20/03/2024 - 4ª - Comissão de Esporte

Horário

Texto com revisão

R
O SR. PRESIDENTE (Romário. Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fala da Presidência.) - Havendo número regimental, declaro aberta a 4ª Reunião da Comissão de Esporte da 2ª Sessão Legislativa Ordinária da 57ª Legislatura, que se realiza nesta data, 20 de março de 2024.
Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa de leitura e aprovação da Ata da 3ª Reunião, realizada em 13 de março de 2024.
As Sras. Senadoras e os Srs. Senadores que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
A ata está aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal.
A presente reunião está dividida em duas partes: primeira, audiência pública interativa; e, segunda, deliberativa.
Esta parte se destina à realização de audiência pública com o objetivo de debater a informação sobre a manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro de 2023, em atenção ao Requerimento 1, de 2024, da CEsp, de autoria dos Senadores Eduardo Girão e Carlos Portinho, e Requerimento 4, de 2024, da CEsp, de autoria do Senador Carlos Portinho.
R
Antes de começar, eu quero dizer que...
Só um minuto. (Pausa.)
Como a gente tem feito aqui ultimamente, o autor do requerimento é a pessoa que vai presidir esta audiência pública.
Eu gostaria de chamar aqui, para presidir esta audiência pública de hoje, o Senador Eduardo Girão, mas antes eu gostaria de convidar o seguinte convidado: Sr. Thierry Hassanaly, CEO da empresa Good Game, que participará por videoconferência.
Informo também que foram convidados o Sr. Lane Gaviolle, Presidente do Tombense Futebol Clube, e o Sr. Getúlio Marques Castilho, Presidente do Londrina Esporte Clube, que não puderam comparecer a esta audiência por motivo de saúde e de viagem, respectivamente.
Antes de passar a palavra ao nosso convidado, comunico que esta reunião será interativa, transmitida ao vivo e aberta à participação dos interessados por meio do Portal e-Cidadania, na internet, no endereço senado.leg.br/ecidadania, ou pelo telefone 0800 0612211.
O relatório completo, com todas as manifestações, estará disponível no portal, assim como as apresentações que forem utilizadas pelos expositores.
V. Exa., Senador Eduardo Girão, por favor, para presidir esta audiência pública. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Paz e bem, senhoras e senhores presentes aqui nesta sessão, meu querido amigo Senador Jorge Kajuru, um incansável defensor, aqui no Senado Federal, do que é correto.
Eu quero celebrar também aqui o nosso Presidente, o primeiro Presidente que entra para a história da Comissão de Esporte do Senado Federal, o Senador Romário, homem também de causas desta Casa revisora da República, causas sempre nobres, e todos vocês que vieram acompanhar, o Brasil que está nos assistindo agora, porque, afinal de contas, Senador Kajuru, nós estamos tratando da paixão nacional, da maior paixão nacional, e nós somos desportistas, amamos o futebol e amamos o que é correto.
A gente está muito preocupado, neste momento, com o que estamos vivenciando aqui no Brasil. A aprovação da loteria de aposta de quota fixa em nosso país, por meio da Lei 13.756, de 2018, provocou uma explosão desordenada e perigosa, do ponto de vista da saúde pública, dos jogos de apostas esportivas online. Na esteira da entrada em vigor da lei, o ambiente virtual transformou-se em uma espécie de terra sem lei, onde reinam não apenas as por si sinistras apostas esportivas, mas também uma série de jogos ilegais e outras atividades fraudulentas.
R
Pior ainda, no meu modo de entender - respeito quem pensa diferente, e isso é uma tragédia anunciada -, quando foram incluídos além dos jogos de apostas em eventos esportivos reais também aqueles em eventos virtuais, jogos online como tigrinho, aviãozinho, máquina caça-níquel, entre outros jogos de cassino. Tal manobra, reprovável, lá na Câmara dos Deputados, principalmente, recolocou o que o Senado tirou, ou seja, esses tipos de jogos de alto poder viciante e que têm causado verdadeiras tragédias no seio da nossa sociedade. Estamos falando de um aumento vertiginoso de suicídios entre a população mais jovem, de consideradas perdas patrimoniais, principalmente entre os pobres e idosos. Matéria do Estadão afirmou que, em média, mais de R$100 do Bolsa Família já estão sendo gastos com jogos online, Senador Kajuru, mas não há como fiscalizar os componentes eletrônicos, os softwares que estão sediados fora do país e são programados artificialmente para gerar lucro quase exclusivamente para a banca de apostas.
Por outro lado, a quantidade de publicidade de casas de apostas em arenas esportivas tem sido uma verdadeira lavagem cerebral. Além disso, influenciadores digitais, atletas, artistas, comentaristas de rádio e televisão "vendem", entre aspas, essas casas de apostas para os seus milhares, senão milhões de seguidores. Assistir ao futebol hoje, eu, que procuro não perder jogos sempre que posso, é meu hobby, é complicado. Usam até a palavra "profetizar", "profetize", quer dizer, é uma usurpação de um termo até religioso que está sendo banalizado para ganhar dinheiro. Mesmo nos jogos reais de eventos esportivos dos quais estamos tratando aqui nesta audiência, os riscos de manipulação de resultados são enormes e vêm, cada vez mais, retirando o brilho do esporte. Esse é o problema principalmente no futebol, atividade que é paixão nacional.
Então, o que a gente tem visto ultimamente, Senador Romário, e que me preocupa, é se a gente está vendo aquele jogo real mesmo ou se é tudo combinado, um jogo de comadre, para beneficiar alguém. Isso é muito preocupante sob todos os aspectos e tira a essência do futebol. Notícias veiculadas na imprensa comprovam cada vez mais a ação de organizações criminosas no mundo das apostas esportivas, em especial aquelas feitas de forma remota, online. Dessa vez, as fraudes que estão sendo investigadas pelo Gaeco, que é o grupo especializado de combate ao crime organizado, do Ministério Público do Estado de Goiás, terra do nosso Kajuru, o Kajuru ama, na operação Penalidade Máxima, teriam acontecido nas Séries B de bola, C de casa, D de dado e até na Série A de amor do Campeonato Brasileiro de Futebol, primeira divisão.
R
O Brasil foi o país com mais jogos suspeitos de manipulação de resultados no mundo, em 2022, com 152 eventos esportivos - olha só, 152 eventos esportivos -, 139 partidas de futebol. Estou com esse mapa, aqui, que mostra a suspeita - Senador Portinho, também autor desta audiência - de manipulação. No Brasil, de 152 jogos, só de futebol 139; Rússia, 92; República Tcheca, 56; Cazaquistão, 43; China, 41; Grécia, 40; Argentina, 39; Filipinas, 37; Polônia, 36; Tailândia, 35. A fonte disso aqui é o SportyTrader. O Brasil campeão, isso é uma vergonha! Onze atletas profissionais de futebol já foram punidos pela CBF e pela FIFA, seja no âmbito nacional, seja no âmbito mundial, com penas que variam da suspensão de praticar o esporte até o banimento definitivo do futebol. Além deles, há outras dezenas de jogadores sendo investigados.
A jogatina está diretamente ligada ao que existe de mais perigoso. Estudos publicados no jornal The New York Times apontam que entre 50% e 80% dos ludopatas pensaram em tentar o suicídio - a média da população é de 5%, mais do que dez vezes mais à daqui -, e entre 13% e 20% realmente tentaram ou conseguiram se matar. A média da população é 0,5%. É escandaloso isso.
A Organização Mundial de Saúde se manifestou no sentido de que a semelhança entre o vício em jogos e a dependência química é que ambos levam a comportamentos compulsivos. Isso quer dizer que a pessoa não consegue controlar por conta própria os seus impulsos, o que pode acarretar, como já dito, graves problemas financeiros, destruição da família, perda do emprego até o suicídio, ou seja, nós estamos matando a galinha dos ovos de ouro - por isso que uma audiência dessas é muito importante para a gente procurar conter, ver o que pode fazer para assegurar, porque nós estamos matando a galinha dos ovos de ouro do futebol, que é um patrimônio nacional. Além disso, ambos podem alterar a química do cérebro, no sentido de que evolui quando o usuário aumenta a dose, a aposta ou passa mais tempo consumindo o vício.
Para finalizar, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, boa parte dos jogadores em tratamento por jogo compulsivo admitem cometer crimes para financiar seu vício ou pagar dívidas relacionadas ao jogo. A Polícia Federal, a Receita Federal, a PGR já afirmaram que os crimes de fraude, lavagem de dinheiro, peculato, falsificação, evasão fiscal e corrupção de agentes públicos predominam entre aqueles cujo emprego, status econômico apresentam oportunidade para tais crimes. Os adeptos da liberação de cassino - outro tipo de jogo de azar - fazem questão de passar bem ao largo, quando o assunto é o custo social da jogatina. Estudos realizados por pesquisador da Universidade Baylor, no Texas, anunciaram que cada dólar em benefícios criados pelo jogo resulta em enormes custos sociais, tanto para o Estado brasileiro quanto para a sociedade, como insegurança pública, saúde mental, previdência social, fiscalização, controle e necessidade de inovação tecnológica, entre outros.
R
Portanto, ao sugerir, em conjunto com o Senador Portinho, a quem rendo as homenagens, essa audiência pública, objetivamos debater essa matéria, sempre buscando conter os danos já causados e os que certamente se acumularão no futuro se nada for feito contra a oferta desses jogos pelas empresas que operam a loteria de cota fixa, bem como excluir do mercado verdadeiras facções criminosas que se autointitulam de empresas - essas mesmas que aliciam atletas, árbitros e treinadores para o cometimento de fraudes e sobrevivem lucrando sobre a tragédia humana.
Então, nós temos aqui algumas perguntas a fazer, mas vamos ouvir primeiro... Até agora, não chegou aqui ao plenário do Senado...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não, estou falando do Sr. John Textor.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro, Senador Portinho.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - Quero só fazer um registro: tanto o CEO da Sociedade Anônima de Futebol Botafogo, o Dr. Thairo Arruda, quanto, ontem, pelo contato do clube direto a mim, através do Presidente Durcesio, eles me manifestaram que o Presidente da SAF, o John Textor, gostaria de estar presente nesta reunião, que pegaria um avião, fretaria um avião para vir até aqui. Então, quero registrar, primeiro, o esforço e o interesse do John Textor em participar dessa reunião.
Quero agradecer à equipe toda que preparou aqui o sistema, inclusive de tradução para nós, se necessário, e para os nossos espectadores, mas, como eu disse para o Romário, não há necessidade de vir assim de supetão. Por quê?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É isso. O Senador Romário, com o apoio do Senador Kajuru, do Senador Girão, com o meu e de outros Senadores recolhemos as assinaturas e teremos a CPI da manipulação do futebol brasileiro - ou do esporte brasileiro, não sei como o Romário vai cunhar essa CPI, porque ela pode ter um espectro realmente amplo. Ela é essencial, ela é importante, ela mostra que o Senado não vai adormecer nesse tema, desde a lei das apostas, como a gente vem discutindo, a fiscalização se torna absolutamente necessária. E é nosso papel e dessa Comissão, especialmente, a fiscalização.
Então, hoje, a Good Game! vai fazer uma apresentação que ela já fez para a Federação do Rio, para a própria CBF, e a gente vai ter a oportunidade de entender a metodologia e a análise técnica que ela vai nos apresentar nessa reunião. Esse subsídio vai ser fundamental como ponto de partida, pedra fundamental, certamente, da CPI.
E, à CPI, já há a confirmação de que o Presidente da SAF Botafogo, John Textor, faz questão de comparecer, assim como o Sr. Thairo Arruda e outros - porque a gente vai convidar, e aqueles que não vierem à CPI a gente convoca.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - O Presidente do Tombense também.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Oi?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Pela ordem.) - Desculpe, Portinho, querido.
O Presidente do Tombense também já confirmou; e o Presidente do Londrina também será convidado, porque se confirmou manipulação de resultado com provas neste jogo da Série B do Campeonato Brasileiro.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Exatamente.
E, lamentavelmente, aqui no Campeonato Brasileense, agora, há duas partidas já sob suspeita. E aí é o que disse o Romário, quando ele me pediu a assinatura - ele tem um argumento muito forte, ele é o dono desse argumento, mas eu vou aqui dar o spoiler: o que fazem as casas de aposta que se dizem vítimas? O que elas fazem quando elas veem um relatório que mostra mais de uma centena de jogos com suspeita de manipulação? Esse é um dos caminhos que eu acho que essa CPI tem que trilhar, e o Senador Romário certamente vai seguir esse rumo.
R
Então, só justificando aqui a ausência do Thairo e do Textor, mas há o compromisso de comparecerem à CPI voluntariamente, ambos, para nos subsidiar.
E hoje nossos espectadores e nós vamos conhecer o estudo da Good Game! sobre o campeonato do ano passado, que vai servir de ponto de partida, certamente, para os nossos trabalhos.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muitíssimo obrigado, Senador Carlos Portinho, outro idealista e que tem o esporte no DNA, tem muito carinho pelo que faz e muita competência.
Então, nosso convidado de hoje é o Sr. Thierry Hassanaly, é isso?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A quem eu agradeço antecipadamente a presença. Ele é CEO da empresa Good Game! Em entrevista, afirmou taxativamente que, após estudos, ele está 99% convencido de que alguns jogos do Brasileirão foram manipulados. Essa afirmação é gravíssima, mas não nos traz surpresas. Quem estuda o mundo da jogatina, como eu, há alguns anos, já sabe o quanto a realidade não é boa, é sombria.
Então, eu já passo a palavra aqui... Nós vamos ter tradução simultânea, é isso?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Agradeço à equipe do Senado Federal, que vai fazer a tradução.
Eu passo a palavra para o Sr. Thierry Hassanaly, CEO da empresa Good Game!
Muito obrigado pela sua presença. O senhor tem a palavra por 20 minutos... É isso, meu Presidente?
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Quinze minutos, com a tolerância da Casa. Muito obrigado.
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - ... o convite, a oportunidade de participar, apresentar nossas análises e responder às perguntas sobre o tópico da manipulação no Brasil.
Eu estou aqui com Pierre Sallet, que é codirigente da associação, e vamos apresentar alguns eslaides sobre a classificação. Então, eu queria compartilhar a tela com vocês.
Rapidamente, um dado para começar e ter em mente, a amplitude do fenômeno que nós estamos enfrentando coletivamente, a quantidade de apostas reais no mercado é de US$1,7 trilhão por ano, é o tamanho do fenômeno.
R
Algumas coisas a dizer sobre o Good Game!, para dizer que nós começamos com especialistas judiciários em 2012. Com essas investigações, nós criamos a sociedade em 2019 e nós produzimos o produto em 2021 sobre a manipulação das competições e o sistema em torno da análise da arbitragem e da manipulação de um lado. Nós monitoramos, depois de alguns anos, em lives, em vários esportes, vários matches, sete dias por semana. Nosso objetivo é aumentar essa fiscalização dessas apostas e dos próprios matches, em termos de expertise internacional legal, em nível científico.
Hoje, para lhes dar alguns exemplos de parceiros com quem trabalhamos, nós temos a federação esportiva, a polícia, os serviços de investigação, as agências de integridade, os clubes profissionais de esporte, a sociedade de apostas e a mídia, que está sempre interessada nesses tipos de fenômenos.
Então, como isso funciona?
Eu vou passar a palavra ao Pierre Sallet, que fundou a sociedade e pode falar um pouco mais sobre isso.
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - O que nós temos que compreender bem: para a população, o fenômeno da manipulação é muito pequeno, mas o fenômeno, na verdade, é muito grande. Então, quando a gente se pergunta: "Será que a manipulação existe?", em razão dos países - se formos à França ou a Marselha -, nós temos respostas diferentes. Talvez, no Brasil, nós tenhamos um exemplo muito específico de uma manipulação de apostas, mas, se eu dou um valor muito alto para ganhar esse jogo, será que nós podemos realmente ganhar o jogo? Não, não sabemos. O que nós podemos ver é que temos outras variáveis que são envolvidas.
Então, no que podemos nos basear? É uma realidade pensar que, se estamos numa grande competição internacional em torno do Estado, será que nós podemos reparar tudo que está sendo feito? Então, nós temos que verificar que, no caso de perda da manipulação, as pessoas já trazem respostas. Elas dizem: "Bom, eu vou fazer isso devagar, vou fazer isso a longo tempo". E nós sabemos, no presente, que nós temos que identificar esses elementos. E todo o nosso método é baseado na identificação das coisas que não vemos a olho nu e que precisam dessa expertise científica.
Existem dois pontos muito importantes às razões de manipulação do jogo. A primeira seria apenas esportiva, por exemplo, em pleno campeonato. Preciso de pontos para a minha equipe, para que ela continue e prossiga no campeonato. Então, a gente combina que vocês me deixem ganhar para que eu consiga fazer isso. Existe apenas uma razão esportiva, nesse caso. Do outro lado, existem fenômenos ligados às apostas esportivas, em que de fato nós vamos manipular esses jogos para ter ganhos financeiros. Claro, estamos falando aqui de casos que podem comportar os dois: manipulação esportiva e manipulação das apostas para fins de ganhos financeiros.
Para lhes dar uma ideia da amplitude do fenômeno, nós podemos ter cerca de 100 mil euros que foram colocados, e o ganho em cima desse jogo foi de 6 milhões, direto. Então, nós temos que compreender o tamanho desse fenômeno e que todas as organizações criminais são um elemento muito importante nesse caso.
R
Para falar um pouco do sistema, nós não podemos verificar tudo, nós temos alguns vídeos e isso é baseado na ciência, o que quer dizer que não há interpretações. Nós observamos ângulos, forças, distâncias, etc., que vão mostrar que a partida está sendo anormal. Atualmente, nós temos formas cientificamente comprovadas e um dossiê de validação científica, em que a gente pode ter cerca de 97% de certeza com o sistema que nós produzimos.
No presente, nós vamos verificar que o nosso método é um dos únicos que funciona realmente em termos de identificação de partidas manipuladas. Existem três métodos de análise estatística e é por isso que nós temos a necessidade de um banco de dados. E, se falamos, por exemplo, de cinco bolas no terreno que são perdidas durante essa partida versus dez, nós podemos mostrar na Justiça com uma afirmativa subjetiva que existe uma intervenção.
Atualmente, o método de referência se baseia na variação e é um método extremamente limitado que não permite a identificação certa dessas manipulações de partida. A única forma de detecção direta de vídeos é a nossa, em que nós podemos verificar o que está acontecendo no campo - e apenas no campo - de maneira objetiva.
Então, o que temos que compreender é que não há muitos estudos científicos em torno desse tópico. Nós temos algumas pesquisas publicadas em jornais, mas existe um estudo de 2010 que é referência, e que fala da detecção e do método de referência atualmente implicado, e que diz que, quando nós falamos das partidas manipuladas de 150, nós temos 200 em cooperação que são normais e que podem ser efetivamente tratadas como tal, e aí podemos observar os fenômenos massivos de manipulação nas outras 150.
O que nós vamos explicar aqui são as razões pelas quais o método de detecção atual tem suas limitações e por que essa detecção não é feita 100%.
A primeira razão é que, quando há uma manipulação apenas ligada a aspectos esportivos, não há detecção a ser feita. São duas equipes que estão engajadas, não há apostas, então não há detecção a ser feita concretamente.
A segunda razão dessa falha é o monitoramento que se baseia apenas no mercado legal, e, se vocês pensarem na fonte de informações, isso representa apenas 20% do mercado esportivo. Oitenta por cento desse mercado esportivo é ilegal. Para deixar claro, se você for um mafioso, você vai preferir o mercado ilegal a participar dentro dos trâmites legais e das autoridades. Então, essa é a segunda razão.
E a terceira é que - e é aqui que nós falamos que o nosso método é superior - existem muitos estudos que demonstram que as variações detectadas pelo método presente, especialmente nos encontros, é que nós temos diversas apostas no nível mundial, quer dizer, em grandes competições, e elas são afogadas pelo próprio volume...
R
Então, a conclusão é que, quando nós aplicamos esse método, ele não é suficiente, ele tem que ser complementado por algo que esteja ligado a este espaço subterrâneo. Eu imagino que essa seja a parte que lhes interessa em termos do que aconteceu no Brasil.
Como nós falamos anteriormente, a gente monitora 24 horas por dia as competições, não todas as competições, mas algumas específicas, especialmente pensando nas apostas esportivas. E fazemos isso depois de muitos anos. No ano passado, nós tentamos entrar em contato com a CBF, com a Justiça, para tratar dessa manipulação indicada por nosso sistema. Nós mandamos essa informação por e-mail, não tivemos uma resposta, e tentamos alertar para este fenômeno no ano passado. Então, o que podemos lhes dizer hoje é que, desde 2022 até os dias presentes, nós observamos o que tem acontecido, e há inúmeros jogos manipulados.
O que é muito importante de compreender é que essa manipulação trata tanto dos árbitros quanto dos jogadores. Isso é muito importante de ser compreendido. O que devemos entender é que, para manipular, nós precisamos de muitos atores, sejam jogadores, seja arbitragem, e lançamento de eventos para garantir que o jogo aconteça normalmente.
Vocês perguntaram sobre como nós podemos melhorar o monitoramento e dar credibilidade ao futebol no Brasil, como em outros países do mundo, porque não é um problema específico do Brasil, é um problema massivo que toca todos os países em diferentes níveis. Isso é algo que nós temos que entender. Nós já entendemos que existem diversas organizações sempre no mesmo caminho. E a primeira etapa é implementar a avaliação dos árbitros e dos jogadores para compreender a amplitude do fenômeno. Diagnosticar é a segunda etapa, efetivamente, mecanicamente, uma vez que uma competição é anunciada, a manipulação... Então, é necessário que haja essa comunicação, divulgação. Em terceiro lugar, é importante desenvolver um serviço de integridade no cerne das federações, com recursos humanos e financeiros dedicados. Essa é a melhor forma de lutar contra esse tipo de manipulação.
Finalmente, é necessário assegurar e proteger, implementar procedimentos específicos com as autoridades de regulação das apostas, com os centros de polícia e investigação. É extremamente importante não ficar no mundo fechado, é importante compartilhar essas informações com as autoridades e serviços dedicados ao controle desse tipo de aposta.
Nós vamos apresentar rapidamente; como vocês me deram 15 minutos, vocês compreendem que existem diversos elementos que nós não podemos tratar em 15 minutos, particularmente em termos de juízes, de diversos países.
Nós teremos o prazer de continuar esta discussão. Se vocês tiverem perguntas, vocês podem fazê-las agora.
R
O SR. THIERRY HASSANALY (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - E, claro, àqueles que se interessam mais, nós temos uma demonstração de um vídeo. Não dá para fazê-la agora, porque isso exige mais tempo, mas o vídeo permite compreender perfeitamente como o dispositivo funciona.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu agradeço demais ao Sr. Thierry Hassanaly. Fiquei impressionado com o nível de monitoramento que é feito, trabalho muito sério. É bom saber que existem instituições, empresas, Senador Esperidião Amin, que acaba de chegar, com essa preocupação fora do Brasil.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Fora do Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E isso é uma inspiração para nós, que precisamos proteger aqui a nossa paixão nacional, um patrimônio do povo brasileiro, que é o futebol, o esporte que é mais praticado aqui no nosso país.
Eu agradeço, mais uma vez, ao Sr. Thierry.
Eu só faço uma pergunta: esse vídeo que o senhor gostaria de apresentar é um vídeo de quanto tempo? Só para ver se a gente pode já emendar, porque talvez o próximo a perguntar, eu vou pedir licença ao Senador Portinho, que é autor, e ao Esperidião Amin, para que... E ao o Senador Kajuru - ele tem poucas perguntas, mas eu queria ver esse vídeo antes. Quanto tempo?
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Pelo menos 20 minutos para explicar todos os detalhes. Leva bastante tempo, mas, se vocês desejarem, se tiverem tempo, podemos fazer.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Eu peço ao Senador Kajuru, se for possível. Se não for, se a gente puder, até para ter mais elementos, porque eu fiquei... Quero agradecer ao Senador Portinho por essa indicação. Eu fiquei impactado com o que eu ouvi aqui.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Mas eu fiquei um pouco impactado, porque ele fala que são 99%.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Noventa e sete por cento.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Noventa e sete por cento de manipulação. Então isso é muito grave.
Se puder apresentar Senador Portinho, se o senhor concordar, e o Senador Kajuru...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Pela ordem.) - Se vocês me permitem, eu gostaria de fazer uma sugestão. Como a gente tem outras Comissões, sempre - terça e quarta aqui, a nossa vida é vida de Bolt, não é? -, que a gente fizesse, cada um tem as suas perguntas, e evidentemente, na conclusão, a gente poderia assistir a esse vídeo, porque ele não pode, de forma alguma, deixar de ser apresentado aqui nesta Comissão de Esporte.
Essa é a minha sugestão humilde aqui, porque há gente mais experiente do que eu.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - De acordo, Senador Portinho?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - De acordo. Se eles também, naturalmente, nossos convidados, estiverem de acordo, acho que não tem nenhum prejuízo.
O Senador Kajuru fará as perguntas, porque ele tem um outro compromisso em outra Comissão. Nossa vida é aqui assim, corrida. E o que puder ser respondido é respondido; o que eles preferirem responder, após a exibição do vídeo, porque às vezes o vídeo pode elucidar melhor a resposta, ilustrar, aí se faz ao final, e a ata da reunião, depois, com as respostas às suas perguntas, estará disponível.
Eu queria, antes do vídeo, só - até porque o Senador Amin, meu guru, chegou há pouco - fazer um breve sumário do que foi dito: a Goodgame! é uma empresa, pelo visto, que tem 12 anos no mercado internacional. Não é uma empresa que nasceu ontem, é uma empresa que tem relevante serviço prestado para Justiça, para polícia, para clubes, para federações, para casas de apostas. Então, esse dado é importante.
R
Toda análise é uma análise técnica, fundamentada na ciência.
Já me saltou... Só para concluir este breve resumo, a importância do nosso papel, inclusive na CPI, Senador Girão, instituições estão sendo alertadas. A CBF foi alertada, numa partida. Começou assim, em 16 de março de 2023. E ninguém tomou providência nenhuma.
Eu, como advogado desportivo, que atuei no STJD, vejo com muita preocupação, porque parece que estão querendo assassinar o mensageiro da notícia. A gente sabe que há manipulação. Há, mas há um constrangimento sobre quem faz a denúncia.
Quando John Textor disse que tem uma gravação de uma partida, que não é nem do clube dele, é antiga, que envolve o árbitro, quando o Botafogo traz um estudo técnico, qualquer instituição - CBF, Federação de Futebol, Ministério Público - tem que parar tudo para investigar, porque, se as providências não são tomadas ou se o mensageiro é recriminado pela sua denúncia relevante, a gente está abrindo mais espaço ainda para que esse terreno seja sedimentado para mais manipulação, que é fim do futebol ou, como eu digo, o azar do futebol.
Em resumo, foi isso que a gente ouviu, Senador Amin, nesse princípio de reunião.
Vamos passar, com a sua condução, Sr. Presidente, às perguntas.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O.k.
Muito obrigado. Muito bom esse seu esclarecimento, Senador Portinho.
Mais uma vez, agradeço ao Sr. Thierry Hassanaly.
Daqui a pouco, a gente vai ver o vídeo. A gente dará o tempo que for necessário para o senhor fazer alguma complementação.
Esta audiência é oficial. Esta audiência vai guardar esta documentação toda aqui. Vai ser importante.
Eu passo, imediatamente, a palavra ao Senador Kajuru, que quer fazer alguns questionamentos.
Mais uma vez, agradeço ao Senador Kajuru, que é Vice-Presidente desta Comissão de Esporte do Senado Federal do Brasil.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Pela ordem.) - Bom, inicialmente, que Deus dê saúde a todos e todas presentes e, evidentemente, à nossa pátria amada.
Quero, rapidamente, fazer uma observação em função das colocações do preparadíssimo e meu Prefeito preferido para o maravilhoso Rio de Janeiro, Senador Carlos Portinho, quando ele citou a CPI, a CPI que Romário e eu criamos. E conseguimos um número recorde, aliás, de assinaturas, em apenas um dia. São necessárias 27.
Que o Brasil saiba que, aqui, tem uma diferença. Aí eu vou contrariar aquela definição desta nossa reserva moral e cultural, Senador Esperidião Amin, quando ele disse, no Plenário do Senado Federal, que o Kajuru é o poder moderador do Senado. Ou seja, é uma ironia dele, evidentemente. Eu sei que não foi.
Mas eu vou contrariar, por quê? Porque eu tenho que ser bocudo, realmente.
O Brasil pode ter certeza de que essa CPI que vai começar logo, sobre manipulação de jogos de futebol, vai dar exemplo ao Brasil, porque, respeitado amigo e irmão Senador Eduardo Girão, em uma CPI que tem Romário, que tem Esperidião Amin, que tem Portinho, que tem você, que tem Leila do Vôlei, que tem, humildemente, eu, nós não vamos dar a chance de nossa digital, de nossa honra ser manchada. Infelizmente, o Brasil viu lá na Câmara dos Deputados uma decepcionante Comissão de Esportes, acusada inclusive de achaques e que terminou como terminou.
R
Então, esta CPI será diferente mesmo. Ela será implacável mesmo. Ela vai convidar educadamente os envolvidos, mas vai chegar até a Polícia Federal, caso alguém não queira estar aqui presente. Perfeito? Isso o Presidente Romário já conversou comigo e dispensa comentários a coragem do Romário.
Eu queria agradecer ao Sr. Thierry Hassanaly. É quase Nasser. É quase Amin também. Ele, que é o CEO da empresa Good Game!, para rápidos questionamentos.
Dada a complexidade do mercado de apostas e os riscos associados à manipulação de resultados, qual é a visão da Good Game! sobre a colaboração entre empresas de monitoramento, entidades esportivas e órgãos reguladores para criar um sistema mais robusto de prevenção e resposta a fraudes esportivas?
E a minha segunda pergunta, que na verdade é um complemento da primeira: em sua visão, Sr. Thierry, quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas de monitoramento de apostas na identificação precoce de padrões suspeitos que possam indicar manipulação de resultados, especialmente em ligas com ampla cobertura midiática, como o Campeonato Brasileiro?
E, por fim... Creio que a nossa tradutora - muito obrigado, aliás, pela sua participação - anotou essas rápidas colocações de minha parte. A última é se o Sr. Thierry concorda que, para o jogador de futebol, Senador Amin, Senador Portinho, Presidente Girão, senhoras e senhores, em que a gente chegar à provas cabais, irrefutáveis de que ele se vendeu num jogo de futebol, cometeu um pênalti, cometeu uma falha, levou um cartão vermelho de propósito, ou que um árbitro de futebol ou um auxiliar de arbitragem, tenha cometido o mesmo crime, se o Sr. Thierry concorda que a melhor condenação seria, para quem cometesse, repito, esse tipo de crime, fosse o banimento do futebol.
Muito obrigado, era isso que eu queria ouvir do Sr. Thierry.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito obrigado.
Eu passo imediatamente a palavra sobre os questionamentos do Senador Jorge Kajuru ao Sr. Thierry Hassanaly, CEO da empresa Good Game!.
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Muito obrigado, Senador, pelas suas perguntas.
A resposta é muito exata. Há três etapas respectivas para lutar eficazmente contra esses jogos fraudulentos. A primeira seria o interesse político, o fato que seja criada esta Comissão, que aliás haja vontade política. O pior seria enterrar o fenômeno, ou seja, quem não sabe o que causava o fenômeno, ou seja, não saber o que aconteceu no fenômeno.
R
E nós temos organizações ativas, em alguns países, que têm até essa atribuição, mas não querem saber de nada, nos quais o fenômeno aumenta cada vez mais.
E isso é uma grande loucura existencial de querer ser positivo. Eu queria agradecer por isso. É a primeira coisa.
E a segunda coisa é, essa amplidão, a envergadura do fenômeno. Aliás, no último final de semana, nós estivemos monitorando um jogo - e não vimos uma coisa anteriormente - que em todo um conjunto do campeonato, eu me lembro dos jogadores e dos árbitros. A primeira etapa, aliás, é um retorno a alguns jogos anteriores, temporadas anteriores, o que foi a amplidão do fenômeno. E a gente, aliás, viu jogos em que realmente não sabiam os resultados...
Aliás, o fenômeno é muito mais normativo. Será que realmente envolve os mesmos jogadores, as mesmas equipes? Qual tipo de manipulação também? Isso vai responder às perguntas.
Nós temos claro, temos os judiciais que fazem isso na parte civil, que a manipulação pode ter todas as formas, porque pode ser do simples obter, por exemplo, pegar um cartão, no caso, vermelho, ou então, jogos em que, na verdade, as duas equipes estão integradas na manipulação, e todos os jogos da equipe estão envolvidos na manipulação, para ter, por exemplo, um placar diferente. E tem todo um grupo de provas, por exemplo, jogadores que vão fazer... Aliás, temos investigações muito diferentes. Esse é o segundo ponto.
Primeiro ponto, que é o da manipulação e do árbitro, e também que os árbitros, no caso, estejam em conluio com os jogadores. E aí, claro, faz parte do jogo e da profissão, de modo a reforçar o que, realmente...
Eu diria, no caso da Justiça, sempre tem necessidade de ter provas. Que vocês... Sabendo que tem um relatório vindo, por exemplo, de um jogo que foi perdido, a gente pode ir para à Justiça e, com outros pontos adicionais, e saber, e fazer uma síntese da vontade política, e, por exemplo, um plano de ação, de controle, o que acontece realmente e o que vai acontecer no caso.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Apenas, eu não ouvi a resposta sobre a minha última pergunta.
Vocês concordam que, havendo provas cabais e irrefutáveis de crimes cometidos por jogadores de futebol, árbitros e auxiliares, a melhor condenação seria o banimento dessas pessoas do futebol?
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Não somos a Justiça. A gente não vai proferir penas. A gente identifica as coisas, e vamos botar um dispositivo. É a Justiça, realmente, que dará a resposta. Nós não somos a Justiça. A gente pode, claro, dar esclarecimento, provas... A gente pode dizer que é muito melhor... Não somos nós que somos encarregados disso.
O que a gente sabe...
R
Aliás, em muitos casos, na verdade, que é na Justiça, com elementos de prova e outros - de escutas, por exemplo, análises de casos, que mostraram a probabilidade de jogadores e também de árbitros, de pessoas que foram condenadas e excluídas das competições, banidas do futebol para sempre...
E, uma vez mais, a gente fica no nosso lugar... dos resultados em relação à decisão de penas que podem ser proferidas.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito, muito obrigado.
Eu já antecipo aqui, então, que o Senador Eduardo Girão e eu vamos apresentar imediatamente - e teremos apoio, com certeza, nesta Casa, de muitos companheiros, de pessoas íntegras, probas - um projeto de lei em que a gente vai propor, Girão e eu, o banimento do jogador de futebol, do árbitro ou do auxiliar, havendo, repito, a prova cabal, a prova irrefutável desse cometimento de crime - porque não há outro adjetivo para quando um jogador comete um pênalti, para um erro de arbitragem escandaloso, como nós aqui já comentamos nesta Comissão de Esportes tantas vezes.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Do tipo penal, não é?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hein?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Do tipo penal.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Do tipo penal, exatamente.
O Portinho foi o melhor advogado esportivo do Brasil, disparado. Ele está preparado.
Então, é essa a minha observação...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC. Fora do microfone.) - Vai propor o banimento do jogador?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Do jogador e do árbitro...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Senador Esperidião Amin...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Do jogador ou do árbitro, aquele que for um escândalo mesmo, quando tiver a prova cabal, como eu disse.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Vou fazer a pergunta que lhe faria o seu amigo e o meu amigo, o nosso amigo Pedro Simon.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sim.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - E o corruptor?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - É por isso que o tipo penal vai estabelecer...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Vai estabelecer, então.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Não, mas e o corruptor?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O microfone, Senador Portinho.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - E o corruptor, porque tem o corrupto e o corruptor.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Essa pergunta sempre foi feita...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - ... em todas as CPIs de corrupção que houve...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - ... pelo Pedro Simon.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) - Muito bem. Bem lembrado.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só existe o corrupto porque existe o corruptor.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Para usar o jargão do futebol: e o homem da mala?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Exatamente, bem lembrado e observado.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Hoje a mala é apenas uma figura...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Por isso que nós queremos apresentar esse projeto de lei em várias mãos. E Girão e eu vamos ouvir as sugestões de vocês.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Mas eu já faço uma pergunta para que, no primeiro texto, isso seja incluído.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pode ter certeza.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - E o agente ativo?
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Agradecidíssimo.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - Juiz...
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - "A mim, pouco me importa...
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - ... que as êmulas claudiquem; o que eu quero é acicatá-las.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... que as êmulas claudiquem; o que me apraz é acicatá-las". (Risos.)
Obrigado, Presidente Girão, pela oportunidade.
Eu vou lá relatar o projeto com a nossa querida Leila do Vôlei - que está ausente por isto, porque ela está presidindo agora a Comissão de Meio Ambiente -, mas a minha equipe está gravando tudo. E eu faço questão de assistir depois.
O SR. ESPERIDIÃO AMIN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) - E eu vou representar V. Exa. agora no Grupo Parlamentar da Arábia Saudita.
O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Ah, estou sabendo.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Eu e o Senador Girão seguiremos.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Seguiremos. Vamos seguir.
Inclusive, Senadores, muita gente no Brasil está assistindo e mandando perguntas aqui. Eu vou, daqui a pouco, lê-las aqui para a resposta do Sr. Thierry, se ele puder, depois. Muita gente está fazendo questionamentos; o brasileiro está participando, preocupado com tudo isso.
Eu gostaria de saber... Eu tenho algumas perguntas também aqui. Vamos deixar para depois da apresentação.
Então, agora, Sr. Thierry, mais uma vez, o senhor vai ter aí 20 minutos, que o senhor pediu - ou o tempo que for necessário -, para apresentar o vídeo e fazer algumas outras colocações. E, depois, fazemos a rodada final de perguntas.
Mais uma vez, muito obrigado pela sua participação e à nossa equipe aqui de tradução do Senado Federal.
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Vamos, então, mostrar o vídeo, o.k.?
R
Vocês estão vendo aqui a tela?
É necessário entender o jogo, aliás um jogo bem antigo que faz parte dos autos, que é o Calcio Como, da Itália. É um auto que foi aconteceu em 2010/ 2013. No caso, seria da Série A, primeira divisão da Itália, e também da Série B. Isso para mostrar para vocês que é um fenômeno que ocorre no âmbito do alto nível de competição.
O vídeo é de péssima qualidade. São vídeos que a gente utiliza para mostrar o nosso sistema. Mesmo com péssimas qualidades, a gente consegue realmente analisar.
O jogo que eu vou mostrar para vocês, que foi julgado por uma corte de justiça civil, foi julgado manipulado. A pergunta da manipulação do jogo, aliás, está bem concreta. E isso serve para justamente entrar no sistema e também ver se é manipulado, que é o caso aqui. Vou mostrar como fizemos o método e como a gente trabalha.
Vocês vão ver, num primeiro momento, e, em seguida, vamos para a análise.
Vocês estão vendo a interação dos jogadores e dos árbitros. Quando a gente vê isso, o que a gente vê é realmente um gol maravilhoso.
Esse contém uma reflexão nossa.
E, agora, como a gente trabalha.
Na verdade, o método é baseado numa espécie de detecção de deficiências, que são de diferentes tipos no futebol e no tênis, ou seja, há no-marking, em inglês, uma ausência de marcação, por exemplo, em todos os jogos. Aqui, se não houve marcação, foi manipulado.
Mas o sistema que vocês são ver aqui tem elementos de prova por sequência, o que é um ponto-chave.
Vamos ver o vídeo, no caso, que há um jogador aqui a uma distância de mais cinco metros da equipe adversa. Então, essas situações no-marking, no caso, uma vez mais, podem ser completamente normais no jogo. Isso acontece.
Vamos continuar na jogada.
Em seguida, com este jogador aqui, o que vocês vão ver agora, neste caso aqui, é uma distância muito mais difícil de ver. O jogador de futebol, o defensor aqui, faz uma flexão da perna e dos joelhos. Pelos ângulos, vão ver que, nesta posição, ele está um pouco mais acocorado e talvez em extensão do tronco e do joelho para tocar com a bola com a cabeça.
Neste vídeo, você vê que, na verdade, é uma bola com mais ou menos 4,8 km/h, ou seja, lenta, na verdade, para o futebol. E você vê outra flexão do joelho e uma bola que vai a uma distância com um cálculo inferior a 20cm da cabeça.
R
Então, digamos que o defensor poderia realmente tirar essa bola com a cabeça, mas não vai fazê-lo. E existir uma distância de eficiência do gol, cada vez mais, são estratégias eventuais ou outras coisas que podem acontecer no jogo.
Mas, nesse caso aqui do jogo, uma beneficência no caso que não fez a marcação, e a segunda, que ele na verdade deixou passar a bola.
E vamos continuar na sequência. Nesse mesmo jogador, eu lembro que esse jogo foi manipulado, no caso também dos gols.
Aqui a gente fala um different story, no caso em inglês, ou seja, que a trajetória do jogador vai no eixo, e na verdade ele vai para a direita. E são atitudes que a gente, aliás, encontra frequentemente, deixar que o adversário tenha mais velocidade.
Esse jogador vai marcar o gol, é um déficit de não marcação, e a segunda, a eficiência da atitude e terceira... ou seja, da trajetória. Vocês vão ver que a ação aqui nesse dia... E na verdade nesse jogo há uma quarta deficiência. No nosso universo, a gente trabalha o tempo da reação, porque é necessário entender que quando se estão em 100m do atletismo, uma prova de natação, por exemplo, que o tempo de referência da marcação para fazer um movimento de 100 segundos. Ou seja, o final do jogo, por exemplo, um bloco de 40 minutos, isso, aliás, dizem que é necessário sim, mas mede para fazer um movimento no caso aqui.
Quando chegamos aqui, sim, mas o jogador está cansado. Ele está idoso, está no final do jogo, outras razões, mas a gente multiplica por três. E aqui nós podemos ver que, nesse caso específico, o defensor tem muito pouca velocidade. Aqui nós vemos, no esporte, é um tempo de resposta muito grande para fazer algo. São duas vezes mais rápido do que o esperado, e aqui não houve nenhum movimento defensivo.
Então, aqui nós temos quatro deficiências, uma de atitude, as de posicionamento e essa última de tempo de reação. Vocês vão ver também que, quando a gente observa outros jogadores que também foram incriminados sobre esse jogo manipulado, nós não vamos explicar tudo, mas vocês vão ver que esses jogadores têm a deficiência do tipo low run, ou seja, nós temos um tempo de deslocamento muito lento para o futebol, que significa que a gente se desloca cerca de 17km/h.
Isso é muito lento para o tempo de deslocamento e resposta. Aqui a gente não pode mostrar porque nós não temos o tempo, mas nós temos outras deficiências no nível da guarda. O que faz com que o sistema no que nós falamos... Aqui nós temos três jogadores que estão implicados. Um com uma deficiência, outro com duas e o último com mais uma.
E, de fato, esse tipo de situação, numa partida normal, nós teríamos apenas uma dessas deficiências, mas nós não teríamos esses tipos específicos. Então, aqui nós fazemos um tratamento específico para compreender a anormalidade do que aconteceu e observamos como essa partida foi organizada em torno dessas manipulações e de fenômenos.
R
Para dar uma ideia, nessas partidas manipuladas, nós podemos ter entre 10 e 150 manipulações em que a gente pode observar múltiplos tipos de deficiência.
Então, é o que a gente gostaria de apresentar rapidamente. Nós fazemos esse tipo de análise para todos os jogos. Geralmente, na Justiça, nós apresentamos esse vídeo, como fizemos. Nesses tipos de jogos e partidas, nós não teríamos detectado. E é por isso que nós falamos que nós temos essa certeza, de 97%, de que a partida foi manipulada.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito bem, muito interessante, não é?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Posso fazer uma pergunta sobre...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro, Senador Portinho.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Além da dinâmica da jogada, que foi analisada e foi compreendida aqui por todos nós, nessa partida, foi feita uma análise das apostas? Houve uma variação nas apostas, no volume de apostas, no valor das apostas, o que também serviria para confirmar, ou vocês tratam isoladamente, vocês tratam mais a dinâmica sem considerar o volume de apostas? Isso é considerado?
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Bom, nós temos muitos elementos para responder. A gente analisa, primeiramente, o vídeo. Nós não temos informações sobre as apostas. Quando nós conduzimos uma investigação, claro, aqui nós temos todas as informações e diversos elementos a serem levados em consideração, em termos da performance dos jogadores, das condições, etc.
No caso presente, a partida foi julgada, e nós não fizemos nenhuma ligação com o mercado de jogos e as apostas esportivas. Claro, isso é muito importante saber. A manipulação ocorre majoritariamente nessas apostas esportivas, principalmente, dado o desenvolvimento forte, mas não é sempre o caso. Existem manipulações que são exclusivamente esportivas, então vocês podem observar que o que aconteceu aqui em termos de apostas pode não ter nada a ver com os dados esportivos. São coisas complementares, mas não necessariamente têm que ser analisadas ao mesmo tempo.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito, maravilha.
Eu queria fazer uns questionamentos aqui - daqui a pouco eu vou ler - de cidadãos brasileiros que estão acompanhando do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Paraná. Tem perguntas chegando aqui, mas eu tenho algumas. Por exemplo: quantas e quais partidas foram avaliadas - essa é uma pergunta para a Good Game! - aqui no Brasil?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Deixe-me acrescentar...
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Claro.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... a essa pergunta. A gente entendeu como é o sistema científico de análise da Good Game!. No ano passado, a Good Game! trouxe especificamente jogos de um clube em que ela levanta a suspeita. Então, quantas partidas foram avaliadas e o que levou à suspeita? Não sei se tem algum vídeo ou alguma... Só para a gente entender o que aconteceu em 2023, que foi a causa das denúncias que levaram a Good Game! a buscar a CBF, a Federação do Rio e o STJD.
R
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Perfeito!
Eu pergunto, em nome da transparência nossa aqui, do Senado Federal, se vocês, da Good Game!, poderiam revelar para nós, nesta sessão oficial do Senado, quantas e quais partidas foram avaliadas; quais as ferramentas utilizadas nessas análises, se envolveu também o montante de apostas, como colocou o Senador Portinho, ou foi só uma questão comportamental, desportiva; quantas empresas atuam nesse mercado de análise de fraude em atividades esportivas no mundo; também gostaria de saber no Brasil.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - O Senador Portinho está solicitando aqui, está fazendo uma ponderação para responder uma a uma. Não é isso? (Pausa.)
Então, nós vamos... Para não fazer uma confusão aqui, está aceita a sugestão. Vamos aguardar esse bloco de perguntas do Sr. Thierry.
Muito obrigado.
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Muito obrigado pelas perguntas feitas, Sr. Senador.
Com relação às empresas que observam as manipulações, eu diria que há aquelas que observam variações - e aqui nós temos Radar Sports, JeuxNews. Sobre as pessoas que observam as manipulações através das análises de vídeo e o que acontece, de fato, no campo para compreender os aspectos de manipulação de apostas e do esporte, só existe a nossa empresa que trabalha com essa tecnologia. De maneira geral, o que nós podemos dizer é que nós observamos dezenas de milhares de jogos e o que observamos no Brasil é que nós temos dois tipos de estratégia de monitoramento.
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Podemos trabalhar para uma federação nacional, por exemplo, em que nós trabalhamos com outras federações de outros países, e aí nós temos um monitoramento instalado que vai observar todos os jogos das competições. Nós temos esse tipo de contrato de monitoramento com a sociedade de apostas de jogos, e aí nós vamos observar e bloquear alguns jogos de acordo com elementos internos matemáticos que nós temos de risco de manipulação.
No caso do Brasil, até agora, nós não temos contrato de monitoramento. Então, nós não temos monitorado o conjunto de todos os jogos, mas nós temos implementado alguns alertas sobre certos jogos e, efetivamente, a partir desses alertas, nós temos analisado certas partidas, temos algumas que foram concretamente manipuladas com a certeza do nosso percentual.
Nós observamos, aqui no Brasil, um número de partidas muito limitado. Nós não temos, de maneira quantitativa, um diagnóstico, um número preciso para compartilhar com vocês.
R
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas dessas especificamente que vocês forneceram alertas: quantas, quais e em que campeonato? E se você tem aí uma análise de vídeo de por que foi expedido o alerta, porque, quando a gente vai para o visual, é muito mais compreensível.
O SR. PIERRE SALLET (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Para explicar o nosso trabalho de expertise, ele tem três níveis. O primeiro, sendo unicamente o nível de detecção, é o que fazemos para a sociedade de apostas, em que nós vamos dizer se parece haver uma manipulação ou não, e aí nós vamos considerar se isso envolve os árbitros ou não. Aí passamos ao nível dois, de investigações, em que vamos observar os vídeos, a partir dos quais vamos fornecer informações sobre os árbitros implicados, envolvidos ou não - "esse foi envolvido", "esse não está envolvido", "nessa equipe nós vemos que esse jogador está envolvido" ou não. E o terceiro é o nível do dossiê, que nós usamos quando nós estamos na corte, na Justiça. E, a partir desse momento, vamos fornecer todas as demonstrações científicas de provas para mostrar que a partida foi manipulada.
Atualmente, o que podemos dizer é que nós temos níveis um, dois e três sobre partidas de campeonatos de 2022 e 2023.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - A pergunta do Senador Portinho e a minha foram bem diretas com relação a que partidas foram essas. Quem é que estava jogando? Quais times estavam jogando e em que campeonato, dos quais vocês dispararam esse alerta para a CBF? Essa é a pergunta objetiva que a gente gostaria de fazer para vocês.
O SR. THIERRY HASSANALY (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Certo, vocês têm razão. E eu entendo, porque vocês são o melhor país do futebol do mundo, é normal que vocês queiram saber. Infelizmente, nós não podemos responder essa pergunta - eu sinto muito -, porque essas informações são confidenciais. E, na hipótese de que teremos um inquérito na Justiça, se nós compartilharmos informações hoje de maneira pública, o caso não poderia ser concluído. Então, nós não podemos compartilhar essas informações de maneira pública.
O SR. PIERRE SALLET (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - É claro que nós compreendemos que existe uma comissão de investigação que envolve a polícia e existem elementos que nós podemos oferecer para bloquear todos os envolvidos, compreender quem são os manipuladores, como foi a pergunta feita agora há pouco, mas nós não estamos no lugar, na posição para falar da manipulação dessa forma.
É importante compreenderem - um exemplo bem simples - que nós podemos ter diferentes níveis de manipulação: podemos ter uma manipulação, por exemplo, em nível de um jogador que simplesmente não quer jogar naquela partida ou algo do tipo, até algo muito mais organizado, em que tem pressão sobre esses jogadores para ganhos financeiros, assim como manipulações que podem ser feitas pelo próprio clube, que vai tentar manipular os resultados para garantir vitórias e pontos.
R
No nosso sistema, o que podemos fazer, no nosso nível, é dizer: será que o árbitro está envolvido ou não? Será que a partida foi manipulada ou não? Será que a equipe A ou B está envolvida nisso e quem são os jogadores? A partir disso, a origem da manipulação e a natureza da manipulação são um trabalho da polícia, e não mais da nossa atividade. Nós estamos aqui para fornecer elementos para melhor apoiar as investigações, mas o nosso relatório não inclui esse nível.
O trabalho que nós temos feito é bem sólido e, mais uma vez, as informações que temos são amplas e sólidas.
O SR. THIERRY HASSANALY (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - E, claro, é natural que vocês queiram transparência em termos de ter acesso a essas informações, porque vocês precisam saber. Infelizmente, nós, publicamente falando, não podemos compartilhar essas informações, porque isso assassinaria todas as investigações possíveis a serem conduzidas se nós compartilhássemos essa informação. Então, nós não podemos fazer isso.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Senador Girão, posso prosseguir na pergunta?
Tão mal fazem para o futebol as apostas - com relação àquelas em que há manipulação - quanto o mesmo mal para o futebol - e a decorrência também das apostas, a partir do momento em que elas são legalizadas, o mesmo mal que faz ao futebol - levantar suspeita de manipulação. Porque, a partir do momento que tem aposta, se o seu time perdeu, a primeira coisa que você pensa é: "Opa, nisso aí a gente foi roubado, essa partida foi manipulada". É o mesmo mal.
Eu entendi que toda análise é com base científica, eu entendi que a análise leva em consideração análise comportamental dos lances de uma partida, mas não necessariamente a análise comportamental... Pelo que eu entendi, ela gera a dúvida, ela não dá a resposta. Foi o que foi dito agora: "A gente não pode apresentar porque tem casos que estão em inquérito, estão sendo investigados". Compreendo. Neste momento, na audiência pública, eles não têm nem a obrigação de apresentar; numa CPI, terão - terão, vou deixar claro aqui, já antecipar.
Mas, de qualquer maneira, o trabalho da Good Game! é levantar a suposição. E, como eu digo, a partir do momento que tem a aposta no esporte, todo jogo que meu time perder e em que eu achei que o zagueiro não correu, o goleiro não pulou, vai me gerar uma suposição. Lógico que, como torcedor, a minha suposição é empírica. O que eles trazem é uma análise técnica de velocidade, de ângulo, é mais aprofundada, mas, pelo que eu entendi, não deixa de ser uma suposição.
E aí a gente tem que ter muito cuidado, Girão, porque tão ruim quanto a manipulação é a gente, em todo campeonato, levantar suposições. Eu entendo que os alertas são fundamentais para que haja investigação. Nenhum deles deve ser desprezado, mas a gente deve ter muito cuidado com essa análise comportamental, por maiores que sejam a técnica e a ciência envolvidas.
R
E aí eu vou dar um exemplo - por acaso uma partida do meu time, se a gente puder colocar - em que, numa partida, aos 46, 47 do segundo tempo, numa decisão da Libertadores, houve uma entregada bisonha de um jogador acima da média, que hoje joga no futebol inglês. Talvez? E aí fica a pergunta: se fosse feita uma análise comportamental, os dados científicos emitiriam um alerta? O que não significa que houve manipulação, quero deixar bem claro isso. O que eu quero mostrar com o vídeo é que a análise comportamental pode ser uma ferramenta, mas, dependendo do dia do atleta, da pressão do jogo, do estímulo no campeonato, pode ser que tenha sido um lance corriqueiro de um jogo, de um dia ruim do atleta ou de um time que não estava focado naquele lance. E a gente não pode colocar sob suspeita, de forma leviana, qualquer lance.
Eu queria colocar o lance, como torcedor do Flamengo. Muitos, inclusive, Girão, me pediram para botar o lance aqui. E agora é que eu vi que a análise da Good Game! é sobre análise comportamental, de posicionamento, de ângulos. Por que não, então, em todo jogo que o meu time perde, eu não levantar uma suposição como essa? Deixo claro mais uma vez que para esse jogo não foi emitido alerta, não está sob manipulação, não. Foi uma vitória legítima do adversário do meu time, mas que, no inconsciente popular, a partir do momento em que há aposta, faz com que as pessoas pensem: "Ué, mas esse comportamento é típico ou atípico?".
Ponha aí, por favor.
(Procede-se à exibição de vídeo.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu quero colocar esse lance e repito: nessa partida não houve manipulação; que eu saiba, não foi emitido alerta, mas é muito perigoso.
E aí faço a pergunta à Good Game!: não é muito perigoso a gente focar, ainda que com toda técnica e simulações e cálculos? Porque o futebol, como qualquer esporte, é imprevisível, não é? Ali foi um erro, uma atrasada do David Luiz; dois erros seguidos na matada. Depois ele não corre, ele deixa a bola correr do Andreas, que, inclusive, agora foi convocado para a seleção, é um excelente jogador, não tem suspeita nenhuma.
R
O que eu quero com o vídeo é perguntar à Good Game! sobre a análise comportamental. Aqui, de forma empírica, me preocupou essa jogada, porque são dois jogadores fora de série, aos 94 minutos de um jogo. Eu me lembro de que eu estava do lado da pessoa e perguntei: "Imagine quanto é que não vale uma aposta de um gol feito aos 94 minutos que decide um campeonato internacional da grandeza que é uma Libertadores?".
Mas a pergunta é: será que a análise comportamental, mesmo com todas as técnicas, não vai causar mais suposições prejudicando o good game, prejudicando o bom jogo, o jogo leal, tanto quanto prejudica uma manipulação de aposta? E esse é um cuidado que a gente tem que ter, senão, em todo campeonato, a gente vai dizer que tem jogo manipulado. Antes era arbitragem: "O juiz roubou"; agora tem o VAR, a gente reclama do VAR; e agora tem as apostas, a gente já fica...
Por isso é que eu digo, Girão: azar do futebol. Eu votei contra, porque esse imaginário é muito ruim. Então, a pergunta objetiva é, por que nesse lance que... Na análise comportamental, na minha opinião, tudo leva a crer que dois erros bisonhos, que deram o título de um campeonato, não... Eu acho até que a imagem parece ser mais clara do que aquela do jogo, que eu acho que era do Sassuolo, da Itália, que foi mostrada. Então, é para a gente ter cuidado.
Eu gostaria de ouvir a empresa.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Com a palavra, o Sr. Thierry da Good Game!.
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Muito obrigado pela sua pergunta, é muito interessante.
Na verdade, eu quero responder em três pontos. O jogo da Itália foi manipulado, e foi até para o Tribunal de Justiça, em relatório, que realmente havia manipulação.
Em relação às imagens que você acabou de apresentar para a gente, nós somos incapazes de falar se realmente a sequência foi manipulada ou não, porque, na verdade, uma vez mais, o sistema não permite trabalhar a parte da visão simples de uma imagem, quando a gente está impedido de ver essa imagem sem o sistema. E isso é necessário quando tem que entender. E as reações dos jogadores que já estão cansados... É claro, todo tipo de jogo tem um diferente. A gente assiste todo mundo com o mesmo argumento. Uma vez mais, é uma sequência de cinco segundos, nós não analisamos, somos incapazes de ver a olhos nus, se a sequência está certa ou não. A análise é baseada no conjunto do jogo e no ângulo de tomadas sensíveis, com tratamento estatístico. E aqui, no caso, a gente não está diante de vocês agora, nesses 99% pode ser provado ou não. Ou seja, em qualquer caso, vamos para a Justiça para saber ou não.
Os tribunais sempre se guiam pelas conclusões dos relatórios, ou seja, de modo bem concreto, quando digamos que o jogo foi manipulado, ele vai ser julgado manipulado, sim ou não. No caso do futebol da França, por exemplo, o que precisamos atentar para esse momento é que a Justiça sempre confirmou o que a gente mostrou nos relatórios, e fazendo um rastreamento esportivo. E, às vezes, acontece em uma investigação posterior, e isso foi demonstrado. E a gente diz que realmente parece que o jogo foi normal, mas não foi o caso.
A gente, uma vez mais, se baseia na ciência. Aquele que não conhece o método pode expressar-se e dizer que... A gente, aliás, escuta nas aulas, em qualquer lugar...
R
A gente não é fanático. A gente trabalha com métodos, com matemática, com uma taxa de erro, claro. É difícil entender, para vocês. Claro, houve algo evoluído... E a gente vai percorrendo o mundo com esse método. A ideia é entender como funciona e, em seguida...
Em relação ao VAR, que você falou sobre a arbitragem, sobre esse sistema, é necessário entender que se pega um árbitro que conhece todas as leis do futebol, que está no local e vê tudo, vê o campo, vê o perímetro. Mas, se você coloca o árbitro diante de uma tela de vídeo, esse árbitro tem que arbitrar e não está formado para fazer análise do vídeo.
Quando a gente fala de coeficiente de distinção, por exemplo, ou de segmentação de imagem, quando se fala de distinção analítica das imagens, eles não sabem o que é, eles não entendem. O que vai ver na tela ele pensará que é a realidade.
Quando formamos os árbitros, o primeiro exemplo é uma bola, uma imagem, e todas as pessoas vão ver que a bola não está na linha. Outra imagem mostra, em outro ângulo, que, na verdade, a bola está na linha, ou seja, o juiz ou outros jogadores vão ver essas imagens depois e fazer uma análise, mas são incapazes de ver a imagem.
Em relação ao VAR e à arbitragem, a gente vê muitos erros de arbitragem. E, com o VAR, justamente é para a não consciência técnica de análise. É por isto que nós trabalhamos para melhorar todo o VAR: para que torcedores e relatórios tenham mais conclusões a respeito.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito obrigado.
Realmente, é algo muito perigoso, uma linha muita tênue. E a gente vê, a cada dia...
As apostas, no meu modo de entender - tem algumas perguntas aqui para vocês -, prejudicam ainda mais o esporte.
O nosso assessor aqui é o Roberto Lacerda, a quem agradeço às perguntas, torcedor do Vitória, da Bahia.
Eu fui Presidente do Fortaleza Esporte Clube, e a gente tem que ter muito cuidado porque é uma análise comportamental. É muito pouco para você levantar qualquer tipo de suspeita. Tem que ter cruzado com vários dados de aposta, tem que ter uma coisa mais, me parece, científica de um ponto de vista que a gente não possa perder a essência, a espontaneidade do futebol.
Eu quero dizer uma coisa para quem está nos assistindo. Quando eu estava ali sendo convencido a ser Presidente do Fortaleza, em 2017, algumas pessoas chegavam para mim: "Rapaz, não vai, não". Eu disse: "Poxa, mas eu quero ajudar meu amigo de infância, as pessoas de dentro do clube estão dizendo que pode cair para a quarta divisão". Estava na terceira havia oito anos. E é uma torcida gigantesca, maravilhosa, que o mundo todo já conhece, pelos mosaicos. Eu, que fui mascote do clube, dizia: "Eu tenho que ajudar". "Não entra nisso. Eduardo, não entra nisso, porque você vai ter que acertar com o árbitro, vai ter que acertar com o jogador do outro time. O jogador do seu time vai te dar uma facada na véspera, vai te chantagear". Eu disse: "Não é possível. Espere aí, pare tudo, pare tudo, porque eu não acredito nisso. Se o jogador faz o gol, dedica para Jesus. Se um goleiro, quando faz uma defesa espetacular, dedica para Jesus... Você vê ali a maioria muito comprometido, muito religiosos os jogadores, que história é essa de que vai fazer essa situação? Não, está errado".
R
Aí foi um estímulo para mim. Eles querendo me desestimular para assumir. Foi um estímulo para que eu fosse assumir para mostrar que futebol pode ser feito da forma ética, correta. E deu certo. Então, Deus abençoou, não tenho a menor dúvida disso.
Em nenhum momento, Senador Portinho... Eu quero dizer aqui, dar o testemunho para aquele grupo de jogadores de 2017 que a gente tinha, de comissão técnica, de funcionários, todo mundo. Em nenhum momento, o que a gente combinou no início do campeonato foi mudado por eles, porque estavam chegando à decisão e iam querer mais dinheiro - em nenhum momento. Foi cumprido. Quando você trata com respeito, o respeito é a regra da boa convivência, a confiança.
Então, eu tenho muita confiança nos jogadores, eu confesso para você. Eu tenho muita confiança também nos árbitros. Eu acredito que tem uma formação, que tem uma cultura no Brasil. Agora, como em todas as áreas - todas, todas as áreas -, têm os maus profissionais, Senador. Tem os maus profissionais que enveredam por um caminho talvez mais fácil, da porta larga e se perdem e fazem perder o esporte.
Eu, particularmente, acho que tem que ser banido não apenas o corrupto como corruptor, a corrupção passiva. E nós vamos trabalhar nesta sessão com relação a isso.
Eu queria só fazer umas perguntas, para encerrar as minhas. E aí, agradecendo à Good Game! pela paciência em estar aqui nos atendendo, o Senado Federal do Brasil, diretamente... Está na França, não é? Estão diretamente em Paris? Estão em Paris? (Pausa.)
Mas eu queria fazer mais algumas perguntas aqui. Em quantos países a Good Game! atua? O número de casos de manipulação de resultados tem crescido nesses países, no levantamento que vocês têm feito? É o fenômeno da popularização das apostas? Vocês consideram isso?
Eu vou além: quem financia o trabalho da Good Game!? Quem financia? Pergunto se há algum conflito de interesse, se vendem esses tipos de serviços para empresas de apostas...
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... se isso, de alguma forma, gera, na visão de vocês, algum conflito de interesse.
Eu soube - quero confirmar se tem sentido a informação, se procede - que a Federação do Rio de Janeiro contrata a empresa de vocês, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro.
Outro detalhe também: qual a opinião da Good Game! sobre a participação de organizações criminosas que lavam dinheiro, corrompem agentes públicos nos mercados de apostas? E vou além: vocês não acreditam, pela essência do futebol, pela beleza do futebol, que deve ser... O Brasil acabou de regulamentar. Nós votamos aqui, eu votei contra também, com o Senador Portinho. Vocês não acham que uma medida firme, dura, mas que vai preservar o esporte, seria banir aposta esportiva?
R
E, para fechar as minhas perguntas, qual a opinião, Sr. Thierry, sobre o fato de alguns países europeus, como o Reino Unido, a Espanha, a Holanda, entre outros, estarem endurecendo as leis que tratam de apostas esportivas, ao mesmo tempo em que o Brasil caminha no sentido contrário?
Vou dar um exemplo aqui da Inglaterra. Neste ano de 2024 - não é isso? -, já está proibida a propaganda... Confere essa informação? Proibida a propaganda na camisa dos clubes. Porque é uma lavagem cerebral. Você não consegue assistir hoje a uma partida de futebol. É o tempo todo: "Aposte, aposte, aposte!" Na borda do campo, ali naquelas placas, na televisão: "Aposte, aposte, aposte!" É um mercado a céu aberto, que não tem nada a ver com futebol, que nos faz perder aquele frio na barriga que a gente tem e faz as pessoas se endividarem, perderem o seu dinheiro, a família e o emprego, porque, para se sustentar, têm que manter o vício, e entram na criminalidade. Muitas vezes chegam ao ponto de cometerem o suicídio.
Então, é uma tragédia anunciada. E eu pergunto para vocês: que medidas podem ser tomadas com relação a, se não banir... Não sei se a opinião de vocês seria proibir isso, pelo bem do esporte, ou se seriam regras mais duras? E eu queria perguntar sobre esse conflito de interesses, mais uma vez agradecendo a vocês pela participação.
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Muito obrigado, senhor.
Há várias perguntas, e vou tentar respondê-las todas.
Primeiro ponto, na França, em 1993, houve um caso famoso de manipulação, tratava-se de Marselha, com muitos grandes jogadores influentes na época, que vocês conhecem, aliás e, em 1993, o clube foi condenado por manipulação.
Naquele momento, não havia aposta e, para ter as provas da manipulação, não somente dos comportamentos dos jogadores, o que aconteceu no campo, realmente, não era verdade. Em parte, vou dar um esclarecimento, mas não temos realmente uma sinceridade à realidade. O que aconteceu no campo... Aliás, o que acontece no campo é a melhor demonstração se foi manipulado ou não.
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Isso, para completar o primeiro ponto, nesta oitiva, e ele vai falar também, aliás, nós temos um relator de betting, que uma suspeição, no caso, de um árbitro é levada, mas não vou nunca mencionar o nome do jogador. Para entender, vamos designar um jogo manipulado sem que os atores do jogo tenham manipulado o jogo, isso é uma incoerência. Ou seja, o bet, no caso, é uma ato adicional à prova. Esse tema, é por isso que é muito importante.
O SR. THIERRY HASSANALY (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Em seguida, sobre as outras perguntas que você fez. O que a gente observa, é que a envergadura do fenômeno é grande, em todos os lugares, no mundo inteiro. Você tem fontes, você mesmo.
R
O que a gente sabe também é que, quanto aos operadores dessas apostas esportivas, não pode haver conflito de interesse porque um jogo ou foi manipulado ou não. Eles acabam perdendo dinheiro. Os primeiros a quererem parar a manipulação das competições, que teriam interesse do modo, são os operadores esportivos. Quando o jogo está manipulado, eles perdem dinheiro. Ou, se trabalhar para eles, é muito outro conflito de interesse; ou pelo mesmo sentido de limpar o esporte, que, aliás, é esse flagelo que é a manipulação.
E eu queria insistir na parte esportiva, para que, evidentemente, se desenvolvesse nessa essência.
Em seguida, Senador, você perguntou: banir ou não parar esses jogadores? Nós somos peritos. A análise do vídeo quando uma pessoa faz todo um relatório de uma aposta esportiva, por exemplo, apostas pessoais eu diria, profissionais nossos dos nossos jogos, por exemplo, nosso jogo é limpar. Entretanto, o que eu sei bem e praticamente nesse caso, independentemente de tudo o que você sustentou em relação ao dinheiro, ao risco de endividamento, são casos reais e nós temos também na França, é igual. E, claro, não é nosso caso analisar isso. O que é necessário é que existam soluções que possam coabitar das apostas esportivas, de certo modo, para controle de financiamento do esporte, do clube e de todo o sistema do esporte, mas também, ao mesmo tempo, que permita que se erradique a manipulação. Se você realmente acompanhar e punir, não haverá mais manipulação. Para isso é necessário ter consciência.
Entretanto, é necessário que haja uma ambição política, jurídica e esportiva. Para nós, efetivamente, trabalhar com o Brasil seria extraordinário. Quando a gente fala de futebol, se o primeiro país do mundo trabalhar conosco e também nos ajudar a limpar, isso seria uma missão realmente grande.
O SR. PIERRE SALLET (Por videoconferência. Tradução simultânea.) - E, para responder às perguntas sobre o volume de monitoramento e de conflito de interesse, aliás, sempre se diz algo muito regular. Imagine uma organização esportiva, uma federação que vá pedir que se manipule um campeonato com as quais teremos que fazer uma espécie de arranjo, e é desse jeito... E aí no clube, por exemplo, você vai ver uma análise de um jogo e orientar o seu relatório para tirar uma conclusão ou não. Isso não funciona assim.
Na verdade, nossas relações são baseadas na ciência, ou seja, para dar um valor científico a um relatório é necessário reproduzir o cálculo e a medida e reanalisá-lo. Ou seja, um pouco o sistema de blockchain: nós não podemos manipular. Ou seja, quando há o processamento de um jogo, isso pode vir... Aliás, a ordem da federação, obtida da primeira divisão, e o relatório seriam idênticos. Isso elimina todo tipo de conflito de interesse, uma vez que nós somos peritos jurídicos no caso, e isso nos impõe uma certa deontologia ética, e identificações são feitas no modo como a gente funciona e nas relações que a gente faz.
R
Nós somos completamente independentes no meio, mas só que todas as conclusões que nós tenhamos serão feitas nos relatórios e vamos reproduzi-las para os peritos. Quando chegam à Justiça, como vão contestar isso... Isso nunca aconteceu. À medida que foi, aliás, feito o nosso relatório, a gente não concluiu que hoje é algo diferente. Os relatórios são realmente confiáveis. A detecção chega a 90% para responder ao volume de monitoramento que a gente chama, na verdade, de algumas condições. Eu não abri aqui o arquivo, mas analisamos casos de muitos centros do país, não é verdade? Essa é uma certeza, e ter uma investigação em 2024, na qualidade de perito judicial, com 11 investigações em várias línguas. Isso ainda é para mostrar que o fenômeno é massivo não apenas no Brasil, mas em outros esportes e em outros países.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito obrigado, Sr. Thierry.
Eu queria... Como é o nome do outro senhor que está aí? É o Sr. Thierry e o outro é o Pierre, não é? (Pausa.)
Esse filme que o senhor falou, Senador Portinho, o filme que o Sr. Thierry falou ali, o caso de Marseille... Não sei se você assistiu à série, que tem até no Netflix. Eu assisti. É Bernard...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não. Bernard Appy... Tapie. Bernard Tapie. O Appy é o da tributária. Está confundindo. É muito interessante, é um caso emblemático.
Olha, eu acompanhei - talvez aqui desta sala eu seja o que tem mais idade - na época em que o futebol era, Portinho, em vez de... Quando o time ganha, não são três pontos hoje?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - É. Eu sou dessa época.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Antigamente, eram dois. Eu lembro demais. O empate era um e o zero...
E, aí, você teve uma série de inovações interessantes. Por exemplo, o VAR, que é muito contestado ainda, eu acho bacana a gente discutir, porque a gente ama o esporte, a gente ama. Hoje, por exemplo, tem a final do Campeonato Cearense: o Fortaleza com o Ceará, os dois grandes. E, no último jogo da semifinal, o jogo foi parado no primeiro tempo duas vezes, cada um com seis, sete minutos no mínimo de parada ali, para ver o VAR, em gols do Fortaleza... Então, quer dizer, tira um pouco aquilo... Você hoje não comemora mais, você espera a confirmação do VAR, um negócio meio... Mas eu sei que é importante, não é? É importante para o esporte. Eu acho que, você colocando na balança, é mais positivo do que negativo. Mas essa evolução é muito interessante.
Então, eu recomendo para você, que é interessado nesse assunto: no Netflix, tem a história do Bernard Tapie - não é?...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... que foi Presidente do Marseille, foi político, foi candidato a Presidente da França. E conta a história um pouco controversa desse francês. É um filme bem interessante, que eu assisti no começo do ano.
Eu só tenho mais uma pergunta, se o Senador Portinho me permite. Vamos lá! O time do Botafogo tinha uma grande vantagem sobre os demais durante quase todo o Campeonato Brasileiro de 2023. Na reta final, ele perdeu pontos importantes e não foi campeão. Estavam aqui colegas que são torcedores do Botafogo, já muito otimistas e tudo, não é? Enfim...
R
Eu pergunto: o senhor credita à Good Game - se quiser se manifestar ou não - a perda do rendimento do time do Botafogo nas partidas finais à manipulação de resultados?
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - No nosso nível, prestando atenção em alguns jogos específicos, como explicamos, nós temos visto várias manipulações, em 2022 e 2023, que são claramente identificáveis e tratam de equipes específicas. Nós, no nosso nível, não estamos na plena capacidade de dizer se houve manipulação nesse caso, mas o que podemos dizer é que, se há uma partida manipulada, o campeonato inteiro é impactado em termos de pontos.
Nós podemos ter diversos níveis de manipulação, questões de manipuladores, nós podemos ter alguém que manipula a partida para não tratar diretamente dessa manipulação de maneira explícita, mas, sim, implícita, sobre os jogadores, por exemplo, em que podemos observar que tudo foi feito de maneira normal, os jogadores é que foram corrompidos, e aí não há nenhuma ação que foi feita. Mais um exemplo do Marseille e outros exemplos que nós temos nos últimos anos e que foram feitos juntamente com a Justiça mostraram que os presidentes de clubes e os próprios clubes manipularam as partidas para ganhar pontos. Então, nós temos duas, três, quatro figuras que podem afetar esses aspectos, seja internamente ou externamente ao clube, em termos de manipulação gerada ou não por esse clube.
No Brasil, o que podemos imaginar é que os clubes se organizam e manipulam. Efetivamente nós podemos ter contratos manipulados e, logicamente, nós temos uma defesa natural do sistema que já está implementado. O que nós podemos dizer é que a existência da manipulação é real, precisa e que, se ela ocorre no nível de uma partida, seja por níveis financeiros, sempre há consequências esportivas, porque nós falamos da perda do jogo, da derrota. Então, um jogo manipulado provavelmente vai influenciar o campeonato como um todo, e aí isso vai acontecer em maneira de cadeia, seja por razões esportivas ou meramente econômicas.
A pergunta muito precisa que você fez é muito interessante.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Senador Girão, eu queria fazer uma pergunta objetiva. Foi relatado que, numa partida do dia 16 de março de 2023, eles buscaram a CBF para fazer o alerta, e não deram muita atenção.
R
A pergunta um: essa partida está sendo investigada e, por isso, não pode ser apresentado aqui nem qual foi o jogo, nem qual foi o caso, se foi do atleta, do árbitro, ou se não tem nenhuma conclusão? Ou é possível a gente saber qual foi essa partida que motivou a denúncia sobre o jogo do dia 16 de março de 2023?
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E eu emendo rapidamente a última pergunta: o Botafogo contratou a Good Game!? Faz parte dos seus clientes?
O SR. PIERRE SALLET (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Para responder à pergunta precisamente, o primeiro alerta sobre a partida que nós identificamos no Brasil foi em 2022. O alerta... Nós transmitimos nossos alertas em tempo real para os operadores esportivos com os quais nós temos contrato. E o que eu posso dizer é que, na época, não havia operadores de apostas no Brasil e nós não tínhamos nenhum contrato com nenhuma federação brasileira. Então, o que nós transmitimos em 2022 foi o resultado de monitoramento de certas partidas, que foi fornecido à CBF. E eu gostaria de reiterar que foi apenas um e-mail que nós enviamos, e nós podemos assumir que, às vezes, isso pode ter caído no spam, pode não ter sido recebido de alguma forma. Então, nós não sabemos exatamente por que a CBF não respondeu e não podemos julgar essa falta de resposta. Então, o primeiro alerta que foi emitido no território brasileiro de maneira oficial à federação e à Justiça foi um elemento resultado desse monitoramento, mesmo que nós não tivéssemos nenhum tipo de contrato com o Brasil.
Em termos de cliente, nós temos que preservar o conjunto do sistema, protegendo a nós e as investigações que estão sendo conduzidas. Então, nós não podemos dar informações publicamente quanto aos clientes que temos. Mas, claro, em casos de inquéritos, etc., eles têm essas informações. Então, eu acredito que as informações que nós detemos já foram transmitidas às autoridades responsáveis no Brasil que vão tratar do caso, mas nós não podemos compartilhar esse tipo de informação publicamente.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim, deixando claro que, nesta audiência pública, não há instrumentos para nós exigirmos a apresentação, mas será aberta uma CPI sobre manipulação, e nós gostaríamos de contar com a colaboração da Good Game!, porque, inclusive, numa CPI essas informações devem ser apresentadas obrigatoriamente. Então, quero deixar claro que a CPI vai tratar desse assunto. Por quê? Porque todo caso de suspeita que possa contaminar o esporte tem que ser investigado.
Eu desconfio, Senador Girão, que a gente vai abrir uma CPI por ano por conta de manipulação devido às apostas. Eu, como advogado desportivo, trabalhei em alguns casos de manipulação antes de as apostas chegarem ao Brasil. Eram casos que foram levados ao STJD e que influenciaram campeonatos, não é?
R
Acesso, descenso, isso sempre esteve no imaginário, porque pode haver manipulação que não tenha relação com apostas. Sim, isso ficou claro também no que disse a Good Game!. Pode ser que o intuito da manipulação seja pontuação no campeonato, seja indiretamente influir no resultado, pode ser uma manipulação, inclusive, que diga respeito a uma questão própria do atleta, não é? Tem uma gama de suposições.
O STJD, nos casos em que eu participei, não confirmou nenhum caso de manipulação, embora eu, particularmente, em dois deles, tenho a certeza de que aconteceu. Mas certeza sem prova é suposição, e suposição faz tão mal, repito, ao futebol, ao esporte quanto faz a manipulação de resultado.
A gente não pode perder a credibilidade no resultado justo das partidas. E é por isso que, numa CPI, a gente tem que ir a fundo para saber quais jogos estão sendo investigados, quais são os elementos probatórios, quem são os envolvidos, e todos aqueles que participaram e fizeram seus alertas, suas denúncias terão que vir aqui ao Senado Federal para exibir os elementos que formaram a convicção, pelo menos, em soltar um alerta, em denunciar ao Ministério Público, em denunciar à própria Confederação Brasileira de Futebol esses casos.
É um dever nosso, Girão. E as apostas vão nos obrigar a fazer isso, porque se deixar uma brecha, depois vai ser incontrolável.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - É isso. Muito obrigado, Senador Portinho, que é um Senador a quem o Brasil deve muito, o mercado esportivo, da competitividade do futebol brasileiro, porque ele foi, Senador Carlos Portinho, do Rio de Janeiro, o Relator da SAF. Então, assim...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Fora do microfone.) - Já são 59 clubes no Brasil!
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Já são 59 clubes no Brasil. É uma medida que pegou. Foi iniciada aqui no Senado Federal, não é? Eu votei a favor e estou muito feliz em participar de tudo isso, mas faz parte também de a gente conter pelo outro lado algo com que a gente é preocupado, que é aposta esportiva. Não podemos deixar o futebol e os brasileiros sucumbirem à máfia das apostas esportivas.
Então, para encerrar esta sessão, vou apenas fazer algumas perguntas. Muitas foram respondidas já, mas eu vou dar mais cinco minutos finais para o Sr. Thierry fazer as suas considerações finais, se despedir, e, se quiser responder algumas dessas perguntas aqui dos espectadores da TV Senado aqui do nosso e-Cidadania:
Sabrina, do Rio de Janeiro: "Existe algum dado cabível que tenha [...] [levado à] conclusão [sobre essas possibilidades de manipulação]?".
O André, de Santa Catarina: "Quais medidas podem ser tomadas para investigar e punir casos comprovados de manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro de 2023?". O André foi bem específico aqui.
O André, de Pernambuco: "De que forma a possibilidade de manipulação [...] [afeta] os aspectos sociais brasileiros?".
R
O Moisés, de Minas Gerais: "A manipulação acontece devido aos grandes patrocínios dessas empresas de apostas. Como é feita a fiscalização sobre esses contratos [de patrocínio]?". Olhe que interessante.
Thalys, de São Paulo: "Comprovada essa manipulação, quais serão as medidas punitivas que a lei pode usar e quais métodos serão aplicados para que não volte a ocorrer?". Thalys. É com "y", não sei se é o Thalys ou a Thalys aqui, enfim.
Rayane, do Paraná: "Transparência é essencial para manter a integridade do esporte. Devemos investigar e garantir justiça no Campeonato Brasileiro".
Muito obrigado.
Eu passo a palavra para cinco minutos finais, se quiser responder algumas dessas perguntas ou se despedir desta sessão.
O SR. THIERRY HASSANALY (Para expor. Por videoconferência. Tradução simultânea.) - Sr. Senador, eu gostaria de agradecer pelo trabalho incrível que tem feito nesse fenômeno que é tão grave. Nós partilhamos essa oportunidade e somos honrados de ter tido esta ocasião para fazê-lo.
O que podemos dizer simplesmente, em termos do trabalho do que aconteceu, que é muito importante, eu acho que igualmente nós temos que nos projetar nas competições que terão lugar, que acontecerão, e observar que as pessoas têm esse lado de paixão, que tem que ser restaurado, assim como a ética. Nós temos que manter a ética que foi perdida, isso é claro. Vocês não são o único país no mundo, como nós já falamos, que passou por isso, não é um caso exclusivo do Brasil. Então, se projetar de maneira positiva é necessário, compreendendo o fenômeno e monitorando integralmente as competições. Isso não vai diminuir o espetáculo que nós estamos observando, porque são coisas diferentes, mas vai restaurar a equidade esportiva econômica e vai trazer essa felicidade aos espectadores. Uma recomendação seria de realmente monitorar de maneira séria, implementando procedimentos nessa competição e em todas as outras competições que forem feitas no Brasil.
Muito obrigado pela atenção de todos.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muitíssimo obrigado, tanto ao Sr. Thierry Hassanaly como ao Sr. Pierre Sallet, que é fundador da empresa Good Game!. O Sr. Thierry é o CEO da empresa Good Game!. Muitíssimo obrigado pela participação de vocês diretamente desse país fantástico que é a França. Inclusive, o Presidente da França estará no Brasil na próxima semana, virá aqui ao Senado Federal pela celebração dos 200 anos da Casa.
Eu queria agradecer a todos pela audiência e ao Senador Portinho pela iniciativa, de quem eu tive a honra de ser coautor.
R
Não estando presentes os Relatores dos projetos em pauta da sessão deliberativa, nós não teremos nenhum tipo de leitura de relatório nem votação nesta reunião.
Então, muito produtiva, muito esclarecedora, é uma reunião histórica, um preparativo para a CPI. Eu acho que fica mais evidente a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito...
O Senador Portinho quer dar uma palavrinha?
Fique à vontade.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Pela ordem.) - É só um aparte, Senador Girão.
Inclusive, eu gostaria de requerer a V. Exa., como Presidente, que todo o material apresentado - e, se for possível, que a Good Game! encaminhe a sua apresentação - já integre, num primeiro momento, os elementos, o material sobre o qual a gente vai se debruçar na CPI, para que sejam aproveitados para a CPI a ata desta reunião, o seu vídeo e o vídeo do que foi apresentado aqui.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Girão. Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Solicitação muito bem lembrada e atendida prontamente.
Já encaminho à mesa esse pedido do Senador Carlos Portinho, porque é importante que tudo fique gravado, inclusive nas redes sociais do Senado Federal, para consulta pública e com 100% de transparência.
Nada mais havendo a tratar, agradeço a presença de todos e declaro encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 10 horas e 33 minutos, a reunião é encerrada às 12 horas e 35 minutos.)