabeça deles pra tomarem o poder.
Então, se os "golpistas" - abro aspas e fecho aspas - do dia 8 de janeiro tivessem lido aqui o manual de um comunista, repito, idolatrado pelos comunistas do Brasil que dizem: "Tenho orgulho de ser comunista", entre eles, o Presidente da República, talvez, Sr. Presidente Arthur Maia, o golpe que todo mundo aqui fantasia teria dado certo. Mas não, os golpistas do dia 8 de janeiro foram com Bíblias lá pro acampamento, foram com orações, foram cantando o Hino Nacional e vestindo a Bandeira do Brasil, Sr. Presidente. Não tinha uma arma de fogo, não encontraram uma arma de fogo, não encontraram um tanque de guerra, Sr. Presidente, não encontraram um documento assinado por uma superpotência que pudesse dar a eles guarida pra que eles pudessem dar um golpe de Estado - um golpe de Estado em nome do Presidente Jair Messias Bolsonaro.
O pessoal aqui da esquerda tem uma tara pelo Presidente Bolsonaro, que eu me lembrei aqui de um filme. Tem um filme muito conhecido que é o filme O Sexto Sentido. E, no filme O Sexto Sentido, tem uma frase que é emblemática. Alguém pergunta pro menininho que sempre vê gente morta e diz assim pra ele: "O que acontece com você?". E ele diz assim: "Eu vejo gente morta". "Com que frequência?" "O tempo todo." Da Relatora aos governistas, eles dormem pensando no Presidente Bolsonaro, acordam pensando no Presidente Bolsonaro, vão tomar banho pensando no Presidente Bolsonaro, vêm pra esta CPMI falando do Presidente Bolsonaro.
O Presidente Bolsonaro nem sequer estava aqui no dia 8 de janeiro, nem sequer deu algum tipo de palavra, comando ou ordem. Hoje aqui usaram uma narrativa falando de uma matéria que saiu em O Globo de que o Presidente Bolsonaro se sentou com as Forças Armadas pra falar alguma coisa. Dilma fez a mesma coisa - Dilma fez a mesma coisa. A revista Veja, 21 de abril de 2017, publica que o General Villas Lobos disse ter sido procurado por políticos da esquerda pra saber - Villas Bôas - o que é que poderia ser feito a respeito do impeachment da Presidente Dilma, se poderia haver uma maneira de bloquear, um golpe de Estado. Isso eles esquecem? Não, não esquecem, eles têm de fato uma seta seletiva.
Pra eles Bolsonaro é uma dor de cabeça. Não basta deixar inelegível, eles querem trucidá-lo, querem destruir a sua reputação, querem colocar na cadeia. Esses democratas abençoados que lutam tanto pela liberdade têm uma sanha por cadeia, têm uma sanha por violência, têm uma sanha por expulsão, têm uma sanha para humilhar pessoas, como estão fazendo aqui com o Sr. Wellington, chamando de um monte de palavras, de palavrões pra o provocar.
De fato, eu não sei o que aconteceu naquele dia porque eu não estava com vocês. Eu tive acesso aos autos dos outros dois, tanto do Washington quanto do Alan, e todos eles, quando foram entrevistados em outra CPMI, disseram que não o conheciam. Então, eu nunca vi alguém que está preso querer proteger o outro sabendo que ele pode se aliviar também ou levar alguém junto com ele.
Então, eu não sou juiz, eu não sou advogado. Eu sou um Parlamentar, eu luto por justiça. O que me dói é saber que muitas pessoas inocentes estão presas até hoje, estão aí sofrendo ao redor do Brasil. O que me dói é saber que alguém que foi preso agora, Sr. Presidente, e julgado... 17 anos de cadeia!
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Nem um assassino truculento no nosso país teve uma pena tão pesada dessa forma, e tudo em nome de "atos antidemocráticos" - frases bonitas, copiadas de esquerdistas ao redor do mundo, que já, inclusive, colocaram na cadeia outros Presidentes, como aconteceu aqui na América Latina já. Então, o que nós temos aqui é um circo.
Quando eu falei aqui, nas primeiras perguntas que eu te fiz, sobre o Erlando, ou se o senhor foi procurado aqui por alguém da Senadora - que nunca fica sentada aqui; fica ali pelo corredor ou fica lá dando entrevistas -, simples, porque ela prevaricou aqui. Ela enviou o seu assessor, e não foi qualquer assessor, foi o chefe de gabinete - chefe de gabinete é a sombra do Parlamentar -, pra falar com alguém. Quem sabe a conversa foi nesse sentido, assim, ó: "Vá tranquilo, G. Dias. Fique tranquilo, que você vai ter uma tropa de choque do Governo pra te defender, e a Relatora nunca vai indiciá-lo".
Então, a pessoa senta aí, onde o senhor está, não agora acuado como o senhor está, mas com o peito estufado, com um advogado que custa uma fortuna - ninguém sabe quem está pagando a ele -, pra defender aqui.
(Soa a campainha.)
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP) - Se essa CPMI já não está contaminada, eu não sei o que é mais. Fora isso, tudo que nós vimos sofrendo aqui, Sr. Presidente, tanto do STF, que não deixa as pessoas virem aqui, ou o escárnio que sofremos nas mídias sociais, é lamentável.
Infelizmente, essa CPMI não vai dar ao Brasil aquilo de que o Brasil precisa, mas já deu ao Brasil o tom. A narrativa do golpe já caiu por terra. As pessoas sabem que não houve golpe nenhum. Estão tentando aqui pegar um quebra-cabeça, e, como eu já disse aqui, uma criança que não sabe montar um quebra-cabeça pega algumas pecinhas que são parecidas e tenta fincar naquele buraquinho pra montar o quebra-cabeça, mas a peça não encaixa, porque não existem condições disso acontecer. Isso aqui, de fato, é mera narrativa.
Muito obrigado, Sr. Presidente. Era o que eu tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado Marco Feliciano.
Com a palavra a próxima oradora inscrita...
Mas antes eu quero pedir silêncio, inclusive aqui do lado, para que possamos ouvir agora a palavra da Senadora Soraya Thronicke. (Pausa.)
Ela vai permutar com o Senador Randolfe.
Então, com a palavra o Senador Randolfe Rodrigues.
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP. Para interpelar.) - Sr. Presidente, primeiro, eu queria aqui fazer um destaque que considero importante.
O habeas corpus a que o Sr. Wellington teve direito, no dia de hoje, foi concedido pelo Ministro Luís Roberto Barroso. Dá a ele o direito, que ele utiliza, que é o direito constitucional do silêncio, mas o obriga a comparecer nessa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
Eu acho que é importante iniciar fazendo, assinalando a diferença entre esse habeas corpus, que tem coerência com toda a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, Senadora Soraya, até agora, e os demais, em especial, com dois habeas corpus que foram concedidos a depoentes nesta CPMI pelos Ministros Kassio Marques e André Mendonça, porque, na prática, se a lógica daqueles habeas corpus que possibilitam que o depoente não compareça triunfar na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, na prática, inviabiliza a existência de qualquer Comissão de Inquérito no Congresso Nacional.
Muito se fala de interferência do Supremo, de excesso do Supremo. Eu acho que é importante aqui trazer à reflexão a decisão do Ministro Barroso e essas decisões anteriores dos Srs. Kassio Marques e André Mendonça - do Sr. Kassio Nunes e do Sr. André Mendonça.
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No mais, Sr. Wellington, o vosso depoimento aqui... Sr. Presidente, é bom que esse depoimento ocorra na data de hoje, com as informações que foram relatadas, com o conjunto de informações que foi relatado nesta manhã pela imprensa, que dão conta do que nós temos dito desde o início. E a razão desta CPMI não é o dia 8 de janeiro, um raio num dia de sol. O dia 8 de janeiro é parte de um movimento golpista, em que o senhor, Sr. Wellington, foi parte destacada dele, foi parte integrante dele.
As notícias do dia de hoje... Eu quero só trazer aqui um Twitter do dia 20 de dezembro que tem significado e diagnóstico com as notícias do dia de hoje. Esse Twitter do Sr. Paulo Generoso, que traz uma notícia que na época, que no dia, talvez, Deputado Rogério, que no dia poucas pessoas tinham considerado, mas que hoje, à luz das notícias veiculadas na imprensa no dia de hoje, confirmam o que nós já imaginávamos: ocorreu no mês de dezembro uma tentativa de golpe que não só o Sr. Wellington foi parte dele, que não só os movimentos golpistas foram parte dele, mas que o próprio Presidente da República reuniu o alto-comando militar e assim tentou. O Sr. Paulo Generoso relata isso:
Em reunião esta semana [com a informação privilegiada que ele tem] com o alto comando das Forças Armadas Bolsonaro pediu apoio para barrar o avanço do Judiciário sobre os outros Poderes e pediu para que a posse de Lula fosse adiada por 6 meses até que equipe de juristas fizesse uma investigação sobre favorecimento de Lula.
Esse Twitter - muito obrigado, Ana - só tem coerência com as notícias de hoje. Não é mais produto de imaginação, é fato concreto que consta na delação do Sr. Cid, que deve voltar a esta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito.
A democracia brasileira esteve por uma linha tênue, esteve prestes a ser rompida. Sr. Wellington, o senhor é só um elemento desse movimento golpista que teve seus capítulos seguidos - que teve seus capítulos seguidos -, que teve o não reconhecimento das eleições no dia 30 de outubro, que teve as mobilizações das quais o senhor fez parte, nos quartéis. Aliás, o senhor, nos diálogos relatados aqui pela Senadora Eliziane, pela Relatora, dão conta de que o acampamento na frente aqui do QG do Exército era, como foi dito pelo Ministro Flávio Dino, uma célula terrorista, onde se arquitetavam os movimentos que vieram a se concretizar: 8 de dezembro; 12 de dezembro, no dia de diplomação do Presidente da República, os atos de que o senhor participou; 8 de dezembro, a tentativa de invasão do hotel onde estava o Presidente da República; e 24 de dezembro, que...
O senhor imagina se o ato que o senhor impetrou no dia 24 de dezembro, na véspera de Natal dos brasileiros, tivesse se concretizado? O senhor imagina o que ocorreria? O senhor imagina se a bomba que o senhor levou até aquele caminhão tivesse sido detonada? O senhor imagina quantas mães iam ficar sem os filhos? Quantos filhos iam ficar sem os pais? O senhor tem consciência do que justifica esse tipo de ato do senhor? Eu falo com o senhor neste momento e eu vejo que o senhor não me olha. Eu acho que é uma característica daqueles que têm a consciência da culpa. Ou talvez seja mais grave, talvez seja a característica daqueles que não conseguem olhar os crimes que cometeram.
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Mas eu quero aqui adiantar para o senhor o conjunto dos crimes que o senhor irá responder. O senhor não escapará deles. Veja aí: abolição violenta do Estado democrático de direito. Sr. Wellington, é o art. 359 do Código Penal. Isso lhe dará reclusão de 4 a 12 anos, além da pena correspondente à violência pela tentativa da aplicação da execução do crime, ou seja, é um agravante. O senhor está mais próximo dos 12 do que dos 4 anos. Ato de terrorismo, art. 2º da lei do mesmo tipo, §1º, que diz o seguinte: "Usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos [...]", o que o senhor fez. Pena: reclusão de 12 a 30 anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência. Explosão, art. 251 do Código Penal: "Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem", reclusão de três a oito anos.
Isso aqui eu estou falando só dos crimes por tentar romper o Estado democrático e direito. Só aqui, na soma, o senhor chega a 30 anos de prisão. Mas eu não vou falar dos outros a que o senhor já responde. O senhor tentou romper... O senhor, já detido, tentou romper a tornozeleira. Isso per se é um crime. O senhor vilipendiou cadáver durante a pandemia.
Lamentavelmente, Sr. Wellington, o senhor é um retrato de uma página muito triste e infeliz da história brasileira. E - tenha certeza, tenha consciência - o senhor não passará por isso impune. A soma desses crimes, só desses, o levarão a mais de 30 anos de prisão, fora os outros a que o senhor virá responder.
O senhor não está aqui, como foi dito ainda há pouco - alguém chegou a dizer aqui -, o senhor não está aqui porque agrediu o Supremo Tribunal Federal; não é por isso que o senhor está aqui, não. O senhor está aqui porque o senhor tentou matar gente. O senhor está aqui porque o senhor tentou perpetrar um ato terrorista que levaria milhares de compatriotas seus - eu acho muito interessante como, nos vídeos, o senhor chama de patriotas -, o senhor iria levar inocentes compatriotas seus à morte. A sua frieza chega a ser aqui constrangedora. Aliás, a sua frieza deveria ser constrangedora para aqueles que o senhor anteriormente defendeu, ou para aqueles que o senhor defende, ou para aqueles que ainda tentam aqui audaciosamente o defender - audaciosamente! O senhor não está aqui por nada do Supremo Tribunal Federal, não. O senhor está aqui por tentar romper a maior conquista que os brasileiros tiveram em toda a sua história: a democracia. O senhor está aqui porque queria matar gente...
(Soa a campainha.)
O SR. RANDOLFE RODRIGUES (REDE - AP) - ... em série. É por isso que o senhor está aqui. O senhor está aqui por outros crimes que cometeu e pelos crimes que viria a cometer. São essas as razões que o trazem aqui.
Como já foi dito aqui, é também significado diagnóstico o seu comportamento. É um leão nas redes; mas, como já foi dito anteriormente, é cordeirinho aqui para se calar diante da verdade.
Eu espero, do fundo do coração, que o senhor em algum momento faça a reflexão, faça a reflexão do conjunto dos crimes que o senhor praticou, como está sendo feito pelo Sr. Mauro Cid, porque o senhor é o retrato mais vil de uma página muito triste da história do país.
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Como já foi dito aqui pelo colega Pastor Henrique Vieira, não se trata aqui de divergência política. Podemos ser de centro, de direita, podemos ser liberais, podemos ser socialistas, isso aí é divergência política; tentar matar gente, romper o Estado de direito, tentar impetrar golpe de Estado, como nós sabemos, isso daí não é posição política, isso é crime. E, sendo crime, deve responder e deve ser punido pelos crimes que se comete.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Senador.
O próximo orador inscrito, por permuta com a Senadora Soraya, é o Deputado Rafael Brito.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL. Para interpelar.) - Sr. Presidente, Sra. Relatora, eu queria só, antes da minha fala, corroborar aqui com a Deputada Jandira, que citou um crime previsto no artigo penal, e eu vou só ler aqui o art. 240, aliás, do Estatuto da Criança e do Adolescente: "Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo [...] envolvendo criança ou adolescentes" é crime. Art. 241-A: transmitir ou publicar essas cenas é crime. Então, são mais crimes para o senhor, Sr. Wellington, juntando na sua grande coleção.
Eu queria lhe fazer umas perguntas.
O senhor já teve cargo em algum governo?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Quando eu tiver acesso a todas as acusações e tempo para conversar com a minha defesa, eu respondo pra vocês.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - Quem convidou o senhor para assumir um cargo no Governo em fevereiro de 2019?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A resposta é a mesma, Senador.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - Eu queria só deixar claro aqui que fevereiro de 2019 é início de Governo. Talvez as pessoas aqui não conheçam o que é o Poder Executivo. E ninguém nomeia, ninguém, já em fevereiro, um mês depois da posse, se essa pessoa não for uma pessoa de muita confiança, muito próxima ou se tiver alguma coisa a ter contribuído durante a eleição, durante o processo de voto. Isso é muito importante colocar.
O senhor frequentava o acampamento golpista?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Deputado, a resposta é a mesma. Quando eu tiver tempo...
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - Foi lá que o senhor conheceu Alan Diego e George Washington?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A resposta é a mesma anterior.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - O senhor precisa de acesso a autos pra saber onde você conheceu Alan e George Washington?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Eu preciso conhecer integralmente as acusações que são feitas a mim e ter tempo de articular isso com o meu advogado.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - O senhor precisa de autos para saber quem que lhe convidou para assumir o Governo em 2019?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Preciso de tempo para conversar com o meu advogado.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - Já respondia a processos naquela época? Tem autos daquela época, só pra eu poder entender? (Pausa.)
Vou lhe fazer a mesma pergunta que fiz aqui para o seu comparsa, George Washington: quantas pessoas você pretendia matar na noite de Natal colocando uma bomba no Aeroporto de Brasília?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Na próxima oportunidade eu respondo ao senhor, depois que eu tiver acesso aos autos.
O SR. RAFAEL BRITO (MDB - AL) - Eu vi aqui, sabe, Wellington, durante vários momentos, o senhor sorrindo, feliz, tendo até um momento agradável. Deu piscadinha. E o senhor deve estar realmente bem acostumado já com a Papuda, vai passar muito tempo por lá. E eu fiquei aqui do meu lugar imaginando como alguém que tem a capacidade de colocar uma bomba num aeroporto, numa noite de Natal, pode sorrir e achar graça do que está acontecendo aqui nesse exato momento. Se com o seu plano assassino dando errado e o senhor preso neste momento, condenado, como seria o seu sorriso se o senhor tivesse conseguido matar as pessoas que o senhor pretendia e causar a comoção necessária para o seu tão sonhado golpe de Estado?
Alguns membros das Forças Armadas, e repito aqui, alguns membros das Forças Armadas precisam ser punidos. Mas, neste momento, eu quero agradecer ao General Freire Gomes, porque, a cada vez que a gente vai passando nessa investigação, a gente vai vendo que ainda existiam homens nas Forças Armadas que resistiram ao golpe e defenderam a democracia. Os acampamentos ali nos QGs, no quartel que você frequentava, apoiados e acolhidos por muita gente, foram verdadeiras incubadoras do crime. E, como eu já disse, foram um lar para o golpe e para os golpistas. De lá, o senhor planejou o assassinato de milhares de pessoas.
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O sorriso que o senhor hoje traz aqui no seu rosto seria arrancado da existência de pais, mães, filhos e filhas dos quatro cantos do país, se sua atitude assassina tivesse dado certo.
Hoje, os jornais de todo o Brasil noticiaram que Mauro Cid ligou o ex-Presidente e alguns líderes das Forças Armadas à tentativa de golpe de Estado, que estamos aqui investigando - esse roteiro criminoso, mas, graças a Deus, muito pueril.
Estamos diante aqui de um criminoso condenado, um assassino em potencial que precisa ser afastado do convívio da sociedade.
Queira ou não, esta CPMI está trazendo luz para um ambiente tenebroso.
Você é tão culpado de tudo que veio aqui e ficou em silêncio, mesmo tendo tido, sim, acesso e tempo a todos os autos - todos os autos. O seu advogado que está aqui está constituído em todos os autos dos processos a que o senhor responde nesse exato momento.
Você é um risonho - é risonho -, mas deixa eu te dizer o que não é engraçado: abuso sexual, assassinato, violação de cadáver, golpismo e mentira.
O que conforta meu coração, neste momento, nessa fala, e o que me faz sorrir é que temos instituições firmes o suficiente para manter a nossa democracia de pé, mesmo diante de muita gente que não quer enxergar. Andamos à beira do abismo da terra plana, não caímos, não cairemos e nos manteremos firmes e vigilantes para daqui, de onde estamos, empoderados pelo voto popular e pela mais vibrante e livre democracia, cobrar uma condenação exemplar para gente da sua laia.
"Vou colaborar com vocês, se tiver acesso e meus direitos garantidos". Santa democracia que permite que um terrorista que colocou uma bomba no aeroporto na noite de Natal tenha os seus direitos garantidos - e todos serão garantidos.
O senhor, Sr. Wellington, é a mais vil e má expressão de tudo que a gente viveu e que desembocou no 8 de janeiro. O senhor não é um maluco, o senhor não é um alucinado, o senhor é, sim, um criminoso, que hoje, por tanto rir e tanto parecer feliz, me fez ter a certeza e a convicção de que estamos no caminho certo.
E eu tenho certeza e convicção de que o senhor vai ter muito tempo de pena para refletir. Se não refletir agora, daqui a 30, 40, 50 anos, ou, se não refletir, você, com certeza, terá outras oportunidades, seja aqui ou na próxima vida, para se arrepender e pagar pelos crimes que o senhor cometeu.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado.
A Senadora Eliziane quer dar uma palavra.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Presidente, pela ordem.
Eu queria só, depois da apresentação do tuíte pelo Randolfe, passar um vídeo aqui rapidamente, Presidente.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Certo, já pode...
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Pronto. Na verdade, esse vídeo eu fiz questão de colocar, porque esse vídeo o Wellington divulga, Senador Randolfe, exatamente no dia da postagem desse Twitter referente ao Freire Gomes, não é? Onde, na segunda parte, você colocou... Ele diz o seguinte. Veja, ele diz o seguinte: "Freire Gomes foi contra e disse que não valia a pena ter 20 anos de problema por 20 dias de glória e falou que não apoiaria ou atenderia o chamado do Presidente para moderar a situação mesmo após Bolsonaro apresentar vários indícios de parcialidade em favor de Lula pelo TSE e STF". Veja que, depois dessa postagem, houve uma verdadeira manifestação fazendo um apelo, inclusive carregado de emoção, para que o Freire Gomes de fato viesse a ceder, batendo 100% com o que hoje a imprensa brasileira divulga acerca da delação do Mauro Cid.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu vou passar a palavra ao próximo orador inscrito, que é o Deputado Paulo Magalhães.
O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA. Para interpelar.) - Presidente Arthur, Relatora Eliziane, Srs. Deputados, Senadores, Wellington Macedo de Souza, eu não vou aqui denegrir a sua imagem, fazer observações a respeito do seu comportamento, porque, depois de 59 processos, eu tenho muito pouco para fazer qualificando esse cidadão.
O que me deixa pasmo, Presidente Arthur, é o cinismo desse cidadão, é a maneira com que ele enfrenta as colocações que lhe foram feitas.
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E aí eu me pergunto: como é que esse cidadão, no vídeo que virá em seguida, chora e diz-se traído e abandonado por alguns que o cercavam? Deve ter algum pecado muito forte pra ele se sentir abandonado.
Aqui esteve o Mauro Cid e, na sua estada, eu perguntei até quando ele ia aguentar. Ele aguentou menos de cem dias, já fez a delação. Quando será a próxima delação? Deve ser a desse cidadão que aí está, sorrindo, piscando os olhos. Não tem coração, e é por isso que nós não podemos perder tempo com esse tipo de gente. Aqui nós estamos ouvindo os Deputados todos fazendo colocações, denigrindo a imagem... Que imagem esse cidadão tem? Nós estamos perdendo tempo, estamos perdendo tempo!
Pode passar a palavra para ele.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA) - Isso é uma escória realmente.
O senhor tem alguma coisa a dizer? (Pausa.)
O senhor tem a palavra. Pode passar a palavra, talvez seja alguma coisa ilustrativa.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - As minhas respostas para o senhor, elas virão logo após os meus direitos de ter acesso integral...
O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA) - O senhor não pode dar resposta a ninguém.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Eu não tive tempo de...
O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA) - O senhor é um desqualificado.
O SR. PR. MARCO FELICIANO (PL - SP. Fora do microfone.) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputado...
O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA) - O que há?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu peço que o senhor não adjetive o depoente dessa forma. Eu peço que siga no seu discurso sempre educado e certeiro, por favor.
O SR. PAULO MAGALHÃES (PSD - BA) - Muito obrigado, Presidente. Era essa a colocação que eu queria fazer. Realmente eu saí dos meus cuidados, porque o cinismo me toca profundamente. Eu quero que ele responda somente: por que as lágrimas, as lágrimas de crocodilo? É esse crocodilo que aí está.
Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado Paulo Magalhães.
Vamos suspender, mais uma vez, a sessão por três minutos, a pedido do depoente.
(Suspensa às 11 horas e 30 minutos, a reunião é reaberta às 11 horas e 33 minutos.)
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O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Dando prosseguimento aos nossos trabalhos, passo a palavra ao próximo orador inscrito, que é o Deputado André Fernandes. (Pausa.)
Deputado André Fernandes, com a palavra.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Como?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Aqui, pelo... Ah, perdão. Espere aí. Aqui, pela nossa conta...
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Troquei com o Girão, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - ... é o senhor que teria feito uma permuta com o Senador Rogério Correia...
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Não...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - É Marcos Rogério.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - E a permuta, Presidente, que eu fiz com o Girão? Não seria agora?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Olhem, vocês já trocaram tantas vezes... Tem Deputado que trocou aqui três vezes de posição...
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Ah, Presidente, com todo o respeito, eu troquei uma vez.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu estou aqui seguindo... De acordo com o que me foi passado, o próximo orador é o Deputado André Fernandes, que teria permutado o seu tempo com o Senador Marcos Rogério. Confere?
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE. Fora do microfone.) - Confere. Eu tinha trocado realmente...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Então, é o senhor que fala.
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE. Fora do microfone.) - Então, vou ficar por último.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Vai ficar por último. Então, tá.
Então, vou passar ao próximo orador inscrito, também por permuta, com o Senador Eduardo Girão, que é o Deputado Marcon.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Obrigado, Presidente.
Só pra... Se o senhor me permite fazer justiça à minha pessoa, eu só troquei uma vez.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - É verdade.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Para interpelar.) - Então, se houve confusão, a culpa não é minha.
Presidente, já que o depoente não está colaborando hoje, eu acho que eu preciso fazer algumas ponderações aqui.
O Pastor da Shopee falou de amor, e o partido dele é que entrou no Supremo Tribunal Federal pra assassinar bebês no útero de suas mães. Esse Pastor defende, colega Girão, o assassinato de bebês indefesos no útero de suas mães e vem a esta CPMI falar de amor! O Presidente dele, colega Cleitinho, falou - abro aspas - "precisamos purificar essa gente" - fecho aspas -, falando de quem votou em Jair Bolsonaro. Essa frase, Pastor da Shopee, é lembrada, pois ela foi dita por Adolf Hitler - Adolf Hitler! O senhor deve conhecer! Também provavelmente defendia o assassinato de judeus na barriga de suas mães, como o PSOL defende o assassinato de bebês, dos brasileiros que ainda não tiveram como nascer. Então, antes de falar de amor, amor de crocodilo, amor que não existe, acho que vale a pena repensar as atitudes.
Dizer, como é dito aqui, que todos os eleitores de Jair Bolsonaro são extremistas é colocar metade do país de um lado em que ele não está. Aliás, se é pra dizer que todos que votaram em Jair Bolsonaro são extremistas, nós podemos usar a mesma lógica pra dizer que todos que votaram em Lula são ladrões, são corruptos, são chefes de organização criminosa. Ora, eu não faço essa analogia, apesar de que alguns são. Aliás, caro colega Girão, tem gente aqui que reclama que eleitores de Bolsonaro, apoiadores, colega Damares, fizeram Pix pra ele, mas são os mesmos que estavam na planilha da Odebrecht com apelidos por terem recebido dinheiro roubado do povo. Dinheiro de Pix que o trabalhador ganha e faz o que quer com o seu dinheiro?! Isso não tem crime. Agora, roubar do povo pra financiar a campanha? Isso tem muito crime. Então, antes de falar alguma coisa dos outros, quando se diz de amor, quando se diz de qualquer coisa, é bom olhar um pouquinho pro seu umbigo.
Seu Wellington, dito isso, acho que o senhor vai me responder essa pergunta. Vou apostar que o senhor vai me responder. O senhor chamou a atenção, quando o senhor chegou aqui, num problema crônico hoje do Brasil que é... E eu não estou aqui o defendendo nem sendo o seu advogado, mas eu quero saber quais foram os processos a que o senhor não teve acesso, e lhe pergunto por que, porque outros que estiveram sentados onde o senhor está fizeram o mesmo questionamento e a mesma argumentação.
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A gente sabe que muitos que foram presos, muitos, centenas, foram por crime coletivo, algo que a nossa Constituição não diz... Foram recolhidos que nem vacas aqui, no Palácio, na Praça dos Três Poderes; colocados num ônibus, prometeram uma coisa pra eles e levaram, inclusive, crianças presas por algumas horas.
Então, se o senhor pudesse me dizer quais são os crimes a que o senhor responde e o senhor não teve acesso... Posso ter acesso a essa informação? (Pausa.)
O advogado, infelizmente... é ele que tem que falar, porque se o senhor não se importar...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Pois não. O que é que houve?
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Só um pouquinho... O advogado está orientando o seu cliente pra falar.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Deputado, eu sinto muito, mas são os mesmos que já estão no STF, que eu nunca tive acesso integral ao que lá está me acusando e eu preciso sentar pra conversar com o meu advogado sobre o assunto também.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Perfeito.
Então, a gente vai poder descobrir quais são os crimes a que o senhor responde e o senhor não teve acesso.
Eu faço essa elucidação, Wellington, porque esse não é um caso que só o senhor está vivendo no Brasil. Hoje, muitos que respondem a inquéritos no Supremo Tribunal Federal... Aliás, que não teriam foro privilegiado, como diz a nossa Constituição, pra responder no Supremo Tribunal Federal, respondem lá.
Nós tivemos, semana passada, julgamentos que deram penas a pessoas mais graves do que esquartejar o marido. Ou seja, no Brasil de hoje, no Brasil do Supremo que a gente tem hoje, é pior entrar no Senado, bater uma foto e fazer um suposto golpe sem arma, sem líder, sem nada, do que pegar e esquartejar o marido, colocar numa mala e sumir com a mala. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
Aí, depois que advogados fizeram o seu trabalho na defesa dos seus clientes, o Supremo Tribunal Federal decidiu fazer o julgamento tudo online. Vai ser painel online pra que não dê nem a defesa das pessoas... Inclusive, a própria OAB se manifestou contrária, e o Alexandre de Moraes, o arauto da nossa democracia, disse que não ia ouvir OAB, não ouve ninguém, ele ia fazer como ele quiser.
Sr. Presidente, essa CPMI caminha pro seu fim e, por mais que tentem associar Jair Bolsonaro a extremistas, como o Sr. Wellington, como tantos outros que existem em ambos os lados, nada foi provado sobre Jair Bolsonaro. Falam de joias. Nós já propomos aqui a CPI das joias, desde 2000 pra frente nós analisaríamos. Eu inclusive assinei e, infelizmente, os Parlamentares de esquerda não quiseram. Foi colocado, inclusive, numa fala - acho que do Filipe Barros ou do André -, pedindo que o colega assinasse a CPI das joias, mas infelizmente não querem assinar.
Então, vivem de narrativas fajutas, as imagens seguem sem ser entregues; a Força Nacional, graças à força do Presidente, parece que vai vir aqui e vai explicar o que aconteceu no dia. Então, a gente ainda tem muito a investigar nesta CPMI e a gente sabe, porque infelizmente a gente vê, a gente está falando aqui, a nossa Relatora, que tem o marido que ganha R$27 mil na CGB, que tem a irmã também com cargo aí no Governo Federal e por aí vai, sabe que a intenção dela aqui é manter os seus cargos e não descobrir a verdade.
Obrigado, Sr. Presidente.
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O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado Marcon.
Pois não.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ. Fora do microfone.) - Presidente, eu fui citado.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - É verdade. V. Exa. tem três minutos.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Fora do microfone.) - Foi citado por quem?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - V. Exa.
V. Exa. falou várias vezes, apontando para o Pastor...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Claro que sim.
Por favor. Tem três minutos.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Fora do microfone.) - Mas não falei o nome...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Falou.
Com a palavra.
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Era o Feliciano o Pastor da Shopee.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ. Para explicação pessoal.) - Ou é covardia, ou desonestidade, mas, de qualquer forma, vou responder.
Primeiro, eu realmente não acho que todo eleitor de Bolsonaro é um fascista. Tem muitos fatores que influenciam o voto de uma pessoa. Eu acho que, dentro do campo do eleitorado de Bolsonaro, existe uma base com a qual é impossível dialogar, porque é mobilizada pelo ódio, mas não é todo eleitor de Bolsonaro.
Quero dialogar com muita gente, trocar ideia e construir um país de democracia e respeito à diversidade.
A ação do PSOL, no STF, sobre a questão do aborto: milhares de mulheres morrem, todos os anos, por questão clandestina...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Eu queria pedir...
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Fora do microfone.) - O bebê vai morrer, também, pelo assassinato...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputado...
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Fora do microfone.) - Defender matar bebê, cara?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputado, por favor! Por favor!
Pode continuar.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Está exemplificado para a sociedade brasileira. É disso que eu estou falando.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Fora do microfone.) - Eu defendo os bebês nas barrigas das mães.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputado, o senhor não está com a palavra... Eu peço a V. Exa. que... V. Exa. já falou.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS) - Eu vou sair, Presidente.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - É bom mesmo.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado.
O SR. MAURICIO MARCON (PODEMOS - RS. Fora do microfone.) - Pastor que defende o debate...
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Fica aqui, rapaz... Isso... Vai lá.
Pronto.
A sociedade brasileira está vendo.
Quando uma mulher morre por um aborto inseguro, o bebê morre também. Então, é a quinta causa de morte materna no Brasil.
Eu não quero que essas mulheres sejam presas. Aliás, eu duvido que um pastor, quando uma mulher chega e fala isso pra ele, vá entregar essa mulher à delegacia, sabia? Duvido que, numa prática pastoral, vai dizer assim: "Você tem que ser presa".
Então, eu não quero que essas mulheres sejam presas. Eu quero que elas sejam escutadas.
Isso tem a ver, inclusive, com o acolhimento pastoral.
(Intervenções fora do microfone.)
(Soa a campainha.)
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - É isso. Extrema-direita é isso.
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE. Fora do microfone.) - Pelo amor de Deus, você está defendendo aborto voluntário...
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Não, não estou defendendo. Não é isso.
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Senhores, eu peço que a gente garanta a palavra a quem está falando.
Não, Deputado, V. Exa. tem que ter tolerância com a palavra alheia. V. Exa. discorda, eu entendo a sua discordância, V. Exa. tem todo o direito de discordar, e na hora em que o senhor falar, o senhor mostra a sua oposição a essa postura do Pastor, mas vamos garantir, sim, o direito de cada um falar.
Por favor.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Se puder retomar o meu tempo, Sr. Presidente?
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Fora do microfone.) - Mais um minuto.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Eu pediria até dois, eu fui muito atrapalhado no meu raciocínio.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Tem mais um minuto.
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - Eu defendo a vida, inclusive dessas mulheres, e por isso é preciso escutá-las e não criminalizá-las. E, conforme eu falei, muitas mulheres que fazem abortos são evangélicas, são católicas, estão nas nossas igrejas, e eu não desejo que elas sejam presas, eu desejo que elas sejam escutadas.
(Soa a campainha.)
O SR. PASTOR HENRIQUE VIEIRA (PSOL - RJ) - E, nos países em que há a criminalização, não há redução do número de abortos, inclusive. Ou seja, nem o efeito vida, que eles tanto falam, é alcançado.
Sobre a minha fé, olha, sou formado em Teologia pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro. Sou Pastor da Igreja Batista do Caminho, minha amada comunidade de fé lá no Rio. Mas não é nem o diploma...
Olha, eu só quero pautar a minha vida, com as minhas contradições e fraquezas, dependendo do amor de Deus, numa prática mesmo, de amor, de respeito, de solidariedade, de misericórdia, de tolerância...
Eu sou Pastor porque tem uma comunidade que me reconhece. E acredito que pastorear é sobretudo amar e servir. Amar e servir. É menos condenar e mais acolher, é menos se vingar e mais perdoar, é não odiar e amar, é estar no mundo para servir. Com as minhas fraquezas e contradições, essa é a ética da minha vida, e quem me julga é o meu Deus.
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E falo isso com muito respeito ao Estado laico, à diversidade religiosa e à não crença religiosa. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado.
Com a palavra, o próximo orador inscrito, que é o Senador Marcos Rogério.
Como o Senador não está presente, passamos agora ao próximo orador, que, por permuta com o Pr. Marco Feliciano, é o Deputado Filipe Barros. (Pausa.)
O Deputado Filipe Barros não está presente.
Passamos agora a palavra, aí sim, ao Deputado André Fernandes.
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. Já começo falando que é um absurdo, dentro desta Comissão, a gente ver alguém defendendo o assassinato de crianças na barriga da mãe. É um absurdo e, por isso, é revoltante e não tem como a gente ficar aqui calado. Está defendendo abertamente o assassinato.
A ADPF que está tramitando no STF trata sobre aborto voluntário até a 12ª semana de gestação. É assassinato, é um genocídio silencioso. E eles vêm aqui... Lobo em pele de cordeiro, para dizer que está preocupado com a vida da mãe. Está nada! Eu vou além: isso é diabólico! E eu sinto vergonha de alguém usar esse codinome para defender aborto.
Falado isso, Sr. Presidente, voltemos agora para a CPMI.
Eu poderia aqui fazer algumas perguntas para o Sr. Wellington Macedo. Já vi que ele não vai responder, porque não teve acesso ainda à integralidade de todos os documentos e dos autos que o acusam. Eu começaria até perguntando a relação dele com o Alan Diego e com o George Washington. Porque eu, particularmente, assisti ao documento, ao depoimento de ambos. Ambos, quando foram presos, eu assisti ao depoimento.
Em uma situação em que a pessoa é presa, a primeira coisa que ele tenta fazer é o quê? É livrar a culpa dele, pessoal, ou tentar colocar a culpa para o seu comparsa lá, o seu compadre que estava com você atuando naquele momento.
Dentre os depoimentos do Alan Diego e do George Washington, os depoimentos deles conferem um com o outro. Confere que o George Washington estava com esse artefato; confere que foi entregue para o Alan colocar lá; e ambos dizem que não conheciam o Wellington Macedo, que pediram carona e que ele teve conhecimento de que era uma bomba somente no aeroporto.
Eu acho estranho, Sr. Presidente, porque, assim... Se eu fosse preso, na pior das hipóteses, eu diria: "O motorista lá é quem pegou a bomba. Ele que sabia. Eu não sabia de nada". Mas dois condenados - dois condenados - em depoimentos distantes, distintos, simultâneos, afirmarem a mesma coisa? É no mínimo suspeito.
E eu perguntaria ao Sr. Wellington Macedo, mas ele não vai responder, e eu entendo, então não vou nem entrar nesse mérito.
Mas, já que falamos sobre essa bomba, esse artefato - que não tinha detonador, mas, enfim, sobre esse artefato -, existiam três pessoas: o Wellington, que os outros dois dizem que não conheciam e só pediram carona; George Washington; e Alan Diego.
Alan Diego, senhores, para quem não sabe, é este aqui, olha. Eu não sei por qual motivo ele ainda não veio aqui, não foi convocado para a CPMI do 8 de janeiro.
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Eu gostaria só que a assessoria e a Secretaria passassem o vídeo que eu encaminhei, por gentileza.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Por que é que eu pedi para passar esse vídeo? E eu fico aqui olhando a cara dos governistas sorrindo ao assistir a esse vídeo. Eu tive acesso ao Relatório de Inteligência 573, de 2022, da Polícia Civil, o qual eu não posso passar pra vocês porque é um documento sigiloso. Ele contém um pouco do histórico da vida do Sr. Alan Diego, envolvido em uma suposta lavagem de dinheiro. Nessa suposta lavagem de dinheiro que consta no relatório da Polícia Civil do Distrito Federal, ele recebeu... Alan Diego recebeu dinheiro, nessa lavagem de dinheiro, de duas pessoas, em específico de um cara chamado Delemberg de Souza.
Delemberg de Souza foi preso, em novembro de 2022, com quase uma tonelada de cocaína - um traficante. E o dinheiro que ele deu ao Sr. Alan Diego foi pouco tempo antes do que aconteceu. Alan Diego recebeu o dinheiro do traficante Delemberg de Souza. Inclusive, quando foi preso, na mesma operação, foi preso o Sr. Ramon Santiago e dois chefes de facções criminosas, Paulinho Chinês e Ítalo Freire.
Por que é que eu estou falando isso e estou fazendo essa ligação? Traficantes, chefes de facções criminosas junto com o traficante que foi preso com quase uma tonelada de cocaína têm envolvimento com o Sr. Alan Diego, que, por sua vez, no seu depoimento, diz que implantou a bomba e tem medo de falar quem o mandou fazer. Ele tem medo de abrir a boca e sofrer represália. Eu não estou dizendo que foram eles que mandaram, mas, pouco tempo após um traficante que foi preso com Ramon e com outros dois chefes de facções criminosas... É, no mínimo, estranho, porque, somada a isso, tem a notícia de que, no Ceará, uma tal facção criminosa financiou ônibus para manifestantes virem a Brasília na véspera do dia 8.
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Eu não me recordo de facção criminosa fazendo festa quando Bolsonaro foi eleito; pelo contrário, eles reclamavam: apreensão recorde de drogas, chefes de facções criminosas transferidos para presídios federais. Mas, quando Lula foi eleito, o tráfico comemorou, os presídios comemoraram. E, de repente, a gente tem uma facção criminosa supostamente financiando ônibus para trazer gente para Brasília. A gente tem facções criminosas, junto com um tal de Delemberg, traficante com quase uma tonelada de cocaína, pagando para o Alan Diego, que vem a Brasília, implanta um artefato no aeroporto, mas diz: "Eu não posso falar quem me mandou fazer, eu não posso". Eles insistem, insistem, insistem, e ele diz: "Eu não posso falar, eu não posso, eu tenho medo".
Eu poderia ser baixo, eu poderia ser baixo, igual o Governo é, igual os governistas são, de dizer que Ramon, que foi preso, mesmo preso com chefes de facções criminosas, foi nomeado no gabinete de um Deputado Estadual do Piauí, que é filho da Senadora que assumiu no lugar do Ministro do Lula Wellington Dias - está aqui a foto dele com um chefe de facção criminosa. É isso mesmo. Eu poderia, eu poderia, eu poderia fazer a canalhice que os governistas fazem...
(Soa a campainha.)
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE) - Não vou fazer. Eu vou me ater ao simples fato de que é muito estranho facções criminosas no Ceará, financiando ônibus para trazer manifestantes para Brasília, enquanto facções criminosas pagam para um sujeito algum valor pouco antes de ele colocar um artefato no aeroporto, e hoje não pode dizer, porque teme pela vida.
Eu acho que as investigações precisam, sim, ser aprofundadas, e por isso mais uma vez eu peço a esta CPMI - se é que quer investigar - a aprovação do meu Requerimento 1.877, de 2023, para que a gente tenha acesso, Sr. Presidente, às informações e aos detalhes sobre essa suposta operação, envolvendo o Ceará, o Ministério Público Federal, em que tinha facção criminosa envolvida. Já falei e repito: isso pode mudar os rumos das investigações desta CPMI. É isso.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado.
Com a palavra...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente, pela ordem apenas.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pois não, Deputada.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Pela ordem.) - Sr. Presidente, que o ódio faz parte da característica de alguns aqui a gente já sabe. Agora, chamar de canalhice, baixaria quem é hoje base do Governo eu acho que o senhor tem que bloquear e evitar, por favor.
O SR. ANDRÉ FERNANDES (PL - CE. Fora do microfone.) - Os que fazem esse tipo...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Não importa. O que importa é que essa palavra é de baixo calão e não tem condições, não é?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Nós vamos fazer essa avaliação. Eu vou pedir para ler as notas taquigráficas para fazer essa avaliação.
Com a palavra a próxima oradora inscrita, que é a Deputada Soraya Thronicke.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Fora do microfone.) - A Senadora...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - A Senadora Soraya Thronicke - é que ela, com essa cara de 20 anos, parece mais... Não tem, não chegou ainda aos 35 para ser Senadora.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS. Para interpelar.) - Bondade sua. Bondade sua, Presidente.
Bom dia a todos. Bom dia, Relatora. Bom dia, Presidente. Bom dia, senhor depoente, Wellington Macedo de Souza...
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Fora do microfone.) - Bom dia.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - ... e seu advogado, Síldilon Maia Thomaz do Nascimento.
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Eu gostaria de perguntar ao senhor, Sr. Wellington: o senhor se considera inocente?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Senadora, eu volto a afirmar o mesmo de antes: só depois que eu tiver acesso integral e tempo suficiente para articular com os meus advogados.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O senhor está preso por conta do episódio da bomba no dia 24 de dezembro. O senhor já foi condenado, o senhor teve acesso aos autos, o senhor teve acesso a absolutamente tudo, e o seu processo está aberto, porque não está em segredo de justiça. Então é fácil, muito fácil encontrá-lo. Enfim, mas o senhor quer mentir.
Agora acredito que o senhor possa me responder esta: o senhor tem esposa?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Só vou responder depois que eu tiver os meus direitos garantidos, de acesso integral...
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O senhor tem filhos?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - ... em reunião com o meu advogado.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O senhor não pode responder nada disso? Absolutamente nada? O senhor se sente ameaçado?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Me perdoe, Senadora, com muito respeito, a resposta é a mesma.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O senhor está se sentindo ameaçado, intimidado?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Mesma resposta, Senadora.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Então o senhor deve estar se sentindo ameaçado.
Uma pergunta que eu gostaria muito de saber e o Brasil gostaria de saber: por que um método tão cruel de explodir uma bomba logo na véspera de Natal? Eu fico olhando para o senhor assim e pensando: o senhor queria ser o herói, o patriota herói, explodindo uma bomba no Aeroporto de Brasília, na véspera de Natal.
Como é que o senhor já tinha planejado o seu Natal? O senhor ia comer um peru recheado, uva-passa, champanhe? Que presente para o povo brasileiro...
Mas eu estou... Os colegas aqui me mostraram - eu não tinha nem visto, porque eu não queria nem estar de frente com o senhor - vários vídeos. Um deles, o senhor chorando, chorando copiosamente: que o senhor foi abandonado, que o senhor está largado para as traças, que o senhor ajudou Deputados, Senadores a conseguir engajamento, a serem eleitos, e agora Carla Zambelli não quis nem tirar uma foto com o senhor. É verdade isso?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Mantenho o mesmo posicionamento, Senadora.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Quem está pagando o seu advogado?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Mesma resposta que dou à senhora.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Quem está pagando, quem está mantendo a sua família? (Pausa.)
A sua família, há quanto tempo o senhor não vê?
O senhor chora assim lá na Papuda?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - No tempo certo vocês terão a verdade, depois que as coisas forem cumpridas em relação ao acesso integral e ao tempo suficiente de conversar com o meu advogado.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - O senhor chora lá na Papuda? O senhor fica sozinho? O senhor está emagrecendo? O senhor está comendo o bem? Como é a marmita lá na Papuda?
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Como se sente um inocente patriota lá na Papuda? Como é o convívio com os patriotas lá na Papuda? O senhor tem acesso à biblioteca lá na Papuda?
O senhor conhece esse livro aqui? O senhor conhece... O senhor é jornalista. O senhor conhece esse livro aqui: Orvil? Conhece? Orvil? O senhor conhece o Orvil, hein? É o Santo Graal dos bolsonaristas. Vou contar para o Brasil - vou contar para o Brasil -: urdido em segredo durante três anos, sob encomenda do então Ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves, Orvil foi a resposta da caserna, acusando crimes e conspirações da esquerda e suas tentativas de transformar o país em uma China tropical. Quando ficou pronto, José Sarney, Presidente à época, vetou que viesse a público.
O senhor conhece o Orvil, não é?
Quem que treinava vocês? O conteúdo desse livro... E Orvil, Brasil, é "livro" ao contrário - "livro" ao contrário. O conteúdo do Orvil foi... Virou uma novidade o conteúdo dele, porque é o aspecto essencialmente brasileiro na guerra cultural bolsonarista. Normalmente se acredita que essa ideia tenha chegado aqui em 2013, importada dos Estados Unidos, mas o Orvil tem sido o livro que deu e que continua dando base para vocês.
Mas o senhor e os patriotas, o pessoal que está sem dinheiro, não tem dinheiro para pagar advogado... Está todo mundo na Papuda, está todo mundo na Colmeia; ou de tornozeleira eletrônica, ou foragido no Paraguai - atravessam lá pelo Mato Grosso do Sul, pela minha terra. Está cheio de brasileiro, de patriota, pedindo pelo amor de Deus, abandonado por essa turma aqui. Como é que o senhor se sente olhando para eles aqui hoje?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A resposta é a mesma, Senadora.
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Pois é, eu imagino.
Aí olham para o senhor, falam que o senhor é um herói, falam que o senhor é alguém que estava cumprindo uma missão, e o senhor ri. Eu fico indignada. O senhor ri. Todo mundo abandonou o senhor. Bolsonaro abandonou.
E é isso aí, Brasil. São terroristas, são golpistas, são corruptos, são assassinos, disfarçados de inocentes, de jornalistas, de cristãos, de políticos, de conservadores, de heróis, de patriotas, e fazendo todo mundo de besta. Sorte de quem viu antes e caiu fora, porque Bolsonaro - e a turma toda que está ao redor dele - virou chave de cadeia. Bolsonaro é chave de cadeia. E quem pode mais, quem tem mais condições, quem tem uma banca, que tem mais, de repente, sei lá, um acesso, pode conseguir aí diminuir uma pena.
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Quem tiver um advogado que não vá fazer uma sustentação oral e esquece do cliente... Doutor, pelo amor de Deus, o senhor não vai fazer isso, não é? O senhor não vai esquecer do Sr. Wellington, o senhor vai fazer os 15 minutos de defesa do seu cliente. Não vai ficar xingando ministro, não é assim que um advogado se comporta. Porque os outros estão tão enlouquecidos que esqueceram os seus clientes na cadeia.
Eu...
(Soa a campainha.)
A SRA. SORAYA THRONICKE (PODEMOS - MS) - Eu quero finalizar, Sr. Presidente, dizendo que já estou protocolando o pedido de convocação do Sr. Filipe G. Martins, que foi citado por Mauro Cid. Gostaria que colocasse pra aprovar, que os colegas subscrevessem, para ouvirmos Filipe G. Martins o mais rápido possível, que é um dos envolvidos nesta trama golpista. E eu quero ver sentado aí no banco dos réus a alta cúpula, o cérebro ardiloso desta trama golpista e dizer que eu ouvi o choro do Sr. Wellington, eu fico aliviada que não sou eu nem outras mães neste país que estamos chorando.
Então, por isso, eu levo tão a sério essa CPMI, levo tão a sério esse trabalho todo aqui, de todos nós, porque isso significa vidas, significa a nossa liberdade, significa a nossa democracia.
Obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Senadora.
Na ausência do próximo orador, que seria o Delegado Ramagem, e do Senador Magno Malta, passo ao próximo orador, que é o Senador Eduardo Girão.
O SR. EDUARDO GIRÃO (NOVO - CE. Para interpelar.) - Muitíssimo obrigado, Sr. Presidente, todos os colegas aqui.
Olha, em primeiro lugar, seja bem-vindo a esta Casa, Sr. Wellington Macedo, o seu advogado, o senhor...
O SR. SÍLDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO - Síldilon.
O SR. EDUARDO GIRÃO (NOVO - CE) - Nascimento.
A violência, obviamente, jamais é solução para nada. Nós não podemos sair desse norte de que os fins jamais justificam os meios. Por mais que a gente tenha ideais, que a gente tenha medo de algumas situações, nunca o caminho pode ser a violência. Eu gosto muito de relembrar o Mahatma Gandhi, humanista, que diz o seguinte: no olho por olho, dente por dente, a humanidade vai acabar cega e sem dentes.
Agora, Sr. Presidente, eu não posso ficar calado com o que eu ouvi aqui sobre aborto, que é um tema muito caro pra mim e pra 90% dos brasileiros, que é uma violência contra as crianças e contra as mulheres, porque está já confirmado em muitas universidades do mundo, estatísticas, que além de a criança ser assassinada, sem direito à defesa, a mulher fica com sequelas emocionais, psicológicas, mentais, com mais propensão à síndrome do pânico, a envolvimento com álcool e drogas, e a suicídio, que é a pandemia desse momento.
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Então, me causa espécie ouvir pessoas, inclusive, com todo respeito a quem pensa diferente, mas religiosas defenderem essa ADPF que legaliza o aborto até a 12ª semana de gestação, com os rins todos formados, o fígado e tudo.
Mas eu queria apenas pontuar isso e trazer para essa situação o seguinte: parece, Senadora Damares, que a omissão deste Governo, que esta CPI não quer investigar de maneira nenhuma, quer abortar a investigação com relação aos poderosos de plantão...
Eu peço pra passar o vídeo pra a gente ver mais um capítulo, porque a população brasileira precisa ter noção de o que a gente poderia estar fazendo, Senador Cleitinho, e não está fazendo. Vamos lá.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (NOVO - CE) - Sr. Presidente, está muito clara a blindagem, está claro como o sol como o Sr. Cappelli ignora, no inquérito aberto, no seu relatório, o GSI.
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Nós já pedimos, inclusive, a prisão do general do Lula, mas no Brasil existe a justiça dos dois pesos e duas medidas. Por que não trazemos o Sr. Cappelli aqui? Cadê as imagens do Ministério da Justiça? É uma pergunta que não quer calar onde nós andamos por esse país. Até quando essa CPMI, nós vamos ficar sem essas imagens? E a incoerência é grande, Sr. Presidente, porque primeiro dizia que não tinha; depois, que precisava da autorização do STF; o STF autoriza; depois, diz que não vai mandar. Pressão na CPMI, diz que as imagens foram apagadas automaticamente pelo contrato. E aí ele entrega duas imagens. Apagou ou não apagou? Quem é que tá mentindo? Sr. Cappelli estava lá - Sr. Cappelli, o segundo homem do Ministro Dino.
Aliás, por falar em subordinado do Ministro Dino, cadê o seu assessor direto de inteligência do Ministério da Justiça, que recebeu, Senador Izalci, não foi um, nem dois, nem três, nem quatro, nem cinco, nem seis, nem sete, nem oito, nem nove, nem dez, nem onze, nem doze, nem treze, nem quatorze, nem quinze, nem dezesseis, nem dezessete, nem dezoito, nem dezenove, nem vinte, nem vinte e um, nem vinte e dois, nem vinte e três, nem vinte e quatro, nem vinte e cinco, nem vinte e seis, nem vinte e sete, nem vinte e oito, nem vinte e nove, nem trinta, nem trinta e um, nem trinta e dois... Recebeu trinta e três alertas de que o objetivo seria destruir a nossa Casa nos atos do dia 8, destruir Senado, Câmara, Palácio do Planalto, STF.
Por que que o Governo Lula não protegeu o nosso patrimônio? Nós tivemos pessoas sentadas onde o Sr. Wellington Macedo está aqui, generais dizendo que bastavam ali mais uns cem, cento e cinquenta homens, que protegiam, que não entrava ninguém. Só a Força de Segurança Nacional, Senador Cleitinho, tinha mais de 250, fora os pelotões especiais lá do Palácio do Planalto, que o general do Lula não acionou, inclusive falseou documento público, adulterou. Por que que esse homem tá solto ainda, com todo o respeito à pessoa?
Aí vem a gente ouvir aqui dizer que mulheres que fazem abortos são presas. Não são, é mentira, não têm que ser... Legislação não tem isso. Agora, quem devia estar preso são agentes públicos que prevaricaram. Agora, essa questão de omissão, Sr. Presidente, pra encerrar minha participação, essa questão de omissão é muito clássica...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (NOVO - CE) - ... nos que fazem parte do Governo Lula. Você pegar o Maranhão, o Estado do Ministro Dino, a taxa, olha aqui, a taxa de homicídio no Brasil em 2022 foi de 19,10 homicídios por 100 mil habitantes. O Maranhão terminou o ano de 2022 com taxa de pessoas mortas de forma violenta de 24,8 por 100 mil habitantes, segundo o Monitor da Violência, ou seja, uma taxa bem superior à média nacional.
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A cidade maranhense de Junco do Maranhão teve elevadíssima taxa de 107,2 homicídios por 100 mil: cenário de guerra, de guerra! É uma epidemia que vive o Maranhão. Justamente quem o Presidente Lula escolhe para ser seu Ministro da Justiça e Segurança Pública? Isso é ou não é omissão desse Governador, que não entrega, que faz deboche com esta Casa não entregando as mensagens, não fazendo, não respeitando o Parlamento brasileiro.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Senador Girão.
Passo a palavra ao próximo orador inscrito, Senador Izalci Lucas.
O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF. Para interpelar.) - Presidente, eu vou concordar plenamente com o que foi falado aqui pelo meu querido colega Deputado que foi meu colega na Câmara, o nosso Paulo Magalhães, que é do seu Estado da Bahia e representa muito bem a Bahia. Ele disse assim, claramente: "Estamos perdendo tempo". Disse isso, e eu concordo plenamente. Nós temos tantos depoimentos importantes aqui, e a gente não consegue ouvir.
Eu vou ler agora só o plano de trabalho da Relatora, o plano de trabalho! O plano de trabalho começa assim: "De acordo com a justificação [...] [do requerimento da CPMI] [...] [tem] [...] por objetivo apurar responsabilidade pela invasão da Sede dos Três Poderes, buscando esclarecer quem planejou, quem executou [...] [ou] se omitiu [...]". Isso está na introdução. "[...] averiguar se houve a efetiva emissão de alertas sobre os riscos de violência, quando foram feitas, quem as recebeu e que providências foram tomadas em relação às eventuais advertências". Estou lendo o plano de trabalho.
Objetivos. Aí dentro dos objetivos tem aqui uma parte importante: "[...] é certo que será necessário ouvir, no momento adequado, o Ministro da Justiça, Flávio Dino; o então interventor na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli; e o General Gonçalves Dias, ex-Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República [...]. Todos eles, certamente, têm muito a contribuir com esta CPMI". Estou lendo o plano de trabalho. E, de fato, o G. Dias contribuiu muito quando esteve aqui.
Aí, há no final do plano de trabalho. "[Apresentaremos] [...] as linhas gerais de investigação [aí está aqui no plano de trabalho, evidentemente] sem prejuízo de [...] novos fatos [...]: O planejamento e a atuação dos órgãos de segurança pública da União e do Distrito Federal no dia 08 de janeiro, bem como o apagão na execução das medidas de contenção [...]".
Bem, então está muito claro, no plano de trabalho, que um dos itens aqui que seriam apurados seria a omissão, porque é tão grave quanto as ações. Sobre as ações, nós já falamos aqui - acho que é unanimidade, ninguém está passando a mão na cabeça de ninguém -, quem fez tem que pagar por isso individualmente. Agora, quem se omitiu aí também deveria ter sido responsabilizado.
E aqui, em vez de estar perdendo tempo com esses depoentes, porque o próprio Supremo já deu a eles a possibilidade até de ficarem calados, como sempre, e de também nem virem aqui, mas eu digo assim para uma Relatora, para quem quer realmente desvendar a verdade: o Sr. Saulo acabou - o Senador Girão passou o vídeo aqui do Saulo, que é da Abin, era o Adjunto da Abin... Trinta e três alertas, desde sexta-feira. Tinha lá o comunicado, os alertas: "Olha, vai acontecer isso, vai acontecer aquilo".
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No domingo, 8h da manhã, o próprio G. Dias diz assim: "Teremos problemas" - está escrito lá.
Nós vimos no Plano Escudo que, após a identificação de qualquer problema, 15 minutos, você tem 25 minutos de deslocamento, ou seja, em 40 minutos, não só o Comando Militar do Planalto, que eu conheço bem, como a Polícia do Exército, o Batalhão da Guarda Presidencial, a Força Nacional, todo mundo, se fosse demandado, estaria aqui em no máximo 40 minutos. Ora, se o Ministro já sabia que ia ter problema, como esse General responsável pelo GSI não tomou nenhuma providência?!
Aí o Saulo... Nós recebemos aqui, porque ele disponibilizou a quebra do sigilo. Nós identificamos que o Saulo... Tem lá 126 páginas do Saulo conversando com o G. Dias. E, aqui, com a maior cara de pau, o G. Dias também coloca o seu celular disponível, como o e-mail institucional. Aí não aparece... As mensagens foram apagadas, ou destruíram as provas, até dia 30 de abril. A partir de 1º de maio, é que tem alguma coisa.
Mas, mesmo assim, foi identificada, nessa quebra de sigilo, a troca de informações da Relatora com o Ministro. O Ministro falando com o filho dele, combinando com o chefe de gabinete... Está claro... Era bom passar ali, até como foi feito já aí pela própria Relatora, as mensagenzinhas. É o chefe de gabinete da Senadora? Vai mandar o documento? Estão lá os dois anexos, onde tem o diálogo... "Ah, mas é pergunta que todo mundo faz." Sim, mas quem faz primeiro e por tempo indeterminado é a Relatora.
Agora, vem lá o General Penteado e diz: "Olha, se tivéssemos recebido os alertas, nós teríamos agido, e não teria acontecido o que aconteceu dia 8 de janeiro". Aí nós já sabemos... Os 33 alertas foram recebidos por quem? Nós já sabemos, mas não conseguimos aprovar o requerimento pra trazer as pessoas pra saber o que eles fizeram com os alertas. Jogaram no lixo? Assumiram a responsabilidade e não passaram essa informação pra ninguém? Se passou, para quem? E esse quem, que tem o poder de decisão, fez o quê?
Está aqui no plano de trabalho. Agora, praticamente está encerrando, acho que são duas reuniões próximas aí, porque a outra vai ser aprovação de requerimento. Então, nós temos mais aí uma deliberativa pra votar em bloco os requerimentos... E nós já assistimos a esse filme antes: com certeza, serão todos rejeitados, pelo menos aqueles que querem esclarecer a questão da omissão.
Eu disse antes da CPMI e digo sempre, falei várias vezes no Plenário e aqui: o 8 de janeiro não teria acontecido da forma como aconteceu, se realmente o GSI tivesse agido. Então, a responsabilidade do General G. Dias e também de outras pessoas que também poderiam ter agido, como o próprio Ministro da Justiça... Como é que o Ministro da Justiça não recebeu...? Aliás, tem vídeo, já foi passado aqui, ele dizendo assim: "Não, eu estava lá, sim, e liguei para o Presidente". E o Presidente já sabia. Ora, como uma gravidade dessa... Porque o teor dos alertas era muito claro, ninguém tinha dúvida. Qualquer um que lesse aqueles alertas saberia que teria no dia 8 de janeiro o que aconteceu. Então, a omissão, a falta de atitude e a irresponsabilidade e talvez interesses em que isso ocorresse têm que ser apurados.
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Então, eu lamento sinceramente que um Senador, ex-Governador, ministro diga para esta CPI "olha, o contrato..." Olha, um órgão de segurança, o Ministério da Justiça, que tem o GSI sob a sua responsabilidade também, a Abin e outros órgãos. Aí, diz assim: "Não, a empresa contratada apagou todas as imagens do Ministério da Justiça".
O que é isso? Como é que a gente pode aceitar uma coisa dessa? Como a gente pode aceitar alguém que apaga, realmente, propositalmente, as provas do diálogo que ele recebeu da Abin, com Saulo? E fica por isso mesmo, não se apura, de fato, o que aconteceu. Então, é lamentável.
Eu preparei várias perguntas aqui para o Wellington - não é? -, lembrando, inclusive, que ele também foi servidor, ele trabalhou no Governo do Ceará, sob o nosso colega, sob o comando do nosso colega, que foi Governador, Cid Gomes, também foi assessor. Mas isso aqui, acho que a Senadora Damares deixou muito claro...
(Soa a campainha.)
O SR. IZALCI LUCAS (PSDB - DF) - Eu já fui secretário, Senadora Damares, e a minha secretaria uma parte funcionava no Setor de Indústria, aqui, e outra, no Buritinga, lá em Taguatinga. E eu não sabia, eu não tinha como acompanhar ou responsabilizar por atos feitos por funcionário lá no Setor de Indústria.
Então, acho que V. Exa. disse muito bem aqui, deixou muito claro que a sua relação não era direta, foi através de uma secretária - não é? - de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
Agora, da mesma forma, poderíamos trazer aqui a responsabilidade de outros também. Ora, se é assim, então, será que esse plano começou lá no Governo do Ceará, lá atrás, na época?
Então, são coisas absurdas. Será que aquele movimento do 7 de setembro do ano passado, com - sei lá - quase um milhão de pessoas aqui, também estava sendo programado para esse pessoal todo estar aqui?
Então, eu lamento muito que a gente não possa chegar - não é? - na verdade, por falta de iniciativa da CPMI, de coisas que foram declaradas aqui claramente da omissão.
Era isso, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Senador.
A próxima oradora inscrita, essa grande Deputada, que deveria ser representante da Bahia, porque é baiana, mas foi morar no Rio de Janeiro... (Risos.)
Laura Carneiro.
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ. Para interpelar.) - Meio baiana, meu baiano predileto. Filha de baiano.
Bom, Sr. Presidente, Sra. Relatora, Srs. Deputados, eu quero começar com uma questão específica para a Presidência e para a Sra. Relatora.
Nós já ouvimos aqui vários depoentes, mas nenhum financiador. Então, eu pediria que, nessas últimas audiências que teremos, pelo menos um financiador a gente pudesse ouvir. Não faz sentido nenhum, nós já ouvimos generais, já ouvimos vários depoentes, mas nenhum que fosse, vamos dizer, do escopo do financiamento desses atos.
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Bom, queria agora me dirigir ao depoente para lhe dizer que eu fiquei muito preocupada, na sua fala, na sua resposta, e eu acho que isso, claro, foi indicado pelo seu advogado, o nosso colega...
O senhor diz que não quer produzir provas, não quer falar... Por isso entrou com HC...
O senhor não está falando porque o senhor diz que não tem acesso aos autos.
Queria lhe dizer que os autos de uma CPI são públicos.
Aliás, televisionados. Portanto, o senhor tem acesso a esses autos. O senhor não quer falar para não se incriminar.
Mas olha como a vida é complicada.
O senhor não quer se incriminar agora, mas o senhor passou todo o tempo produzindo provas contra o senhor mesmo. Foi o senhor que gravou, o tempo todo. Foi o senhor que divulgou, o tempo todo, os seus ilícitos. E infelizmente...
E aí eu queria começar pedindo para o senhor passar o vídeo, que eu chamo o vídeo da Jandira, que esse, para mim, é o que diz tudo. Ele não precisava depor não, é só a gente ouvir esse vídeo. Ele está falando tudo.
Então eu queria que a gente pudesse passar o vídeo.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ) - Eu acho que aí demonstra, Presidente, que essa é a trajetória do depoente. Ele acredita nisso. Ele acredita que é através da força que se transforma uma sociedade.
Na verdade, ele é um antidemocracia. E essa é a posição dele. Ele pensa assim. Que pena que ele pensa assim.
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E aí eu fiquei mais assustada, porque eu estava fazendo um cálculo aqui, em função dos julgamentos que já aconteceram na Corte. Provavelmente a condenação do Wellington vai a 30 anos, 50, talvez, que baixa pra 30, porque não pode ultrapassar os... Quer dizer, agora 40. Agora a gente chegou em 40 na nova legislação, então, eventualmente, serão 40 anos de prisão.
E aí eu queria entender, talvez com um fato novo que não foi tocado aqui ainda hoje. O senhor esteve, e tentou se cadastrar como jornalista independente, na posse do Presidente Santiago Peña, no Paraguai, onde estava o Presidente Lula naquele dia.
Qual foi o objetivo, depoente, de o senhor participar da posse do Presidente do Paraguai?
E, aliás, foi ali, logo depois que ele quebrou a tornozeleira. Eu queria entender, porque isso também não está em autos, em nenhum, não está nos autos nem do inquérito, nem do Supremo, então, acho que não tem nenhuma dificuldade de o senhor nos contar qual era o seu objetivo de participar, como jornalista, na posse de um país-irmão, mas não brasileiro. Eu queria entender.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Vou responder, senhora.
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ) - Obrigada.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - A minha resposta vai vir no tempo certo, depois que eu tiver acesso integral ao material e me reunir com tempo com meu advogado.
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ) - Ah, então o senhor voltou. Está certo, não precisa, isso eu já sei.
Eu queria só registrar que a gente hoje está, na verdade, falando com... De todos, Presidente, todos que nós ouvimos até agora, até o Alan, ninguém participou de todos os atos, só o Wellington. O Wellington é o símbolo da ação. Hoje só se falou... Muitos falaram em omissão, mas o Wellington é o símbolo da ação. Se tem alguém que será condenado a muitos e muitos anos, e aí eu não quero passar isso, porque eu não quero ser indelicada com os Parlamentares, mas tem um vídeo aí também, que depois V. Exa. pode até ver, que é o vídeo que o senhor chora dizendo que o senhor foi abandonado, aliás, que apenas um Parlamentar não o abandonou, todos os outros o abandonaram.
Por que o senhor se sentiu abandonado? Isso não está nos autos, é um sentimento seu. Não vai estar nos autos, não me responda com os autos, porque isso decididamente não estará nos autos. Por que o senhor se sentiu abandonado? O senhor esperava que os Parlamentares e outras pessoas lhe ajudassem a se manter foragido? O senhor acha que essas pessoas deveriam lhe mandar Pix para o senhor se manter foragido? O senhor acha que essas pessoas tinham que lhe sustentar, sustentar sua família, encobrir ou lhe proteger de alguma maneira?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Minha resposta é a mesma, Senadora.
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ) - Ah, eu gostei do Senadora, mas eu ainda sou Deputada.
Queria dizer que não... Presidente, eu fico muito assustada quando eu vejo que esse mesmo homem, que agora não quer responder... E aí eu fiquei muito triste, Presidente... Ouvi aqui falarem de aborto, não se falou de aborto. Eu fiquei muito assustada foi que o depoente, Presidente, responde, é investigado por divulgar vídeo de abuso sexual, abuso infantil. Isso, sim, é muito grave.
Não é ele ter participado do governocídio ou do ministério, eu não estou preocupada onde ele trabalhou, é um problema dele com seu contratante. O que me preocupa é um homem como esse ter participado de um ministério que tratava da questão da criança, estando sendo investigado por vídeo de abuso infantil.
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Aliás, nós apresentamos e aprovamos, outro dia, um projeto de lei proibindo isso.
(Soa a campainha.)
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ) - E talvez isto seja o mais degradante: este mesmo homem que foi indicado por vídeos de abuso infantil é o homem que poderia ter matado inúmeras crianças quando colocou a bomba na porta do aeroporto.
E aí, depoente, seu advogado pode ser o melhor do mundo, mas ele não é mágico. Eu tenho muita pena do senhor. O senhor vai ficar na cadeia muitos anos pensando que o senhor poderia ter matado muitas crianças, homens e mulheres, porque colocou uma bomba que, graças a Deus, não explodiu, mas que podia ter causado um dano sobrenatural. E o senhor não ia transformar a eleição, porque a eleição é democrática. Talvez o senhor não tenha aprendido o que é democracia, mas tenha a certeza de que o senhor só fez mal e que vai passar muitos e muitos anos na cadeia pensando nos seus atos.
Obrigada, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputada.
Na ausência do Senador Flávio e do Deputado Eduardo Bolsonaro, eu passo a palavra ao próximo orador inscrito, que é o Deputado Nikolas Ferreira.
Ah, perdão, um instante. Eu vou... Mais uma vez, a pedido do depoente, vou suspender por três minutos.
(Suspensa às 12 horas e 37 minutos, a reunião é reaberta às 12 horas e 39 minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Dando prosseguimento, passo, agora sim, a palavra ao Deputado Nikolas Ferreira.
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG. Para interpelar.) - Sr. Presidente, boa tarde. Boa tarde, queridos colegas.
Sr. Wellington Macedo, o senhor foi condenado, está sendo investigado aí pela primeira instância e, se de fato o senhor cometeu, pelo que a Justiça aprova, o senhor tem que se ferrar mesmo, e não tem papo.
Agora, o que acontece aqui nesta CPMI é o seguinte. Há uma tentativa de narrativa fajuta por parte da esquerda, que a gente tem visto desde o começo da CPMI, do seguinte: "Sr. Wellington, o senhor toma água?". Aí: "Sim". "Olhe só quem também toma água, se não é ele, Jair Messias Bolsonaro, culpado, tem total relação com o golpe e com tudo que aconteceu de ruim no mundo."
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Hoje, o cara chega em casa, é traído, a culpa é de quem? Só pode ser do Bolsonaro, não é? Ou seja, isso é ridículo.
Agora, o meu papel aqui, porque é de defesa, agora, aos cristãos e às pessoas de direita, que são milhões nesse Brasil - e vocês não ganharam de 7 a 1, mas foi por um pouquinho -, é de defender essas pessoas.
Ouve-se aqui uma fala do Pastor aqui, e a sua igreja invisível, com relação aos cristãos e à direita, dizendo que "o Bolsonaro usou o afeto do ódio para se eleger, institucionalizou o ódio [tá?] e [que] há uma mobilização intencional para que o inimigo seja eliminado". Falso moralista, mentiroso, assim como outros também que se utilizam também da fé da Bíblia e que dizem: "Não, não pode condenar ninguém", mas a todo momento querem condenar o Bolsonaro por todos os crimes que há no Brasil possíveis.
Então, eu gostaria de passar um vídeo, por gentileza!
E aumenta, por favor, pra ver quem que de fato...
O vídeo...
Obrigado!
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Na minha opinião também se torna bastante grave quando alguém chega aqui pra poder simplesmente acusar a direita, nos taxar, nos rotular, como se nós fôssemos criminosos, baderneiros, criminosos, milicianos, terroristas, nazistas, fascistas, homicidas, tudo de ruim. Ou seja, a esquerda usa o monopólio da virtude: tudo que é da esquerda é bom; tudo que é da direita é horrível.
Agora passa aí pra mim, por gentileza, os eslaides.
E olha que coincidência, meus senhores, olha que coincidência! Quem segue a Maria Flor, que disse que "queria ver aí o Bolsonaro, esfolado com a cara de sangue"? Olha lá. O nome está ali em cima. Eu não vou citar para poder não ganhar um tempinho. Mas vocês estão...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Já está? Então, eu falo, excelente! Você fala depois.
Jandira comunista, Jandira Feghali segue Maria Flor.
Passa pra mim, por gentileza.
Olha que coincidência: o mesmo cara que estava lá incentivando o ódio de matar ali o Luciano Hang com um taco de beisebol é seguido pelo pastorzão. Paz e amor! Olha só que democracia!
Passa aí para mim, por gentileza.
Olha se não é ele, o mesmo Pastor da Shopee que diz em amor também segue Duvivier! Aqui, olha só a matéria dele na Folha de S.Paulo: "Único jeito de não ficar triste é ficar puto; quanto da sua tristeza você conseguiu converter em ódio?". E uma mulher ali com a cabeça do Bolsonaro arrancada com sangue.
Passa pra mim, por gentileza, que tem mais.
Olha se não é ele, o Pastor do amor falso, que segue o Chico Alencar e o Ivan Valente, que estão ali dando as mãos para quem? Eu dou uma tentativa, uma tentativa. Eu vou pedir pra Jandira depois, já que ela vai usar o tempo, para poder falar quem é esse homem que está ali no meio, hein? Será que é o Silvio Santos? Será que é quem mais? O Batman? Quem é esse cara? Cesare Battisti. E, olha só, um cara que foi condenado à prisão perpétua na Itália porque ele matou quatro pessoas, e está ali, de mãozinhas dadas com Ivan Valente e Chico Alencar, que, coincidentemente, o Pastor também segue.
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Passe aí para mim, por favor. Será que tem mais?
Olha se não é ela novamente! Segue também o Guga Noblat e o pai que está lá: "Jair Bolsonaro é campeão de tiro ao alvo na modalidade de tiro no pé". Ele comenta: "Em breve, no peito". Olha que democráticos!
O Blog do Noblat: "Caiu na rede!" - o Bolsonaro ali em caixão é porque o amor venceu... "Se Trump optar pelo suicídio, o Bolsonaro deveria imitá-lo". Olha o que é isso! Como assim? Está pedindo a morte do Bolsonaro? "Mas para que esperar pela derrota na eleição? Por que não fazer isso já, agora, neste momento? Para o bem do Brasil, nenhum minuto sem Bolsonaro será cedo demais."
Agora passe aí mais uma vez, porque eu acho que tem mais.
Olha quanto amor! Eu não vi o pastorzão do amor falar sobre isso daí que o pessoal da esquerda faz: "Por que torço para que Bolsonaro morra" - e temos ali um LGBT, provavelmente, segurando a cabeça do Bolsonaro, um cartoon segurando a cabeça do Bolsonaro, e vários outros.
Agora o que eles dizem é - pode tirar da tela, por gentileza -: "Mas eu não defendo isso". Isso são pessoas que fazem algo contra o Bolsonaro. Nunca vi dizerem que discordam. Publicamente, nunca vi. Nunca vi.
E, digo mais, pessoas que estão aqui que, primeiro, deletaram, postaram, mas depois deletaram, falando: "E a fogueira está alta em Brasília? Olha para o céu, meu amor, vê como ele está lindo" - e uma foto de Stalin. Eu tenho certeza que essa pessoa condena os atos daqui.
Ou seja, tomem vergonha na cara pra poder falar, e lavem a boca para poder falar dos cristãos e pessoas de direita aqui do Brasil! Toda semana vêm cá com esse papinho fajuto pra poder tentar colar aqui nos Deputados que estão aqui, Senadores, Deputados eleitos pelo povo, dizendo que nós somos apoiadores, incentivadores de ódio. Ora, como assim? O que está acontecendo? Na verdade, quando a gente combate o mal, como, por exemplo, aqui você vê um pastor dizendo que é a favor de aborto, matar crianças dentro do ventre, e nós que estamos aqui defendendo a vida desde o ventre, nós somos os radicais. Ou seja, não vamos aceitar que pessoas utilizem dessa tribuna aqui pra poder falar mentiras. Pode falar, pode. Este país aqui é livre. Agora, não ter contradição, isso não vai acontecer. Vai ter contradição aqui, sim. Lá na igreja, lá no curral do PT, lá com o Maduro - entendeu? -, lá com o Daniel Ortega, lá no Foro de São Paulo, podem falar mentira que quiserem e vocês vão ser amplamente amados. Agora aqui, nesta CPMI, ficar utilizando do tempo, do espaço, Sr. Presidente, para poder ficar atacando aqui o opositor de maneira mentirosa, isso aqui nós não vamos aceitar.
Então, eu uso aqui este meu tempo para poder dizer a respeito disso - e finalizar -, de que os cristãos, assim também como as pessoas de direita aqui no Brasil, têm sim o poder de fala, de defesa, e a gente vai lutar até vocês pararem de ficar nos rotulando, porque isso é uma tática bem antiga, inclusive dos nazistas, que colocavam, Sra. Damares, o judeu como um parasita. Há várias propagandas antissemitas colocando o judeu como um inseto. E sabe por que essa estratégia? Porque ninguém tem remorso quando mata um inseto, assim como estão fazendo conosco. Nós não somos seres humanos mais, Deputado Filipe Barros, nós somos genocidas, nós somos intolerantes, homofóbicos, transfóbicos, todos os "istas". Ou seja, daqui a pouco, quando extirparem a direita no Brasil, extirparem os cristãos no Brasil, ninguém mais vai sentir falta. Não me venham com mentiras aqui, porque, enquanto a gente tiver fôlego, a gente vai destruir essas mentiras aqui de gente que não tem moral para falar em amor de Deus nem moral - muito menos - para falar da justiça dele.
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O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - Muito bem! (Palmas.)
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputada Jandira Feghali me solicita...
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - ... tempo de resposta. Entretanto...
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - Não foi nem citada.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - ... como eu já fiz em outras reuniões aqui...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ. Fora do microfone.) - Fui, sim.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - ... inclusive negando, outro dia, ao Senador Moro o direito de resposta... O Capítulo V - Do Uso da Palavra, no seu art. 14, fala aqui no direito de resposta, mas, no inciso VIII, diz: "para explicação pessoal, em qualquer fase da sessão", etc., etc. Mas, ao final, está explícito: "não sendo a palavra dada, com essa finalidade [direito de resposta], a mais de dois oradores na mesma sessão". No caso, eu já concedi hoje direito de resposta à Senadora Damares e ao Deputado Pastor Henrique. Então eu realmente...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Mas eu...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - .. não tenho condição de dar direito de resposta.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Mas eu não agredi a Senadora Damares.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Foi direito de resposta.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Ela deu uma explicação.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Passo a palavra...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Este moleque precisa de resposta.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não, não, não...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Isto é um moleque.
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Moleque? Eu teria vergonha de ser você e disputar...
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Isto é um moleque.
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - ... três prefeituras, e perder todas.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Esse moleque precisa de resposta.
O SR. NIKOLAS FERREIRA (PL - MG) - Moleque? Preciso é de respeito. Eu sou Parlamentar como você.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não, não... Por favor.
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu peço que a gente...
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente, pela ordem.
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Nesses termos eu não vou dar direito de resposta...
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Nesses termos... Eu, nesses termos...
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Nesses termos, não será concedida a palavra... Não vou dar a palavra, não. Nesses termos...
Deputado Nikolas, por favor; por favor, Deputada Jandira; se acalmem.
Eu peço que todos aqui retomemos a calma. Eu não vou dar, nesses termos, direito de resposta a ninguém.
Passo a palavra...
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu passo a palavra...
Eu peço... Eu peço... Eu peço moderação a todos.
A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB - RJ) - Isto é um moleque. Isso é um moleque. Eu respeito...
(Tumulto no recinto.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - A sessão está suspensa por cinco minutos.
(Suspensa às 12 horas e 50 minutos, a reunião é reaberta às 12 horas e 51 minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Dando prosseguimento, eu passo a palavra ao Senador Cleitinho.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente, eu queria fazer uma questão de ordem a V. Exa.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não; se é sobre esse assunto, já está superado, Deputado Rogério Correia. Já está superado esse assunto.
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Sr. Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu não vou...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Posso falar?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deputada Jandira, por favor. Deputada Jandira...
Com a palavra...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Presidente, eu sempre respeito a fala de todo mundo aqui. Eu posso falar, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pode falar, pode falar.
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Obrigado.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Vamos lá, por favor.
Senador Cleitinho.
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG. Para interpelar.) - Aceita ou surta; e, abalou, perdeu. Mas vamos começar aqui.
Sr. Wellington, você podia olhar para mim, por favor, Sr. Wellington? Tudo bem, não é?
Deixe-me fazer uma pergunta para você. Você é inocente?
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O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Eu sinto muito, Senador, mas eu só posso respondê-los depois que o meu advogado tiver acesso...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Você é patriota? É de direita? É cristão?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA - Minha resposta virá no tempo certo, depois que eu tiver reunião com o meu advogado para discutir isso.
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Então, assim, você é um covarde. A palavra que tem pra... Você não é patriota, você não é cristão...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Senador... Senador, eu vou interromper V. Exa. logo no início. Nós estamos...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Covarde? Se chamar de covarde, o senhor vai me interromper, Presidente?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não; isso é... Isso é uma agressão.
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Não; ele foi muito...
Presidente, você não vai me interromper, não, com todo respeito.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Senador Cleitinho...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Ele foi muito corajoso. Ele tem que escutar agora, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Deixe-me fazer aqui um aparte a V. Exa. Veja bem, em outras ocasiões, esse termo já foi atribuído, e eu também pedi pra que tirasse da Taquigrafia.
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Não...
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Eu vou pedir a V. Exa., que é um Deputado...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Covarde não é xingar ou ofender ninguém, não. É covarde!
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - V. Exa. aqui é um Parlamentar educado, preparado, representa um estado da importância de Minas Gerais. Eu peço que V. Exa. conduza a sua fala...
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Aonde que eu faltei com respeito com ele até agora? Quem faltou com respeito com ele... Foi ele que faltou com a população brasileira, com a família. Ele tem que escutar, esse cara! Esse cara é um charlatão! Esse cara usou de um segmento - fala que é de direita, que é cristão - pra se beneficiar, em benefício próprio. E eu não vou passar pano pra esse cara, não! Esse cara estava pedindo Pix! Está aqui ainda rindo da cara dos outros, ainda. Disse que ainda está perdendo tempo. Se ele fosse homem de verdade mesmo, ele estava respondendo. Se ele tivesse sede de justiça, se ele fosse inocente, ele estava me respondendo aqui, se ele fosse macho de verdade. Isso aí não representa ninguém, não, Presidente! Isso não representa ninguém.
Isso aí tem que pagar por mais: abuso de negócio de criança, passando divulgação de vídeo... Que homem que é isso? Isso não é homem, não! E usava ainda a direita, usava falando que é cristão. Cristão não faz isso, não, meu amigo! Cristão não quer matar pessoas, não, em véspera de Natal, não. Covarde! Usou um segmento aí... Entendeu? Isso não representa a direita, nunca representou a direita, como vários não representam a direita, como ele, como outras pessoas, como aquela tal de Ana Priscila aí - bando de charlatão! Um bando de charlatão.
Eu queria falar uma coisa aqui - porque eu sou assim, certo é certo e errado é errado -: eu não vou passar pano pra você; que você pague pelo que você fez. Se você tiver o mínimo de hombridade, peça desculpa pra população brasileira. Na hora em que for ajoelhar, pede perdão pra Deus. Porque Deus, se for com arrependimento de verdade, de coração, Deus vai te perdoar. Tenha pelo menos a hombridade de fazer isso. Se falar que é cristão de verdade, conhecer a palavra...
Agora eu queria falar uma coisa aqui, Presidente, porque eu escutei aqui no Senado dizendo que ia ter uma CPI da Lava Jato. Eu já falei: qualquer CPI que tiver, eu assino, com o maior prazer. Agora, eu queria ver se a CPI da Lava Jato convoca alguns que precisavam vir aqui na CPI da Lava Jato, trazer algumas pessoas aqui. Podia trazer aqui, porque eu queria ver a mesma forma de apontar o dedo pra esse charlatão apontar o dedo pra esse pessoal da Lava Jato. Quero ver, escutar aqui o Sérgio Cabral, lá do Rio de Janeiro, que pegou 400 anos de prisão, vir aqui falar que é inocente, que é réu confesso; um tal de Palocci, também, que deu delação e um monte de coisa; trazer um Palocci pra cá pra poder falar que ele é inocente. Eu queria muito participar de uma CPI dessa, pra poder olhar na cara desses caras, também, que atrasaram o país e acabaram com o país.
Agora, esse aqui não representa ninguém, e ele não quer falar nada, mas eu queria mostrar um vídeo pra vocês, gente, porque eu estou pedindo aqui... Até, agora, a Deputada pediu para convocar quem financiou, mas a gente podia muito convocar, também, Deputada, pessoas que estavam aqui no dia 8, que quebraram, que fizeram essa baderna. Eu acho que se devia convocar. E esse aqui, que pegou 17 anos de prisão... Olha que loucura! Eu não sei se esse vídeo foi editado, eu não sei o que está acontecendo nesse dia 8, gente, mas mostra esse vídeo aí. Foi do Aécio. Escuta.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CLEITINHO (REPUBLICANOS - MG) - Esse que deveria estar aqui. Eu insisto em trazer esse que foi condenado a 17 anos pra estar aqui, porque eu acredito que ele vai ter coragem de poder falar. Porque no vídeo aqui mesmo, ele fala... Olha que loucura: ele pega 17 anos e está pedindo pra não quebrar! Está pedindo pra não quebrar e está denunciando: "Ali, ó, tem infiltrado, tem infiltrado".
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Se realmente esta CPI do dia 8 aqui, gente, é pra poder resolver quem financiou, quem pegou e patrocinou, quem foi omisso, se teve infiltrado, está na hora de a gente trazer essas pessoas. Esta CPI está acabando.
Esse Aécio que pegou, vou repetir, novamente, 17 anos de prisão, nesse vídeo - não sei se é fake news ou o que é; ele, se estiver aqui, vai poder falar -, ele está denunciando, mandando pegar, prender quem estava quebrando! E ele pegou 17 anos, gente! Acorda, CPI! Ele tem que estar aqui! Se a gente quer descobrir realmente quem financiou, quem quebrou e quem fez o diabo a quatro aqui, tragam o Aécio, e não tragam um charlatão desse, que não é de direita.
Quem é de direita faz direito, viu, rapaz? Quem é de direita e fala que é cristão é cristão, ama o próximo como a si mesmo e não quer tacar bomba em lugar, não. Você usou a direita, charlatão, como outros usaram aqui, e a gente vai pra cima de pessoas como você.
Muito obrigado, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Senador.
Passo a palavra agora à Senadora Damares Alves.
A SRA. DAMARES ALVES (REPUBLICANOS - DF. Para interpelar.) - Obrigada, Presidente.
Eu vou começar, novamente, fazendo aqui a defesa da ex-Primeira-Dama Michelle Bolsonaro.
Vocês trouxeram aqui pra essa tela o nome da tia e do tio da Michelle. Eu só quero lembrar aos senhores que a tia da Michelle mora numa cidade-satélite aqui na região, e, a cada vez que vocês colocam o nome dela, vocês expõem essa mulher de uma forma indevida, e aquela exposição não vai levar esta CPMI a descobrir nada do ato de 8 de janeiro; é tão somente pra colocar mais uma pessoa em risco no Brasil.
Todo mundo sabe que a tia e o tio de Michelle moravam praticamente com ela no Alvorada. São os dois que cuidavam da menina Laurinha. Gente, não existe uma previsão para que um Presidente da República contrate uma babá com verba pública. Quem contrata é o Presidente, o pai e a mãe, e quem cuidava de Laurinha era a tia. A tia cuidou de Michelle na adolescência, cuidou da primeira filha de Michelle e cuida de Laurinha.
Então, aquele depósito que o ajudante de ordem colocava na conta da tia, gente, era tão somente o pagamento de uma babá. Chega de expor essa mulher! Gente, ela mora em comunidade aqui em volta de Brasília, e estão procurando saber onde essa mulher mora. E se acontecer alguma coisa com essa senhora, gente? Chega! Isso não vai levar a descobrir nada sobre o ato de 8 de janeiro.
Segundo, novamente, eu vou ter que me defender - agora sou eu, vou ter que me defender -, porque, no início deste ano, um membro desta Comissão entrou com um processo de cassação - o primeiro processo de cassação do Senado foi meu neste ano - por conta de genocídio indígena. Claro que o processo não foi aceito e, no dia 13 de junho, foi arquivado, como a Comissão ianomâmi externa que foi montada aqui no Senado também não apontou nada contra a Damares.
Aí eu entro nesta CPMI como terrorista, golpista, genocida, assassina, corrupta, até traficante, mas tudo caiu.
Mas hoje vão querer encerrar a CPMI dizendo que a Senadora Damares é a favor de quem divulga imagens de estupro de criança.
Deixe-me explicar uma coisa: quando o Wellington chega - e chega dizendo que não pode mais voltar para Sobral -, ele apresenta um currículo. No currículo dele, ele foi assessor do ex-Senador Cid por anos. Aqui, olha: na Prefeitura de Sobral, um jornalista com experiência em serviço público. Está aqui: de 2004 a 2008, ele é assessor do Senador Cid. O Governo não fala isso! Os Parlamentares do Governo não falam. Mas, se colocar a palavra "bomba" no Google, sabe o que vai aparecer? "Damares, bomba", "o homem-bomba de Damares". Damares está associada a bomba, inclusive, nas redes sociais de alguns Parlamentares aqui do Governo.
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Aí, em 2009, nós temos imagem aqui, olha: Cid já não era mais nem Prefeito, era Governador; sai lá da capital para ir ao interior inaugurar o estúdio de Wellington Macedo. Um Governador, num evento privado, que mostra a relação de amizade dele com o ex-Governador, atual Senador. Em 2010: Wellington e Cid Gomes pedindo voto pra Lula. Ele trabalhou pedindo voto pra Lula, mas esse homem descobre irregularidades na Prefeitura de Sobral, na avaliação da educação, ele descobre uma série de abuso sexual e ele denuncia. Mas, aqui, 2011: ele e Cid de novo em evento juntos, dentro do carro do Senador Cid. E ninguém fala! Mas o homem, porque trabalhou alguns meses no ministério, Damares é a mulher-bomba agora.
Eu precisava fazer isso, Presidente, por quê? Porque eu quero ajudar na construção do relatório e eu não quero que nenhuma suspeição venha em relação a mim.
Ah, quando o Wellington chega lá no ministério, realmente, depois a gente descobriu que ele tinha um monte de processos, porque professores de Sobral processaram esse homem, porque ele denunciou as fraudes na educação, ele denunciou abuso sexual em Sobral. Só que, de uma única vez, ele foi absolvido nos 60 processos. Está aqui, olha: matérias de jornais de Sobral. Ele foi absolvido. Nosso ministério, lá atrás, não contratou um homem que divulgava abuso sexual de criança. Esse vídeo foi muito tempo depois. Inclusive, Presidente, por conta desse vídeo, ele respondeu a um processo do Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, porque, nesse vídeo, o Wellington extrapolou e o Wellington fez severas acusações contra o Secretário Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. A saída dele do ministério não foi tranquila, gente!
Inclusive, agora eu vou finalizando e vou dizer uma coisa: eu fui injustiçada. Eu fui injustiçada pelo Sr. Wellington. Ele sabe disso. Ele causou grandes danos, lá atrás, à minha imagem, à minha reputação. Já pediu desculpa - já pediu desculpa.
E eu vou dizer o seguinte, Sr. Wellington: de tudo o que mostraram aí... Eu não vou questionar nada dos seus vídeos, chamando o povo a ir pra rua, nada. Mas o senhor está condenado por uma bomba e o senhor está alegando que não tem nada a ver com a bomba. Eu vou torcer muito para que o senhor realmente não tenha nada com a bomba, porque seria uma decepção muito maior.
Todos nós que defendemos a infância acreditamos no senhor quando o senhor denunciava abuso de criança. Naquele seu vídeo, o senhor concorda que o senhor exagerou, porque o senhor estava com tanta raiva do Secretário Nacional que o senhor faz um vídeo mostrando uma imagem de abuso que estava circulando no WhatsApp de todo mundo. O senhor mostra aquela imagem; não devia. Respondeu a processo por isso - o senhor sabe. Mas, com relação à bomba, Sr. Wellington, crianças iam morrer. E a gente acreditou num jornalista que protegia a criança. Com relação à bomba, nós estamos realmente torcendo para que o senhor não seja envolvido, porque seria, Sr. Wellington, assim, uma dor muito grande para os defensores da infância que acreditaram no senhor.
Então fica aqui: eu fui injustiçada pelo senhor. Estou sendo injustiçada agora, porque o senhor se envolveu no episódio da bomba, mas eu precisava deixar isso aqui muito claro, porque eu quero continuar colaborando com esta CPMI. E, assim, senhores, eu não passo a mão na cabeça de pedófilo e nem na cabeça de quem faz apologia à pedofilia, tampouco em quem expõe crianças. E o Sr. Wellington sabe disso.
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Sr. Wellington, sucesso na sua defesa! Tomara que o senhor prove que não tem nada com a bomba, mas o senhor trouxe muita tristeza pra muita gente que acreditou no senhor.
E aqui eu encerro, Presidente, agradecendo a oportunidade.
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Senadora Damares, Deus está no controle. Tudo vem no seu tempo. Quando eu tiver acesso aos autos na sua integralidade e sentar com o meu advogado, a gente vai trazer as informações necessárias.
A SRA. LAURA CARNEIRO (PSD - RJ. Fora do microfone.) - Deixa Deus fora disso!
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Olha, eu gostaria muito que o depoente trouxesse alguns esclarecimentos. Aqui eu tive a oportunidade, que os senhores que estão aí no plenário não tiveram, de ele ter me colocado algumas questões. E eu propus ao depoente e ao seu advogado que ele... Inclusive, isso aí eu posso dizer, porque tem a ver com o mérito da defesa. Ele me disse que se sentiria pouco à vontade de responder a algumas indagações e não responder a outras. Diante disso, eu propus a ele que nós restituiríamos aquele tempo que ele não usou no começo, de 15 minutos, para que ele fizesse os seus esclarecimentos e que, em seguida, em relação às perguntas, ele continuasse sem responder às perguntas de ninguém. Mas eu, como advogado, respeito perfeitamente, e obviamente que cada profissional da advocacia estabelece a sua linha de defesa dentro daquilo que é uma estratégia para que ele dê a melhor solução aos direitos do seu cliente. E o Dr. Síldilon me disse que a estratégia que ele, como advogado, adota, neste momento, é realmente a de que ele fique silente. Entretanto, ele havia inclusive me colocado aqui essa informação que a Senadora Damares traz, neste momento, de que todos esses processos que foram movidos contra ele na cidade de Sobral, todos esses foram arquivados em favor do depoente.
Bom, nós chegamos aqui, ao final...
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - Tem eu ainda, tem eu ainda!
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Não entendi.
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Fora do microfone.) - Eu não estava aqui, na hora em que V. Exa. chamou.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Ah, certo.
Então, passo a palavra ainda, pelo tempo de dez minutos, ao Deputado Filipe Barros.
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR. Para interpelar.) - Obrigado, Sr. Presidente. No início desta minha fala, já digo que quero, nessa oitiva, aproveitando que o depoente não fará, não responderá a nenhuma pergunta, Sr. Presidente, eu quero já, aproveitando que estamos chegando ao fim desta CPMI, fazer o resumo de alguns fatos que nós pudemos ver nesses últimos meses, aqui na CPMI. Mas, antes disso, eu quero mostrar o primeiro vídeo, que é do Sr. Vagner Freitas, quando do impeachment da Dilma.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Então, Sr. Presidente, eu gostaria, porque eu disse sobre essa fala do Vagner Freitas, fora dos microfones, no início desta audiência, ao Senador Randolfe Rodrigues. Gostaria até que ele estivesse presente aqui, hoje, porque os defensores da paz, os defensores da democracia defendem ditaduras. Do impeachment da Dilma, o líder sindical da CUT foi dentro do Palácio do Planalto dizer que estariam entrincheirados e pegariam em armas para defender a Presidenta Dilma Rousseff.
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Portanto, não têm moral alguma os governistas desta CPMI para defender ou para dizer que defendem democracia, que defendem a paz, que defendem a naturalidade democrática.
Quero lembrar também um fato que eu já disse aqui várias vezes: no livro do General Villas Bôas, ele assume que Parlamentares da esquerda o procuraram e perguntaram a ele, se a Presidente da República Dilma Rousseff instituísse o estado de defesa, o estado de sítio, como o Exército agiria. Está escrito no livro dele, meu Deus do céu!
Agora, convém nós lembrarmos um fato importante da transição do Governo Bolsonaro para o Governo Lula.
Pode colocar o vídeo 2.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Essas falas foram do atual Presidente da República, o Lula, durante a transição do Governo, transição do Governo, inclusive, que recebeu o primeiro informe de inteligência da Abin, Senadora Eliziane Gama. A transição do Governo recebeu o primeiro informe da Abin sobre possíveis manifestações com invasões de prédios públicos, mas, como nós ouvimos aqui nos últimos depoimentos, os acampamentos foram se esvaziando. O General Dutra disse aqui na semana passada que, próximo ao dia 5, 6, poucas pessoas estavam nos acampamentos, mas, a partir do dia 5, a Abin começa a informar a diversos órgãos que aconteceriam manifestações com invasão de prédios públicos. Existe um informe da Abin, salvo engano, do dia 6 de janeiro, dizendo categoricamente que o Congresso Nacional seria invadido, mas, por incrível que pareça, esse informe da Abin não foi mandado para os representantes do Congresso Nacional, mas a Abin produziu esse tipo de inteligência.
O General Dias recebeu no seu celular pessoal todos esses informes. O General G. Dias, que era o responsável pela segurança do Palácio do Planalto, sabia que aconteceriam manifestações com invasão de prédios públicos e nada fez. Teve uma reunião pra que constituíssem o PAI (plano de ações integradas), e a Coronel Cintia, no seu depoimento na CPI do Distrito Federal, disse que o GSI foi convidado e foi o único órgão que não compareceu, Sr. Presidente. O GSI foi convidado e não compareceu!
E também nós temos mensagem do Saulo Cunha com o Leonardo Singer, mensagens que estão em posse desta CPMI, dizendo que eles já sabiam que forças do Distrito Federal, a Polícia Militar do Distrito Federal, fariam corpo mole, mas tem mais dessas mensagens do Saulo Cunha com o Leonardo Singer. O Saulo afirma que o Ministério da Justiça estava sabendo do que ia acontecer, Senadora Eliziane Gama e bancada do Maranhão desta CPMI. Está aqui a mensagem: "Recomendo conseguir um espaço com algum figurão do [...] [Ministério da Justiça] ou [com a] assessoria do [Ministro] Alexandre de Moraes [...] [e] entregar o trabalho todo. O Ministério da Justiça já estava sabendo". Mensagens do Saulo Cunha com o Leonardo Singer, que estão em posse desta CPMI. Aliás, o Ministério da Justiça já sabia, tanto é que convocou a Força Nacional; convocou a Força Nacional, que, por incrível que pareça, no dia 8 nada fez.
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E nada fez, Senadora Damares, com a justificativa de que "olha, precisavam da autorização do Governador". Mas não precisavam da autorização do Governador para proteção de prédios públicos federais. Não precisam de autorização do Governador para proteger o prédio do Palácio do Planalto, para proteger o prédio do Supremo Tribunal Federal, para proteger o prédio do Congresso Nacional.
Parece-me que tudo não passou... se passou, Sr. Presidente e Relatora, de uma construção de narrativa.
Eu quero passar o Vídeo 3.
(Procede-se à exibição de vídeo. )
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Não é esse o vídeo 3.
O vídeo 3 é o das câmeras.
(Procede-se à exibição de vídeo. )
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Isso.
Essas câmeras, Sr. Presidente... foi uma das duas câmeras que o Ministério da Justiça disponibilizou para esta Comissão em descumprimento à totalidade do requerimento.
Mas prestem atenção a esse horário. Ali em cima, consta o horário: 18h34min, aproximadamente. Às 18h34min, esse era o cenário, Senadora Eliziane Gama, na Esplanada dos Ministérios. Às 18h36min - olha, mesmo horário -, estava acontecendo exatamente isso que vocês estão vendo no telão.
Nesse mesmo horário, o Senador Randolfe Rodrigues, Sr. Presidente, peticiona ao Supremo Tribunal Federal, com a narrativa toda pronta. O Senador Randolfe Rodrigues peticiona ao Ministro Alexandre de Moraes, pedindo o afastamento de Anderson Torres e colocando toda a culpa exclusivamente na Polícia Militar do Distrito Federal.
Eu pergunto, como, às 18h36min, com essa cena que nós estávamos vendo ali, o Senador Randolfe Rodrigues já tinha a conclusão de tudo? O Senador Randolfe Rodrigues peticiona - e a petição está aqui na minha mão - ao Ministro Alexandre de Moraes, dizendo: "A culpa é da Polícia Militar do Distrito Federal. Afaste imediatamente o Secretário Anderson Torres".
A população estava ali toda invadindo naquele momento, mas o Senador Randolfe Rodrigues, Líder do Governo, já tinha a conclusão de tudo. Aliás, eu quero lembrar aqui que a CPI começou com a assinatura da Senadora Soraya, da Senadora Eliziane Gama e do Senador Randolfe Rodrigues. Eles coletaram as assinaturas necessárias para instalar uma CPI exclusivamente no Senado Federal.
Mas, no dia 18 de janeiro, o Presidente Lula diz "CPI não vai ajudar", e, milagrosamente, o Governo desiste da CPI. Não só desiste, como começa a atuar para inviabilizar a CPMI. Começa a oferecer emendas parlamentares para os Deputados e Senadores retirarem suas assinaturas.
Mas tem mais, Sr. Presidente. O interventor, Sr. Ricardo Cappelli, inocenta no seu relatório o Coronel Fábio...
(Soa a campainha.)
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - ... da Polícia Militar do Distrito Federal, que é o responsável por ter colocado a tropa de sobreaviso. Inclusive, tem mensagens dizendo que fariam embargos auriculares com o Andrei, o Chefe da Polícia Federal, para soltar o Fábio.
O Coronel Klepter, que transmitiu essa mensagem à tropa, foi promovido pelo Cappelli! Então, como é essa equação do Governo?
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Os responsáveis por deixar a tropa de sobreaviso foram promovidos pelo Cappelli, o interventor.
O GSI, que era o responsável pela segurança do Palácio do Planalto, desde o dia 5, sabia do que ia acontecer, não acionou o Plano Escudo, mentiu nesta CPMI.
Nós temos o ofício do Comandante do Exército Brasileiro dizendo que o Plano Escudo não foi acionado, que era responsabilidade do GSI, e ele nada vez.
O GSI, o Sr. G. Dias, o general do Lula, nada fez. Aliás, o Cappelli, interventor, tinha todas essas imagens, Sr. Presidente.
E quando vazam essas imagens para a CNN, não sei de quem, porque vazam... Mas o curioso é que quem tinha as imagens vira Ministro do GSI.
O Ricardo Cappelli virou Ministro do GSI com a demissão do General G. Dias.
É curioso isso.
Um fato curioso.
E agora a Força Nacional, que é a força...
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - Presidente.
O SR. FILIPE BARROS (PL - PR) - Eu vou concluir, Deputado.
Pode ficar tranquilo porque quem comanda o tempo é o Presidente da CPMI.
Agora, em relação à Força Nacional, nós não conseguimos ouvir até agora.
A Força Nacional, que estava acionada desde o dia 6, para a proteção de prédios públicos federais, que não precisava de autorização de governador nenhum, e que nada fez diante das invasões.
Então, Sr. Presidente, cada vez mais, eu chego à conclusão de que tudo não passou de uma grande construção de narrativa, em que o Governo disse: Deixem entrar! Deixem invadir, porque nós teremos lucros políticos em decorrência das invasões.
Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado.
Com a palavra, agora, o último orador inscrito, pelo prazo de três minutos.
Vai usar os cinco da liderança também, Deputado?
Então, pelo tempo de oito minutos, o Deputado Abilio Brunini.
Pois não, Deputado.
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - Presidente, eu estou tentando entender aqui algumas questões desta CPMI. Nós estamos chegando às últimas cinco oitivas e até o momento não mostra, não apresenta, nada substancial sobre quem organizou um possível golpe, quem seria privilegiado sobre um possível golpe, quem assumiria se houvesse um possível golpe... Nada sobre o golpe.
Até o momento, nem a Relatora, nem o pessoal da base do Governo, ninguém conseguiu apresentar uma prova sequer de ligação do Bolsonaro sobre esse assunto.
Não tem uma prova.
Faltam cinco oitivas. Não tem uma ligação, sequer, do Governo Federal, do Bolsonaro, mandando o Exército ir lá organizar, dia 8, alguma coisa nesse sentido.
Não existe uma ação do Governo Federal, não existe uma ação do Bolsonaro, para tentar mobilizar o pessoal. E nem armas tiveram.
Só para você ter ideia, fala-se tanto de CACs. Ah, os CACs isso, os CACs aquilo. E não foi ninguém armado para o dia 8?
Não foi ninguém armado no dia 8? Acusam tanto os CACs, tentam destruir a imagem dos CACs, mas ninguém armado estava no dia 8.
Cadê as provas? Esses Deputados de esquerda, esses Deputados da base do Lula estão aqui tentando construir uma narrativa de golpe para destruir os bolsonaristas.
Cadê as provas?
Ah, teve um pessoal que entrou e quebrou, e tudo mais. Então tá, então traz o pessoal que quebrou aqui.
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Cadê? Tanto se fala de quem invadiu, quebrou, destruiu. Cadê eles aqui? Tanto se fala da omissão do Governo e tudo mais, mas cadê a Força Nacional aqui? Cadê o pessoal do Governo, do Flávio Dino aqui? Cadê o Cappelli aqui?
Presidente, tem só cinco oitivas. Faltam cinco. Está acabando. Essa narrativa e essa palhaçada não está levando a lugar nenhum. O próprio povo do Governo já parou de participar com tanta eficácia que nem estava, parou de ficar aqui. Eles estão percebendo que a CPMI não vai levar a nada. Não vai chegar a lugar nenhum. Não está virando nada. Só serviu pra fazer busca e apreensão e pegar informações de celulares.
E uma das informações mais relevantes que foram apreendidas no celular foi de que um assessor da Relatora estava mandando perguntas para o G. Dias, um dos principais suspeitos desta CPMI, organizando perguntas e respostas, base do Governo com a relatoria da CPMI. E aí a pergunta que te faço, Presidente, apesar de tanta rivalidade, briga, tanta coisa que tem aqui, tirando perguntas sobre jantar de Natal, que a última Senadora fez, perguntando se o cara comeu no Natal, tirando essas baboseiras, o que vai resultar disso aqui? Quanto custou esta CPMI para o Brasil, Presidente? Quanto está custando o espaço, os políticos, o investimento nos assessores? Quanto está custando esta CPMI pra terminar em pizza? É mais barato se todo mundo for comprar pizza e resolver isso logo.
Agora, se é uma intenção de investigar de fato os atos do dia 8, o Cappelli tem que estar aqui, o Flávio Dino tem que estar aqui, a liderança da Força Nacional tem que estar aqui, as pessoas que quebraram têm que estar aqui, esse cara que foi preso, condenado a 17 anos, igual o Lula foi condenado a 17 anos, lembra? O Lula foi condenado a 17 anos. Esta lava jato às avessas, perseguindo aquelas pessoas da direita que tanto lutaram e foram às ruas, é mais ou menos isso.
A CPMI é um objeto de perseguição às pessoas que foram às ruas. Mas os atos do dia 8, eles não estão investigando, estão fazendo um rodeio, investigando joias, investiga tantas outras baboseiras, mas fazendo um rodeio, os atos do dia 8 não são investigados.
Então eu deixo esse alerta, essa cobrança, porque o Presidente Arthur Maia, apesar de tantas desavenças que nós tivemos, o senhor tem, o senhor tem uma imagem construída até aqui, na sua trajetória política, que não lhe traz essa suspeição de ser uma pessoa que vai deixar esta CPMI acabar em nada. Não lhe traz essa suspeição pela sua história política.
Agora, eu acredito, Sr. Presidente, que esta CPMI deve ser um marco divisório na sua vida política. E o resultado dela, se for em nada, será um sepultamento de carreira política para o senhor. E, se o resultado dela for um resultado propositivo para a nação, apontando de fato os problemas, acredito que também será uma alavanca política para o senhor. Então, eu deixo esse questionamento à CPMI.
E também quero pedir que passe um vídeo que está aí sobre a questão do Barroso.
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(Procede-se à exibição de vídeo.)
Então, será que após... Será que após esta CPMI, a Relatora, o Presidente da CPMI e outros vão estar gritando também por aí que estão no caminho de derrotar o bolsonarismo também? Porque, se aqueles que devem julgar saem gritando por aí, tirando a sua imparcialidade, falando que derrotaram o bolsonarismo, aqueles que têm também o dever de investigar, como esta CPMI, vão gritar por aí...
(Soa a campainha.)
O SR. ABILIO BRUNINI (PL - MT) - ... que estão tentando derrubar o bolsonarismo?
Eu posso dizer a cada um de vocês: nenhum de vocês derrotará o bolsonarismo, nem o Barroso nem ninguém. Bolsonarismo não é um movimento formado por Bolsonaro, apesar de usar o nome dele no título, mas é um levante da população brasileira contra esses corruptos que estão tentando esconder, é um levante da população brasileira em cima dos nossos valores que nós queremos defender, em defesa da família, em defesa da nossa pátria. O bolsonarismo já é um agregar de valores em defesa de uma causa. E, pra derrubar cada brasileiro que se diz bolsonarista, vai ter que derrubar mais de 50 milhões e não vão conseguir.
E, por mais que vocês façam militância de um lado, quero dizer ao Sr. Deputado, aos Srs. Deputados desta CPMI: vocês não vão apagar o verde amarelo da nossa bandeira.
Meu nome é Abilio.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado.
Com a palavra, pelo tempo da Liderança do Governo, por cinco minutos, o Deputado Rogério Correia.
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG. Para interpelar.) - Obrigado, Presidente.
Sr. Wellington, ninguém te protegeu de nada, não é? E ainda negaram os objetivos por que o senhor tanto lutou. Pelo menos lutou, erradamente, mas o fez através de vídeos. Vocês queriam e levaram muita gente à rua e levaram pra quebrar, no dia 8 de janeiro, tudo aqui em Brasília pra evitar que o Lula fosse Presidente da República. Disso tem falas do senhor e são várias. Este era o objetivo.
O próprio Bolsonaro disse isto: "As Forças Armadas estão comigo!". Agora a gente está sabendo que não eram todas e, por isso, ele não conseguiu dar o golpe. Faltavam as armas. As armas eram as Forças Armadas e elas não vieram. Era isso o que o senhor falou diversas vezes.
Mas ninguém te protegeu. Viu como é que todos correram? E eles correm não é só de proteger, não. Eles correm agora nos objetivos. Eles não têm mais coragem de defender o objetivo que eles queriam, que era destituir o Presidente Lula e fazer um outro tipo de regime através da chamada minuta do golpe. Todos estão negando o que deu errado, que foi a tentativa de golpe. E, nesse sentido, o senhor vai pagar muitos anos na cadeia junto com outros, e esses aqui realmente não te ajudaram e hoje negam o que fizeram.
Eu peço até pra colocar um vídeo, porque foi o senhor mesmo que disse isso. Vou colocar o vídeo e vai ficar claro o senhor aos prantos dizendo isso.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
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O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - É, Sr. Wellington, nem o Magno Malta hoje, não é? Também ele não veio aqui defendê-lo.
Isso é um vídeo que foi feito por ele, Presidente. Depois ele vai pedir Pix também, mas é um vídeo feito por ele.
Então, mostra exatamente isto, a covardia do bolsonarismo. Eles tentaram dar um golpe no país, de toda forma, não conseguiram dar o golpe e agora negam a causa que eles defendiam. Não têm coragem de dizer a causa que defendiam.
(Soa a campainha.)
O SR. ROGÉRIO CORREIA (PT - MG) - A causa já não vale mais nada. Cada um por si, e o capeta por todos. É mais ou menos isso que a gente pode sentir desse processo.
Então, todos são abandonados. O senhor é um dos abandonados, mas são vários. E o bolsonarismo vai sendo abandonado, sabe por quem? Pelo próprio Jair Bolsonaro.
E agora o Mauro Cid já entendeu isso. Eu queria que o senhor também entendesse. O Mauro Cid já entendeu e já disse que Bolsonaro consultou militares sobre o plano de golpe. Esta é a questão essencial da CPI: quem articulava esse golpe? Por que essas pessoas vieram aqui fazer isso? Não interessa se alguém errou apenas, num determinado sentido, no que veio a acontecer no dia 8. Mas quem pediu para que isso acontecesse?
E, toda vez em que eles mostram a cena, são os bolsonaristas agindo, como o senhor também pediu que viessem aqui, fazer o quê? O senhor estava lá na casa do Bolsonaro pedindo a ele que juntasse mais gente e que o Presidente ia dar uma palavra, e o Presidente deu: "Continuem firmes porque vai vir aí...". Era ele achando que as Forças Armadas iam fazer o que ele queria. Bolsonaro foi o artífice disso.
Não foi sozinho. Teve general, por exemplo... E agora sabemos de um almirante, que o Mauro Cid disse. Braga Netto é outro que precisa responder aqui, Presidente.
Fica cada vez mais claro que havia um planejamento para isso e não apenas um dia fatídico.
Então, essa, aí sim, narrativa que os bolsonaristas fazem de que ali foi um evento e que no evento houve falhas e que quebraram, veja bem, a figura do Sr. Wellington desdiz isso. E eles te abandonaram, viu? Abandonaram inclusive na ideologia que o senhor defendia. Tomara que abandonem, sinceramente, para que a gente nunca tenha essa perspectiva de perder o poder democrático, como o senhor queria, e implantar a ditadura nesse país novamente.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Muito obrigado, Deputado.
A palavra é da Senadora Eliziane Gama.
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A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA. Como Relatora.) - Presidente, Rodrigo, Girão, colegas, Presidente, eu queria fazer uma pergunta para o Sr. Wellington. Sr. Wellington, nós aqui... Para o senhor e, na verdade, para a sua defesa.
Nós aqui, no Senado Federal, solicitamos à Advocacia geral do Senado um parecer sobre a colaboração premiada, sobre delação premiada, um instrumento que, aliás, pode ser trabalhado em nível de CPMI. Nós estamos chegando à reta final dos trabalhos desta Comissão, e faço essa colocação, Sr. Wellington, pelo último vídeo que eu acompanhei: claramente, o senhor, carregado de emoção, demonstra um abandono seu por vários companheiros que estiveram ao longo, de fato, da sua caminhada. O senhor, na verdade, é condenado e responderá, naturalmente, por vários outros crimes, porque tem vários processos em curso, inclusive no Supremo Tribunal Federal e nesta CPMI; ou seja, é muito plausível, há uma possibilidade real de que, a quantidade ou os anos, na verdade, de pena dessa sua primeira condenação, eles dobrem ou até tripliquem, a depender, de fato, dos próximos inquéritos e processos, na verdade, quando do seu julgamento.
Eu quero fazer uma pergunta aqui para o senhor. O senhor não tem interesse de colaborar com os trabalhos desta Comissão? - de contribuir, de trazer as informações a esta Comissão. No levantamento que nós fizemos, eu atestei claramente que o senhor não agia de forma solitária. O senhor, na verdade, agia ao lado de várias outras pessoas, ou seja, o senhor não cometeu isso de forma isolada. Isso é um fato que nós temos aqui na Comissão. Ou seja, na medida em que o senhor toma uma decisão de contribuir com os trabalhos aqui desta Comissão, a depender do conjunto de provas materializadas que chegará, naturalmente isso poderá incidir em torno da sua pena ao final do processo.
Então, eu quero deixar aqui isso consignado ao senhor, ao seu advogado, com a permissão do Presidente desta Comissão. Nós temos uma Secretaria nesta Casa, e o nosso gabinete, como Relatora, Dr. Síldilon, está à disposição para recebê-lo e conversar sobre a possibilidade de o Sr. Wellington contribuir com os trabalhos desta Comissão. O senhor não tem esse interesse, Sr. Wellington?
O SR. WELLINGTON MACEDO DE SOUZA (Para depor.) - Senadora, eu peço à senhora que possa permitir o meu advogado respondê-la.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Eu vou autorizar.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - O Presidente autoriza?
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fora do microfone.) - Autorizo.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Está autorizado então, Doutor, o senhor responder.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA) - Pode usar da palavra, Sr. Síldilon.
O SR. SÍLDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO - Muito obrigado, pela palavra, Sr. Presidente.
Antes de ontem, eu fiz um requerimento de acesso às peças que faltavam, no Supremo. O Ministro Alexandre ainda não despachou a tempo de chegar. Até fui intimado de um outro despacho no mesmo inquérito ontem à noite, por um oficial de Justiça do Supremo, mas não ainda analisando o pedido que eu fiz.
Eu acredito que, o mais tardar, na segunda-feira eu já terei acesso a esses elementos e me coloco à disposição da senhora, para, junto com a Advocacia do Senado, a gente ter esse diálogo, ter acesso ao parecer que trata desse tema aqui internamente. Não temos nenhuma restrição e nenhuma limitação quanto a isso.
A SRA. ELIZIANE GAMA (PSD - MA) - Muito bom. Fico muito feliz com as suas colocações.
E, na semana que vem, a nossa consultoria, a nossa assessoria, fará o contato com o senhor. Está bom?
Muito obrigada.
O SR. SÍLDILON MAIA THOMAZ DO NASCIMENTO - Pode confiar que o nosso trabalho é totalmente republicano.
O SR. PRESIDENTE (Arthur Oliveira Maia. UNIÃO - BA. Fala da Presidência.) - (Fora do microfone.)... mais nenhum orador inscrito, eu coloco em votação a Ata da 19ª Reunião, solicitando a dispensa da sua leitura.
Os Srs. Parlamentares que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
A ata está aprovada.
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Não havendo nada mais a tratar, agradeço a presença de todos, convidando-os para a próxima reunião a realizar-se no dia 26 de setembro 2023, às 9h.
Declaro encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 9 horas e 21 minutos, a reunião é encerrada às 13 horas e 36 minutos.)