25/10/2023 - 27ª - Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF. Fala da Presidência.) - Declaro aberta a 27ª reunião da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informática do Senado Federal da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura.
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A presente reunião se destina à realização de audiência pública para instruir o Projeto de Lei nº 6.417, de 2019, que trata do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, abrangendo o Poder Executivo, as agências de fomento, as instituições científicas e tecnológicas, as entidades representativas da área, representando os grupos de estudos, realizados ou em andamento, sobre o tema, em cumprimento ao Requerimento nº 24, de 2023, da CCT, de minha autoria.
O público interessado em participar desta audiência pública poderá enviar perguntas ou comentários pelo endereço www.senado.leg.br/ecidadania ou ligar para o 0800 0612211.
Encontra-se presente no Plenário da Comissão: Eduardo Amadeu Dutra Moresi, Assessor Técnico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), que convido para participar aqui da mesa.
Podem aplaudi-lo, para ficar animada a audiência. (Palmas.)
Encontram-se também presentes, por meio do sistema de videoconferência, Aline Silva Mello César, Presidente da Comissão de Pesquisa e Inovação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo; Tatiana Deane de Abreu Sá, Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e Mario Luiz Chizzotti, Diretor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa.
Muito bem.
Vou passar então a palavra para os nossos expositores, começando pelo pessoal da videoconferência. O Eduardo fica comigo aqui para responder às perguntas presencialmente.
Vou passar a palavra então para Aline Silva Mello César, que é a Presidente da Comissão de Pesquisa e Inovação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo.
A SRA. ALINE SILVA MELLO CÉSAR (Por videoconferência.) - Bom dia. Vocês estão me ouvindo?
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Sim. Está ótimo.
A SRA. ALINE SILVA MELLO CÉSAR (Para expor. Por videoconferência.) - Bom, primeiro gostaria de agradecer, em nome da nossa instituição, a Esalq, que é da Universidade de São Paulo, pelo convite para participar desta audiência pública muito importante para a gente, voltada para essa questão de tecnologia e inovação na área agropecuária e à participação, de alguma forma, nesse Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária.
Coloco a nossa instituição como uma participante, como uma colaboradora. Tive acesso a um relatório inicial, um relatório de um período desse sistema que a gente tem acompanhado, apesar de não ter tido muitos avanços, e eu acho que é por isso que estamos aqui nesta audiência, nesta proposta, vendo como podemos colaborar ou melhorar esse sistema.
Queria colocar, acho, como principal ponto em relação à universidade que, dentro das instituições que fazem parte desse sistema, a universidade ainda é aquela que retém pessoa, pessoal, então, alunos de pós-graduação, pós-graduandos que podem estar contribuindo com essa pesquisa na agropecuária, às vezes, diferentemente das outras instituições, falando aqui mais de instituições do Estado de São Paulo, onde esse pessoal é mais escasso ou tem menos acesso. Então, acho que essa é a importância da universidade nessa produção e nessa contribuição com os dados na pesquisa agropecuária e de inovação, claro, sempre atendendo às demandas da sociedade.
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Eu acho que fica aqui a nossa participação, a nossa possível contribuição para esse sistema, e que as universidades possam ter uma participação maior. Pelo que eu entendo, a gente tem a Embrapa, as instituições estaduais, e temos pouca participação das universidades. Acredito que é por isso que fomos convidados para estarmos aqui, assim como a Federal de Viçosa.
Deixo aqui a minha palavra e fico à disposição.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Aline.
Só para informar, esta já é a terceira audiência sobre esse Projeto 6.417, de autoria do Senador Styvenson Valentim, em que a gente está ouvindo, realmente, não só para pegar subsídios, informações e sugestões, mas principalmente para conscientizar todos a participarem dessa rede no Brasil. A gente tem esse defeito, vamos dizer assim, essa falta de um planejamento integrado. Muitas vezes os governos não se comunicam nem internamente, muito menos externamente. Então, a participação nessa rede é muito importante.
Eu vou aproveitar e já fazer algumas perguntas que chegaram aqui pelo portal. Se tiverem algum comentário, na apresentação, vocês já falam.
Fabiana Xavier, do Rio Grande do Sul: "Quais são as mudanças previstas para o futuro da agropecuária em relação à qualidade de vida dos animais envolvidos?".
Priscila Gandra, de Minas Gerais: "Como o SNPA combaterá problemas visíveis na agropecuária, como os problemas ambientais, saúde [...] e ética animal?".
Thaís Hiramoto, São Paulo: "Como o novo sistema abordará a questão rastreabilidade de toda a cadeia pecuária?".
Jeferson Simões, de Santa Catarina: "Importante o SNPA [...] regulamentar alimentos [...] [plantação básica], neste sentido o que está sendo feito?".
Eny Bittencourt, do Rio de Janeiro: "Quais as ações do Senado para que nos tornemos um pais de agricultura orgânica? Chega de venenos no solo, nas águas e nos alimentos".
São os comentários que chegaram aqui pelo e-Cidadania.
Vou passar a palavra agora, lembrando que o expositor tem de 5 a 10 minutos, para Tatiana Deane de Abreu Sá, que é pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e também representa aqui a SPPC.
Tatiana.
A SRA. TATIANA DEANE DE ABREU SÁ (Para expor. Por videoconferência.) - Inicialmente, agradeço a oportunidade de estar representando aqui a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) numa audiência para a reformulação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Agropecuária (SNPA) e a criação também de uma rede colaborativa de informações sobre o setor.
O assunto é cada vez mais relevante. As perguntas mostram, inclusive, essa relevância. A ciência e tecnologia, para a agropecuária, a cada dia, revela sua importância, para além da produção agropecuária, permeando também campos relacionados a questões socioambientais, saúde - nós estamos vendo a questão da saúde única, que é a saúde ambiental, associada à animal e à humana, com a questão da pandemia e várias coisas como essa, as instituições de pesquisa se preocupando com isso, com uma visão também da questão ambiental e da questão humana, e tem a ver com algumas perguntas que estão aí -, a segurança e a soberania alimentar e nutricional, mudanças de clima, entre outros. E aí eu situaria algumas questões sobre a oportunidade deste momento, a grande importância de a gente retomar essa agenda neste momento.
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Essa retomada, numa perspectiva de uma plataforma, num formato diferente do que vinha antes, será importante para avançarmos nas mudanças do modo de construção de conhecimento. Nós temos um modo de construção do conhecimento das ciências, principalmente das ciências agrícolas, ainda relativamente defasado, permitindo, com essa realidade que está sendo proposta, mapear e monitorar continuamente a localização e a atuação de instituições de pesquisa, ensino e outras associadas também a instituições de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural), bem como às instâncias de representação nos diferentes segmentos de usuários relacionados ao setor, o que vai contribuir para que se evolua de um modelo ainda muito difusionista e monodisciplinar para a viabilização de espaços de intercâmbio e construção de conhecimento de caráter inter e transdisciplinar capazes de, gradativamente, ir possibilitando avanços e transversalidade na multifuncionalidade de que se reveste o setor agropecuário. E aí nós estávamos com dificuldade, sem termos essa visão, essa integração.
Um grande desafio geopolítico, socioambiental e de outras vertentes que o país enfrenta e tende a enfrentar em cenários que se avizinham mostra uma relação bastante estreita com a produção em si, mas também com os componentes ligados à sua relação com o meio ambiente e outros aspectos socioambientais que também podem afetar outras regiões do globo de modo cada vez mais visível, com aspectos relacionados a ambiente, saúde, segurança alimentar, nutricional e paz.
Com a grande ampliação da importância da agropecuária, em várias escalas, que tem ocorrido nos últimos anos, depois da fundação inicial da SNPA, é muito oportuna a retomada da figura da SNPA, mas há que se considerar mudanças radicais tanto na cartografia das instituições, como na necessidade, na realidade, de nós temos uma postura de desenvolvimento para além do econômico, de desenvolvimento sustentável na sua plena amplitude, o que não era uma realidade na época em que foi proposta.
A governança também do SNPA nessa nova vertente para atingir sua nova cartografia. Nós temos, por exemplo, a criação dos institutos federais, nos últimos 20 anos, uma cartografia bastante ampla, fora as universidades, ampliando campi, e outros tipos de representação. Nós temos o quê? Nós temos novos atores que contemplam, em múltiplas escalas, e exigem a criação de uma gestão colegiada. Não é mais o caso de ter uma instituição coordenando todo conjunto de instituições. Tem que ter outro tipo de governança e de gestão não necessariamente centrada numa instituição líder, mas com uma formulação capaz de abranger a cartografia atual, a importância e a pluralidade das situações.
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O mapeamento das instituições e da representação dos respectivos grupos de interesse, os stakeholders, será relevante nessa construção para estratégias de financiamento de pesquisa, intercâmbio de construção de conhecimento, formação de pessoal, contribuição em políticas públicas e políticas não estatais também voltadas ao desenvolvimento sustentável do país e também como contribuição ao desenvolvimento de outros países vizinhos e outros continentes e estratégias de cooperação Sul-Sul.
A SBPC, como instituição nacional voltada ao avanço da ciência no país, certamente poderá contribuir em várias frentes para a ampliação, a implantação da nova figura da CNPA, bem como será também beneficiada por essa criação.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Tatiana.
Passo, imediatamente, a palavra ao Mario Luiz Chizzotti, Diretor do Centro de Ciências Agrárias na Universidade Federal de Viçosa.
O SR. MARIO LUIZ CHIZZOTTI (Para expor. Por videoconferência.) - Obrigado.
É um prazer estar aqui com o Senador Izalci, um grande apoiador da causa da ciência nacional. Nós nos encontramos em outras oportunidades, em encontros do MCTI.
Da mesma forma, a Universidade Federal de Viçosa enxerga como estratégico esse projeto de lei. Acho que a gente tem muito a avançar em termos de tecnologia para garantir a nossa soberania, a nossa competitividade em torno do agronegócio.
A sociedade tem imposto mudanças que normalmente são mais rápidas do que a nossa habilidade de conseguir investir em capacidade de resposta a essas novas demandas e, sem dúvida, a agricultura regenerativa e a descarbonização da produção serão assuntos estratégicos que, aliados à digitalização, ao avanço da inteligência artificial e aos sensores, são práticas fundamentais para a gente avançar em nosso agronegócio. E as universidades, certamente, terão um papel fundamental nesse desenvolvimento não só das tecnologias, mas também na capacitação de recursos humanos capazes de usar essas novas ferramentas tecnológicas, então, acho crucial.
O momento de pesquisa não é bom, a gente tem diversos programas de seleção e a pós-graduação sendo afetados por uma baixa demanda, uma pouca atratividade, o que é ruim para a gente avançar enquanto conhecimento científico e tecnológico. Acho que iniciativas que visem reverter isso são fundamentais para a gente dar continuidade à belíssima história que o agronegócio construiu neste país.
Então, também a universidade dá pleno apoio ao projeto de lei, se disponibiliza a participar de redes e treinamentos para que, com toda essa expertise que a gente construiu ao longo da nossa existência, a gente possa avançar nos temas cruciais que são importantes para o avanço do agronegócio nacional.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - O.k., Mario.
O SR. MARIO LUIZ CHIZZOTTI (Por videoconferência.) - O.k.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado.
Passo, agora, então, aqui, de forma presencial, ao Eduardo Amadeu, que é o Assessor Técnico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
O SR. EDUARDO AMADEU DUTRA MORESI (Para expor.) - Bom dia.
Cumprimento o Senador Izalci e agradeço por ter convidado o CGEE para poder participar desta audiência pública.
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A intenção do CGEE é apresentar uma síntese de um estudo que foi feito para reestruturar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária. Esse estudo foi conduzido em parceria com a Embrapa, foi publicado em junho de 2016 e foi muito citado na justificação aqui do projeto de lei pela assessoria técnica do Senado Federal.
Essa demanda foi levada ao MCTI pelas direções da Embrapa e do conselho nacional do Sistema de Pesquisa Agropecuária para ser desenvolvida no âmbito do contrato de gestão do MCTI/CGEE. O CGEE é uma organização social supervisionada pelo MCTI.
O foco principal era repensar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária à luz dos atuais e futuros desafios do ambiente de inovação nacional e internacional em ciência, tecnologia e inovação agropecuária, de forma a promover maior interação entre as instituições de pesquisa e desenvolvimento voltadas para o setor.
Então, a construção dessa nova abordagem levou em conta o seguinte: maximizar o uso do conhecimento de pesquisas para agregar valor ao setor; criar inovações em produtos, práticas, processos e organização, em parceria com instituições e políticas relevantes; e desenvolver conhecimentos e tecnologias sustentáveis que elevem a competitividade do Brasil na agricultura, fortalecendo sua posição como fornecedor de alimentos e líder na bioeconomia.
A metodologia foi baseada em foresight para poder identificar essas tendências e desafios em determinado setor, nesse caso aqui a área de agropecuária. Então, teve a fase I, do planejamento; a fase II, que foi a análise situacional do sistema atual e do seu entorno e a análise de modelos e alternativas de outros arranjos institucionais; a fase III, a interpretação e consolidação para identificar os principais desafios e oportunidades para a ciência, tecnologia e inovação agropecuária; e, a fase IV, o comprometimento com a definição das ações estratégicas necessárias para superar esses desafios que foram identificados na fase III.
Então, a representação esquemática que foi proposta para o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária tinha os três níveis: estratégico, tático e operacional. No nível estratégico, a constituição de uma instância supragovernamental, que é o Fórum para a Inovação da Agropecuária no Brasil, e a criação de um fundo, que é o Fundo de Incentivo à Inovação Agropecuária. No nível tático, foi proposta a criação do Centro para o Desenvolvimento da Inovação Agropecuária, uma organização social a ser supervisionada pelo Mapa, e a criação de um Observatório da Pesquisa e Inovação Agropecuária. No âmbito operacional, então, a participação das organizações estaduais de pesquisa agropecuária, universidades, do setor produtivo, sindicatos, ou seja, nessa abrangência operacional, há a possibilidade dos diversos atores que trabalham no segmento de agropecuária poderem contribuir com esse sistema nacional.
Os desafios.
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Para levantar esses desafios, a equipe técnica revisitou o Agropensa, da Embrapa, com os macrotemas de que a Embrapa vem fazendo atualização periodicamente.
Foram realizadas oficinas com especialistas com o objetivo de discutir tanto os desafios para a ciência, tecnologia e inovação, como os estruturantes para o desenvolvimento da agropecuária.
A proposta destaca os macrotemas apontados pelos especialistas com os respectivos desafios tanto de caráter tecnológico e de inovação, como aqueles de ordem estruturante a eles relacionados e também foram apontadas algumas sugestões de ações a serem implementadas para a superação dessas incertezas e desafios. Então, os resultados foram estes 13 macrotemas: cadeia produtiva, insumos, produtividade, nutrição e saúde, mudanças climáticas, comunicação, recursos humanos, gestão agropecuária, infraestrutura, mercado, demografia, legislação e financiamento.
Algumas das perguntas que foram colocadas se enquadram nesses macrotemas que foram definidos - a questão do meio ambiente, sustentabilidade, a parte de nutrição -, então, de alguma forma, o resultado prático desse estudo são esses desafios que são detalhados no volume que foi finalizado pela equipe do CGEE em junho de 2016.
Em relação aos próximos passos, o estudo apresenta um roadmap estratégico com as seguintes etapas: primeira etapa, um diagnóstico situacional de cada desafio identificado - características técnicas, econômicas, legais e políticas - e os atores envolvidos; segunda etapa, identificação dos condicionantes, ou seja, os principais gargalos, pontos fracos e pontos fortes; na terceira etapa, o detalhamento das macroações para poder lidar com esses desafios; e a quarta etapa, a implementação das soluções.
Era essa a participação do CGEE em relação ao estudo que nós conduzimos em 2016.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Quero agradecer a exposição aqui de todos.
O CGEE é uma organização importante na área de planejamento. Tive o privilégio de compartilhar com eles vários projetos de planejamento tanto na área da ciência e tecnologia também, como no estudo que fizemos das vocações aqui no Distrito Federal, trabalhos importantes com relação à pesquisa que, muitas vezes, nem conhecem o CGEE, que tem muitos estudos importantes e que precisava, de fato, compartilhar isso com todo o sistema de ciência, tecnologia, inovação e pesquisa. Então, o objetivo desse projeto é bastante meritório mesmo. Eu acredito que esse compartilhamento, essas contribuições, essa troca de experiência e esse sistema colaborativo vão ajudar muito a avançar a pesquisa e a inovação no Brasil.
Acho que todos os nossos consultores aqui, após esta terceira audiência, já estão em condições de elaborar o parecer para que a gente possa, de fato, votar esse projeto o mais rápido possível para implementar esse sistema colaborativo.
Eu vou passar para o final, as considerações, mas quero, mais uma vez, agradecer a participação de vocês e a colaboração, porque foram contribuições importantes aqui para a relatoria.
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Então, na ordem inversa, vou passar a palavra para a Aline, depois para a Tatiana, para o Mario e, ao final, o Eduardo faz aqui as suas considerações.
Aline Silva.
A SRA. ALINE SILVA MELLO CÉSAR (Para expor. Por videoconferência.) - Eu queria fazer só um fechamento.
Eu acho que, respondendo um pouco às perguntas que foram colocadas, todos nós, todas essas instituições envolvidas aqui, que trabalham, estão empenhadas nessas problemáticas, vamos dizer assim, para ter uma resposta ou levar uma resposta à nossa sociedade, assim como para a nossa economia, do país como um todo.
Eu acho que esse sistema é muito importante realmente para essa visibilidade, uma vez que a gente tem essas pesquisas, tem esses resultados, a gente tem uma grande contribuição das startups que surgem a cada dia nessa área de inovação e que têm trazido soluções importantes para a nossa agropecuária, realmente isso precisa ser mais difundido, às vezes fica fechado muito dentro de uma instituição, dentro de um estado, e isso é importante para o país como um todo.
Então, só dando um pouquinho dessa resposta, eu acredito que todas essas instituições estão engajadas em responder a todas essas questões ambientais, de rastreabilidade, de segurança nutricional e segurança alimentar, eu acho que é isso, que nós estamos todos voltados para isso e voltados também para essa agricultura orgânica dentro de suas demandas e de suas procuras.
E, novamente, eu acho que esta sugestão da Tatiana é muito interessante: na parte de governança, realmente ter uma difusão maior entre as instituições ou, talvez, uma comissão que envolva todas as instituições, uma forma também de colaboração, e não responsabilizar somente em uma instituição.
Então, eu acho que fica aí novamente a nossa instituição, como um todo, nessa contribuição, nessa parceria. E que esse sistema realmente se torne mais visível e mais uma via possível para a gente nessa pesquisa.
Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Aline.
Tatiana.
A SRA. TATIANA DEANE DE ABREU SÁ (Para expor. Por videoconferência.) - Eu enfatizo a importância da criação da SNPA fase 2 agora, para um momento em que nós temos grandes desafios que instituições sozinhas não podem abarcar tanto em termos geográficos como temáticos. Nós estamos com desafios que, por si sós, pedem um conjunto muito grande de disciplinas e pedem também uma interação totalmente diferente com os atores que vivem essa realidade. E aí, justamente, essa cartografia, como base da construção da governança e da organização, vai ser fundamental. Eu enfatizo, inclusive, a importância de nós avançarmos dessa forma para termos um papel também de colaboração bastante grande em questões geopolíticas com países vizinhos e nas relações Sul-Sul.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Tatiana.
Com a palavra agora o Mario Luiz.
O SR. MARIO LUIZ CHIZZOTTI (Para expor. Por videoconferência.) - Também corroboro com a Aline e com a Tatiana. Acho que é uma iniciativa muito válida, a gente tem que avançar mesmo nessa rede. Acho que o Brasil produz muita pesquisa de excelente qualidade, mas nem sempre chega na ponta, não chega nas políticas públicas, e acho que a atuação em rede, trazendo esses temas, induzindo pesquisas estratégicas, é fundamental para a gente avançar mais rápido nos temas cruciais, como a sustentabilidade do agronegócio.
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Então, da mesma forma, a UFV, assim como todas as outras universidades, terá um papel fundamental em interagir com os outros segmentos na busca dessas pesquisas, desses novos dados e, também, reenfatizando, na parte de formação, capacitação de recursos humanos para o uso dessas novas ferramentas.
Então, a gente vai ter que ter uma comunicação muito mais eficaz, requalificar grande parte da mão de obra que hoje já se encontra no campo frente a essas novas mudanças, e a gente inclui não só a parte de agricultura digital, mas conceitos básicos de conservação de solo e outros que nem sempre são, na prática, bem aplicados, embora a gente tenha ampla quantidade de dados, bastantes relatórios e dados científicos mostrando o caminho adequado em que a gente deve avançar, mas, de fato, sem essa integração, isso acaba se perdendo. A gente gera conhecimento, gera pesquisa, gera tecnologia, mas não necessariamente vira uma política pública, vira uma ação diretamente ao produtor. Nesse sentido, acho que o avanço do SNPA tende a facilitar não só na execução, mas também na transferência do conhecimento gerado, e a gente também acredita ser importante dar continuidade a esse novo sistema.
Seriam essas as minhas considerações finais.
Eu agradeço imensamente a oportunidade e a gente se coloca inteiramente à disposição para o que for necessário.
O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Obrigado, Mario.
E agora, também para as suas considerações finais, eu passo a palavra ao Eduardo Amadeu.
O SR. EDUARDO AMADEU DUTRA MORESI (Para expor.) - Apenas complementando o que foi apresentado, o CGEE tem diversos estudos que podem contribuir com o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária. No ano passado e no início deste ano, nós fizemos dois estudos sobre a oferta de internet no campo e a demanda de internet, que eu acho que são essenciais para poder fazer a inclusão do pequeno agricultor. Isso vai ao encontro dos objetivos desse PL, que é a questão de distribuição, do aumento de emprego e renda.
Outra questão que eu acho que é importante é a questão da soberania, que foi mencionada por... Eu acho que foi o Mario que mencionou. No CGEE, nós estamos conduzindo uma metodologia para poder fazer essa avaliação da soberania com o mapeamento de recursos humanos, análise de produção científica, análise de patentes e criticidade tecnológica, que eu acho que é importante, porque, no ano passado, a questão dos fertilizantes nos mostrou que a gente precisa ter clareza sobre aquilo que é crítico, onde você tem cerceamento tecnológico e onde a questão da dependência pode ser afetada por algum tipo de interveniência.
Então, eu acho que é importante incorporar ao Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária essa questão relacionada com a criticidade tecnológica para, naquilo em que a gente tiver dependência e for crítico, estimular a pesquisa para que possamos ter as nossas próprias soluções.
Era isso.
Agradeço a oportunidade e o CGEE fica à disposição da Comissão para contribuir com outros estudos.
Obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) - Eu quero, mais uma vez, agradecer a participação de cada um dos convidados e dizer que desse projeto já temos condições de fazer o relatório para colocar em votação.
Espero que ele seja o primeiro de muitos para que a gente possa implementar essa plataforma em todas as áreas, além da agropecuária.
A gente sabe que o Brasil incentiva muito, através do plano de carreira, a pesquisa, o artigo científico, então, nós temos muito conhecimento, acho que somos ainda o 12º ou 13º país em artigos científicos, mas a gente não tem essa mesma especialidade na transformação disso em patente, em produto, em emprego.
Eu acredito que, com essa plataforma, haverá um interesse maior, porque nós temos dificuldade também de transformar, de criar empresas, startups. Eu vejo que essa plataforma é uma iniciativa maravilhosa para atrairmos investidores, pessoas que tenham interesse em financiar projetos, complementar, acho que essa divisão de informações acaba... Nesse mundo de hoje, quanto mais divide, mais a gente tem conhecimento.
Então, temos todas as condições já de relatar e vou, inclusive, fazer uma fala hoje no Plenário sobre a importância desse projeto.
Agradeço, mais uma vez.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 11 horas e 29 minutos, a reunião é encerrada às 12 horas e 02 minutos.)