22/04/2024 - 3ª - CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas

Horário

Texto com revisão

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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fala da Presidência.) - Brasileiros e brasileiras, nossas únicas vossas excelências, hoje é segunda-feira, 22 de abril de 2024.
Havendo número regimental, declaro aberta a 3ª Reunião da CPI da Manipulação de Jogos de Futebol e Apostas Esportivas, criada pelo RQS 158/2024, para apurar, no prazo de 180 dias, fatos relacionados às denúncias e suspeitas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, e aqui envolvendo jogadores, dirigentes, árbitros e empresas de apostas, ou seja, corruptores e corruptos.
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Antes de iniciarmos os nossos trabalhos, submeto à deliberação do Plenário a dispensa da leitura e a aprovação da Ata da 2ª Reunião, da semana passada.
Aqueles que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
A ata, então, está aprovada e será publicada no Diário do Senado Federal.
A presente reunião se destina ao depoimento do senhor, naturalizado dos Estados Unidos, John Textor, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) Botafogo de Futebol e Regatas, o histórico time do Rio de Janeiro.
Antes de fazer o convite ao Sr. John Textor, agradeço aqui, como sempre, ao atuante e histórico, em todo o planeta, Senador e ser humano raro Romário, nosso Relator escolhido por unanimidade; ao também atuante e preparado Senador presente do Ceará Eduardo Girão. E estão chegando os Senadores que confirmaram presença, como Carlos Portinho, Ciro Nogueira e Veneziano Vital do Rego. Haverá o tempo suficiente para eles.
Faço aqui duas declarações importantes, porque nunca aconteceram na história do Congresso Nacional.
Um: uma CPI ser realizada nas segunda-feiras, data em que normalmente os Parlamentares, tanto da Câmara como do Senado, preferem suas presenças em trabalhos políticos aos seus eleitores, em seus estados. Portanto, nós aqui, por unanimidade, optamos para que segunda-feira seja, além da quarta, às 14h, o dia oficial - também a segunda. Quando houver um conteúdo maior e um convidado que seja questionado de forma mais ampla, então esta será a segunda opção: a segunda-feira.
Por fim, número dois: é também a primeira vez que ocorre, na história do Congresso Nacional, que um Relator, que tem todo o direito regimental de ser o primeiro a fazer questionamentos, no tempo que desejar - Girão e eu nos lembramos da CPI da Covid, o Senador Renan Calheiros, respeitosamente, às vezes ficava uma hora e meia, e nós gentilmente esperávamos a nossa vez de questionar -, o Senador Romário tomou uma decisão de que ele fará todas as perguntas que desejar, seus questionamentos, mas, a cada cinco, ele permitirá uma pergunta de um Senador presente e voltará a ter o mesmo direito de cinco, ou seja, de cinco em cinco, apenas uma presença de Senador para fazer o seu questionamento.
Posto isto, convido...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Presidente, pela ordem.
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pela ordem, Senador Eduardo Girão.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Pela ordem.) - Cumprimentando a todos, especialmente o Presidente, Senador Jorge Kajuru, e o Relator, Senador Romário, dois craques.
É um momento histórico que a gente está vivendo aqui nesta CPI ,para buscar a verdade e buscar um consertamento aí, uma "consertação" do nosso futebol, que está sendo abalado com relação a toda a manipulação, e eu acho que o advento das apostas esportivas veio a colaborar com isso.
E eu queria apenas perguntar, por uma questão de planejamento: quarta-feira nós teremos a deliberativa, não é isso? Só para confirmar.
Conforme nós tínhamos acordado, quarta-feira vai ter algum momento para a gente fazer a deliberativa dos outros requerimentos que não entraram.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Foi oportuna a sua pergunta, amigo e irmão Girão.
Eu proponho e peço a compreensão dos senhores, que, assim que encerramos esta reunião, em função de tudo que vamos ouvir aqui - e já sabemos que vamos receber documentações -, que a gente faça uma reunião rápida entre nós e tomemos a decisão, porque, baseados naquilo que vamos ouvir, nós teremos que nos preparar para convites que já foram feitos na primeira reunião, num total de 34, ou novos convites, repito, em função do que vamos ouvir. Perfeito? Aí decidiremos se teremos uma reunião esta semana ou se deixaremos posteriormente para pensarmos - todos nós juntos, com nossas assessorias - e analisarmos quais serão os principais próximos convidados. Porque tudo vai depender do que vamos ouvir aqui.
Concordam?
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não, tranquilo. É porque tem uns requerimentos desde a sessão passada que eu fiz, e eu acredito que são requerimentos importantíssimos, para que a gente possa... Inclusive o que aconteceu na CPI lá da Câmara dos Deputados...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Que jamais acontecerá aqui.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... que jamais acontecerá aqui, mas ficaram furos lá, e a gente precisa trazer alguns atores para entender ou para que esta CPI seja robusta e seja mais respeitada ainda pela população brasileira.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pode ficar tranquilo. Você tem a palavra do Relator Romário e a minha, você as conhece, como conhecemos a sua. Todos os atores serão convidados.
Eu só penso que, dependendo do que nós ouvirmos aqui hoje, nós teremos que dar uma sequência por etapa, por prioridade - concorda, Relator Romário? -, por prioridade. Porque, senão... Algo dito aqui hoje não pode demorar para ter sequência na nossa investigação.
Então, eu já faço o convite, esclarecendo parte da imprensa, que me procurou no gabinete. E aqui registro com muita alegria essa voz respeitadíssima em toda a amada Paraíba, nosso membro titular, Senador Veneziano Vital do Rêgo, que também fez questão de estar aqui.
Falta então a presença do Senador Ciro Nogueira, que prometeu, e também do Senador Carlos Portinho, que veio do Rio de Janeiro, mesmo com o nascimento do seu filho.
Então, parte da imprensa me procurou, alegando que o Sr. John Textor não viria, como, aliás, muita gente da imprensa, nesse final de semana, alimentou que o Romário e eu estávamos blefando. E foi o Senador Romário o primeiro a me telefonar e dizer: "Kajuru, ele não vai falhar conosco". E realmente ele teve uma fratura de braço, como informou a imprensa na hora do almoço. Mesmo assim, ele fez questão.
E por gentileza, respeitosamente, convido à mesa, com o direito da presença de sua tradutora e de seu advogado, o CEO majoritário do Botafogo do Rio, John Textor, porque o Brasil quer ouvi-lo. (Pausa.)
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A reunião conta com o serviço de tradução simultânea português-inglês. Aqui vai ser realizada essa tradução pelos intérpretes Maria Iracema Martin e Klébert Machado, de modo que peço a colaboração dos presentes, para que evitem falar de forma muito acelerada, contribuindo para o bom entendimento de todos e todas presentes.
Como de praxe... E o Sr. John Textor tinha direito a mais tempo, mas solicitou a mim apenas 15 minutos para a sua explanação inicial nesta tão esperada CPI pelo futebol brasileiro.
Seja bem-vindo, Sr. John Textor. Os 15 minutos são seus.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Bom dia!
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Apenas, antes, regimentalmente, aqui... O Senador Romário tem mais experiência do que eu em tudo, inclusive em CPI.
V. Sa., John Textor, promete, quanto aos fatos de que tenha conhecimento, na qualidade de testemunha - e com apresentação de documentação, caso queira -, sob palavra de honra, nos termos do art. 203, falar somente a verdade e nada mais do que a verdade?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Sim.
Muito obrigado.
Muito bom-dia!
Eu agradeço a todos por me receber aqui. É um dia muito importante para mim, e eu espero que também seja para o Brasil, para o futebol do Brasil. É um esporte que nós todos amamos, e eu gostaria de agradecer aqui ao Senado por fazer algo que nós não vimos em lugar algum mais do mundo, que é uma Comissão organizada da alta administração do Estado para enfrentar um desafio tão grande. Ninguém jamais teve a coragem de fazer o que vocês estão fazendo hoje.
Eu também gostaria de agradecer ao Senado por aprovar a Lei da SAF. Baseado na inteligência deste corpo legislativo, nós criamos, foi criada aqui essa base para atrair investimentos exteriores para o Brasil, e o Brasil produz mais de 10% das transferências dos principais jogadores em todo o mundo e, claramente, é um grande exportador de jogadores, e, com a Lei da SAF, as pessoas internacionais, as pessoas deste país e também de fora não só estão trazendo capital, mas também estão trazendo novas ideias aqui para este país sobre como a governança funciona em diferentes situações, como...
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Então, vejam que não estamos só exportando jogadores aqui do Brasil, o que nós vemos como uma oportunidade para emergir um novo futebol, aqui no Brasil, para todo mundo, mas, com a aprovação da Lei da SAF, por meio deste corpo legislativo, tornou-se possível, e eu gostaria de agradecer a vocês por essa lei, porque se tornou uma jornada pessoal minha. Eu me apaixonei por este país, eu me apaixonei pelo clube e eu quero fazer de tudo que eu puder para ajudar.
A respeito do tema que nos trouxe aqui hoje, eu gostaria de reiterar - antes de entrar nos detalhes a respeito das últimas duas temporadas, do que eu aprendi - que este é um problema global.
Todo mundo fala de manipulação de resultados. Sobram aqueles que acreditam que esse é um problema, que isso ocorre, mas nós queremos aplicar a convicção de que existe essa manipulação de resultados e ver o impacto disso sobre a temporada, sobre equipes, sobre jogadores, e eu quero dizer para vocês, baseado no que eu tenho levantado, isso é como o doping: ninguém queria acreditar que o doping era um problema até nós ouvirmos falar, por exemplo, de Lance Armstrong.Depois, percebemos que isso pode ocorrer em qualquer lugar.
Manipulação de resultados. Isso afeta os nossos ídolos, afeta as nossas famílias, os nossos filhos. É tão prevalente no mundo como o doping, e no Brasil ainda mais, porque no Brasil é o principal esporte que o mundo reconhece, e isso é tão irônico, que essa atividade...
Eu adoro, eu me entusiasmo com essa oportunidade. Eu, no meio dos donos das equipes que falam da manipulação de resultados, que estão aí cumprimentando e se unindo aos membros da CBF, que tem uma Comissão para poder tratar da manipulação de resultados, mas eu estou aqui como um novato, e eu fui perseguido, eu fui suspenso, e fui processado por falar que a manipulação de resultados existe.
Eu não me importo, porque eu preciso trabalhar, eu tenho tentado trabalhar como um dono de um clube de futebol e trato aqui de perseguir o sucesso do Botafogo e também do futebol do Brasil.
E eu agradeço pela oportunidade e estou aqui para tratarmos o assunto.
Eu tenho pouco tempo antes de entrar diretamente no assunto, mas antes eu gostaria de tratar do assunto da perspectiva global.
Por que é que nós temos uma grande oportunidade aqui? Esse é um problema que existe em todos os lugares do mundo, não só nas principais divisões, e eu tenho entendido que, por meio dos experts, pelo menos um ou dois jogos por ano na Premier League e também na principal liga da Alemanha e da França, mas eu particularmente acho que ocorre com muito mais frequência nas divisões mais inferiores. Mas a respeito...
Como esta Comissão se concentra sobre apostas, eu vejo que perdemos talvez a oportunidade, porque o esporte tem sido o principal motivo da manipulação de resultados já faz muitas décadas.
Ninguém tinha uma conta de apostas online há 15, 20 ou 30 anos, mas, baseado numa pesquisa que eu realizei, vemos que isso começou muito antes de eu me encontrar com a imprensa Good Game.
Esse tema manipulação de resultados está relacionado com esporte, com dinheiro, com fraternidade. Alguns jogos são manipulados baseados na paixão ou no amor. Isso ocorre nos Estados Unidos, em futebol universitário. É o que nós chamamos de boosters.
Enquanto algumas universidades têm tentado levar e conduzir um programa bem intencionado, a associação de futebol universitário tem se empenhado em comprar carros e em recrutar dinheiro para remunerar os atletas. Vemos que esse tema da paixão pela equipe é um dos principais problemas do esporte, ainda que isso seja importante. Isso ocorreu há 50 anos, há 60 anos, e vemos que é um dos principais fatores contribuintes para a manipulação de resultados hoje.
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Eu tenho discutido esse tema e eu só posso afirmar novamente, como eu já disse várias vezes, que eu nunca fiz uma acusação sobre qualquer clube, sobre qualquer pessoa que não possa estar por trás de manipulação de resultados, como nós vimos em 2016 e em 2022. A tecnologia em que nos baseamos para provar a manipulação de resultados, o que eu pretendo mostrar aqui numa sessão secreta, e então farei a divulgação de resultado, de nomes, de pessoas, de árbitros.
Isso não nos diz porque o jogo foi manipulado. Isso só diz como foi.
Agora, a questão do motivo, da paixão sobre a fraternidade, sobre os interesses... No passado, as pessoas já foram para a cadeia por causa disso, porque as pessoas, em virtude dessa fraternidade, deixaram de fazer o seu papel ali no esporte.
Mas eu não venho com evidências de pagamento em dinheiro ou qualquer manipulação não baseada em fato. As evidências que nós vemos é que os principais jogadores estão fazendo o que podem para ganhar os jogos. A nossa evidência diz como os jogos são manipulados, e não por quê.
Deixe-me tratar rapidamente sobre isso.
Eu descobri que algo errado estava acontecendo em 2017, e não era.... Um jogo ali do Botafogo. O Botafogo estava com uma liderança de pontos, e alguma coisa ocorreu naquele jogo - que eu pretendo discutir aqui na sessão secreta - que eu pensei que não seria possível ocorrer numa divisão de elite, na principal categoria do esporte. E eu pensava que não era uma questão de erro da nossa parte ou que fosse algum erro na aplicação das regras. Eu tenho uma mente muito detalhada. Eu trato de buscar e avaliar as coisas de uma forma muito objetiva, e eu percebi esse momento, eu marquei esse momento.
E eu não acredito que tenha sido um momento de falha de interpretação o que nós vimos nessa liga. O que o árbitro, ali, de vídeo, o que as pessoas entendem e chamam de regras do jogo ou de marcar ali a linha de impedimento, marcar as faltas, entender qual é a sequência em que pode ocorrer a recusa dos jogos, ali, contra o último defensor.
E eu não pensei que esse foi um momento de afetar o Botafogo, mas um momento que iria fazer com que eu me concentrasse nesse assunto.
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Eu não pensei que esse fosse um momento que afetaria o Botafogo, mas um momento que iria fazer com que eu me concentrasse nesse assunto. Os jogos a que eu assisti que afetaram o Botafogo indiretamente, que não tiveram impacto direto sobre o Botafogo, jogos que incluíram o Botafogo, eu tratei de enxergar isso a partir de uma nova perspectiva, a partir de 2017.
Eu só conheci as pessoas de Good Game! em 2023. Eu me confortei ao conhecê-los, ao descobrir que, em alguns desses momentos tão perturbadores, eu encontrei um conforto nisso, quando eu descobri, em 1º de novembro, que eles eram capazes de detectar que a corrupção estava ocorrendo em tempo real. Eu espero tratar disso em uma sessão secreta e espero comprovar tudo o que eu digo quando eu tiver a oportunidade.
Eu creio que nós perderíamos uma grande oportunidade se falássemos apenas de 2023, da temporada de 2023, mas o que eu gostaria de falar é reconhecer que eu tenho um amor tão forte pelo meu clube que isso me cega e eu trato de investigar esse assunto da forma mais objetiva possível, o que ocorreu em 2023. Eu vejo tudo o que afetou o nosso clube e eu trato de avaliar esses jogos aqui. Eu farei, aqui, na sessão secreta, juntamente com a empresa envolvida...
Eu olhei os jogos em 2022. Eu sou um dono de clube, eu quero ganhar jogos, eu quero ganhar um campeonato. Eu penso que, se eu puder provar, além de uma margem de dúvida, que os jogos de 2022 foram manipulados contra os nossos principais jogos e que os jogos de 2023 foram manipulados contra os nossos principais times, que isso, juntamente com outras evidências, com possíveis anormalidades, poderia fazer com que o Tribunal Desportivo, a polícia e também este Corpo legislativo possa tomar ações.
Tendo a minha carreira e também o nosso clube em mente, nós vemos que eu não venho aqui esperando receber um troféu ou ser congratulado, mas eu posso dizer para vocês que o que nós descobrimos aqui não é nada diferente do restante do mundo. Na Bélgica, na França, em toda a Europa, o acerto ou a manipulação de resultados é uma realidade. Nós devemos deixar a nossa paixão de lado. O que ocorreu no ano passado pode ter ocorrido em outros anos, e nós temos uma grande oportunidade com o que a tecnologia nos proporciona hoje. Vamos falar disso hoje. Eu tenho a opinião de que não existe uma inteligência artificial, isso é programação.
Você me convidou hoje para estar aqui e eu pude estar aqui hoje, pude investir nesse clube. Muitas pessoas não sabem o que produziu a riqueza para que eu pudesse comprar a empresa e estar aqui hoje. É que eu fui o fundador de uma empresa de inteligência artificial e, com esse dinheiro, eu pude comprar um time e posso estar aqui hoje.
A manipulação de resultados é como um truque de mágica de David Copperfield. Nós estamos olhando aí para a bola, mas, no momento em que o atacante chuta essa bola, todo mundo está olhando para ele e também para o árbitro; mas não é aí onde ocorre o truque, não é na pessoa que intercepta o passe...
(Soa a campainha.)
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O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - ... não é o atraso ali daquele encontro, é uma atitude diferente, é um desânimo no momento em que você deveria estar entregando toda a energia. O que vemos é que na manipulação dos resultados isso ocorre em cada milissegundo, em cada momento, e agora nós temos a capacidade de revelar o que ocorre por trás dessa manipulação de resultado. E se nós encontrarmos uma maneira de chegar nesta sessão sem que seja, assim, em um ambiente público, nós poderemos tratar disso com mais detalhes e poderemos focar sobre uma questão.
Cada jogador, cada árbitro sabe agora que a visão computacional pode enxergar cada segundo do seu jogo e existe a capacidade de avaliar tudo o que é feito ali dentro e é capaz de verificar se ocorre ou não manipulação de resultados em cada uma dessas instâncias.
Eu não sou capaz de... Eu não quero causar problemas para uma pessoa específica, eu não quero tratar dos problemas da temporada anterior. Eu estou aqui diante desta Comissão e reconheço a coragem desta Comissão de fazer, enfrentar esse problema aqui no Brasil. É um problema que afeta o país que nós temos; e somos capazes de exportar não só os melhores jogadores do mundo, mas também somos capazes de ter as melhores regras do mundo.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nós agradecemos a explanação inicial do Sr., americano, John Textor, CEO majoritário do Botafogo do Rio de Janeiro.
Tenho certeza de que este Senador e homem público, acima de todas as médias, que foi o criador desta CPI, que obteve o maior número de assinaturas da história do Senado Federal, o amigo e irmão Romário, e todos nós membros desta CPI estamos satisfeitos porque prometemos que ela não começaria no zero a zero, que ela começaria tendo fatos, tendo provas, tendo documentos...
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB. Fora do microfone.) - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... e tendo nomes.
Isso significa que vale informar a todos do país, da pátria amada e da imprensa que essa sessão secreta será hoje, ao final dos trabalhos, em que receberemos tudo o que o Sr. John Textor acaba de dizer que tem em mãos.
Me parece que, pela ordem, porque eu já tenho que ir ao nosso Relator...
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) - Não, Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - ... mas pode ter a sua prioridade, Senador Veneziano Vital do Rêgo.
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB. Pela ordem.) - Não, em absoluto.
V. Exa. tem tamanha sensibilidade e alcance, que era exatamente a dúvida que eu iria lhe expor, e expondo ao nosso Relator Romário, porque como o convidado, Sr. John Textor, falou em três ou quatro ocasiões da sua exposição, muito objetiva e muito direta, que só iria aos detalhes conquanto em uma reunião secreta, eu iria exatamente perguntar a V. Exa. se seria hoje ou se estaria marcada para data próxima, apenas para tirar essa dúvida, mas V. Exa. disse que será hoje.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Hoje, rigorosamente hoje, e tive a concordância do Relator Romário, do Senador Girão, e, na hora em que estávamos aqui, não tem porquê deixar para amanhã.
Esta CPI tem que começar mostrando que ela é diferente, em todos os sentidos.
Eu já li, nesses cinco anos, e já aprendi a te conhecer por música, Veneziano Vital do Rêgo.
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Bem, rapidamente, nesta oportunidade, esclareço que o art. 4º, inciso II, da Lei nº 1.579, de 1952, estabelece que fazer afirmação falsa ou negar, ou calar a verdade como testemunha, perito, tradutor ou intérprete, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito - esta CPI da Manipulação de Jogos de Futebol e Apostas Esportivas -, constitui crime punível com pena de reclusão de dois a quatro anos e multa.
Imediatamente, passo a palavra ao Relator desta CPI que, tenho certeza, fará uma enorme diferença entre todas as realizadas até hoje no futebol brasileiro. Criador, amigo, irmão, Relator, Senador Romário, com a palavra à vontade.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito obrigado, amigo e irmão Presidente, Senador Jorge Kajuru. Obrigado pela presença, aos amigos presentes e irmãos também, Senador Vital do Rêgo e Senador Eduardo Girão. Obrigado a todos que estão aqui participando, direta ou indiretamente, desta reunião tão importante para o nosso país no que se refere às manipulações das apostas e dos jogos, que vem acontecendo nesses últimos anos.
Quero fazer uma saudação especial ao Sr. John Textor, por estar presente e por ter acatado o nosso convite, e todos aqueles que o acompanham, Dr. Bichara, Tairo e outros advogados aqui presentes.
Quero, primeiramente, parabenizar o Sr. John Textor pela coragem de ter vindo aqui e de ter falado o que falou e principalmente pelo que vai fazer, depois, nessa chamada reunião secreta. O senhor, como estrangeiro... Muitos, inclusive, quando o senhor falou algumas dessas palavras lá atrás, duvidaram e não acreditaram que o senhor teria algum tipo de prova. Eu inclusive ouvi muitos chamarem-no de fanfarrão, mentiroso e conversa fiada.
Eu acredito que, com a sua capacidade, sua inteligência e essa demonstração, mostrar realmente o que o senhor tem, será de grande relevância para esta CPI, será de grande relevância para o nosso futebol e será de grande relevância para o nosso país.
Chegando agora também o meu amigo e irmão Senador Portinho. Seja bem-vindo, Senador.
Enfim, eu vou aqui direto às perguntas, e eu tenho certeza de que todos nós Senadores temos muitas perguntas. Sr. John Textor, vou fazer logo as minhas primeiras cinco, não é isso, Senador, Presidente? Faço cinco, depois um outro Senador faz uma, e depois eu faço outras cinco.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Para que o Portinho, conforme eu combinei - como carioca e preparadíssimo, Senador Carlos Portinho -, no telefone, eu disse que ele poderia chegar que daria tempo tranquilo... Perfeito?
E o Senador Romário abriu uma exceção, nunca feita aqui na história do Congresso Nacional. Tendo ele o direito de ficar o tempo que desejar nas perguntas, ele fará, a cada cinco perguntas, uma parada, e dará o direito para que nós possamos fazer uma, e assim por diante, até ele encerrar e a gente continuar com o nosso tempo, em pingue-pongue e não em bloco.
Correto, Senador Portinho?
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito bom. Pela ordem, só queria, primeiro, agradecer a presença..
(Pronunciamento em língua estrangeira, aguardando posterior tradução.)
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Mas - in portuguese now - eu queria saber da nossa assessoria... Eu tentei ouvir na Rádio Senado, está passando naturalmente a sessão deliberativa...
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Não deliberativa.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... não deliberativa. É, parece que o canal do YouTube está transmitindo, mas no aplicativo eu não consegui acompanhar, e eu procurando no aplicativo. Só para confirmar se está sendo transmitida a sessão, até porque alguns botafoguenses também me perguntaram.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Bem, vou aqui começar minhas perguntas.
Sr. John Textor: 1- As denúncias apresentadas pelo senhor têm como base as análises comportamentais feitas pela empresa Good Game!. O senhor acredita que essas análises são suficientes para construir provas de manipulação? É possível diferenciar com precisão um erro intencional de uma falta de concentração? Essas perguntas são parte da primeira pergunta.
2- Ao receber essa análise, o senhor e sua equipe se aprofundaram na investigação, produziram algumas evidências adicionais? O senhor pode colocar à disposição desta CPI todas essas informações?
3- O senhor investe em time de futebol fora do Brasil também, na Inglaterra, na França e Bélgica, por exemplo. Em sua visão, nesses países, a manipulação de resultado é maior ou menor do que no Brasil? O senhor contratou a mesma empresa para analisar jogos do campeonato francês e inglês? Já fez alguma denúncia de manipulação de resultado nos campeonatos europeus?
4- O senhor tem conhecimento de algum lugar do mundo em que houve condenação por manipulação de resultados com base apenas em relatórios de análise comportamental, como os produzidos pela Good Game!?
E a quinta e última deste bloco:
5- O senhor adota algum método de monitoramento do Botafogo para evitar eventuais manipulações por parte dos atletas? A Good Game! também analisou o seu próprio time, sobretudo após a queda drástica de rendimento durante o Campeonato Brasileiro passado?
Essas são as perguntas, Sr. John Textor.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - As cinco primeiras do Relator Romário. Tradução, por gentileza, de forma mais tranquila.
Sr. John Textor com a palavra sobre as cinco primeiras perguntas do Relator Romário.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Muito obrigado, Senador Romário.
Gostaria primeiramente de perguntar ao senhor, já que eu recebi cinco perguntas, não sei se recebi e anotei todas aqui na ordem, já que estava dizendo... A sua primeira pergunta, poderia dizer novamente, por favor, uma por uma?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - As denúncias apresentadas pelo senhor têm como base as análises comportamentais feitas pela empresa Good Game!. O senhor acredita que essas análises são suficientes para construir provas de manipulação? É possível diferenciar com precisão um erro intencional de uma falta de concentração?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Muito obrigado.
Eu gostaria só de lembrar a todos que foi em agosto de 2017 quando eu me dei conta desse problema e comecei a investigar e descobri que tinha muito pouco que eu poderia fazer. No jogo do Vasco, particularmente, eu acredito que ocorreu um tipo de erro que não ocorre pelo árbitro de VAR, nas principais categorias. Foi um dos gols mais bonitos que eu vi em muitos anos. O atacante estava avançando e o atacante foi colocado como impedido. E nós vimos que ele erroneamente foi colocado ali dentro da parte... e foi anulado. E eu vejo ali que o ângulo da câmara, naquela situação particular, revela que a parte inferior do jogador do Palmeiras estava à frente do jogador do Vasco, e, se essa pessoa estava à frente do jogador... E, se se traçar essa linha ali pela grama, na linha do jogador, percebemos que isso seria uma... Se essa linha pontilhada estava aparecendo ali na tela... E, ao inspecionar aquela linha da forma mais atenta, depois que nós vimos, aquela linha estava claramente inclinada pra frente do ombro, para incluir o pé do jogador do Palmeiras - e o jogador do Vasco foi declarado como impedido.
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Foi um momento em particular que me deixou muito perturbado, porque pareceu pra mim que é o tipo de erro que o árbitro de VAR não pode cometer. Eu não acredito. E eu fui atacado pela Associação dos Árbitros. Eu sei o quanto é difícil, o quão difícil é ser um árbitro. Eu já tentei ser árbitro uma certa época e eu errava a determinação ali de impedimento. Mas quando nós chegamos a esse nível tão elevado - e eu fiquei muito perturbado com aquela situação... E isso foi seguido pelo gol do Botafogo, quando Marcos... quando Bruno Henrique atingiu ali o... fez o seu próprio gol, e havia um jogador que estava impedido, mas não estava, e o gol foi permitido; e esse foi outro momento muito perturbador. Foram dois gols anulados ali naquele momento, foram duas decisões controversas; não nos nossos jogos, mas nos jogos de outras equipes - e dos nossos jogos eu vou discutir aqui na sessão secreta.
E nós vemos aqui nessas decisões, nesse equilíbrio entre decisões, que podem ocorrer de forma honesta ou por incompetência - e nisso eu não acredito, porque os árbitros são muito bons... E eu quero construir essa resposta de forma cronológica: no caso do Palmeiras, nós estávamos ganhando de 3 a 1 - e o problema de corrupção já era anterior a esse jogo - e eu vejo que... Lá em agosto ou setembro, eu me encontrei com algumas pessoas da família do Botafogo que reconheciam que nós estávamos tendo muito problema com manipulação de resultados, que nos afetavam. E um árbitro tomou uma decisão que era uma decisão fácil, era uma decisão: nós estávamos ganhando de 3 a 1, já no final do jogo houve uma falta simples, uma falta óbvia, e foi chamada, o jogador fez a falta no outro; e eu fui lembrado duas vezes que esse foi um erro do VAR, mas eu acho que foi além disso. Eu estava lendo ali os feeds, isso estava passando no nosso estádio, e eu percebi que o ângulo do... nas imagens do VAR que passavam, que chegavam ao árbitro do VAR, eu via que essa linha pontilhada...
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Vemos que esse é o último recurso em termos de defesa, em termos de recurso dentro do sistema do futebol, e o que nós percebemos é que o árbitro do VAR estava argumentando, com muita contundência, que o jogador do Botafogo tinha a posse de bola, sendo que ele não tinha a posse de bola, e o que o ângulo da câmera mostrava não era o ângulo adequado da câmera, que mostrava ali o limite daquela linha pontilhada. E é claro que, uma vez que você limpa isso, nós vemos que a intenção do jogador era essa e que foi claramente uma falta intencional.
Mas isso.. Mesmo se o árbitro declara a falta e nega a oportunidade de jogo... Bem, isso não é uma questão do que nós acreditamos, se ele tocou na bola antes ou não, mas é sobre a possibilidade de ele alcançar a bola. A regra geral, em termos do árbitro de VAR, por mais que ele não esteja familiarizado ou goste daquele primeiro ângulo da imagem, ele pode procurar outro ângulo de imagem... E, nesse caso particular, a minha suspeita é que nós tínhamos um árbitro muito bom naquele jogo, que tem feito um trabalho excelente... E ele declarou essa falta, ele não deu um cartão amarelo, e ele foi chamado pelo árbitro de VAR, que diz... E eu estava vendo ali pelo feed... Não era uma questão da possibilidade de se alcançar, mas havia duas câmeras de alta definição que mostravam que o nosso defensor, nosso zagueiro, havia chegado primeiro naquela bola, e não existia uma forma de ele descartar essa evidência.
E, quando nós ouvimos o áudio, que algo incrível quando a CBF decide responder com informação sobre o nível de transparência que outras... e tem um nível de transparência maior do que de outras ligas do mundo... Quando mostra o ângulo real da câmera ali, o que o árbitro de VAR enxerga, ele decide e toma decisão com base nisso.
O árbitro precisa acreditar no árbitro de vídeo, e que ele é capaz de enxergar ali, de frame por frame, enquanto o árbitro de campo tem que decidir tudo aquilo em uma fração de segundo. Então, ele avança o vídeo, que mostra que o Adryelson pegou primeiro a bola, e deliberou se ele realizou a jogada, se ele era o último defensor. E o que ocorreu ali, naquele momento, foi muito perturbador. Percebemos que o árbitro do jogo tratou de tomar a melhor decisão possível, mas ele foi traído pelo árbitro de VAR. E eu não acredito que esse tipo de erro seja possível, porque o acronismo que diz TOGSO... Os árbitros de VAR sabem muito bem disso.
Eu só posso pedir aqui... Somente uma instituição de investigação poderia exigir essa resposta. Por que você não enxergou o ângulo? Por que você não visualizou, não inspecionou esse ângulo da câmera?
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E eu peço desculpas aqui pela resposta muito longa, mas eu sinto muita paixão por esse assunto, a respeito da manipulação de resultados, mas a televisão vai dizer que é algo interpretativo. As pessoas vão dizer que o Botafogo estava reclamando, estava chorando, mas todos sabemos que aquilo foi algo que mudou o campeonato, mas eu sei que isso ocorreu lá, já em 2007, e eu tenho vários exemplos de erros do árbitro de VAR.
Temos uma situação na Inglaterra, quando houve um jogo do Liverpool. Nós acreditamos que foi um erro e que isso ocorre raramente numa grande liga. E o que nós percebemos foi que, naquele momento... às vezes a mesma combinação de árbitro de vídeo e árbitro de campo. Isso às vezes é importante ser verificado, e eu vou compartilhar com vocês essas evidências.
Mas para responder a sua pergunta: o que a tecnologia de jogo do Good Game! é capaz de revelar é que ele é capaz de distinguir o comportamento humano. O método da Good Game!, em 2013, foi aplicado primeiramente com o handball. Ele olha, ele avalia o comportamento normal, o comportamento real; e, depois, ele distingue, é capaz de identificar um comportamento anormal. Existem margens de erro de desempenho, por exemplo, devido a cansaço do jogador, devido a idade do jogador.
Vemos que isso ocorreu - por exemplo, no jogo do São Paulo e do Palmeiras -: o que eles chamam de deficiência. Eu acho até que essa palavra não é muito adequada, mas o que eles buscam identificar é o desvio. O que a tecnologia faz é: eles olham esses 90 minutos, cada milissegundo, e identificam qual é um comportamento normal em cada milésimo de segundo, como o ser humano responde àquela interação com a bola. Então, ele identifica uma certa margem de variação desse comportamento normal. Depois, se ele não estiver atuando dentro dessa margem de três, então ele marca aquela interação como anormal.
Na noite que estamos falando, no jogo do Palmeiras, havia três jogadores, o que nós poderíamos identificar como deficiência normal. Isso pode ocorrer de forma isolada. Weverton tinha uma deficiência, porque ele tinha um passe muito ruim; Ríos tinha uma deficiência, porque ele... Mas isso ocorreu de forma muito isolada.
Depois, ele passou a analisar os jogos - a parte - do São Paulo: um jogador teve oito deficiências, isso estava além do triplo da reação normal de um jogador normal. Isso estava além da normalidade de um jogador, e ele tomou a decisão de não interceptar a bola. Ele pode mudar a inclinação do corpo para não interagir ali com a bola. Ele pode identificar... Essa tecnologia é capaz de identificar quanto de peso que ele coloca em cada uma das pernas e como esse jogador se comporta na interação ali com a bola, como ele se posiciona ali na grama e como que ele move a sua perna.
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Então, a imagem de computador, agora, nos permite perceber e avaliar as imagens de forma muito mais precisa do que um ser humano é capaz de enxergar. O que esse jogador decide é não interceptar uma jogada, um passe, em vez de correr. Isso eu vou mostrar aqui no filme que eu trouxe. É algo que poderia estar ali em cima das suas pernas, mas, quando nós vemos o que ocorreu naquele jogo em particular, ele estava mais de oito desvios padrão acima do desvio esperado para aquele jogador, naquele problema, de uma jogada de gol normal. E, ao mesmo tempo, eu acredito que, naquele momento, houve sete ou oito jogadores que tiveram deficiências, mas cinco, em particular, que tiveram deficiências em número cinco, seis ou oito deficiências, e sempre na mesma marcação, que eram jogadas com potencial de gol.
Então, eu tenho um alto grau de convicção ou de confiança nessa tecnologia porque um gol foi um pênalti invalidado pelo árbitro de VAR. Os nomes desses jogadores... Vocês podem assistir ao jogo e podem avaliar por conta própria. Mas eu tenho tratado de forma muito, muito enérgica, proteger o nome desses jogadores. Eu não estou dizendo que esses jogadores manipularam o jogo, mas eu vejo que sim, posso afirmar que esse jogo, sim, foi manipulado pelo comportamento, pelo envolvimento. Mas agora essa análise mais subjetiva não cabe a mim. O que a tecnologia, sim, nos permite dizer é que a probabilidade matemática de um jogador ter oito desvios padrão em todos os jogos, em todas jogadas de gol, com risco de gol, é muito reduzida, a chance é muito reduzida. Mais do que oito desvios padrão em todo o jogo, em todas as situações com risco de gol, é muito remoto. E ter cinco jogadores com esse mesmo comportamento num jogo normal da temporada, tudo ocorrendo numa sequência, numa situação com risco de gol... Esses jogadores, em outra situação, em outro lugar do jogo, já foram presos baseado nessa tecnologia, os jogos foram cancelados e times já foram suspensos por conta do comportamento do time. Utilizando essa tecnologia, esses documentos são admissíveis na Justiça. Nunca houve um questionamento deles quando eles são trazidos aqui para o tribunal.
Eu gostaria de pedir desculpa aqui pela demora, pela delonga, mas é uma pergunta muito importante. Eu sei que o Senador tem outras perguntas e eu peço desculpas. Se tem outras perguntas, poderia, por favor, repetir?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Já respondeu a algumas delas.
O senhor tem conhecimento sobre se em algum lugar do mundo houve condenação por manipulação de resultados com base apenas em relatórios de análise comportamental, como os produzidos pela Good Game!?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Já que eu estou sob juramento e que eu fui ameaçado pela imprensa de que eu iria para prisão se eu não fosse capaz de provar, certamente essa pergunta é para a equipe da Good Game!, que vai tratar de temas específicos da tecnologia. Mas eles já me mostraram várias situações em que eles estiveram envolvidos, em que o envolvimento deles é confidencial, mas na sessão secreta eu sei que eles vão ser capazes de trazer todas as evidências e as informações para vocês.
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Eu posso apenas confirmar o que eu aprendi deles, o que eu soube deles é que pessoas já foram presas, equipes já foram sancionadas ou suspensas e penalizadas, e eu sei, sim, que a credibilidade deles como especialistas realmente revela, ao longo dos anos, para mim, e eu tenho visto, que parte da plataforma regulatória deles na Europa, em que eles monitoram jogos em tempo real, são jogos da Copa do Mundo, são jogos da Champions e jogos regulares.
Eles têm tecnologia para avaliar a manipulação de resultados em tempo real ali em jogos, que é utilizada, inclusive, para empresas de apostas e também para os reguladores de apostas, e eu trarei, inclusive, nomes aqui na sessão secreta. Eles têm tido o procedimento de comunicar os achados para os órgãos reguladores e eles apresentaram um relatório muito abrangente a respeito de manipulação de resultados a essas autoridades.
Apenas por eu dizer, por eu trazer... Eu publiquei esses relatórios envolvendo alguns árbitros e, por ter feito isso, da minha parte, individualmente, eu passei a enfrentar muitos problemas. Mas, a respeito do que tem ocorrido em outros países, sim, isso ocorre em outros países, e essas equipes têm sido suspensas. E isso tem ocorrido também em jogos importantes.
Então, eu convido vocês que se aprofundem na investigação e nas informações que estão disponíveis. Esse é um relatório de 188 páginas de apenas um jogo, e eu acredito que esse relatório é algo que poderia ser aceito, reconhecido inclusive na Justiça, porque ele é muito detalhado, trata apenas da manipulação de resultado. E isso é apenas para um jogo. E acredito que isso seria plenamente admissível na Justiça.
Eu estou colocando a minha credibilidade aqui à prova, já que estou aqui no Brasil e vejo como tem sido tratado. O mundo está prestando atenção nesse programa SAF aqui do Brasil, e eu estou sendo processado na justiça criminal, porque o presidente de uma federação não aceitou o meu convite para me reunir com eles, por mais de um ano.
Eu nunca acusei o Palmeiras de nenhum tipo de irregularidade. No meu país têm duas testemunhas que estão sendo investigadas. Eu acredito que o Palmeiras pode ser parte, poderia participar, já que ele é inocente, mas vejo que... o meu foco não é o Palmeiras, não é ninguém. Eu acredito que a integridade deveria ser preservada; e a minha credibilidade a respeito desse tema está à prova.
Eu vejo que na Bélgica é um grande problema essa questão de manipulação de resultados. Eu apenas comecei a me aprofundar sobre esses 17 pênaltis que o meu time concedeu. Eu encontrei que eu demiti o técnico da Bélgica e, enfim, eu demiti várias pessoas já, a partir desses achados. E eu já percebi, já identifiquei que, na Bélgica, vários jogos ocorreram, foram alvo de manipulação, se é que isso responde à sua pergunta.
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E por último, sim, se nós estamos vendo o Botafogo, sim, nós vemos o Botafogo, nós avaliamos o Botafogo. Eu trato de ensinar para eles. Eu vejo que a corrupção é algo que morre com a luz do sol. E os nossos jogadores estão cientes de quem é o chefe que eles têm lá no time.
Eu aprendi muito mais sobre essa tecnologia e aprendi a julgar e como analisar e como assistir aos nossos jogos. E nós estamos, sim, aplicando essa tecnologia para os nossos próprios jogadores, nossos próprios jogos. E também estamos avaliando todo o campeonato.
Nós precisamos de aproximadamente 30 dias para avaliar todos os jogos de uma rodada. E nós já identificamos, sim, outros jogos que não afetam o campeonato do Botafogo, mas isso é um trabalho que toma tempo.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Muito bem. Vai alternar, ou só pela ordem?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Vamos esperar a quinta vez.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Veja... Ah, já fez...
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Na verdade, eu estou refazendo as perguntas.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Ah, porque não foi. Está o.k.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O senhor investe em times de futebol no Brasil e também na Inglaterra, França e Bélgica, por exemplo. Em sua visão, nesses países, há manipulação de resultado? Essa manipulação é maior ou menor do que no Brasil? O senhor contratou a mesma empresa para analisar jogos dos campeonatos francês e inglês? Já fez alguma denúncia de manipulação desses jogos nos campeonatos europeus?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Bem, a empresa Good Game! tem sede na França. Eu não sei se essas pessoas, se a liga assinou o trabalho ou contratou o trabalho deles, como nós fizemos aqui. Mas vemos que eles têm alguns clientes lá. Eu, por exemplo, recebo vários alertas em tempo real, aqui no meu aplicativo. Nós temos, na Copa da França, na semifinal da Copa da França... houve uma situação, no minuto 32, de um pênalti que foi invalidado, que deveria ter sido pênalti. Nós deveríamos ter ganhado... Nós ganhamos o jogo, mas no final, recebemos um pênalti que não deveria ter sido recebido. Eu odeio desapontar as pessoas, mas esse foi um jogo em que o pênalti nos favoreceu.
E essa tecnologia nos tem oferecido várias vantagens, e eles têm tratado de divulgar o trabalho que eles fazem. Na verdade, é um sistema de VAR automatizado, e eles me disseram que não enxergam o nível de manipulação de resultados, como nós temos aqui, em nenhum outro lugar. Eles já me disseram que as avaliações dos árbitros não, não... É maior no Brasil do que em outros lugares.
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Eu tenho a minha a própria teoria da aceleração desses problemas no último ano, mas eu não acho que a minha teoria seja relevante.
Eu sinceramente acredito que esse seja um problema global, mas eu agradeço novamente V. Ex. por trazer esse tema à pauta, porque ninguém mais está preocupado com isso.
Eu respondi todas as suas perguntas, Senador?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sr. Textor, o senhor adota um método de monitoramento do Botafogo para evitar eventuais manipulações por parte dos atletas? A Good Game! também analisou o seu próprio time, sobretudo após a queda drástica de rendimento durante o Campeonato Brasileiro do ano passado?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Sim, eu pedi para eles fazerem isso. Eu ainda não recebi os resultados. Eu conversei com a minha equipe no meio do ano. Eu acredito que... A nossa equipe acredita que algo de errado ocorreu na nossa temporada, e eu tenho tratado disso privadamente. Eu vou tratar dos motivos aqui na sessão secreta.
E estamos realizando investigações, mas, quando nós vemos a mesma combinação de árbitro de campo, árbitro de VAR e jogadores, existe uma caixa preta de seleção de árbitros, e eu acredito que a CBF deveria ser mais transparente sobre o como, sobre a forma em que os árbitros são escolhidos, como os árbitros de campo e os árbitros de VAR, principalmente como certas duplas de árbitros foram pareadas da mesma forma em mais de 20 jogos na sequência.
Então, quando esse par produz mais de dois gols inválidos na vitória do Flamengo sobre o Botafogo, isso é o que eu chamo de prova circunstancial, que a tecnologia não pode enxergar como o árbitro de VAR e o árbitro de campo... Não mostrou a evidência de vídeo para o árbitro de campo, que poderia revelar ali porque que esse... Que poderia ter permitido que o Palmeiras poderia ter ganho esse jogo. Mas eu acabei ficando satisfeito com a explicação de que isso ocorreu, e minha preocupação é de que os jogadores não fazem parte disso, e que outras partes atuaram. E como ocorre esse colapso por parte desses jogos? E como você pode ter 14 vitórias numa temporada? E eu gostaria de pedir desculpas por toda a família do Botafogo, mas, se nós não somos capazes de olhar no espelho e de resolver os nossos problemas da nossa própria equipe... e que existem pessoas trabalhando para subornar a nossa própria equipe.
Bem, se entendermos que isso não envolve o nosso time, se entendermos que isso envolve alguém do nosso time, alguma pessoa do nosso time, isso será parte das provas que vamos produzir.
Devemos então fazer essa reflexão e olhar no espelho e aceitar todas as consequências. E eu devo receber esses relatórios do que ocorreu na temporada, eu devo receber esse relatório nos próximos 14 dias.
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O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - O.k., muito obrigado. Estou satisfeito, Sr. Textor.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bem, brasileiros e brasileiras, inicialmente Deus e saúde a todos e todas que nos acompanham pela competente TV Senado, que já está com uma enorme audiência, transmitindo, na íntegra, esta reunião, que tem tudo para ser histórica no futebol brasileiro; às emissoras BandNews FM, TV Meio e Rede Novabrasil FM, também o nosso agradecimento.
Registro, com muito prazer, a presença de um Senador da República, que é o orgulho de Roraima, que já está aqui presente, Dr. Hiran, para que ele também tome conhecimento de algo que nunca aconteceu na história das CPIs.
O Relator Romário, espontaneamente, aceitou minha sugestão, como Presidente, para que, embora regimentalmente ele tenha o tempo que ele desejar para perguntar, e a nós cabe esperar nossa vez, em ping-pong de um tempo para cada Senador, e não em bloco, como foi combinado por unanimidade por todos nós. Então, o Romário terminou o seu primeiro bloco, eu faço aqui apenas uma pergunta; seguiremos com o segundo bloco e daremos sequência à inscrição dos Senadores presentes.
Bem, Sr. John Textor, em meus 50 anos de carreira de jornalista esportivo nos maiores jornais, rádios e redes de TVs do Brasil, aprendi que cabe a um jornalista prestar atenção - e bastante atenção - na contradição que às vezes existe nas declarações de pessoas públicas.
No seu caso, eu vou mostrar aqui, em telão, por fineza, com a nossa Secretaria da Mesa da CPI da Manipulação de Jogos de Futebol e Apostas Esportivas, duas declarações feitas pelo senhor recentemente. Elas apresentam para mim - e respeito à opinião de todos, inclusive a sua - uma gigantesca contradição.
A primeira foi dada em seu site e também no canal Medeiros, do Youtube. Ela diz o seguinte - telão por gentileza -, é a primeira: "Ano passado foi turbulento, não vou deixar o que aconteceu ano passado passar impune. Estamos em uma nova temporada, temos provas pesadas, 100% confirmadas, de que o Palmeiras vem sendo beneficiado por manipulação de resultados por pelo menos duas temporadas".
Aí vem a contradição da segunda declaração sua, que foi dada em entrevista coletiva à maior parte da imprensa brasileira e aqui alguns veículos que acompanharam e também no seu site oficial. Ela diz - tudo o que eu falo entre aspas, foi palavra, uma a uma, expressada pelo senhor -, o senhor disse: "Eu não fiz acusação alguma contra o Palmeiras, eu não fiz acusação alguma contra o São Paulo. O que eu fiz foi entregar evidências de manipulação de resultado com envolvimento de jogadores".
Estamos diante de duas declarações. Em qual, John Textor, eu acredito? Na primeira declaração ou na segunda? É a minha única pergunta no revezamento.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - As duas declarações estão corretas, eu não vejo a declaração que foi apresentada.
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Baseado no que eu acredito, nas provas que eu apresento, baseado na minha confiança na metodologia, eu acredito que vamos demonstrar de forma conclusiva que o Palmeiras foi beneficiado de manipulação de resultado em 2002 e 2003... 2022 e 2023.
Eu investi muito recurso nesta investigação, eu identifiquei dois jogos que eu acredito que também vou apresentar aqui na sessão secreta, porque vocês, sim, têm poder de investigação e eu posso indicar a direção correta para que vocês possam identificar e encontrar a manipulação de resultados. Mas o que eu trouxe na minha declaração... Isso foi do blogue do repórter, não a minha declaração, mas, se vocês analisarem a minha declaração em si, é que, a respeito do 100% de manipulação do Palmeiras, nas últimas duas temporadas, eu só preciso apresentar um jogo na última temporada para que eu possa validar a minha declaração. E também é verdadeiro que eu nunca acusei o Palmeiras ou o São Paulo como clubes, como equipes, de estarem por trás disso. Eu posso dizer aqui que o Julio, que comanda o São Paulo, é um dos mais carinhosos e mais receptivos presidentes de equipes do Brasil.
Da última vez, ele me abraçou e ele disse que a minha presença aqui foi transformadora para o bem aqui, para o Brasil. E esse... Existem situações muito evidentes que afetaram os jogos dessa equipe. Eu não sei o motivo, qual a razão de os jogadores se comportarem daquela forma naquele dia. Eu já disse, já dei aqui o exemplo de futebol universitário dos Estados Unidos, a instituição da Universidade de Alabama tem a possibilidade de ter influência, de eliminar a influência dos seus atletas - porque vocês sabem que o dinheiro é capaz de corromper as pessoas. Eu nunca aleguei que Leila, ou Julio, ou o clube, os clubes estavam envolvidos nisso. Então, eu não vejo uma contradição nessas declarações.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Voltando ao segundo bloco de cinco perguntas do Relator, Senador histórico Romário.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Sr. John Textor, o Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, entrou com um processo no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acusando o senhor de calúnia, em função das suas declarações contra a entidade e seu presidente, o mesmo fizeram os Presidentes de São Paulo e Palmeiras. Há também processos no STJD no mesmo sentido. O foco de suas declarações foi a atuação da arbitragem em jogos do Botafogo. O senhor acredita que haja árbitros envolvidos em manipulação de resultados no futebol?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Bem... Se eu puder decompor essa resposta em partes, os relatórios indicam - da Good Game! -, dizem que nunca houve uma avaliação de árbitros que invalidou, que avalia como algum pênalti, ou algum cartão vermelho, ou algum pênalti, que estabelece os motivos envolvendo o mesmo, a mesma dupla de árbitros de campo, e árbitros de VAR. Não tem uma maneira de eu deixar de entender dessa forma, depois de um ato de invalidação de jogo quando eu identifico essas inconsistências.
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Quando eu ouço os áudios do VAR no Palmeiras e Botafogo, em 1º de novembro, e quando eu ouço o jogador, de forma muito enfática, argumento: eu vi a posse, eu vi as condições. E, quando eu sei que o vídeo diz o oposto, eu apenas tenho o poder de questionar isso, de questionar...
Eu sei que eu estava emocionado naquele momento e eu o chamei de corrupto, e eu ainda acredito que ele foi corrupto. E eu sei que eu fico... Eu sustento essas declarações e eu publico todos esses vídeos no meu site. Lá eu explico como eu utilizo a palavra "corrupto" em diferentes situações. Eu sou uma pessoa dedicada aos dados e os dados estavam cheios de dados em que o resultado revelou corrupção. Eu liguei para a CBF e eu pedi a renúncia dele, porque, nos dois anos em que eu estou aqui, você pode imaginar que o chefe do Arsenal se reunir com o chefe dos árbitros da Premier League, ou alguém, algum chefe de equipe, o presidente do campeonato se reunir com...
Vejam: eu tratei de fazer relações públicas com ele, e ele poderia me convidar aqui pela lei da SAF, e eu me reuni com o presidente de integridade da comissão, que não respondeu aos meus e-mails. E, naquela noite, quando eu o denunciei, quando eu pedi a renúncia dele... Eu ainda estou esperando pela transcrição do primeiro gol do Flamengo... gol do Flamengo, mas isso demora tanto para receber respostas... Outros donos de equipe foram capazes de fazer denúncias e dizer que a manipulação de resultado não ocorre, mas eu peço, por favor, assistam aos vídeos. Você pode ver tudo isso no vídeo, eu vejo que está evidente.
Você pode imaginar o chefe da Premier League processando o Presidente do Arsenal, o Presidente de outra equipe que pediu a renúncia dele? Eu não consigo explicar esse processo, eu acredito que é uma oportunidade imensa, incrível de apresentar as minhas evidências e eu espero que ele continue com esses processos que envolvem o Palmeiras, envolvem o São Paulo. Eu sinto... É ruim, porque a Leila foi muito gentil comigo, sempre foi, mas honestamente a todo mundo que está ouvindo aqui, se vocês descobrem esse tipo de informação no meio da temporada, como vocês vão lidar com tudo isso? O que eu fiz foi apresentar um relatório detalhado ao tribunal e ali eu protegi, eu eliminei o nome de todo mundo e pedi por uma investigação. Eu não fiz nenhuma alegação, eu pedi para que fosse investigado - e eu pedi isso em dezembro. Se o tribunal tivesse se debruçado sobre aquele relatório, nós não estaríamos onde estamos hoje, porque tivemos que apresentar evidências nas últimas semanas, nos últimos meses, e agora isso acabou levando a processos.
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E esse processo me permitirá trazer as evidências, as provas, seja... Mas vejam: se essas evidências não são entregues para quem está sendo alvo desses processos, eu vejo que isso é um tema para os promotores decidirem como vão fazer.
Eu acredito que eu respondi. Eu me distraí por um momento no meio da resposta, mas eu acredito que eu respondi concretamente tudo.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito bem.
O senhor contratou a empresa Good Game! para também fazer a análise da arbitragem e também dos jogadores ou apenas dos jogadores?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Eu os contratei para estudarem jogos específicos para me dizerem se eles foram manipulados, e o relatório de análise da Good Game! me disse... Eles se baseiam para dizer se ele foi manipulado ou não. Além desses cinco gols, houve uma decisão errada do árbitro? E, se essa combinação de árbitro de campo e árbitro de VAR teve dificuldade para poder acertar ali, tomar decisões corretas ali naquele jogo, isso é algo que tem que ser investigado. Mas, em termos de manipulação do jogo Palmeiras e Fortaleza, isso acabou identificando envolvimento dos jogadores no jogo Palmeiras e São Paulo em 2023, e baseado apenas em envolvimento dos jogadores.
Eu tenho vários relatórios de atuação dos árbitros que eu tenho divulgado online, e deveríamos ser capazes de perguntar como, no jogo de Palmeiras e Bahia, uma jogada simples de ser decidida e que poderia ganhar três pontos para o Palmeiras... E eu acredito que as pessoas podem identificar e avaliar por conta própria. Naquele jogo, em particular, o jogador do Palmeiras sofreu uma falta, foi empurrado por trás, é uma falta clara, e então foi vantagem, o árbitro concedeu a vantagem. A bola nunca deveria ter sido chutada ali. Deveria ter chegado e ser marcado aquele gol. Essa foi uma decisão fácil de ser tomada pelo árbitro de VAR. E vemos que são problemas envolvendo o árbitro de VAR, são... Muito fácil de comprovar que foi um gol válido ou um gol inválido. Mas eu acredito que isso está além do nível da margem de erro de um árbitro, porque isso eu acredito que não foi um erro do árbitro.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Muito bem.
Só para finalizar agora, Presidente, eu acredito que essa pergunta que eu vou fazer para o Sr. John Textor tem um significado muito grande, porque a gente lê muita coisa, ouve muita coisa, e é bom até, eu acredito, para o senhor esclarecer isso definitivamente para todo o Brasil.
Considerando que o senhor acredita que houve manipulação dos campeonatos disputados pelo seu time, o Botafogo, o senhor pretende continuar investindo no futebol brasileiro? Muita gente diz que o senhor estaria fazendo tudo isso porque o objetivo é vender sua participação na SAF Botafogo. Como o senhor poderia responder essa pergunta?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Bem, eu sei que essa... Não é a respeito da sua pergunta, mas eu diria que essa é a pergunta mais estúpida que pode existir.
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Se eu quisesse vender a minha participação, eu não estaria dizendo as coisas ruins que estão fazendo aqui, não estaria falando de corrupção, não estaria... eu nunca venderia um negócio dessa forma.
Eu tenho sido o mais transparente possível. Nós divulgamos as atualizações de tudo o que nós estamos fazendo, a nossa renda aqui. Nossa renda saiu de US$50 milhões, em 2022, e estamos com US$75 milhões, um ano e meio depois. Tem sido muito bom comercialmente para nós, para o Botafogo, e eu vejo isso também para o Brasil.
Eu convido a todos que estão vendo esse programa SAF, que venham também para o Brasil. Se você me convidar aqui para trazer ideias modernas para o Brasil... mas, em vez disso, eu passo a ser processado, passo a ser perseguido, passo a ser denunciado. Isso não é um ambiente tão convidativo, eu diria.
E eu acredito que no rádio, em 2022, as pessoas estavam me atacando. Eu amo a família do Botafogo, eu peço desculpas aqui pelas pessoas que torcem por outra equipe, mas eu recebo um suporte imenso aqui pelo Botafogo e pelas pessoas, inclusive de outras equipes, e eu acho incrível. E essa é uma das grandes lições que eu aprendi aqui no Brasil, mas dizer que eu estou criando esse cenário de manipulação para vender o meu negócio, vender a minha participação, isso acaba sendo muito incoerente e muito imaginativo.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Muito obrigado, Sr. John Textor, pelas respostas.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bom, quem também agradece aqui é esta CPI da Manipulação de Jogos de Futebol e Apostas Esportivas.
Há algo inédito em CPIs, que foi a posição e a postura do Senador Romário, e eu não esperava diferente. Diferentemente de todos os Relatores, ele preferiu fazer apenas dez perguntas, sendo que poderia fazer até 30, se quisesse, como aconteceu na CPI da Covid, por exemplo. E ele não quer mais perguntar, prefere revezar com os nossos companheiros presentes.
E eu vou, democraticamente, fazer com que o mesmo direito que tive de... no meio das duas rodadas de perguntas do Senador Romário, eu, como Presidente, fiz uma pergunta. Eu obedeço à linha de inscrição: ao Senador atuante Eduardo Girão, uma pergunta, depois ao Senador Carlos Portinho. Quem mais? O Senador Hiran também - já confirmou que quer fazer -, o Senador Veneziano também deverá fazer uma. Depois dessas quatro, nós voltaremos pela lista de inscrição, que começa comigo, aos dez minutos de cada um, em pingue-pongue e não em bloco, conforme combinado - pergunta/resposta, pergunta/resposta - porque eu creio que seja bem melhor assim.
Concluo agradecendo pelas perguntas e comentários. Peço às assessorias que fiquem atentas, pois, de repente, há uma pergunta que não foi feita aqui, e é interessante, ao senhor convidado, prazerosamente e respeitosamente, por nós, John Textor, em redes sociais, de todos nós Senadores, que estamos transmitindo ao vivo - sem parar e na íntegra - esta sessão que tem tudo para fazer história no futebol brasileiro. E, ao encerramento dela, teremos, então, a sessão secreta, onde receberemos toda a documentação - com nomes aos bois, como declarou o Sr. John Textor -, com provas e tudo o mais, para que possamos iniciar com nossas equipes a assessoria e definirmos a próxima reunião e também os convidados.
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Senador atuante Eduardo Girão, é a sua vez, por fineza.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Eu quero cumprimentar o Relator, o Senador Romário, pelas perguntas, até algumas aqui nós cortamos, porque ele já as fez; quero cumprimentá-lo pela sua condução, Senador Kajuru. Nós estamos tendo aqui um debate de alto nível, uma CPI começando com o pé direito; e eu quero cumprimentar o Sr. John Charles Textor. Seja muito bem-vindo ao Senado Federal, com o seu staff aqui. É muito importante a sua coragem em se posicionar, em trazer este assunto à tona. Nós estamos aqui para defender o que é correto.
Eu fui Presidente do Fortaleza Esporte Clube, em 2017. Sou apaixonado pelo futebol, especialmente o brasileiro. E eu vejo que isso precisava acontecer, o que a gente está vendo aqui agora, e o senhor foi um instrumento, porque o advento das apostas esportivas - eu já vou entrar na pergunta, Presidente - eu acredito que foi muito ruim para o nosso futebol. Nós estamos vendo brasileiros comprometendo uma renda básica, temos muita gente pobre neste país e comprometendo a sua renda básica com apostas esportivas.
Eu conversei com o Presidente do Fortaleza recentemente e ele me disse, inclusive, Senador Portinho, que o torcedor fica muito mais exigente, porque a essência do futebol, que é de unir, de integrar, de lazer, de uma competitividade saudável, Senador Veneziano, está agora turva, porque, além do resultado e de você ficar chateado com o time, o índice de chateação é muito maior, porque você perde dinheiro. Então, isso tem repercussão na sociedade, em casa e em uma série de situações, com o endividamento dos brasileiros. E entra também pela manipulação... E a gente precisa aqui fazer o nosso papel.
A SAF, e o senhor falou na sua consideração inicial, que foi uma grande propulsora nesse momento de competitividade do futebol brasileiro... Está aqui o Relator do meu lado, o Senador Carlos Portinho, do Rio de Janeiro.
Acredito que o Senado cumpriu um grande papel. A Câmara dos Deputados, que fica aqui vizinha, também o fez. E isso trouxe pessoas como o senhor, um grande investidor que gosta do futebol, a gente percebe isso. Eu não o conhecia pessoalmente, mas vejo que o senhor é entusiasta do futebol. Eu lhe agradeço por ter investido num grande clube do futebol brasileiro, tradicional, como é o Botafogo.
Eu quero lhe fazer uma pergunta sobre a Confederação Brasileira de Futebol, porque o senhor, como Presidente do clube, tem um relacionamento institucional - era para ter - com a Confederação Brasileira de Futebol. E, pelo que o senhor colocou aqui, parece-me que ficou um pouco isolado com essas denúncias. Eu quero saber o nível de confiabilidade do senhor na nossa Confederação Brasileira de Futebol. Se, na sua opinião, ela estaria sendo omissa ou conivente com essas revelações de fraudes, supostas fraudes que existem aí nos campeonatos de todas as séries do Campeonato Brasileiro, todas, série A, B, C e D.
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Operações estão acontecendo no país, desvendando uma podridão que existe no nosso futebol, e era chegada a hora de uma CPI desta para buscar a verdade e buscar ver qual é a concertação disso, porque os torcedores brasileiros - e eu converso com os torcedores no estádio - estão apreensivos com tudo isso. Eles não sabem se estão sendo enganados ali no esporte, se está sendo manipulado. E a gente precisa ver o que é que esta Casa pode fazer para consertar isso, especialmente essa relação de apostas esportivas.
E a minha pergunta objetiva para o senhor é a seguinte: existe, na sua opinião, uma conivência, uma omissão flagrante da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que me parece ter relações, inclusive com patrocínios, no seu campeonato, com empresas bets? Há conflito de interesse nesse aspecto, a Confederação Brasileira de Futebol, com relação específica com algumas empresas de apostas, na sua opinião?
Essa é a minha pergunta. Muito obrigado.
Se acontece no mundo isso, só ampliando um pouco mais. Acontece no planeta uma confederação que organiza o campeonato de futebol ter patrocínio de bets também? Obrigado.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Obrigado por todas essas perguntas, Senador.
Eu odeio questionar a integridade de pessoas que eu não conheço, mas as minhas acusações sobre a manipulação de resultados levaram à implicação da CBF. Eu nunca me reuni com a CBF. Eu já viajei com representantes da CBF, eu já me encontrei com o Presidente, um dos diretores, com o Chefe de Árbitros, eu já me encontrei, o Sr. Wilson. Foi uma reunião muito produtiva, mas a Liga de Futebol, eu nunca pensei que fosse acontecer, e aquilo tinha que ocorrer.
Ali na CBF, eu vejo muito mais como eu vejo a FA, que conduz ali a primeira divisão, que cuida ali dos lucros que estão gerados ali no futebol, para que o dinheiro possa ser distribuído ali da primeira divisão para a segunda divisão, que nós entendemos que é parte da liga. Então, para a terceira, quarta e quinta divisão do sistema.
Esse relacionamento, que pode ser negociado com tanta facilidade ali, a respeito do recurso produzido pelo futebol, que possa ser distribuído para a academia do futebol, para a formação das categorias de base...
Aqui, quando nós vemos o tamanho do orçamento, do dinheiro arrecadado pela CBF, eles controlam, por exemplo, a designação de árbitros. A avaliação dos árbitros, por exemplo, é um problema. Eu vejo que a participação da CBF em parceiros de imprensa, eu acho muito estranha essa relação da CBF com a imprensa e com a mídia, e essas pessoas já me chamaram para televisionar e para me dar oportunidade de falar, e eu acho isso...
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De alguma forma, é estranha essa relação entre a mídia e a CBF... que a CBF controla, por exemplo, a liberdade de expressão, de eu ter esse convite, por exemplo, e ele ser revogado - de ser retirado.
Todas as histórias que eu ouço, todo esse ruído que eu ouço durante todo esse tempo... Podemos ver na imprensa, a cada momento: "Essa pessoa, John Textor, está fazendo essas acusações e ele não apresenta nenhuma prova". E a mídia sabe muito bem que eu apresentei todas as provas em dezembro, protegido, ocultando os nomes de pessoas. Eu acreditava e eu apresentei isso para o tribunal competente para poder tratar desse assunto.
E as histórias que eu vejo sendo produzidas, não só aqui, como na Flórida, como em Washington... sendo produzidas, dizendo que John Textor tem produzido denúncias sem nenhuma corroboração de provas... E vocês sabem melhor do que eu como essas coisas ocorrem. E eu acredito que existe... Essa logomarca da CBF é algo incrível, tem um poder imenso de trabalhar com esse orgulho do Brasil.
E eu acho muito estranho que a Liga não tenha sido capaz de progredir com a Libra e com outra liga de futebol. Essa caixa preta do futebol: eu não sei como um árbitro de VAR... Se ele é emparelhado com outro árbitro de campo 16 de 20 vezes, eu acho esse tipo de emparelhamento, esse tipo de coincidência muito estranha.
Eu não sabia dessa participação da CBF em empresas de aposta. Essa foi a sua pergunta? Se eu soubesse disso... Bem, é uma surpresa. Eu nunca soube disso até hoje, mas vejo que algumas pessoas não podem estar... As empresas de aposta não podem estar no uniforme das equipes. Isso está sendo retirado da equação em outras partes do mundo, e eu não consigo imaginar uma participação, um patrocínio de empresas de aposta na confederação de futebol. Isso eu acho muito estranho.
Mas agora nós vemos essa participação de várias empresas - não só de aposta -, que são relações estranhas envolvendo o futebol e que podem levar, por exemplo, a simplesmente fazer com que os jogadores não marquem, não joguem, não façam o que deveriam fazer... E as pessoas que manipulam essas jogadas, eles não investem, eles não apostam pelos canais legítimos de aposta; eles buscam canais escusos de aposta para poder fazer. Essa é uma maneira indireta, um mecanismo direto.
A visão computacional é uma forma indireta de análise de jogos e nós temos essa análise direta também, que nós podemos assistir ao jogo. E temos muitos dados dessas centenas de jogos e em um jogo em particular, que foi manipulado, eu acredito que tenha sido a aposta internacional, mas eu não acredito que a confederação poderia estar recebendo... Enfim, poderia estar recebendo patrocínio de empresas de aposta. Isso eu acho que deveria estar sendo separado, deveria se manter livre disso.
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Os fãs adoram isso. Se o seu time está ruim, a torcida espera que ele seja dispensado. Se um árbitro está errando, ele deveria ser dispensado também. Eu acredito que tudo isso deveria ocorrer de forma ampla e transparente e não da forma como é feito dentro da CBF, numa verdadeira caixa-preta em que as decisões são tomadas.
A propósito, eu gostaria de dizer aqui sobre o Fortaleza... Eu tentei contratar o técnico lá da sua equipe, mas a pessoa aqui do seu lado acabou herdando o cargo. Mas eu posso dizer que Marcelo é uma pessoa com uma mente muito aberta a respeito de ideias para corrigir esse jogo, essa modalidade. E eu enxergo tudo isso lá no Fortaleza.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bem, foram oportunas tanto a pergunta quanto a resposta do Senador Girão e do Sr. John Textor.
E que fique aqui bem claro - nada a esconder nesta CPI - que vamos dar nomes. A CBF fechou um patrocínio com a empresa de bets Betano para patrocinar o campeonato brasileiro. No que cabe a nós integrantes desta CPI, há responsabilidade de entendermos que, em quaisquer segmentos, precisamos separar o joio do trigo. Não são todas as casas de apostas que podem ser acusadas, mas aquelas de que nós tivermos qualquer envolvimento, qualquer elemento, qualquer prova, eu espero que todos nós tragamos para cá e chamemos para a devida investigação, com total independência, inclusive, neste caso, em relação à CBF e ao seu patrocínio, já que ela não aceita, por exemplo, o patrocínio de governos municipais, estaduais e do federal, mas aceitou da parte de bets.
Seguindo, então, o que nós combinamos, o direito de uma pergunta é do Senador Carlos Portinho. Ele, como o melhor advogado esportivo do Brasil que foi, conhece o submundo do futebol - hoje não pode ser mais, como Senador do Rio de Janeiro - no seu direito à sua única pergunta. Depois seguiremos. Depois, teremos o retorno para o pingue-pongue, de 10 minutos cada um.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Como Relator.) - Pela ordem, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Senador Romário, Relator.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu quero só deixar bem claro aqui, ao Senador Girão e todos aqui presentes, que a CBF já se colocou à disposição para mandar para a gente todos os tipos de documentação que esta CPI entender que será necessária.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Inclusive o relatório de 109 partidas.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Também.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu estive com ele pessoalmente. Ele já vai entregar para nós aquilo que não teve acesso até hoje, que é o relatório das 109 partidas que aquela empresa tem - que hoje é sediada na Suíça -, com a alegação de que houve manipulação de resultados no futebol brasileiro de 109 partidas.
Senador Portinho, por finesa.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Boa tarde, John Textor. Muito obrigado por investir no futebol brasileiro, você e todos aqueles que acreditaram na Sociedade Anônima no Futebol como um caminho, inclusive, de valorização do futebol brasileiro.
Eu vou conduzir as perguntas em português, aproveitando que há um tradutor, mas até por conta da audiência, para quem nos assiste, que não necessariamente compreenderia se na língua inglesa eu conduzisse esta conversa, esta reunião.
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Antes de tudo, eu preciso dizer, mais uma vez - e gosto de fazer, faço com prazer -, que quando eu assumi o meu mandato no Senado Federal, embora não fosse obrigado por lei, eu me licenciei das minhas atividades junto à Ordem dos Advogados do Brasil e saí também da sociedade do meu escritório, justamente porque eu acreditava que era incompatível a atuação pública com a atuação privada, por diversas razões e, principalmente, porque de muitos temas que importam à vida privada nós tratamos aqui na vida pública, e esse é um deles.
Dito isso, como advogado especializado em Direito Esportivo, eu atuei para, posso dizer, meu querido amigo advogado Bichara sabe, praticamente todos os clubes do Brasil e tive a satisfação de atuar, não diretamente, para o Botafogo - Dr. Bichara o fez -, mas, em duas ocasiões, em dois casos muito sensíveis, para atletas do Botafogo, no caso Dodô e no caso Jobson.
Eu estava me recordando de que, quando eu retornava da Europa em 2009, depois do julgamento na Corte Arbitral do Esporte, na companhia do Dr. Bichara na defesa do atleta que se eu não me engano foi o Jobson, estourou um grande escândalo de corrupção e manipulação de resultado na Europa. Isso foi em 2009 e envolveu, inclusive, o campeonato da UEFA.
Há 15 anos, eu não imaginava estar aqui nesta cadeira do Senado e há 15 anos eu não imaginava que as apostas estariam no mundo do futebol. Eu vi, a partir desse caso, e acompanhei, estudando, como a Europa se preparou após isso para coibir casos de manipulação.
A minha maior preocupação na Lei das Apostas foi incluir esses instrumentos na lei, a participação da Polícia Federal com um grupo tático especializado, a participação do Ministério Público com um grupo especializado, o papel da Confederação Brasileira de Futebol diante dessa nova realidade, e das federações do futebol, e o papel dos clubes, que precisam se unir, porque... O senhor é um mensageiro. Se a gente, na primeira denúncia - desculpe o termo -, mata o mensageiro, a gente deixa de receber a mensagem. E se a gente deixa de receber a mensagem, o crime se contenta e prevalece e a gente vai ter mais dificuldade ainda para apurar casos de manipulação e se preparar para o que é uma realidade no mundo, a partir do momento em que, no caso, o futebol escolheu a sua dependência às apostas, porque hoje o futebol brasileiro é dependente das apostas. E isso é o que mais me preocupa.
Eu advoguei para diversos casos no STJD, John Textor, e em dois deles eu tenho certeza de que houve a manipulação. Ocorre que a prova da manipulação, Senador Hiran, é das coisas mais difíceis. Por quê? As casas de aposta, em grande parte, muitas vezes, são vítimas da manipulação. Os clubes, muitas vezes, são vítimas da manipulação. Muitas vezes, a manipulação está, sim, no comportamento de atletas, da arbitragem, em subornos de terceiros que são levados a manipular. Antes das apostas, esses dois casos em que eu participei no STJD, e eu sei que houve, não consegui provar, mas um deles eu tenho certeza de que houve, apenas eu não podia ir além, porque a prova é muito difícil de ser feita. E esses casos em que houve a manipulação de resultados contaminam o futebol brasileiro.
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A primeira reação - e eu compreendo - da Confederação Brasileira do Futebol, que tem que zelar pelo seu campeonato, pela valorização do seu campeonato, é rejeitar, é dizer: "Não, no nosso campeonato não tem manipulação".
A UEFA acreditava também em 2009 que não tinha manipulação, mas, para a gente tratar a doença, o primeiro ato é reconhecer que você pode estar doente. Se a gente não criar os instrumentos, se a gente não receber e ir a fundo nas denúncias, a gente nunca vai descobrir se houve, ou não, a manipulação.
Nós escutamos a Good Game! aqui. Achei interessante o seu estudo sobre o comportamento do atleta, mas, por outro lado, em todo esporte coletivo - nosso campeão, multicampeão Romário sabe -, principalmente futebol, em uma partida de futebol, em grande parte delas, o resultado é determinado pelos erros: os erros dos atletas ou os erros da arbitragem, não necessariamente com o intuito de manipular.
A apresentação da Good Game!, que eu achei interessante, mas com a qual eu fiquei preocupado... Porque, se a gente só olhar para o comportamento - como eu concluí, ao final, até para a imprensa, daquela audiência pública -, tão ruim quanto a manipulação das apostas é a suspeita da manipulação de apostas.
E eu tenho receio, Senador Kajuru, de que todo ano a gente vá ter uma CPI para apurar. Já era assim a desconfiança sobre resultados e já era assim antes da chegada do John Textor, como investidor, no Brasil. A gente teve o caso da máfia do apito. Essas duas partidas a que eu me refiro - do STJD, em que eu tenho certeza de que houve, só não consegui provar, foram a julgamento inclusive, ambas - foram antes das apostas.
É a manipulação para um resultado esportivo? É a manipulação para um acesso ou para evitar um dissenso?
Quantas vezes no imaginário do torcedor ele já ouviu da tal da mala branca, que é o clube ser ajudado para ganhar uma partida? Ora, ele já tem que ganhar uma partida, mas não, alguém que tem interesse naquele resultado dá lá um bicho, como a gente chama, um paga, para os atletas terem o resultado que deveriam ter, vencer uma partida?
A gente já tinha isso aqui no futebol brasileiro, da mala branca, e a gente também tem, teve casos de mala preta, que aí dito é o suborno, para perder, para manipular o resultado em seu próprio desfavor.
Então, John, primeiro, todas as suas denúncias são importantes, quero deixar muito claro isso. Se você tiver 100% certo, ou se você tiver 100% errado, é obrigação... Muitos vão perguntar: "Mas o Senado está perdendo tempo com isso?" Isso diz respeito ao torcedor, ao brasileiro, e agora, infelizmente, ao apostador. Então, é do interesse do Senado. O Senado, como eu digo, é do pepino ou ao foguete; a gente tem que lidar com tudo que interessa ao país. Dito isso, eu queria fazer uma pergunta. Eu tenho uma segunda breve, não sei se eu posso juntar.
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Vamos cumprir, Arnaldo Cezar Coelho, que você tanto...
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Vamos cumprir a regra.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A regra é clara, é uma pergunta, porque depois você voltará a ter dez minutos para quatro ou cinco perguntas.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Como eu disse, o comportamento é interessante, mas só o comportamento, por si só, ele nunca vai servir de prova sozinho. Na própria apresentação que a Good Game! fez, ela trouxe um jogo conhecido de manipulação, lá atrás, no Campeonato Italiano, se eu não me engano, foi do Sassuolo. E a empresa entrou para assessorar o juízo onde estava sendo discutida judicialmente essa questão. Ela entra depois de outras provas e aí, pelo comportamento, ela ratifica, ela confirma que houve a manipulação.
Mas havia, John, outras provas. Eu queria, não sei se está no ponto, está no ponto aí para passar? (Pausa.)
Eu queria, para a gente ver como é perigoso a gente só olhar para o comportamento do atleta... E o lance que eu vou colocar eu coloquei também na audiência da Good Game!, justamente confrontando a análise de que o comportamento dos atletas é o determinante, onde não houve manipulação - quero deixar claro -, não houve manipulação. Mas como é que, se a gente olha só para o comportamento dos atletas, isso é perigoso.
Pode soltar.
(Procede-se à exibição de vídeo. )
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Noventa e quatro minutos do segundo tempo. Final da Libertadores da América. Uma partida que iria às penalidades ou ia para a prorrogação, não me recordo agora, e duas falhas individuais: uma bola lateral mal dada, um "tijolo" como dizemos no futebol, do David Luiz para o Andreas Pereira, e uma falha inesperada, numa bola simples, que ele deve fazer essa atrasada para o goleiro... em cada treino ele deve dar umas dez dessas e nunca errou, jogador de seleção.
Então, se a gente olha só para o comportamento, a Good Game! não analisou, mas eu não tenho dúvida, ela ia botar a setinha para o lado, para cima, para onde vai a bola, a tropeçada do atleta, a gente tem que ter muito cuidado só com isso.
E eu sei que você teve o cuidado, você... realmente, Kajuru, em nenhuma das declarações o Textor disse que o Palmeiras ou o São Paulo participaram da manipulação. Ele alerta que o comportamento do atleta enseja uma maior investigação, porque ele não tem meios disso. Nós podemos ter; o STJD, infelizmente, não tem. Essa é uma outra questão com que, desde quando eu era advogado esportivo, eu me debatia. Não há uma parceria do Ministério Público com o STJD, porque, na verdade, o STJD, o tribunal desportivo, não é uma corte do Judiciário, ela é uma instância administrativa da CBF. Isso já foi decidido inclusive - não é, Bichara? -, no caso Dodô, com todas as letras. Ele até é mais um departamento da CBF; ele não é um tribunal autônomo.
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Dito isso, com essas imagens, eu queria, Textor, fazer uma pergunta.
Nos jogos em que você relata que eventualmente pode ter acontecido manipulação, foi avaliado pela sua equipe, pela CBF ou por alguém se houve alguma movimentação atípica nas apostas? Isso foi checado junto com o comportamento dos atletas?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só antes, Sr. John Textor, só para registrar com muito prazer desta CPI, que o GE (globoesporte.com) está transmitindo, desde o início, toda essa nossa sessão.
Sr. John Textor com a palavra.
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) - Presidente, Presidente...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Pois não, Senador Veneziano Vital do Rêgo.
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB. Pela ordem.) - A título de... Não é nem curiosidade, é só para que nós nos organizemos: o senhor pretende estabelecer a hora para que nós nos reunamos? É porque eu acho que...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Depois das perguntas dos senhores, teremos o tempo nosso e já suspenderemos a reunião para ouvir tudo que é secreto e depois dar satisfação à imprensa.
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) - Perfeito.
É para que nós economizemos, Presidente, porque está comprovado aqui que nós estamos no campo da subjetividade. Tudo é subjetivo. E as respostas também do Sr. Textor são subjetivas, serão subjetivas.
Para que nós ganhemos cinco minutos, oito ou dez, enfim... Eu, por exemplo, não terei nada, senão me repetir. E saberei que o Sr. Textor não vai dizer nomes. E vai ficar na subjetividade. E na subjetividade nós não temos como acusar absolutamente e não avançar em nada.
Eu pondero, proponho, sem prejuízos ao que eu quero ouvir, ao que o Senador Hiran desejará também ouvir, que nós já estabeleçamos essa reunião a sós, porque senão vamos ficar no oito. O que eu vou perguntar vai ser mais ou menos o que já fez Eduardo Girão e o que já fez Carlos Portinho. É subjetivo. Se ele tiver algo palpável, que objetivamente nos traga, para que nós avancemos...
Essa é uma colocação que eu faço.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Só pela ordem, Senador Veneziano.
Eu também gostaria muito de chegar lá nessa reunião para a gente ver mais a fundo. Mas essas perguntas que a gente está fazendo aqui são preparatórias. Elas não são subjetivas.
Perguntar, por exemplo, se foi checado se houve manipulação, eu quero saber se essas análises de vídeo...
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) - Pode saber na secreta também.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Não, mas a gente está, na verdade, ganhando tempo com isso, porque depois a gente vai ver. Tem relatório de cem páginas, tem muito mais provas aí para a gente avaliar.
Eu tenho uma segunda pergunta aqui que também é bem objetiva e que não tem nada a ver com as imagens que vão ser feitas. É a ele como Diretor ou Presidente da SAF.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Sim, eu também quero chegar lá no final da história. Mas eu tenho algumas perguntas preparatórias até para eu poder avaliar melhor o que for...
Desculpa. É só para me posicionar.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Eu concordo com o Senador Veneziano Vital do Rêgo. É prudente.
Mas eu queria humildemente pedir - sou um juvenil perante os senhores aqui nesta Casa - que a gente apenas então fosse mais objetivo em cada questionamento, porque terminaríamos rapidamente - Concorda? -, tanto de sua forma, Sr. John Textor, mais objetivo; nós também. E aí já chegaríamos à conclusão. Suspenderemos. Não terminaremos. Essa é uma reunião só, porque hoje é que vamos saber de tudo o que ele vai nos entregar. Perfeito? Não vai ser amanhã. Vai ser hoje.
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E aí voltaremos, depois que recebermos todo o material, para darmos uma satisfação a todos, especialmente à imprensa brasileira e à sociedade brasileira, e aí, sim, encerraremos esta reunião.
Concorda, Relator Romário?
Já disse a mim que concorda, portanto, evidente que antes eu o consultei.
Sr. John Textor, à boa colocação do Senador Carlos Portinho, a sua resposta por fineza?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Bem, de acordo com o comportamento ali do jogador, que foi a base - eu não tenho certeza se eu entendi bem a sua pergunta, mas o que você mostrou ali naquele vídeo foi como qualquer outro momento terrível ali no futebol... E eu já joguei, tentei fazer um passe para trás... Mas eu acredito que aquele jogador tropeçou na grama e não teve ali a velocidade correta na hora de fazer esse passe de retorno.
Eu sei que você deve ter tido, tem, uma afinidade ali com a equipe, e deve ter sido muito difícil. Mas não é disso, o método de que estamos falando não está tratando disso.
Eu daria um exemplo: tem ali um zagueiro, a bola, um meio campista... Chega até ele a bola, e nós entendemos o que é um comportamento normal, ele normalmente vai estender a sua perna, vai flexionar o seu corpo e vai receber essa bola. Isso a imagem computacional é capaz de identificar. Muitas vezes a audiência não é capaz de identificar, mas a visão computacional sim, ela pode ver, por conta...
Se, por qualquer motivo - ele deveria receber aquela bola e dominar aquela bola - e, se por qualquer razão, ele não recebeu aquela bola, se ele colocou as suas costas para trás, o corpo se tornou menor e a bola passa, e ele não é capaz de pegar a bola, então aí ele sofre o gol, esse seria um passe, seria um movimento estranho. Mas veja, nós podemos fazer isso a respeito de basquete, ou em qualquer outra modalidade. Simplesmente... Ele poderia, sim, ter um momento infeliz naquilo ali. Ele poderia, sim, tropeçar ali na grama, mas, quando a bola vem ali, a 18 quilômetros por hora, o que essa pessoa normalmente vê, quando ela vê essa bola, ele abaixa a sua cabeça, encolhe o corpo e se prepara para poder receber. Mas, naquele momento, ele faz o oposto, ele muda o ângulo, ele põe os ombros para trás. E o primeiro momento, depois de perceber aquela situação de gol foi, não de acelerar, mas de desacelerar - e esse é outro ponto de dado -, e, no mesmo momento, o goleiro, ele se identifica que está aí, ele está fora do centro... E, se é um jogador profissional, um goleiro profissional, ele trata de controlar ali o ângulo, mas ele não faz isso, ele faz dois passos para esquerda e ele está sempre ali, ele se apresenta de forma, com menos alcance do que normalmente ele se apresenta.
Essas anormalidades ou desvios, todas elas em combinação, em conjunto, todos esses comportamentos estranhos são muito diferentes desse exemplo que V.Exa. apresentou aqui, que pode ser perfeitamente descrito como um erro, um erro honesto, numa situação de gol.
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Mas estamos falando de outra coisa, eu gostaria de não falar sobre a temporada de 2013. Mesmo que a Leila tenha a última palavra a respeito disso, ou que eu tenha a última palavra sobre isso, mas eu gostaria de falar sobre como você pode arrumar isso ou corrigir isso imediatamente. As coisas ruins são corrigidas com a luz do dia. A luz do dia, a transparência é que pode corrigir.
Eu vou financiar câmeras melhores em todos os estádios... Por US$1,1 mil, você pode ter 11 câmeras ali em torno do estádio para filmar tudo, e elas podem produzir uma imagem volumétrica que pode ser capaz de identificar cada detalhe milimétrico que cada jogador pode produzir. E você pode ter VAR automático, você pode ter detecção automática de manipulação de resultados, isso por menos de US$1 mil ou de US$3 mil. Além de perceber quem é que fez o erro e ter alguém... identificar ou investigar quais são os candidatos, nós podemos corrigir isso, podemos acabar com isso. Cada milissegundo... Ao longo de centenas desses jogos, eles identificam quanto tempo demora para ele chegar até essa bola e responder àquela jogada. Em vez de fazer isso, nós podemos simplesmente confiar na tecnologia que eles desenvolveram.
Quando esta Comissão enfrentar aqui esse problema antigo, milenar, de manipulação de resultados... Existe uma história antiga de que o Shaquille O'Neal - e eu estou trazendo essa história de uma pessoa que trabalha muito próxima a ele - se sentou ali numa bola sem saber que uma das pessoas de uma das principais bancas de apostas ali nos Estados Unidos... E ele disse para mim: "Shaq, você não deveria ser fotografado com ele, e eu estou te fazendo um favor aqui, Shaquille O'Neal". Mas ele falava: "Não, não, não, eu sou capaz de cuidar de mim mesmo. Pode deixar". Mas ele disse: "Mas como que você é capaz de fazer com que esses jogadores manipulem jogos?". "Eu não gasto meu tempo com os jogadores, eu vou direto nos árbitros".
Vemos que houve um jogador na NBA que foi suspenso nesta semana, por ter um desempenho inadequado nesta semana... E nós não precisamos pensar que é um problema do Brasil, mas isso está em todos os lugares. Vemos que a CBF veio com uma investigação sobre eliminação de manipulação de jogadores pegando ou recebendo cartões amarelos.
Quando as pessoas estão preocupadas em corromper, se a preocupação é tirar o campeonato do Botafogo, eles também vêm atrás dos nossos jogadores. Veja, eles podem pensar em ir aos outros jogadores, aos do São Paulo, em vez de vir ao nosso jogador... Vocês são os únicos no planeta que estão propondo qualquer coisa a respeito disso, de fazer alguma coisa a respeito disso.
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E vocês se lembram da última temporada, de US$30 a US$40 mil dólares na última aqui... Em cada estádio, nós somos capazes de alterar toda essa participação dos jogadores nos estádios, o que pode acabar com esse problema. E as pessoas deixam de pensar e deixam de discutir se isso ocorreu ou se não. E deixam de ter esse envolvimento dos árbitros. Eu sou um capitalista. Se você faz com que essas pessoas que recebem os melhores salários aqui no mercado e coloca aqui... E vejam que os árbitros que recebem nem metade do que esses jogadores recebem, eles... E vejam, os principais, os piores acabam sendo mandados para a segunda divisão. E vejo que existe um caminho pra resolver esse problema.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... the bets and the behavior of the athletes.
[Tradução simultânea: ...]
(Pronunciamento em língua estrangeira, aguardando posterior tradução.)
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Então, vejam, 20%, baseado na minha pesquisa e no meu conhecimento, a empresa SportRadar avalia 20% de todos os dados no mundo sobre dados. Isso representa 80% das apostas ilegais em todo o mundo. Essa SportRadar avaliou os jogos que nós avaliamos, e eles chegaram à conclusão de que, sim, houve um motivo econômico. Eu não acredito que as pessoas que tenham interesse cheguem pra poder... Elas se apresentam pessoalmente pra poderem fazer as apostas, mas elas fazem as apostas por maneiras ilegais ou por maneiras indiretas pra poderem chegar... E nós vemos também que tem outros motivos, como também, por exemplo, motivos esportivos. As pessoas são capazes de fazer investimento.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - In that case concerning the basketball players there are strange movements in the bets [...]
[Tradução simultânea: A respeito do jogador de basquete, há diferentes... movimentos estranhos a esse respeito nessas apostas. E eu assisti a isso na Netflix.]
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - E uma sugestão que eu faço aqui é que eu vou contatá-lo diretamente. Eu já falei diretamente com as pessoas do Genius - é uma empresa incrível. Se eles dessem... Eles poderiam oferecer a vocês os dados, se vocês não quiserem divulgar publicamente. Esses 109 jogos vão oferecer indicação indireta, de manipulação indireta, que podem ocorrer por meio de apostas ou... E essa é uma boa indicação de que alguma coisa errada ocorreu ali naquele jogo. E você pode pegar esses dados. Então, pode pegar esses dados da Good Game! e façam... Para que eles façam a avaliação de manipulação de resultados de nível 1 ali da Good Game!.
E os jogos identificados como suspeitos, basicamente 20% desses jogos que foram identificados como suspeitos vão ser confirmados como manipulados, e depois em vez de fazer essas elucubrações, você pode pegar diretamente esses dados e fazer a verificação se ocorreu a manipulação ou não. Essas conversas já ocorreram. Eu já conversei com o CEO da Genius nesta manhã. E há coisas incríveis que já existem, como impedimento automático, VAR automático, automatizado. E isso pode produzir todas essas ferramentas de investigação direta e indireta de interferência nos jogos.
Para mim, esse é um jogo de xadrez em que o Brasil já praticamente deu o xeque-mate. Eles ainda não sabem, mas vocês já estão ganhando o jogo, porque vocês estão tomando as medidas necessárias pra poderem alcançar a solução para esse problema.
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O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito. Estava apenas ouvindo o final (Fora do microfone.) ... da tradução.
Rapidamente, gostaria de dizer o seguinte, toda vez que o Sr. John Textor cita o nome a "Leila" é a Leila Presidente do Palmeiras. Não confundam com a Leila Senadora, por fineza. (Risos.)
Bem, os dois últimos Senadores apaixonados pelo futebol e pelas coisas honestas de quaisquer atividades, Veneziano Vital do Rêgo e Dr. Hiran, por fineza, com direito a uma pergunta e, depois, encerraremos o tempo de cada um e já iremos para a sessão secreta.
O SR. VENEZIANO VITAL DO RÊGO (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB. Para interpelar.) - Perfeito, Presidente. Até para não fugir às minhas impressões, já expostas precedentemente e com o devido respeito a todos que assim não entendem, porque eu fico com muitas dificuldades, muito franca e sinceramente, e acho que quem está participando, como nós, porque, afinal, cremos que esta CPI, como toda e qualquer Comissão Parlamentar, se presta à identificação de fatos que, tipificados estejam com os seus eventuais participantes, como também às sugestões, e aí é louvável a presença do Sr. Textor, porque não há dúvidas, não há como desconhecer que algumas sugestões poderão advir da sua presença entre nós, mas estamos sempre no campo - até este exato instante, enquanto nós não, assumidamente, tivermos, às nossas mãos, informações -, vamos ficar sempre nas elucubrações, nós vamos ficar sempre nas subjetividades.
Imaginemos nós que o glorioso Botafogo, que fez uma primeira parte do campeonato de 2023, e não quero, porque esta CPI não é para tratar sobre o episódio 2023 do Campeonato Brasileiro, ela é muito mais ampla, ela diz respeito a uma situação que, lastimavelmente, como parte da presença da atividade humana, e toda a atividade humana não pode ser tida e havida como estranha, não é?
Então, vamos lá, sobre os comportamentos que houve para que o Botafogo, na segunda metade do campeonato, terminasse por entregar o campeonato aos seus adversários, V. Sa. haveria de levantar dúvidas comportamentais para aqueles jogadores, aqui sem fazer citações, até porque alguns desses, ontem, tiveram um exemplar desempenho? Acredito que não... Então, a gente não pode ficar no comportamento.
Shaquille O'Neal era um dos piores arremessadores de lance livre, um dos piores, na liga NBA, e eu acompanho. Ou seja, é o inverso. Poderia se dizer: "Não, ele está recebendo para acertar". Ele só errava. Tanto é que se faziam faltas nele deliberadamente. Chegava-se ao ponto de se fazer, para ele bater, e ele perdia quase tudo, 90% dos lances livres ele não conseguia.
Então, Sr. Textor, não estou aqui a duvidar, absolutamente, eu quero louvar a sua presença e a sua disposição colaborativa, mas, efetivamente, não tenho perguntas a lhe fazer enquanto V. Sa. não trouxer, de fato, objetivamente, não sob o ponto de vista da subjetividade, informações.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Veneziano Vital do Rêgo.
Dr. Hiran, com a palavra, Senador, orgulhosamente, do Estado de Roraima.
O SR. DR. HIRAN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR. Para interpelar.) - Bom, Presidente Kajuru, nosso querido Relator Romário, Sras. e Srs. Senadores, todos os que participam desta nossa audiência e que fazem parte da mesa.
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Sr. John Textor, eu sou botafoguense e eu acho que realmente você tem tido uma gestão que mudou um pouco a cara do nosso Botafogo, porque a gente perdia muito, agora a gente está perdendo menos.
Mas eu quero dizer a vocês que... eu quero lembrar vocês de que nós já tivemos aqui, nesta Casa, Sras. e Srs. Senadores, uma CPI, uma CPI do Futebol, que aconteceu, Sr. John Textor, em 2015. E essa CPI do Futebol foi presidida pelo Senador Romário, que sempre lutou pelo fim da "sacanagem" no futebol - ele fala esse termo, é esse termo que ele sempre me fala. E, naquela época, apesar de todo o trabalho que ele fez, nós tivemos nessa CPI de 2015 um Relator que, pra mim, é o pior que pode existir na política brasileira. Eu não falo o nome dele, porque ele é meu adversário; ele só vê defeito em mim.
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Concordo.
O SR. DR. HIRAN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Você concorda, não é? Tudo o que há de ruim...
E ele, durante a CPI, fez um relatório, em que ele não descobriu absolutamente nada de errado no futebol brasileiro. E aí, o Senador Romário fez um relatório paralelo e pediu o indiciamento, se não me engano, de nove pessoas; de nove pessoas. Eu vou dar o nome de três pessoas: Marco Polo Del Nero; o ex-Presidente da CBF que está lá em Andorra...
Como é o nome dele?
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fora do microfone.) - Ricardo Teixeira.
O SR. DR. HIRAN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - ... Ricardo Teixeira; e o ex-Presidente da Federação Paulista de Futebol José Maria Marin. Foram todos presos. Todos presos. É trabalho dele.
Então, hoje eu vim aqui, eu fiz questão de vir aqui hoje, porque eu confio muito, tanto no Senador Romário - pela história dele no futebol - como no nosso querido Presidente Kajuru, que tem conduzido esta Comissão com maestria. E eu acho que vocês têm uma responsabilidade muito grande com este que é o nosso maior patrimônio, o maior patrimônio do nosso país, a maior paixão do nosso país, que é o futebol.
E eu estive, Sr. John Textor, lá naquele jogo do Botafogo contra o Palmeiras. Eu estava lá, eu levei minha filha naquele jogo - botafoguense também -; e alguma coisa aconteceu de estranha naquele jogo. Eu joguei futebol há muito tempo e... Primeiro que não havia razão de se expulsar o Adriel - eu já vi várias vezes aquele lance, não havia razão. Depois, eu vi alguns erros do Botafogo inexplicáveis. E o senhor falou aqui assim: "Não foi a Leila, não foi o Presidente do São Paulo"; se não foi a Leila naquele jogo, ou foi juiz ou foi jogador que teve um comportamento absolutamente anormal. O senhor concorda que houve um comportamento anormal ou da arbitragem ou de jogadores do Botafogo naquele jogo? Porque ali naquele jogo nós perdemos o campeonato, infelizmente.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR - Well...
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. John Textor, só... rapidinho aqui. Eu não vou deixar de ser bocudo a vida inteira, não é? Eu sei que vai ser mais um processo, talvez um atestado de idade. O Senador a que o Dr. Hiran se referiu, com que Romário concordou e eu concordei... Eu vou dar o nome dele: Romero Jucá.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Certamente, eu falei de coisas que precisam ser investigadas. O que vamos mostrar... Vamos falar de dois jogos na sessão secreta.
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Vou dizer em relação à falta de informação sobre a audiência pública, o que eu estou falando... Eu quero falar sobre o método e isso nós vamos discutir na sessão secreta.
A única coisa que vai acontecer, a metade já é pública, mas vamos falar sobre um jogo, quatro gols, baseados no que eu acredito que foi o comportamento dos jogadores e um jogo foi incorreto. Todos podem ver o vídeo, ver aquele jogo e identificar quem poderia estar envolvido, mas a questão, em termos de manipulação, é que aquele vídeo é um exemplo que se relaciona à sua pergunta, senhor. Aquele erro, que foi um passe errado, foi normal, é um desvio normal. Se aquilo tivesse ocorrido no fim de desvios de jogadores com intenções cínicas, então, aquele último passe poderia ter sido um erro honesto e poderia ter sido combinado com outros erros intencionais e poderia haver uma situação em que seis jogadores foram implicados e quatro realmente estavam fazendo de forma intencional e repetida. Por isso que é importante, podemos dizer matematicamente que o jogo foi manipulado, mas não podemos dizer de forma conclusiva que todos os jogadores que tiveram desvios seriam culpados.
De fato, o relatório sobre o São Paulo e o Palmeiras mostra desvios de outros jogadores que não se transformarão em acusações. Foram jogadores que tiveram deficiências, cinco foram identificados que são possíveis de estar envolvidos nessa manipulação, então, é possível ter um relatório sobre essas manipulações e o jogador individual tem o direito de se defender.
Não quero ter essa conversa pública, todos sabem do que eu estou falando, mas os jogadores têm o direito de se defender, essa é a minha frustração com a CBF... (Pausa.)
Leva tempo demais para as perguntas, pelo menos, coisas que não vimos ainda, não há explicação porque de um ângulo mostra que ele jogou. Por que o juiz não viu quando outros viram e houve um julgamento sobre isso? E vimos que foi um erro do VAR, houve um recurso contra isso e ninguém perguntou ao juiz do VAR por que esse ângulo não foi mostrado.
Eu não posso dizer, eu não sei dizer o porquê, eu não posso acusar o juiz do VAR de ter feito um grande erro, de ter cometido um grande erro. Eu ouvi a voz dele.
Eu sou um grande fã do Botafogo, eu não vou inventar coisas, mas uma investigação independente pode dizer que foi um grande erro, mas o que aconteceu naquele jogo eu estou olhando.
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Eu olhei, no colapso que se seguiu, os jogadores que reclamaram, que foram puxados naquele jogo. Eu estou olhando, olho também para os nossos jogadores, porque é possível ver no vídeo até a troca de peso de uma perna para outra. Eu estou decepcionado, eu olhei o jogo, outro dia, que foi manipulado, e foi um grande momento para um certo jogador. Ele fez um gol muito bonito e correu para os fãs, e a torcida gostou muito do que viu e celebrou com ele. Essa é uma parte deprimente, que esse tipo de coisa errada está acontecendo, mas ninguém neste país deveria dizer que não está acontecendo.
Se alguém está com medo de que eu vou me divertir na sessão secreta, eu vou dizer para a Leila Pereira: me dê um troféu, mas o que eu quero dizer é que sistemas de câmera volumétricos, que podemos ter em qualquer um dos estádios para tudo que os jogadores e os juízes fazem, tudo é metrificado. Esse tipo de corrupção vai acontecer, mas eu tenho certeza de que a corrupção vai encontrar um jeito de entregar jogos e manipular resultados.
Em relação ao colapso dos jogadores e por que não tivemos um bom jogo, acho que nós estávamos mentalmente afetados no fim do campeonato. Houve uma sequência de jogos em que houve gols invalidados, descontados e um time com muitos gols. Acho que a nossa equipe ficou triste, e começaram, a torcida começou a dizer palavras de ódio para os nossos jogadores, mas não muda o fato de que certos jogos foram manipulados. Só precisamos de apenas um para ter uma investigação real.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para interpelar.) - John Textor, obrigado, Senador Hiran.
Vamos então ganhar tempo para o momento mais esperado desta CPI, que é a entrega de toda a documentação, de nomes e tudo o mais que esperamos nesta rápida sessão secreta, de que daremos satisfação, após ela ser encerrada, a todos e todas presentes, especialmente à imprensa e à sociedade brasileira.
Peço que a gente respeite o tempo de dez minutos. Eu vou ser objetivo, obedecendo aqui a lista de inscrição.
Sr. John Textor, em dezembro, o senhor enviou ao tribunal esportivo, o STJD do Rio, um documento de 70 páginas baseado em relatório de jogos da Good Game! sobre irregularidades no Brasileirão de 2023. Ele foi arquivado em menos de 24 horas pelo STJD, o superior tribunal do futebol. Isso é fato? - eu pergunto ao senhor. E pergunto: a que o senhor atribui tal conduta deste Superior Tribunal de Justiça Desportiva?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Sim, isso é verdade, mas o jeito que o relatório... Eu vou explicar aqui como o relatório de manipulação de resultados produz. O nível 1, ele produz uma verificação, ele avalia comportamento normal, suspeito e problemático. Tudo que é suspeito e nesse caso do relatório específico...
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Esse jogo foi marcado como alterado nível 2, manipulado nível 2. Existe também a manipulação de nível 2 e a diferença entre manipulação de resultado nível 2 e nível 3 é efetivamente o mesmo documento. Existe mais a análise óptica do que pode ocorrer no nível 3, e o relatório do nível 3, que também inclui informações sobre a credibilidade da testemunha, do árbitro e do jogo específico.
A avaliação de jogo é também corroborada por testemunhas e outros recursos, que são utilizados também. Cada jogo é determinado, verificado como manipulado no nível 2. Ele é verificado e depois ele passa... Para que vá para o nível 3, os nomes das pessoas são ocultados e, então, é feita a análise. E depois que se pede para que seja feita essa análise, então é procedido dessa forma.
Eu tive indicação de que, eu não estou confortável em dizer isso, mas eu recebi indicação ou sugestão para mim de que houve pressão por parte da CBF e possivelmente de clubes, diretamente dos clubes. Nós vemos evidência dessas pressões, inclusive em nível público. Então, por qualquer motivo, independente do motivo, eles decidiram. Isso me tomou meses para eu me tornar familiarizado com esses relatórios e eu não sei como o tribunal, dentro de tão curto prazo, recebeu e pôde tomar uma decisão a respeito dele.
Mas eu apresentei apenas uma pequena parte desses dados e dessa avaliação que poderia avaliar e eu acredito que... Inclusive, eu pedi para que eles reavaliassem a minha suspensão. Houve um artigo que disse que eu apresentei nomes e as provas, mas isso não é verdade. O que eu apresentei foram apenas algumas páginas, talvez quatro ou menos, de um relatório de 180 folhas. E eu falei sobre esses problemas, sobre o que é um desvio, qual a probabilidade matemática dessas divisões em situações de gol e falei sobre a metodologia.
E tinha alguns nomes que foram divulgados apenas a pessoas, aos mais altos oficiais ali do tribunal e os relatórios... dizer que nós apresentamos as provas não é verdade. Ninguém, eu não apresentei as 180 páginas e até este momento eles não tiveram acesso ao relatório de nível 2, de manipulação de nível 2, e não o relatório de nível 3 de manipulação.
E, quando eu me reuni com a polícia, inclusive eles manifestaram muito interesse para entender a cronologia dessa metodologia e eu me esforcei muito para que a polícia verificasse essa tela e olhasse o relatório. E, naquela tarde, eles avaliaram. Pediram para eu mandar via Dropbox e eu mandei para esses agentes para que eles avaliassem sobre a questão da matemática computacional para avaliar toda aquela problemática.
E eu tinha alta expectativa de que eles pudessem realizar aquele trabalho, mas isso é onde nós estamos em termos de evidência, em termos de prova neste momento
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Vejam, para que fique claro, eu errei em apresentar aqueles jogos em que estava envolvido, com tantas emoções envolvendo a nossa equipe. Nós deveríamos estar tratando sobre questões objetivas, avaliar os cartões amarelos a favor do Palmeiras de forma consistente. Dois cartões amarelos, que são uma marca clássica, nós deveríamos ter uma sessão muito rápida a respeito disso. Isso aconteceu numa sequência muito rápida que, em poucos minutos, foram dois ou três cartões amarelos, e o VAR poderia ter revisado isso de uma forma muito simples. Esses são, enfim, ócios do ofício, mas cartões amarelos estão ocorrendo e ninguém está olhando efetivamente as provas.
Eu errei por apresentar questões relacionadas à minha equipe. Eu deveria ter trazido assim: "Olhem, esse é o problema que tem ocorrido e essa é a solução que nós deveríamos perseguir". Então, eu não quero interferir aqui com a logomarca da minha equipe, do Botafogo, e eu sei que isso afeta muito os nervos, as emoções de outras torcidas, de outros donos de equipes, mas é a minha abordagem, e eu não sei se eu teria feito diferente, mas essa foi a minha abordagem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sr. John Textor, eu quero só pedir, por fineza... Se eu demoro um minuto para perguntar (Fora do microfone.) ... eu poderia regimentalmente dar só três minutos ao senhor, então é só para a gente tentar essa objetividade, por fineza. Eu vou ser rápido nesta colocação.
O senhor falou várias vezes aqui que a Presidente do Palmeiras, Leila, foi sempre gentil com o senhor. Essa gentileza acabou hoje. Em rede nacional, ela deu uma entrevista duríssima contra o senhor e voltou a dizer aquilo de anteriormente com o adjetivo de fanfarrão e disse que o senhor está mentindo em tudo que fala, que o senhor não tem prova de nada, que o senhor tem que ser punido e que ela está à disposição para fazer com o senhor um cara a cara sobre qualquer assunto que o senhor está levantando e denunciando aqui nesta CPI. Responda, por gentileza, sobre isso e se o senhor aceitaria esse encontro com ela.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Eu tenho a felicidade de não falar português fluentemente e eu não tive a chance de ler tudo o que ela falou sobre mim. Mas eu vejo que ela tem uma motivação desportiva, uma motivação de aposta e uma motivação de fraternidade. Vejam, se o marido é assassinado, a esposa se torna uma suspeita daquele caso. Não cabe a mim fazer aqui uma determinação. Eu sei que eu fiz o que era correto. Eu fui ao órgão do esporte e pedi que eles fizessem a investigação. Eu recebi reações diferentes de diferentes donos de equipes de que o time deles poderia estar envolvido, que gostariam de saber quem. Eles têm o desejo de ter um jogo limpo.
Mas eu já disse várias vezes: eu não apresentei qualquer denúncia, nenhuma acusação contra ela, nem contra o Júlio, nem contra qualquer outro. A decisão dela foi apenas de me atacar. O que eu fiz... Se eu apresentei qualquer declaração falsa, ela poderia dizer diretamente. Qual é a chance disso? Deveriam ter 5% ou talvez 3%, talvez qualquer por cento. Qual é o percentual de chance de ela estar por trás de tudo isso? E não cabe a mim estabelecer tudo isso.
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Honestamente, eu acho que é uma conversa fútil. Ela quer produzir, ela quer criar algum tipo de ruído dizendo que eu não produzi prova, mas, por uma questão de fato, eu, sim, apresentei. Eu sei que ela apresentou documentos ao Tribunal Desportivo. Ela falou com a imprensa e disse que eu não apresentei nenhum tipo de prova e tratou de me difamar e tudo, mas eu estou muito calmo a respeito disso. Eu apresentei isso de forma muito calma, mas ela adotou outra abordagem.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Sobre o jogo Palmeiras 5 São Paulo 0, pela Série A do Campeonato Brasileiro, quando afirmou que cinco jogadores do São Paulo estavam envolvidos em manipulação de resultados, um time histórico como o São Paulo, o senhor se arrependeu? E, se não se arrependeu, na nossa conversa secreta, o senhor dará nomes a esses cinco jogadores do São Paulo?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Os nomes estão no relatório de nível 3. Tem mais do que cinco jogadores envolvidos nessa empresa, que é uma testemunha especialista em manipulação de resultados de jogos. É uma empresa confiável, que foi digna de confiança de diferentes instituições mundo afora, como a Copa do Mundo, a Champions League... Eles identificaram os cinco jogadores que eles acreditam que, claramente, estiveram envolvidos, que eles consideram... E também consideram outros como potencialmente ou possíveis envolvidos.
Eu não estou aqui para apontar qualquer jogador. Eu vim aqui para dizer que aquele jogo foi manipulado, baseado na minha convicção e nas evidências que foram apresentadas, e as pessoas que fizeram a análise são uma empresa muito séria, com uma metodologia muito confiável, que já foi utilizada para poder levar à prisão de jogadores, à prisão de pessoas envolvidas e suspensão de equipes. Eu acredito que ele foi manipulado.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Bom, para encerrar o meu tempo de 10 minutos, última pergunta.
O senhor apresentou declaração de um relatório onde um jogo de 2002 entre Palmeiras e Fortaleza teve manipulação de resultado. Mais tarde, o senhor declarou que o Palmeiras não estaria envolvido. Isso significa, então, que o Fortaleza estaria envolvido? Última pergunta.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Bem, novamente, eu não estou dizendo que o Palmeiras estava ou não estava envolvido; eu só estou dizendo que eu nunca fiz essa declaração, nunca fiz essa acusação. Se alguém inspira o time ou os jogadores a diminuir o desempenho para perder um jogo, de novo, eu demonstrei como que ele foi manipulado, como que ele foi alterado, mas eu não sei dizer como... Desculpa, mas essas são as palavras do senhor dizendo que o Palmeiras estava envolvido. Eu não posso dizer se estão ou se não estão, se o Palmeiras está ou não está envolvido. A imprensa não quis envolver as informações sobre o processo, e eu acho que é muito conveniente da parte deles. Eu não acho que... Eu sou um dono de equipe, eu tenho uma equipe para poder conduzir, para administrar, e, no meio da temporada, eu vejo que a nossa equipe identificou eventos, acontecimentos muito estranhos envolvendo a nossa equipe depois de ter vários jogos em que nós perdemos de forma muito estranha, e eu perguntei à nossa equipe se eles gostariam que eu lutasse por isso, que eu cuidasse dessa parte para que eles pudessem se concentrar apenas na parte do jogo, e eles me pediam para defendê-los, e eu decidi continuar e levar adiante. Eu estou fazendo isso não só pelo Botafogo, mas também, inclusive, pelo Brasil.
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Esse jogo de fortaleza foi de 2022 e quem se importa com isso mais? O campeonato de 2022 já foi embora, o de 2023 também. A minha proposta é estabelecer um sistema à prova de falhas em que nós possamos garantir que isso não ocorra mais e permitir que vocês possam desenvolver um sistema de investigação de tudo isso que ocorreu. O meu grande e maior interesse é voltar e retomar a minha atividade de administrador da minha equipe de futebol e garantir para que isso não ocorra novamente.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Sr. Presidente, acredito que esse é o propósito, doa a quem doer nós buscarmos nesta CPI fazer o trabalho.
Inclusive eu quero perguntar, o Senador Romário informou que o Presidente da CBF ficou de enviar, que a própria entidade ficou de enviar documentos pra cá, o que for necessário. E eu pergunto: Ele estaria disposto a vir também, o Presidente da CBF?
O SR. ROMÁRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Acredito que sim.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Isso é muito importante, porque eu acho que nós vamos ter aqui questionamentos nesse sentido.
Mas eu vou direto aqui às perguntas, lembrando que hoje é dia 22 de abril.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Descobrimento?
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Descobrimento do Brasil por um português.
E nós estamos vendo aqui um americano, um norte-americano que está vindo aqui nos ajudar a redescobrir algumas situações do nosso futebol para corrigir.
Inclusive Charles Miller foi quem trouxe o futebol da Inglaterra pra cá e o senhor tem o nome Charles também aí no seu nome completo.
Sr. John Textor, o senhor afirmou no começo de março possuir um áudio de um árbitro falando sobre a manipulação de um jogo em uma divisão menor. Quem é esse árbitro?
Qual foi o jogo sobre o qual esse árbitro apontou ter havido fraude?
O senhor tem essa gravação, vai disponibilizar pra nossa CPI?
Só para emendar, são poucas perguntas.
O Senador Romário, os demais colegas e o senhor também, Presidente, já fizeram algumas que estavam aqui na minha lista, mas já vou engatar aqui para o seguinte.
É certo que a manipulação de resultados existe há muito tempo, basta observar a máfia do apito, o que falou aqui o Senador Carlos Portinho, que houve há alguns anos a máfia do apito.
Porém, com a chegada das bets ao Brasil, esse quadro piorou, coincidência ou não; pra mim não existe coincidência.
Hoje, a maioria dos times da Série A e Série B do futebol brasileiro...Inclusive, na Série B, a CBF também recebe um patrocínio que é de outra empresa, não é da Betano, é da Betnacional, a Série B tem esse patrocínio. Mas, hoje, a maioria é patrocinada, os clubes de futebol, por empresas de apostas esportivas, inclusive o seu time, o Botafogo.
Times do Reino Unido, França, países onde o senhor é dono de clubes de futebol, como o Crystal Palace e o Lyon, além de outras nações, estão endurecendo as regras sobre as apostas esportivas, inclusive proibindo patrocínio em camisas de clubes de futebol, exatamente pelo impacto negativo dessa jogatina sobre a credibilidade do esporte e as mazelas trazidas para a sociedade.
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Nesse sentido, qual a sua visão sobre essa questão? O endurecimento com relação a preservar o futebol? Dessa questão das apostas, como disse o Senador Carlos Potinho, azar do futebol em termos isso. E o futebol brasileiro é um patrimônio, como foi lembrado aqui pelo nosso querido Senador, que me precedeu há pouco tempo, Dr. Hiran.
Outro questionamento que eu quero fazer para o senhor é o seguinte, dentro do tempo: além disso, como o senhor vê atletas, ainda em atividade, fazendo propagandas de casas de apostas? Levando-se em conta que eles, pelo fato de entrarem em campo, tenham mais facilidade de manipular os resultados. Ex-jogadores, técnicos... Como é essa relação, há um conflito de interesse?
Qual é a sua opinião sobre a participação de organizações criminosas que lavam dinheiro e corrompem agentes públicos no mercado de apostas?
Qual a sua visão sobre os enormes impactos sociais da descontrolada prática de apostas esportivas, principalmente pela população mais pobre?
Eu trouxe aqui um dado - até mostrei para o Senador Veneziano - escandaloso. Olha aqui, a matéria da redação da Terra, está aqui: "Quem recebe Bolsa Família chega a gastar mais de R$100 por mês em apostas esportivas [...]". E ainda tem um projeto, depois de amanhã, no Senado Federal aqui, já quero alertar a população brasileira, numa tentativa de viabilizar cassinos. Já não basta esse exemplo de quem está... o mais pobre estar sendo afetado aqui e ainda vêm com essa história de cassino, na altura do campeonato, como se diz.
Tenho esse outro dado aqui, também importante, olha: "Ela estava devendo mais de um milhão de reais: empresária diz que irmã tirou [sua] própria vida por conta de jogos de azar". Suicídios acontecendo aos montes aqui no Brasil, perda de vidas, assassinatos, como bem lembrou também o Senador Carlos Portinho, aqui ao meu lado.
Para fechar a questão da Presidente do Palmeiras, a que o senhor já respondeu, eu não vou insistir, porque o Senador Kajuru já fez aqui esse questionamento, mas olha só um detalhe aqui, falando de apostas esportivas: "Até as apostas esportivas agora tiram dinheiro do comércio". Está aqui a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo fazendo essa afirmação. Imagina o que é que vem depois com essa questão aí de jogatina, cassino, enfim.
Então, aqui é o resultado de suspeita de manipulação, Senador Kajuru, Senador Romário. Suspeita de manipulação, segundo a fonte do Sport Radar: Brasil em primeiríssimo lugar, 152 suspeitas; só no futebol, que é o nosso patrimônio, 139; Rússia, 92; República Tcheca, 56; aí vai, Cazaquistão, 43; China, 41; Grécia, 40; Argentina, nosso vizinho aqui, 39, Senador Veneziano; Filipinas, 37; Polônia, 36; e Tailândia, 35.
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O Brasil é o campeão, infelizmente. Nós temos que resolver essa questão, e tenho certeza de que vai sair coisa boa desta CPI.
Muito obrigado, mais uma vez, pela sua coragem, pela sua participação. Se puder responder a essas perguntas que eu fiz no início, eu lhe agradeço.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Bem, a gravação de áudio a que eu me referi, primeiro eu gostaria de dizer por que foi que eu mencionei. Naquele momento, eu estava enfrentando uma quantidade inimaginável de pressão pelo que eu estava fazendo, não só no que eu fiz aqui, mas em todos os lugares. E a respeito desse áudio, do nome do árbitro, sim, eu vou apresentar aqui, durante a reunião secreta. E esse áudio foi passado para mim por meio de alguém conectado com a entidade governante da administradora do futebol. Eu estava sob imensa pressão em divulgar tudo isso, e veio de uma fonte oficial.
E eu não entendo qual é a pressão que eu recebi, porque se a polícia e a CBF já têm acesso a tudo isso, eu não sei por que foi que eu recebi esse áudio. Mas porque é uma conversa inacreditável ver um árbitro dizendo que perdeu dinheiro, a respeito de uma jogada envolvendo um pênalti. Então eu acredito que o árbitro estava em algum estado de inatividade.
Isso não significa nada para mim, porque eu não preciso de evidência sobre a ocorrência de manipulação de resultados. Eu não sei por que eu sofri tanta pressão para divulgar esse áudio e os dados sobre essa gravação, mas, sim, eu vou apresentar e trazer essas informações todas. É uma gravação inacreditável.
Eu acho que é difícil. Nós sempre falamos sobre as empresas de aposta, mas eu acho que eu até me equivoquei. Eu falei sobre o problema de a CBF recebendo dinheiro das empresas de aposta, mas eu não acho que necessariamente o envolvimento das empresas de aposta... Não cabe a mim fazer uma avaliação moral sobre o uso do dinheiro das pessoas em apostas ou não, fazer essa avaliação social ou uma avaliação moral sobre o impacto social de tudo isso.
Eu vejo que nos Estados Unidos, onde o próprio Governo instituiu loteria, porque certos estados não estavam recebendo dinheiro suficiente para cumprir suas funções, e criou essas opções. E as pessoas sonhando em receber esses prêmios, então investiam na loteria, faziam as apostas e gastavam muito dinheiro esperando ganhar muito, um prêmio muito grande. E o próprio Governo estava estimulando essa espécie de vício na população.
Vejam, esse é um problema aqui. Vocês são os líderes deste país e vocês têm interesse em tudo isso.
A respeito da velocidade, eu vejo que uma das decisões que eu tomei, de estudar economia, eu recomendaria altamente que qualquer indústria, o mercado de aposta que vocês tenham, esse dinheiro coletado numa área de uma mão é gasto em outra mão e depois vai para uma segunda mão, e isso vai sendo reciclado dentro do sistema monetário. O Brasil tem um sistema de monitoramento de transações com outros países, e às vezes é até ruim, causa muitos transtornos. E se você tem problema de aposta, se você tem apostas aqui no país, vocês podem trabalhar para que esse dinheiro - com a velocidade do dinheiro - possa beneficiar mais pessoas aqui dentro da própria sociedade. (Pausa.)
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Eu peço desculpas, eu não quero expressar aqui uma opinião moral. Se você disser que a Good Game! estabeleceu essa tecnologia para permitir que as empresas de aposta possam verificar e constatar se um jogo foi manipulado ou não - inclusive possam verificar e monitorar -, as empresas de aposta são vítimas da manipulação de resultados. E isso é terrível para a juventude. Nós vemos que pessoas muito jovens divulgam cigarros para as pessoas, e agora estão divulgando apostas também para elas.
A razão por que tiraram as apostas dessas empresas, o patrocínio dessas empresas, a presença delas nos uniformes dos jogos passa por aí, nessa linha. Mas isso não cabe a mim, fazer essa avaliação moral. E avaliar agora, fazer uma avaliação sobre a manipulação ali no ambiente, o recurso de que dispomos neste momento... Se torna tão fácil superar tudo isso que não justifica deixar de fazer.
Talvez a razão por que nós temos tanto no Brasil - comparado com outros países -, é porque vocês têm uma quantidade muito grande de empresas de aposta aqui que são monitoradas pela empresa de monitoramento Smart Company.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - Apenas um minuto, por gentileza, só para esclarecer, (Fora do microfone.) já que o Textor não entrou nessa questão que eu perguntei sobre atletas estarem fazendo propaganda de bets. Árbitros, técnicos... O senhor acha que isso não gera um problema para o esporte em si, não estimula mais pessoas a jogarem, não dá um certo conflito?
A questão das camisas dos clubes, essa medida que aconteceu lá na Inglaterra. A partir de 2024, já não vai; 2025, não vai poder mais o clube ter o patrocínio na camisa. O senhor acha isso importante para prevenir esse alastramento aí?
E, com relação às placas no estádio: "aposte, aposte, aposte, aposte, aposte" - você não consegue assistir mais futebol. É uma lavagem cerebral.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Só um minuto, por favor.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - E agora eles ficam dando, Senador Kajuru, até o resultado durante o jogo: quem é que está dando mais. Virou um comércio a céu aberto - perdendo o futebol -; é o azar do futebol mesmo.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - A sua resposta, Sr. John Textor, objetivamente.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Bem, nós recebemos dinheiro - recursos - desses investidores. Nós viemos para este país e temos uma torcida, de pessoas que, às vezes, têm dificuldade de pagar, mas pagam para poderem ir para os jogos. Na parte econômica, são 40 milhões de torcedores. Não vindo com esse luxo... Eu tenho, enfim, várias considerações a respeito disso. Nós temos ofertas de patrocínios de diferentes empresas, de diferentes setores e nós decidimos se vamos aceitar ou se não vamos aceitar. Fazemos essa avaliação sobre se isso seria razoavelmente aceitável pela sociedade, se seria aprovado pelos órgãos regulatórios.
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Eu não gosto de aceitar... me incomoda, pessoalmente, que essas apostas venham de pessoas que não têm condições financeiras para poder fazer isso. Tudo isso me incomoda.
Gostaríamos de superar essa realidade, de não depender disso, no Botafogo e em outros times. E de forma... Inclusive, aqui dentro do Botafogo, nós temos um programa de conceder ingressos gratuitos. Nós temos oferecido opções econômicas acessíveis para que as pessoas possam entrar, seja por associação, seja por assinatura.
Mas se a ideia é banir o patrocínio de empresas de apostas em uniformes, nós vamos cumprir, claro, e vamos apoiar. Mas... Agora, nós temos situações... Nós temos, por exemplo, as melhores quadras em todos os campeonatos. E temos, por exemplo, conflito com a participação, com a vinda de empresas de concerto que querem utilizar aqui os nossos estádios e podem prejudicar o funcionamento do futebol. Vejam, se me disserem que eu devo deixar de receber esse dinheiro do patrocínio dessas empresas, eu vou procurar em outros lugares. E me incomoda ver pessoas jovens apostando quando não deveriam estar fazendo.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Perfeito, Sr. John Textor. Diretamente ao Senador Carlos Portinho.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Uma pergunta bem objetiva. A maior preocupação de todos nós, John Textor, Palmeiras, São Paulo, CBF, torcedor brasileiro, é sobre a integridade dos resultados esportivos. Então, uma pergunta objetiva. Sr. John Textor, nos clubes do Brasil, da série A, de que o Botafogo participa, os árbitros de futebol, pela sua comissão de arbitragem, a própria CBF, foram chamados, previamente ao campeonato brasileiro ou às competições do início da temporada, em janeiro, fevereiro, foram chamados para assinar algum documento de compromisso, de compliance, em relação às apostas esportivas? A CBF, em algum momento, chamou o Botafogo e todos os clubes, os atletas, os árbitros, para assinar algum compromisso de compliance, de não manipulação de resultados, de preservação do resultado esportivo?
Eu não estou dizendo o que está no regulamento geral das competições e que foi assinado. Ela tem, a CBF, uma diretoria de compliance. Eu quero saber se todos assinaram antes do campeonato, atletas, clubes e árbitros, através de seus representantes, algum documento de compliance nesse sentido, de salvaguardar a integridade esportiva?
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As casas de aposta participaram da assinatura desse documento, inclusive aquelas que financiam, patrocinam, clubes e a própria CBF?
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - Não. Eu não quero fugir da sua pergunta, mas se se estabelecer um código de conduta, código de honra, alguns jogadores vão assinar, alguns árbitros vão assinar, mas nós temos pessoas desonestas e isso não vai desestimular a adesão dessas pessoas.
Eu acredito que seja interessante em diferentes partes do mundo, eu sei que no Brasil, há alguns anos, a AT&T... A American Airlines foi processada por utilizar testes poligráficos para avaliar empregados. O teste poligráfico foi tido como legal, mas as perguntas foram além do que deveria ser permitido. Eles foram processados por uma questão de privacidade e, então, eles recorreram para que eles pudessem...
Então, essa é uma opção de se estabelecer um teste de polígrafo com alguns limites de utilização. Um árbitro da série A, por exemplo, poderia passar por um teste de polígrafo e você poderia, certamente, utilizar testes aleatórios ou testes poligráficos ou de verificação para...
Você já teve, intencionalmente, já tomou decisão contrariando as suas convicções? Eu não sei como que o Brasil está nessa avaliação de testes poligráficos, mas, no caso da American Airlines, rapidamente, nós poderíamos chegar nessa avaliação. Você, rapidamente, poderia instalar sistema de visão computacional e poderia resolver essa situação.
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Eu gostaria de saber se dentro dos protocolos da CBF, a CBF chamou os clubes, os atletas, os árbitros para se comprometerem ao jogo íntegro, à integridade dos resultados esportivos.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Eu não tenho conhecimento a respeito disso. Eu estou pedindo a ajuda aqui do meu colega, porque talvez... O nosso CEO, que não está sob juramento.
Ele está balançando a cabeça, dizendo que "não".
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - Mas você vê, Kajuru, há um senso geral de que não há manipulação, mas não houve um chamado para que os clubes se comprometessem a que não haja manipulação, que os atletas se comprometessem para que não haja manipulação.
Não que isso vá evitar manipulação, Textor. É lógico que pode acontecer mesmo assim, mas eu quero saber quais são os níveis de cuidado que a CBF está tendo com a integridade, com a prevenção da integridade, as condutas, os protocolos.
A gente certamente vai ouvir a CBF a respeito.
Isso pode ser que não evite, mas compromete, e o compromisso é muito importante, porque é de todos.
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O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Tradução simultânea.) - Eu entendo que eles deveriam liderar pelo exemplo. Eu tenho tentado obter respostas, eu já levantei a questão da corrupção e eu fui processado.
Então, existe, absolutamente, existe uma caixa preta a respeito da nomeação, da escolha dos árbitros, do empareamento dos árbitros, de VAR de árbitro de campo, uma dupla que não deveria aparecer com tanta frequência, e eu solicitei esses dados, suscitei essa questão e eu fui processado.
O Tribunal desportivo já está tentando me suspender. Eu já fui suspenso uma vez e agora estão tentando me atingir novamente e eu vejo que não seja uma questão de pressão apenas da CBF.
Vejam que a questão da manipulação de resultados, eu acredito que a Leila estava lá no Wembley Stadium, assumiu um compromisso de combater manipulação de resultados. Tem várias empresas de caridade, filantrópicas que adorariam oferecer o serviço.
Podemos empregar inteligência artificial evolutiva. E, em tudo que se tem aqui em termos de Lei da SAF, nós poderíamos utilizar de todo esse arsenal para poder resolver a situação aqui no Brasil, mas precisamos de liderança da CBF, e vocês deveriam limitar o poder da CBF, e deveriam privatizar a operação da liga.
Vemos tudo isso, essa força por trás da administração do campeonato, e nós nos unimos, e eu acabei me tornando uma pessoa polarizada, porque isso acabou se tornando a minha cruz.
Vocês sabem o que estão fazendo. Ninguém mais está fazendo o que vocês estão fazendo, mas eu peço a vocês que diminuam o poder da CBF, porque existe uma quantidade pequena de pessoas que estão reduzindo, estão diminuindo o poder de operação, de funcionamento do futebol. E o Brasil exporta os melhores jogadores do mundo. Eu acredito que esse jogo vale a pena ser jogado aqui. Então, está na hora de limpá-lo.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Obrigado, Senador Portinho, pela compreensão, pela disciplina e pela objetividade.
Senador Vital do Rêgo, o Veneziano, sempre objetivo também.
Pode pular? (Pausa.)
Senador Hiran, também? (Pausa.)
Então, eu não vou dar tempo, eu declaro suspensa - e não terminada - esta nossa reunião.
E prometerei ser breve, especialmente com respeito à imprensa brasileira, perfeito?
A imprensa brasileira quer saber do que vai acontecer agora, na reunião secreta, em que vamos ter acesso a documentações, a nomes, a tudo o que prometeu - e sei que vai cumprir - o Sr. John Textor.
Registro aqui, com prazer, a presença do meu companheiro de partido, do PSB, sempre atento a tudo, que é responsável por nós Parlamentares, o Senador de Roraima Chico Rodrigues.
Portanto, voltaremos o mais rápido possível com esta reunião - repito, que não terminou, apenas foi suspensa -, para o que todo o Brasil quer tomar conhecimento. E nós tomaremos, e daremos sequência à investigação, nos baseando em cada ato que receberemos documentalmente.
Agradecidíssimo.
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(Iniciada às 15 horas e 08 minutos, a reunião é tornada secreta às 18 horas e 11 minutos e é reaberta às 20 horas e 09 minutos.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Fazendo soar a campainha.) - Bem, brasileiros e brasileiras, nossas únicas vossas excelências, chegamos às 8h10 da noite, desta segunda-feira, 22 de abril de 2024, e retornamos para o encerramento desta reunião insofismavelmente importantíssima, em que ouvimos o CEO majoritário do Botafogo do Rio, o histórico time brasileiro, desde as 3h da tarde.
E, antes de mais nada, o meu agradecimento, como Presidente desta CPI, aos Senadores e suas dedicações raríssimas na história deste Congresso Nacional, que pela primeira vez em uma segunda-feira realizou uma CPI desta envergadura e deste tempo dedicado.
Exalto aqui e justifico a ausência do nosso exímio Relator Romário, em função de presença em seu médico, mas sua assessoria esteve presente do começo ao fim.
Senador Eduardo Girão, meu querido Vice-Presidente desta CPI; Senadores acima de todas as médias, inclusive o Senador Carlos Portinho, do Rio de Janeiro, que teve seu filho nascido nos últimos dias; Senador Dr. Hiran; Senador Veneziano Vital do Rêgo; Senador Chico Rodrigues, que deixou duas perguntas importantes, que caberá ao nosso Vice-Presidente Girão entregá-las ao Sr. John Textor e sua assessoria, para que ele possa o mais rápido possível nos responder. Na próxima reunião, daremos conhecimento às perguntas e às respostas.
Quero apenas dar uma satisfação à imprensa brasileira, que seremos objetivos.
Aquele Senador que desejar falar nas suas considerações finais terá o tempo de dois minutos, e no tempo de cinco minutos a explanação final do nosso convidado principal, o CEO John Textor. Portanto, assim concluiremos.
E quero resumir aos senhores e às senhoras da minha amada imprensa brasileira, a qual respeito - e já vou passando dos 50 anos de carreira lado a lado com vocês -, que neste momento aqui sou um Parlamentar e deverei respeitar obrigatoriamente o segredo de justiça, mas tentarei com toda a nossa Comissão, o mais rápido possível, trazer a público tudo o que ouvimos, tudo o que vimos e o que consta - estava aqui nas minhas mãos - do relatório entregue a esta CPI, de 180 páginas. Se alguém puder mostrar, por favor....
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O relatório está aqui, está à disposição de todos os integrantes desta nossa CPI, para que todos nós possamos, urgentemente, com nossas assessorias, iniciar os trabalhos de convites, se necessários. (Pausa.)
Ah, perdão, culpa minha. Aqui está, por favor: são 180 páginas de relatório, todas as imagens vistas. Todos nós temos acesso a elas evidentemente. E, portanto, eu classifico - espero ter a concordância de todos; até ouvi a sugestão do advogado e Senador Carlos Portinho - que nós chegamos a uma conclusão simples, objetiva. Tivemos conhecimento de diversos indícios. Não queremos falar aqui ainda - ainda - em provas; indícios importantíssimos. Não podemos dizer que participamos mais de uma hora de uma conversa sem conteúdo; pelo contrário, ela teve conteúdo. Temos, inclusive, um Senador inglês - eu sou português, caipira de Cajuru -, que é o Portinho, do Rio de Janeiro. Fala inglês melhor até do que o John Textor. (Risos.)
E o duro é que ele fazia a pergunta, e Girão e eu... O Girão nasceu no Ceará, não precisa falar mais nada, não? (Risos.)
Então, a gente tinha que ficar perguntando: "Traduza para nós, Portinho".
Mas foi prazeroso, a gente só tem que agradecer a toda a equipe, muito bem apresentada aqui, com gente qualificada, sem fazer acusações, apresentando tudo com detalhes, com riqueza, mas que consideramos, novamente, indícios. Não se tratou apenas - quero deixar bem claro isto para a imprensa brasileira - de o CEO majoritário do Botafogo vir aqui só trazer fatos ou indícios envolvendo o seu clube, pelo qual se diz apaixonado, o Botafogo; ele falou de outros jogos, mostrou outras imagens. E concluo assim: temos indícios suficientes para investigarmos profundamente, independentemente, e chegarmos à conclusão de quem mais nos interessa, de forma prioritária, em nossas próximas reuniões.
Por falar em próxima, ela será depois de amanhã, quarta-feira, já, às 2h da tarde. Também nunca tivemos duas CPIs assim, numa segunda e numa quarta. E daremos sequência ao nosso trabalho, ao que prometemos a toda a pátria amada, a toda a sociedade brasileira.
Coloco, então, os dois minutos para o Senador que desejar fazer uso da palavra e os cinco minutos da explanação final do CEO, convidado especial, John Textor.
Senador Eduardo Girão, Vice-Presidente desta CPI.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para interpelar.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Quero cumprimentar mais uma vez o Sr. John Textor pela vinda aqui com seu staff; dizer que os indícios realmente transcenderam a questão apenas do comportamento de jogadores. Foi também a questão do VAR, da análise de imagens supostamente negadas. E a gente precisa entender por que isso aconteceu, entender o que a CBF tomou de providência - ou não tomou - com relação ao que a gente viu ali, em termos de punição, inclusive.
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Quero dizer que nós estamos aqui para proteger o futebol brasileiro, para buscar a verdade, para proteger essa joia rara, que é um patrimônio do nosso povo, dizer que o advento das apostas esportivas me preocupa, praticamente, me preocupa muito...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) - ... porque eu tenho recebido muitos torcedores, pessoas que perderam tudo e, a médio e longo prazo, os clubes vão perder com sócio torcedor que vai deixar de pagar porque está endividado. E a família vai pegar ojeriza ao futebol por estar vendo a destruição, a devastação no seio familiar.
Então, nós temos aqui que tomar medidas, como a gente viu, questão de clubes com patrocínio na camisa; nos estádios, divulgação; jogadores fazendo propaganda; técnicos... Isso tudo dá conflito de interesse, e nós temos que minimizar os impactos de tudo isso. Então, não podemos matar a galinha dos ovos de ouro do futebol brasileiro.
Muita paz! Parabéns a todos por esta reunião.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Mais algum Senador deseja fazer uso da palavra?
O SR. DR. HIRAN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Rapidamente.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Senador Dr. Hiran, por fineza. Obrigado pela dedicação.
O SR. DR. HIRAN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR. Para interpelar.) - Presidente Kajuru, Presidente Girão, meu querido Senador Portinho, eu quero aqui agradecer a presença do Sr. John Textor aqui, nesta audiência. E, como já foi falado aqui, as evidências são muito claras de que precisamos nos aprofundar com muita seriedade nessas investigações.
Eu acho que isso se tornará público no futuro e eu acho que os jogadores, quando virem o que nós vimos ali, vão pensar duas vezes em arrumar resultados, têm que ficar de orelhinha em pé.
Então, quero agradecer aqui a sua presença e pedir ao senhor, como botafoguense há mais de 40 anos, que contrate rapidamente dois zagueiros... (Risos.)
... porque Lucas Halter e o Bastos ali estão fazendo a gente sofrer do coração.
(Soa a campainha.)
O SR. DR. HIRAN (Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) - Por favor, aqui um apelo de um botafoguense.
Saudações e uma excelente viagem de volta para casa.
Um abraço.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Outro! Obrigado, Dr. Hiran, Senador.
Quero fazer uma comunicação aqui à imprensa brasileira e especialmente à sociedade antes de concluir com o nosso querido e exemplar Senador Carlos Portinho.
Por unanimidade, houve uma decisão em conversa minha com o Relator Romário, e todos os Senadores concordaram. Quando o Dr. Hiran, Senador, fala que fiquem de orelha em pé, jogadores, também árbitros, também dirigentes, corruptores e corruptos, também casas de apostas... Não estamos aqui generalizando a questão moral, o valor moral, há que separar o joio do trigo, mas certas casas de apostas - e saberemos escolher cada uma delas - precisam dar uma satisfação ao Brasil, por que até hoje não fez nenhuma denúncia, não apresentou absolutamente nada sobre tudo o que tomamos conhecimento, não só hoje, em caráter especial, por todos os indícios, por tudo o que vimos, por tudo que começamos a ler? E agora vamos entrar a fundo tanto no relatório como nas imagens.
Portanto, a nossa independência é indiscutível, cada Senador pode ter a sua opinião sobre figuras A, B ou C, mas que nós investigaremos e questionaremos, não há nenhuma dúvida.
Senador Carlos Portinho, para que a gente finalize com o CEO do Botafogo do Rio e convidado John Textor.
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O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ. Para interpelar.) - Muito obrigado. Quero agradecer ao nosso convidado, John Textor. Ele é um mensageiro.
É importante que todos aqueles que nos assistem, que tenham denúncias para fazer, mas que essas denúncias tenham ao menos indícios... E há indícios, há elementos técnicos apresentados pelo John Textor aqui, há conteúdo. Com toda sinceridade, Senador Kajuru, me espanta como é que a CBF, que é a maior responsável pela integridade do futebol do Brasil, não foi a fundo. Como é que o STJD, tribunal onde militei em minha carreira como advogado, que tem excelentes advogados que colaboram como auditores contratados, não foram a fundo nisso? Porque há elementos técnicos, há conteúdo...
(Soa a campainha.)
O SR. CARLOS PORTINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RJ) - ... há razões para investigar. O que o John Textor nos trouxe aqui podem não ser provas concretas de que já sai daqui com o pedido de prisão de quem manipula, mas não tenho a menor dúvida de que é fundamental sejam essas investigadas para a preservação da integridade e para que aqueles que pensem em fraudar resultados esportivos desistam, porque, aqui no Senado, se tiver que todo ano estar aqui, a gente vai estar abrindo uma CPI.
E hoje, Senador Girão, com o que traz a inteligência artificial, com o que nos traz a tecnologia... a tecnologia é inexorável; quem resistir à tecnologia será atropelado pela história. Então deve ser dado crédito a todo material aqui produzido, como daremos. E espero que esta CPI receba muitos John Textor, receba muitos que queiram denunciar com o conteúdo, com indícios, com fumaça, digamos assim, de prova pelo menos, porque aí a gente pode ir a fundo sem medo. Aqui aqueles que de bem vierem serão bem tratados, como acredito o Sr. John Textor foi, melhor até do que outras instâncias em que esteve, porque aqui nós damos credibilidade.
Se, ao final, V. Sa. estiver 100% certo ou 100% errado, já valeu, porque a gente vai sair da CPI com diagnóstico e com propostas para melhoria também do futebol brasileiro e das instituições. Nós aprovamos a Lei das Apostas, mas não estamos - o Estado - preparados ainda para combater a manipulação.
E o que você nos traz aqui é um alerta no mínimo, no mínimo uma advertência de que o Governo, a Polícia Federal, o Ministério Público e as confederações precisam se preparar rápido, porque há casos de má interpretação da regra do jogo, há casos de edição do VAR, casos de edição do VAR do que é passado na TV para quem assiste a partida pela TV, e há casos de comportamento dos atletas que eu sozinho considero um indício, mas, quem sabe, num conjunto de outros indícios se transformem numa prova, e a gente tem que investigar.
Por final, quero dizer a você, John Textor, e à torcida do Botafogo, e falo como torcedor de outro time, mas falo também como Relator da SAF, porque o resultado esportivo é consequência da boa gestão financeira de um clube, especialmente aquele que se torne SAF; ele não é obrigatório, até porque campeão só há um.
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E o que você está fazendo com o Botafogo é exemplar. A torcida do Botafogo deve ter orgulho, na minha opinião, do resultado que o Botafogo teve no campeonato passado. Poderia ser campeão? Poderia - poderia -, não o foi, mas está lá na Libertadores, um clube que é patrimônio do Brasil, saiu da segunda divisão na sua gestão e alcançou a primeira, que não era obrigação do planejamento - eu tenho certeza -, mas foi consequência de muito trabalho, do bom trabalho que vocês no Botafogo fizeram, de que o torcedor do Botafogo tem orgulho. Eu vi o Botafogo jogar ontem, e realmente dá pra ver que é um outro time, que tem o dedo aí dos scouts contratando, uma gestão correta - eu espero - financeira que possa liquidar o passivo, e o Botafogo ganhar capacidade maior ainda de investimento, pagando seus credores.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - "É muito bom ser botafoguense", de João Saldanha. Como eu não vou lembrar dele, não é?
Como sempre, com propriedade, argumentou o Senador Carlos Portinho.
Apenas dizer aos jogadores, técnicos, dirigentes, árbitros, enfim, todos os envolvidos que possam amanhã ser questionados ou condenados que prestem bem atenção nestas duas palavras: inteligência artificial.
Eu quero dizer aqui rapidamente o que a maioria tem conhecimento - o Girão já até assistiu e me parece que o Portinho já assistiu também -: eu e a Leila do Vôlei somos entrevistadores de um programa em rede mundial de televisão que se chama PodK Liberados. Na semana passada o convidado foi o Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, que nos recebeu muito bem, numa entrevista reveladora, mas, quando falei sobre manipulação de resultados, ele respondeu taxativamente que estava 100% à disposição para participar de tudo. Ele precisa entender, o baiano, que é aquela frase: "Não basta ser pai, tem que participar", tem que investigar, tem que mostrar o que ela representa como a entidade maior do futebol brasileiro em risco com a sua credibilidade.
Os cinco minutos finais agora para a explanação do nosso convidado, o Sr. John Textor, CEO voluntário... Voluntário, não, desculpa; majoritário do Botafogo do Rio de Janeiro - mesmo que não seja voluntário, é apaixonado pelo time.
Com a palavra e com a nossa tradução.
Por fineza, fones no ouvido, exceto Portinho.
O SR. JOHN CHARLES TEXTOR (Para expor. Tradução simultânea.) - ... de comprovação do ponto de vista de visão computacional de jogos, de partidas, de 7 de novembro de 2023 até agora, e eu já apresentei aqui para os Senadores na sessão secreta.
Eu não espero que todos entendam por que nós precisaríamos de 30 minutos, mas eu gostei muito da oportunidade de ter essa discussão aqui aberta, com questões muito boas e uma avaliação dos diferentes motivos de manipulação de resultado.
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Com todo o respeito aqui do Senador, não é uma vergonha para o Brasil, porque, na verdade, se trata de um problema mundial. Eu não estou aqui para poder ensinar nada para vocês. Este é o primeiro organismo governamental no mundo a enfrentar essa questão. Nós amamos o nosso clube, logo na sequência, quase como nós amamos a nossa família. E vocês estarem enfrentando isso, isso é digno de destaque.
Eu também tive o prazer de... Eu agradeço pela paciência de me permitir seguir no meu pensamento para produzir não o que vocês consideram como prova. E a imprensa pode apresentar perguntas e vocês precisam estar prontos para responder essas perguntas, assim como o Senador Portinho mencionou. Então, nós fomos ao relatório em si de manipulação. Isso me tomou muito tempo, para confiar nesses relatórios, nessa pesquisa, nessa metodologia, que agora tem sido auxiliada por visão computacional. É importante. Isso já foi utilizado para prender pessoas, para aplicação de sanções, suspensões. É uma novidade, é novo em si e é novo aqui no Brasil, mas tem sido aceito como prova, como comprovação em tribunais. E podemos até discutir se isso é suficiente para chegar ao nível de condenação.
Mas, para mim, meu objetivo era apenas trazer isso. Eu carreguei essa informação, esse fardo por muito tempo. Eu passei muito tempo longe da minha equipe, da minha família, dos meus dirigentes, dos meus jogadores. Eu tratei de preservar ao máximo o meu vestiário. E ocorreu um dos maiores colapsos do desempenho de um time de futebol que já se tem registro, e foi muito dolorido para mim acompanhar tudo isso. Eu não sei qual é esse gringo louco que veio para cá para aplicar essa tecnologia, que não foi inventada por mim, ela foi trazida, mas este é um momento extraordinário para enfrentar esse problema de manipulação dos resultados, que pode ser visto como um balé capaz de manipular tantos esportes e tantos jogos, em tantos esportes ao longo do mundo. E agora nós temos o recurso da visão computacional que pode fazer uma avaliação de todos os árbitros de cada milissegundo de cada partida. Isso se torna cada vez mais difícil para que os corruptos e os corruptores façam uso desse recurso e usem desse expediente para comprometer o nosso jogo. E vemos que o uso dessa tecnologia é forte e precisa ser aperfeiçoado. Essas ideias com o recurso de alta definição e também sistema de múltiplas câmeras podem ser utilizadas para evitar que esses erros voltem a acontecer em qualquer momento no futuro.
Eu me senti muito bem acolhido aqui e agradeço a todos por essa receptividade.
O SR. PRESIDENTE (Jorge Kajuru. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) - Nós que agradecemos, Sr. (Fora do microfone.) John Textor. E aqui ninguém fez e nem fará acusações a ninguém ainda.
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Agora que uma frase fique clara, ela é até minha, mas tenho certeza de que receberei o apoio da Comissão: dizer que nós temos indícios não significa que nós não poderemos ter provas. Eu acho que isto é importante deixar bem claro.
E eu coloco em votação a ata da presente reunião.
Aqueles que concordam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Gostaria de agradecer a todos os colegas, amigos, Senadores presentes nesta reunião, os ausentes que acompanharam remotamente; agradecer também à minha equipe de gabinete com a competente e histórica assessora desta Casa, a Carol da Luz, a Luma Paschoalato, o Roberto Gonçalves; do gabinete do Senador Romário, o Wester, o Flavio, o Vicente, o Loni, só craques, apenas não no campo como ele; do gabinete do Senador Girão, o Chico e o Roberto; da Liderança do PSB, a Olga, o Santi, o Carlos; agradecer ao advogado do Senado, que tanto respeito, Dr. Octavio, presente do começo ao fim; aos Consultores do Senado Luciano, Tiago Ivo e Vinícius; aos assessores dos Senadores Portinho, Hiran, Veneziano Vital do Rêgo, Chico Rodrigues, presentes em toda a reunião; aos servidores da Secretaria da Comissão, formada por competentes e inquestionáveis, Marcelo Lopes, Antonio Silva Neto e Henrique Cândido.
Não havendo mais nada a tratar, agradeço a presença de todos, convidando-os para a nossa próxima reunião, nesta quarta-feira, às 2h da tarde, da 4ª Reunião, que será desta CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas. Declaro então, encerrada a presente reunião.
Deus e saúde, pátria amada!
(Iniciada às 15 horas e 08 minutos, a reunião é encerrada às 20 horas e 34 minutos.)